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Critérios de eficiência, eficácia e efetividade

Inúmeros critérios existem e podem ser utilizados na avaliação de projetos sociais


como medidas indiretas para a aferição do desempenho destes projetos. Estas
medidas devem ser calculadas a partir da identificação e quantificação de medidas
mais elementares ou diretas, que são os indicadores. A avaliação de projetos
sociais envolve, então, “a escolha de um conjunto de critérios e o uso de um elenco
de indicadores (ou outras formas de mensuração) consistentes com os critérios
escolhidos” (Costa e Castanhar, 1998, p.5).

Eficiência, eficácia e efetividade são os critérios utilizados para os fins deste estudo.
Em se tratando de projetos sociais, os objetos de avaliação costumam ser “fatos,
processos, situações ou conceitos complexos que não podem ser diretamente
captados ou medidos” (Aguilar e Ander-Egg, 1995, p.122). Para que estes objetos
possam ser quantificados, são utilizados indicadores com vistas a “captar
estatisticamente um fenômeno social que não pode ser conceitualmente medido de
forma direta” (Aguilar e Ander-Egg, 1995, p.123). Desta forma, o indicador é “a
unidade que permite medir o alcance de um objetivo específico” (Cohen e Franco,
1998, p.152).

Os indicadores são utilizados, então, como “parâmetros qualificados e/ou


quantificados que servem para detalhar em que medida os objetivos de um projeto
foram alcançados, dentro de um prazo delimitado de tempo e numa localidade
específica” (Valarelli, 2000b, p.2). A importância dos indicadores na avaliação de
projetos sociais pode ser encontrada também em Sulbrandt (1994), que os
considera como sendo o aspecto chave da pesquisa avaliativa, sendo a sua
obtenção mais econômica e fácil se comparada ao processo de medição direta da
realidade que envolve os projetos sociais.

A construção de um sistema de indicadores é necessária na medida em que os


projetos sociais envolvem aspectos tangíveis e intangíveis, representando
dimensões complexas da realidade que precisam ser apreendidas para que se possa
identificar as mudanças efetivamente decorrentes dos projetos (Valarelli, 2000b).

Assim como a avaliação deve preencher determinados requisitos, conforme visto


em tópico anterior, os indicadores elaborados também devem fazê-lo. Para isso,
Aguilar e Ander-Egg (1995) relacionam os quatro requisitos que devem ser
considerados na elaboração dos indicadores: independência (utilizar cada indicador
para uma só meta), verificabilidade (permitir a comprovação empírica das
mudanças que vão ocorrendo com o projeto), validade (servir para a medição de
todos e cada um dos efeitos que o projeto persegue) e acessibilidade (sua obtenção
deve ser relativamente fácil ou pouco custosa).

A utilização de indicadores na avaliação é considerada por Aguilar e Ander-Egg


(1995) como uma condição mínima para tornar possível a avaliação de
determinado projeto, pois, segundo os autores, “se estes faltarem, toda avaliação
que nos propusermos será inútil ou pouco viável, quando se trata de comparar
objetivos propostos e realizações concretas” (Aguilar e Ander-Egg, 1995, p.100).

A presença dos critérios de eficiência, eficácia e efetividade na avaliação de


projetos sociais pode ser percebida na conceituação que a ONU utiliza para definir o
que se entende por indicador, como se observa: “os indicadores servem de padrão
para medir, avaliar ou mostrar o progresso de uma atividade, com relação às metas
estabelecidas, quanto à entrega de seus insumos (indicadores de insumos), à
obtenção de seus produtos (indicadores de produtos) e a consecução de seus
objetivos (indicadores de efeitos e impactos)” (ONU. Apud Aguilar e Ander-Egg,
1995, p.124). Ou seja, os indicadores de insumos são utilizados para avaliar a

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eficiência, os indicadores de produtos avaliam a eficácia e os indicadores de efeitos
e impactos, por sua vez, são empregados para avaliar a efetividade dos projetos
sociais.

Da mesma forma, a presença destes critérios é encontrada em Wholey et al.


(1994), ao defenderem que um projeto de avaliação deve incluir formas para
descrever os recursos do programa (eficiência), os resultados do programa
(eficácia) e os métodos para calcular os impactos líquidos das atividades do
programa (efetividade).

Esta idéia é corroborada por Valarelli (2000b, p.5), ao defender que “construir
indicadores que traduzam concretamente os objetivos e resultados do projeto, bem
como negociar a prioridade de cada um, ajudará a tornar mais nítidas as posições
em jogo, aumentando o consenso em torno do que se pretende alcançar e
diminuindo as chances de conflito no futuro, pois estabelece previamente que
parâmetros serão utilizados na avaliação”.

Embora a utilização de indicadores precisos de avaliação seja um imperativo para a


aferição do grau de eficiência, eficácia e efetividade dos projetos sociais, representa
uma questão polêmica. Isto porque se, por um lado, a literatura existente enfatiza
a necessidade de criar sistemas de indicadores de avaliação, por outro enfatiza a
dificuldade de fazê-lo devido às questões subjetivas como a percepção, os
interesses, os princípios e os valores.

Isto explica a carência de indicadores que possibilitem a aferição dos resultados


obtidos nos projetos sociais (Tenório, 1999).

Uma avaliação que não seja realizada com base em um sistema de indicadores de
eficiência, eficácia e efetividade é considerada incompleta, na medida em que estes
critérios estão necessariamente inter-relacionados, o que os torna indissociáveis
(Tripodi et al., 1975). Da mesma forma, a importância destes critérios é
mencionada por Tenório (1999, p.21), ao defender que “o que garante a
sobrevivência da organização é uma gerência comprometida com a eficiência, a
eficácia e a efetividade”.

A adoção de indicadores de eficiência, eficácia e efetividade é considerada por


Gaetani (1997) como um movimento que precisa ser difundido e aprofundado, pois
cria referências, possibilita comparações e auxilia na medição, qualificação e
desenvolvimento de sensibilidades em relação aos problemas.

Além disso, torna-se um imperativo utilizar indicadores para que a avaliação dos
projetos sociais não seja fundamentada unicamente nas experiências pessoais dos
avaliadores ou em avaliações informais anteriormente realizadas (Newcomer, Hatry
e Wholey, 1994). É por isto que somente a construção de um conjunto de
indicadores que possa ser permanentemente monitorado permite avaliar de forma
mais precisa os reais impactos gerados pelos projetos sociais (Demajorovic e
Sanches, 1999).

No entanto, é importante levar em conta que, para que os indicadores possam


cumprir o objetivo de indicar a realidade do projeto social, precisam ser construídos
a partir desta realidade vigente em cada projeto. Isto porque a construção destes
indicadores deve considerar, além dos critérios técnicos, os critérios políticos e
sociais que permeiam a realidade do projeto a ser avaliado. E estes critérios
políticos e sociais são diferentes de projeto para projeto, uma vez que só podem
ser identificados a partir da análise da realidade na qual o projeto social está
inserido.

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Fonte
FRASSON, Ieda. Critérios de eficiência, eficácia e efetividade. In: ____. In: Critérios
de eficiência, eficácia e efetividade adotados pelos avaliadores de instituições não-
governamentais financiadoras de projetos sociais. Florianópolis: [s.n.], 2001.

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