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Heloísa L.

Bellotto considera de grande relevância para o desenvolvimento de atividades


culturais junto aos arquivos, a participação dos cidadãos, ressaltando que estas entidades
otimizam mecanismos de aproximação entre o arquivo e a sociedade civil. “Neste sentido,
destaquem-se as sociedades de amigos de arquivos. Sua independência jurídico-financeira
proporciona meios de sustentar as iniciativas do arquivo público”p.07
https://www.ufjf.br/lahes/files/2010/03/c1-a56.pdf

Jenkins (1978 apud HOWLETT; RAMESH; PERL, 2013). O autor entende a política pública
como “um conjunto de decisões inter-relacionadas, tomadas por um ator ou grupo de atores
políticos, e que dizem respeito à seleção de objetivos e dos meios necessários para
alcançá-los” (Ibid., p. 8).

Para alcançarmos nossos objetivos, seguimos a proposta apresentada por Howlett, Ramesh
e Perl (2013) de uma análise da política pública que combina diferentes níveis de análise, a
saber: atores, ideias e instituições. Os atores compreendem os indivíduos ou grupos
envolvidos direta ou indiretamente no processo de uma política pública, como políticos,
partidos políticos, meios de comunicação, burocratas (funcionários do aparato
político-administrativo) e setores da sociedade civil. As ideias são as deliberações políticas,
as ideologias, os discursos que fornecem o conteúdo da política. Já as instituições são os
espaços em que as disputas políticas ocorrem e onde as políticas públicas são pensadas e
executadas (HOWLETT, RAMESH, PERL, 2013)4 .

Será que a ideia de participação, presente nos parâmetros normativos das políticas públicas
culturais, tem sido materializada nas ações dos “burocratas da linha de frente”

file:///C:/Users/maria/Downloads/FERREIRA_Rodrigo_ArtigoIndicadoresMROSC_FINAL.pdf

A avaliação e o monitoramento de políticas e programas públicos têm assumido, nos


últimos anos, papel de destaque nas funções de planejamento, orçamento e gestão
governamentais em todos os níveis da gestão pública no Brasil. Essa nova abordagem
propõe uma mudança de perspectiva no processo de planejamento e prestação de contas
governamentais. Não basta mais apenas medir insumos, produtos e resultados imediatos
das ações governamentais, também é necessário avaliar os resultados pretendidos em
termos de impacto no bem-estar do público alvo da intervenção.

O monitoramento dos resultados permite aos gestores formular políticas e projetos


baseadas em evidências, melhorando assim a qualidade, a eficácia e a efetividade das
políticas e dos programas, além, obviamente, de permitir a constituição de sólida base
informacional para a promoção da transparência na prestação de contas do uso dos
recursos públicos
Neste sentido, o MROSC é parte de conjunto de estratégias para o aperfeiçoamento do
ambiente jurídico e institucional relacionado às OSCs e a suas relações de parceria com o
Estado iniciadas em 2011, com regras mais claras para o planejamento prévio dos órgãos
públicos na seleção de entidades e na aplicação de recursos durante a execução,
monitoramento e avaliação do cumprimento do objeto da parceria (LOPES, VICHI, 2015). O
objetivo do legislador com a nova regulamentação é garantir a efetividade das parcerias
como mecanismos essenciais para a realização de políticas de interesse público, com
eficiência na execução dos projetos e, ao mesmo tempo, fortalecer a transparência na
aplicação de recursos públicos destinados às parcerias com as OSCs na prestação de
serviços de interesse público (LOPES, VICHI, 2015).

. Indicadores estes que já devem ser explicitados no Plano de Trabalho que orientará a
execução da parceria, e os resultados apurados, acrescido de outros insumos de
monitoramento e avaliação, deverão compor o relatório técnico de monitoramento e
avaliação de parceria celebrada, e o parecer técnico conclusivo de análise da prestação de
contas final.

O indicador é sempre um instrumento de mediação, utilizado para captar aspectos dos


fenômenos e processos da realidade social cuja totalidade é impossível apreender
(KAYANO; CALDAS, 2002). Por isso a analogia proposta por Jean-Louis Besson (1995, p.
41), ao considerar o indicador como uma figura de linguagem, uma sinédoque, pela qual a
parte substitui o todo. Na concepção empirista, cabe ao indicador mensurar a manifestação
dos efeitos sensíveis do fenômeno imaterial

Nessa perspectiva, a existência independente dos fatos numéricos é questionada, diante do


entendimento que eles também são constructos sociais, já que a própria observação é
também um processo de construção do objeto (BESSON, 1995, p. 19). O indicador,
portanto, tem seu significado socialmente definido, pois as medidas não têm significado,
sentido, ou quaisquer atributos intrínsecos. Apenas quando situadas nas relações e práticas
sociais que as determinam e explicam, que adquirem significado, sentido e utilidade para os
atores sociais envolvidos (KAYANO; CALDAS, 2002).

Considerando que a medida estatística só existe no contexto de um universo conceitual


(COSTA, 1975, p. 169), o cálculo de indicadores prescinde de uma teoria social, “que
justifique as cifras – de um modelo ou uma visão de mundo que nos informe que diferenças
existem nas cifras” (CHURCHMAN, 1975, apud CARLEY, 1985). A medida não é um fim em
si mesma, e “sua validade científica só pode ser apreciada numa perspectiva
instrumentalista, dentro da qual indaguemos dos fins que a medida pretende servir, do papel
que lhe cabe desempenhar na situação científica, das funções que lhe tocam na
investigação” (KAPLAN, 1972, p. 178).

Abordando a questão do uso dos indicadores na perspectiva dos atores envolvidos,


também deve ser observado que, embora os indicadores sejam medidas
quantitativas, a metodologia de estruturação da operacionalização do conceito não
afasta a dimensão subjetiva da avaliação. A observação e análise também são
determinadas pelas formas de apreensão do real pelo sujeito, que, mediado pelos
seus códigos de valores, atribuem significados aos fatos e processos. As intenções e
concepções do sujeito sempre precedem e presidem a utilização de indicadores e as
ações de intervenção sobre o real (KAYANO; CALDAS, 2002). Os próprios critérios de
escolha das unidades de análise decorrem de definições prévias sobre o problema e
como ele deve ser caracterizado. A rigor, como defende Telles (2003), “os indicadores
não medem a realidade, algo que estaria lá pronto para ser descrito: participam da
construção social da realidade”.

O monitoramento no contexto da execução de serviços públicos objetiva subsidiar os


gestores com informações mais simples e tempestivas sobre a operação e os efeitos da
intervenção, preferencialmente resumidas em um conjunto predefinido de indicadores de
monitoramento. Deve se diferenciar o monitoramento da avaliação, está deve ser focada em
informações mais aprofundadas e detalhadas sobre o funcionamento e os efeitos do
programa ou projeto. Enquanto o monitoramento é uma atividade gerencial, mais interna,
realizada durante o período de execução do projeto, a avaliação pode ser realizada antes,
durante e depois da implementação do programa. O monitoramento se configura como uma
atividade contínua de coleta de dados, onde se verifica se as metas estão sendo atingidas
conforme o esperado. Já a avaliação busca analisar se a intervenção causou os impactos
esperados (JANNUZZI, 2001, 2005; BARCELOS; FERREIRA, 2010).

Contudo, os processos de monitoramento e avaliação são complementares, pois as


informações provenientes do monitoramento auxiliam o julgamento e a avaliação da
eficácia, eficiência e até da efetividade dos programas.

A escolha do foco da mensuração deve partir de uma tipologia que, inicialmente proposta
por Mayston (1985), tornou-se clássica e atualmente é amplamente utilizada em estudos
sobre o tema. Trata-se da divisão dos indicadores em quatro grandes grupos: indicadores
de insumo, indicadores de processos, indicadores de produtos/serviços (outpus) e
indicadores de impacto (outcomes) (ASSIS, 2012)

A primeira menção explicita na Lei nº 13.019/2014 ao uso dos indicadores no


monitoramento das parcerias comparece no art. 22, que, ao elencar os itens obrigatórios do
plano de trabalho de parcerias celebradas mediante termo de colaboração ou de fomento,
exige no inciso IV a “definição dos parâmetros a serem utilizados para a aferição do
cumprimento das metas”. Mais adiante, o parágrafo único do Art. 23, em seus incisos II e VI,
explicita a necessidade do próprio chamamento público, sempre que possível, elencar entre
os critérios a serem observados as metas e os indicadores, quantitativos ou qualitativos, de
avaliação de resultados das parcerias. A seção VI, Do Monitoramento e Avaliação, retoma a
questão da necessidade de uso dos indicadores objetivos, explicitando que o relatório
técnico de monitoramento e avaliação de parceria, a ser emitido pela administração pública,
deverá basear-se na análise “do cumprimento das metas e do impacto do benefício social
obtido em razão da execução do objeto até o período, com base nos indicadores
estabelecidos e aprovados no plano de trabalho” (inciso II do § 1º do art. 59).

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