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Lingüística / Vol.

30 (2), Diciembre 2014: 19-43


ISSN 1132-0214 impresa
ISSN 2079-312X en línea

O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS NAS


VARIEDADES DO PORTUGUÊS
Vowels Behaviour in Portuguese Varieties

Maria Helena Mira Mateus


Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / ILTEC
mhm@mateus.com.pt

Este artigo tem como objetivo a análise das vogais do Português


Europeu (PE) e do Português Brasileiro (PB), tanto em sílaba tónica
como átona, distinguindo entre as vogais resultantes da aplicação
de regras que atuam em todas as variedades (como a harmonização
vocálica nos verbos) e as vogais que apresentam variações, sobre-
tudo em sílaba átona, provocando uma clara distinção entre PE e
BP. A perspetiva teórica que enforma esta análise é a fonologia ge-
nerativa que tem como princípio a existência de níveis separados:
o nível fonológico em que atuam processos fonológicos, e o nível
fonético que contém as formas de superfície resultantes da atua-
ção desses processos. As explicações apresentadas podem servir de
apoio no ensino do Português como língua segunda ou estrangeira,
tanto no esclarecimento dos professores sobre questões linguísticas
e seus resultados na pronúncia da língua como na elucidação dos
aprendentes. A dimensão pedagógica deve provir de uma reflexão
adequada sobre as propostas aqui apresentadas.
Palavras-chave: Vogal; Harmonização Vocálica; Vogal Temática;
Sílaba Átona.
20 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

The goal of this paper is the analysis of Portuguese vowels in Eu-


ropean (EP) and Brazilian (BP) varieties, both in stressed and un-
stressed syllable, making a distinction between vowels resulting
from categorical rules that occur in all Portuguese varieties (as
vowel harmony that applies on root verbal vowels) from vowel al-
ternations and variation, namely in unstressed syllable, that cause a
clear distinction between EP and BP. The theoretical framework that
sustains this analysis is the generative phonology that considers the
existence of separate tiers: the phonological tier where processes
that have as a result the phonetic surface forms apply. The explana-
tions we present may reinforce the Portuguese language teaching
as a second or a foreign language in clarifying certain linguistics
questions related to the pronunciation of Portuguese and the eluci-
dation of the students. The pedagogical dimension can issue from an
adequate reflexion about the proposals presented here.
Keywords:Vowel; Vowel Harmony; Theme Vowel; Unstressed Syl-
lable.

1. Introdução
Neste artigo serão analisados os sistemas de vogais do português
em sílaba tónica e em sílaba átona, tendo em atenção as diferenças
patentes nas duas variedades (português europeu, PE, e português
brasileiro, PB), e, quando tal se justificar, a variação no interior das
variedades. A descrição e a explicação do comportamento das vo-
gais poderão ter aplicação no ensino da língua a falantes que não
têm o português como língua materna, para uma melhor compre-
ensão da especificidade da produção oral. A perspetiva teórica que
enforma esta discussão tem como princípio a existência de um nível
subjacente em que se integram sistemas (e subsistemas) presentes na
consciência fonológica dos falantes, e em que assentam as variantes
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 21

lexicais que ocorrem em superfície quando são resultado de aplica-


ção de regras1.

2. Vogais fonológicas do português em


sílaba tónica
As vogais fonológicas do português são as que permitem criar
oposições distintivas através da construção de pares mínimos de pa-
lavras que contrastam apenas numa vogal e têm significados dife-
rentes. As vogais que permitem a oposições distintivas podem ser
vogais médias que opõem dois nomes (bola [ból ]/[b ́l ][o]/[ ]), um
nome e uma forma verbal (selo [sélu]N/ [s lu] ́ V [e]/[ ]), ou duas for-
mas do mesmo paradigma (devo / deve [dévu]/[d ́vi] [e]/[ ], verbo
dever, ou como / come [kómu]/[k m ́ i] [o]/[ ] verbo comer) . Podem
2

também criar-se pares mínimos por oposição de duas vogais altas


(fila / fula [i]/[u]) ou de uma vogal média e uma baixa (bela / bala
[b ĺ [/[bál ], [ ]/[a]). As vogais depreendidas a partir destas oposi-
ções figuram no Quadro I.

Quadro I
PORTUGUÊS
Altas i u
Médias altas e o
Médias baixas
Baixas a

1 Agradeço aos meus colegas Celeste Rodrigues e Fernando Martins a ajuda que me de-
ram não só lendo com atenção o texto mas, também, resolvendo questões de compatibilidade
dos símbolos fonéticos utilizados.
2 Note-se que nestes exemplos as vogais médias que formam pares mínimos têm a mesma
ortografia, o que constitui uma das dificuldades sentida na aprendizagem do português como
língua estrangeira, sobretudo pelo facto de, ao aprenderem simultaneamente a escrita e a ora-
lidade, não ser clara a distinção das diferentes alturas dessas vogais médias. A oposição entre
fila e fula é muito mais evidente. Na transcrição fonética dos exemplos que apresento de (1.)
a (5.) as vogais átonas seguem a pronúncia do português europeu. A variação das átonas entre
as duas variedades do português será discutida adiante, a partir de 6.
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Neste Quadro apresentam-se as vogais fonológicas do português


que ocorrem em sílaba tónica. Os diversos processos fonológicos e
fonéticos que funcionam na utilização da língua têm como resultado
variações que, no nível fonético, distinguem variedades da língua
portuguesa, nomeadamente as variedades que são objeto deste arti-
go: Português Europeu e Português Brasileiro.
Para compreendermos as variações a que estão sujeitas as vogais
fonológicas é necessário considerarmos que os segmentos fonoló-
gicos são unidades complexas que têm propriedades identificadoras
denominadas traços distintivos. Os traços estão organizados hierar-
quicamente e dependem de nós de classe que reúnem traços dis-
tintivos com propriedades comuns. Para a análise da relação entre
os traços identificadores e as alterações das vogais fonológicas, são
necessários e suficientes dois nós de classe: Altura, de que depen-
dem os traços [alto] e [baixo] e Ponto de Articulação, de que depen-
dem os traços [arredondado] e [recuado]. O Quadro II apresenta
os quatro traços designados, a que correspondem os sinais [+] e [-]
conforme a vogal em questão for identificada pela presença ou au-
sência do traço. As vogais [e/ /o/ ] são habitualmente designadas
como médias o que está de acordo com o facto de elas serem menos
claras nas oposições que formam entre si e pouco produtivas na cria-
ção de pares mínimos, além de constituírem uma particularidade do
português que não se verifica em muitas outras línguas3.

Quadro II
Vogais4
Traços i e a o u
alto + – – – – – +
baixo – – + + + – –
recuado – – – + + + +
arredondado – – – – + + +

3 No castelhano, por exemplo, a variação entre médias com o mesmo ponto de articulação
([e/ ] ou [o/ ] não altera o significado do par de palavras.
4 A vogal [a] é considerada tradicionalmente central, embora seja também identificada
como [+recuada] por oposição às [–recuadas] como [i], [e] e [ ].
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 23

2.1. Alternância entre vogais do radical nos paradigmas


verbais.
A oposição de altura entre vogais médias em sílaba tónica como
devo, deve [dévu] / [d vi]́ e movo, move [móvu] / [m v́ i] envolve
a aplicação de dois processos sobre as vogais tónicas dos radicais
verbais: Harmonização vocálica e Abaixamento de altura das vo-
gais acentuadas. Esta alternância entre as vogais do radical é uma
especificidade do português e está presente em todas as variedades.
A exemplificação destes
A oposição de altura processos
entre está apresentada
vogais médias emcomo
em sílaba tónica (2.2.)devo,
comdeve [dévu] / [d
os verbos dever, mover, ferir e dormir.
e movo, move [móvu] / [mvɨ] envolve a aplicação de dois processos sobreal-
As vogais em análise, que as vogais tónicas
ternam
radicais entre médias
verbais: ([e/o]),vocálica
Harmonização baixas ([ / ]) e altas ([i/u])
e Abaixamento estão
de altura dasdentro
vogais acentuadas.
de parênteses
alternância retos.
entre as vogais do radical é uma especificidade do português e está presente em to
as variedades. A exemplificação destes processos está apresentada em (2.2.) com os verbos de
mover, ferir e dormir. As vogais em análise, que alternam entre médias ([e/o]), baixas ([/
altas ([i/u])
2.2. estão dentro
Exemplos de de parênteses retos.
alternância: verbos dever, mover, ferir e
dormir
2.2. exemplos de alternância: verbos dever, mover, ferir e dormir

Presente do Indicativo

d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo


d[]ves m[]ves f[]res d[]rmes
d[]ve m[]ve f[]re d[]rme
d[]vem m[]vem f[]rem d[]rmem

Presente do Subjuntivo

d[é]va m[ó]va f[í]ra d[ú]rma


d[é]vas m[ó]vas f[í]ras d[ú]rmas
d[é]va m[ó]va f[íra d[ú]rma
d[é]vam m[ó]vam f[íram d[ú]rmam

A alternância
A alternânciadasdasvogais
vogaisdo do
radical exemplificada
radical em (2.2.)
exemplificada ([e]/[ ];([e]/
em (2.2.) [o]/[ɔ]; [i]/[ ]; [u]
decorre da atuação da harmonização vocálica e do abaixamento das vogais, dois proce
[ ]; [o]/[ ]; [i]/[ que
morfo-fonológicos ]; [u]/[
têm ])sido
decorre da atuação da
interrelacionados emharmonização vocá- e diacrónicas
descrições sincrónicas
lica e do abaixamento das vogais, dois processos morfo-fonológicos
português. Na gramática do português contemporâneo (Cunha e Cintra, 1984) a descrição
que têm sidovocálica
harmonização interrelacionados
incide sobreem osdescrições sincrónicas
Presentes do Indicativoe ediacróni-
do Subjuntivo e sobre
Imperativos Afirmativo e Negativo (formas que se identificam com as dos referidos presentes
alternância entre as vogais do radical em cada paradigma e entre vogais correspondentes entr
três paradigmas (1ª, 2ª e 3ª conjugações) segue o modelo dos verbos apresentados em (2
estendendo-se a aplicação, em Cunha e Cintra, a verbos como levar e lograr, dever e mo
servir e dormir, frigir e acudir.
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cas do português. Na gramática do português contemporâneo (Cunha


e Cintra, 1984) a descrição da harmonização vocálica incide sobre
os Presentes do Indicativo e do Subjuntivo e sobre os Imperativos
Afirmativo e Negativo (formas que se identificam com as dos refe-
ridos presentes). A alternância entre as vogais do radical em cada
paradigma e entre vogais correspondentes entre os três paradigmas
(1ª, 2ª e 3ª conjugações) segue o modelo dos verbos apresentados em
(2.2.), estendendo-se a aplicação, em Cunha e Cintra, a verbos como
levar e lograr, dever e mover, servir e dormir, frigir e acudir.
A gramática histórica procurou uma explicação destas alternân-
cias vocálicas reportando-se, ao étimo latino, os aspetos morfoló-
gicos e fonéticos deste caso particular da gramática do português
(Williams [1938], 1961: 213-221; José Joaquim Nunes [1919], 1951:
282-290; Piel 1944). Williams considera que, nos verbos regulares
da 2ª e 3ª conjugações com vogal breve no radical em latim (exs.
verter e volver, servir e dormir), a diferença nas vogais acentuadas
do radical (primeira pessoa do singular do Presente do Indicativo
vs. as segunda e terceira do singular, e terceira do plural) se deve ao
fechamento da vogal da primeira pessoa, que seria, no português ar-
caico, aberta na 2ª conjugação (p.ex. v[ ]rto,
́ hoje v[e]rto ou v[ ́]lvo,
hoje v[o]lvo) e média na 3ª por influência assimilatória da semivogal
(p.ex. s[e]rvo, de sĕrvĭo hoje s[i]rvo ou d[o]rmo, de dŏrmĭo hoje
d[u]rmo)5. Este fechamento seria causado por metafonia – ou assi-
milação a distância – da vogal final da primeira pessoa. Nas vogais
fechadas do Presente do Subjuntivo, segundo Williams, a passagem
de v[ ]rta a v[e]rta e de v[ ]lva a v[o]lva ou de s[ ]rva a s[i]rva e
de d[ ]rma a d[u]rma se fez por analogia com a primeira pessoa do
Presente do Indicativo, e ainda por influência das formas do plural
em que a vogal não é tónica mas também fechada: sirvamos, sirvais,
etc.. A importância da analogia para o neogramático Williams leva-o
a dizer: “Tal é a força da analogia no seu triunfo sobre a força da
modificação fonológica” (1938: 214). José Joaquim Nunes tem a

5 Os exemplos dados por Williams são de verbos com ĕ o que justifica que apenas procure
uma explicação para a primeira pessoa, já que as restantes seriam, naturalmente, abertas.
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 25

mesma explicação para o fechamento das vogais da segunda conju-


gação (influência assimilatória e analogia).
Também em Piel (1944) a analogia tem um lugar de relevo. Se o
fechamento da primeira pessoa do Indicativo e das formas do Sub-
juntivo se deve à influência assimilatória da vogal final, as formas do
Subjuntivo resultam da “solidariedade morfológica” com a primeira
pessoa do Indicativo (ou seja, um processo de analogia) (1944: 373).
Repare-se no entanto que, se foi possível explicar as vogais médias
ou altas recorrendo à assimilação e à analogia, as vogais baixas de
d[ ]ve (de dēbet), m[ ]ve (de mōvet), ou s[ ]be (de sŭbēt ou t[ ]sse
(de tǔssǐt), não cabem nesta explicação considerada a natureza das
vogais etimológicas.
Neste cruzamento de influências assimilatórias das vogais finais
e das semivogais com analogias entre tempos e formas verbais, ape-
nas José Joaquim Nunes se refere à importância da vogal temáti-
ca na elevação das vogais: “As mesmas vogais -e- e -o- do radical
convertem-se respectivamente em -i- e -u-, se o verbo em que se
encontram é dos que terminam no infinitivo em -ir” (1951: 284).
A explicação da história das línguas com recurso à analogia, de
que frequentemente se serviam os neogramáticos, tem sido discuti-
da6. O seu âmbito está hoje bastante limitado, e utiliza-se, sobretudo,
na referência à extensão da aplicação de regras gerais na variação
linguística e na aquisição da linguagem. Por outro lado, a análise
da estrutura interna das palavras e a subsequente construção de for-
mas subjacentes regida por princípios gerais das línguas permitiram
apresentar uma explicação mais satisfatória do que a atrás referida
para a alternância vocálica nos verbos do português, não só por ser
mais generalizante mas por integrar numa mesma perspectiva os ní-
veis fonológico e morfológico.

6 Ver Kiparsky (1968:192 e ss.) sobre a relação entre analogia e simplificação.


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3. A Harmonização vocálica e o
abaixamento nos verbos do português.
Uma proposta com recurso à teoria
autossegmental
Como foi dito em (1.) e (2.), os problemas em análise reportam-se
à existência de uma alternância de altura das vogais do radical acen-
tuadas nos tempos verbais Presente do Indicativo e Presente do Sub-
juntivo.7 Em função das características do traço distintivo ‘altura’, o
termo de fechamento é substituído pelo de elevação relativamente
às vogais médias e fechadas, e o de abertura, pelo de abaixamento
relativamente às vogais abertas.
A constituição das formas verbais subjacentes – as suas represen-
tações lexicais que são fonológicas e constituem o léxico – incluem
o Tema formado pelo radical e pela vogal temática, e os sufixos
de tempo-modo e pessoa, como se apresenta em (3.1.) e (3.2.). Esta
constituição interna permite a aplicação de regras diversas na pro-
dução fonética. No período de aquisição da língua a aplicação de
regras inferidas por analogia com outros processos pode criar for-
mas erradas que posteriormente serão corrigidas pela integração das
exceções e pela estabilização da gramática. A criação dessas formas
pode entender-se como uma evidência de capacidades metalinguís-
ticas dos falantes mesmo quando estão em processo de aquisição da
língua.

3.1. Representações lexicais das formas verbais


Presente do Indicativo8
fal + a + o bat + e + o part + i + o
fal + a + s bat + e + s part + i + s

7 Como disse, as formas do Imperativo afirmativo e negativo identificam-se com as dos


Presentes.
8 A segunda pessoa do plural (fazeis, bateis etc.) muito pouco utilizada nas duas varieda-
des do português não está incluída nestes dados.
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 27

fal + a bat + e part + i


fal + a + mos bat + e + mos part + i + mos
fal + a + m bat + e + m part + i + m

Presente do Subjuntivo
fal + a + e bat + e + a part + i + a
fal + a + e+ s bat + e + a + s part + i + a + s
fal + a + e bat + e + a part + i + a
fal + a + e + mos bat + e + a + mos part + i + a + mos
fal + a + e + m bat + e + a + m part + i + a + m

Se compararmos os exemplos de (3.1.) com as formas de super-


fície (ver 3.2.) em que a vogal temática não está presente (primeira
pessoa do singular do Indicativo e todas as pessoas do Subjuntivo),
verificamos que a vogal temática é suprimida quando à sua direita
se encontra uma vogal, seja o sufixo da primeira pessoa do singular
do Presente do Indicativo, <o>, seja o sufixo do Presente do Sub-
juntivo (<e> na primeira conjugação e <a> nas segunda e terceira
conjugações).

3.2. Formas de superfície


Presente do Indicativo Presente do Subjuntivo
/fal + a + o/ → falo [fálu] /fal + a + e/ → fale [fáli] (PE)/[fáli] (PB)
/bat + e + o/ → bato [bátu] /bat + e + a/→bata [bátɐ] etc.
/part + i +o/ → parto [páRtu] /part + i + a/→parta [páɾtɐ] etc.

No quadro da teoria autossegmental em que se fundamenta a aná-


lise fonológica aqui realizada, os segmentos fonológicos situam-se
em níveis autónomos e independentes e os próprios traços distinti-
vos também tem autonomia. É portanto uma teoria multilinear. Ape-
sar de autónomos, contudo, os traços distintivos que constituem a
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estrutura interna de um segmento estão agrupados em nós de classe


de que dependem, e estão localizados em níveis separados.
O traço distintivo da vogal temática que nos interessa aqui consi-
derar é o traço de altura. Se as vogais de uma forma como fal+a+o
forem representadas como V1 (vogal do radical), V2 (vogal temá-
tica), V3 (vogal do sufixo), a supressão da V2 por estar seguida de
outra vogal cria as condições para que o traço autónomo de altura
dessa vogal temática suprimida (denominado segmento flutuante) se
projete na vogal do radical (ver 3.3.). A aplicação das duas partes da
regra ((a) e (b)) tem, portanto, como resultado que a altura da vogal
temática é assimilada pela vogal do radical, o que provoca a alter-
nância destas vogais de acordo com a altura da temática. Na regra
está indicado o traço Vocálico que é o traço distintivo característico
das vogais. Veja-se a formulação da regra.

3.3. Supressão da Vogal Temática


a) V1 V2 ]Tema V3 (b) V1]Tema V3
| | | | |

Vocálico Vocálico Vocálico Vocálico Vocálico
|
Altura Altura

A altura está agora como um segmento flutuante e pode projetar-


se sobre a vogal do radical. Ora a harmonização vocálica nos verbos
do português resulta exatamente da assimilação, pela vogal do ra-
dical, da altura da vogal temática. Essa harmonização torna-se evi-
dente se compararmos a altura da última vogal do radical acentuada
(tónica) nos verbos das três conjugações. As formas verbais são as
mesmas em que a vogal temática foi suprimida: a primeira pessoa
do singular do Presente do Indicativo (cf. a) e as primeira, segunda e
terceira pessoas do singular e terceira do plural do Presente do Sub-
Altura Altura 8

O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 29 8


Altura Altura
A altura está agora como um segmento flutuante e pode projetar-se sobre a vogal do
radical. Ora a harmonização vocálica nos verbos do português resulta exatamente da assimilação,
pela vogal do radical, Altura
da altura da vogal temática. Essa harmonização Alturatorna-se evidente se
compararmos aestá
altura da como
últimaumvogal do radical acentuada (tónica) nossobre
verbos das três
A
juntivo altura
(cf. b).formas
conjugações.
agora
Também aqui segmento
existe uma alternância
flutuante e pode de altura
projetar-se que a vogal
se do
radical. Ora a Asharmonização verbais são asnos
vocálica mesmas
verbosemdoque a vogal resulta
português temática foi suprimida:
exatamente a primeira
da assimilação,
verifica
pessoa
pela do em
vogal do todas
singular
radical, asdavariedades
do Presente do da
altura da temática.
Indicativo
vogal língua.
(cf. a) e asOs verbos
primeira,
Essa que exemplifi-
segunda
harmonização etorna-se
terceiraevidente
pessoas do
se
A altura está agora como um segmento flutuante e pode projetar-se
nossobre a vogal do
cam são
singular
compararmos
radical.
e levar
terceira
Ora ade
e
a alturamorar,
do
harmonização
plural dever
do
da última
vocálica
e
vogal mover,
Presente do ferir
Subjuntivo
do radical e dormir.
(cf.
acentuada b). Também
(tónica) aqui
verbosexiste
das uma
três
alternância
conjugações. As altura
formas que se são
verbais asnos
verifica verbos
em
mesmas emdoque
todas português
vogal resulta
asa variedades
temáticadaexatamente
língua.
foi da assimilação,
Os
suprimida: verbos que
a primeira
pela vogal
exemplificam
pessoa dosão
radical,
do singular levar edamorar,
altura
do Presente da
dodever vogal temática.
e mover,
Indicativo (cf.ferir Essa
dormir.
a) ee as harmonização
primeira, segunda etorna-se
terceiraevidente se
pessoas do
compararmos a altura da última vogal do radical acentuada (tónica)
singular e terceira do plural do Presente do Subjuntivo (cf. b). Também aqui existe uma nos verbos das três
levar
conjugações. Asmorar
formas que
verbaisdever as mesmas em mover a vogal temática
ferir dormir a primeira
alternância de altura se são
verifica em todasque as variedades da foi suprimida:
língua. Os verbos que
pessoa do
exemplificam singular
são do Presente
levar e morar, do Indicativo
dever (cf.
ferir e dormir. vogal temática alta pessoas do
a)
e mover,média e as primeira, segunda e terceira
vogal temática
singular baixa
e terceira vogal temática
levar morar do plural dever do Presente mover
do Subjuntivo (cf. ferirb). Também dormir aqui existe uma
alternância de altura que se verifica em todas as variedades da língua. Os verbos que
vogal temáticasão
exemplificam baixalevar e morar,vogal temática
dever média
e mover, ferir e dormir.vogal temática alta
levar morar dever mover ferir dormir
3.3.1.  Presente do Indicativo
vogal temática 3.3.1.
baixa Presente do Indicativo
vogal temática média vogal temática alta
levar morar dever mover ferir dormir
l[ ]vo m [ɔ]ro d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo
vogal temática baixa Presente do
3.3.1. vogal temática média
Indicativo vogal temática alta
3.3.2. Presente do Subjuntivo
l[ ]vo m [ɔ]ro d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo
l[ ]ve Presente 3.3.1.
m[ɔ]re do Presente do Indicativo m[ó]va
d[é]va f[í]ra d[ú]rma
3.3.2.  Subjuntivo
l[ ]ves 3.3.2.
m[ɔ ] es Presente do Subjuntivo m[ó]vas
d[é]vas f[í]ras d[ú]rmas
l[ ]vo m [ɔ]ro d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo
l[ ]e m[ɔ]re d[é]va m[ó]va f[íra d[ú]rma
l[ ]ve m[ɔ]re d[é]va m[ó]va f[í]ra d[ú]rma
l[ ]vem 3.3.2.
m[ɔ]remPresente do Subjuntivo m[ó]vam
d[é]vam f[íram d[ú]rmam
l[ ]ves m[ɔ]es d[é]vas m[ó]vas f[í]ras d[ú]rmas
As]ve
l[ ]eformas verbais
m[ɔ]reincluídas emd[é]va
(i), (ii ) e (iii) f[íra
mostram que asf[í]ra
m[ó]va vogais acentuadas
d[ú]rma são:
l[ ]ves
]vem m[ɔ]es rem d[é]vam
d[é]vas m[ó]vam
m[ó]vas f[íram
f[í]ras d[ú]rmam
d[ú]rmas
l[(i)]e [ ] e]re
m[ɔ [] vogais baixas,
d[é]vanos verbos de vogal temática
m[ó]va f[íra/a/, vogald[ú]rma
baixa
As
(ii) formas verbais incluídas
[é] e [ó], vogaisem (i), (iinos
médias, ) e verbos
(iii) mostram quetemática
de vogal as vogais /e/,acentuadas
vogal média são:
l[ ]vem m[ɔ]rem d[é]vam m[ó]vam f[íram d[ú]rmam
(iii) As formas [í] e [ú],verbais incluídas em (i), (ii) e (iii) mostram que as
vogais altas, nos verbos de vogal temática /i/, vogal alta
(i) [ ] e [] vogais baixas, nos verbos de vogal temática /a/, vogal baixa
vogais
As formasacentuadas
verbais incluídas
(ii) Assim, [é] e deixando são:
e [ó], vogais
em (i), (ii ) e (iii) mostram que as vogais acentuadas são:
por discutir
médias,outros aspetos
nos verbos que constituem
de vogal temática /e/, exceções, a projeção do traço
vogal média
de
(iii)altura da vogal temática sobre
[í] e [ú], vogais altas, a vogal do radical
nos verbos representa-se
de vogal temática /i/,comovogalsegue:
alta
(i) [ ] e [] vogais baixas, nos verbos de vogal temática /a/, vogal baixa
(ii) Assim, 3.4.[é] eAssimilação
[ó], vogais
e deixando médias,
do traço
por discutir nosdeverbos
outros alturadepela
aspetos vogal temática
quevogal /e/,
do radical
constituem vogal média
exceções, a projeção do traço
(iii) [í] e [ú], vogais altas, nos verbos de vogal temática
de altura da vogal temática sobre a vogal do radical representa-se como segue: /i/, vogal alta
V1 ]Tema V3
Assim,
3.4.e deixando por discutir
Assimilação do traçooutros aspetospela
de altura quevogal
constituem exceções, a projeção do traço
do radical
de altura da vogal temática sobre a vogal do radical representa-se como segue:
Assim, e deixando por discutir outros aspetos que constituem ex-
V1 ]Tema V3
ceções, a3.4.
projeção do traço
Assimilação de altura
do traço dapela
de altura vogal temática
vogal sobre a vogal
do radical
do radical representa-se como segue:
V1 ]Tema V3
30 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

3.4. Assimilação do traço de altura pela vogal do radical

V1 ]Tema V3
| |
Vocálico Vocálico

Altura
9

Em consequência da projeção da altura da vogal temática, nos
Vocálico conjugação Vocálico
verbos da primeira as vogais do radical ficam baixas, na
segunda ficam médias e na
Altura terceira ficam altas.

Em consequência da projeção da altura da vogal temática, nos verbos da primeira

4. Abaixamento da vogal do radical


conjugação as vogais do radical ficam baixas, na segunda ficam médias e na terceira ficam altas.

Nas formas em que a vogal temática não é suprimida, ou seja,


nas 2ª e 3ª pessoas do singular e na 3ª do plural do Presente do In-
dicativo,
4. as Abaixamento
vogais acentuadas doradical
da vogal do radical são todas baixas nas três
conjugações:
Nas formas em que a vogal temática não é suprimida, ou seja, nas 2ª e 3ª pessoas do
singular e na 3ª do plural do Presente do Indicativo, as vogais acentuadas do radical são todas
baixas nas três conjugações:
4.1. Formas com vogal
4.1. Formas baixa
com vogal baixa

l[ ]vas m[ɔ]ras d[ ]ves m[ɔ]ves f[ ]res d[ɔ]rmes


l[ ]va m[ɔ]ra d ve m[ɔ]ve f[ re d[ɔ]rme
l[ ]vam m[ɔ]ram d[ ]vem m[ɔ]vem f[ rem d[ɔ]rmem

A proposta de explicação da ocorrência destas vogais baixas é a seguinte: elas são o


A proposta
resultado de explicação
de um processo da ocorrência
de abaixamento destas
que atua sobre vogais
as vogais baixas
do radical naséformas
a em que
a vogal temática não foi suprimida.
seguinte: elas são o resultado de um processo de abaixamento que
atua sobre as vogais
Se lembrarmos doque
agora radical nas formas
a primeira pessoa doem que tem
singular a vogal temática
no nível fonético uma vogal
nãoafoi
com suprimida.
altura da temática, verificamos que essa vogal muda conforme as conjugações (ver 4.2.).
Mas as vogais das outras formas verbais (as segunda e terceira do singular e terceira do plural)
Se lembrarmos
que receberam agora
a aplicação que de
da regra a primeira
abaixamentopessoa do baixas,
são todas singular tem noassim com a
alternando
nível fonético
primeira pessoa do uma vogal
singular nas 2ªcom a altura da (ver
e 3ª conjugações. temática,
mais umaverificamos
vez 4.2.). que
essa vogal muda conforme as conjugações
Formas com aplicação da regra de abaixamento
(ver 4.2.). Mas as vogais

l[ ]vo m[ɔ]ro d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo

l[ ]vas m[ɔ]ras d[ ]ves m[ɔ]ves f[ ]res d[ɔ]rmes


l[ ]va m[ɔ]ra d[ ]ve m[ɔ]ve f[ re d[ɔ]rme
l[ ]vam m[ɔ]ram d[ ]vem m[ɔ]vem f[ rem d[ɔ]rmem
4.1. Formas com vogal baixa

l[ ]vas m[ɔ]ras DAS VOGAIS...


O COMPORTAMENTO d[ ]ves m[ɔ]ves
/M f[ ]res
ira Mateus d[ɔ]rmes 31
l[ ]va m[ɔ]ra d ve m[ɔ]ve f[ re d[ɔ]rme
l[ ]vam m[ɔ]ram d[ ]vem m[ɔ]vem f[ rem d[ɔ]rmem

A proposta de explicação da ocorrência destas vogais baixas é a seguinte: elas são o


das outras
resultado formas
de um processoverbais (as segunda
de abaixamento e sobre
que atua terceira do singular
as vogais do radicalenas
tercei-
formas em que
ara do temática
vogal plural) não suprimida. a aplicação da regra de abaixamento são
quefoireceberam
todasSebaixas, alternando assim com a primeira pessoa do singular
lembrarmos agora que a primeira pessoa do singular tem no nível fonético uma vogal
nas 2ª e 3ª conjugações. (ver mais
com a altura da temática, verificamos uma
que essa vezmuda
vogal 4.2.).
conforme as conjugações (ver 4.2.).
Mas as vogais das outras formas verbais (as segunda e terceira do singular e terceira do plural)
que receberam a aplicação da regra de abaixamento são todas baixas, alternando assim com a
primeira pessoa do singular nas 2ª e 3ª conjugações. (ver mais uma vez 4.2.).
4.2. Formas com aplicação da regra de abaixamento
Formas com aplicação da regra de abaixamento

l[ ]vo m[ɔ]ro d[é]vo m[ó]vo f[í]ro d[ú]rmo

l[ ]vas m[ɔ]ras d[ ]ves m[ɔ]ves f[ ]res d[ɔ]rmes


l[ ]va m[ɔ]ra d[ ]ve m[ɔ]ve f[ re d[ɔ]rme
l[ ]vam m[ɔ]ram d[ ]vem m[ɔ]vem f[ rem d[ɔ]rmem

Encontra-se assim, neste conjunto de formas, uma outra alternância de altura das
Encontra-se
vogais, assim,
resultante de um neste
processo conjunto
específico de formas,
de abaixamento. Estauma outranão
alternância alter-
se verifica na
comparação entre as três conjugações (como no caso da harmonização vocálica) mas constata-se
nância de altura das vogais, resultante de um processo específico de
entre as formas de cada um dos verbos das segunda e terceira conjugações como vemos em 4.2.
abaixamento. Esta alternância não se verifica na comparação entre
as três conjugações (como no caso da harmonização vocálica) mas
constata-se entre as formas de cada um dos verbos das segunda e
terceira conjugações como vemos em 4.2.
Resumindo: a harmonização vocálica dos verbos em português é
um processo de assimilação da altura da vogal temática pela vogal do
radical. Essa assimilação segue-se à supressão da vogal temática que
deixa o seu nó de altura como um segmento flutuante que se projeta
sobre a vogal do radical. Todo este processo precede a aplicação do
acento de palavra. O abaixamento das vogais do radical nas formas
em que a vogal temática não foi suprimida é um processo diferente
da harmonização que atua quando o acento já está aplicado.
Tendo presente (i) que a diferença entre dois tipos de vogais mé-
dias que funcionam na distinção entre formas verbais nos verbos
do português, e (ii) que outras línguas podem não apresentar este
tipo de oposições distintivas, deve integrar-se a explicitação deste
problema no ensino do português como língua estrangeira ou língua
segunda. A relação entre a abertura das diferentes vogais do radical
e as respetivas vogais temáticas é uma questão que merece atenção
mesmo no âmbito do ensino da língua como materna.
32 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

5. Ainda as vogais tónicas


A referência a ‘representações lexicais’ não é exclusiva do apa-
relho teórico da fonologia generativa. O léxico faz parte do conhe-
cimento da língua que possuem os falantes, e, nesta perspetiva, é no
léxico que estão inscritas as alternâncias de altura das vogais que
criam oposições distintivas entre nomes – como os exemplos dados
em (2.) de bola [ból ]/[b ́l ], com a mesma ortografia mas com dife-
rentes vogais na língua oral, ou entre um nome e uma forma verbal
como selo [sélu]N,/[s lu]
́ V . Ao referir as representações lexicais não
9

posso deixar de pôr em relevo a importância do conhecimento do


léxico para o ensino da língua materna ou estrangeira. As represen-
tações lexicais dos radicais que fazem parte do léxico e dos outros
elementos que fazem parte da constituição interna das palavras per-
mitem que se compreendam as formas de superfície sobre as quais
já se aplicaram processos fonológicos e morfológicos. O ensino na
aprendizagem de uma língua terá de ter em conta características des-
te tipo obtidas quer por memorização dos aprendentes, quer porque
o professor conhece e está consciente dos processos da língua que a
caracterizam e podem determinar variedades diferentes.10
Existem no entanto variações que não provocam oposições dis-
tintivas e que devem ser consideradas no ensino da língua. Algumas
decorrem do contexto em que as vogais estão inseridas. Por exem- 11
plo, as vogais seguidas de consoante nasal não são produzidas como
baixas nas normas padrão do PE e do PB (antes de /m/ ou /n/ a vogal
do PE e do PB (antes
tónica de /m/
nunca ou pronunciar-se
pode /n/ a vogal tónica
comonunca pode
baixa, pronunciar-se
mas torna-se média
rna-se média como
orna-se em cama [kɐmɐ], [o] em sono,
como [[ɐ]] em sono, [sónu] ou[soɲu])11
[sónu] ou 11
..
A variação não distintiva pode resultar de outros fatores como
ão distintiva pode resultar de outros
a proximidade acústica fatores
entre como a proximidade
segmentos. Exemplos acústica
desta entre
variação
plos desta variação que não interfere no significado encontram-se por
que não interfere no significado encontram-se por comparação entre
diferentes estádios da língua, como as vogais baixas e médias representadas
<o> que, no português antigo, tinham uma distribuição diferente do português
m poesias da 9 época rimas
Embora baixaeterno,
entre
a vogal governo
se possa explicar e inverno, vocálica
por harmonização entre despreza e 4.
como se diz em
12
nhora e embora. 10 ATambém
oposição queesta
se dávariação
num par mínimodas vogais
em que asmédias está
vogais são presente
distintas também nos
na orto-
português europeu
grafia – e exemplo, fala/fila
porbrasileiro, provocando a murro/morro
[fál ]/[fíl ] ou pronúncia [múvariável
ru]/[mórde palavras
u] torna-se mais fácil
de apreender.
jtu]/[dɨzɔjtu] em PE e [dizójtu]/[dizɔjtu] em PB. A comparação entre dialetos
ójtu]/[dɨzɔ
11 Vogais baixas seguidas de consoante nasal ou vogais baixas nasalizadas caracterizam
ncia tipos de variação da vogal acentuada que não se restringem ao traço de
dialetos não-padrão.
abranger outros traços distintivos como, por exemplo, o ponto de articulação.
PE existem exemplos de vogais recuadas e não palatais como /u/ e /o/
palatalização (uva, [ü]va; pouco, p[ö]co; boi, b[ö]i). No ensino da língua este
o deve ser considerado um erro porque decorre do contexto dialetal ou social
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 33

diferentes estádios da língua, como as vogais baixas e médias re-


presentadas pelas letras <e> e <o> que, no português antigo, tinham
uma distribuição diferente do português atual, ocorrendo em poesias
da época rimas entre eterno, governo e inverno, entre despreza e al-
teza, ou entre senhora e embora.12 Também esta variação das vogais
médias está presente nos dialetos atuais do português europeu e bra-
sileiro, provocando a pronúncia variável de palavras como dezoito
[dizójtu]/[diz ́jtu] em PE e [dizójtu]/[diz ́jtu] em PB. A comparação
entre dialetos e socioletos evidencia tipos de variação da vogal acen-
tuada que não se restringem ao traço de altura, mas podem abranger
outros traços distintivos como, por exemplo, o ponto de articulação.
Em dialetos do PE existem exemplos de vogais recuadas e não pala-
tais como /u/ e /o/ pronunciadas com palatalização (uva, [ü]va; pou-
co, p[ö]co; boi, b[ö]i). No ensino da língua este tipo de variação não
deve ser considerado um erro porque decorre do contexto dialetal ou
social em que o aprendente está integrado.

6. Comportamento das vogais em sílaba


átona
Uma das diferenças claras e evidentes no nível oral quando con-
trastamos o português europeu e o brasileiro situa-se na área das sí-
labas não acentuadas (átonas). Não pode analisar-se esta diferença
se nos restringirmos às vogais que integram essas sílabas mas temos
de considerar a ‘sílaba’ como um constituinte prosódico da língua
cuja segmentação é cognitivamente mais simples do que a segmen-
tação em elementos fonológicos isolados. Compare-se a divisão de
palavra em sílabas ou em segmentos fonéticos: tanto uma pessoa
não alfabetizada como uma criança em idade pré escolar podem com
facilidade dividir em “pedaços” o exemplo (pa-la-vra) mas será mais
difícil distinguir todos os segmentos fonológicos que o constituem
([p]-[ ]-[l]-[a] [v]-[ ]-[ ])13. Contudo, essa diferença não é das mais

12 Ver, por exemplo, Mateus e Nascimento (2005).


13 Na variedade brasileira o primeiro [a] é mais audível do que o [ ] europeu.
34 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

notórias. Para analisar as reais distinções, devemos ter presente a


estrutura interna da sílaba.

6.1. Estrutura da sílaba


Quando consideramos as palavras é, pá, par, constituídas por
uma sílaba, verificamos que em todas elas está presente a vogal [a],
ela é o núcleo da Rima. A consoante que a precede em pá e em par
é o Ataque; a final de par é a Coda. Da unidade silábica dependem
o ataque e a rima, e desta dependem o núcleo e a coda. A estrutura
da sílaba está portanto organizada hierarquicamente como se repre-
senta adiante nas sílabas da palavra pares (o sinal convencional de
sílaba é [σ]; [r] indica a rima, [cod], a coda).

σ σ

A R A R

N N Cod

p a r e s

6.1.1.  O Ataque e os núcleos vazios

Todas as consoantes isoladamente podem ser ataque de sílabas.


Contudo, uma sequência de duas consoantes está sujeita a restrições,
a principal é o princípio de sonoridade definido como segue:
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 35

Princípio de Sonoridade
A sonoridade dos segmentos que constituem a sílaba aumenta a partir do
início até ao núcleo e diminui desde o núcleo até ao fim14

Assim, os ataques formados por uma oclusiva seguida de uma fri-


cativa (por exemplo, [ps]) infringem o princípio de sonoridade, aliás
sujeito também à condição de dissimilaridade que restringe a formação
de ataques em que as duas consoantes seguidas não mantenham entre
si uma certa distância de sonoridade (por exemplo, [bl] é possível mas
[vl] é desaconselhável). Os princípios e as restrições têm consequências
diversas sobretudo a nível da oralidade e são um dos fatores mais in-
fluentes na diferença entre as duas variedades da língua.
Em português europeu muitas sequências em ataque de sílaba violam
o princípio de sonoridade como as incluídas nas seguintes palavras:
[pt] - captar [gn] - gnomo

[bt] - obter [bs] - absurdo [pn]- pneu

[bd] - abdómen [dv] - advertir [tm] - ritmo

[dk] - adquirir [dm] - admirar [tn] - étnico

As sequências destes exemplos infringem o princípio da sonori-


dade e em certos casos a condição de dissimilaridade 15.Estas vio-
lações verificam-se no nível fonético (ou nível oral), mas não se
verificam no nível fonológico. Neste nível pode pôr-se a hipótese de
que as duas consoantes constituem o ataque e a coda de uma sílaba,
e entre elas se integra um núcleo vazio. Em (i) e (ii) estão argumen-
tos que sustentam esta hipótese:

14 A sonoridade intrínseca dos segmentos permite a elaboração de uma escala, aqui apre-
sentada no sentido crescente. Escala de sonoridade: consoantes oclusivas (não-vozeadas, vo-
zeadas) < fricativas (não-vozeadas, vozeadas) < nasais < líquidas (vibrantes, laterais) < glides
< vogais (altas, médias, baixas). A definição atual de princípio de sonoridade está na base
dos tradicionais ‘grupos próprios’ constituídos por oclusivas seguidas de líquidas, as únicas
consideradas permitidas pela gramática tradicional das línguas românicas.
15 A análise da sílaba em português europeu tem maior desenvolvimento em Mateus et al.
(2003, Cap. 26).
bt - obter bs - absurdo [pn]- pneu
bd - abdómen dv - advertir tm - ritmo
dk - adquirir dm - admirar tn - étnico
36 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014
As sequências destes exemplos infringem o princípio da sonoridade e em certos casos a
condição de dissimilaridade 15.Estas violações verificam-se no nível fonético (ou nível oral), mas
não se verificam no nível fonológico. Neste nível pode pôr-se a hipótese de que as duas
consoantes constituem o ataque pausadamente
i) Ao pronunciar e a coda de uma umasílaba,
palavrae entre elas seuma
que integre integra um núcleo
sequência de vazio.
Em (i) e (ii) estão consoantes
argumentosnão queaceitável
sustentam esta hipótese:
pelo princípio da sonoridade, é frequente, na lín-
(i) gua oral, inserir-se
Ao pronunciar pausadamente uma vogal
uma entre
palavraessas
queconsoantes.
integre uma No sequência
PE a vogalde inse-
consoantes
não aceitável
rida é [i]pelo
16
princípio
. Esta inserção daocorre
sonoridade, é frequente,
em produções na como
infantis, línguapor oral, inserir-se uma
exemplo
vogal entre essas[áf
em *afeta consoantes.
it ] ou *pacto No [pákitu]
PE a vogalmas inserida é [ɨ]16ocorrer
também pode . Esta inserção
em produ-ocorre em
produções infantis, como por exemplo em *afeta [áfɨtɐ] ou *pacto [pákɨtu] mas
também ções de ocorrer
pode falantesem adultos se lhesde
produções forfalantes
pedida adultos
uma divisão
se lhessilábica. No PB
for pedida umaa divisão
vogal
silábica. No inserida
PB a vogal é [i],inserida
uma inserção que ocorre
é [i]: uma com
inserção muita
que ocorrefrequência
com muitacomo frequência
como em em psicologia
psicologia [pi-sikoloíɐ], absurdoabsurdo [abi-sú captar[kapi-tá
-du], captar
[abi-súɾ-du], [kapi-táɾ]
]
(ii) Quando se faz se
ii) Quando umafaztranslineação
uma translineação(divisão gráfica
(divisão de uma
gráfica de uma palavra),
palavra), é comum
é co- haver
hesitação na separação das letras que correspondem a uma sequência de consoantes
inaceitávelmumAhaver hesitação
hesitação podenaprovir
separação das letras quedecorrespondem
da interpretação palavras como a umaadmirar ou
advertirsequência
entendidas de como
consoantes
tendoinaceitável
um prefixo A hesitação pode provir
/ad/ (ad-mirar da interpre-
e ad-vertir) que explica a
„etimologia‟
tação dee permite
palavras acomointerpretação
admirar oudaadvertir
consoante [d] como
entendidas como a tendo
coda um da primeira
sílaba17. Também se podem aceitar separações silábicas como a-dmirar em que a
prefixo /ad/ (ad-mirar e ad-vertir) que explica a ‘etimologia’ e permite a
consoante [d], a primeira da sequência [dm], passa a fazer parte do ataque da segunda
sílaba. Se interpretação
[dm] fossedaum consoante [d] como a(p.
grupo admissível coda
ex.da primeira
[dɾ]), sílabanão
o falante
17
. Também
separava as duas
consoantes e sabiaaceitar
se podem que ambas pertenciam
separações aocomo
silábicas ataquea-dmirar
da sílaba.
emMasque anaconsoante
análise que estou
a desenvolver as sequências
[d], a primeira como[dm],
da sequência [dm] passa
são inaceitáveis
a fazer partee,doportanto,
ataque daosegunda
falante teria que
recorrer à hipótese do núcleo vazio. Neste último caso considera-se que as duas
consoantes sílaba. Se [dm] fosse
pertencem a duasum grupoeadmissível
sílabas entre elas (p. ex. [d
existe um]),núcleo
o falante não sepa-
vazio
rava as duas consoantes e sabia que ambas pertenciam ao ataque da síla-
ba. Mas na análise que estou a desenvolver as sequências como [dm] são
15
A análise da sílaba inaceitáveis
em português europeu tem maior
e, portanto, desenvolvimento
o falante em Mateus
teria que recorrer et al. (2003,
à hipótese doCap. 26).
núcleo
16
Esta vogal também pode ser representada por [ə]. A utilização de [ɨ] responde melhor à representação das
características da vogalvazio.
neutraNeste último europeu,
do português caso considera-se queafirmações
de acordo com as duas consoantes pertencem
de foneticistas a
e dialectólogos.
17
Já os étimos latinos duas absurdoe ou
de sílabas captar
entre elasnão permitem
existe que avazio
um núcleo divisão evidencie a etimologia e portanto a
translineação não pode recorrer a essa interpretação.

Como se verifica, há estratégias diferentes nas duas variedades


do português para impedir sequências de consoantes não aceitáveis
na línguaComooral:
se PE introduz
verifica, há [i] e PB [i]. diferentes
estratégias Estas vogais,
nasque preenchem
duas variedades do português
núcleos vazios de acordo com a hipótese apresentada
sequências de consoantes não aceitáveis na língua oral: PE no tratamento
introduz [ɨ] e PB [i]. Esta
da divisão silábica,
preenchem núcleostambém
vazios ocorrem
de acordoem com
outrosa contextos
hipótese (em sílaba no tratamento
apresentada
final quando a consoante em coda não é [l] ou [ ] como sebe
silábica, também ocorrem em outros contextos (em sílaba final[squando bi]
́ a consoante
/é [s bi]; em sílaba inicial grafada como <es>- espaço, estar, escuta
[l]́ ou [ɾ] como sebe [s bɨ] / [s bi]; em sílaba inicial grafada como <es>- espaço,
PE [ɨʃ] / PB[iʃ]).

16 Esta vogal6.1.2.
também pode Outros contrastes
ser representada em
por [ə]. sílaba átona
A utilização entre PE
de [i] responde e PB
melhor à
representação das características da vogal neutra do português europeu, de acordo com afir-
mações de foneticistas e dialectólogos.
A diferença entre as vogais em sílaba átona é um dos fatores de distinção nas v
17 Já os étimos latinos de absurdo ou captar não permitem que a divisão evidencie a etimo-
português
logia e portantoPE e PB. Senãocompararmos,
a translineação nos
pode recorrer a essa mesmos exemplos, as vogais das sílaba
interpretação.
com as correspondentes em sílabas pré tónicas (b), pós tónicas não finais (c) e finais
que o comportamento das átonas não é idêntico nas duas variedades.
14 14
14
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 14 37
Como se verifica, há estratégias diferentes nas duas variedades do português para impedir
ica, há estratégias diferentesdenas duas variedades Comodo se português
verifica,
língua oral:há
para impedir
PEestratégias [ɨ] diferentes nasvogais,
duas que
variedades
ifica, há estratégiassequências
diferentes nas duas variedades
consoantes não aceitáveis do naportuguês para impedir
introduz e PB [i]. Estas 14
antes não aceitáveispreenchem
na línguanúcleos
oral: PE introduz
vazios de [ɨ]
acordo e PB
com [i].
a Estas
hipótese vogais, que nonatratamento
apresentada da PE
divisão
oantes não
erifica, aceitáveis diferentes
há estratégias na língua nas PE sequências
oral:duas introduz
variedades [ɨ]
Como de
e
do consoantes
PB [i].
portuguêsEstas
se tratamento
verifica, não aceitáveis
vogais,
para que
impedir
há estratégias língua
diferentes oral:
nasemduas introduz [ɨ]
variedades do
s vazios
nsoantes
de
vaziosnão acordo
de aceitáveis
acordo com
silábica,
com
6.1.2. 
na
atambém
a hipótese
hipótese
Outros
língua
é [l] ou [ɾ](em
apresentada
ocorrem
contrastes
oral: PE
em outros
preenchem
apresentada
introduzem
sequências
sebe [sfinal
comosílaba bɨ] / quando
no
contextos
núcleos
no
sílaba
[ɨ] e
de PB
(em
átona
[i].
sílaba
vazios
tratamento
Estas
consoantes
[s bi]; ema sílaba
da
entre
final
de
da
vogais,
não
inicial grafada
divisão
PE
quando
acordo
divisão
e
que
aceitáveis
como PB
acom
na
consoante
a hipótese
língua oral:
codaapresentada
PE
não
introduz
<es>- espaço, estar, escuta [ɨ] e
orrem
correm em outros
emComo
outros contextos
se contextos silábica, também consoante
ocorrem em
em coda
outrosnãocontextos (em sílaba final quando
os vazios de acordo com
verifica,
PE [ɨʃ] a(em
há sílaba apresentada
hipótese
estratégias
/ PB[iʃ]). final quando
diferentes
preenchem nasnoaduas
consoante
tratamento
núcleos em
variedades
vazios da coda
dedo não
divisão
português
acordo compara impedir
a hipótese apresentada n
be [s bɨ] / [s bi]; em sílaba inicial grafada como <es>- espaço, estar, escuta
ésilábica,
[l] ou [ɾ] como sebe [s em
bɨ]
[ɨ]/coda
e[sPB
ebe sequências
[s
ocorrem bɨ]em de consoantes
/ [soutros
bi]; em Asílaba
contextosnão
(emaceitáveis
inicial
diferença na
grafada
entre
sílaba aslíngua
final como
vogais
quando oral:
<es>-
aem
também PEespaço,
introduz
sílaba
consoante
ocorrem estar,
átona
em ébi];
escuta
outros um
não em
dossílaba
[i].contextos
Estas inicial
vogais,
fatores
(em degrafada
que
sílaba como <
final quando
sebepreenchem
[s bɨ] / [s núcleos vazios
bi];distinção
em sílaba de acordo
inicial
6.1.2. PE
é
Outroscom
grafada [ɨʃ]
[l] a/ PB[iʃ]).
como
ou hipótese
[ɾ]
contrastes <es>-
como
em apresentada
espaço,
sebe
sílaba [s
átona estar,
bɨ]
entre/ no
[s
PE tratamento
escuta
bi];
e PB em da inicial
sílaba divisãografada como <e
nas variedades do português PE e PB. Se compararmos,
silábica, também ocorrem em outros contextos
PE [ɨʃ] /(em sílaba final quando a consoante em coda não
PB[iʃ]).
Outros
é [l] contrastes
Outros ou [ɾ] como
contrastes
nos
em
em
mesmos
sílaba
sebesílaba / [sexemplos,
bɨ]átona
A[sdiferença
átona entre
bi];
entre PE
emvogais
as
entre
as
ee PB
sílaba
PE em
PB
vogais
inicial das Outros
sílabagrafada
6.1.2. átona sílabas
como
é um tónicas
<es>-
doscontrastes de (a)
fatoresespaço,em com
estar,
distinção
sílaba asescuta
nas cor-entredoPE e PB
variedades
átona
português
respondentes PE e PB. Se
ementre compararmos,
sílabas nos mesmos exemplos, as vogais das sílabas
(c)tónicas
eentre (a)
PE [ɨʃ] / PB[iʃ]).
Outros contrastes em sílaba átona PE epré tónicas (b),
PB6.1.2. Outrospóscontrastes
tónicas não finaisátona
em sílaba PE e PB
ntre as vogais em com asátona
sílaba correspondentes em sílabasde
18é um dos fatores
prédistinção
tónicas (b), pósvariedades
nas tónicas não finais
do (c) e finais (d) 18, vemos
ntre as vogais em sílaba finais (d)
átona
que oOutros ,
é
comportamentovemos
um dos que
fatores
das átonas oA diferença
comportamento
de distinção
nãoátona
é idêntico
entre
nas
nas
as vogais
das
variedades
duas
em
átonas
variedades.
sílaba
do não átona
é é um
idêntico dos fatores de d
Se 6.1.2. contrastes dosem sílaba entre PE evariedades
PB
Se compararmos,
B.entre as vogais
compararmos, emnas nos
sílaba mesmos
nosduasátona
mesmos é umexemplos,
exemplos,
variedades.
as
asAvogais
português
fatores de PE edas
diferença PB.
distinção
vogais das sílabas
Se as
entre
nas
sílabas tónicas
compararmos,
vogais
tónicas
18
emdo(a) nosátona
sílaba
(a) mesmos é umexemplos,
dos fatoresasdevog
dis
ntes
PB. em
Se sílabas
compararmos,
entes em sílabas pré tónicas
nos
pré tónicas (b),
mesmos pós tónicas
com
exemplos, não
português
as
as finais
PE (c)
e
correspondentes
vogais e
PB.
das finais
Se em
sílabas (d) 18, vemos
compararmos,
sílabas
tónicas pré
(a) nos mesmos
tónicas (b), exemplos,
pós tónicas as
nãovoga
fina
A diferença entre as(b),
vogaispósem tónicas
sílaba não finais
é um(c) dose fatores
finais (d) , vemosnas variedades do
oátona desílabas
distinção 15
o das
dentes
nto das átonas
em não
sílabas
átonas é idêntico
nãopré tónicas nas
nas duas
(b), variedades.
pós tónicas comnão
que as correspondentes
comportamento
finais (c) e finaisdasem 18
átonas
(d) préé tónicas
não
, vemos idêntico(b),naspós tónicas
duas não finais
variedades.15
português PE eéPB.
idêntico duas
Se compararmos, variedades.
nos
que mesmos
o exemplos,
comportamento as
das vogais
átonas das ésílabas
não idêntico tónicas
nas (a) variedades.
duas
entocom
das átonas não6.1.2.1.
é idêntico
as correspondentes em
nas
Exemplos duas variedades.
sílabas préde tónicas
tónicas e correspondentes
(b), pós 15
tónicas não finais (c) átonas
e finais (d) 18, vemos
[ú] bula 6.1.2.1.Exemplos [bú]l] de tónicas[ú] e correspondentes
bula
15 [bú]l][u] átonas [bu]linha [u]
[u] [bu]linha
[bu]linha
que o comportamento[á] dascasa
[ú] átonas não
bula [ká]sa
[bú]l] é idêntico nas duas variedades. [u] [ɐ] [kɐ]sinha
[bu]linha [u] [a] [ka]sinha
[bu]linha
[ú]ebula [bú]l] [á] casa [ká]sa
[u] [ɐ] [kɐ]sinha
PE
[á] PB PE [bu]linha PB [u] [bu]linha
[u] [bu]linha [á] casa casa [ká]sa [ká]sa
[u] [bu]linha
[ɐ]
[ɐ] [kɐ]sinha
[kɐ]sinha [a] [ka]sinha
[a] [ka]sinha
[u] [bu]linha Átonastónicas
(c) Vogais pós-tónicas
[u] [bu]linha não finais (c) 22
Átonas
6.1.2.1.Exemplos pós-tónicas de tónicas (d) Átonas
não finais 22finaisl23
e correspondentes (d) Átonas f
átonas
Exemplos
Exemplosde detónicas[ɐ] [kɐ]sinha
tónicas eecorrespondentes
(a)
correspondentes [a]átonas
átonas[ka]sinha (b) Vogais átonas pré-tónicas
1.Exemplos de tónicas e correspondentes[ɐ] [kɐ]sinha (c) Átonas [a]
pós-tónicas [ka]sinha
átonas não finais 22
6.1.2.1.Exemplos
22 de (d) tónicas Átonas e correspondentes
finaisl 23
23 átonas
(c) Átonas pós-tónicas não finais (d) Átonas finaisl
o finais22 6.1.2.1.Exemplos(d)[í]Átonaslivro de [lí]vro]
tónicas PEPE e PB PBátonas
23 e correspondentes [i] [li]vrinhoPE PE PB li]vrinho
[i][ PBPE PE
22 PE
finaisl
PE 23 PB
PB
ão finais (d)[i]Átonas
[é] selo súbito finaisl
[sé]lo
PE PEsú[bi]to
PE
PE e PB
[i] PB
PB
PB sú[bi]to
súbitoɨ [sɨ]lar PE
sú[bi]to
PE sú[bi]to
[e] PB
[se]lar
PB
PE
PE[s [i] selo súbito [s ]loPB sú[bi]to [u] cómodaɨ [sɨ]lar có[mu]da [ɨ] jure [có[mo]da ] ju[ɾɨ s ]lar19 [ɨ] ɾi átonas
jure
icas PBPE e PB [u]
[i] cómoda
súbito
(b) Vogais
có[mu]da
sú[bi]to(a) 20Vogais
átonas PEsú[bi]to
có[mo]da
tónicas
sú[bi]to
pré-tónicas PB (b) Vogais jú
nicas sú[bi]to
]to
PB PE [u]
[
[]] telha cómoda sábado (b)]lha
[tɐ PB
Vogais/ [e]có[mu]da átonas
[té]lha
sá[b]du(a) Vogais pré-tónicas
[] tónicas
có[mo]da
sá[ba]du[ɨ] [tɨ]lhadosá[b]du
sábado [ɨ][ɐ]jure jurejura [e]ju[ɾɨ
sá[ba]du[te]lhado
ju[ɾɐ] (b) Vogais
jú ɾiɾi
[ɐ]ɾɐ]
jú átonas
jura p
ónicas
i]to sú[bi]to [u] cómoda (b) Vogais átonas
có[mu]da pré-tónicas
có[mo]da [ɨ] ju[ɾɨ jú
u]da có[mo]da [ɨ] [[] pega
jure sábado p
ju[ɾɨ ]ga jú
sá[b]du ɾi [ɨ] sá[ba]du [ɨ]
vértebra [pɨ]gar [ɐ]
vér[tɨ]bra jura [e]ju[ɾɐ][pe]gar]
vér[ti]bra jú ɾɐ]
[u]
15 juro
mu]da
]vro]
(a) Vogais tónicas
có[mo]da [ɨ][ɨ]
[]jure [i] vértebra
sábado ju[ɾɨ
[li]vrinho vér[tɨ]bra
sá[b]du[í]ɾilivro(b)sá[ba]du
jú vér[ti]bra
Vogais
[i][ [lí]vro] átonas pré-tónicas
li]vrinho [ɐ][u]jura juro ju[ɾɐ] jú[ɾu]
[i] [li]vrinho jú ɾɐ]jú ɾu
í]vro] sá[ba]du
]du [ɐ][ɔ [ɨ]
[u]]jura
bola [i]vértebra
régulo [li]vrinho
[bɔ
ju[ɾɐ]]l vér[tɨ]bra[í]ɾɐ]livro
jú[é]
ré[gu]lo [i][
[u] vér[ti]bra li]vrinho
[lí]vro]
[u]
régulo
ré[gu]lo [bu]linharé[gu]lo [u] juro juro [ɔ]jú[ɾu]
ré[gu]lo [i] [li]vrinho
[bɔ]linha jú ɾuɾu
é]lo [lí]vro]
]du sá[ba]du [ɐ] [ɨ] jura [i] vértebra[li]vrinho
ju[ɾɐ] vér[tɨ]bra
jú ɾɐ]selo [i][[sé]lo
vér[ti]bra li]vrinho [u] jú[ɾu] ɨ [sɨ]lar

é]lo vér[ti]bra [u] bolaɨɨ régulo [sɨ]lar
[sɨ]lar [é][i] selo ré[gu]lo [e][sé]lo [se]lar 21 ɨ [sɨ]lar
juro ɨrégulo [sɨ]lar ré[gu]lo
]bra [u] [ó] juro [bó]l
jú[ɾu] jú [e][s [u] [bu]linha [i][ li]vrinho [o] [bo]linha
[sé]lo
tɨ]bra
]lo
[í] livro
vér[ti]bra [lí]vro]
[u] [u]
ɨ jú[ɾu]
[sɨ]lar
ré[gu]lo[sɾu
jú ɾuselo[li]vrinho ré[gu]lo
[ ]
[se]lar
]lo
s ]lar 19
19 ɨ [sɨ]lar
]lo ]lo ré[gu]lo
[é] selo [sé]lo [ú] bula ɨ
Em ɨ(iii)-(vii) [sɨ]lar
[bú]l] estão [ [s
resumidas ɨselo Em
[sɨ]lar as [s ]lo
(iii)-(vii)
[u] [bu]linha
constatações 19estão resumidas
[e]
decorrentes [se]lar as
[u] da ɨ [sɨ]lar decorrentes
constatações
[bu]linha
observação dos exempld
[s
u]lo]lo ré[gu]lo 20 [sɨ]lar [ ] s ]lar 20
]lha
ɐ[tɐ]lha / /[e] [e] [té]lha
[s selo 2020apresentados:
[té]lha [s ]lo [á] casa Em
Em [ɨ]
[ɨ] [tɨ]lhado
(iii)-(vii)
[ká]sa
[tɨ]lhado
(iii)-(vii) estão
estão []]telha
apresentados:
resumidas
resumidas telha
ɨ [sɨ]lar [e][tɐ
as
as [tɐ ]lha
[te]lhado
constatações // [e]
]lha[kɐ]sinha
[ɐ]
constatações
[e] [té]lha
[té]lha
decorrentes 20
[ ] s ]lar
decorrentes da
da
19observação
[a] [ɨ] [tɨ]lhado
[ɨ]
[ka]sinha
observação
[tɨ]lhado
dos exemplos
dos exemplos
umidas ]lha /as[e] [té]lha 18 Os [ɨ] [tɨ]lhado [[ [ɨ] pega [e]p [te]lhado
]ga [ɨ] [pɨ]gar
pesumidas
]ga
]ga asconstatações
] telha apresentados:
[constatações
decorrentes
exemplos[ɨ]
decorrentes
apresentados:
19 [tɐ]lha / [e] [ɨ]
da
de[té]lha
6.1.2.
da observação
20 incluemdos
não
observação
[pɨ]gar
[pɨ]gar vogais
dos exemplos
pega
nasais
exemplos [e]
[tɨ]lhado p [pe]gar]
]ga [e] [te]lhado [ɨ] [pɨ]gar
p ]ga Segundo (c)Os Cunha
Átonas [ɨ] epós-tónicas
[pɨ]gar
Cintra (1984:não 38),[ɔ “No (iii)
]][ɨ]
finais bola 22Os [e]
português do[pe]gar]
exemplos
[bɔ ]l
Brasil, em de (a)
posição
Átonas mostram
átona não 23
finaisl que todas
[u]
final, anulou-se asa distinção
vogais
[bu]linha fonológi
bɔɔ[bɔ ]l
]l]l [ pega entre p(iii)[]ga
] e1920 exemplos
[u]
[e], 21[u]
tendo-se [bu]linha
[bu]linha
mantidode (a) apenas mostram
[ɔ [e]bola e [i], que
[pɨ]gar
na[ɔ] série todas
[bɔ[bɔ]linha
]l vogais
das as(d)anteriores
vogais [e] ou fonológicas
palatais (que[u]
[pe]gar] podem
aqui [bu]linha
denomino integrar
[- sílab
(iii)
(iii)
recuadas]); Os
Os
tónicas [u]
exemplos
exemplos
paralelamente, [bu]linha
tanto de
de
em
anulou-se (a)
(a)
PE mostram
mostram
a[ó]
como bola
distinção em tónicas
que
que
PB.[ɔ]
entre [bó]l
[ɔ] [bɔ]linha
tanto
todas
todase [o], as
asem
com PE
vogais
vogais
o que como ficou em
fonológicas
fonológicas PB.
reduzida a podem
podem
[o][u]e [u] integrar
integrar
[bu]linha
a série das
21
21sílabas
sílabas
ostram
ó]l que [ɔ ]
todasbola as [bɔ
vogais ]l fonológicas
[u] podem
[bu]linha PE 21integrar
21 [ó] [u] bola [bu]linha
sílabas
PB [o] [bó]l[bo]linha PE [ɔ] [bɔ]linha PB [u] [bu]linha
bó]l[bó]lPB.que todas as vogais
mostram vogais
(iv) tónicas
tónicas
posteriores
Os [u]
fonológicas [u]
exemplos ou [bu]linha
tanto
tanto
velarespodem
em
[bu]linhaem
de (aqui PE
PE integrar
21 como
como
(b)denominadas
mostram
(iv)em
em Os
sílabas
PB.
PB. exemplos
[o]
[+recuadas
que )”. de (b) mostram que as vogais /i/ e /u/ se realiz
[bo]linha
asantesvogais /i/ e /u/ se[bo]linha
realizam em sílaba átona como
mo moem em PB.[ó] bola 20No [bó]l
(iv) [i]Os
dialeto padrãosúbito
exemplos do PE as de sú[bi]to
(b)
vogais mostram
fonológicas[u] sú[bi]to
[bu]linha
tónicas
que
/e/ e as
21
/ / correspondentes,
vogais /i/ ee /u/
de consoante /u/[o] setanto
palatalrealizam em PE
realizam-se como
emmuitas sílaba em
vezes PB.
átona
comocomo as
stram que as vogais 18
/i/ e (iv)
/u/Os seOs
tónicas
exemplos exemplos
realizam de de
correspondentes,
6.1.2.
em sílaba (b)
não mostram
incluem
átona tanto
como que
vogais em
as asPE vogais
nasais. como /i/
em PB. se realizam em sílaba átona como as
ostram que as vogais /i/ e /u/ tónicas [ɐ] (telha [u] [tɐ ʎɐ
se realizam cómoda
, fecho [fɐ ʃu ) comcó[mu]da
em sílaba átonatanto
correspondentes, alteração
(v) do
como có[mo]da
traço recuado
asPE nos
Ainda
em como que
exemplos [ɨ]
passa
em PB. PB. jure
de -recuado]
de ju[ɾɨ
(b), a [+recuado],
a realização jú ɾi
mas em outros
dase mesmo
vogais médias
tanto em PE como em 19 PB.(v)
PB.
dialetos,Segundoetónicas
Ainda
no interior correspondentes,
nos de
Cunha e Cintra exemplos
um mesmo de
dialeto,
(1984: 38), tanto
(b),
existe ema uma
“No PE como
realização
variação
português emdas
entre ɐ vogais
,
do Brasil, e e em médias
([fɐ ʃu / /e/
féʃu
posição átona /e [f / /
ʃu])
não constitui uma d
s, tanto em PE como em (v) []Ainda sábado sá[b]du
1818 sá[ba]du
maiores diferenças [ɐ] jura
entre
vogaisas ju[ɾɐ]
duas /e/ ee // jú// constitui
variedades: ɾɐ] realizam-se com
ede (b), aincluem
realização das uma (v)
ditongação
vogais Ainda
médias da nosnos
tónica
/e/
exemplos
eexemplos
([fɐ
// jʃu
Os
/19/entre
constitui
de
).Osexemplosdee [e],
exemplos (b),
(b),
uma
ade
deadasrealização
6.1.2.
6.1.2. não
realização não incluem das
incluem
das vogais
vogais
vogais médias
nasais
médias
nasais /e/ constitui uma das
uma das
2. não(b),
não
1.2. não incluema vogais
realizaçãovogais final,
nasais
das
nasais vogais [ɨ]
18 incluem vogais nasais maiores diferençasSegundo
maiores
anulou-se médias a
vértebra diferenças
distinção
/e/ e 19 entre
constitui
vér[tɨ]bra
entre
[ɛ]
Segundo as
asuma
Cunhaduas
tendo-se
duas
Cunha uma das
vér[ti]bra variedades:
mantido
ee alteração
Cintra
Cintra (1984:
variedades: (1984: [u]
nos realizam-se
apenas juro
38),
traços
realizam-se
38),
[e]
“Node
“No
e [i], como
na
jú[ɾu]
portuguêssérie
ponto[ɨ]
como
português de
[ɨ]do
[ɨ]
das
doem
em
vogais

Brasil, PE
ɾu
articulação
PE ––em
Brasil, em– o
o que
que
posição
que
signifi
e significa
posição de átonaátonanã
altura
significa
as duas Osvariedades:
exemplos derealizam-se6.1.2. nãomaiores
anteriores incluem
ou comopalatais diferenças
vogais
[ɨ] em
(quenasais
PE aqui – entre
o que
denomino as duas
significa variedades:
[-recuadas]); realizam-se
paralelamente, como
anulou-se aem PE
distinção o
ntra
e as (1984:
intra
Cintra duas
(1984:
(1984: 38),
variedades:
38), “No
38), “No
“No português
realizam-se
português
eportuguês
uma
[u]uma do
dodo alteração
Brasil,
como
Brasil,
régulo
Brasil, [ɨ]em
emem nos
emposição
PE
posição –traços
ré[gu]lo
entre
posição
entre o[[átona
que
]átona
eede
]do denão
[e],
[e],não ponto
significa
ré[gu]lofinal,de
final,
tendo-se
final,
tendo-se articulação
anulou-se
mantido
anulou-se aanão
apenas
apenas distinçãoe[e]
distinção [e]de altura
eeanulou-se
[i],na
[i], na dessas
série
série das
das vogais,
vogais
vogais que
anteriores
anteriores passam
ouou
alteração nos traços a[+recuadas]
ponto aae de articulaçãoe também ee final,
de aaltura
[+altas]
altura dessas a–ou evogais,
em
vogais, PB que mantêm-se
passam aapar
19
Segundo Cunha Cintra (1984:
uma 38),
alteração o“No português
nos traços Brasil,
de ponto[o]em posição
de átona
articulação de dessas distinção que passam
sos de
mantido
e-se de ponto
mantido ponto
mantido de
apenas
[apenas
de articulação
]apenas
[e]
[e] eeentre
articulação
[e] [i],ena
[i],
e[i], [ɔ]
na de
enade esérie
série
série[o],das
altura
altura
[+recuadas] com
das
das dessas
vogais
vogais
dessas
vogaisque ficou
evogais,
anteriores
anteriores
vogais,
também
recuadas]);
anteriores
recuadas]);
reduzida
que
queou apassam
ou palatais
palatais
passam
[+altas]
paralelamente,
paralelamente,
[u]–e.aeaqui
(que
(que
24
série
aqui emou
anulou-se
anulou-se
das
denomino
PB
denomino vogais
aa mantêm-se
distinção
distinção
posteriores
[- aqui
[- entre
entre com[ɔ][ɔ]evelares
eos mesmos
[o],[-
[o], comcomo oque quetraços
ficoured
ficou d
entre
a a[+altas]
e [e], tendo-se
(aqui
––aeaeparalelamente,
mantido
[+recuadas]
[+recuadas]
denominadas apenas [e] e e
eestão [i],
também
também
[+recuadas])”. na série a das tónicas
vogais
[+altas] anteriores
– em PB palatais
mantêm-se
mantêm-se (que com denomino
com os)”. os mesmos
mesmos traços
traços das das
te,
nte,
mente, anulou-se
anulou-se
[+altas]
anulou-se
recuadas]); aem
distinçãoPB
distinção
em PB mantêm-se
distinção entre
entre
mantêm-se
entre Em[ɔ]
tónicas[ɔ]
anulou-se
com
eee[o],
[o],
[ɔ](iii)-(vii)
24
24 com
[o],
a. comos
comos
com
distinção
mesmos
ovogais
que
oovogais
mesmosque
que
entre ficou
resumidasficou traços
traços
posteriores
posteriores
[ɔ] e as das
reduzida
reduzida
[o], das ao [o]
constatações
ou
ou velares
com que e(aqui[u]
ficou a série
decorrentes
[u] série das
denominadas
adenominadas
reduzida das
da[o]
a observação
[+recuadas
[+recuadas
e [u] a sériedos
)”. dasexemplos
lares
elares
velares (aqui
(aqui
(aqui denominadas
denominadas
denominadas 20 No tónicas
[+recuadas
[+recuadas
apresentados:
[+recuadastónicas
dialeto )”.
24
)”.
)”. ..
padrão do20PE 20
NoNo asdialeto
vogais
dialeto
(vi) As vogais
fonológicas
padrão
padrão do PE /e/
do
médias
as evogais
/ɛ/
vogais
/o/
antes ede/ɔ/consoante
fonológicas
fonológicas
realizam-se
/e/eee/palatal
/e/ / /não
/antes
emreal-
antes
PEconsoante
como [+altas]
dedeconsoante palatalre
palatal
vogais posteriores ou velares
(vi) As (aqui vogais denominadas médias [+recuadas
/o/ )”.
e /ɔ/realizam-se
realizam-se em PEcomo como [+altas] mostram alteração
PE
do ɔ/PE realizam-se
/ɔ/PEasrealizam-se
as
20asvogais
Novogais
vogais
dialeto em PE
fonológicas
fonológicas
fonológicas
em
padrão PE (vi)
como
izam-se(vi)
/e/
como
do /e/
PE As
asAs ///vogais
/e/e[+altas]
e//vogais
emuitas
[+altas] /vogais
antes
antesvezes
antes de
de
nãomédias
médias
eefonológicas
não
de mostram
consoante
consoante
como [ɐ]
consoante
mostram /o/
/o/
[ɐ]/e/ (telha
(telha epalatal
/ /ɔ/
alteração
epalatal /[tɐ
palatal [tɐ
alteração ʎɐ
antes
PB. em
ʎɐrealizam-se
realizam-se
fecho
,,defecho
realizam-se A vogal
consoante[fɐʃu em
muitas
muitas /a/
PEna
com
)palatal sílaba
vezes
alteração
alteração
vezes como
como
realizam-se
átona
[+altas]
[+altas]
do traço
dotraço
traçopassa
ee [recuado]
muitas não
nãorecuado
recuado
vezes
amostram
[ɐ],
mostram [-baixa],
que
que
como que alteração
passa
passa de em-recuado
alteração
de
25
PE eme en
em
-recuad
átona
[fɐ

o ʃu
ʃu
[fɐ )
ʃu ) passa
com
com) com a [ɐ],
alteração
alteração
alteração [-baixa],
passa
do
do do traço
traço
traçodeem PB.
PB.
PB. PE
[-recuado]
recuado
recuado
recuadoAA
A e vogal
vogal
vogal
não a
que
queque /a/
/a/
/a/
altera
[+recuado],
passa
passa
passa na
nana
em de
de sílaba
sílaba
PB
dialetos,
dialetos,
de
25
mas 25e.
-recuado]
-recuado]
e
-recuado]noátona
(vii)
átona
em
no Os
outros
a
interior
interior
a passa
passa exemplos
de a a
dialetos,
[+recuado],
[+recuado],
[+recuado], um [ɐ],
[ɐ],mesmo
mesmo e[-baixa],
de
[-baixa],
mas
mas no (c)
interior
em
dialeto,
emdialeto, e
em
outros
outros em
(d)PE
de PE
mostram
um
existee
e
existe e
não
não não
mesmo
uma
uma altera
altera altera
mais
variação em
em
dialeto,
variação em
uma PB
PB
entre
entre PB
25
vez
25
ɐ..,
ɐ ,e.
queee eno P(
([f
ba átona passa[tɐ
[ɐ] (telha a ʎɐ
[ɐ],, fecho
[-baixa],(iii)
[fɐʃuem Os ) comexemplos
PE ealteração
não altera dedo(a) emmostram
traço PB recuado . que quetodaspassa as de vogais
-recuado] fonológicas
a [+recuado], podem
mas em integrar
outros sílabas
de
e(d) de
umum
(d) um mesmo
mostram
mesmo mesmo
dialetos,
mostram dialeto,
dialeto,
emais
dialeto,
no
mais umaexiste
interior
umaexiste(vii)
(vii)
existe
vez
(vii)
de
vez uma
umuma
que
uma Os
Os
tónicas
quemesmo no
variação
variação
Os no exemplos
exemplos
variaçãoPE
exemplos entre
entre
eentre
dialeto,
tanto
PE no
eentre
em de
PB,
de
noexiste
PE deɐuma
uma
[ɐ],
PB, (c)
(c)
ɐɐ,como
,(c)
,em eesílaba
eesílaba
editongação
[e]
uma
em (d)
eeditongação (d)PB.
[ɛ]
variação
em mostram
mostram
([fɐ
([fɐ pós-tónica,
da
ʃu
átona
da
ʃu tónica
// féʃu
tónica
entre ɐmaismais
e// jʃu
,([fɐ [f
[f
eumauma
asʃu])
).vogais
ʃu]) eevez
vez
([fɐ mesmo
mesmo
ʃu que que
/ /i/ no
no
féʃu no
euma/u/
PE
/PE PEnão
ee no
[f ditongação
ʃu]) ee alteram.
no noPB,PB,
PB,
mesmo daemem
em As
sílaba
sílaba sílaba
vogais átona
átona áto
m
nica
aca/i/
/i/ ([fɐ
([fɐ ([fɐ
e euma
jʃu
/u/jʃu
/u/jʃu
). ). alteram.
ditongação
).não
não alteram.datónica
tónica
As(iv)vogais
As vogais pós-tónica,
Ospós-tónica,
([fɐ jʃu ).médias
exemplos
pós-tónica,médiasde as(b)vogais
as
[-recuadas],
as vogais
mostram
vogais
[-recuadas], /i//i/
[e] eee/u/
[e]que /u/
[ ],não
as nãoalteram.
vogais alteram.
/i/ e /u/ As seAs vogais
vogais
realizam em médias
médias
médias [-recuadas],
[-recuadas],
sílaba[-recuadas],
átona como [e] [e] [e]
as ee [[ e],],[
21 Algumas tónicaspalavras correspondentes,
com sufixos tanto
21
Algumas em PE
diminutivos como
palavras em PB.
e todas
com as quediminutivos
sufixos são formadas comassufixos
e todas que são formadas com suf
(v)
iniciados Ainda
por /z/ nos exemplos
nãocom mostram de /z/(b),
nãoamostram
alteração realização
nas vogais das
átonas vogais médias com
pré-acentuadas /e/ (bolinha
esufixos
/ / constitui uma das
alteração nas vogais átonas pré-acentuadas (bolinha [bɔlíɲɐ],porferrinho [f ʀíɲu],
21
nutivos e etodas
minutivos todasasasque
quesão
são 21 Algumas
formadas
21
formadas
Algumas com palavras
com sufixos
sufixos
palavras
palavras com
com sufixos
iniciados
iniciados
sufixos
sufixos por
por diminutivos
/z/ não
diminutivos
diminutivos e etodas
mostram todas asas que
que sãosão formadas
formadas com sufixos
com sufixos iniciados
iniciados
iniciados por por /z/ não
/z/não
/z/ não mostr
mostram
mostram
tuadas
ntuadas(bolinha ferrinhomaiores
[bɔlíɲɐ],ferrinho
(bolinha[bɔlíɲɐ], ferrinho
alteração
alteração
alteração [fnasʀíɲu],
[fnas diferenças
vogais
ʀíɲu],
vogais
vogaispapelzinho
papelzinho
papelzinho
átonas
átonas
entre
[pɐp
[pɐp as duas
também
lzíɲu]).
átonas pré-acentuadas
pré-acentuadas
lzíɲu]).
pré-acentuadas
variedades:
numerosas
Existem
Existem(bolinha
Existem
(bolinha também realizam-se
palavras
[bɔlíɲɐ],
[bɔlíɲɐ], que
numerosas como
apresentam
ferrinho
ferrinho palavras
[f ʀíɲu], [f [ɨ] em
vogais
ʀíɲu],
ʀíɲu], que PE – o que
abertas
apresentam
papelzinho
papelzinho
papelzinho [pɐp
[pɐp
significa
(baixas)
[pɐp emExistem
lzíɲu]).
lzíɲu]).
lzíɲu]). posição
Existp
Existem
sentam
esentamvogais vogaisabertas
abertas(baixas)
(baixas)
vogais
também
também
também em
em uma
posição
posição
abertas
numerosas
numerosas
numerosasalteração
pré-tónica
pré-tónica
(baixas) nos
emmas
palavras
palavras
palavras traços
mas que
que
posição
que
que
que de
integradas
não
não
pré-tónica
apresentam
apresentam
apresentam ponto
podem
podemvogais de
numa
sermas
vogaisarticulação
regra
que
abertas porque
não
abertas epodem
deestão
(baixas)
(baixas) altura
emser
emmarcadas dessas
integradas
posição
posição posição vogais,
no léxicoque
numa
pré-tónica
pré-tónica
pré-tónica damas
regra
mas
mas passam
língua
queque
que não
não atêm
e não portant
podem
podem
podem ser
ser
marcadas
marcadasnonoléxico léxicodadalíngua
língua eetêm
integradas
integradas
porque
integradas [+recuadas]
têm
estãoportanto
portanto
numa
numa
numa queeporque
que
regra
regra
marcadas também
ser
nomemorizadas
ser
porque
porquememorizadas
léxicoestão
estão
estão a[ʃk
da [+altas]céɾ),
marcadas
marcadas (esquecer
(esquecer
língua e–nono
corar e[kɔɾáɾ],
têm em
léxico
léxico PB mantêm-se
direção que[diɾ
dalíngua
portanto
da línguaeser
têm wportanto
estêm com
portanto
memorizadas os que
]).portanto mesmos
que que
ser ser
(esquecer
ser traços das(esquecer
memorizadas
memorizadas
memorizadas (esque
(esquecer
ww
]).]). 24
céɾ),tónicas .
s
ww]).]vogais
22
[ʃk
[ʃk
[ʃk céɾ), corar
corar
corar [kɔɾáɾ],
[kɔɾáɾ], direção[diɾ
direção
direção [diɾssAs
[diɾ ). átonas pós-tónicas não finais incluídas em (c) não são determinada
oinais
finaisincluídas
incluídasem em(c)(c)não
não são
(vi) determinadas
As vogais a partir
partir de
amédias de
/o/ contrastes
e /ɔ/ realizam-se comode nos (a)em PE
22são
(c)como [+altas] e não mostram alteração emcomo
22
22 determinadas contrastes
exemplos como e (b) por seguirem as regras gerais do PEde e dcontrastes
PB.
sregras
regrasgerais geraisdodoPE
As vogais átonas
PB.As vogais
PEe eddPB.
átonas pós-tónicas
átonas pós-tónicasnão
pós-tónicas não
não finais incluídas em não são
23 finais incluídas em (c) não são determinadas a partir
determinadas
determinadas aa partir
partir de contrastes
25de contrastes como nos n
nos
como
exemplos
exemplos
exemplos PB. deA
de (a)
(a)
(a) vogal
ee (b)
(b) /a/ seguirem
por
por
por na sílabaas
seguirem
seguirem átona
as A
regras
regras vogal passa [i] apode
gerais
gerais [ɐ],
dodoPE [-baixa],
encontrar-se
PEe de PB.
d PB.ememPEPEe em nãoposiçãoaltera em final,PBem .algumas palavras imp
PE em posição final,
E em posição final, em algumas em algumas palavras
palavras
23 (vii) importadas
importadas ou
ou cultas
cultas como
como táxi
táxi [táksi]
[táksi]
23
23 vogalOs
AAvogal [i]exemplos
[i] pode
pode encontrar-se
pode de (c) em
encontrar-se
encontrar-se eem
em (d)
ePEjúri
PE mostram
em em [úɾi],
posição
posição mais
sendofinal,uma
no
final,emem vez
entanto
algumas quepalavras
algumas no
excecional
palavras
palavrasPEesta e no
importadas
importadasPB, em
ocorrência.
importadas sílaba
ou cultas
ou cultas
ou átona
como
como
cultas como táxitáxi
táxi [táksi]
[táksi]
[ták
onalesta
nal estaocorrência.
ocorrência.
júri
eeejúri pós-tónica,
júri[úɾi],
[úɾi],
[úɾi], sendo
sendo
sendo as vogais
no entanto
no
no entanto
entanto /i/
24
excecional
excecional
excecional Ée possível /u/ esta
estanão quealteram.
ocorrência.
ocorrência. As vogais
frequentemente [e] emédias[ ] convirjam [-recuadas],
para [e], [e]emborae [ os], dialetos ba
e[ [] convirjam
] convirjampara para[e],
[e],embora
embora os
os dialetos
dialetos baianos
baianos ee alguns
alguns nordestinos
nordestinos
mbas 2424
24
ÉÉpossível
possível
possível que
que frequentemente [e]
frequentemente [e] mantenham
e [ ] convirjam (ou mesmo
para [e],realizem)
embora os ambas
dialetos
dialetos as vogais
baianos
baianos [-recuadas]
ee alguns como [+baixas], [ ].
algunsnordestinos
nordestinos
as asasvogais vogais[-recuadas]
[-recuadas]como como
É [+baixas],
[+baixas], que[[ ].].
frequentemente [e]25 e [ ] convirjam para [e], embora os dialetos baianos e alguns nordestinos
21
mantenham
mantenham (ou mesmo
(ou mesmo
Algumas palavras realizem)
realizem)
com sufixos A não
ambas
ambas ser em
ase vogais
diminutivos todas final absoluto
as[-recuadas]
que são como com
formadas [+baixas],
sufixos[[iniciados
[+baixas], ].]. por /z/ não mostram
15
38 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

[ú] bula [bú]l] [u] [bu]linha [u] [bu]linha


[á] casa [ká]sa [ɐ] [kɐ]sinha [a] [ka]sinha

c)(c)Átonas pós-tónicas
Átonas pós-tónicas não
não finais
finais22
22
(d) Átonas(d) Átonas
finaisl23 finaisl
23

PE PB PE PB
[i] súbito sú[bi]to sú[bi]to
[u] cómoda có[mu]da có[mo]da [ɨ] jure ju[ɾɨ jú ɾi
[] sábado sá[b]du sá[ba]du [ɐ] jura ju[ɾɐ] jú ɾɐ]
[ɨ] vértebra vér[tɨ]bra vér[ti]bra [u] juro jú[ɾu] jú ɾu
[u] régulo ré[gu]lo ré[gu]lo

Em (iii)-(vii) estão resumidas as constatações decorrentes da observação dos exemplos


Emapresentados: [ú] bula as
(iii)-(vii) estão resumidas [bú]l]
constatações decorrentes [u] [bu]linha
da ob- [u] [bu]li
[á] casa [ká]sa [ɐ] [kɐ]sinha [a] [ka]si
servação(iii)dos exemplos
Os exemplos apresentados:
de (a) mostram que todas as vogais fonológicas podem integrar sílabas
tónicas tanto em PE como em PB.
(c) Átonas pós-tónicas não finais22 (d) Átonas finaisl23
iii) (iv)
OsOsexemplos de(b)
exemplos de (a)mostram
mostram que que todas/i/ as
as vogais vogais
e /u/ fonológicas
se realizam em sílabapodem
átona como as
tónicas correspondentes, tanto em PE como em PB.
(v)integrar sílabas
Ainda nos tónicas
exemplos tanto
de (b), em PE como
a realização PE em PB.
das vogais PB /e/ e / / constitui
médias PE uma das PB
[i] as duas
maiores diferenças entre súbitovariedades:sú[bi]to
realizam-se sú[bi]to
como [ɨ] em PE – o que significa
iv) Osumaexemplos
alteraçãode (b)traços
nos mostram
[u] quedeasarticulação
de cómoda
ponto vogais /i/e ede/u/
có[mu]da se realizam
có[mo]da
altura em sílaba
dessas vogais, [ɨ]
que jure
passam a ju[ɾɨ jú
[+recuadas] e também [] a [+altas]
sábado – e emsá[b]du
PB mantêm-se com os mesmos
sá[ba]du [ɐ] traços
jura das ju[ɾɐ] jú
átona como
tónicas24.
as tónicas correspondentes, tanto em PE como em PB.
[ɨ] vértebra vér[tɨ]bra vér[ti]bra [u] juro jú[ɾu] jú
(vi) As vogais médias /o/[u] e /ɔ/ realizam-se
régulo em ré[gu]lo
PE como [+altas] e não mostram alteração em
ré[gu]lo
v) Ainda nos exemplos de (b), a realização das vogais médias /e/
PB. A vogal /a/ na sílaba átona passa a [ɐ], [-baixa], em PE e não altera em PB . e / / cons-
25

(vii)
tituiOsuma
exemplos de (c) e (d)
das maiores mostram mais
diferenças entre uma duas
vez que no PE e no realizam-se
PB, em sílaba átona
pós-tónica, as vogais Em /i/ e(iii)-(vii) estão as
/u/ não alteram. resumidas variedades:
As vogaisasmédias
constatações decorrentes
[-recuadas], [e] e [ da
], observação d
como [i] em PE apresentados:
– o que significa uma alteração nos traços de ponto de
21
articulação
Algumas e desufixos
palavras com altura dessasevogais,
diminutivos que
todas as que sãopassam
formadas acom[+recuadas] e também
sufixos iniciados por /z/ não mostram
(iii) Os exemplos
alteração nas vogais átonas pré-acentuadas (bolinha de (a) mostram
[bɔlíɲɐ], ʀíɲu], todas
ferrinho [f que as vogais
papelzinho fonológicas
[pɐp lzíɲu]). Existem podem inte
tambéma [+altas]
numerosas –palavras
e em quePBapresentam
mantêm-se vogaiscom
tónicas tanto em os(baixas)
PE
abertas mesmos
como em traços
emposição das tónicas
PB. pré-tónica 24
mas que . não podem ser
integradas numa regra porque(iv) estão
Osmarcadas
exemplos no léxico
de (b)da língua e têmque
mostram portanto que ser memorizadas
as vogais /i/ e /u/ se (esquecer
realizam em sílaba át
vi) As vogais médias /o/ sew/])./ realizam-se
[ʃk céɾ), corar [kɔɾáɾ], direção [diɾ tónicas
22
correspondentes, em PE tantocomoem PE[+altas]
como eem nãoPB.mos-
As vogais átonas pós-tónicas não finais incluídas em (c) não são determinadas a partir de contrastes como nos
(v) asAinda nos exemplos PB.de (b), a realização das vogais médias /e/ e / / const
tram
exemplos alteração
de (a) em PB. regras
e (b) por seguirem A vogalgerais /a/
do PEnae dsílaba átona passa a [ ], [-baixa],
23
A vogal [i] pode encontrar-se emmaiores
PE em posiçãodiferenças
final, ementre aspalavras
algumas duas variedades: realizam-se
importadas ou cultas como táxicomo
[táksi] [ɨ] em PE – o q
e júri em PE e não altera em PBesta . ocorrência.
25
[úɾi], sendo no entanto uma
excecional alteração nos traços de ponto de articulação e de altura dessas vogais, q
É possível que frequentemente [e][+recuadas]
e [ ] convirjam eparatambém a os[+altas] – e em PB nordestinos
mantêm-se com os mesmo
24
[e], embora dialetos baianos e alguns
vii) Os exemplos
mantenham
25
de (c) ambas
(ou mesmo realizem) etónicas
(d) asmostram
24
vogais mais uma
. [-recuadas] vez que[ no
como [+baixas], ]. PE e no PB, em
A não ser em final absoluto
(vi) As vogais
sílaba átona pós-tónica, médias
as vogais /i/ e /o/
/u/ enão
/ɔ/ alteram.
realizam-se
Asem PE como
vogais [+altas] e não mostram a
médias
PB. A vogal /a/ na sílaba átona passa a [ɐ], [-baixa], em PE e não altera em PB
[-recuadas], [e] e(vii)
[ ], reduzem--se
Os exemplos de a [i]
(c)no PE mostram
e (d) e a [i] nomais
PB;uma
as [+recu-
vez que no PE e no PB, em
pós-tónica,
adas], [o] e [ ], convergem em [u]asemvogais
ambas /i/ as
e /u/ não alteram.
variedades. As vogais
A vogal [ ] médias [-recuadas
parece ocorrer21nas duas variedades em final absoluto.
Algumas palavras com sufixos diminutivos e todas as que são formadas com sufixos iniciados por /z
alteração nas vogais átonas pré-acentuadas (bolinha [bɔlíɲɐ], ferrinho [f ʀíɲu], papelzinho [pɐp lz
também numerosas palavras que apresentam vogais abertas (baixas) em posição pré-tónica mas que
integradas numa regra porque estão marcadas no léxico da língua e têm portanto que ser memoriz
[ʃk céɾ), corar [kɔɾáɾ], direção [diɾ sw]).
22 As vogais átonas pós-tónicas
22 não finais incluídas em (c) não são determinadas a partir de
As vogais átonas pós-tónicas não finais incluídas em (c) não são determinadas a partir de contra
contrastes como nos exemplos de (a)de
exemplos e (b)
(a) epor
(b) seguirem
por seguiremasasregras
regrasgerais doPE
gerais do PEe ed PB.
d PB.
23
23 A vogal [i] pode encontrar-seA vogalem[i]PE
podeemencontrar-se
posição final,
em PE ememalgumas palavras
posição final, importadas
em algumas palavras importadas ou cultas co
ou cultas como táxi [táksi] eejúri sendononoentanto
júri [úɾi], sendo entanto excecional
excecional esta ocorrência.
esta ocorrência.
24
24 É possível que frequentementeÉ possível
[e]que
e [frequentemente [e] e [[e],
] convirjam para ] convirjam
emborapara [e], embora
os dialetos os dialetos baianos e alguns nord
baianos
mantenham (ou mesmo realizem) ambas as vogais [-recuadas] como [+baixas], [ ].
e alguns nordestinos mantenham
25 (ou mesmo realizem)
A não ser em final absoluto
ambas as vogais [-recuadas] como
[+baixas], [ ].
25 A não ser em final absoluto.
O COMPORTAMENTO DASaVOGAIS...
reduzem--se [ɨ] no PE/ MeiraaM[i] no 39
PB; as [+recuadas],
ateus
[o] e [ɔ]
ambas as variedades. A vogal [ɐ] parece ocorrer nas duas varieda
reduzem--se a [ɨ] no PE e a [i] no PB; as [+recuadas], [o] e [ɔ]
ambas as variedades. A vogal [ɐ] parece ocorrer nas duas varieda
As alterações
As alterações do vocalismo
do vocalismo átono noátono
PE eno
noPE
PBeestão
no PB estão representada
represen-
As setas
tadas As que
nos apontam
Quadros
alteraçõesIII do para
e IV. As as realizações
setas
vocalismo átono nofonéticas
que apontam para as
PE e no PB das estão
átonasrepresentada
realizações podem se
tipo de
fonéticasformalização,
das átonas como
podem serregras gerais
entendidas, do
num vocalismo
outro tipo
As setas que apontam para as realizações fonéticas das átonas podem átono.
de for- O Quadro se
o Quadro
malização, iV,
como ao PB.
regras Estes
gerais doquadros, que
vocalismo foram
átono. O Quadro
construídos
tipo de formalização, como regras gerais do vocalismo átono. O Quadro III a partir do
e o Quadro
diz respeitode
omostram
Quadro ao forma
iV,PEao PB. EstesIV,
evidente, ao PB. Estes
quando
quadros, quadros, que
comparados
que foram entreforam
construídossi, aadiferença
partir do
construídos
vogais a partir
átonas nas dos
duasexemplos de 6.1.2.1., mostram de forma evi-
variedades.
mostram de forma evidente, quando comparados entre si, a diferença
dente, quando comparados entre si, a diferença de realização entre
vogais átonas nas duas variedades.
as vogais átonas iii
Quadro nas duasAlterações
variedades.gerais das vogais átonas do Pe.
Quadro iii Alterações gerais das vogais átonas do Pe.
Quadro III. Alterações gerais das vogais átonas do PE.
+alta i ɨ u
+alta i ɨ u
–alta e o
–baixa
–alta e  o
–baixa 
+baixa ɔ
+baixa a ɔ
–recuada +recuada
a
–recuada +recuada

Quadro iV Alterações gerais das vogais átonas do PB.


Quadro IV. Alterações gerais das vogais átonas do PB.
Quadro iV Alterações gerais das vogais átonas do PB.
+alta i u
+alta i u
–alta e o
–baixa
–alta e  o
–baixa 
+baixa ɔ
+baixa a ɔ
–recuada +recuada
a
–recuada +recuada
Vejamos
Vejamos aindaainda um comportamento
um outro outro comportamento
das vogaisdas vogais
átonas em átonas em
produção oral
PE queVejamos desta
caracteriza variedade:
a produção
ainda a subida
oral desta
um outro das vogais
variedade: adas
comportamento subidarepresentada
das átonas no
vogais em
consequência
produção oral odesta
seu variedade:
frequente a desaparecimento
subida das vogais(ourepresentada
a sua supre
no
consequência o seu frequente desaparecimento (ou a sua supre
40 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

17
vogais representada no Quadro III tem como consequência o seu
frequente desaparecimento (ou a sua supressão) na língua oral, no-
meadamente meadamente
da vogal [ɨ] da
quevogal
nomeadamente ocorre[i] que
da ocorre
entre entre
consoantes
vogal [ɨ] que consoantes
ouocorre
em fim oude
entreempalavra
fim de depois
consoantes ou deem fim
nsoante26 (pequeno,
palavradecifrar
depois de
terreno,
consoante 26
consoante
separa
(pequeno,
26
(p.ex. meter [mtéɾ],
meter
p.ex.decifrar [mté
terreno,], despegar [dʃpgáɾ],
separa p.ex. meter bate [bát],despe
[mtéɾ],
que [tɨk], desprestigiar
bate [bát],[dʃpɾʃtiʒiáɾ]).
[t ́k], Nestas
toque [tɨk], palavras
desprestigiar e em outras Nestas
[dʃpɾʃtiʒiáɾ]). semelhantespalavrasencontramos
e em outras no seme
vel fonético a emsequências de duas consoantes,
nível fonéticoencontramos
outras semelhantes de três,
a sequênciasno nível de quatro e
duas fonético até
consoantes, cinco consoantes seguidas
de três, de quatro e até cin
a sequências
que torna muitasde vezes a perceção
o que torna
duas consoantes, das frases
demuitas
três, de difícil
vezes
quatro mesmo
e até para
a perceção cinco osconsoantes
das falantes de segui-
frases difícil PB. É importante
mesmo para os falan
e na aquisição da línguaque materna
na e na
aquisição aprendizagem
da língua do
materna português
e na como língua
aprendizagem segunda
do ou
português c
das o que torna muitas vezes a perceção das frases difícil mesmo
rangeira o ensino tenha estrangeira
em conta aso diferenças
ensino aqui
tenha em analisadas
conta as porque elas
diferenças são
aqui centrais na porq
analisadas
municação entre parafalantes
os falantes
da mesma de PB. línguaÉ importante
sobretudo que naseaquisição
quando da língua
trata da sobretudo
mesma língua.
materna e na comunicação
aprendizagem entredofalantes
português da mesmacomo língua
língua segunda ou quando se trata da
Finalmente,estrangeira o ensino
numa perspetiva de tenha
ensinoem énumaconta as diferenças
indispensável aqui analisadas
Finalmente, perspetivaque de oensino
aprendente da variedade
é indispensável quePEo apre
me consciência porque elas sãoàscentrais
das exceções regras na comunicação
gerais até aqui entre falantes
referidas. Em sobretudo
6.1.2.2. estão incluídos
tome consciência das exceções às regras gerais até aqui referidas. Em
emplos dessasquando se trata
exceções. da mesma
exemplos dessaslíngua.
exceções.
Finalmente, numa perspetiva de ensino é indispensável que o
6.1.2.2.Exemplos de exceções às regras do vocalismo átono em PE
aprendente da variedade PE tome consciência
6.1.2.2.Exemplos de exceções das exceções
às regrasàs dore-
vocalismo átono em
gras gerais até aqui referidas. Em 6.1.2.2.
(a) Sílabas terminadas por [l] e sílabas com ditongo em núcleo de sílaba estão incluídos exemplos
dessas exceções.(a) Sílabas terminadas por [l] e sílabas com ditongo em núcleo de sí
salto [á] saltar [a]
mal [á] salto maldade [á] [a] saltar [a]
6.1.2.2. Exemplosmal de exceções [á]às regras do vocalismo maldade átono em PE [a]
relva [] relvado []
relva por [l]
(a) Sílabas terminadas []e sílabas com ditongo em relvado
núcleo de sílaba []
belo [] beldade [ ]
belo [] saltar [a]beldade [ ]
incrível [] salto [á]
incrível []
golpe [•] mal [á] golpear maldade [] [a]
volta [•] relva [ ́] golpe voltar [•] []
relvado [ golpear
́] []
solta [ó] belo [volta
́] soltar [•] beldade [o] [ ] voltar []
volvo [ó] solta volver[ó] [o] soltar [o]
incrível ́[ ]
soldo [ó] volvo soldado [ó] [o] volver [o]
golpe [soldo
́] [ó] golpear [ ] soldado [o]
bairro [áj] volta [ ́] bairrista voltar [aj] [ ]
gaita [áj] bairrogaitinha [áj] [aj] bairrista [aj]
solta [ó] soltar [o]
loira [ój] gaita aloirada [áj] [oj] gaitinha [aj]
boi [ój] volvo [ó] loira boiada[ój] volver [oj] [o] aloirada [oj]
causa [áw] soldo [ó] boi causar[ój] soldado [aw] [o] boiada [oj]
causa [áw] causar [aw]
Nos exemplos de (a) as vogais átonas não se elevam e também não são suprimidas – ou
a, não estão sujeitas à regra
26 Também gera
a vogal Nos
[u] do PE –da
exemplos
resultante por integrarem
subidadedas
(a)vogais sílabas
as vogais comser[l]
[o] e [ ]átonas
pode nãoemsecoda
suprimida ou por
elevam
embora e também não s
menos frequentemente do que [i].
seja, não estão sujeitas à regra gera do PE – por integrarem sílabas com [l]
Também a vogal [u] resultante da subida das vogais [o] e [ɔ] pode ser suprimida embora menos frequentemente do
e [ɨ]. 26
Também a vogal [u] resultante da subida das vogais [o] e [ɔ] pode ser suprimida embo
que [ɨ].
O COMPORTAMENTO DAS VOGAIS... / Mira Mateus 41

bairro [áj] bairrista [aj]


gaita [áj] gaitinha [aj]
loira [ój] aloirada [oj]
boi [ój] boiada [oj]
causa [áw] causar [aw]

Nos exemplos de (a) as vogais átonas não se elevam e também


não são suprimidas – ou seja, não estão sujeitas à regra geral do PE
– por integrarem sílabas com [l] em coda ou por fazerem parte de um
núcleo com ditongo, portanto, em consequência do contexto silábico
a que pertencem.
(b) Exceções não analisáveis por aplicação de regras

Existem outras excepções ao comportamento regular das vogais


átonas em PE que estão exemplificadas em (b). A realização das vo-
gais átonas nestas palavras obriga a uma memorização por parte dos
aprendentes de português, visto não estarem sujeitas às regras gerais
de aplicação em sílaba átona. Vejam-se exemplos.
invasor [a]
relator [a]
redacção [a]
protector []
absorver []
adoptar []

pregar [ ]27
corar []
aquecer []

27 As vogais nestes últimos exemplos resultam de uma crase, o que as impede de se eleva-
rem e muito menos de serem suprimidas.
42 Lingüística 30 (2), Diciembre 2014

Termino salientando a importância do estudo das variantes de


uma língua de modo a que se perceba e se aceite a especificidade
das variedades a par dos aspetos comuns. Num mundo globaliza-
do em diversas áreas vivenciais, existem forçosamente línguas que
são pontes entre comunidades, línguas que são portadoras de força
económica e empresarial. Mas a seu lado permanecem as línguas
identificadoras de uma comunidade que são um suporte e um enri-
quecimento da sua história e da sua cultura.
A língua portuguesa é uma língua “pelo mundo em pedaços re-
partida”, é utilizada no quotidiano por muitos milhões de pessoas e
distribui-se por um espaço imenso. É natural, portanto, que a sua va-
riação seja notória e que o estudo dessa variação se torne a atrativo e
estimulante. Porém o facto de, como linguistas, investigarmos a di-
versidade que qualquer língua apresenta não justifica a perspetiva de
criação de novas línguas por divisão das existentes. Pelo contrário, o
estudo e o consequente ensino das variantes de uma língua são parte
importante da sua riqueza e do fortalecimento da sua identidade.

7. Referências Bibliográficas
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guês, Boletim de Filologia, 26: 70-81.
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