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CENTRO DE EXTENSÃO E FORMAÇÃO MONTENEGRO (CEFAM)


CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FRANCISCA HENRIQUE DA COSTA RAMOS

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS COMO MEIO DE TRANS-


FORMAÇÃO SOCIAL: Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de
Assis Carneiro, Alto Alegre do Pindaré – MA.

ALTO ALEGRE DO PINDARÉ


2019
2

FRANCISCA HENRIQUE DA COSTA RAMOS

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS COMO MEIO DE TRANS-


FORMAÇÃO SOCIAL: Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de
Assis Carneiro, Alto Alegre do Pindaré – MA.

Monografia apresentada ao Centro Ex-


tensão e Formação Montenegro, como
requisito para obtenção do título de
graduação em Pedagogia.

Orientador: Flávio Oliveira Viana

Alto Alegre do Pindaré


2019
3

FRANCISCA HENRIQUE DA COSTA RAMOS

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS COMO MEIO DE TRANS-


FORMAÇÃO SOCIAL: Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de
Assis Carneiro, Alto Alegre do Pindaré – MA.

Monografia apresentada ao Curso Li-


cenciatura em Pedagogia do Centro de
Extensão e Formação Montenegro
(CEFAM), como requisito exigido para
obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia.

Aprovada em ______/_____/______ Nota: ____________________

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Profº. Flávio Oliveira Viana (Orientador)
Centro de Extensão e Formação Montenegro (CEFAM)

________________________________________________
1ª EXAMINADOR (A)

2º EXAMINADOR (A)
4

Dedico este trabalho a todos meus famili-


ares e amigos, fontes de motivação para
que eu tenha força para continuar.
5

AGRADECIMENTOS

Á Deus pela minha vida, confiança e persistência em concluir mais esta


jornada.
Aos meus filhos Sthefannny e Daniel, minha motivação, minha força, mi-
nha vida.
Aos meus pais Francisco e Raimunda, que colocam em mim toda sua cer-
teza e segurança.
Aos meus irmãos Márcia, Orisvan, Júnior e Cleiton pelo apoio prestado a
mim. Ao meu esposo Samuel pela força e incentivo.
Ao meu orientador pessoal Isaac Veras, grande amigo, pois a sua ajuda
trouxe qualidade a esse trabalho.
A meu professor orientador Flávio Viana, pois suas orientações tornaram
possível a conclusão deste trabalho.
Finalmente, a toda minha família que é minha base de apoio e que me
aconselham em todas as minhas escolhas.
6

―[...] Ninguém caminha sem aprender a


caminhar, sem aprender a fazer o cami-
nho caminhando, refazendo e retocando o
sonho pelo qual se pôs a caminhar.‖

(Paulo Freire)
7

RESUMO

Este trabalho monográfico consta de uma pesquisa sobre a alfabetização de jovens,


adultos e idosos como meio de inclusão social, na Unidade Integrada Professor
Francisco de Assis Carneiro. Há, no decorrer do trabalho, reflexões sobre a funcio-
nalidade da EJAI, como instituição inclusiva, no que se refere à perspectiva do edu-
cando e da sociedade. Para a coleta de dados, utilizaram-se entrevistas semiestrutu-
radas com diretor, professor e alunos e as análises desenvolveram-se no contexto
histórico de cada um. Os resultados da pesquisa demonstraram que a EJAI, apesar
das dificuldades, dos problemas, enquanto instituição se mostra como um importan-
te espaço de inclusão dos sujeitos que a buscam, com as diferentes finalidades. A
EJAI deve considerar aspectos peculiares da identidade dos seus alunos que retoma
a escolarização, como jovens, adultos e idosos que apesar das dificuldades estão ali
para terem domínio da leitura e da escrita, garantindo seus direitos nas leis do nosso
país, possibilitando aos mesmos uma formação integral e ampla de homens e mu-
lheres de acesso a profissionalização e a empregabilidade, fazendo com que essas
pessoas transformem sua velha situação opressora em uma nova, de libertação. E o
foco principal - o individuo inserido na sociedade plenamente alfabetizado, os bene-
fícios que isso traz para a sua vida, fazendo com que o torne um cidadão participati-
vo de seus deveres e direitos. A pesquisa possibilita reafirmar a importância da Edu-
cação de Jovens, Adultos e Idosos, uma vez que por meio dela muitos alunos têm
condições de retomar seus estudos, o que possibilita a melhoria em diversos aspec-
tos da vida, sobretudo no atual contexto, marcado pelo conhecimento. No entanto,
tanto o estudo no âmbito das políticas públicas para a EJAI no Brasil como as vivên-
cias apresentadas evidenciam que muito ainda deve ser feito para que a modalidade
cumpra seu papel. Com base nos desafios apresentados, se tem condições de pen-
sar em estratégias para que a EJAI cumpra de fato seu papel e ocorra a erradicação
do analfabetismo no Brasil.

Palavras-chave: Inclusão social. Profissionalização. Políticas Públicas.


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ABSTRACT

This work consists of a monographic research on literacy of young people, adults and
senior citizens as a means of social inclusion, on integrated unit Professor Francis of
Assisi. There are, in the course of work, reflections on the functionality of EJAI, inclu-
sive institution, with regard to the perspective of the learner and society. For data
collection, using semi-structured interviews with Director, teacher and students and
the analysis developed in the historical context of each. The survey results demons-
trated that EJAI, despite the difficulties, the problems, while institution shows how an
important space for inclusion of subjects that seek, with different purposes. The pe-
culiar aspects should be considered EJAI identity of their students who returns to
schooling, as young people, adults and elderly people despite the difficulties are the-
re to have mastery of reading and writing, guaranteeing their rights in the laws of our
country, allowing the same full and extensive training of men and women in access
to professional training and employability, making these people transform your old
oppressive situation in a new release. And the main focus-the subject entered in the
fully literate society, the benefits it brings to your life, make a participatory citizen their
duties and rights. The research makes it possible to reaffirm the importance of the
Education of young people, Adults and the elderly, since through her many students
are able to resume their studies, enabling the improvement in several aspects of life,
especially in the current context, marked by the knowledge. However, both the study
of public policies for the Brazil as EJAI experiences presented suggest that much
must still be done to fulfill your role mode. On the basis of the challenges presented,
if is able to think about strategies for the EJAI

Keywords: Social inclusion. Professionalization. Public Policies.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10
2 A HISTÓRIA DA EDUCAAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS NO BRA-
SIL.......................................................................................................................... ...13
3 PAULO FREIRE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EJAI................................16
4 ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS COMO MEIO DE INCLU-
SÃO SOCIAL.............................................................................................................19
4.1 Os entraves na EJAI ..........................................................................................21
5 METODOLOGIA DA PESQUISA ..........................................................................24
5.1 Caracterizações da Escola Campo ..................................................................26
5.2 Perfil dos Alunos................................................................................................27
5.3 Perfil dos Professores ......................................................................................30
6 ANÁLISES DA PESQUISA ...................................................................................32
6.1 Entrevistas com Professores ..........................................................................33
6.2 Entrevistas com Alunos....................................................................................35
6.3 Entrevista com Diretor .....................................................................................40
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICES
ANEXOS
10

1 INTRODUÇÃO

A Educação de Jovens, Adultos e Idosos é uma modalidade de ensino


amparada por lei e voltada para pessoas que não tiveram, por algum motivo, acesso
ao ensino regular na idade apropriada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB), em seu artigo 37, prevê que aqueles que não tiveram acesso ou continuidade
de estudos na idade própria podem ser atendidos por meio da oferta da educação
de jovens, adultos e idosos (EJAI). De acordo com o texto, ―os sistemas de ensino
assegurarão gratuitamente àqueles que não puderam efetuar os estudos na idade
regular oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exa-
mes‖.
Assim sendo, a EJAI tem como objetivo tentar ou corrigir algumas ques-
tões sociais como exclusão e exploração, entre outras que geram consequências
maiores, como a perigosa marginalização. No campo social, podemos verificar que
jovens adultos e idosos que abandonam as escolas muitas vezes não são acolhidos
em outras instituições, o que faz com que trilhem por caminhos que não os dignifi-
cam, quais sejam as drogas, prostituição, alcoolismo, roubo e atos de vandalismo.
Do ponto de vista econômico, estes estudantes vão engrossar a taxa de desempre-
go e são candidatos à mão-de-obra não qualificada, adquirindo baixos rendimentos,
dificultando desta forma o seu bem estar familiar e social.
Entretanto, a alfabetização de jovens, adultos e idosos foi, durante muitos
anos, concebida e desenvolvida igualmente ao que se propunha na alfabetização de
crianças. As didáticas, metodologias e até mesmo as cartilhas direcionadas a esse
público não se diferenciavam daquelas dirigidas às crianças. A infantilização de tex-
tos e atividades era e, em muitos casos, ainda persiste a ser repassada a jovens e
adultos, sem levar em conta seus conhecimentos e ciclos de vida, suas experiências
e expectativas, seus desejos e suas necessidades em relação ao aprender a ler e a
escrever.
Assim, saber educar é muito mais que transmitir um conteúdo de um livro
didático, descontextualizado com a realidade do aluno. É muito mais que isso. É
compreender a vivência do aluno, o dia a dia, buscando tanto o crescimento huma-
no, quanto profissional e especialmente o pessoal.
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A diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado e saber ler o mun-
do, ter espírito crítico, ser letrado, é uma dúvida que paira sobre as cabeças de di-
versos escritores, que se debatem para responder essas questões. E essa é uma
das dificuldades enfrentadas pelos alunos, onde assimilar o conteúdo e compreen-
der, ter senso crítico demonstra ser um grande desafio para os educando e educa-
dores.
Segundo a Proposta Curricular da EJAI (2001), ler e escrever textos são
os principais objetivos da área de Língua Portuguesa; portanto, este é o principal
bloco de conteúdo da área, todos os outros, servindo-lhe de suporte e convergindo
para ele. Para conseguir atingir o objetivo de formar leitores autônomos e produtores
de textos que saibam comunicar-se com sucesso é necessário que lhes sejam da-
das oportunidades de conhecer os produtos da comunicação escrita.
Isso porque a relação entre a leitura e a escrita e sua apropriação é fun-
damental no processo educativo favorecendo ao aluno o aprendizado de conheci-
mentos elaborados ao longo da história da humanidade. Contudo, a aprendizagem
da leitura e escrita não ocorre de forma natural ou espontânea, demandando situa-
ções pedagógicas específicas que, na atualidade, são desenvolvidas e disponibiliza-
das majoritariamente na escola.
Por essa razão, este trabalho irá abordar a alfabetização de Jovens, Adul-
tos e Idosos como meio de inclusão social, a partir do discurso dos principais sujei-
tos envolvidos, educadores e educandos, a fim de discutir a prática pedagógica de-
senvolvidas na Escola Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro,
localizado em Alto Alegre do Pindaré - MA, e a sua contribuição para o desenvolvi-
mento da aprendizagem. Nesse sentido, enfocaremos as práticas de leitura e escrita
de um público que, muitas vezes, não domina essas habilidades de sua importância
para o desenvolvimento da aprendizagem e atuação na sociedade.
Através da problemática levantada neste trabalho, buscar-se a apontar
possíveis respostas para a seguinte questão: Como a alfabetização de jovens, adul-
tos e idosos pode servir como meio de inclusão social?
A Educação de Jovens, Adultos e Idosos busca incluir na sociedade pes-
soas sem identidade social, que estão sujeitas as viverem em situações precárias,
tornando-se vítimas do sistema político educacional. Assim, a uma transformação da
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sociedade que passará a enxergar esse público, dando-lhe oportunidades de alcan-


çar melhores condições de vida.
Nesse contexto, a execução deste trabalho terá como objetivo geral dis-
cutir a importância da educação de jovens, adultos e idosos para a inclusão de pes-
soas desvalorizadas na sociedade. Partindo desse objetivo, buscaremos atingir me-
tas específicas que consolidarão a realização do objetivo geral, são: compreender o
papel do aluno e do professor da EJAI na sociedade; identificar os principais entra-
ves que assolam esse modelo de ensino e analisar as opiniões de professores, alu-
nos e gestores a respeito da relevância da Educação de Jovens, Adultos e Idosos.
Há uma grande necessidade em abordar este tema, por vários motivos,
primeiramente pelas contribuições que serão trazidas para a sociedade através das
discussões aqui propostas. Outro fator que traz relevância a este tema é a busca por
valorização do aluno da EJAI que é visto como um ser que não contribui para a so-
ciedade, e até mesmo como sendo prejudiciais ao meio em que estão inseridos,
dando a este público uma visão marginalizada.
O desenvolvimento do trabalho se dará através da realização de pesquisa
exploratória descritiva, sendo estudo de caso, utilizando questionários, para apontar
o perfil de professores e alunos, realizando entrevistas como os mesmos e com o
diretor da Escola Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro trazendo
a apuração dos dados colhidos e as considerações a respeito dos mesmos.
A divisão se dará por meio de sete capítulos iniciando com a introdução
onde será falado sobre o tema de modo geral e sobre os demais capítulos. No se-
gundo capítulo será apresentada a História da EJAI no Brasil, dando seguimento, o
terceiro capítulo abordará as contribuições de Paulo Freire para essa modalidade de
ensino, no quarto capítulo será falado especificamente sobre a alfabetização de jo-
vens, adultos e idosos como meio de inclusão social e trará como subtema os entra-
ves encarados na EJAI.
A partir do quinto capítulo será exposta a metodologia da pesquisa, carac-
terizando a escola campo e apresentando o perfil dos alunos e dos professores, no
sexto capítulo serão analisadas as entrevistas com professores, alunos e diretor e o
sétimo capítulo trará as considerações finais a respeito deste tema, abordando as
dificuldades e aprendizados alcançados durante a realização do trabalho.
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2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS NO BRASIL

A história da Educação de Jovens, Adultos e Idosos no Brasil é permeada


pela trajetória de ações e programas destinados à Educação Básica e, em particular,
aos programas de alfabetização para o combate ao analfabetismo. Em algumas
ações, para o público jovem e adulto, embora não se constitua o objetivo principal, é
possível identificar também o incentivo à profissionalização, ainda que de forma tí-
mida. Por um lado, incentivou-se a aprendizagem da leitura e escrita, para que os
jovens e os adultos pudessem exercer o seu ―direito‖ de voto; por outro lado, o estí-
mulo à alfabetização veio acompanhado das novas exigências econômicas pela
aprendizagem dos elementos básicos rudimentares da cultura letrada.
As discussões a respeito da educação como dever de Estado se intensi-
ficaram nas décadas de 1920 e 1930. A partir das mudanças políticas durante os
anos 1930 e o processo de industrialização no Brasil, a EJAI começa a marcar seu
espaço na história da educação brasileira; surge a ideia da criação de um Plano Na-
cional de Educação, instituído na Constituição de 1934, em que se estabeleceu co-
mo dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e
extensiva para adultos.

Educação de Jovens e Adultos viveu um processo de amadurecimento que


veio transformando a compreensão que dela tínhamos poucos anos atrás. A
Educação de Jovens e Adultos é mais bem percebida quando a situamos
hoje como Educação Popular (GADOTTI; ROMÃO, 2005, p.15).

A partir de 1945, com a aprovação do Decreto nº 19.513, de 25 de agosto


de 1945, a Educação de Adultos tornou-se oficial. Daí por diante novos projetos e
campanhas foram lançados com o intuito de alfabetizar jovens e adultos que não
tiveram acesso à educação em período regular. Dentre estes se podem citar: a
Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA (1947); o Movimento
de Educação de Base – MEB, sistema rádio educativo criado na Conferência Nacio-
nal dos Bispos do Brasil com o apoio do Governo Federal (1961); além dos Centros
Populares de Cultura – CPC (1963), Movimento de Cultura Popular – MCP e a
Campanha Pé no Chão Também se Aprendem a Ler – CPCTAL, sendo que o pri-
meiro estava mais voltado para atender às necessidades de qualificação da mão-de-
obra para o setor industrial (além da necessidade de ampliar os ―currais‖ eleitorais
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mantidos pelas práticas ―clientelísticas‖), os demais tinham o intuito de atender às


populações das regiões menos desenvolvidas, além da preocupação de conscienti-
zação e integração desse grupo através da alfabetização e utilização do sistema
Paulo Freire (BRASIL, 1945).
Porém, durante o regime militar (1964-1985), estes movimentos e seus in-
tegrantes foram perseguidos e reprimidos pelos órgãos do Governo Federal que, em
1967, autorizou a criação do MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização (a
partir de 1985 passou a se chamar Fundação Educar), tendo como principal objetivo
erradicar totalmente o analfabetismo, mas, principalmente, preparar mão- de-obra
necessária aos seus fins, aos interesses capitalistas do Estado (CORRÊA, 1979).
A respeito do MOBRAL; Bello (1993) cita que:

O projeto MOBRAL permite compreender bem esta fase ditatorial por que
passou o país. A proposta de educação era toda baseada aos interesses
políticos vigentes na época. Por ter de repassar o sentimento de bom com-
portamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição es-
tendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de
seus diversos Programas.

A educação de jovens, adultos e idosos (EJAI) no Brasil é marcada pela


descontinuidade e por tênues políticas públicas, insuficientes para dar conta da de-
manda potencial e do cumprimento do direito, nos termos estabelecidos pela Consti-
tuição Federal de 1988. Essas políticas são, muitas vezes, resultantes de iniciativas
individuais ou de grupos isolados, especialmente no âmbito da alfabetização, que se
somam às iniciativas do Estado (BRASIL, 1996).
De acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988:

―O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia


de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua
oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;‖

Com a promulgação da constituição de 1988 o estado aumentou o seu com-


promisso com a educação de jovens e adultos. Na década de 1990 incumbidos pelo
governo ocorreram parcerias entre ONG‘S (organizações não governamentais), mu-
nicípios, universidades, grupos informais, fóruns estaduais e nacionais, em prol de
melhorias da educação de jovens, adultos e idosos, sendo a EJAI registrada e intitu-
lada como ―Boletim de ação Educativa‖. É notório que nesta fase da história da Edu-
cação brasileira, a EJAI possui um foco amplo, para haver uma sociedade igualitária
15

e uma Educação eficaz é necessária que todas as áreas da Educação sejam foca-
das e valorizadas.

A história da Educação de jovens, adultos e idosos é muito recente, du-


rante muitos anos as escolas noturnas eram os únicos meios de alfabetização, cons-
tituíam-se em espaços informais, onde poucos que já dominavam o ato de ler e es-
crever o transferia a outros; somente no começo do século XX com o desenvolvi-
mento industrial é possível perceber uma lenta valorização da EJAI.
Em 1996, foi lançado o PAS - Programa de Alfabetização Solidária – po-
lêmico por utilizar práticas superadas, como o assistencialismo (MEC, 1996). Em
1998, com o objetivo de atender às populações nas áreas de assentamento, foi fun-
dado o PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - e, em
2003, o governo Lula lançou o programa Brasil Alfabetizado, que deu ênfase ao vo-
luntariado, apostando na mobilização da sociedade para resolver o problema do
analfabetismo. O programa foi oficializado pelo Decreto nº 6.093 de 24 de abril de
2007 com o objetivo de universalizar a alfabetização de Jovens e Adultos, a partir
dos 15 anos ou mais e foi realmente uma conquista porque ele passou a financiar a
Educação de Jovens e Adultos que vinha sendo sempre precária, por parte do go-
verno.
A Educação de Jovens, Adultos e idosos teve outra grande conquista
quando, foi incluído no fundo do Desenvolvimento da Educação Básica o FUNDEB,
que havia substituído o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun-
damental e de Valorização do Magistério o FUNDEF, pois ele ajudou muito nas
questões básicas, como reservar recursos para Educação de Jovens e Adultos,
mesmo que eles ainda sejam menores que as outras modalidades.
O conceito de educação de jovens e adultos vai se movendo na direção
ao de educação popular na medida em que a realidade começa a fazer exigência à
sensibilidade e a competência científica dos educadores e educadoras. Uma dessas
exigências tem a ver com a compreensão crítica dos educadores de que vem ocor-
rendo na cotidianidade do meio popular (GADOTTI, 2003).
Paulo Freire com toda sua determinação deixou uma grande contribuição
ao Ensino de Jovens, Adultos e Idosos do que foi conquistado, as suas ideias de
uma prática educacional de igualdade, com sujeitos críticos, é a que hoje vem sendo
trabalhada na maioria das vezes na EJAI.
16

―desde logo afastamos qualquer hipótese de uma alfabetização puramente


mecânica, desde logo pensávamos alfabetização do homem brasileiro, em
posição de tomada de uma consciência na imersão que fizeram no proces-
so, de nossa realidade no trabalho como que tentássemos a promoção da
ingenuidade, em criticidade ao mesmo tempo em que alfabetizarmos‖.
(FREIRE 2007 p.112)

Porém as discussões sobre a nova configuração ou estrutura para EJAI,


continua acontecendo em diversos movimentos sociais como Sindicatos, ONGs ou
universidades, todos procurando promover um modelo diferente para atender a ne-
cessidades do público da Educação de Jovens e Adultos. ―o compromisso dessa
diversidade de coletivos da sociedade, não é mais de campanhas nem de ações as-
sistencialistas‖ (ARROYO 2006 p. 20). E já existem outros só que esse é imobiliza-
ção com Acadêmico procurando programar nas políticas públicas as reais necessi-
dades da Educação de Jovens e Adultos.
Esse processo de educar através de novo modelo educacional começa a
ganhar forma, diferente do que antes existia, com uma educação de jovens, adultos
e idosos, mais completa, analisando o sujeito, seu modo de aprender, a sua experi-
ência de vida, o ambiente, pois agora possuem uma modalidade específica, e que
deve ser desenvolvida plenamente.

3 PAULO FREIRE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EJAI

A influência de Paulo Freire na modalidade da Educação de Jovens, Adul-


tos e Idosos é extremamente rica e positiva, devido à metodologia criada por ele, a
qual permite a ligação do educando com o mundo em que vive, sem causar no aluno
a sensação de que se encontra fora dele. A questão de fazer com que o educando
se conscientize do seu espaço, na sociedade em que está inserido, não é alimentar
a passividade deste em aceitar a sua condição atual, mas de estimulá-lo a conscien-
tizar-se, não somente da sua situação, como também do poder em modificar a sua
realidade, participando desta transformação de forma ativa. Desta forma o educando
não se sentirá a margem da sociedade que deseja modificar, e sim, inserido nela.

[...] A captação e a compreensão da realidade se refazem, ganhando um ní-


vel que até então não tinham. Os homens tendem a perceber que sua com-
preensão e que a ‗razão‘ da realidade não estão fora dela, como, por sua
17

vez, ela não se encontra deles dicotomizada, como se fosse um mundo à


parte, misterioso e estranho, que os esmagasse. (FREIRE, 1987, p. 96).

A educação popular aliada ao método Paulo Freire tinha um papel funda-


mental na sociedade brasileira na década de 60, momento em que a população se
encontrava tão carente de conhecimento e prestes a se libertar para o mundo. As
práticas pedagógicas usadas segundo a fala de Paulo Freire, o sujeito deveria ser
educado de dentro para fora e isto era sinal da libertação do homem. Mas a nova
prática de aprendizagem-leitura dava ao sujeito liberdade para ler e escrever, porém
para que esta escrita fizesse sentido maior deveria ter um caráter crítico e socializa-
dor que analisasse o contexto político, social e individual de cada um. Aí sim poderia
fazer a educação como prática de liberdade, como por exemplo, Freire, (1979, p. 72)
comenta que:
A alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para
dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pe-
lo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pe-
la qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento tam-
bém do educando e não só do educador.

Freire propunha o ato de alfabetizar em uma ótica abrangente, colocando


o homem como agente e transformador da realidade. O homem, preparado politica-
mente para compreender seu mundo, conscientemente estará mais aberto para de-
safios, descobertas e possíveis soluções dos problemas e conflitos existentes. Uma
proposta flexível, envolvendo aperfeiçoamento, debates e modificações, no qual o
alfabetizador não seria a única fonte de aprendizagem.
De acordo com Lopes e Sousa, a proposta de Paulo Freire:

[...] baseia-se na realidade do educando, levando-se em conta suas experi-


ências, suas opiniões e sua história de vida. Esses dados devem ser orga-
nizados pelo educador, a fim de que as informações fornecidas por ele, o
conteúdo preparado para as aulas, a metodologia e o material utilizados se-
jam compatíveis e adequados às realidades presentes. Educador e educan-
dos devem caminhar juntos, interagindo durante todo o processo de alfabe-
tização. É importante que o adulto alfabetizando compreenda o que está
sendo ensinado e que saiba aplicar em sua vida o conteúdo aprendido na
escola (LOPES; SOUSA, 2005, p.11).

Ao pensar em alfabetização de adultos, Paulo Freire considerou a ausên-


cia de sentido presente nas lições das cartilhas, com frases desvinculadas da reali-
dade do alfabetizando, que, após trabalhar o dia todo, sentava em uma cadeira, pre-
ocupado com o gás, a água, a energia elétrica, o alimento e o salário do mês, ouvia
frases como ―O boi baba e bebe‖ ou ―Vovô viu a uva‖. Em que frases como estas
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contribuiriam para o seu cotidiano? Aprender a ler e escrever para quê? Uma mu-
dança seria eminentemente necessária. Desta forma, foi idealizada uma maneira na
qual o alfabetizando aprenderia a ler e escrever de forma criativa e dinâmica, não
simplesmente reproduzindo o que lhe era passado repetidamente, podendo-se veri-
ficar, então, um aprendizado aberto para a leitura do mundo. É necessário que se
considere o pensamento e ação, pois:

Aprender a ler e a escrever deveria ser uma oportunidade para que o ho-
mem saiba qual é o significado verdadeiro de ―falar a palavra‖, um ato hu-
mano que implica reflexão e ação. Deveria ser considerados como um direi-
to humano primordial e não o privilégio de poucos. Falar uma palavra não é
um ato verdadeiro se não está ao mesmo tempo associado com o direito de
―expressar a si mesmo‖, ―expressão do mundo‖, criando e recriando, deci-
dindo, elegendo e, finalmente, participando do processo histórico da socie-
dade (FREIRE, 1975, p. 30).

Freire aplicou seu método no estado de Pernambuco pela primeira vez.


Ele pegou 05 alunos, 03 aprenderam a ler e escrever em 30 horas e os outros 02
desistiram antes de terminar o curso. No prazo de 45 dias alfabetizaram-se 300 tra-
balhadores, João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para organizar
uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa campanha tinha como objetivo al-
fabetizar 02 milhões de pessoas, em 20.000 círculos de cultura popular, e já contava
com a participação da comunidade.

O impacto desse resultado é tão grande que Miguel Arraes, então governa-
dor de Pernambuco, autoriza um trabalho semelhante nas favelas de Recife
e, em seguida, em todo o estado. Também o governo federal se interessa
pelo Projeto e pretendia organizar 20 mil ―círculos de cultura‖, procedimento
de seu método de alfabetização, a fim de atingir 2 milhões de adultos por
ano. (ARANHA, 1996, p.206).

Mas com o Golpe de 64 toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo
Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado no Chile. No lugar deste
grande projeto surgiu o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) uma ini-
ciativa para a alfabetização que visava apenas o ensinar a ler e a escrever sem uma
preocupação maior com a formação do ser humano. Projeto totalmente contrário ao
ideal freiriano. Vale ressaltar que o método freiriano de alfabetização considerava o
educando como um sujeito ativo no processo de aprendizagem, pois esses seriam
responsáveis por recriar sua própria história, desde que tomada à consciência de
seu papel transformador na sociedade. Freire então afirmava:
19

A pedagogia, como pedagogia humana e libertadora, terá dois elementos


distintos. O primeiro, em que os oprimidos vão revelando o mundo da
opressão e vão comprometendo-se nas práxis; o segundo, em que, trans-
formada a realidade opressiva, esta pedagogia deixa de ser a do oprimido e
passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente liberta-
ção. (FREIRE, 1983, p. 44).

4 ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS COMO MEIO DE INCLU-


SÃO SOCIAL

Algumas questões que tem pautado a educação nas últimas décadas –


modelo escolar, a Educação de Jovens, Adultos e Idosos, a inclusão, a adaptação
curricular, dentre outros, chamam a atenção para o fato de qual modelo escolar que
estamos a defender, bem como a qualidade de ensino e as perspectivas inclusivas
que permeiam tais debates. Muitas dessas questões permanecem em debate, uma
vez que a realidade não permite a relação teoria e prática, bem como uma maior
contextualização das práticas desenvolvidas em sala de aula.
A alfabetização de jovens, adultos idosos como meio de inclusão social é
um grande desafio para muitos educadores que atuam na modalidade EJAI (Educa-
ção de Jovens, Adultos e Idosos). No Brasil a implantação de uma escola que aten-
desse toda a população se mostrou historicamente ineficaz e limitada. Embora os
dados estatísticos demonstrem quedas nos números de analfabetos, incluindo os
analfabetos funcionais, não vem se observando ações satisfatórias para resolver a
questão do analfabetismo no país. Leite (2013) resume essa questão:

Embora se observe uma lenta diminuição nesses índices, podemos afirmar,


a partir dos dados oficiais, que no Brasil existe um processo de persistência
do analfabetismo e, em especial, dos índices de analfabetismo funcional.
Deve-se relembrar que os critérios utilizados pelo IBGE para considerar o
indivíduo alfabetizado – ler e escrever bilhetes simples – e para o analfabeto
funcional – ao menos quatro anos de escolarização – são extremamente
frágeis em função das demandas de uma sociedade marcadamente grafo-
cêntricas, como a nossa. Além disso, está se falando de um problema social
que apresenta uma distribuição muito desigual: o analfabetismo é maior nas
zonas rurais, nas regiões Norte e Nordeste, entre as mulheres, e crescen-
temente acentuado à medida que se considerem os níveis etários, com al-
tíssimos índices na faixa dos 50 anos ou mais (p. 21).

Promover com sucesso a alfabetização dos jovens, adultos e idosos e su-


perar o analfabetismo são desafios que o Brasil ainda está distante de equacionar, e
constituem temas que os governos e a sociedade devem enfrentar permanentemen-
te. Não necessitam, portanto, de datas festivas ou iniciativas excepcionais para
20

compor o rol de prioridades das políticas públicas e das preocupações dos educado-
res.
Durante a maior parte de sua história, a alfabetização de jovens, adultos e
idosos no Brasil esteve sob a influência de pelo menos duas formas de conceber a
relação entre educação e inclusão social. A adesão a esta ou àquela concepção afe-
ta o modo como se concretizam programas de alfabetização de jovens, adultos e
idosos. Uma dessas concepções é a da educação como meio de emancipação e
transformação das pessoas e sociedades. O modelo emancipatório foi inaugurado
nas experiências inovadoras de alfabetização de jovens, adultos e idosos, realizadas
22

voltam as escolas porque procuram melhorar suas vidas, através do processo


aprendizagem. Na visão de Gadotti (2008, p. 31):

Os jovens, adultos e idosos trabalhadores lutam para superar suas condi-


ções precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego,
etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. Para definir a especi-
ficidade de EJAI, a escola não pode esquecer que o jovem, adulto e idoso
analfabeto é fundamentalmente um trabalhador – às vezes em condição de
subemprego ou mesmo desemprego [...].
23

Como forma de superar estes problemas, Ribeiro (1999) propõe ―a valori-


zação do diálogo como princípio educativo, com a decorrente assimilação da noção
de reciprocidade na relação professor-aluno‖ (RIBEIRO, 1999, p. 193). A autora
também aponta para a n
24

[...] os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físi-


cas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso
compreendê-los a partir de um enfoque multimensal, que amalgame fatores
orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro
das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os proble-
mas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta
pela transformação da sociedade. (SCOZ, 1994, p. 22)

Esses jovens, adultos e idosos que ultrapassam a barreira da baixa auto-


estima e da opressão através da aprendizagem formal, como exprime Paulo6reire
25

processam as suas estruturas e a sua função, as mudanças que provocam e até que
ponto pode ser controlados e orientados. Por isso é que, de início, a pesquisa come-
ça com interrogações.
A finalidade da pesquisa não é só a acumulação de fatos, mas também a
sua compreensão, o que se obtém desenvolvendo e lançando hipóteses precisas,
que se manifestam sob a forma de questões ou de enunciados. A pesquisa atende à
necessidade de se conhecer a natureza dos problemas ou fenômenos, uma vez que
trata de validar ou invalidar as hipóteses lançadas sobre eles.
Essa pesquisa deu-se a partir de um Estudo de Caso. Este ―consiste em
coletar e analisar informações sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou
comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o as-
sunto da pesquisa‖ (ALMEIDA, 1996, p. 106). Ou seja, é uma categoria típica da
pesquisa qualitativa.
Triviños (1987, PP. 131-133) ressalta que:

Na pesquisa qualitativa, de forma muito geral, segue-se a mesma rota ao


realizar uma investigação. Isto é, existe uma escola de um assunto ou pro-
blema, uma coleta e análise das informações. [...] é interessante salientar,
uma vez mais, que o pesquisador, orientado pelo enfoque qualitativo, tem
ampla liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo. Os limites
de sua iniciativa particular estarão exclusivamente fixados pelas condições
da exigência de um trabalho científico.

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado à técnica de entrevista,


estruturada com perguntas abertas, que se deu por meio de uma entrevista previa-
mente elaborada com o intuito de obter as respostas plausíveis sobre a temática da
monografia. Segundo Gil (1999, p. 121), a entrevista estrutura ―baseia-se na utiliza-
ção de um questionário como instrumento de coleta de informações, o que garante
que a mesma pergunta será feita da mesma forma a todas as pessoas que foram
pesquisadas‖.
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas
obtenha informações sobre determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. Trata-se de um procedimento utilizado na investigação social,
coleta de dados, para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema soci-
al. Sendo que é um importante instrumento de trabalho em vários campos das ciên-
cias sociais ou de outros setores de atividades, como o da sociologia, antropologia,
26

psicologia social, política, serviço social, jornalismo, relações públicas, pesquisa de


mercado e outras (MARCONI; LAKATOS, 2007).
A entrevista foi aplicada ao diretor, ao professor e alguns alunos da Edu-
cação de Jovens, Adultos e Idosos, na Unidade Integrada Professor Francisco de
Assis Carneiro. Para analisar os dados da entrevista foi utilizada uma abordagem
quantitativa e qualitativa. Os elementos quantitativos foram os quadros com as aná-
lises das interpretações (qualitativa). Já na análise qualitativa, procurei de forma cla-
ra e objetiva uma interpretação da realidade crítica no posicionamento acerca da
pesquisa.
Rosa e Arnoldi (2006, p. 81) comentam:

Todo pesquisador/entrevistador, antes da iniciação no árduo trabalho de co-


leta de dados por intermédio da entrevista, deve questionar-se sobre os
seus conhecimentos científicos, seu pelo saber sobre o tema em estudo,
suas habilidades emocionais e físicas como entrevistador, sua capacidade
de arguição e intervenção, e sua prontidão no preparo de questões imprevi-
síveis e no momento adequado.

Zanella (2006) afirma que:

Enquanto o método quantitativo de pesquisa preocupa-se com a medição


dos dados, o método qualitativo não emprega a teoria estatística para medir
ou enumerar os fatos estudados. Preocupa-se em conhecer a realidade se-
gundo a perspectiva dos sujeitos participantes da pesquisa, sem medir ou
utilizar elementos estatísticos para análise dos dados. O método qualitativo
de pesquisa não é empregado quando o pesquisador quer saber quantas
pessoas têm preferência por um produto, portanto, não é projetado para co-
letar resultados quantificáveis (p. 99).

Dessa forma, a pesquisa situa-se numa perspectiva qualitativa, pois na


montagem do texto monográfico busquei apresentá-lo dentro de um caráter descriti-
vo e interpretativo a respeito do tema pesquisado e estudado.

5.1 Caracterização da escola campo

A Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro, foi fundada


no ano de 2001 e recebeu esse nome em homenagem ao primeiro professor da co-
munidade. Essa unidade de ensino está estrutura da seguinte forma: é toda murada,
têm oito salas de aulas, sala de professores, diretoria, secretaria, biblioteca, labora-
tório de informática, pátio coberto, banheiros masculinos e femininos, cantina, poço
artesiano, fossa asséptica para recebimento do esgoto da escola.
27

A referida escola está localizada a 30 km da sede do município de Alto


Alegre do Pindaré no estado do Maranhão. Atualmente a escola atende as modali-
dades de ensino: Ensino Fundamental e Educação de Jovens, Adultos e Idosos nos
turnos matutino, vespertino e noturno. É composta por 34 funcionários, 01 diretor e
01 diretor adjunto graduados em Letras, 01 supervisor graduado em Matemática, 01
uma secretária com Ensino Médio, 05 professoras graduadas em Pedagogia, 04 pro-
fessoras graduadas em Letras, 01 professora graduada em Matemática, 06 profes-
sores graduando em Pedagogia, 01 professora graduada em Educação Física, 01
professora graduada em Biologia, 05 professores graduados em Magistério, 02 vigi-
as e 05 zeladoras.
A escola atualmente atende 391 alunos distribuídos de 2º ao 5º ano e
Educação de Jovens, Adultos e Idosos, como mostra a tabela abaixo:

Quadro 1: Números de alunos da Escola Campo.


Ano de Estudo Total de alunos
2º anos 83 alunos
3º anos 89 alunos
4º anos 112 alunos
5º anos 86 alunos
EJAI 21 alunos
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

A escola desenvolve suas atividades de acordo com seu Projeto Político


Pedagógico. Todas as ações elaboradas e desenvolvidas na escola visam contribuir
para o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos, alcançando assim um bom
índice de aprovação e maior integração da escola e comunidade.

5.2 O Perfil do Aluno da EJAI

De um modo geral, os alunos da EJAI são tratados como uma massa de


alunos, sem identidade, qualificados sob diferentes nomes, relacionados diretamente
ao chamado "fracasso escolar". Mas é preciso que a sociedade compreenda que
alunos de Educação de Jovens e Adultos vivenciam problemas como preconceito,
vergonha, discriminação, críticas, dentre tantos outros e que tais questões são vi-
venciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em comunidade.
28

Os alunos de Educação de Jovens, Adultos e Idosos têm um traço de vi-


da, origens, idade, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendiza-
gem e estruturas de pensamentos muito diferentes. São pessoas que vivem no
mundo do trabalho, com responsabilidades sociais e familiares, com valores éticos e
morais formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que
estão inseridos e nada disso deve ser relevado no processo educacional.
Arroyo assim afirma,

Essas diferenças podem ser uma riqueza para o fazer educativo. Quando
os interlocutores falam de coisas diferentes, o diálogo possível. Quando só
os mestres tem o que falar não passa de um monólogo. Os jovens e adultos
carregam as condições de pensar sua educação como diálogo. Se toda
educação exige uma deferência pelos interlocutores, mestres e alunos (as),
quando esses interlocutores são jovens e adultos carregados de tensas vi-
vências, essa deferência deverá ter um significado educativo especial. (AR-
ROYO, 2006, p. 35).

No Brasil tem crescido o número de pesquisas que buscam entender em


profundidade seu perfil socioeconômico e suas expectativas educacionais, em fun-
ção do grande número de alunos que frequentam a EJAI atualmente e, em parte,
deve-se ao tipo de metodologia utilizado nesta modalidade. Sabe-se que a educação
escolar colabora na formação de cidadãos, e que o desenvolvimento humano é
questão de oportunidade e de uma educação de qualidade. Tendo em vista estes
fatos e o compromisso social da escola, devem-se apresentar alternativas para os
problemas educacionais.
Farias (2010, p. 3) destaca que:

É necessário compreender a forma de atender a diversidade dos sujeitos da


EJA de forma que jovens e adultos possam estar na escola e aprender. São
as necessidades da vida, desejos a realizar, metas a cumprir que ditam as
disposições desses sujeitos, e por isso há a necessidade de compreender
seus tempos para então organizar, segundo as possibilidades de cada gru-
po ou pessoas, o momento de formação, para garantir sua permanência e
direito à educação. Nesse sentido se faz importante a pesquisa sobre os su-
jeitos da educação de jovens e adultos. Muitos deles têm história de fracas-
so, de não aprendizados, de frustrações, por isso não é possível repetir mo-
delos e manter abordagens infantilizadas. Ler e escrever são práticas indis-
pensáveis às sociedades em que a cultura escrita regula a vida social, o
que requer que jovens e adultos aprendam ao longo da vida num diálogo
constante com seus saberes que não podem ser ignorados.

Os alunos da EJAI por se tratarem de adolescentes acima de 14 anos e


adultos, já tem suas experiências de vida, muitas vezes até traumas podem ter sido
criados por não ter conseguido estudar anteriormente por vários motivos, desta for-
29

ma os alunos criam um bloqueio, por isto o professor deve estar seguro para tentar
quebrar estes bloqueios. Às vezes estes alunos podem estar com sua autoestima
muito baixa, aí entra o papel do professor para traçar práticas adequadas para in-
centivá-los a motivação. A autoestima é fundamental para este processo de alfabeti-
zação, pois quando há esperanças se tem forças para vencer os desafios na busca
de um objetivo. As turmas da EJAI funcionam geralmente a noite que é o horário
disponível para pessoas que trabalham diariamente, deve haver muita força de von-
tade e incentivo para jovens e adultos concluírem o curso.
São jovens e adultos que quando retornam à escola o fazem guiados pelo
desejo de melhorar de vida ou por exigências ligadas ao mundo do trabalho. São
sujeitos de direitos, trabalhadores que participam concretamente da garantia de so-
brevivência do grupo familiar ao qual pertencem. Os jovens e adultos trabalhadores
lutam para superar suas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, transpor-
te, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. ―Deve-se levar
em conta a diversidade destes grupos sociais: perfil socioeconômico, étnico, de gê-
nero, de localização espacial e de participação socioeconômica‖ (GADOTTI, 2003, p.
120-121). É importante considerar os conhecimentos prévios que os alunos possu-
em, pois esses estão relacionados às suas práticas sociais.
De acordo com Barreto (2006), os discentes da EJA quase sempre per-
tencem a uma mesma classe social, com baixo poder aquisitivo, usufruem apenas
do básico para sobreviver, sendo que a maior fonte de informação e lazer que pos-
suem é a televisão. Esses alunos fazem parte de um quadro de desfavorecimento
social e a procura pela escola está ligada às decisões que envolvem suas perspecti-
vas pessoais, motivação, com expectativa de conseguir um emprego melhor, au-
mentar a autoestima, satisfazer suas necessidades particulares e, assim, integrar a
sociedade letrada da qual tem o direito, mas que muitos não fazem parte.
Maria Antônia de Souza, no livro intitulado Educação de Jovens, Adultos e
idosos faz uma pequena delimitação das características relacionadas ao perfil dos
educandos da EJAI:

Dessa forma, os sujeitos da EJA hoje são diversos: trabalhadores, aposen-


tados, jovens empregados e em busca do primeiro emprego; pessoas com
necessidades educativas especiais, para citar alguns. Daí decorre também
a preocupação com o conceito de diversidade cultural no contexto da EJA.
Os sujeitos da EJA atualmente são o trabalhador experiente e o jovem com
outro tipo de experiência no mundo (SOUZA, 2011, p. 20).
30

No entanto, é importante destacar que a participação de muitos alunos jo-


vens e adultos na sala de aula costuma ser marcada por interesse pelas aulas, res-
peito e gratidão ao professor. Essa postura espelha o grande esforço que alguns
despendem para estudar e uma profunda vontade de aprender. Voltar a estudar mui-
tas vezes representa um desafio a ser superado, pois demanda tempo, força de von-
tade e dedicação em condições nem sempre propícias. Ao retornarem aos bancos
escolares, geralmente esses alunos possuem muita curiosidade e desejo de vivenci-
ar novas experiências, buscando na escola não só um espaço de trocas de saberes
e conhecimentos, mas também um espaço de socialização e inserção social.
Nesse sentido, a formação do discente da EJAI exige práticas pedagógi-
cas sensíveis, pautadas na sua realidade, abordando problemáticas próprias e reco-
nhecendo os desafios e potencialidades dessa clientela.

5.3 O perfil do professor alfabetizador

Alfabetizar jovens e adultos é uma ação especial, mas nem sempre se dá


da mesma forma como se alfabetiza uma criança na infância, isso porque o profissi-
onal que atua nessa área deve partir dos princípios de ação-reflexão-ação e deve
estar aliado à formação continuada. A formação continuada permite refletir suas
ações e repensar a sua metodologia, elaborando planos ou projetos que possam
aprimorar a sua prática educativa. Essa formação é necessária para que os docen-
tes não reproduzam as práticas de outras modalidades, como tem acontecido em
algumas classes, onde os professores alfabetizam infantilizando os seus alunos.

Na busca constante pela melhoria da qualidade da Educação de Jovens e


Adultos (EJA), a formação continuada de professores tem se constituído
uma das importantes frentes de atuação de entidades públicas e privadas
que vêm trabalhando com essa modalidade de ensino, visando oferecer
oportunidades educacionais comprometidas com a efetiva construção da ci-
dadania (DE VARGAS; FANTINATO; MONTEIRO, 2005, p. 120).

Diversos autores afirmam que é preciso que os educadores sejam e este-


jam capacitados em nível inicial e comprometidos com sua formação continuada pa-
ra o exercício da docência. Jovens e adultos buscam na escola a sua inclusão soci-
al, carregando consigo patrimônios culturais que deem sentidos as suas vidas. A
construção de um saber novo não se realizará com eficiência se o educador não
31

considerar a realidade desses educandos que é, não só econômica, mas também


social e, sobretudo, cultural.
Assim nos afirma Pereira (2005, p. 25.):

No que diz respeito ao professor, essas condições têm haver com sua for-
mação, com a percepção de si mesmo e de seu papel na escola, com sua
interação em relação ao conhecimento, aos alunos, ao espaço da sala de
aula etc.

Além disso, o docente deve reconhecer a necessidade de um planeja-


mento que atenda às necessidades, anseios e inteligências de todos. Para tanto é
preciso pensar nos estudantes, se preocupar, querer ajudá-los a visualizar outras
opções de vida. Ouvindo os alunos, por meio de técnicas e dinâmicas, o educador
conhecerá melhor cada um, o que lhe possibilitará preparar aulas cujo conteúdo os
afetará positivamente e individualmente. Nesse processo, firma-se um vínculo de
afeto, companheirismo e boa comunicação, elementos que aguçam a vontade de
aprender, de se envolver e de cooperar.
Freire propõe:

[...] discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em re-
lação com o ensino dos conteúdos. Por que não aproveitar a experiência
que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder pú-
blico para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os
baixos níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos que ofere-
cem a saúde das gentes. Por que não há lixões no coração dos bairros ricos
e mesmo puramente remediados dos centros urbanos? (1997, p. 30).

Segundo Schwartz (p. 79, 2012):

O saber do professor se constitui e está constituído da trama de:


a) Experiências;
b) Crenças;
c) Convicções;
d) Valores;
e) Ideias;
f) Princípios;
g) Teorias;
h) Estratégias de atuação que utiliza para planejar, organizar, executar e
justificar sua ação profissional.

É de suma importância, também, utilizar-se das tecnologias disponíveis,


considerando sempre o estudante como protagonista da construção do conhecimen-
to. Isso nem sempre é fácil de fazer e, provavelmente, o educador levará algum
tempo entre tentativas, acertos e erros. Mas a persistência certamente resultará em
sucesso tanto para o docente quanto para seus estudantes. A prática da ação-
32

reflexão-ação permite ao professor lançar estratégias para o sucesso do processo


de ensino-aprendizagem. Ao observar turmas da EJA é comum observar que os pro-
fessores regentes em tais turmas são geralmente professores experientes que des-
pertam a confiança em seus alunos e que acreditam na educação como foco de mu-
dança. Segundo Leal (2005, p. 114):

O conhecimento na ação, ou o conhecimento tácito, seria aquele constituído


na prática cotidiana do exercício profissional. Concebemos que esse é um
saber que se constrói com base nos conhecimentos prévios de formação
inicial, articulado com os saberes gerados na prática cotidiana, de forma as-
sistemática e muitas vezes sem tomada de consciência acerca dos modos
de construção. Para um projeto de formação numa base reflexiva, torna-se
fundamental conhecer e valorizar esses conhecimentos que são constituí-
dos pelos professores, seja através de uma reflexão teórica, seja através
desses processos eminentemente assistemáticos.

Portanto, a educação básica deverá propiciar aos alunos condições para


desenvolverem seus estudos de forma que possam inserir-se na sociedade através
do trabalho e do exercício da cidadania. A Educação de Jovens, Adultos e Idosos
precisa mudar e construir estratégias de escolarização para a produção de oportuni-
dades concretas, influenciando as políticas públicas destinadas especificamente aos
educandos.

6 ANÁLISE DA PESQUISA

O estudo sobre a temática da monografia foi realizado na Unidade Inte-


grada Professor Francisco de Assis Carneiro. O estudo caracteriza-se como uma
pesquisa empírica, onde o objeto de estudo escolhido foi a alfabetização de jovens,
adultos e idosos como inclusão social.
O ciclo de pesquisa, segundo Minayo (1994), compõe-se de três momen-
tos: fase exploratória da pesquisa; trabalho de campo e tratamento do material. O
referido processo inicia-se com a fase exploratória da pesquisa, em que são interro-
gados aspectos referentes ao objeto, aos pressupostos, às teorias pertinentes, à
metodologia apropriada e às questões operacionais necessárias para desencadear o
trabalho de campo. Em seguida é estabelecido o trabalho de campo, que consiste
no recorte empírico da construção teórica elaborada no momento. É nesta etapa que
são combinadas várias técnicas de coleta de dados, como entrevistas, observações,
pesquisa documental e bibliográfica, dentre outras. Por fim, faz-se necessário elabo-
33

rar o tratamento do material recolhido no campo, que pode ser subdividido em: or-
denação, classificação e análise propriamente dita.
Para concretizar a pesquisa e descrever as análises e interpretações das
respostas dos sujeitos selecionados, focalizou-se a pesquisa nos trabalhos do dire-
tor, do professor e de alguns alunos. Após a coleta de dados, a fase seguinte da
pesquisa é a de análise e interpretação. Estes dois processos, apesar de conceitu-
almente distintos, aparecem sempre estreitamente relacionados:

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que
possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para inves-
tigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais
amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conheci-
mentos anteriormente obtidos (Gil, 1999, p. 168).

A análise de dados é o processo de formação de sentido além dos dados,


e esta formação se dá consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas
disseram e o que o pesquisador viu e leu, isto é, o processo deformação de signifi-
cado. A análise dos dados é um processo complexo que envolve retrocessos entre
dados pouco concretos e conceitos abstratos, entre raciocínio indutivo e dedutivo,
entre descrição e interpretação. Estes significados ou entendimentos constituem a
constatação de um estudo.
Partindo desse pretexto, sentiu-se a necessidade de conhecer como era
realizado o trabalho com os alunos da educação de jovens, adultos e idosos, na
Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro.

6.1 Entrevista com o professor

Através da compreensão das respostas do professor foi possível perceber


que se precisa de melhorias na alfabetização de jovens, adultos e idosos principal-
mente no que diz respeito a oportunidades de acesso à escola, na infância e mesmo
na idade adulta. O professor deixa claro que os alunos modificam suas vivências a
partir dos conhecimentos adquiridos na sala de aula, passando a ter mais autoesti-
ma e confiança.
Para o professor foram feitos os seguintes questionamentos:

Quadro 2: Principal dificuldade enfrentada no trabalho com EJAI


34

Sujeito Respostas
PROFESSOR ―É de garantir a permanência dos alunos em sala de aula‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Diante da resposta do professor pode-se fazer uma reflexão sobre um


problema sério na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), que é a evasão
escolar que desde muito tempo é enfrentada nessa modalidade de ensino.

Quadro 3: Tempo de serviço na modalidade EJAI


Sujeito Respostas
PROFESSOR ―São 10 anos trabalhando na educação e 9 anos trabalhei
na modalidade EJAI‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Todos esses anos trabalhados pelo professor na Educação de Jovens,


Adultos e Idosos, lhe dar uma grande experiência como educador nessa modalidade
de ensino.

Quadro 4: Como trabalha para motivar os alunos a não desistir?


Sujeito Respostas
PROFESSOR ―Em primeiro lugar é buscar a realidade de cada aluno e o
porque não puderam estudar na idade certa, então daí
buscar estratégias inovadoras, dinâmicas e atrativas para
garantir a permanência deles em sala‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Percebe-se na fala do professor o quanto é interessante trabalhar de


acordo com a realidade de cada aluno, buscando assim boas e inovadoras estraté-
gias que façam os alunos se sentirem confiantes, motivados e incentivados em sala
de aula, como protagonistas de seus conhecimentos, pois só assim eles jamais dei-
xarão de estudar.

Quadro 5: Mudanças na vida dos alunos a partir da alfabetização


Sujeito Respostas
35

PROFESSOR ―Eles passam a ter uma total confiança, em si próprio e


uma visão de mundo melhor em comunicação e expres-
são corporal‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

De acordo com o professor, os alunos depois de alfabetizados, sentem-se


mais confiantes em seu potencial e a ver o mundo de uma maneira mais clara e jus-
ta.

Quadro 6: Vê aprendizagem proporcional ao avanço em anos/séries dos alunos?


Sujeito Respostas
PROFESSOR ―Sim‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Depois de um bom trabalho realizado com os alunos, é notória uma


aprendizagem de qualidade nos educandos. Diante da análise das respostas do pro-
fessor, é necessário compreender e respeitar a pluralidade cultural, as identidades,
as questões que envolvem classe, raça, saber e linguagem dos alunos, valorizando
a sua bagagem histórica, pois de acordo com ARBACHE (2001):

Visualizar a educação de jovens e adultos levando em conta a especificida-


de e a diversidade cultural dos sujeitos que a elas recorrem torna-se, pois
um caminho renovado e transformador nessa área educacional. (ARBA-
CHE, 2001, p.22)

6.2 Entrevista com Alunos

Foram entrevistados 50% dos alunos da EJAI da escola campo, com eles
foi aplicado um questionário contendo 5 questões abertas, com as seguintes interro-
gações:

Quadro 7: Qual motivo lhe impediu de estudar quando criança?


Sujeito Respostas
ALUNO 1 ―Por motivo de brincadeira que motivou a expulsão da escola‖.
ALUNO 2 “O motivo foi porque onde eu morava não tinha escola‖.
36

ALUNO 3 “Foi porque eu tive que ajudar meu pai e minha mãe a trabalhar na
roça‖.
ALUNO 4 ―Fui ter que trabalhar para ajudar no sustento da família‖.
ALUNO 5 ―Foi a necessidade de ter que trabalhar por eu ser de uma família
muito carente‖
ALUNO 6 ―O motivo foi porque eu tinha que trabalhar porque o pai morreu mui-
to cedo‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Essas respostas são comuns em muitos casos, logo porque muitos des-
ses alunos são de famílias que vivem da roça, muitos desses alunos são de famílias
bastante carentes isso prova que muitos desses jovens foram obrigados por vários
motivos a deixar a escola, sendo que a sobrevivência da família sempre estava em
primeiro lugar, essa é uma triste realidade vivida por muitos jovens de não estudar
por falta de uma escola.
De acordo com as respostas dos alunos, Souza e Alberto (2008 p. 714)
citam que:

Para a criança e o adolescente das classes populares, determinados privi-


légios desfrutados no seio familiar são perdidos à medida que esses sujei-
tos crescem e passam a ter condições de fazer certas tarefas. Esse fato
vem ratificar a cultura do trabalhador, segundo a qual, para os filhos das
classes populares, trabalhar, mesmo em idade precoce, é uma forma de
ocupar o tempo e aprender um ofício. Nesse sentido, o trabalho é entendido
não só como uma necessidade, mas também como uma virtude.

Quadro 8:Que importância a educação tem na sua vida hoje?


Sujeito Respostas
ALUNO 1 ―Através da educação você vai mito longe e descobre muita coisa‖.

ALUNO 2 “Tem uma grande importância porque aos poucos estou aprendendo a
ler e escrever‖.
ALUNO 3 “A educação na minha vida tem grande importância, pois hoje sei o
quanto é importante estudar‖.
ALUNO 4 ―É uma importância muito grande pois como sou comerciante agora
não tenho muitas dificuldades para passar trocos‖.
37

ALUNO 5 ―Uma importância muito grande porque hoje já consigo escrever meu
nome e ler‖
ALUNO 6 ―Tudo de bom‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Diante de muitos desafios, essas respostas provam que nunca é tarde


voltar a estudar e assim, dar uma nova transformação na vida, traduzindo o signifi-
cado exemplar que a educação é capaz de fazer na vida de qualquer pessoa pois
desvenda os caminhos que uma pessoa é capaz de percorrer, descobrindo assim
muitas coisas boas na vida. Isso nos faz perceber o quanto à educação é transfor-
madora na vida da pessoa que aos poucos está aprendendo e escrever e codificar
algumas palavras.
Quadro 9: Como se dá a relação entre você, o professor e a direção da escola?
Sujeito Respostas
ALUNO 1 ―A relação com o professor e a direção é muito boa‖.

ALUNO 2 “É uma relação muito boa‖.


ALUNO 3 “É uma relação muito boa porque o professor e o diretor são muito
atenciosos comigo‖.
ALUNO 4 ―Se dá de uma maneira muito boa‖.

ALUNO 5 ―É uma relação muito boa porque o professor e o diretor são muito
atenciosos‖
ALUNO 6 ―É muito boa‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Percebe-se que a relação interpessoal entre o corpo docente e os discen-


tes é muito importante para o crescimento intelectual dos alunos, há uma relação de
cordialidade entre os envolvidos na relação ensino-aprendizagem, pois o professor e
a direção sabem muito bem acolher seus alunos no ambiente escolar onde todos
estão contribuindo para o crescimento de ambos.
Fazendo a análise das respostas dos alunos, percebe-se que no processo
interpessoal, ocorre a relação educando-educador e a aprendizagem acontece numa
relação bilateral por meio da qual o educando assimila e constrói conhecimentos
38

desenvolvendo conceitos, modificando e ampliando suas estruturas mentais e o


educador nessa relação aprende com o educando quando consegue compreender
como este percebe e sente o mundo e quais os conhecimentos e valores que traz de
seu ambiente familiar.

Para haver um processo de intercâmbio que propicie a construção coletiva


do conhecimento, é preciso que a relação professor/aluno tenha como base
o diálogo. É por meio do diálogo que professor e aluno juntos constroem o
conhecimento, chegando a uma síntese do saber de cada um (HAYDT,
2006, p. 59).

Quadro 10: Que mudanças ocorreram na sua vida depois que você aprendeu a ler?
Sujeito Respostas
ALUNO 1 ―Muitas coisas porque depois que aprendi a ler consegui tirar muitas
dúvidas‖.
ALUNO 2 “Foram muitas mudanças boas porque agora já consigo ler e assim
ajudo meus filhos nos deveres de casa‖.
ALUNO 3 “Foi coisas boas porque saber ler é muito importante pois deixa nós
mais seguros na hora de fazer os trabalhos da escola‖.
ALUNO 4 ―Mudanças muito boas, pois hoje me sinto muito seguro nos trabalhos
que faço‖.
ALUNO 5 ―Foi mudanças boas pois hoje não sou tão dependente das outras
pessoas‖
ALUNO 6 ―Muitas coisas, viajar só, conseguir ler os nomes dos hospitais, os re-
médios, os bairros e os nomes dos próprios filhos‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Diante das respostas percebe-se o quanto os alunos estão avançando e


colocando em prática tudo que estão aprendendo, a independência que os alunos
estão conquistando cada dia que aprendem algo a mais. Isso prova que a educação
é uma ferramenta importante na conquista da independência pessoal de cada aluno.
Os alunos estão se tornando confiantes em seu potencial, a aprendizagem de cada
aluno é muito significante, pois as dúvidas aos poucos vão desaparecendo e, além
do aluno aprender ele também ajuda na aprendizagem dos filhos.
39

O aprendizado da leitura e da escrita transforma o indivíduo permitindo-


lhe um constante crescimento. Para que o aluno aprenda a ler e a escrever é neces-
sário conviver com práticas reais de leitura e de escrita, que entrem em contato com
textos diversos, criando assim situações que tornem necessárias e significativas as
práticas de ler e escrever. Esse processo deve garantir que o educando compreenda
o texto e que construa uma ideia sobre o mesmo. Klein (2003, p. 34) salienta:

A leitura deve contemplar uma tipologia variada: textos informativos, narrati-


vos, narrativo-descritivos, normativos, dissertativos, de correspondência,
textos argumentativos, textos literários, em prosa e em verso, textos lúdicos,
textos didáticos, textos publicitários, entre outros, buscando promover o co-
nhecimento da função social e dos mecanismos constitutivos de cada tipo.

Quadro 11:O que lhe motivou a voltar a estudar?


Sujeito Respostas
ALUNO 1 ―Foi a necessidade de se adequar de acordo com o mundo digital, os
sinais de pontuação, etc.‖.
ALUNO 2 “Foi a necessidade de aprender a ler e escrever‖.
ALUNO 3 “Foi querer saber ler e escrever meu nome‖.

ALUNO 4 ―Foi a necessidade de aprender a ler e escrever e assim fazer meu


trabalho com mais segurança‖.
ALUNO 5 ―Foi a necessidade de aprender a ler e escrever‖

ALUNO 6 ―Foi a necessidade de aprender a ler e escrever‖.


Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Percebe-se a demonstração de que o desejo do aluno é saber ler e es-


crever o próprio o livrando assim de alguns constrangimentos quando assinava do-
cumentos. As motivações que impediram os alunos de estudar são muito parecidas,
portanto pode-se englobá-las em uma área, a falta de oportunidade, como ajudar a
família, morar distante da escola, mas apesar disso percebemos que os alunos dão
grande importância à educação, pois ela modificou verdadeiramente a vida dessas
pessoas, fazendo sentido real para eles.
40

A relação entre os alunos e a equipe escolar se dá de maneira muito boa,


as ocorrências que vieram acontecer na vida dessas pessoas foram muito grandes,
pois hoje eles se sentem capazes e independentes, são realizados, pois consegue
viajar, trabalhar, ajudar os filhos, ler o nome de um remédio sozinho. Assim é possí-
vel notar que a EJAI é verdadeiramente um meio de inclusão social, portanto eles
voltaram a estudar para se adequar ao meio social em que vivem ás modernizações
e o aprendizado da leitura e da escrita.

6.3 Entrevista com o diretor

Por meio das respostas do diretor foi possível analisar que não existe
evasão escolar pelo fato da quantidade de alunos serem pequena, pois os alunos
que estão frequentando a escola querem verdadeiramente aprender. A respeito das
dificuldades foi possível perceber que os alunos ainda enfrentam muitas, sendo elas
o horário, espaço físico, problemas de visão e material didático, mas também ficou
evidente que a escola não se sensibilizou com as dificuldades dos alunos, não reali-
zando ações que pudessem aumentar o prazer deles em estudar.
Com relação à frequência, foi afirmado que são alunos assíduos, tendo
80% de frequência nas aulas. Portanto há uma necessidade de mudança na visão
que a escola tem a respeito da EJAI, pois esses alunos estão sendo deixados de
lado, ficando esquecidos por parte da Gestão, que deveria preocupar-se mais com
as necessidades dos jovens, adultos e idosos que ali estudam.
Então foram feitas as seguintes perguntas ao diretor da Unidade de En-
sino:

Quadro 12: Ações da escola para incentivar os alunos da EJAI


Sujeito Respostas
DIRETOR ―No ano de 2018 pouco foi feito por parte da direção, apenas pelo
professor‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

No comentário do diretor, percebe-se que a Educação de Jovens, Adultos


e Idosos precisa ter um olhar mais dinamizado com boas ações para incentivar esse
público a nunca desistir de estudar.
41

Quadro 13: Frequência dos alunos da EJAI


Sujeito Respostas
DIRETOR ―Em média 80% tem uma frequência assídua, muito ainda precisa
ser feito para atender com qualidade‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Diante da resposta do diretor, a necessidade de boas ações para garantir


uma frequência satisfatória desses alunos na escola.

Quadro 14: Dificuldades encontradas pelo aluno da EJAI


Sujeito Respostas
DIRETOR ―Horário compatível; Problema de visão; Cansaço; Espaço físico e
material didático‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.

Essas dificuldades listadas pelo diretor, são elencadas a muito tempo,


pois esses problemas tendem a dificultar muito no ensino aprendizagem dos alunos
inseridos nessa modalidade de ensino.

Quadro 15: Dados sobre evasão e reprovação na escola nos últimos 2 anos
Sujeito Respostas
DIRETOR ―Não tivemos evasão nos últimos dois anos devido o número de
alunos já ser pouco‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.
Ou seja, por ser uma quantidade pequena de alunos, fica mais fácil fazer
um acompanhamento mais de perto, evitando assim a evasão.

Quadro 16: Concepção sobre as ações da escola para melhorar aprendizagem, di-
minuir reprovação e evasão.
Sujeito Respostas
DIRETOR ―Mobilização na comunidade para oferecer mais qualidade e espa-
ço adequado de oficinas prática e aulas diversificadas‖.
Fonte: Pesquisa Empírica na escola U. I. Francisco de Assis Carneiro, 2018.
42

Diante da resposta do diretor, percebem-se ações de mobilizações, ofici-


nas e aulas diferenciadas contribuem muito para evitar a evasão e reprovados des-
ses alunos. Fazendo uma analise vale destacar que a escola precisa redimensionar
o seu pensar, reformulando suas ações pela compreensão do que a comunidade
escolar (entendida aqui os alunos, pais, professores, equipe pedagógica, direção,
funcionários) espera dela enquanto função social. A escola que compreendemos ser
necessária, é aquela que investe na formação de seus docentes e por essa razão,
compreende o educador e a educadora progressista, de acordo com Paulo Freire,
como aquele que:
Não se permite a dúvida em torno do direito, de um lado, que os meninos e
as meninas do povo têm de saber a mesma matemática, a mesma física, a
mesma biologia que os meninos e as meninas das ―zonas felizes‖ da cidade
aprendem, mas, de outro, jamais aceita que o ensino de não importa qual
conteúdo possa dar-se alheado da análise crítica de como funciona a socie-
dade. (2000, p. 44).
43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a pesquisa para o trabalho monográfico, buscou-se analisar os


dados pertinentes ao ensino da Educação de Jovens, Adultos e Idosos, na Unidade
Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro. Nessa pesquisa, procurou-se co-
nhecer todas as estratégias utilizadas pelo professor favoráveis ao trabalho pedagó-
gico na construção do conhecimento do público alvo pesquisado.
Através do anseio de cada um dos sujeitos da pesquisa e das análises
das falas, acreditamos que os alunos que participaram da pesquisa, buscam na es-
cola preencher um espaço vazio do estudo, preencher um espaço que os têm deixa-
do à margem, ou indiferente dentro da sociedade e, essa exclusão se dá, não só
pela sociedade, mas pelas próprias pessoas analfabetas, porque, para muitos, o
analfabetismo se caracteriza como uma doença e, por esse motivo, prefere se isolar.
Nessa pesquisa, percebeu-se que os caminhos tomados pelo professor
devem ser abordados de diversas maneiras, motivando assim os alunos através de
boas estratégias pedagógicas usadas como ferramentas, pois assim o professor só
ajuda o aluno no processo de aprender ler e escrever se estiver oferecendo pontos
de vistas distintos sobre o assunto no qual que o aluno aprenda.
Por isso, busca-se encontrar caminhos que venham proporcionar mudan-
ças educacionais que favoreçam a aprendizagem desse público alvo que por vários
motivos não tiveram a oportunidade de estudar quando ainda crianças. Daí a impor-
tância deste trabalho no sentido de conhecer e apresentar algumas alternativas dis-
tintas relacionadas à inclusão social de jovens, adultos e idosos no mundo letrado.
Nesse sentido, fez-se necessário fazer um estudo sobre os meios relevantes a essa
inclusão como: a história da educação de jovens, adultos e idosos no Brasil; Paulo
Freire e suas contribuições para EJAI, Alfabetização de Jovens e Adultos como meio
de inclusão social, Os entraves na EJAI, Metodologia de pesquisa, caracterização da
Escola Campo, perfil dos alunos, perfil dos professores e análise da pesquisa.
Observou-se quem se dedicam ao estudo como um meio para a liberda-
de, para adentrar em um mundo em que as coisas passam, agora, a serem lidas e
entendidas. A escola, para esses sujeitos, significa adquirir conhecimento (formal)
para lhes proporcionar uma vida melhor em sociedade. Uma vida digna. Voltarem a
serem cidadãos.
44

Esta pesquisa foi muito gratificante, pois se teve o privilégio de pesquisar


sobre esta temática, conhecendo a realidade da EJAI, seus desafios, perspectivas e
metodologias de ensino, podendo contribuir de maneira significativa para nossa prá-
tica enquanto docentes. Ressalta que foi muito importante o conhecimento adquirido
com esta pesquisa e que através dela podemos desenvolver outros estudos a cerca
de melhorar as metodologias da EJAI, propondo atividades mais atrativas e diversifi-
cadas, podendo assim contribuir de maneira significativa para a EJAI.
A partir do referencial teórico foi possível conhecer melhor a EJAI, os
avanços ocorridos ao longo do tempo, as leis que embasam a modalidade, e trazen-
do isto para a prática, através da pesquisa de campo, onde nota-se que apesar de
todos os avanços a EJAI ainda não tem recebido a devida atenção por parte das
políticas de Estado, pois ainda persiste nesta modalidade um dilema, que não é ex-
clusivo dela, que é a evasão, ocorrida por vários motivos, como os apontados pelos
alunos e coordenação. Algumas pequenas atitudes também da própria escola, po-
dem contribuir para uma educação inclusiva de maior qualidade na EJAI, como por
exemplo, levar os alunos à biblioteca, para desvendarem outro mundo, incentivá-los
a prosseguir os estudos inclusive no nível superior, que durante a pesquisa foi pos-
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANPED, Caxambu.
49

APÊNDICES
50

CENTRO DE EXTENSÃO E FORMAÇÃO MONTENEGRO (CEFAM)


CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Caríssimo professor precisa-se de sua contribuição para a pesquisa monográfica


com tema Alfabetização de jovens, adultos e idosos como meio de transformação
sócia: Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro.

Questionários para o Professor

1 - Qual a principal dificuldade enfrentada no trabalho com a Educação de Jovens,


Adultos e Idosos?

2- Quantos anos você trabalha como professor? E na modalidade de EJAI?

3- Como você trabalha para motivar seus alunos a nunca desistir de estudar?

4- Que mudanças você percebe na vida dos seus alunos a partir da alfabetização?

5 - Você ver de fato uma aprendizagem proporcional ao avanço em anos/séries dos


alunos?
51

CENTRO DE EXTENSÃO E FORMAÇÃO MONTENEGRO (CEFAM)


CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Prezado Diretor precisa-se de sua contribuição para a pesquisa monográfica com


tema Alfabetização de jovens, adultos e idosos como meio de transformação sócia:
Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro.

Questionários para o Diretor

1- Que ações a escola realiza para sempre incentivar os alunos da Educação de


jovens, adultos e idosos?

2- Os alunos da EJAI vão a escola com que frequência?

3- Quais as principais dificuldades encontradas pelos alunos da EJAI?

4- Quais os dados de evasão e reprovação desta escola nos últimos dois anos?

5- Qual sua concepção sobre que ações a escola, tendo em vista suas limita-
ções que poderia realizar para melhorar a aprendizagem, diminuir a evasão e repro-
vação?
52

CENTRO DE EXTENSÃO E FORMAÇÃO MONTENEGRO (CEFAM)


CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Caríssimo Aluno precisa-se de sua contribuição para a pesquisa monográfica com


tema Alfabetização de jovens, adultos e idosos como meio de transformação sócia:
Um estudo na Unidade Integrada Professor Francisco de Assis Carneiro.

Questionários para o Aluno

1- Qual motivo lhe impediu de estudar quando criança?

2- Que importância a educação tem em sua vida hoje?

3- Como se da à relação entre você, o professor e a direção da escola?

4- Que mudanças ocorreram na sua vida depois que você aprendeu a ler?

5- O que lhe motivou a voltar a estudar?


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ANEXOS

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