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Introdução

As vogais [××××] e [××××] que, são realizações fonética de [e] ou /××××/ e /a/ em sílaba átona
não figuram no quadro acima por não serem fonológicas. Os seus traços distintivos são |+alt, -
bx, +rec, -arr] e [-alt, -bx, +rec, -arr].

Identificaram-se no quadro acima como vogais /i/, /e/, /××××/, /a/, /××××/ /×××××/, /o/, /u/.

Viu-se ainda que /a/ se distingue de /×××/ por ser [+recuado]. Ambas estas vogais são [+baixas];
as vogais fechadas /i/e /u/ pelo contrário, são [+altas], enquanto /e/, /×××/l e /o/ são [-altas, -
baixas] (ou seja, ao médias). Os tracos [alto] e [baixo] classificam a altura das vogais.

Além disso, /××××/, /o/, /u/ são vogais [+arredondadas|.

Mas ao identificar um fonema o ouvinte não recorre a todos os traços da classe universal, visto
que alguns deles são redundantes em relação aos outros. Do mesmo modo, ao classificar as
vogais ou as consoantes de determinado sistema fonológico, não é necessário indicar o valor
de todos os traços, porque alguns desses valores são redundantes, e portanto predizível, e
neste caso a predizibilidade não decorre do contexto fonético em que o fonema está integrado,
mas do valor de determinados traços distintivos que, pela sua mportância, são os traços
pertinentes do fonema.

Vejamos como se pode eliminar os valores redundantes:

– Se os traços distintivos são opostos, os segmentos marcados com [+] num traço serão
obrigatoriamente marcados com [-] no outro( o que sucede com os traços [alt] e [bx]);

– Se num determinado sistema fonológico o valor de [+] (ou [-] de um traço de certos
segmentos está sempre associado com um mesmo valor de [+] (ou [-]) de outro traço, um dos
dois é redundante ( o que sucede nas vogais com os tracos [rec] e [arr]: todas as vogais [-rec]
são [-arr| e todas as vogais [+arr] são [+rec] (mas o inverso não é verdadeiro, ou seja, nem
todas as vogais [-arr] são [-rec] e nem todas as [+rec] são [+arr]). Quanto às glides, elas opõem-
se apenas as vogais [+alt] pelo traço [sil], e opõem-se entre si pelo traço [rec] (ou pelo [arr]) não
sendo necessária outra identificação.

Vejamos o quadro a seguir com eliminação de redundâncias no conjunto das vogais e glides:
As consoantes também têm traços cujo valor é redundante. Por exemplo, as consoantes
fricativas são [+estridentes]: neste caso, elas são predizivelmente [-soantes]. Por outro lado,
logicamente, uma consoante [+anterior] é sempre -recuada].

A redundância dos traços distintivos pode não se verificar se o segmento possuir uma
articulação secundária, como no caso do [××××t] velarizado, alofone de [l], que é [+ant] mas a
que se sobrepõe uma articulação secundária como elevação e recuo do corpo da língua que
determina o valor [+] para os traços [alto] e [recuado]. Estes valores são predizíveis a partir de
uma regra que se aplica no contexto fonético de fim de sílaba, mas não são predizíveis em
função do sistema fonológico.

Em Inglês, por exemplo, as consoantes oclusivas não vozeadas adquirem o valor [+] no traço
[aspirado] sempre que iniciam sílabas ou precedem vogais acentuadas (como o [p"] de pain);
por essa razão, o traço [aspirado] que normalmente não identifica oclusivas terá de ser
indicado para a realização dessas consoantes no contexto fonético referido.

Um alofone dialectal também pode exigir, na sua descrição fonética, a indicação de certos
traços que não obedecem ao princípio de redundância do sistema fonológico. Como exemplo
serve a vogal [y] de certos dialectos portugueses que, tal como a vogal francesa de tu, é [-rec,
+arr] (e não, como apresenta no quadro, [+rec, +arr]). Para a descrição destes dialectos é
necessário portanto identificar a vogal como [+alt, -rec, +arr]). A conjugação dos valores destes
traços, contudo, não funciona distintivamente no sistema comum do Português.

De acordo com ××××××, a identificação da vogal /××××/ faz-se com os seguintes traços, a que
acrescentamos [-consonântico] visto tratar-se de uma vogal (mais uma vez se faz notar que
seria necessário o traço [silábico] se pretendêssemos distinguir as vogais /i/ e /u/ das
semivogais, o que não é o caso da vogal /××××/).
Repare-se, no entanto, que um segmento [-consonantico|, ou seja, uma vogal. é
necessariamente [+soante, +vozeado] como o são todas as vogais. Podemos, portanto, eliminar
estes dois traços porque são predizíveis. Por outro lado, como os traços [alto] e [baixo] são
opostos, se a vogal é ([+baixa] tem que ser, obrigatoriamente [-alta]. Também este último traço
pode eliminar-se. Além disso, no sistema do portuguės, as vogais com o traço [+arredondado]
são sempre [+recuadas]. Este último traço pode igualmente, ser eliminado quando a vogal é
identificada como [+arredondada]. Finalmente, alguns traços não são aplicáveis a determinadas
classes de som (como, p.ex. [anterior] e [coronal] na classificação das vogais) ou classificam
segmentos menos frequentes nas linguas e, por isso, quando não se indicam, tal significa que o
seu valor é [-] (p. ex., os traços [nasal] e [lateral] identificam consoantes e vogais menos
frequente nas línguas do mundo e, portanto, não necessitam indicação nos segmentos que não
são nasais ou laterais).

Os traços que podem predizer-se a partir de outros, ou pelas razões indicadas, são traços
predizíveis que denominamos traços redundantes. Veja-se a representação de /×××××/ sem
traços redundantes.

Na eliminação das redundâncias verificamos, portanto, que podemos predizer:


 O valor de um traço oposto a um outro que esteja indicado com o sinal [+] (p.ex. [+alto]
implica [-baixo]);
 O valor de um traço implicado por outro em termos das características articulatórias dos
sons (p.ex. um segmento [+soante] é sempre +vozeado]);
 O valor de um traço, num certo sistema fonológico, quando esse valor esta sempre
associado ao mesmo valor de outro traço (p.ex. em português, uma vogal
[+arredondada] é sempre [+recuada]). O contrário, porém, não é verdadeiro, ou seja,
uma vogal [+recuada] em português pode não ser [+arredondada], como sucede com
o /a/. Nestas circunstâncias é necessário indicar os dois traços, porque ambos são
pertinentes.
 O valor de um traço em resultado de características da pronúncia da vogal ou da
consoante a identificar (p.ex. as vogais são habitualmente [-anteriores] e [-coronais]
porque estes traços implicam uma obstrução a que esses segmentos não estão sujeitos);
 O valor negativo de um traço em consequência de identificar segmentos menos
frequentes nas línguas do mundo (p.ex. os traços [nasal] e [lateral] quando não
indicados explicitamente têm sempre o valor [-]).

Veja-se, agora, a matriz fonológica das vogais e das consoantes sem indicação dos traços
redundantes e sem indicação dos valores predizíveis em certos traços.

As [-consonânticas] (vogais) são todas [+soantes, +vozeadas e +contínuas]. As [+altas] ou


[+baixas] são [-] no traço oposto. Só as médias precisam do valor dos dois traços de altura. As [-
recuadas] não são arredondadas e as [+arredondadas] são sempre [+recuadas] em português.
Só o /a/ precisa do valor dos dois traços.
Relativamente a tabela (b-d) observe-se o seguinte: as [+consonânticas] podem ser ou não
soantes e, portanto, O valor desse traço tem que estar explicitado excepto se forem [+nasais]
ou [+laterais]. Também o traço [contínuo] não precisa de ser explicitado para as consoantes
nasais porque elas são [-contínuas]. As consoantes palatais ([××××], [×××], [×××], [×××]) são
[+altas] mas este traço não precisa de estar indicado nas outras consoantes, porque elas são
todas ([+anteriores] ([p]. [b], [t], [d], [f], [v]. [s], [z], [m], [n], [l], [×××]) ou [+recuadas] ([k]. [g].
[×××]).

Note-se que os traços redundantes podem ser necessários, em certas circunstâncias, para o
reconhecimento de um segmento quando, por exemplo, o meio de comunicação utilizado não
permite a transmissão perfeita do som (isso pode suceder com uma conversa telefónica) ou
quando o contexto fonético provoca alterações de um segmento (como, por exemplo, na
realização de /s/ depois de vogal como [], em que os traços l+coronal] e [-anterior] são
suficientes para identificar a palatal, mas o [+alto], ainda que redundante, contribui para o
reconhecimento da palatal).
Conclusão

Findo o trabalho, pudemos perceber que ao identificar um fonema o ouvinte não recorre a
todos os traços da classe universal, visto que alguns deles são redundantes em relação aos
outros. As consoantes também têm traços cujo valor é redundante. Por exemplo, as consoantes
fricativas são [+estridentes]: neste caso, elas são predizivelmente [-soantes]. Por outro lado,
logicamente, uma consoante [+anterior] é sempre -recuada].
Referências bibliográficas

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