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4.1. INTRODUÇÃO
Ao se aplicar uma carga sobre uma fundação, pode-se provocar três tipos de
ruptura no solo, considerado como meio elástico, homogêneo, isotrópico, semi-infinito:
RUPTURA GERAL, RUPTURA LOCAL e RUPTURA POR PUNCIONAMENTO.
Na ruptura geral, ocorre a formação de uma cunha, que tem movimento vertical
para baixo, e que empurra lateralmente duas outras cunhas, que tendem a levantar o
solo adjacente à fundação. Na Figura 4.1(a) pode-se ver que a superfície de ruptura é
bem definida e na Figura 4.1(b) nota-se bem um ponto de carga máxima na curva carga
x recalque.
A ruptura geral ocorre na maioria das fundações em solos pouco compressíveis
de resistência finita e para certas dimensões de sapatas.
Carga
Q0
Recalque
(a) (b)
Figura 4.1 – Ruptura Geral
Recalque
(a) (b)
Figura 4.2 – Ruptura Local
Carga
Q0
Recalque
(a) (b)
Figura 4.3 – Ruptura por Puncionamento
4.3. CAPACIDADE DE CARGA
A capacidade de carga é a tensão limite que o terreno pode suportar sem escoar
(sem romper).
q =γ ⋅D B g 45o − φ / 2 e
D
a α f d
M III N
I
II
b c
qu = c ⋅ N c + q ⋅ N q 4.1)
sendo:
φ
N q = eπ ⋅ tan φ ⋅ tan 2 45o + 4.2)
2
( )
N c = N q − 1 ⋅ cot(φ ) 4.3)
• Para c = 0 e q = 0:
B
qu = γ ⋅ ⋅ Nγ 4.4)
2
sendo:
( )
N γ ≅ 2 ⋅ N q + 1 ⋅ tan(φ ) 4.5)
q =γ ⋅D 4.6)
B
qu = c ⋅ N c + q ⋅ N q + γ ⋅ ⋅ Nγ 4.7)
2
σ1 σ1
τ σ3 σ3
σ3 M σ3 N
σ1 σ1
τ = c + σ ⋅ tanφ
σ1(M) > σ3(M) σ3(N) > σ1(N) φ
ruptura
c ruptura passiva
ativa
σ3(M) σ1(N) σ1(M) σ3(N) σ
• Fundação contínua:
B
qu = c ⋅ N c + q ⋅ N q + γ ⋅ ⋅ Nγ 4.8)
2
• Fundação quadrada:
B
qu = 1,3 ⋅ c ⋅ N c + q ⋅ N q + 0,8 ⋅ γ ⋅ ⋅ Nγ 4.9)
2
• Fundação circular:
B
qu = 1,3 ⋅ c ⋅ N c + q ⋅ N q + 0,6 ⋅ γ ⋅ ⋅ Nγ 4.10)
2
2
a
Nc = − 1 ⋅ cot φ 4.11)
2 o φ
2 ⋅ cos 45 +
2
a2
Nq = 4.12)
φ
2 ⋅ cos 2 45o +
2
K pγ tan φ
Nγ = − 1 ⋅ 4.13)
cos 2 (φ ) 2
3⋅π φ
− ⋅ tan φ
a= e 4 2 4.14)
c = coesão
φ = ângulo de atrito
q = sobrecarga
B = largura da fundação
γ = peso específico do solo (γsub se o solo estiver submerso)
φ (o) K pγ K 'pγ
0 10,8 6,0
5 12,2 7,0
10 14,7 8,8
15 18,6 11,0
20 25,0 14,5
25 35,0 19,5
30 52,0 26,5
35 82,0 36,5
40 141,0 52,0
2
c' = ⋅c 4.15)
3
2
tan φ ' = ⋅ tan φ 4.16)
3
de carga N c , N q e N γ para a ruptura geral, e N c' , N q' e N γ' para a ruptura local
(sendo que nestes últimos já se leva em conta o valor de φ reduzido para φ ’).
Para saber quando se considera ruptura geral ou local pode-se fazer uma das
considerações a seguir:
SOWERS (1962) considerou que se deve utilizar qu (ruptura geral) para areias
com densidade relativa maior do que 0,7, e qu' (ruptura local) para densidade relativa
menor do que 0,3. Para Dr entre 0,3 e 0,7, a capacidade de carga deve ser interpolada
LL − w
• Para argilas: qu' = qu ⋅ + 0,1 4.19)
IP
VESIC (1973) utiliza:
( )
tan φ ' = 0,67 + Dr − 0,75 ⋅ Dr2 ⋅ tan φ 4.20)
B'
+ γ ⋅ ⋅ N γ ⋅ Sγ ⋅ Sγd ⋅ Sγi ⋅ Sγb ⋅ Sγg ⋅ Sγr
2
φ
N q = eπ ⋅ tan φ ⋅ tan 2 45o + 4.22)
2
( )
N c = N q − 1 ⋅ cot φ 4.23)
( )
N γ ≅ 2 ⋅ N q + 1 ⋅ tan φ 4.24)
φ (o) Nc Nq Nγ Nq Nc
0 5,14 1,00 0,00 0,19
1 5,38 1,09 0,07 0,20
2 5,63 1,20 0,15 0,21
3 5,90 1,31 0,24 0,22
4 6,19 1,43 0,34 0,23
5 6,49 1,57 0,45 0,24
6 6,81 1,72 0,57 0,25
7 7,16 1,88 0,71 0,26
8 7,53 2,06 0,86 0,27
9 7,92 2,25 1,03 0,28
10 8,34 2,47 1,22 0,30
11 8,80 2,71 1,44 0,31
12 9,28 2,97 1,69 0,32
13 9,81 3,26 1,97 0,33
14 10,37 3,59 2,29 0,35
15 10,98 3,94 2,65 0,36
16 11,63 4,34 3,06 0,37
17 12,34 4,77 3,53 0,39
18 13,10 5,26 4,07 0,40
19 13,93 5,80 4,68 0,42
20 14,83 6,40 5,39 0,43
φ (o) Nc Nq Nγ Nq Nc
21 15,81 7,07 6,20 0,45
22 16,88 7,82 7,13 0,46
23 18,05 8,66 8,20 0,48
24 19,32 9,60 9,44 0,50
25 20,72 10,66 10,88 0,51
26 22,25 11,85 12,54 0,53
27 23,94 13,20 14,47 0,55
28 25,80 14,72 16,72 0,57
29 27,86 16,44 19,34 0,59
30 30,14 18,40 22,40 0,61
31 32,67 20,63 25,99 0,63
32 35,49 23,18 30,21 0,65
33 38,64 26,09 35,19 0,68
34 42,16 29,44 41,06 0,70
35 46,12 33,30 48,03 0,72
36 50,59 37,75 56,31 0,75
37 55,63 42,92 66,19 0,77
38 61,35 48,93 78,02 0,80
39 67,87 55,96 92,25 0,82
40 75,31 64,20 109,41 0,85
41 83,86 73,90 130,21 0,88
42 93,71 85,37 155,54 0,91
43 105,11 99,01 186,53 0,94
44 118,37 115,31 224,63 0,97
45 133,87 134,87 271,75 1,01
46 152,10 158,50 330,34 1,04
47 173,64 187,21 403,65 1,08
48 199,26 222,30 496,00 1,12
49 229,92 265,50 613,14 1,15
50 266,88 319,06 762,86 1,20
de uma área efetiva A ' = L' ⋅ B ' (área onde as tensões de compressão são mais intensas),
de tal forma que a carga aplicada fique localizada no centro geométrico da área efetiva
(Figura 4.6):
Pilar
L’ eL
L
eB
Sapata
B’
B
B ' = B − 2 ⋅ eB 4.25)
L' = L − 2 ⋅ e L 4.26)
• HANSEN (1970):
( ) BL'
'
S c = 1 + 0,2 + tan 6 φ ⋅ 4.27)
S −1
Sq = Sc − c 4.28)
Nq
3 − Sc
Sγ = 4.29)
2
• VESIC (1975):
Nq B'
Sc = 1 + ⋅ 4.30)
N c L'
B'
S c = 1 + 0,2 ⋅ (para φ = 0) 4.30a)
L'
B'
Sq = 1 + ⋅ tan φ 4.31)
L'
B'
Sγ = 1 − 0,4 ⋅ 4.32)
L'
0,35
S cd = 1 + 4.33)
B' 0,6
+
D 1 + 7 ⋅ tan 4 φ
S −1
S qd = S cd − cd 4.34)
Nq
S qd = 1 (para φ = 0) 4.34a)
Sγd = 1 4.35)
• VESIC (1975):
D
S cd = 1 + 0,35 ⋅ 4.36)
B'
S qd = S cd 4.37)
S qd = 1 (para φ = 0) 4.37a)
Sγd = 1 4.38)
H
D
CORTE
Q θ
L’
L eL
eB
PLANTA
B’
B
• HANSEN (1970):
H
S qi = 1 − 4.39)
Q + B ' ⋅ L' ⋅ c ⋅ cot φ
1 − S qi
S ci = S qi − 4.40)
Nq −1
2
Sγi = S qi 4.41)
• VESIC (1975):
m
H
S qi = 1 − 4.42)
Q + B ' ⋅ L' ⋅ c ⋅ cot φ
1 − S qi
S ci = S qi − 4.43)
N c ⋅ tan φ
m⋅H
S ci = 1 − (para φ = 0) 4.43a)
B ⋅ L' ⋅ c ⋅ N c
'
m +1
H
Sγi = 1 − 4.44)
Q + B ' ⋅ L' ⋅ c ⋅ cot φ
onde:
m = m L ⋅ cos 2 θ + m B ⋅ sen 2 θ
L' B'
2+ 2+
mL = B' ; mB = L'
L' B'
1+ 1+
B' L'
θ – ângulo que a componente horizontal (H) da carga inclinada faz com a
direção L, no plano da sapata.
Existem situações nas quais pode ser interessante inclinar a base da sapata, para
absorver esforços horizontais (Figura 4.8).
• VESIC (1975):
S qb = (1 − α ⋅ tan φ ) 2 4.45)
1 − S qb
S cb = S qb − 4.46)
N c ⋅ tan φ
2 ⋅α
S cb = 1 − (para φ = 0) 4.46a)
π +2
Sγb = S qb 4.47)
• VESIC (1975):
S qg = (1 − tan ω ) 2 4.48)
1 − S qg
S cg = S qg − 4.49)
N c ⋅ tan φ
2 ⋅ω
S cg = 1 − (para φ = 0) 4.49a)
π +2
Sγg = S qg 4.50)
σ v = γ ⋅ z ⋅ cos ω 4.51)
VII. Fatores de correção para a compressibilidade do solo:
Terzaghi, em sua teoria de capacidade de carga, admitiu por hipótese que o solo
é incompressível, sendo portanto a ruptura do tipo generalizada. Porém, se o solo
apresentar alguma compressibilidade, a ruptura tenderá a ser local, e a solução de
Terzaghi não será mais representativa da realidade. VESIC (1975) propôs os seguintes
fatores de correção para a compressibilidade do solo:
⋅ tan φ + 3,07 ⋅sen φ ⋅ log(2 ⋅ I r )
'
− 4, 4 + 0,6 ⋅ B
L'
1+ sen φ
S qr = e 4.52)
1 − S qr
S cr = S qr − 4.53)
N c ⋅ tan φ
B'
S cr = 0,32 + 0,12 ⋅ + 0,6 ⋅ log(I r ) (para φ = 0) 4.53a)
L'
Sγr = S qr 4.54)
G G E
Ir =
τ
=
c + σ v' ⋅ tan φ
=
(
2 ⋅ (1 + ν ) ⋅ c + σ v' ⋅ tan φ ) 4.55)
6,3⋅B’
4,8⋅B’
2,5⋅B’
1,5⋅B’
B’
0,7⋅B’
φ = 0°
1,0⋅B’
1,6⋅B’
φ = 15° φ = 30°
1,9⋅B’
2,3⋅B’
φ = 35°
φ = 40°
B'
vertical efetiva σ v' sejam tomados a uma profundidade igual a D + (Figura 4.11).
2
zw B’
D
B’/2 G, c, φ , σ v'
≅ B’
'
3,3 − 0, 45 B ⋅ cot 45 o − φ
1 L' 2
I rcrit = ⋅e 4.56)
2
z w ≤ D → γ = γ sub 4.57)
zw − D
D < zw < D + B' → γ = γ sub + ⋅ (γ nat − γ sub ) 4.58)
B'
z w = 0 → q = γ sub ⋅ D 4.60)
z w ≥ D → q = γ nat ⋅ D 4.62)
4.3.3. Teoria de Meyerhof
e 2 ⋅θ ⋅ tan θ φ
Nc = ⋅ tan 2 45o + ⋅ cot φ 4.63)
1 + sen φ 2
e 2 ⋅θ ⋅ tan θ φ
Nq = ⋅ tan 2 45o + 4.64)
1 + sen φ 2
( )
N γ = N q − 1 ⋅ tan(1,4 ⋅ φ ) 4.65)
B'
qu = c ⋅ N cq ⋅ S c + γ ⋅ ⋅ N γq ⋅ Sγ 4.66)
2
onde N cq e N γq são obtidos das curvas das Figuras 4.13 e 4.14 e já incluem os fatores
qu = c1 ⋅ N m + q 4.67)
D q
B’
H
c1 , φ 1
c2 , φ 2
caso de camada mole sobre camada mais rígida (c1 < c2), VESIC (1975) sugeriu a
expressão:
( )[ ]
k ⋅ N c* ⋅ N c* + β − 1 ⋅ (k + 1) ⋅ N c*2 + (1 + k ⋅ β ) ⋅ N c* + β − 1
Nm =
[ ] [( ) ] [( )( )]
k ⋅ (k + 1) ⋅ N c* + k + β − 1 ⋅ N c* + β ⋅ N c* + β − 1 − k ⋅ N c* + β − 1 ⋅ N c* + 1
4.68)
onde:
B ' ⋅ L'
β= → índice de puncionamento da fundação 4.69)
2 ⋅ ( B ' + L' ) ⋅ H
c
k= 2 → razão entre as resistências não-drenadas 4.71)
c1
Nas Tabelas 4.4 e 4.5 são apresentados valores de N m para fundações contínuas
k B’/H
2 4 6 8 10 20 ∞
1,0 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14
1,5 5,14 5,31 5,45 5,59 5,70 6,14 7,71
2 5,14 5,43 5,69 5,92 6,13 6,95 10,28
3 5,14 5,59 6,00 6,38 6,74 8,16 15,42
4 5,14 5,69 6,21 6,69 7,14 9,02 20,56
5 5,14 5,76 6,35 6,90 7,42 9,66 25,70
10 5,14 5,93 6,69 7,43 8,14 11,40 51,40
∞ 5,14 6,14 7,14 8,14 9,14 14,14 ∞
k B’/H
4 8 12 16 20 40 ∞
1,0 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17
1,5 6,17 6,34 6,49 6,63 6,76 7,25 9,25
2 6,17 6,46 6,73 6,98 7,20 8,10 12,34
3 6,17 6,63 7,05 7,45 7,82 9,36 18,51
4 6,17 6,73 7,26 7,75 8,23 10,24 24,68
5 6,17 6,80 7,40 7,97 8,51 10,88 30,85
10 6,17 6,96 7,74 8,49 9,22 12,58 61,70
∞ 6,17 7,17 8,17 9,17 10,17 15,17 ∞
Para o caso de camada mais rígida sobrejacente a camada mole (c1 > c2),
BROWN e MEYERHOF (1969) sugerem a expressão:
1
Nm = + k ⋅ N c* 4.72)
β
progressiva. Assim, sugere-se utilizar uma coesão reduzida ( c1' ) para o solo, sendo que
para argilas com sensibilidade igual a 2:
Para φ ≠0, e quando a camada superior for mais resistente que a camada
inferior, pode-se calcular a capacidade de carga pela seguinte expressão (VESIC,
1975):
B'
2 ⋅ 1+ ⋅ K ⋅ tan φ ⋅ H
1 '
1 L' B 1
qu = qu' ' + ⋅ c1 ⋅ cot φ1 ⋅e − ⋅ c1 ⋅ cot φ1 4.74)
K K
onde:
qu' ' → capacidade de carga apenas do solo menos resistente (supondo H = 0),
1 − sen 2 φ1
K= 4.75)
1 + sen 2 φ1
Em solos sem coesão (c1 = 0), e para 25° ≤ φ1 ≤ 50°, a expressão se reduz a:
B' H
0,67 ⋅1+ ⋅
' '
qu = qu' ' ⋅ e L B 4.76)
qu'
3 ⋅ ln
q ''
'
H crit = B ⋅ u 4.77)
B'
2 ⋅ 1 +
L'
onde:
metros. N é a média dos valores de NSPT em uma espessura 1,5⋅B abaixo do nível da
fundação. Os valores de qu devem ser divididos por dois quando ocorrer presença de
B
qu = c ⋅ N c + q ⋅ N q + γ ⋅ ⋅ Nγ 4.80)
2
• c=0
Nq
• 2⋅ ≅1
Nγ
B Nγ B γ ⋅ Nγ
qu = γ ⋅ D ⋅ N q + γ ⋅ ⋅ Nγ = γ ⋅ D ⋅ + γ ⋅ ⋅ Nγ = ⋅ (D + B )
2 2 2 2
• N γ ≅ 3,5 ⋅ N
obtém-se:
γ ⋅ Nγ 18,5 ⋅ 3,5 ⋅ N
qu = ⋅ (D + B ) = ⋅ (D + B ) = 32,4 ⋅ N ⋅ (D + B ) ≅ 32 ⋅ N ⋅ (D + B )
2 2
• N q = 1,00
• N γ = 0,00
B
qu = c ⋅ N c + γ ⋅ D ⋅ N q + γ ⋅ ⋅ N γ = 5,14 ⋅ S u + γ ⋅ D
2
• S u ≅ 3 ⋅ N (em kN/m2)
obtém-se:
desprezando a parcela γ ⋅ D .
q
q adm = u 4.81)
FS