Você está na página 1de 4

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO IV JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA


COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – REGIONAL LEBLON

GRERJ nº xxxxxxxxx.xxxxx

FELIPE TOLEDO PHILBOIS, brasileiro, solteiro, estudante, portador do documento de


identidade n.º XX.XXX.XXX-X, inscrito no CPF/ME sob o n.º XXX.XXX.XX-XX, residente e
domiciliado na Avenida Ataulfo de Paiva, nº 939, apartamento 607, Leblon, CEP 22.440-034, na
cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, endereço eletrônico:
rodrigophilbois@direitopuc.com.br vem, por seus advogados abaixo assinados, nos termos do
artigo 100, § 2º do Código de Processo Penal, propor

QUEIXA CRIME

em face de RODRIGO ALVES SIMAS, brasileiro, solteiro, estudante, portador do documento


de identidade n.º XX.XXX.XXX-X, inscrito no CPF/ME sob o n.º XXX.XXX.XX-XX, residente
e domiciliado na Avenida Borges de Medeiros, nº 3.647, apartamento 201, Lagoa, CEP 22.470-
001, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, pelas razões de fato e de direito que
se passa a expor.

I. INTIMAÇÕES

Requer que as publicações, intimação e notificações sejam realizadas em nome da advogada


BRENDA ALVES SIMAS, inscrita na OAB/RJ sob o nº 222790-E, e-mail:
brendasimas@simasadv.com.br.

II. FATOS

Núcleo de Prática Jurídica – Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro


Rua Marquês de São Vicente, n.º 225 | Gávea | CEP 22451-900 | Rio de Janeiro/RJ | Telefone: 21 XXXXX-XXXX
2

No dia 15 de agosto de 2022, por volta das dez horas da noite, Felipe e seus amigos foram ao Bar
Boa Praça, localizado no Leblon, comemorar o sucesso em uma prova da faculdade. Chegando
no estabelecimento, o querelante percebeu a presença de Rodrigo, amigo que longa data, que
comemorava seu aniversário de 19 anos.

Considerando a festividade da data e o laço duradouro de amizade, Felipe e seus colegas


decidiram ir até a mesa que Rodrigo estava, para parabeniza-lo por mais um ano de vida. No
entanto, ao aproximar-se do querelado percebeu que este estava completamente embriagado e
fora de si.

O querelado, ébrio, ao receber os cumprimentos do amigo, não foi capaz de agradecê-lo pela
lembrança, mas restringia-se a fazer a cobrança uma dívida, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), que o querelante contraíra há oito meses, para compra de um notebook.

Ocorre que este já era um assunto resolvido entre os dois. No mês seguinte ao empréstimo, Felipe
foi desligado de seu estágio, ficando sem recursos para realização do pagamento; não obstante,
havia se comprometido a realiza-lo tão logo que voltasse ao mercado de trabalho, o que fora
entendido e acatado por Rodrigo, que destacou que não havia urgência no recebimento da
quantia. O querelante, sem entender a atitude do então amigo, destacou novamente o que ficara
acordado entre eles.

Mesmo diante de toda explicação, o querelado, completamente descontrolado, pegou o celular de


querelante e saiu correndo, gritando que o pagamento da dívida seria, então, realizado com o
aparelho.

III. FUNDAMENTOS

Conforme é sabido, no Brasil experimentamos o Estado Democrático de Direito, que, dentre


outras coisas, tutela a administração da justiça, definindo como competência do Poder Judiciário
a solução dos conflitos de interesse – poder-dever da Jurisdição. Desta forma, é vedado que
particulares satisfaçam suas pretensões – legítimas ou ilegítimas, por seus próprios meios,
valendo-se da justiça privada ou do uso da força.

Nesta linha, o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 345 dispõe que:

Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer


pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:

Núcleo de Prática Jurídica – Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro


Rua Marquês de São Vicente, n.º 225, Gávea, CEP 22451-900, Rio de Janeiro/RJ, Telefone: 21 XXXXX-XXXX / 21 XXXX-XXXX
3

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena


correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.

No caso em tela, resta cristalino que a o querelado agiu de acordo com sua própria vontade, sem
valer-se dos meios conciliadores para sanar eventual conflito com o querelante: ainda que
entendesse devido o pagamento de modo diverso do acordado, a medida a ser tomada deveria ser
a busca pela jurisdição e não a apropriação de um bem de propriedade do querelante. Assim, a
conduta, que atenta ao poder-dever do Estado, é típica, ilícita e culpável, devendo ser reprimida.

Nesse sentido, destaca-se o entendimento de Magalhães Noronha: “(...) o crime se configura


quando o agente faz justiça pelas próprias mãos, para satisfazer a uma pretensão. (...) a
pretensão se assenta em um direito que o agente tem ou julga ter, ou seja, pensa de boa-fé
possuí-lo, o que deve ser apreciado não apenas quanto ao direito em si, mas também de
acordo com as circunstâncias e as condições da pessoa. Assim a pretensão pode ser ilegítima,
ocorrendo o ilícito em discussão desde que o agente se convença de ser o titular do direito. ”
(NORONHA, Magalhães, Direito Penal, 15ª edição, 1978, volume IV, pág. 505).

Diante de todo o exposto, entende-se que o querelado cometeu o crime de exercício arbitrário das
próprias razões, de modo que o recebimento da presente queixa-crime e processamento do feito é
medida necessária à justiça.

 
IV. PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a autora a V.Exa.:

(i) o recebimento da presente queixa-crime, devendo ser processada;


(ii) a intimação do querelado, para que tome ciência do ato processual;
(iii) a designação e audiência de instrução e julgamento;
(iv) a intimação do Il. Representante do Ministério Público, para que se manifeste nos autos, nos termos do
artigo 45 do Código de Processo Penal;
(v) a intimação e oitiva das testemunhas abaixo arroladas; e
(vi) a condenação do querelado, julgando-se procedente a presente queixa-crime, na pena cominada no artigo
345 do Código Penal.

V. TESTEMUNHAS

Núcleo de Prática Jurídica – Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro


Rua Marquês de São Vicente, n.º 225, Gávea, CEP 22451-900, Rio de Janeiro/RJ, Telefone: 21 XXXXX-XXXX / 21 XXXX-XXXX
4

(i) BRUNO DE SOUZA, brasileiro, solteiro, estudante, portador do documento de


identidade n.º XX.XXX.XXX-X, inscrito no CPF/ME sob o n.º XXX.XXX.XX-XX,
residente e domiciliado na Avenida Ataulfo de Paiva, nº 765, apartamento 601, Leblon,
CEP 22.440-034, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, endereço
eletrônico: brunodesouza@direitopuc.com.br; e

(ii) JULIO NOGUEIRA, brasileiro, solteiro, estudante, portador do documento de identidade


n.º XX.XXX.XXX-X, inscrito no CPF/ME sob o n.º XXX.XXX.XX-XX, residente e
domiciliado na Avenida Ataulfo de Paiva, nº 476, apartamento 203, Leblon, CEP 22.440-
034, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, endereço eletrônico:
julionogueira@direitopuc.com.br.

Nestes termos,
P. deferimento.

Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2022.

Brenda Alves Simas Marcus Vinicius Costa


OAB/RJ n.º XXX.XXX OAB/RJ n.º XXX.XXX

Rafaela Batista da Silva


OAB/RJ n.º XXX.XXX

Núcleo de Prática Jurídica – Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro


Rua Marquês de São Vicente, n.º 225, Gávea, CEP 22451-900, Rio de Janeiro/RJ, Telefone: 21 XXXXX-XXXX / 21 XXXX-XXXX

Você também pode gostar