Você está na página 1de 4

Disciplina: Linguística Aplicada

Docente: Graziela Mota


Turma: A1 ( x ) A2 ( ) A3 ( )
Aluno(a): Wannda Dias Blanco Sanches de
Matrícula: 20201101189
Souza
Nota da Prova: Nota Final:
Instruções:
Prezado(a) aluno(a), a prova é individual e a interpretação faz parte do contexto geral da prova. A resposta
deve ser redigida ou assinalada à caneta e não serão aceitas rasuras nas questões objetivas.

(ENADE – 2014 – Adaptada)

1.
Restos
Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! Eu juro, seu poliça,
foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura,
uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer ... Aí quando
eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto.
Quase desmaiei, até.
Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagine: fiquei de pernas bambas.
Deu-me até tontura. Acho que também por causa do fedor... Uma carniça que só o senhor cheirando, pra
saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui!
Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua carinha de sofrimento.
Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu
fiquei morrendo de pena... E de medo, também... Os olho...
É do que mais me alembro... Esbugalhados, mas com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai!
Soltei um berro e saí correndo.
SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação linguística e texto literário: perspectivas
para o ensino.
Cadernos do CNLF, v. XIV, n. 4, t. 4, 2010, p. 3310 (adaptado).

A variação linguística tem que ser objeto e objetivo do ensino de língua: uma educação
linguística voltada para a construção da cidadania numa sociedade verdadeiramente democrática
não pode desconsiderar que os modos de falar dos diferentes grupos sociais constituem elementos
fundamentais da identidade cultural da comunidade e dos indivíduos particulares (BAGNO,
2015).

Discorra sobre a temática aventada em “A língua de Eulália”, de Marcos Bagno,


abordando as três assertivas abaixo. Ao desenvolver seu texto, não deixe de relacionar as
ideias do livro às proposições que seguem. (3,0)
(Texto de 12 a 20 linhas)

I. A redução do verbo "estar", como em "tá" e "tava", é uma característica evidenciada na


fala de sujeitos escolarizados e não escolarizados.
II. A eliminação da marca de plural, como em "os pedaço" e "pernas bamba", é um traço
das variedades linguísticas populares faladas e escritas.
III. A prótese do fonema /a/ em "alembro" é uma característica associada à história da
língua portuguesa.
2. Na Linguística, sempre houve muitas discussões em torno de qual paradigma teórico é o melhor para se
entender os fenômenos linguísticos (...) Outra questão que tem gerado muita discussão entre os linguistas
é a que diz respeito a formalismo e a funcionalismo. Enquanto muitos formalistas e funcionalistas
debatem para tentar provar que um paradigma é melhor que o outro, alguns linguistas percebem que tal
comparação é impraticável e que, em verdade, esses dois paradigmas se complementam no sentido de
ajudar a Linguística a melhor entender seus fenômenos (OLIVEIRA, 2003).

Discorra sobre os conceitos de Funcionalismo e Formalismo, conforme discutido em aula.


Ao elaborar seu texto, considere a frase “Maria a chegou” como ponto de partida para
distinguir os dois paradigmas linguísticos. (3,0)
(Texto de 12 a 20 linhas)

Em seu texto, não deixe de abordar os seguintes pontos:

I. Visão funcionalista versus visão formalista;


II. A discussão acerca do ensino formal de gramática na aprendizagem de línguas estrangeiras;
III. Aspectos formais da língua versus a produção de linguagem inserida em um meio social;
IV. O papel do linguista aplicado na contemporaneidade.

3. Na Linguística, sempre houve muitas discussões a respeito do paradigma formalista e


funcionalista da linguagem. Avalie as assertivas a seguir: há duas opções incorretas. Aponte-as e
apresente a devida correção. (Máximo de 5 linhas)

a) O formalismo se refere ao estudo das formas linguísticas, entendendo o objeto de estudo


contextualizado. A Sociolinguística é um ramo da Linguística dedicado aos estudos formais
da Língua;
Incorreta, pois o Formalismo estuda a língua de forma individual e autônoma,
valorizando o ensino formal da sintaxe. A Sociolinguística refere-se ao estudo do
comportamento linguístico relacionado aos aspectos sociais, a diversidade linguística e
suas variações existentes na estrutura social.
b) Saussure e Chomsky, autores formalistas, afirmam que a estrutura linguística pode variar de
acordo com o uso em situações comunicativas;
Incorreta, pois os formalistas não acreditam que a estrutura linguística possa mudar de
acordo com o contexto social.

c) A crítica dos formalistas aos funcionalistas está associada à inserção dos fenômenos
psicológicos e sociológicos à análise da linguagem. De acordo com os formalistas, os
aspectos sociais e psicológicos deveriam ser analisados na seara das ciências sociais.

ATENÇÃO:
ESPAÇO PARA AS RESPOSTAS (MÉDIA DE 12 A 20 LINHAS PARA CADA QUESTÃO –
QUESTÃO 1 e QUESTÃO 2)
QUESTÃO 3 – APRESENTAR A RESPOSTA CORRETA PARA AS DUAS OPÇÕES INCORRETAS

QUESTÃO 1

No livro “A Língua de Eulália”, Marcos Bagno reforça a importância da desmistificação


do “mito da unidade linguística”. O autor valoriza e defende as variações linguísticas e mostra
como o preconceito linguístico afeta as classes menos privilegiadas. O linguista também defende
que, mesmo que o falante possua conhecimento sobre a norma padrão da língua, o seu sucesso ou
ascensão não estão garantidos exclusivamente por isso.
Ambas as variações como a redução do verbo “estar” e a redução do plural nas expressões
mencionadas, são traços da oralidade. Ao decorrer do livro e de outros estudos de Bagno, ele
argumenta a riqueza da língua falada e mostra que falar dessa forma não é um problema, pois
toda língua passa por transformações e que a correção não se faz necessária se a mensagem foi
estabelecida e compreendida entre os falantes. Bagno salienta que, na fala há muito mais
semelhanças do que diferenças entre as línguas e enfatiza que falantes de regiões diferentes
conseguem se comunicar perfeitamente mesmo com todas as variedades na fala, e que mesmo
falando “errado”, não significa que não são capazes de aprender e compreender as regras
gramaticais.

QUESTÃO 2

O fenômeno formalista preocupa-se em observar a estrutura da língua de maneira


individual, como um sistema que privilegia a competência e o desempenho do falante, desgarrada
das interações sociais e comunicativas que o cerca. O fenômeno funcionalista também estuda a
língua de maneira individual, porém há uma preocupação com o contexto e pela interação social.
Nesse conceito, a língua deixa de ser um sistema e passa a ser considerada como uma ferramenta
de comunicação.
Ao observarmos “Maria a chegou”, podemos concluir que, mesmo com ou sem contexto,
a expressão possui caráter agramatical e não deve ser considerada uma sentença, porém embora
não possua coerência, o interlocutor consegue identificar facilmente o seu sentido. Dessa forma,
podemos identificar mais uma característica desses fenômenos, especialmente o funcionalista.
Acredita-se na grande relevância dos estudos da linguística na contemporaneidade, pois
ela traz em seu escopo a desmistificação de conceitos de que os modelos da gramática tradicional
e da unidade linguística sejam, exclusivamente, a maneira correta de usar a Língua Portuguesa. O
papel do Linguista é um agente de transformação social, pois contribui na valorização das
variedades imensas de falas e na quebra de preconceitos, educando os estudiosos a respeitarem as
pessoas no seu modo de falar, não somente para o campo de Letras,  mas levando este
pensamento para  além sala de aula e  nos territórios educacionais.

Você também pode gostar