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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas


Faculdade de Educação

Planejamento de aula:
Professor da turma: Sofia Lopes Lacerda
Nível de ensino: Educação Básica Série: 2º ano (EM) Duração da aula: 1h40min (2 tempos de 50min)
Data: 07/03/2022
Licenciando: Sofia Lopes Lacerda (DRE: 120043736)

Tema da aula: Intelectuais negras em movimento


Objetivo geral: O objetivo geral da aula é que os alunos conheçam diferentes intelectuais negras. A ideia é, primeiramente, apresentar a
pluralidade de ideias, pensamentos e modos de se expressar das intelectuais, e, a partir disso, aprofundar um pouco mais na produção de Angela
Davis e Lélia Gonzalez. A intenção principal, desse modo, é que a turma perceba que a intelectualidade é um lugar possível para mulheres
negras. Nesse sentido, é de interesse da aula demonstrar que não há uma única maneira de trabalhar com ideias, pensamento e discurso, trazendo
para sala de aula uma compreensão ampla de intelectualidade1.

Objetivos específicos Conteúdos Procedimentos didáticos Recursos utilizados Tempo


Introduzir os alunos no - O conceito de “intelectual” e a - Abrir uma discussão a respeito do - O vídeo da música 20min
assunto trabalhado na área acadêmica. assunto. Perguntar aos alunos o que “Poetisas No Topo 2”,
aula: o que é ser - A busca de ampliar a ideia de veem quando pensam “intelectuais”. A disponível no YouTube.
intelectual? intelectualidade, para além de partir disso, buscar desconstruir certos
seu caráter normativo e estereótipos que podem aparecer,
eurocêntrico. principalmente sobre quais corpos
ocupam esse espaço de
intelectualidade.
- Questionar junto à turma formas
possíveis de produzir conhecimento –
seja através da música, da arte, de
mobilizações cotidianas – e se
reconhecer enquanto intelectual.
- Passar a música “Poetisas No Topo
2” para estimular esse debate.
1
Enquanto “compreensão ampla de intelectualidade”, o intuito é buscar algo equivalente à definição ampla de “movimento negro” trabalhada por autores como Joel Rufino
dos Santos e Sérgio Costa (PEREIRA, 2013, pp. 82-83). Além disso, baseio-me nas propostas de Luiz Rufino e Luiz Antonio Simas, na medida em que propõe que a
produção de conhecimento pode ser feita por meios distintos ao texto escrito, como a partir do toque dos tambores e da dança (RUFINO e SIMAS, 2019).
Apresentar um breve - Mulheres negras enquanto - Apresentar o panorama geral com a - Mapa com as 40min
panorama geral da produtoras de conhecimento ao ajuda de um mapa, de forma a enfatizar intelectuais (Paulette
produção intelectual de redor do mundo e ao longo do a pluralidade de intelectuais negras que Nardal, Angela Davis,
mulheres negras ao tempo. atuaram e atuam ao redor de todo o bell hooks, Lélia
longo do século XX, - Angela Davis e a década de mundo. Gonzalez, Sueli
com o intuito de expor a 1960 nos Estados Unidos. - Tratar de dois contextos específicos Carneiro, Oyeronke
historicidade da luta das - Lélia Gonzalez e o feminismo (Angela Davis e Lélia Gonzalez), para Oyewumi, Grada
mulheres e a variedade negro no Brasil. aproximar mais os alunos da produção Kilomba…)
de locais de onde elas das intelectuais e de sua inserção na
falam. vida pública.
Trabalhar a dimensão - A opressão histórica contra as - Propor perguntas a turma, de modo a - Fragmentos do texto 20min
política da escrita de mulheres negras: vozes que trazer o conteúdo para a experiência “Intelectuais negras”, de
mulheres negras. foram silenciadas por muito dos estudantes: bell hooks.
tempo e que reivindicam o Quantos nomes de mulheres negras
direito de falar por si. você vê na rua?
Onde estão as vozes de mulheres
negras nos livros didáticos? Há textos
sobre elas? Há autoras negras
escrevendo?

O discurso por meio da - Formas alternativas de - Considerando que a atividade - Poema “Já”, de Audre 20min
arte: discussão a respeito produção de discurso: o lugar proposta para a aula se dará a partir de Lorde
do trabalho de artistas da arte obras de artistas e poetisas negras, o - Poema
negras (introdução à - A fala de mulheres negras por momento final da aula será dedicado a “Vozes-mulheres”, de
atividade avaliativa). meio da arte. discutir essas outras formas de Conceição Evaristo
enunciação que fogem da - Série “Bastidores”, de
“intelectualidade” tradicional. Rosana Paulino (1997)
- Foto-performance
“Autocultivo”, de Yedda
Affini (2019)
- Música “Olhos
Coloridos” de Sandra de
Sá (composição de
Macau)
Proposta de atividade avaliativa:
- Dividir a turma em grupos; cada grupo ficará com um trabalho artístico feito por uma artista ou poeta negra, conforme designado nos
“Recursos utilizados” do último objetivo específico.
- A partir desses trabalhos, os alunos deverão escrever um pequeno texto que relacione o trabalho analisado com a discussão feita em sala
de aula.

Materiais artísticos utilizados:


- “Poetisas No Topo 2” (Stefanie, Cynthia Luz, Winnit, Ebony, Lourena, Kmila CDD)
Disponível em: https://www.letras.mus.br/pineapple/poetisas-no-topo-2/.
- “Olhos Coloridos” (Macau - Sandra de Sá). Disponível em: https://www.letras.com/sandra-de-sa/74666/
- Poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo.
Versão escrita: https://www.culturagenial.com/poemas-de-conceicao-evaristo/. Versão falada disponível em: https://youtu.be/VTKZFr2AAKY)
- Série “Bastidores”, de Rosana Paulino (1997)

- Poema “Já”, de Audre Lorde. Tradução minha:

Poder da mulher
é
Poder negro
é
Poder humano
é
sempre sentir
meu coração bater
enquanto meus olhos se abrem
enquanto minhas mãos se movem
enquanto minha boca fala

Eu estou
você está

Pronta.
- Foto-performance “Autocultivo”, de Yedda Affini (2020). Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1Dj2vTgrdXSd0nkkxS4IViCGxeJAUVbEU/view (página 9).

Bibliografia:
- CARNEIRO, Suely. “Mulheres em movimento”. In: Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-132, 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ea/v17n49/18400.pdf>.
- EVARISTO, Conceição. “Narrativas de (re)existência”. In: PEREIRA, Amilcar A. (Org.) Narrativas de (re)existência: Antirracismo, História
e Educação. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2021.
- hooks, bell. “Intelectuais Negras”. In: Revista Estudos Feministas. Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 464-478, jan. 1995.
- GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº. 92/93 (jan./jun.). 1988, p. 69-82.
- GONZÁLEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje - Anpocs, São Paulo, p. 223-244, 1984
- PEREIRA, Amilcar Araujo. “O movimento negro no Brasil, a partir do início do século XX”. In: O mundo negro: relações raciais e a
constituição do movimento negro no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas/FAPERJ, 2013.
- SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula editorial, 2019.

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