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Será a guerra uma ação moralmente correta?

Neste meu primeiro ensaio filosófico irei defender a minha posição acerca da moralidade
da guerra. Antes da defesa da minha posição, o que é guerra? Guerra é um confronto entre
dois ou mais grupos distintos de indivíduos mais ou menos organizados, usando armas para
aniquilar fisicamente o inimigo. Agora posso começar a minha defesa. É verdade que a
guerra existe e que é um grande entrave no desenvolvimento e estabilidade global de muitos
países, mas para haver guerra tem de haver algum interesse que a motive. Existem vários:
religiosos, políticos, económicos, sociais, estratégicos e até étnicos. Na minha perspetiva, a
guerra é um ato completamente imoral e desajustado à nossa realidade e nem sequer deve
estar presente quando se fala em resolução de problemas ou manifestação de interesses, só
em casos extramente excecionais e bem explicados.

A questão é: sendo que a população mundial, no geral, defende que é imoral, por exemplo,
condenar uma pessoa à morte e em alguns países conseguiram abolir esta prática, porque é
que há ainda pessoas que pensam numa guerra como a resolução moral de problemas?

Hoje em dia, nos países desenvolvidos, existe a grande preocupação de prevenir guerras e
todo o tipo de ataques armados que prejudiquem a vida da população. Com tanta informação
e repressão à guerra, porque é que atualmente existem indivíduos que conseguem matar
milhares ou milhões à custa da resolução de problemas? O problema de tudo isto, sem ser
as várias vidas sacrificadas, é que os países onde decorrem estas guerras são sobretudo
países de baixo ou médio desenvolvimento, que não são informados nem instruídos para
poderem resolver os problemas de outra forma e, mais importante de tudo, a sociedade não
tem de sofrer as consequências dessa falta de instrução.

Teoria da Guerra Justa

A Teoria da Guerra Justa é um modelo de pensamento e um conjunto de regras de


conduta que define em que condições a guerra é uma ação moralmente correta ou
simplesmente aceitável. Esta teoria, criada por Agostinho de Hipona entre 354 e 430, refere-
se particularmente à guerra preventiva, que é uma ação armada que tem por objetivo evitar
ataques de terceiros, ataques esses sobre os quais não existem evidências de que sejam
iminentes ou estejam a ser planeados.

Objeções á Teoria da Guerra Justa


1) É considerado desleal e injusto iniciar uma guerra atacando indiscriminadamente, uma
vez que se estima que os não-combatentes ou os civis estão fora da guerra. A sua
imunidade à guerra pode ser inferida do facto de a sua existência e atividade não fazerem
parte da essência da guerra, que é matar os combatentes ou opositores. Uma vez que matar
é em si mesmo altamente problemático, a teoria da guerra justa tem antes de mais nada de
dar uma razão para os combatentes constituírem alvos legítimos e dizer se o seu estatuto se
altera conforme estejam a combater numa guerra justa ou injusta.

Tentativas de defesa às objeções

1) A guerra, por vezes, envolve inevitavelmente os civis. Embora o princípio da separação


defenda a imunidade dos mesmos, a prática da guerra torna necessário um modelo
diferente. A doutrina do duplo efeito fornece uma justificação para a morte de civis durante a
guerra, desde que essas mesmas mortes não sejam intencionais, mas sim acidentais. Por
exemplo, alvejar uma instalação militar no meio de uma cidade é de acordo com a doutrina
do duplo efeito permissível, uma vez que o alvo é legítimo, e em relação às baixas civis,
estas são previsíveis, porém, são um efeito acidental. Embora a doutrina forneça uma
justificação útil dos ‘danos colaterais’ para os civis, levanta um grande número de questões
respeitantes à justificação de violações previsíveis de imunidade, assim como ao equilíbrio
entre atingir objetivos militares e baixas civis.

Visto as teorias, objeções e defesas às mesmas, permitiu-me avaliar que a objeção à Teoria
da Guerra Justa diz, basicamente, que a vida dos civis está em primeiro lugar e que
nenhuma guerra, justa ou injusta, a deve colocar em perigo, mas, por outro lado, a Doutrina
do Duplo Efeito diz que é legítimo matar civis acidental ou inevitavelmente, demonstrando
esta afirmação com o exemplo de atacar uma base militar no meio de uma cidade. Para
estas duas teorias, é ilegítimo matar inocentes indiscriminadamente, mas estão em
discordância em relação à morte acidental. De acordo com os factos e sendo a guerra uma
“arma” de último recurso, permite-me concluir que a guerra é um ato moralmente errado.

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