Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/314039858
CITATIONS READS
0 5,590
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Leise Kelli Oliveira on 25 February 2017.
Debates Sobre
LOGÍSTICA URBANA
BRASILEIRA
GRUPOS FOCAIS
Debates Sobre
LOGÍSTICA URBANA
BRASILEIRA
GRUPOS FOCAIS
Debates Sobre
LOGÍSTICA URBANA
BRASILEIRA
GRUPOS FOCAIS
EQUIPE TÉCNICA
Editores:
Orlando Fontes Lima Jr.
Leise Kelli de Oliveira
Revisores:
Sérgio Adriano Loureiro
Vagner de Assis Correia
Christian Marra
Autores:
Orlando Fontes Lima Jr.
Leise Kelli de Oliveira
Rosimar Gonçalves
Sérgio Adriano Loureiro
Vagner de Assis Correia
Marcelo Petenate
Apoio:
Banco Mundial
Banco Interamericano de Desenvolvimento
APRESENTAÇÃO
U
m dos principais desafios para a logística urbana no contexto mundial é imple-
mentar soluções considerando os objetivos dos envolvidos na distribuição urba-
na de mercadorias, a saber: embarcadores, transportadores, poder público e a
população (TANIGUCHI et al.,2001; TANIGUCHI et al., 2003)1.
A população é composta pelas pessoas que vivem, trabalham e consomem nos cen-
tros urbanos. Estas desejam a redução dos congestionamentos, da poluição ambiental e
sonora e dos acidentes próximos às áreas comerciais e residenciais.
1
TANIGUCHI, E.; THOMPSON, R.G.; YAMADA, T.; DUIN, R.V. City Logistics: Network Modeling and Intelli-
gent Transport Systems. Oxford: Pergamon, 2001
TANIGUCHI, E.; THOMPSON, R. G. (Eds) Innovations in Freight Transport Boston, WIT Press, p. 1-14, 2003.
Neste contexto, este caderno apresenta os resultados da aplicação da técnica Gru-
po Focal com o intuito de identificar os problemas e ações práticas para que as cidades
minimizem os impactos da distribuição urbana de mercadorias.
Os resultados destas discussões são apresentados neste caderno, que está dividido
em nove seções. As seções de 1 a 7 apresentam os resultados e análises da aplicação da
técnica individualmente para cada cidade. A seção 8 apresenta os resultados de uma pes-
quisa quantitativa com os transportadores e na seção 9 é apresentada a estrutura de ges-
tão do trânsito e transporte de carga em municípios brasileiros de médio e grande porte.
S
egundo Krueger (1997; 1998), a coleta de dados através de grupo focal tem como
uma de suas maiores riquezas basear-se na tendência humana de formar opiniões
e atitudes na interação com outros indivíduos2.
O Grupo Focal ou Grupo Foco (GF) tem sido utilizado em pesquisas qualitativas com
o objetivo de coletar dados através da interação grupal, sendo especialmente utilizado
em delineamento de pesquisas que consideram a visão dos participantes em relação a
uma experiência ou a um evento.
O Grupo Focal promove insights, isto é, os participantes dão-se conta das crenças e
atitudes que estão presentes em seus comportamentos e nos dos outros, do que pensam
e aprenderam com as situações da vida, através da troca de experiências e opiniões entre
os participantes.
2
Krueger, RA. Moderating Focus Groups. Thousand Oaks, Calif: Sage, 1998.
Krueger, RA. Analyzing and Reporting Focus Group Results. Thousand Oaks, Calif: Sage, 1997.
Os resultados da pesquisa são disponibilizados mais rapidamente. Muitos deles
podem ser abstraídos durante a própria discussão entre os membros do grupo;
Possibilidade de avaliar a pertinência de explicações e concepções teóricas junto
ao próprio grupo, reorientando ou confirmando sua interpretação.
Nery (1997)4 apud Kind (2004)5 lista as principais indicações para o uso do grupo focal:
Para discutir a Logística Urbana nas diferentes cidades brasileiras, utilizou-se as se-
guintes questões direcionadoras da discussão:
3
Morgan, D. L. (1988) Focus Group as qualitative research. Newbury Park, Calif: Sage.
4
NERY, S.. O. Grupo focal. (Extraído do Projeto Itajubá – Tecnópolis).
1997. Mimeografado.
5
Kind, L. (2004) Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista, Belo Horizon-
te, v. 10, n. 15, p. 124-136, jun. 2004
Na cidade de Brasília, por se tratar de um evento em esfera nacional, as questões
abordaram a realidade dos municípios brasileiros, buscando não focar nos problemas
específicos das cidades. As questões formam as seguintes:
A dinâmica foi conduzida como reunião em tom informal, na qual todos participan-
tes tinham liberdade para expor seus pontos de vista sobre os problemas da logística ur-
bana. Para fomentar e direcionar a discussão, o moderador organizou os participantes em
um formato de círculo, sempre que possível. Os debates foram gravados para que seus
conteúdos pudessem ser, sempre que possível, transcritos e analisados.
GRUPOS FOCAIS REALIZADOS
Cidades nas quais
foram realizadas
as reuniões dos
Grupos Focais Fortaleza
ao longo do
ano de 2012:
Brasília
População (habitantes)
Frota (veículos)
1
GRUPO FOCAL DE
GUARULHOS (SP)
G
uarulhos é um dos 39 municípios que compõem a Região Metropolitana de São
Paulo (RMSP), região economicamente mais importante do Brasil. Guarulhos
possui a segunda maior população do Estado de São Paulo, sendo a 12ª mais
populosa do Brasil.
Por estar localizada na confluência de rodovias que ligam os dois maiores mercados
consumidores do país (São Paulo e Rio de Janeiro), a cidade é um centro estratégico de
distribuição e logística. Além disso, em Guarulhos está localizado o maior aeroporto da
América Latina, o Aeroporto Internacional de Guarulhos, no bairro de Cumbica, que pos-
sui o maior terminal de cargas do país. Tudo isso justifica um estudo mais aprofundado
das questões logísticas nessa cidade.
1. INFORMAÇÕES GERAIS
Para melhor se compreender o estágio atual da logística urbana em Guarulhos, são apre-
sentadas, na sequência, informações gerais sobre o desenvolvimento histórico do muni-
cípio, suas características econômicas e sociais, além de seu sistema viário.
1.1. Histórico
Guarulhos foi fundada no dia 8 de dezembro de 1560 pelo padre jesuíta Manuel de Paiva
com a denominação de “Nossa Senhora da Conceição”. Tal como outros cinco povoamen-
tos fundados no período colonial, seu principal objetivo era defender o povoado de São
Paulo de Piratininga (atual cidade de São Paulo) dos ataques dos índios Tamoios.
Já naquela época Guarulhos era um ponto estratégico, uma vez que fazia divisa com
a futura capital paulista e tinha como limites os rios Tietê (ao sul) e Cabuçu (a leste). Notí-
cias da descoberta de ouro na região, em 1590, atraíram grande número de pessoas, con-
tribuindo para a formação do povoado.
1.2. População
As regiões mais densas são aquelas de ocupação mais antiga, situadas no centro e
em seu entorno. Também no entorno do centro há áreas que passaram por um acelerado
processo de adensamento nos últimos anos devido à disponibilidade de áreas livres (pre-
ços mais acessíveis). Atualmente, verifica-se que a tendência de crescimento do municí-
pio é no sentido leste, com um forte investimento em infraestrutura e serviços.
1.3. Economia
Ao longo da história da cidade, podem ser identificados quatro grandes ciclos econômicos:
Ciclo do Ouro
A economia de Guarulhos começou no período colonial, em 1597, iniciada por
Afonso Sardinha, com a mineração de ouro na região das Lavras Velhas do Ge-
raldo ou Catas Velhas – região hoje conhecida como bairro das Lavras. Esse perí-
odo do ciclo econômico durou mais de 200 anos.
Ciclo do Tijolo
Com o fim da exploração aurífera e a introdução do tijolo como material de cons-
trução que substituiu a taipa de pilão, surgiram centenas de olarias ao longo das
várzeas dos rios Tietê, Cabuçu e Baquirivu-guaçu. Graças ao ciclo do tijolo, as ola-
rias de Guarulhos encontraram espaço na economia paulista.
Ciclo de Serviços
Em 2007, Guarulhos foi considerada a 9ª cidade mais rica do Brasil, com
um Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 27,4 bilhões de reais (1,01% do to-
do PIB brasileiro). Com um diversificado setor comercial a cidade apresenta qua-
tro grandes centros de compras:
O sistema viário do município de Guarulhos é complexo, totalizando nove mil vias urba-
nas. Cinco rodovias (federais e estaduais) cruzam diversos bairros da cidade. As principais
vias urbanas do município e as rodovias são listadas a seguir.
Av. Guarulhos, que liga o Centro à divisa com São Paulo (Penha), através
do Viaduto Imigrante Nordestino, sobre o Rio Tietê;
Av. Aniello Pratici, ligando a Via Dutra ao Centro de Guarulhos;
Av. Emilio Ribas, que liga o Centro à Vila Galvão;
Av. Dr. Timóteo Penteado, que liga o Centro ao bairro de Vila Galvão, indo até a
divisa com São Paulo (Vila Nilo) e a Rodovia Fernão Dias;
Av. Monteiro Lobato, ligando o Centro ao bairro de Cumbica;
Av. Tiradentes, que liga o Centro até a Av. Otávio Braga de Mesquita, no bairro
de Vila Barros;
Av. Brigadeiro Faria Lima, que liga o bairro Bom Clima ao bairro Cocaia;
Av. Papa João Paulo I, que liga o bairro de Cumbica a Bonsucesso, indo até a divi-
sa com Arujá;
Av. Papa Pio XII, que liga a Av. Monteiro Lobato à Av. Tiradentes, no bairro do
Macedo;
Av. Paulo Faccini, que liga a Cidade Maia à Rodovia Presidente Dutra através
do Viaduto estaiado Cidade de Guarulhos;
Av. Santos Dumont, que liga o bairro de Cumbica até a divisa com São Pau-
lo (Ermelino Matarazzo);
Av. Salgado Filho, que liga o Centro à Vila Rio de Janeiro;
Av. Otávio Braga de Mesquita, ligando o bairro Macedo até o bairro Taboão;
Av. Jamil João Zarif, que liga o bairro do Taboão até o Conj. Haroldo Veloso;
Av. Pedro de Souza Lopes, ligando a Vila Galvão ao Cabuçu;
Av. Silvestre Pires de Freitas, que liga o bairro Taboão até a divisa com Mairiporã.
Esta via recebe também a denominação “Estrada dos Veigas”;
Av. Benjamin Harris Hunnicult, ligando os bairros de Vila Rio de Janeiro ao Cabuçu;
Av. José Miguel Ackel, que liga o bairro de Jardim Cumbica a Pimentas;
Av. Armando Bei (Bonsucesso);
Marginal Baquirivu, que liga a Av. Monteiro Lobato (CECAP) à Av. Jamil João Zarif
(Taboão);
1.4.2. Rodovias
2. GRUPO FOCAL
Nesta segunda parte são apresentados os resultados do grupo focal realizado no Municí-
pio de Guarulhos, no dia 03 de maio de 2012. A dinâmica tinha como objetivos:
2.1. Dinâmica
A dinâmica proposta para a reunião foi a de uma reunião em tom informal, na qual todos
participantes tinham liberdade para expor seus pontos de vista sobre os problemas da
logística urbana no município de Guarulhos.
A reunião teve duração de uma hora e trinta minutos. Além do moderador, comple-
taram a equipe de pesquisa três observadores, cujo objetivo era registrar as respostas
apresentadas pelos participantes e identificar suas reações e padrões de comportamento
frente às observações apresentadas.
2.2. Participantes
O grupo focal de Guarulhos foi composto de 20 participantes. Para formá-lo, foram con-
vidados representantes de diferentes setores da sociedade, ligados, por exemplo, ao po-
der público, às forças policiais e a importantes atores na movimentação urbana de carga,
como transportadoras, operadores logísticos, representantes de associações comerciais e
industriais.
2.3. Resultados
“Não temos acesso às vias expressas da rodovia. Somos obrigados a usar as margi-
nais, e se o motorista perde uma saída ou entrada, é obrigado a andar muito até conse-
guir um retorno. No horário de pico, você observa a via expressa livre e a marginal toda
congestionada. Ninguém consegue mudar esta situação. Na via local quem manda é o
município, e na rodovia é o poder federal”.
“Outro problema de segurança é o roubo de carga. Nos bairros Vila Ani e Vila Cum-
bica, na perifeira, estas ocorrências são frequentes. O roubo não ocorre ali, ocorre princi-
palmente nas rodovias, porque infelizmente as polícias rodoviárias estadual e federal não
atuam de forma integrada. Nos bairros eles escondem as cargas e liberam os motoristas”.
“O comércio local nos bairros foi fortalecido para se desestimular as viagens para o
Centro, mas não se pensou em locais para a carga e a descarga dos caminhões. O Bairro
Pimentas, por exemplo, tem um comércio forte e completo, mas tem problemas de carga
e descarga”.
“Na região central e nos bairros existem problemas como estacionamento irregular
e operações de carga e descarga nas ruas. Isso é um problema generalizado”.
“Se os carreteiros não têm incentivos do poder público para financiamentos, quanto
mais para treinamentos. Basta olhar o quanto a frota de veículos é antiga”.
“Às vezes, nem essa ajuda é suficiente. Já tivemos carretas quebradas em avenidas,
e por lá permaneceram mais de duas semanas por falta de equipamento para retirá-las”.
“Alguns dos problemas podem ser resolvidos dentro do município, mas outros só
com ações integradas”.
“O aeroporto tem uma única via de acesso. Quando temos problemas com a quebra
de veículos, aquilo vira um caos”.
“Agora estão falando do terminal 3, que terá o dobro da capacidade dos terminais 1
e 2 juntos. Estou muito preocupado com o crescimento e a ampliação do aeroporto. O
terminal 4 roubou espaço do estacionamento do terminal de cargas. Agora falta estacio-
namento para os caminhões no terminal de cargas”.
Após a discussão fomentada pela questão 1, cujos extratos foram destacados aci-
ma, foi possível identificar o seguinte conjunto de problemas relacionados à movimenta-
ção de carga em Guarulhos:
A localização dos problemas apontados pela questão 1 foi obtida de duas formas. A
primeira, de forma espontânea, com o relato dos problemas identificados pelos partici-
pantes; a segunda, de maneira formal, através da questão 2.
“Rodovias que cruzam a cidade são usadas como avenidas e estão congestionadas”.
“Em Guarulhos é alto o número de acidentes com vítimas. São 15 acidentes por dia”.
Vila Any
Questões de segurança pública
Bairro Parque CECAP
Região Central
Congestionamentos
Rodovia Presidente Dutra
Aeroporto de Guarulhos
Bairro Cumbica
Falta de vagas para carga e descarga
Bairro Pimentas
Bairro Parque CECAP
Desrespeito à legislação de trânsito em Bairro Parque CECAP
vigor / Regulamentação inadequada Bairro Cumbica
Centro de Guarulhos
Problemas identificados:
- Vias inadequadas Problemas identificados:
- Congestionamentos - Sistema viário inadequado
- Falta de locais para carga / descarga
Parque CECAP
Problemas identificados: Bairro Cumbica
- Segurança pública
- Falta de locais para Problemas identificados:
carga / descarga - Falta de locais para carga / descarga
- Desrespeito às leis de - Desrespeito às leis de trânsito
trânsito - Leis de trânsito inadequadas
- Leis de trânsito inade-
quadas
Bairro Pimentas
Problemas identificados:
- Falta de locais para carga /
descarga
Problemas identificados:
- Alças de acesso inadequadas - Congestionamentos
- Rodovia utilizada como avenida - Cargas de passagem
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Guarulhos é um importante hub logístico nacional em função de sua privilegi-
ada localização no eixo Rio - São Paulo, além de ter em sua área o maior aeroporto do
país em movimentação de carga e passageiros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Site : < http://www.ibge.gov.br>. Acesso Julho 2012.
INFRAERO. Site: < http://www.infraero.gov.br>. Acesso Julho 2012.
Prefeitura Municipal de Guarulhos. Site: < http://www.guarulhos.sp.gov.br/>. Acesso Julho 2012.
2
GRUPO FOCAL DE
BELO HORIZONTE (MG)
B
elo Horizonte é uma das cidades brasileiras que mais tem discutido suas questões
relacionadas à distribuição urbana de mercadorias. Estudos e publicações do gê-
nero têm sido elaborados nos últimos anos, a exemplo deste trabalho. Este rela-
tório, por sua vez, apresenta os resultados de uma pesquisa realizada na cidade, na qual
os participantes tiveram a oportunidade de debater sobre os principais desafios e solu-
ções relativos à logística urbana.
1. INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta os resultados do Grupo Focal sobre Logística Urbana realizado no
município de Belo Horizonte. A discussão envolveu empresas privadas, representantes de
diversos setores da economia e instituições governamentais. Os principais temas debati-
dos incluíram a identificação dos problemas e as soluções práticas para a melhoria da
distribuição de produtos no município.
Discussões sobre o tema não são uma novidade em Belo Horizonte. O município já
realizou, nos anos anteriores, estudos como o “Plano de Mobilidade Urbana de Belo Hori-
zonte”, em 2009, e o “Diagnóstico do Uso das Vagas de Carga e Descarga e Identificação
dos Principais Fluxos Logísticos na Região Central de Belo Horizonte”, em 2011.
2. INFORMAÇÕES GERAIS
Belo Horizonte é a capital do Estado de Minas Gerais, com cerca de 2,4 milhões de habi-
tantes, uma área de 331 km2 e o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil –
cerca de R$ 38,21 bilhões – e mais de 100 mil empresas (IBGE, 2010). O município está
inserido numa região metropolitana com 34 cidades e aproximadamente 5 milhões de
habitantes (PBH, 2012).
Durante os anos de 1920 e 1930, a cidade passou por um período de progresso com
o surgimento de atividades culturais e a ampliação dos serviços urbanos para atendimen-
to da crescente população, o que se refletiu no aparecimento de novos bairros. Contudo,
a expansão da cidade aconteceu sem um maior controle ou planejamento, trazendo sé-
rios problemas urbanos, uma vez que muitos bairros não possuíam os serviços básicos de
água, luz e esgotos (PBH, 2012).
Apesar da importância econômica desse período, o projeto inicial da cidade foi des-
caracterizado com sua rápida verticalização. Os edifícios desfiguraram as áreas verdes,
novas ruas e avenidas surgiram ou foram alargadas, e foram agravadas as desigualdades e
os problemas sociais, com o aparecimento de inúmeras favelas (PBH, 2010). Esse cenário
levou à instituição da Região Metropolitana de Belo Horizonte e da Plambel (Planejamen-
to da Região Metropolitana de Belo Horizonte), autarquia de planejamento e apoio técni-
co para orientar o governo nos interesses comuns das cidades que compunham a região
criada (ABREU, 2007).
1.600.000
1.461.345
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
706.480
600.000
400.000
200.000
0
2001 2012
Vale destacar que a restrição ao tráfego de veículos de carga é uma das medidas
que vem sendo adotadas pelo município para a melhoria da sua mobilidade e a diminui-
ção das externalidades negativas da circulação de veículos. Esta medida visa, fundamen-
talmente, restringir a entrada de veículos de carga de determinadas dimensões e capaci-
dades em certas regiões, conforme pode se observar no Quadro 1 (BHTRANS, 2012).
Segundo dados do DENATRAN (2012), Belo Horizonte possui uma frota de cerca de 1,5
milhão de veículos. Grande parte deste montante é composto por automóveis (80,7%),
seguido por motocicletas (12,6%) e caminhões (2,6%). A Figura 4 ilustra a evolução anual
dessa frota, entre maio de 2001 e maio de 2012, segmentada por tipo de veículo.
1.400.000
Total
1.200.000
Automóvel
1.000.000
Caminhão
800.000 Micro-ônibus
600.000 Motocicleta
400.000 Ônibus
Outros
200.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Figura 4: Evolução da frota em Belo Horizonte (em unidades a cada ano) (Fonte: DENATRAN, 2012)
O fato de Belo Horizonte ser o polo de uma região metropolitana, que engloba 34
municípios, além de ser a capital do Estado de Minas Gerais, agrava os problemas relaci-
onados ao trânsito. Tais características fazem com que uma parcela considerável da po-
pulação se desloque diariamente para a cidade por motivos diversos, como trabalho, la-
zer, educação e serviços médicos. Isto resulta na elevação da quantidade de veículos que
se movimenta nas áreas urbanas do município.
O município de Belo Horizonte possui um sistema viário com aproximadamente 5 mil qui-
lômetros de extensão. Desse montante, cerca de 70% correspondem a vias locais, 22% a
vias coletoras, 6% a vias arteriais e 2% a vias de ligação regional (BHTRANS, 2012).
A maioria dos corredores de transporte é constituída por vias arteriais que ligam o
centro à periferia, concentrando a maior parte do tráfego de veículos.
Vale a pena ressaltar que diversas ruas com características de vias locais e com bai-
xa capacidade de tráfego funcionam como vias coletoras, sobretudo para os veículos par-
ticulares. Isto acontece devido ao pequeno número de ligações perimetrais existentes em
Belo Horizonte (CEDEPLAR, 2003).
A seguir, o mapa da Figura 5 apresenta uma visão geral das principais vias de Belo
Horizonte e as outras redes modais que compõem o sistema de transportes da cidade.
A maioria dos pontos levantados durante o debate teve a contribuição dos players
presentes. Isso enriqueceu a pesquisa na medida em que algumas indagações de deter-
minados participantes contradiziam os pontos de vistas expostos por outros. Este fato
trouxe à tona uma gama de respostas, muitas vezes sem um consenso de todos os parti-
cipantes. Contudo, o último tema proposto para a discussão resultou em uma convergên-
cia das respostas, aspecto essencial para o estudo de ações práticas em futuras pesquisas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Belo Horizonte é o principal hub econômico e social do Estado de Minas Ge-
rais. Isto contribui para que o município seja um grande polo de atração de pessoas, ge-
rando movimentações urbanas bastante complexas e heterogêneas. Este fato, aliado a
uma infraestrutura de transportes que necessita de melhorias, culmina em problemas de
mobilidade que traz consequências negativas para a circulação de cargas na cidade.
Entre as soluções sugeridas, destacam-se a criação de uma base dados sobre a mo-
vimentação de produtos na cidade, o estabelecimento de testes-piloto para execução de
potenciais estratégias de movimentação de produtos, além do desenvolvimento dos con-
ceitos de plataformas logísticas e de distribuição noturna.
3
GRUPO FOCAL DE
FORTALEZA (CE)
A
cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, é um dos 15 municípios que
constituem a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), sexta região metropoli-
tana brasileira em termos populacionais e uma das três regiões metropolitanas
mais importantes da região nordeste. Além de polo turístico nacional, Fortaleza é um cen-
tro comercial e industrial nacional, tendo o décimo maior PIB municipal e o sétimo maior
poder de compra do país.
Este estudo apresenta os resultados do Grupo Focal sobre Logística Urbana realizado na
cidade de Fortaleza. A discussão envolveu um grupo heterogêneo de participantes, que
representavam diversos setores da sociedade. No grupo focal, foram debatidos, com
maior ênfase, três aspectos:
2. INFORMAÇÕES GERAIS
Na sequência, são apresentadas informações gerais sobre a cidade de Fortaleza, que sub-
sidiam as discussões do grupo focal apresentadas na segunda parte do estudo.
2.1. Histórico
O início do século XX foi marcado por grande mudança no ambiente urbano de For-
taleza. O êxodo rural provocou um grande aumento de sua população que, ao final da
década de 1910, já representava a sétima maior população urbana do Brasil. Entre as dé-
cadas de 1950 e 1960, o crescimento econômico da cidade superou os 100%. Nesse perí-
odo iniciou-se a ocupação dos bairros mais distantes da região central da cidade.
3.000.000
2.447.409
2.500.000
2.141.402
2.000.000 1.768.637
1.500.000 1.308.919
1.000.000 842.702
500.000
0
1970 1980 1991 2000 2010
2.3. Economia
2.4. Vias
Fortaleza possui um sistema viário de característica rádio concêntrica (composto por vias
radiais e perimetrais). Os principais corredores viários da cidade interligam as regiões
oeste/leste e norte/sul da cidade.
Tabela 1: Ranking das vias com maior volume médio de veículos por dia
VOLUME DIÁ-
ORDEM VIA SENTIDO RIO
(veículos / dia)
1 Av. Antônio Sales Oeste/Leste 42.255
Fortaleza possui uma frota de mais de 800 mil veículos. Desse total, 57,41% são automó-
veis, 24,17% são motocicletas e 2,51% são caminhões. O número combinado de ônibus e
micro-ônibus responde por 1,12% da frota total. O Gráfico 2 ilustra a evolução da frota
entre 2001 e 2012 (dados até o mês de maio).
1.000.000
900.000
800.000
AUTOMOVEL
700.000
Número de Veículos
CAMINHÃO
600.000
MICROÔNIBUS
500.000 MOTOCICLETA
400.000 ONIBUS
OUTROS
300.000
TOTAL
200.000
100.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Ano
Gráfico 2: Evolução da frota de veículos em Fortaleza (Fonte: DENATRAM, 2012)
* até o mês de maio
A frota de automóveis, por sua vez, apresentou uma redução ao longo desse inter-
valo. Em 2001, os automóveis respondiam por 68% dos veículos em Fortaleza; em maio
de 2012, eles passaram a corresponder a 57% do total. Em contrapartida, a frota de mo-
tocicletas passou de 13% da participação total, em 2001, para 24% em maio de 2012.
3. GRUPO FOCAL
Nesta segunda parte são apresentados os resultados do grupo focal de Fortaleza, cuja
reunião foi realizada no dia 21 de junho de 2012. A dinâmica tinha três objetivos princi-
pais: determinar os principais problemas relacionados à movimentação de cargas na ci-
dade, os locais de ocorrência destes problemas e as potenciais soluções conhecidas pelos
participantes, que poderiam ser empregadas no tratamento desses problemas.
3.1. Dinâmica
3.2. Participantes
O grupo focal de Fortaleza foi composto por 29 integrantes. Entre eles havia representan-
tes de diferentes setores da sociedade civil, como membros do poder público municipal,
das forças policiais e representantes de classes privadas como transportadoras, operado-
res logísticos, associações comerciais e industriais.
3.3. Resultados
Nesta seção serão apresentados os resultados da reunião do grupo focal conforme a or-
dem das questões direcionadoras propostas pelo moderador. Desta forma, serão elenca-
dos, em princípio, os problemas relacionados à logística urbana, e na sequência, os locais
de ocorrência destes problemas na cidade de Fortaleza. Por fim, serão apresentadas as
soluções propostas pelos participantes.
Excesso de veículos;
Falta de infraestrutura viária;
Congestionamentos;
Rodovias utilizadas como avenidas;
Operações de carga e descarga realizadas em vias estreitas;
Movimentação de produtos perigosos dentro da cidade;
Problemas de acesso ao porto e ao distrito industrial;
Regulamentação das regras de circulação de caminhões.
“Hoje são licenciados no Ceará, por mês, em torno de seis mil veículos. Por-
tanto, temos uma frota muito expressiva para uma malha viária que não rece-
beu, nesses últimos anos, nenhuma via para permitir um desafogamento. Por
isso, o que nós estamos vendo hoje é a utilização de vias locais, de vias de me-
nor intensidade, para que as pessoas se desloquem.”
“As ruas continuam estreitas. Não foram feitos alargamentos e vemos a ci-
dade crescer, com uma demanda de carros cada vez maior. Há demanda para o
transporte de carga, e os locais de carga e descarga continuam dentro das ci-
dades. Além disso, há os ônibus de turismo que complicam mais ainda, provo-
cando estrangulamentos e congestionamentos. Não há regras, não há leis. Não
houve um acompanhamento do crescimento.”
“Um ponto que não foi discutido é a questão da carga e descarga, ou seja, o
local onde o veículo estaciona para fazer a coleta ou a entrega. Isso é um pro-
blema na cidade de Fortaleza. Não somente as vias são inadequadas, mas tam-
bém os estabelecimentos que recebem ou despacham as cargas não estão ade-
quados para isso. É um dos pontos mais triviais e que causam os problemas
mais evidentes na cidade.”
“Além de vários problemas, que não são poucos, um deles é a falta de regu-
lamentação do serviço. Cresce, a cada dia, a quantidade de caminhões, e o muni-
cípio não tem esse serviço regulamentado. Outro problema são os horários de
acesso à cidade. As cargas entram na área central a qualquer hora do dia ou da
noite, um local já complicado pelo trânsito normal. Apesar dele não ser o vilão, lá
há conflitos com o transporte individual e com o transporte público de passagei-
ros. Quando são agregados ao transporte de carga, geram um grande problema.”
“Com relação à questão da restrição, essa foi uma conta errada que fizeram.
Exemplificando, se 10 caminhões faziam a distribuição em toda a região central,
hoje são precisos mais de 30 HRs. Nas minhas contas, 30 HRs causam mais en-
garrafamentos, muito mais poluição, muito mais trânsito. O custo aumentou
três vezes, e isso vai para o preço do produto. Quem está se dando bem com es-
sa restrição são as montadoras, porque todo mundo tem que comprar esse tipo
de veículo.”
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Fortaleza é um importante polo turístico, um centro comercial e industrial
brasileiro, que tem o décimo maior PIB municipal e o sétimo maior poder de compra do
país. Nos últimos 40 anos, graças ao grande contingente de migrantes que recebeu, a
população da cidade aumentou mais de 300%.
Entre as soluções apontadas pelos participantes, podem ser destacadas três linhas
de ações mais importantes. A primeira é a criação de um órgão de planejamento metro-
politano para a logística urbana. A segunda é o desenvolvimento de medidas que regula-
mentem o transporte de carga na região metropolitana a favor do transporte de coletivo
de passageiros. A terceira linha é a realização de pesquisas de levantamento de dados
quantitativos sobre a movimentação de cargas na região metropolitana. Também foi ci-
tada a necessidade de investimentos em infraestrutura.
4
GRUPO FOCAL DE
CAMPINAS (SP)
C
ampinas é a maior cidade do interior brasileiro, com uma população superior a 1
milhão de habitantes. Localizada no interior do Estado de São Paulo, o mais popu-
loso, rico e industrializado do país, Campinas é hoje um polo de tecnologia, servi-
ços e logística. Cidade-centro da Região Metropolitana de Campinas (RMC), composta por
19 municípios e que concentra algumas das maiores empresas instaladas no país, a RMC
responde por cerca de 3% do PIB brasileiro.
Este estudo apresenta os resultados do Grupo Focal sobre Logística Urbana realiza-
do na cidade. Apesar de recente, a discussão sobre o tema mobilizou diversos segmentos
da sociedade envolvidos com a gestão e a operação da distribuição urbana de mercadori-
as, como o poder público, transportadoras, varejistas, entidades de classe e universida-
des. Entre os problemas discutidos destacam-se os problemas decorrentes da falta de
planejamento, a precária infraestrutura para as operações de carga e descarga, os pro-
blemas de circulação na região central e os problemas relacionados ao desenvolvimento
da região do aeroporto de Viracopos.
Este relatório está dividido em duas partes. Na primeira, são apresentadas informa-
ções gerais sobre a cidade de Campinas, sendo caracterizados o seu desenvolvimento
histórico, aspectos demográficos, sociais e econômicos. Também são apresentadas in-
formações sobre o sistema viário e sua frota. Estas informações servem de base para uma
melhor compreensão das informações apresentadas na segunda parte, na qual os resul-
tados do grupo focal sobre logística urbana são apresentados.
2.1. Histórico
Desde 1720, a região do atual centro de Campinas era utilizada como área de descanso
de tropeiros que rumavam, pelo caminho de Goiases, entre Jundiaí e Mogi-Mirim, com
destino às recém-descobertas minas dos Goiases. Essa paragem ficou conhecida como
“Campinas do Mato Grosso” e impulsionou o desenvolvimento de diversas atividades de
abastecimento e comércio, o que atraiu moradores para o local. O primeiro povoado foi
instalado em 1739, quando foi formado um bairro rural que pertencia à Vila de Jundiaí.
Por volta de 1772 chegaram à região fazendeiros oriundos de diversas cidades pau-
listas, como Itu, Porto Feliz e Taubaté, que procuravam terras para cultivar lavouras de
cana-de-açúcar e construir engenhos. Por motivação e interesse desses fazendeiros, o
bairro rural foi transformado em freguesia em 1774.
Nesse mesmo período, foram definidas as medidas das ruas e quadras, assim como
as posições das casas, o que foi considerado o primeiro plano urbanístico de Campinas.
Em 1797, Campinas foi elevada à categoria de vila e, posteriormente, em 1842, à catego-
ria de cidade. Nessa época, as plantações de café já superavam as de cana-de-açúcar.
A partir das décadas de 30 e 40, a cidade passou a concentrar uma população mais
significativa, constituída de migrantes de diversas regiões do estado, do país e do mundo.
Eles chegavam à cidade atraídos pela instalação de um novo parque produtivo, composto
por fábricas agroindustriais.
2.2. População
Campinas é o terceiro município paulista mais populoso, atrás apenas de São Paulo e
Guarulhos. De acordo com dados do censo IBGE, o município possuía, em 2010, 1.080.999
habitantes, o que o caracterizava como o município mais populoso do interior do Brasil.
350.000
300.000 Norte
Sul
250.000
Leste
200.000 Sudoeste
150.000 Noroeste
100.000
50.000
0
1970 1980 1991 2000 2010
2.3. Economia
Ao longo de sua história, Campinas vivenciou vários ciclos econômicos, que pautaram o
caminho do seu desenvolvimento. Com eles, a cidade, que começou como uma paragem
de tropeiros, tornou-se hoje um importante polo de serviços, tecnologia e logística.
Nas últimas décadas, a região de Campinas vem consolidando uma importante po-
sição econômica nacional. O setor terciário responde hoje pela maior parcela do PIB, com
destaque para as áreas de comércio e serviços. O comércio na região central e nos bairros
abrange mais de 20 mil lojas de rua. Somam-se a elas outras 1.200 lojas localizadas em
sete shopping centers e 121 supermercados.
2.4. Vias
Campinas é hoje um dos maiores entroncamentos rodoviários do Brasil. Cinco das princi-
pais rodovias brasileiras cruzam a cidade e a conectam aos principais mercados produto-
res e consumidores do país. Na sequência, são listadas as rodovias que compõem a ma-
lha rodoviária do entrono da cidade.
Os fluxos de deslocamento no município são variados. Eles podem ser assim identifi-
cados e classificados:
Fluxo local: trânsito gerado pelos deslocamentos da população urbana para tra-
balho, educação e lazer;
Fluxo de passagem: gerado pelo deslocamento de veículos que adentram o mu-
nicípio para acessar as diversas rodovias, em parte devido à não conclusão do
Anel Rodoviário Magalhães Teixeira;
Fluxo metropolitano: gerado pelos deslocamentos de veículos que pertencem à
região metropolitana para fins de trabalho, educação e lazer.
Rodovia Santos Dumont (SP-075) – Avenida Prestes Maia – Avenida João Jorge,
que ligam o Aeroporto de Viracopos ao centro. Até o cruzamento com a Rodovia
Anhangüera, onde se encontram, a Estrada Velha de Indaiatuba (SP-073) esten-
de-se em linha paralela quase paralela à Rodovia Santos Dumont;
Avenida Ruy Rodriguez – Rua Piracicaba – Avenida das Amoreiras – Avenida João
Jorge, que ligam a região do Ouro Verde ao centro;
Avenida John Boyd Dunlop, que liga toda a região Sudoeste do município ao cen-
tro, servindo, também, ao Município de Hortolândia;
Rodovia Francisco Aguirre Proenças (SP-101) – Avenida Lix da Cunha, que ligam
ao centro de Campinas os municípios de Hortolândia e Sumaré;
Avenida Comendador Aladino Selmi – Avenida Sylvia da Silva Braga – Avenida
Cônego Antônio Roccato – Avenida Brasil, que ligam o Município de Sumaré, o
Polo Industrial de Alta Tecnologia II e o Terminal Intermodal de Cargas ao centro
de Campinas;
Rodovia Milton Tavares de Souza (SP-332) – binário das ruas Carolina Florence-
Buarque de Macedo, que ligam o distrito de Barão Geraldo e os campi da PUCC e
Unicamp ao centro;
Rodovia Dr. Adhemar Pereira de Barros (SP-340) – Rodovia Miguel Noel Nascen-
tes Burnier – Avenida Júlio Prestes – Avenida José de Souza Campos – Avenida
Orosimbo Maia, que ligam ao centro os municípios de Holambra e Jaguariúna, o
Polo de Alta Tecnologia I e o bairro residencial Alphaville, além de outros bairros
situados na zona rural, ao norte da cidade;
Rodovia Dr. Heitor Penteado (SP-081) – Avenida Dr. Moraes Salles, que ligam ao
centro os distritos de Sousas e Joaquim Egídio.
Os veículos acima de 6,3 metros de comprimento, por sua vez, foram impedidos de
circular dentro do perímetro do Anel de Integração Engenheiro Rebouças, de segunda a
sexta-feira, das 6h às 20h; e aos sábados, das 6h às 14h.
De acordo com dados do DENATRAN (2012), Campinas possui uma frota de 762 mil veícu-
los. Deste montante, 68,74% é composto por automóveis, 13,16% são motos e os cami-
nhões correspondem a 2,6%. O Gráfico 2 ilustra a evolução da frota nos últimos dez anos.
900.000
800.000
700.000
Automóvel
600.000 Caminhão
500.000 Micro-ônibus
Motocicleta
400.000
Ônibus
300.000
Outros
200.000 Total
100.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Gráfico 2: Evolução da frota em Campinas (em unidades a cada ano) Fonte: DENATRAN, 2012
Balcões de check-in 72
3. GRUPO FOCAL
Nesta seção são apresentados os resultados do grupo focal de Campinas, cuja reunião foi
realizada no dia 05 de julho de 2012. A dinâmica tinha três objetivos principais: determi-
nar os principais problemas relacionados à movimentação urbana de cargas em Campi-
nas, os locais de ocorrência desses problemas e as potenciais soluções conhecidas pelos
participantes, que poderiam ser empregadas no tratamento desses problemas.
3.1. Dinâmica
A dinâmica proposta para a reunião buscou fomentar a participação voluntária dos pre-
sentes e direcionar a discussão aos problemas relacionados à logística urbana, de forma
que todos os participantes pudessem expor seus pontos de vista. Para isso, o moderador
apresentou aos participantes três questões abertas direcionadoras:
3.2. Participantes
3.3. Resultados
Nesta seção serão apresentados os resultados da reunião do grupo focal conforme a or-
dem das questões direcionadoras proposta ao grupo pelo moderador. Desta forma, se-
rão elencados, em princípio, os problemas relacionados à logística urbana; na sequência,
os locais de ocorrência desses problemas na cidade de Campinas; finalmente, as soluções
propostas pelos participantes.
“Podemos até dizer, de forma pejorativa, que nossa economia passa pelas
estradas, mas ela deveria passar pelas ferrovias, hidrovias e aeroportos para
fluir e se desenvolver. Nossa economia está estagnada no trânsito das vias mar-
ginais e avenidas”.
“Temos que usar escolta, porque não há segurança. Isso tem atrapalhado o
trânsito? Sim! Não temos local para estacionar, não temos a cumplicidade do
comércio, porque hoje você não consegue fazer uma entrega noturna, pela falta
de segurança.”
“A macrozona 4 nunca teve um plano local. Quando você estuda essa regi-
ão, percebe que nela reside 66% da população em 30% do território. Fica claro
por que, até o momento, nunca houve um plano para o local”.
Problemas identificados:
- Sistema viário inadequado
- Falta de segurança pública
- Congestionamentos
- Falta de planejamento
- Ausência de vagas para carga /
Problemas identificados:
descarga
- Rodovia utilizada como avenida
- Congestionamentos
Via Anhanguera
Região Central
Problemas identificados:
- Rodovia utilizada como avenida
- Congestionamentos
Problemas identificados:
- Vias estreitas
- Sistema viário inadequado
- Congestionamentos
- Falta de planejamento
- Falta de vagas para carga / descarga
- Falta de segurança pública
Problemas identificados:
Problemas identificados: - Rodovia utilizada como avenida
- Sistema viário inadequado - Congestionamentos
- Falta de planejamento
- Falta de vagas para carga / descarga
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Campinas é um importante polo nacional de serviços, indústria e logística.
Sua localização privilegiada e sua vasta infraestrutura logística são fatores preponderan-
tes do seu desenvolvimento.
Com relação aos problemas de falta de infraestrutura, eles são específicos e locali-
zados. Foram apontadas necessidades de investimentos na região do aeroporto, nas vias
marginais da rodovia Santos Dumont, na Avenida João Jorge e na região central da cida-
de, além da conclusão do Anel Viário Magalhães Teixeira. A localização dos problemas se
restringe principalmente à região central da cidade e às regiões sudoeste e noroeste.
Entre as diversas soluções apontadas, podem se destacar quatro linhas de ação co-
mo as mais importantes:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENATRAN, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. Estatísticas da frota de veículo nacional. Disponível
em: <http://www.denatran.gov.br/frota.htm>. Acesso em: Agosto de 2012.
EMDEC Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas SA. Site: http://www.emdec.com.br. Acesso
em: Agosto 2012.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Site : < http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: Julho
2012.
INFRAERO. Site: < http://www.infraero.gov.br>. Acesso em: Agosto 2012.
Prefeitura Municipal de Campinas Guarulhos. Site: < http://www.campinas.sp.gov.br>. Acesso em: Agosto
2012.
5
GRUPO FOCAL DE
SÃO PAULO (SP)
S
ão Paulo é a principal cidade brasileira do ponto de vista econômico e social. No
entanto, em virtude de sua elevada complexidade, o desenvolvimento e a imple-
mentação de conceitos em sua logística urbana de mercadorias é algo que ainda
desperta numerosos desafios.
Para contribuir com o debate sobre o tema, este relatório apresenta os resultados
do grupo focal realizado em São Paulo, no qual os participantes tiveram a oportunidade
de debater sobre os principais desafios e soluções relativos à logística urbana. A discussão
incluiu representantes de diversos segmentos da sociedade envolvidos com a distribuição
urbana, como os operadores logísticos, varejistas e entidades de classe.
1. INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta os resultados do Grupo Focal sobre Logística Urbana realizado no
município de São Paulo. A discussão incluiu empresas privadas, representativas de alguns
setores da economia, além de membros de autoridades públicas e do mundo acadêmico.
Os principais temas debatidos incluíram a identificação dos problemas e das soluções
práticas para a melhoria da distribuição de produtos no município.
Na segunda parte, por sua vez, são descritos os resultados obtidos ao final da reuni-
ão do grupo focal, que é um aspecto essencial deste relatório. Seguindo a forma proposta
na metodologia da pesquisa que fundamenta este relatório, apresentam-se os principais
problemas relacionados ao transporte de cargas na cidade de São Paulo, os locais onde
eles se encontram, e as ações práticas conhecidas ou adotadas pelos diferentes stakehol-
ders para solucioná-los. Ao final deste relatório, são apresentadas as últimas considera-
ções do estudo.
2. INFORMAÇÕES GERAIS
Nas seções de 2.1 a 2.3, serão descritas as informações sobre o desenvolvimento históri-
co da cidade, principalmente os relacionados aos problemas associados ao sistema de
transporte. Também será apresentada uma caracterização da frota da cidade e os princi-
pais corredores de tráfego de veículos.
São Paulo está entre as principais cidades brasileiras, sendo considerada um importante
polo econômico, industrial e turístico do Brasil. A cidade possui um contingente populaci-
onal de, aproximadamente, 11,3 milhões de habitantes, área de 1.523 km 2 e um Produto
Interno Bruto (PIB) de quase R$ 390 bilhões (IBGE, 2010).
A Tabela 2 mostra que a RMSP está entre as dez maiores aglomerações urbanas
mundiais quanto ao tamanho do PIB. No entanto, entre as quinze maiores aglomerações,
ela possui o menor PIB per capita. Isso põe em evidência alguns desafios que a região
ainda possui, sobretudo com relação à distribuição da renda gerada.
A Figura 1 mostra uma vista área de uma região da cidade de São Paulo, na qual se
nota o alto índice de verticalização do município.
O município de São Paulo integra uma região metropolitana que possui 39 cidades,
com área de 8.051 km2 e uma população de 19,5 milhões de pessoas, representando 48%
dos habitantes de todo o Estado de São Paulo (GESP, 2012). Na região concentram-se as
sedes de boa parte das principais empresas multinacionais e brasileiras e a maior parte
dos centros de pesquisas e produtores de informação existentes no território brasileiro.
2.1. Histórico
São Paulo foi fundada em 25 de janeiro de 1554, época em que Portugal estava desbra-
vando a costa brasileira com o intuito de conhecer as dimensões territoriais de sua colô-
nia. Os dois primeiros séculos foram marcados por um baixo desenvolvimento da cidade,
visto que, nesse período, as principais atividades econômicas da colônia eram a explora-
ção açucareira e o extrativismo mineral nas atuais regiões Nordeste e Estado de Minas
Gerais. Contudo, a decadência destas atividades e o início do plantio de café, por volta de
1750, conduziram ao avanço econômico e demográfico da cidade (PSPb, 2012).
2.2. Ferrovias
O transporte do café levou à criação de uma malha ferroviária que ligava o interior produ-
tor aos portos onde ele era exportado, notadamente Santos e Rio de Janeiro, colocando a
cidade em uma posição estratégica. A implantação da malha ferroviária, que levava o café
para o porto de Santos e trazia de volta matérias-primas, foi umas das principais trans-
formações ocorridas na época na capital do Estado (PSPb, 2012).
Além desse ramal, a Estrada de Ferro São Paulo – Rio de Janeiro ia da Estação do
Norte, no Brás, à cidade de Cachoeira, no Estado do Rio, onde havia a ligação com a Es-
trada de Ferro Dom Pedro II. Ambas as ferrovias deram origem à Estrada de Ferro Central
do Brasil.
No início do século XX, o prefeito de São Paulo conduziu um projeto modernizador com a
construção de pontes e o aterramento de várzeas, que contribuiu para amenizar proble-
mas ocasionados pelo crescimento vertiginoso da cidade. Para isso, foram criados espa-
ços públicos, como parques e jardins, e foram remodeladas e pavimentas diversas ruas e
avenidas. De 1890 a meados de 1910, a população da cidade passou de 70 mil para 375
mil habitantes. Desses, cerca de 100 mil eram empregados pelas indústrias que começa-
vam a se desenvolver, como a alimentícia e a têxtil (PSPb, 2012).
2.4. População
Segundo a CET (2012), atualmente a cidade de São Paulo possui uma saturação quase
permanente no sistema viário. Para atenuar esse grave problema, a Prefeitura adotou,
em 1997, um sistema de rodízio de veículos particulares, que restringe sua circulação de
acordo com a placa de identificação e os dias e horários da semana.
Tabela 3: Regiões com restrição ao tráfego de caminhões na cidade de São Paulo (CET, 2012)
Vias com Trânsito de Vias com restrição ao tráfego de caminhões, sinalizadas com placa de regula-
Caminhões Restrito mentação R-9 complementada com legenda "Exceto Veículos Autorizados",
(Previstas na Portaria com horário de 2ª a 6ª das 5h às 9h e das 17h às 22h. Aos sábados das 10h às
SMT.G 024/2012) 14h.
Marginal do Rio Tietê (entre a Avenida Salim Farah Maluf e Marginal do Rio Pinheiros);
Marginal do Rio Pinheiros (da Marginal do Rio Tietê até a Avenida dos Bandeirantes);
Avenida dos Bandeirantes (toda a extensão);
Avenida Affonso D'Escragnolle Taunay (toda a extensão);
Complexo Viário Maria Maluf (toda a extensão);
Avenida Presidente Tancredo Neves (toda a extensão);
Rua das Juntas Provisórias (toda a extensão);
Viaduto Grande São Paulo (toda a extensão);
Avenida Professor Luís Ignácio de Anhaia Melo (entre o Viaduto Grande São Pau-
lo e a Avenida Salim Farah Maluf);
Avenida Salim Farah Maluf (toda a extensão).
Figura 3: Área delimitada pelo rodízio de veículos em São Paulo (Fonte: CET, 2012)
Segundo dados do DENATRAN (2012), São Paulo possui uma frota de cerca de 7 milhões
de veículos. Grande parte desse montante é composto por automóveis (81,7%), seguido
por motocicletas (12,96%) e caminhões (2,1%). O Gráfico 2 ilustra a evolução do tama-
nho da frota entre 2001 e maio de 2012.
8.000.000
7.000.000
6.000.000
AUTOMÓVEL
Número de Veículos
5.000.000 CAMINHÃO
MICRO-ÔNIBUS
4.000.000
MOTOCICLETA
3.000.000 ÔNIBUS
OUTROS
2.000.000
TOTAL
1.000.000
Segundo a CET (2012), o município São Paulo possui um sistema viário com, aproximada-
mente, 15.546 quilômetros de extensão. Os principais corredores de transporte são:
3. GRUPO FOCAL
Nesta seção são apresentados os resultados da reunião do Grupo Focal de São Paulo, cujo
encontro foi realizado no dia 13 de setembro de 2012. A discussão sobre a logística urba-
na na cidade contou, sobretudo, com a participação de varejistas, entidades não gover-
namentais, representantes do mundo acadêmico e transportadores. A discussão foi mar-
cada pela ausência de representantes do poder público, fato que trouxe, em alguns mo-
mentos, certo desbalanceamento em relação à argumentação dos participantes acerca
dos temas propostos.
Neste sentido, alguns argumentos não foram contestados, fato que trouxe conse-
quências negativas ao caráter exploratório do estudo. Ressalta-se que o último tema pro-
posto para a discussão foi capaz de sintetizar as principais ações futuras que poderiam
trazer melhorias para os processos de distribuição de cargas na cidade.
A seguir será apresentada uma síntese dos principais aspectos discutidos na reunião
de Focus Group. Os resultados obtidos estão ordenados em função das questões direcio-
nadoras propostas pela moderadora do grupo de pesquisa desta cidade.
3.2. Resultados
Respostas:
Questão 2: Onde estão localizados estes problemas? O objetivo era localizar os pon-
tos de ocorrência dos problemas apontados na questão 1 no município de São Paulo.
Respostas:
Respostas:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de São Paulo é o principal centro econômico e social do Estado de São Pau-
lo e do país. Este fato corrobora para que o município seja um grande polo de atração
e de geração de viagens – de pessoas e de cargas –, criando movimentações urbanas
extremamente complexas. Este aspecto se apresenta como um grande desafio para a
cidade, tendo em vista os interesses conflitantes dos diversos agentes que constitu-
em o ambiente urbano e disputam o espaço viário na cidade.
Além disso, é fundamental que o poder público tenha um papel facilitador do pro-
cesso logístico em São Paulo, visto que a movimentação de cargas é um aspecto essencial
para o bem estar social e a competitividade da cidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CET, COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO. Disponível em:
<http://www.cetsp.com.br/consultas/caminhoes.aspx>. Acesso em: 28 Set. 2012.
DENATRAN, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. Estatísticas da frota de veículo nacional. Disponível
em: <http://www.denatran.gov.br/frota.htm>. Acesso em: 10 jul. 2012.
GESP, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Disponível em:
<http://www.stm.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2024 &Itemid = 201>.
Acesso em: 29 set. 2012.
IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Primeiros resultados do censo 2010. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/censo2010/>. Acesso em: 10 jul. 2012.
PSP, PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Site institucional. Disponível em:
<http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/>. Acesso em: 29 set. 2012.
PSPa, PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Site institucional. Disponível em:
<http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/img/2000/vista-aerea_grande.jpg>. Acesso em:
29 set. 2012.
PSPb, PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Site institucional. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/historia/index.php>. Acesso em: 29 set. 2012.
SZMRECSÁNYI, T. História econômica da cidade de São Paulo. Revista de Economia Política, vol. 25, nº 3
(99), p. 314-317, 2005.
C
uritiba, capital do Estado do Paraná, é o polo de um conjunto de 26 municípios
que compõem a Região Metropolitana de Curitiba. Segundo dados do IBGE, esta
região metropolitana é considerada a segunda mais populosa do sul do país e a
oitava do Brasil, com uma população de cerca de 3 milhões de habitantes.
1. INTRODUÇÃO
Este texto apresenta os resultados do Grupo Focal sobre Logística Urbana realizado na
cidade de Curitiba. O encontro reuniu representantes do governo municipal, operadores
logísticos locais, varejistas, especialistas de universidades, representantes de sindicatos,
consultores empresariais, entre outros membros da sociedade.
Na segunda parte, portanto, são expostos os resultados do Grupo Focal, com ênfase
nos principais problemas relacionados à logística urbana na cidade (segundo a visão dos
participantes), os locais de ocorrência desses problemas e as ações conhecidas ou adota-
das pelos diferentes stakeholders capazes de solucionar os problemas mencionados.
2.1. Histórico
Curitiba foi fundada em 1693 a partir de um pequeno povoado, que se tornou uma im-
portante parada comercial na estrada de tropeiros entre Sorocaba (SP) e Viamão (RS). No
século XVII, já elevada à categoria de “vila”, tinha como principais atividades econômicas
a mineração e a agricultura de subsistência. Ao longo dos séculos XVIII e XIX, a pecuária e
a atividade tropeira passaram a ser as atividades que contribuíram para impulsionar a
economia da cidade.
No final do século XIX a cidade ganhou uma nova dinâmica com a construção da es-
trada de ferro Paranaguá-Curitiba, que liga o planalto paranaense ao litoral, e com o forte
movimento migratório, principalmente de europeus, que promoveram uma mudança nos
costumes e no cotidiano da cidade. Nesse período, destacaram-se as atividades econômi-
cas ligadas à exploração da madeira e ao cultivo da erva-mate.
2.2. População
2.000.000
1.800.000
1.751.907
1.600.000
1.400.000
1.290.142
1.200.000
1.000.000 1.025.079
População
800.000
642.362
600.000
400.000
356.830
200.000
180.575
0
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Estudos do IBGE (2010) e IPPUC (2012) apontam que a taxa de crescimento da cida-
de vem declinando nos últimos anos. Os estudos também revelam que o município está
próximo do esgotamento dos seus limites geográficos, o que resulta em uma crescente
densidade demográfica.
2.3. Economia
A partir da década de 1970 houve uma mudança no perfil das atividades econômicas do
Estado do Paraná e da cidade de Curitiba. Graças à diversificação e à modernização da
base técnica de produção agropecuária e ao avanço do setor industrial metal-mecânico, o
setor primário foi progressivamente superado pelo setor industrial em participação na
economia paranaense e curitibana.
Nas décadas de 1980 e 1990 o setor industrial se expandiu com a chegada de gran-
des grupos empresariais e a incorporação de novos segmentos. Os elementos catalisado-
res para isso foram as políticas estaduais de atração industrial, sua localização privilegiada
O sistema viário de Curitiba compõe uma das bases do planejamento urbano da ci-
dade, juntamente com o sistema de transportes e as políticas de uso e ocupação do
solo. O sistema viário da cidade, definido no plano diretor de 1966, priorizava o de-
senvolvimento da cidade no sentido nordeste – sudoeste, e a linearidade da expan-
são da cidade ocorreria ao longo de eixos estruturais.
Nas grandes avenidas e ruas onde já havia ocupação foram criados pequenos tre-
chos de ligação viária, que ofereciam novas opções de circulação. Foi uma solução menos
onerosa do que as tradicionais políticas de grandes desapropriações. Dessa maneira, o
Por sua vez, vias antigas foram preservadas como vias de penetração. Elas foram
denominadas como vias coletoras, sendo responsáveis pela ligação interbairros, distribui-
ção do tráfego local e de passagem, além de concentrarem o comércio e os serviços. As
vias locais, livres do tráfego pesado, foram reprojetadas para serem equipadas com cal-
çadas mais largas, arborização, áreas de lazer e jardins.
Desde 1997 está em vigor na cidade de Curitiba um decreto de lei que passou a restringir
a circulação de veículos de carga na zona central da cidade. Essa região foi denominada
“Zona Central de Tráfego” e suas regras para serviços de carga e descarga delimitam es-
paços e horários para estas operações. Essas regras vigentes são expostas na Tabela 1.
Restrições:
Dias Finais de
Tipo de Veículo
úteis semana
Veículos de carga
com capacidade Circulação
Circulação
entre 10 a 14 proibida das
proibida das
toneladas e de 10 7h às 14h aos
7h às 20h
a 14 metros de sábados
comprimento
Requerem Requerem
autorização autorização
Veículos com
especial junto especial junto
capacidade acima
aos órgãos de aos órgãos de
de 14 toneladas
trânsito da trânsito da
cidade cidade
Curitiba possui uma frota de aproximadamente 1,37 milhão de veículos, segundo dados
de 2012 do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN). Desse total, 70,32% são au-
tomóveis, 9,13% são motocicletas e 2,90% são caminhões. O total de ônibus e micro-
ônibus corresponde a apenas 0,84% da frota total. O Gráfico 2 apresenta a evolução da
frota de veículos no período entre 2001 e 2012.
1.600.000
1.400.000 TOTAL
Número de veículos
1.200.000 AUTOMOVEL
CAMINHÃO
1.000.000
MICROÔNIBUS
800.000 MOTOCICLETA
600.000 ONIBUS
OUTROS
400.000
200.000
3.1. Dinâmica
A dinâmica proposta para a reunião buscou fomentar a participação voluntária dos pre-
sentes e direcionar a discussão sobre os problemas relacionados à logística urbana, de
forma que todos participantes pudessem expor seu ponto de vista. Para tanto, o modera-
dor apresentou aos participantes três questões abertas direcionadoras:
3.2. Participantes
A reunião do grupo focal teve a presença de 13 participantes. Entre eles havia represen-
tantes do governo municipal, operadores logísticos locais, varejistas, especialistas de uni-
versidades, representantes de sindicatos, consultores empresariais, entre outros.
Com efeito, o transporte de cargas está incluído no Plano Diretor de Curitiba desde
2004. Além disso, atualmente está sendo realizado um diagnóstico da movimentação
de produtos na cidade para desenvolver mecanismos que fundamentem as ações
governamentais. A cidade também organizou workshops sobre logística urbana, vi-
sando um aprofundamento dos conceitos. Todos esses aspectos permitiram que o
grupo acumulasse um conhecimento prévio a respeito dos temas desta pesquisa.
Com relação aos principais problemas citados pelo grupo pesquisado, destacam-se
a falta de padronização das restrições sobre os veículos de carga, a falta de vagas de carga
e descarga e a incerteza operacional na distribuição de produtos. No que se refere às so-
luções mencionadas, vale ressaltar o desenvolvimento de uma base legal para a regula-
mentação da distribuição urbana de mercadorias, o incentivo à entrega noturna e a me-
lhoraria da infraestrutura viária.
A maioria dos pontos levantados no debate teve a contribuição dos players presen-
tes, aspecto que enriqueceu a pesquisa na medida em que algumas indagações de de-
terminados participantes contradiziam os pontos de vistas expostos por outros. Este fato
Por outro lado, o último tema proposto para a discussão resultou em uma conver-
gência das repostas. Esse aspecto contribui para a definição de ações em futuras pes-
quisas, pois servem de referência ao ponto de partida desses novos estudos.
3.3. Resultados
A seguir será apresentada uma síntese dos principais aspectos discutidos na reunião do
grupo. Os resultados obtidos estão ordenados em função das questões direcionadoras
propostas pela moderadora do grupo de pesquisa desta cidade.
Por fim, as respostas à questão 3 (Quais as ações práticas adotadas para enfrentar
os problemas apontados anteriormente, e como a cidade pode enfrentar estes proble-
mas?) foram várias e concretas. Segundo os participantes, a principal ação já adotada foi
a inclusão de regras para o transporte de cargas no Plano Diretor da cidade, em 2004.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Curitiba é uma cidade que, apesar dos problemas em relação à mobilidade urbana, apre-
senta um bom histórico na aplicação de políticas públicas. Isso se deve, sobretudo, ao seu
sistema de transporte público, que a coloca em destaque no cenário nacional.
Mesmo assim, ainda existe uma lacuna no conhecimento da cidade sobre o trans-
porte de mercadorias, aspecto que contribui para o baixo nível de implantação de
medidas práticas para mitigar os problemas sobre a distribuição de produtos.
É importante ressaltar que Curitiba vem realizando estudos para traçar um diagnós-
tico do seu processo de transporte de cargas. Esse trabalho pode ser fundamental para o
desenvolvimento de políticas públicas que tragam impactos positivos na movimentação
de produtos na cidade. O ambiente institucional que vem sendo formado no município
com a inserção da carga entre os problemas prioritários pode contribuir para o fortaleci-
mento do histórico favorável da cidade no contexto de desenvolvimento de políticas para
a melhoria de seu sistema de transporte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENATRAN, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. Estatísticas da frota de veículo nacional. Disponível
em: <http://www.denatran.gov.br/frota.htm>. Acesso em: Novembro de 2012.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Site : < http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: Novembro
2012.
IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Site:< http://www.ippuc.org.br>. Acesso:
Janeiro de 2013.
Prefeitura Municipal de Curitiba. Site:< http://www.curitiba.pr.gov.br/>. Acesso em: Janeiro 2013.
7
GRUPO FOCAL DE
BRASÍLIA (DF)
P
lanejada e construída em apenas quatro anos, Brasília nasceu para ser a nova ca-
pital do Brasil, retirando do Rio de Janeiro este título no dia 21 de abril de 1960,
data em que foi fundada. Desde então, a área urbana da capital federal, construí-
da em um local praticamente deserto do cerrado goiano, foi se desenvolvendo crescen-
temente, alcançando hoje uma população de pouco mais de 2,5 milhões de habitantes.
1. INTRODUÇÃO
Nos itens a seguir são apresentadas as principais características urbanas de Brasília e do
Distrito Federal, bem como os resultados da reunião do Grupo Focal sobre logística urba-
na realizado na capital federal. O encontro reuniu entidades governamentais, especialis-
tas do mundo acadêmico, profissionais do setor privado e um representante de uma or-
ganização não governamental. Tal como nos capítulos anteriores, a exposição está dividi-
da em duas partes: a primeira, focada na descrição das características urbanas locais, e a
segunda, centrada na análise da dinâmica e dos resultados do Grupo Focal.
2.1. Histórico
Em outubro de 1957, o então presidente Juscelino Kubitscheck sancionou a lei que trans-
feriu a capital da União para o novo Distrito Federal. Inaugurada em 21 de abril de 1960,
Brasília tornou-se assim a terceira capital da história do Brasil (as capitais anteriores fo-
ram Salvador e Rio de Janeiro).
O arquiteto Oscar Niemeyer foi o autor dos principais projetos arquitetônicos dos
edifícios da cidade. Em dezembro de 1987, Brasília foi tombada pela Unesco como Patri-
mônio Histórico e Cultural da Humanidade, sendo o único conjunto arquitetônico com
menos de 100 anos a receber esta honra.
2.2. População
Em função das características de sua fundação, a população do Distrito Federal foi forma-
da, de início, principalmente por migrantes das regiões sudeste e nordeste do país. Se-
gundo o IBGE, menos de 50% dos habitantes de Brasília nasceram na cidade.
Planejado para um máximo de 500 mil habitantes no ano 2000, o Distrito Federal
atingiu essa cifra no início da década de 1970. Hoje sua população é de mais de 2,5 mi-
lhões de habitantes, sendo predominantemente urbana. Outros dados do IBGE, apresen-
tados abaixo e no Gráfico 1, mostram a evolução da população do DF nos últimos 50
anos.
3.000.000
2.562.963
2.500.000
2.051.146
2.000.000
1.601.094
1.500.000
População
1.176.935
1.000.000
500.000 537.492
140.165
0
1960 1970 1980 1991 2000 2010
A capital Brasília não é a área mais populosa do DF, como se vê no Gráfico 2. Este
apresenta a distribuição percentual da população, segundo as Regiões Administrativas.
18%
16%
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
2.3. Economia
Brasília possui um sistema viário projetado segundo uma hierarquia que obedece ao anti-
go Código Brasileiro de Trânsito, no qual as velocidades máximas estavam distribuídas em
função da tipologia das vias:
A seguir, a Tabela 1 mostra outras importantes rodovias estaduais e vias que ser-
vem de ligações no Distrito Federal.
A Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) é uma das principais vias do sis-
tema rodoviário do Distrito Federal por manter fora da cidade o tráfego pesado de veícu-
los destinados ao Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e ao Setor de Abastecimento e
Armazenagem Norte (SAAN). Desta via derivam a Estrada Parque Núcleo Bandeirante
(EPNB), em direção à BR-060, e a Estrada Parque Ceilândia (EPCL), conhecida como Via
Estrutural, em direção à BR-070. Esta foi construída na década de 1970 para atender Ta-
batinga Norte e Ceilândia, desafogando o trânsito da Estrada Parque Tabatinga (EPTG).
A Estrada Parque Abastecimento e Armazenagem (EPAA) liga a via N-1 do Eixo Mo-
numental ao Setor de Abastecimento e Armazenagem Norte (SAAN). A Estrada Parque do
Contorno (EPCT) margeia a bacia hidrográfica do lago Paranoá e demarca o cinturão ver-
de da cidade. Nos trechos entre as cidades satélites de Tabatinga Sul e Águas Claras a via
é caracterizada por um intenso tráfego local veículos. Esta via, também conhecida como
anel viário da cidade, é uma rodovia estadual chamada DF-001.
EPAA
EPCL
EPCT
EPTG
EPIA
EPNB
2.5. Frota
Brasília possui uma frota de aproximadamente 1,42 milhão de veículos. Deste total,
73,19% são automóveis, 10,22% são motocicletas e 1,48% são caminhões. O total de ôni-
bus e micro-ônibus corresponde a 0,96% da frota total. O Gráfico 3 apresenta a evolução
da frota de veículos no período entre 2001 e 2012.
1.200.000
AUTOMÓVEL
Número de Veículos
1.000.000 CAMINHÃO
MICROÔNIBUS
800.000
MOTOCICLETA
600.000 ÔNIBUS
400.000 Outros
total
200.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Pode-se perceber que a frota de Brasília cresceu 220% no período analisado. As ca-
tegorias de veículos que registraram os maiores aumentos foram as de motocicletas
(462,05%) e de automóveis (201,33%). Ônibus, micro-ônibus e caminhões também apre-
sentaram crescimento significativo, com índices próximos a 150%.
A promulgação desta lei foi um importante marco na gestão das políticas públicas A
das cidades, uma vez que o atual modelo por elas adotado é caracterizado, sobretu- Lei
do, pela baixa prioridade ao transporte coletivo. Isso acarreta o aumento das exter- nº
nalidades negativas da movimentação de pessoas e de cargas devido aos congestio- 12.5
namentos e à emissão de poluentes oriundos, principalmente, dos automóveis parti- 87
culares. Este cenário se deve, em parte, ao fato da gestão da maioria dos municípios teve
ser carente de investimentos públicos e de fontes de financiamento ao transporte de sig-
massa, faltando ainda políticas nacionalmente articuladas. A nova lei almeja tratar nifi-
tais aspectos (IPEA, 2012). cati-
vas
alte-
rações nos seus 17 anos de tramitação. Uma das mais marcantes referiu-se ao termo inicial
de diretrizes nacionais, que passou de “Transporte Coletivo Urbano” para “Política Nacional
de Mobilidade Urbana”. Salienta-se que esta lei preservou de maneira praticamente inte-
gral os princípios da Política Nacional da Mobilidade Urbana Sustentável, formatada em
2004 pelo Ministério das Cidades.
Um dos aspectos mais marcantes desses princípios é que eles, com a sanção da Po-
lítica Nacional de Mobilidade Urbana, passaram a ser, obrigatoriamente, incorporados ao
Plano Diretor de grande parte dos municípios brasileiros – mais especificamente, daque-
les com população superior a 20 mil habitantes. Isto fornece segurança jurídica para que
as cidades possam definir medidas ou adotar instrumentos de priorização aos meios não-
motorizados e coletivos de transporte em detrimento aos modais individuais.
D
Destaca-se, porém, que o transporte de carga é apenas brevemente abordado em
esta
determinadas matérias do planejamento e gestão dos sistemas de mobilidade urba-
for
na. Neste sentido, a lei ressalta a necessidade da operação e do disciplinamento da
ma,
movimentação de cargas na infraestrutura viária e prevê a definição de áreas e horá-
ve-
rios de acesso e circulação restrita ou controlada de veículos.
rifi-
ca-
se a necessidade de discutir os problemas, as potenciais soluções e as medidas que vem
sendo adotadas no que se refere à gestão de cargas nas cidades brasileiras visando esta-
belecer, de maneira incipiente, possíveis alternativas que podem ser adotadas pelos ad-
ministradores públicos para a melhoria econômica, social e ambiental da distribuição ur-
bana de mercadorias.
Em relação aos principais problemas na logística urbana citados pelo grupo, destaca- F
ram-se o conhecimento insuficiente sobre o fluxo de mercadorias, a falta de um pla- ora
nejamento conjunto do sistema de transporte e a baixa articulação entre os diversos m
níveis governamentais para a definição de diretrizes concernentes à movimentação tam
de cargas. No que se refere às soluções mencionadas, foram ressaltados o incentivo à bé
entrega de produtos em horários alternativos, a elaboração de estratégias de comu- m
nicação objetivando aumentar a adesão dos agentes ligados ao transporte urbano rela
para mitigar os problemas da carga e o desenvolvimento de guias de boas práticas lata
para auxiliar no planejamento do transporte de produtos nos municípios. ta-
das
prá-
ticas já adotadas em algumas cidades, como as entregas usando veículos não motorizados
no bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, e um programa nacional para iden-
tificar os níveis de emissão dos veículos de cargas.
Vale frisar que, em determinados momentos, houve, por parte de alguns agentes,
uma preocupação com os impactos sobre os custos logísticos que determinadas soluções
poderiam provocar, como por exemplo, o desenvolvimento de veículos com matrizes
energéticas alternativas para o transporte de cargas nas cidades. Este aspecto, segundo
eles, poderia aumentar consideravelmente os valores dos fretes.
A seguir será apresentada uma síntese dos principais aspectos discutidos na reunião
de Grupo de Foco, realizada no dia 17 de dezembro de 2012. Os resultados estão ordena-
dos em função das questões direcionadoras propostas pela moderadora do grupo.
Respostas:
Questão 3: Quais soluções já implementadas podem ser consideradas como casos de su-
cesso nos municípios brasileiros?
Respostas:
O estudo dos fluxos de cargas nas cidades pode ser visto como um aspecto funda-
mental para o entendimento dos problemas concernentes ao transporte de produtos nas
cidades. Isto se dá porque o conhecimento insuficiente desta atividade, conforme apon-
tado neste relatório, contribui para mantê-la em um estado inerte em relação ao desen-
volvimento de políticas públicas. A correta compreensão deste setor pode acarretar em
uma definição de diretrizes assertivas e, consequentemente, colaborar para a mitigação
de suas externalidades negativas sobre o ambiente urbano. As autoridades públicas po-
dem ser vistas como agentes indutores deste processo, atuando com a disponibilização
de recursos e facilitando o entendimento entre interesses conflitantes.
8
PESQUISA QUANTITATIVA
COM TRANSPORTADORES
Marcelo Petenate
O
objetivo desta pesquisa é comparar o desempenho logístico urbano em sete
das maiores cidades brasileiras, localizadas em três das cinco regiões do Brasil:
Sul, Sudeste e Nordeste. As cidades escolhidas para esta pesquisa foram São
Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Guarulhos e Campinas.
Dessa forma, foi possível perceber que os transportadores enfrentam diferentes di-
ficuldades dependendo das características de cada município. Também foi possível cons-
tatar que os principais influenciadores do payload são variáveis como distância entre as
entregas, número de entregas na rota, capacidade e tempo para descarga.
Dessa forma, entre os meses de junho de 2012 e janeiro de 2013, foram realizadas
333 entrevistas com motoristas de veículos de carga nas seguintes cidades brasileiras
apresentadas no mapa da Figura 1. As cidades foram distribuídas em 5 estados brasileiros
e três regiões (Sul, Sudeste e Nordeste), representando diferentes realidades do Brasil. O
total de entrevistas em cada cidade é apresentado no quadro anexo.
Cidade Entrevistas
São Paulo 47
Rio de Janeiro 49
Belo Horizonte
Fortaleza 47 Rio de Janeiro
Belo Horizonte 49
Curitiba 48 Campinas Guarulhos
Guarulhos 47 São Paulo
Campinas 46 Curitiba
Figura 1: Cidades nas quais a pesquisa foi realizada e seus respectivos totais de entrevistas
Velocidade na cidade: velocidade média (em km/h) operada na cidade para reali-
zar todas as entregas;
Distância entre entregas: distância média (em km) entre os pontos de entrega de
mercadorias;
Número de entregas na rota: número de entregas realizadas na rota;
Capacidade do veículo: capacidade de carga (em toneladas) do veículo;
Carga transportada: carga (em toneladas) transportada no veículo;
Tempo de descarga: tempo total (em minutos) gasto com todas as descargas da rota;
Distância ociosa: distância (em quilômetros) gasta com caminhão vazio;
Idade do veículo: idade (em anos) do veículo.
2. RESULTADOS
A cidade de menor população nesta pesquisa é Campinas, com 1,08 milhão de habitantes,
segundo o censo do IBGE (2010). A maior é São Paulo, com 11,25 milhões. Em nenhuma
cidade pesquisada a proporção da população rural supera um índice de 2%, ou seja, todas
são predominantemente urbanas.
População
Veículos
Campinas
Guarulhos
Curitiba
Belo Horizonte
Fortaleza
Rio de Janeiro
São Paulo
42%
29%
14%
9%
6%
Quando se estratifica os dados por cidade, percebe-se uma similaridade entre São
Paulo e Guarulhos, cidades nas quais o principal entrave citado foram as políticas de res-
trição de circulação (54% e 55% respectivamente), o que é uma discussão bastante inten-
sa nesses municípios.
Esses três municípios localizam-se no estado de São Paulo, indicando que as prefei-
turas locais têm se utilizado da restrição de circulação como principal medida para orga-
nizar os deslocamentos urbanos de mercadorias nessa região. O Gráfico 4 apresenta em
detalhes os percentuais das três cidades paulistas.
44%
38%
Cliente
Congestionamento
28% 27% Disponibilidade
Políticas de transporte
Segurança
15%
12% 13%
6%
4%
2% 2%
0% 0%
Com o objetivo de comparar as realidades das cidades de São Paulo, Guarulhos, Campi-
nas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Fortaleza quanto à sua logística urbana,
foram coletadas os seguintes dados de cada uma delas:
Velocidade na cidade;
Distância entre entregas;
Número de entregas na rota;
Capacidade do veículo;
Carga transportada;
Tempo de descarga;
Distância ociosa;
Idade do veículo.
Para fazer a comparação das variáveis entre as cidades foi utilizado o método gráfi-
co boxplot (Tukey, 1977). Com ele é possível resumir os dados coletados e comparar as
cidades por meio de índices como valor mínimo, primeiro quartil, mediana, terceiro quar-
til e máximo, conforme mostra o Gráfico 6. Quanto mais deslocados os boxplots de duas
cidades, maior a diferença entre elas.
Máximo
0,8
0,7
0,6
Payload
0,5
0,4
Quartil 3
0,3
0,2
Mediana
Quartil 1
0,1
Mínimo
0
Rio de Janeiro
Gráfico 7: Velocidade média (em Km/h) para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 9: Entregas por rota para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Também não foram perceptíveis diferenças significativas entre o peso médio das en-
tregas e o tempo de descarga nas cidades pesquisadas, mas vale destacar que nas cidades
de Campinas e Curitiba foram registradas amplitudes menores em ambas as variáveis.
Gráfico 10: Capacidade de carga (em ton) para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Peso médio das entregas (em
ton)
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 11: Peso médio das entregas (em ton) para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Tempo de descarga (em minutos)
Gráfico 12: Tempo de descarga (em min) para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 13: Distância ociosa (em Km) para o transporte de carga nas cidades pesquisadas
Para estudar as diferenças de políticas entre as empresas que operam nesses municí-
pios, foram coletadas informações relativas à ocupação dos veículos e a idade da frota. Em
todas as cidades a ocupação média dos veículos mostrou-se muito próxima, em torno a
80%, não sendo possível discriminá-las através desta característica.
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 14: Ocupação dos veículos no transporte de carga nas cidades pesquisadas
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 15: Idade média da frota (em anos) no transporte de carga nas cidades pesquisadas
Uma medida de desempenho logístico é a variável payload, definida como a razão entre a
carga transportada e os quilômetros viajados. Houve muita variabilidade neste indicador,
com empresas apresentando entre 0,01 e 1,62 ton/km. Fortaleza foi a que apresentou o
maior payload médio (0,43) enquanto que Curitiba indicou o mais baixo (0,24).
Payload
Belo Horizonte Campinas Curitiba Fortaleza Guarulhos Rio de Janeiro São Paulo
Gráfico 16: Payload (em ton / km) verificado no transporte de carga nas cidades pesquisadas
Para estudar como as variáveis logísticas influem no desempenho global medido pe-
lo payload, foi estimado um modelo de regressão. Como a variação do payload é muito
maior para valores altos, é apropriado usar a transformação logarítmica do payload. As
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
log (payload)
log (payload)
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
log (payload)
log (payload)
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1901ral 1901ral
Por meio do modelo de regressão, é possível estimar o efeito de cada variável signi-
ficante no payload. A tabela a seguir apresenta os coeficientes estimados e os respectivos
erros padrão. Como conclusão da tabela, percebe-se que as variáveis capacidade do veí-
culo, tempo de descarga e ocupação tiveram influencia positiva no payload (quanto maio-
res essas variáveis, maior o payload). Por outro lado, as variáveis distância entre entregas
e entregas por rota apresentaram influência negativa no payload.
O desempenho dos operadores logísticos nas cidades foi medido por meio do indi-
cador payload (razão entre a carga total transportada e os quilômetros percorridos) e foi
influenciado sobretudo pela distância entre entregas e entregas por rota (relação positi-
va) e capacidade do veículo e tempo para descarga (relação positiva).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Allen, J.; Browne, M.; Cherrett, T. (2012). Survey Techniques in Urban Freight Transport Studies. Transport
Reviews, Vol. 32, No. 3, 287–311.
Cochran, W. G. (1977). Sampling Techniques, Third Edition, New York: John Wiley & Sons.
Deming, W. E. (1990). Sample Design in Business Research. John Wiley & Sons.
Fioravanti, R.; Guerrero, P.; Cho, E. (2010). MODELING PUBLIC POLICIES ON URBAN FREIGHT DISTRIBU-
TION: TACKLING EMISSIONS, CONGESTION, AND LOGISTICS COSTS. Artigo em submissão.
Fisher, R. (1954). Statistical Methods for Research Workers. Oliver and Boyd.
Kind, L. (2004) Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista, Belo Horizonte,
v. 10, n. 15, p. 124-136.
McCullagh, P.; Nelder, J. (1989). Generalized Linear Models, Second Edition. Boca Raton: Chapman and
Hall/CRC.
DE GESTÃO DO TRÂNSITO E
Total demand for cargo flowing through the city Initial value = 600,000
Yearly freight demand
(tons) tons/year
Average vehicle capacity considering the vehicle mix 2 tons: light truck
Average vehicle capacity
(light/heavy trucks) >4 tons: heavy truck
Loading time The time the vehicle spend for loading/unloading 12 minutes
Total weight loaded on vehicle in relation to its capac- Result of policies (initial
Truck Load
ity value as 70% and 90%)
No regulation or
Vehicle regulation % of light vehicles used in urban transport
min=90%
Number of vehicles*average
Total Traffic Total traffic level (vehicles * km)
distance
Output Indicators³
QUIMITRANS TRANSPORTES
ABRALOG GB BRASIL LOGÍSTICA LTDA
LTDA
ACEVILLE TRANSPORTES LTDA GBC GENERAL BRAS CARGO LTDA Raça Transportes Ltda
Global Express Logística & Distri- Rapido Sete Lagos Logística
Altiza Transportes Ltda.
buição Ltda Ltda
Golden Táxi Transportes Executi- Rodoagro Transportes e Logís-
ALVES-ADVOCACIA
vo tica ltda.
Andrômeda Logística e Transportes GPS Logística RODOSEG TRANSPORTES LTDA
Grupo Massela Transportes e Lo-
ATTRANS Logística e Transporte Rodoviario Schio Ltda
gística
Haidar Transportes e Logística
Barriga Verde Transp e com ltda Roma Logística Ltda
ltda
HAPPENING EMP. IMP. E EXP Sancargo Logística de Cargas
CARAMURU ALIMENTOS SA
LTDA Ltda.
CETRAMAQ EQUIPAMENTOS E SERVI- Sandvik Materials Technology
IBL
ÇOS LTDA do Brasil S.A.
CEVA Logistics Ltda Implemento Rep. Coml. Sayder Logística Ltda
SPFLY TRANSPORTES E LOGÍS-
CHTrans Transportes Rodoviários Ltda Instituto Sapiens Vita
TICA LTDA
STRATEGICLOG TREINAMENTO
CIDADE AZUL TRANSPORTES LTDA Interteck EM DESENVOLVIMENTO PRO-
FISSIONAL LTDA ME
CIDEX LOGÍSTICA LTDA ipiranga transportes ltda TBI Transportes Ltda
Controle Express Transp. Ltda JS VIEIRA TRANSP RODOV LTDA tic transportes ltda
KAIROS GLOBAL ALIMENTOS
DEX LOG - Operador Logistico TRANSITO BRASIL
LTDA
Lazinho Armazens Logística e translag transportes e Logística
DHL Supply Chain
Transportes Ltda Ltda
Transnorte Cargas e Encomen-
eclipse transportes Lógica Transportes
das Ltda
Logística e Transportes Bartelt TRANSNOVAG TRANSPORTES
Edson Estebes
Ltda S/A
Maria Alaide Silva Transportes
EMPRESA DE TRANSPORTES COVRE Transportadora Americana
Ltda
marumby mudancas e transpor- Transportadora Jaguatirica
EMPRESA RODOVIARIA SCALET LTDA
tes ltada Ltda.
Estrada Transportes Ltda Masterlog log e transportes Transportadora Lagoinha Ltda
Expresso Transportes, Logística e Ser-
MAXXIMA LOGÍSTICA LTDA Transportadora Rodojun Ltda
viços Ltda
TRANSPORTADORA TRANSFI-
Expresso Arghi Ltda NELMETAIS TECNOLOGIA
NAL LTDA
NOVA GUAIRA TRANSPORTES
Expresso Conventos Ltda Transporte Rodor Ltda
LTDA
TRANSPORTES OURO NEGRO
EXPRESSO MONTANHA CARGAS LTDA NPimenta Transportes Ltda
LTDA
Transportes RM Jundiai Ltda
Figueredo Transporte Com. Ltda. PAIXÃO TRANSPORTES
EPP
Francisco Almeida Panalpina Ltda Transportes Rodorap Ltda.
Frilog Transportes PICCILLI TRANSPORTES LTDA Vital Brazil Transportes
G9 TRANSPORTES LTDA Ponto Um Logística Ltda VM Consultrans
Quanto tempo, em média, você gastou com carga e descarga nessa rota?
Da distância total percorrida, qual porcentagem foi gasta com caminhão vazio (volta para a “cen-
tral”)?
9
ESTRUTURA DE GESTÃO DO
TRÂNSITO E TRANSPORTE DE
CARGA EM MUNICÍPIOS
BRASILEIROS DE MÉDIO E
GRANDE PORTE
Rosimar A. Gonçalves
E
ste artigo apresenta um levantamento das estruturas que as administrações públi-
cas das cidades brasileiras com mais de cem mil habitantes destinam ao trânsito e
ao transporte, com ênfase na gestão da carga urbana. Nele são retratadas as carac-
terísticas socioeconômicas desses municípios, que são confrontadas com sua frota veicular
e com a movimentação de embarque e desembarque em seus portos e aeroportos.
Médio -
50 a 100 Médio Grande 300 a 500 Megacidade > 10.000
Pequeno
Uma vez determinados os 156 municípios, o estudo foi divido em quatro vertentes
de abordagem:
Quadro 2: Distribuição nas Regiões e Estados dos municípios aptos à pesquisa e os pesquisados
Nº de municípios
ão
Estado = Capital
gi
Re
Oeste
Municípios Última
Região Estados Nº de
Consultados Nº de Capitais Municípios
Colocação do
< 0,5
entre 0,5
> 0,8
PIB < 100 Município na e 0,8
PIB < 100
Região
S 3 30 3 18 257 0 7 23
SE 4 39 4 28 408 0 19 20
C-O 3 17 3 6 626 0 12 5
N 7 20 4 5 665 0 18 2
NE 9 50 9 11 683 0 49 1
Brasil 26 156 23 68 - 0 105 51
Em muitos dos municípios, o índice supera a marca de 50 veículos para cada 100
habitantes, o que sugere um agravamento na mobilidade urbana pelo simples número de
veículos em circulação.
motores (IPVA).
De acordo com um estudo sobre domicílio tributário – o local onde a pessoa física
ou jurídica estabelece suas atividades habituais, sendo o ponto de referência para comu-
nicações e procedimentos fiscais (Araujo Jr, 2010) –, alguns estados possuem legislações
permissivas ao registro de veículos, com proprietários domiciliados em outros estados.
Essas referidas legislações são inconstitucionais, pois desrespeitam o que está explícito no
Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins de registro, licenciamento
ou habilitação: Infração - gravíssima; Penalidade – multa.
Esta declaração de falso domicílio para auferir benefício de alíquotas menores prati-
cadas em outros estados é crime previsto no art. 1º da Lei Federal nº 8.137, de 27 /12/90,
que define os crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de consumo:
População Entre Entre Entre Entre Entre Entre Entre Maior que
Total
[mil hab] 100 e 200 200 e 300 300 e 400 400 e 500 500 e 600 600 e 700 800 e 900 1.200.000
Nº Municípios 27 8 9 5 1 3 1 1
55
Total 35 14 6
É possível constatar que nas três maiores movimentações de carga dos portos, veri-
ficadas em Santos, Paranaguá e Rio Grande, a frota de caminhões registrada é de 4, 6 e
3% dos totais, respectivamente. De fato, nos 31 municípios da amostra, nos que operam
portos ou aeroportos não são encontrados os maiores percentuais de caminhões em re-
lação à frota total do município.
Quadro 5: Distribuição das Instâncias Administrativas Específicas de Trânsito e Transporte por Região
Administração Direta Administração Indireta Sem Informações
Indefinição de Secretaria
Superintendência
Depto Municipal
Empresa Pública
Coordenadoria
Dir. de Trânsito
Autarquia
Secretaria
Subtotal
Subtotal
Subtotal
Agência
Instituto
Total
Região
Norte 0 4 0 6 10 0 1 0 2 1 1 5 2 3 0 5 20
Nordeste 2 2 0 15 19 0 6 1 1 0 8 16 13 0 2 15 50
Centro-Oeste 0 1 1 6 8 2 2 0 0 0 4 8 0 0 1 1 17
Sudeste 0 0 0 19 19 0 3 3 8 0 0 14 5 0 1 6 39
Sul 0 0 1 14 15 0 3 3 1 1 0 8 7 0 0 7 30
3. CONCLUSÕES
O estudo mostrou que seria interessante fazer uma pesquisa separada para as regiões Sul
e Sudeste, considerando que 118 municípios foram excluídos da amostra em função da
manutenção da proporcionalidade entre as regiões, mas que apresentariam as caracterís-
ticas delimitadas pelo estudo.
Além disso, o aprofundamento das consultas feitas nos sites, por meio de, por
exemplo, contato direto com as prefeituras estudadas, seria uma forma de se obter os
dados não disponibilizados e ampliar os questionamentos sobre a forma como cada um
faz a própria gestão da carga urbana. O fato desses municípios não terem destacado, em
Sete anos depois do CTB nos Princípios e Diretrizes do Plano da Política Nacional de
Mobilidade (PNM, 2004), elaborado em atendimento à Constituição, também não foi
apresentada a questão da circulação de carga urbana nos macro-objetivos nacionais nos
nove itens relativos ao acesso universal, seguro, equânime e democrático ao espaço ur-
bano. No total de 29 Diretrizes desse plano, apenas a de número 13 (“Apoiar planos e
projetos que ordenem a circulação de mercadorias de maneira racional e segura, princi-
palmente em relação às cargas perigosas”) faz alusão à movimentação da carga.
A modificação significativa surgiu com a Lei das Diretrizes da PNMU (2012), que em
seus objetivos, classificações e estabelecimentos de ações para a administração da mobi-
lidade urbana explicitou, para cada caso, a equivalência entre o deslocamento de passa-
geiros e o de carga com a atribuição específica das competências aos municípios.
Pressupõe-se que – tal como no período imediatamente pós CTB – a Lei das Diretri-
zes da PNMU, com essa inovação, promova uma onda de reorganizações nas estruturas
de administração específica dos municípios, de modo que estes atendam às questões
relativas ao transporte de carga urbana, possibilitando a elaboração de planos municipais.
a) Nos 37 municípios com população superior a 500 mil habitantes, mesmo com
os maiores índices de motorização, não são observados os maiores percentu-
ais de caminhões em sua frota;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Posição IDH-M
PIB [2009]
no População Área 2000
Estado Municípios 2 Posição
Estado [Censo 2010] [km ] x (R$ 1.000,00)
Valor Nacional
[nº hab]
AC 1 Rio Branco 336.038 9.223 0,754 124 3 837 371
AM 1 Manaus 1.802.014 11.401 0,774 6 40.486.107
AM 2 Parintins 102.033 5.952 0,696 460 522
AP 1 Macapá 398.204 6.407 0,772 98 4 679 694
AP 2 Santana 101.262 1.578 0,742 362 1 104 525
PA 1 Belém 1.393.399 1.065 0,806 24 16 526 989
PA 2 Ananindeua 471.980 185 0,782 142 3 243 369
PA 3 Santarém 294.580 22.887 0,746 244 1 765 658
PA 5 Castanhal 173.149 1.029 0,746 331 1 216 351
PA 6 Parauapebas 153.908 7.008 0,741 84 5 617 969
PA 4 Marabá 233.669 15.092 0,714 152 3 058 909
PA 10 Marituba 108.246 103 0,713 665 518 739
PA 7 Abaetetuba 141.100 1.611 0,706 456 257
PA 8 Cametá 120.896 3.081 0,671 328 735
PA 9 Bragança 113.227 2.090 0,662 382 808
RO 1 Porto Velho 428.527 34.082 0,763 70 6 607 642
RO 2 Ji-Paraná 116.610 6.897 0,753 294 1 401 586
RR Boa Vista 284.313 5.687 0,779 118 4 090 497
TO 1 Palmas 228.332 2.219 0,800 161 2 964 231
TO 2 Araguaína 150.484 4.000 0,749 270 1 582 447
Fontes: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Estimativas Populacionais [2008];
Sites das Prefeituras.
Municípios com administração indireta
Dos 20 municípios analisados na Região Norte, somente cinco estão em uma posi-
ção nacional do PIB inferior a 100, sendo quatro capitais, e com a última colocação igual à
665ª. Somente dois municípios apresentam um alto índice de desenvolvimento humano;
os demais apresentam índice médio.
Dos 50 municípios analisados na Região Nordeste, somente 11 estão em uma posição nacional do
PIB inferior à 100ª (sendo nove capitais), e com a última colocação igual à 683ª. Somente um município
apresenta um alto índice de desenvolvimento humano; os demais apresentam índice médio.
IDH-M
Posição PIB [2009]
População Área 2000
Estado no Estado Municípios Posição
[Censo 2010] [km2] x (R$ 1.000,00)
[nº hab] Valor Nacional
IDH-M
Posição PIB [2009]
População Área 2000
Estado no Estado Municípios Posição
[Censo 2010] [km2] x (R$ 1.000,00)
[nº hab] Valor Nacional
Posição IDH-M
PIB [2009]
no População Área 2000
Estado Municípios Posição
Estado [Censo 2010] [km2] x (R$ 1.000,00)
Valor
[nº hab] Nacional
População Caminhão +
Portos
Ind. Motorização
Região
Estado
SE SP São Paulo 11.253.503 6.622.324 4.739.236 58,85% 142.725 2,16% 24.039 - 24.039
SE RJ Rio de Janeiro 6.320.446 2.190.395 1.666.108 34,66% 36.980 1,69% 79.744 6.946.638 7.026.382
NE BA Salvador 2.675.656 694.309 483.488 25,95% 18.468 2,66% 44.876 3.436.739 3.481.615
NE CE Fortaleza 2.452.185 785.370 454.150 32,03% 23.139 2,95% 49.462 4.349.022 4.398.484
SE MG B. Horizonte 2.375.151 1.438.723 1.005.634 60,57% 36.897 2,56% 11.812 - 11.812
N AM Manaus 1.802.014 496.916 271.885 27,58% 17.933 3,61% 158.369 6.571.577 6.729.946
S PR Curitiba 1.751.907 1.311.962 48.556 74,89% 5.152 0,39% 26.690 - 26.690
NE PE Recife 1.537.704 540.006 340.365 35,12% 20.776 3,85% 36.559 1.860.981 1.897.540
S RS Porto Alegre 1.409.351 733.871 529.906 52,07% 17.721 2,41% 19.636 959.455 979.091
N PA Belém 1.393.399 320.560 184.945 23,01% 8.678 2,71% 19.678 3.186.075 3.205.753
CO GO Goiânia 1.302.001 932.474 508.156 71,62% 30.152 3,23% 5.779 - 5.779
SE SP Guarulhos 1.221.979 487.789 325.866 39,92% 25.096 5,14% 384.587 - 384.587
SE SP Campinas 1.080.113 744.550 513.630 68,93% 22.859 3,07% 263.784 - 263.784
NE MA São Luís 1.014.837 279.321 156.683 27,52% 8.545 3,06% 6.647 - 6.647
SE RJ São Gonçalo 999.728 195.938 140.038 19,60% 3.516 1,79% - - 0
NE AL Maceió 932.748 227.629 142.065 24,40% 7.038 3,09% - 2.983.746 2.983.746
SE RJ Duq.de Caxias 855.048 183.702 120.435 21,48% 9.671 5,26% - 21.840 21.840
NE PI Teresina 814.230 317.122 142.968 38,95% 10.289 3,24% - - 0
NE RN Natal 803.739 299.929 180.445 37,32% 6.732 2,24% 8.792 295.890 304.682
SE RJ Nova Iguaçu 796.257 163.706 113.501 20,56% 5.669 3,46% - - 0
CO MS Cpo. Grande 786.797 424.421 217.418 53,94% 16.686 3,93% 3.827 - 3.827
SE SP S B. do Campo 765.463 479.350 333.559 62,62% 18.582 3,88% - - 0
NE PB João Pessoa 723.515 256.381 151.316 35,44% 5.403 2,11% - - 0
SE SP Santo André 676.407 442.533 319.785 65,42% 11.951 2,70% - - 0
SE SP Osasco 666.740 329.739 223.056 49,46% 11.559 3,51% - - 0
NE PE J. Guararapes 644.620 138.511 77.713 21,49% 6.138 4,43% - - 0
SE SP S. J. Campos 629.921 341.097 238.407 54,15% 7.820 2,29% - - 0
SE SP Ribeirão Preto 604.682 425.690 249.451 70,40% 11.555 2,71% - - 0
SE MG Uberlândia 604.013 341.364 179.705 56,52% 14.712 4,31% - - 0
SE MG Contagem 603.442 257.460 158.706 42,67% 15.964 6,20% - - 0
SE SP Sorocaba 586.625 355.225 234.159 60,55% 8.857 2,49% - - 0
NE SE Aracaju 571.149 224.878 137.354 39,37% 5.953 2,65% - - 0
NE BA Feira de Santana 556.642 178.221 79.882 32,02% 9.547 5,36% - - 0
CO MT Cuiabá 551.098 294.768 156.422 53,49% 10.686 3,63% 5.590 - 5.590
SE MG Juiz de Fora 516.247 193.333 132.892 37,45% 6.548 3,39% - - 0
S SC Joinville 515.288 303.533 196.310 58,91% 10.794 3,56% - - 0
S PR Londrina 506.701 313.216 185.852 61,81% 10.829 3,46% - - 0
SE RJ Niterói 487.562 220.192 164.450 45,16% 2.316 1,05% - 72.723 72.723
N PA Ananindeua 471.980 80.255 40.525 17,00% 4.410 5,49% - - 0
SE RJ Belford Roxo 469.332 66.049 44.494 14,07% 1.550 2,35% - - 0
SE RJ C. Goytacazes 463.731 155.560 92.815 33,55% 6.897 4,43% - - 0
SE RJ S. J. de Meriti 458.673 96.410 70.424 21,02% 3.212 3,33% - - 0
CO GO Ap. de Goiânia 455.657 185.181 85.126 40,64% 6.905 3,73% - - 0
S RS Caxias do Sul 435.564 255.207 169.755 58,59% 10.925 4,28% - - 0
N RO Porto Velho 428.527 187.889 79.411 43,85% 6.781 3,61% - 2.414.412 2.414.412
S SC Florianópolis 421.240 275.637 190.064 65,43% 3.620 1,31% - - 0
SE SP Santos 419.400 250.081 140.313 59,63% 10.072 4,03% - 85.401.155 85.401.155
SE ES Vila Velha 414.586 168.747 105.109 40,70% 5.128 3,04% - 308.564 308.564
SE ES Serra 409.267 135.124 79.713 33,02% 10.152 7,51% - - 0
N AP Macapá 398.204 105.706 46.429 26,55% 2.640 2,50% - - 0
NE PB Camp. Grande 385.213 123.747 59.207 32,12% 4.824 3,90% - - 0
SE MG Betim 378.089 132.541 80.895 35,06% 7.612 5,74% - - 0
NE PE Olinda 377.779 108.888 67.149 28,82% 2.948 2,71% - - 0
SE MG Montes Claros 361.915 151.976 63.807 41,99% 4.634 3,05% - - 0
S PR Maringá 357.077 259.678 142.913 72,72% 14.285 5,50% - - 0
SE ES Cariacica 348.738 114.477 61.705 32,83% 7.173 6,27% - - 0
N AC Rio Branco 336.038 119.315 45.122 35,51% 3.936 3,30% - - 0
CO GO Anápolis 334.613 191.271 95.134 57,16% 11.833 6,19% - - 0
S RS Pelotas 328.275 157.668 88.417 48,03% 6.839 4,34% - 32.270 32.270
SE ES Vitória 327.801 170.533 115.536 52,02% 4.365 2,56% 8.705 6.568.084 6.576.789
População
Municípios Caminhão + Caminhão Portos Organizados e
Ind. Motorização [%] Aeroportos Total
Total Automóvel Trator Terminais Privativos
População
Municípios Caminhão + Caminhão Portos Organizados e
Ind. Motorização [%] Aeroportos Total
Total Automóvel Trator Terminais Privativos
Estado
Caminhão +
Municípios Motorização Aeroportos Terminais de Uso Total
Caminhão Trator
Total Automóvel [%] Privativo
[veíc/hab] Infraero-
Total % ANTAQ-2010 2010
[Censo 2010] *100 2010
População Ind.
Estado
Região
Portos
Caminhão + Aeroport
Municípios Motorização Organizados e Total
Caminhão Trator os
Total Automóvel [%] Terminais Privativo
[veíc/hab] Infraero-
[Censo 2010] Total % ANTAQ-2010 2010
*100 2010
S RS Rio Grande 197.228 87.822 46.583 44,53% 2.937 3,34% - 16.269.333 16.269.333
SE RJ Rio de Janeiro 6.320.446 2.190.395 1.666.108 34,66% 36.980 1,69% 79.744 6.946.638 7.026.382
N AM Manaus 1.802.014 496.916 271.885 27,58% 17.933 3,61% 158.369 6.571.577 6.729.946
SE ES Vitória 327.801 170.533 115.536 52,02% 4.365 2,56% 8.705 6.568.084 6.576.789
NE CE Fortaleza 2.452.185 785.370 454.150 32,03% 23.139 2,95% 49.462 4.349.022 4.398.484
NE BA Salvador 2.675.656 694.309 483.488 25,95% 18.468 2,66% 44.876 3.436.739 3.481.615
N PA Belém 1.393.399 320.560 184.945 23,01% 8.678 2,71% 19.678 3.186.075 3.205.753
N RO Porto Velho 428.527 187.889 79.411 43,85% 6.781 3,61% - 2.414.412 2.414.412
NE PE Recife 1.537.704 540.006 340.365 35,12% 20.776 3,85% 36.559 1.860.981 1.897.540
N PA Santarém 294.580 59.514 20.065 20,20% 2.338 3,93% 4.487 1.079.585 1.084.072
S RS Porto Alegre 1.409.351 733.871 529.906 52,07% 17.721 2,41% 19.636 959.455 979.091
SE ES Vila Velha 414.586 168.747 105.109 40,70% 5.128 3,04% - 308.564 308.564
NE RN Natal 803.739 299.929 180.445 37,32% 6.732 2,24% 8.792 295.890 304.682
SE SP São Paulo 11.253.503 6.622.324 4.739.236 58,85% ####### 2,16% 24.039 - 24.039
SE RJ Duq.de Caxias 855.048 183.702 120.435 21,48% 9.671 5,26% - 21.840 21.840
NE MA São Luís 1.014.837 279.321 156.683 27,52% 8.545 3,06% 6.647 - 6.647
CO MS Cpo. Grande 786.797 424.421 217.418 53,94% 16.686 3,93% 3.827 - 3.827