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57.
D AS M U L H E R E S AM AZ Ô N I D AS
63.
NOITE A
77.
NOITE B
93.
NOITE C
106.
G L O S S ÁR I O
108.
BI BL I O G R AF I A
63. 110. 93.
FICHA TÉCNICA
PALAVRA DO
PRESIDENTE
“VAMOS AO FESTIVAL DO REECONTRO”
JENDER LOBATO
P R E S I D E N T E D A A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L
BOI-BUMBÁ CAPRICHOSO
UMA GRANDE
FESTA POPULAR
O Festival dos Bumbás de Parintins ergue-se no cenário da
cultura popular contemporânea com imensa força, beleza e criatividade.
Desenvolvimento ímpar e espetacular dos festejos do boi, os bumbás
dialogam também com diversas festas: as cirandas, as tribos, os pássaros,
os cordões de bicho, outros bois, os carnavais entre tantas. A organização
do festival em torno da rivalidade dos dois bumbás produziu muitas artes.
Toadas e alegorias, figurinos e bailados, encenações dramáticas inovam
e surpreendem.
O prazer da festa se associa à produção de espetáculos grandiosos
e participativos num teatro de arena a céu aberto. A beleza une-se à
emoção. Tradições míticas, lendas folclóricas, nativas e ribeirinhas ganham
dimensão poética e transcendente em defesa de civilizações milenares e
do meio ambiente amazônico. São muitos os saberes e fazeres reunidos.
É grande o empenho, é grande a expectativa: – “Vem brincar de boi!
Chegou a hora. Vem se emocionar conosco. As cores emblemáticas
são o azul e o branco. É o Boi Caprichoso! O touro negro com a estrela
prateada na testa, potente e gracioso que a todos encanta.
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CULTURA QUE
RESISTE
“Meu povo já não canta | Meu tambor já parou | No orvalho da ilha |
Minha voz serenou Só resta a saudade | Do rufar do tambor | Da lua que descansa |
Pro Boi Caprichoso Mostrar seu valor”
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CEDEM
CAPRICHOSO
Em agosto de 2020, durante uma live que celebrava o Dia Nacional
do Folclore, surgiu a ideia de criarmos um setor específico no Bumbá azul
e branco para cuidar das ações de preservação e salvaguarda desse que
é nosso maior patrimônio: do Boi Caprichoso.
Com a pandemia de Covd-19 e a necessidade de distanciamento
social, várias de nossas atividades tiveram que ser interrompidas, inclusive
o trabalho nos galpões de alegoria e a preparação para as apresentações na
arena do Bumbódromo. Muitos artistas buscaram, então novas ocupações
e sabíamos da necessidade de manter alguns espaços funcionando, como
um aceno de que o Boi Caprichoso, apesar de todas as dificuldades pelas
quais estávamos passando continuava em pé: cultura que resiste!
Com a aprovação da Lei Aldir Blanc, concorremos e fomos
contemplados em editais da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do
Governo do Estado do Amazonas, como o Prêmio Feliciano Lana, o Prêmio
Encontro das Artes e, mais recentemente, o Prêmio Amazonas Criativo.
Assim, surgiu o Centro de Documentação e Memória (CEDEM
Caprichoso). Nele, estruturamos várias frentes de trabalho: 1) montagem
de um espaço para recepção, higienização, catalogação e disponibilização
de acervos relacionados à história da nossa associação cultural; 2) a
estruturação de um programa de história oral, que já produziu mais de
100 entrevistas com os guardiões da memória, dirigentes, itens, artistas e
torcedores apaixonados pelo Caprichoso; e 3) a montagem de um espaço
memorial que conta parte da história do touro negro de Parintins, desde
quando o folguedo acontecia nas ruas e quintais até o formato atual.
Paralelamente, passamos a trabalhar em uma coleção de livros que
registra os saberes e fazeres da nossa gente, em especial aqueles ligados
mais diretamente ao Festival de Parintins. Já publicamos: “O livro da toada:
uma antologia Caprichoso” e a coletânea “Os Bois-Bumbás de Parintins:
novos olhares”. E agora, essa história em quadrinhos que você tem nas
mãos. Em breve, novos lançamentos!
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CAPRICHOSO: FESTIVAL
DA SUPERAÇÃO
Sobrevivente e renascidos, chegamos ao Festival Folclórico de
2022 em busca do reencontro com a galera, do abraço carinhoso dos
torcedores, do olhar encantado das crianças. E, enfim, o nosso Boi-Bumbá
se reencontra com a arena do Bumbódromo, com a sua galera animada,
com a gente que cruzou céus e rios para ver de novo o touro negro evoluir,
arrebatando corações.
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MÁRCIO BRAZ
AT O R , D I R E T O R D E E S P E TÁ C U LO S , I L U M I N A D O R , P R O F E S S O R ,
C I E N T I S TA S O C I A L E P R O D U T O R C U LT U R A L . É M E M B R O D O
CONSELHO DE ARTES DO BOI BUMBÁ CAPRICHOSO
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A NOSSA INDUMENTÁRIA
E CENOGRAFIA
Homens e mulheres de imaginação indomável, os figurinistas e
alegoristas parintinenses inovam e surpreendem a cada Festival. As
soluções criativas adotadas vão muito além da mera interpretação do
assunto inspirador das vestimentas dos itens e brincantes ou de um cenário
a ser construído para que o Boi (estrela maior do espetáculo) se apresente.
Na arena do Bumbódromo as alegorias acontecem, desvelam outros
universos prenhes de possibilidades, se transformam para o surgimento
de um novo item ou apenas para o delírio da galera.
Para além dos “artistas de ponta” – como são designados os chefes de
equipe que tem a expertise e o gabarito de assinar as principais fantasias
e as gigantescas alegorias – um conjunto de protagonistas anônimos se
soma nesse coletivo que sempre exige algum mergulho (mais ou menos
profundo) no universo onírico. Para agradar, eles ousam, e os resultados
tem enchido os olhos de gerações. Joãozinho Trinta já havia se encantado
com a maestria dos parintinenses nos anos 1980, assim como as novas
gerações de carnavalescos e de profissionais do cinema e do showbusiness
continuam sendo arrebatados pelos movimentos e pela grandiosidade
que veem que é produzido aqui, no meio da Amazônia.
Mergulhados em uma poética que não se resume nem no apego
fácil à tradição nem no simples desejo de inovação, os artistas visuais do
Caprichoso ressignificam seu meio: reinterpretam a natureza, subvertem
paisagens, despertam os seres fantásticos que habitam o fundo dos rios
e ventre das matas e revelam os tipos humanos que compõem a floresta
e o vasto imaginário em torno dela.
Movimentos, metamorfoses e visualidade grandiloquente fazem,
assim, parte de uma gramática visual que os parintinenses dominam como
ninguém. Eles extraem da força, do tamanho da mata e dos segredos que
ela ainda guarda o que de mais exuberante há no universo amazônico. É a
obsessão pelo alumbramento e pelo êxtase, em contraponto ao utilitarismo
e comedimento do “real”. Surpreendam-se com as viagens desse povo que
não podia ser designado de outra forma: “caprichoso”!
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Nossos Patrocinadores:
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NOSSOS ITENS
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ITEM 01 - APRESENTADOR
EDMUNDO ORAN
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PAT R I C K A R A Ú J O
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ITEM 05 - PORTA-ESTANDARTE
M A R C E L A M A R I A LVA
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Figura tradicional do Auto do Boi, o Amo é o dono da fazenda, o versador do lugar, ágil
repentista que acompanha o Caprichoso em suas andanças culturais. Durante suas performances,
é ele quem entoa versos para o touro amado, para a sinhá (sua filha) e em desafio ao boi contrário.
Prince do Boi se encaixa perfeitamente nesse item. Primeiro, por sua vasta experiência
musical, que retoma nossa herança nordestina, com os vaqueiros e cantadores, e a atualiza em
contexto amazônico, nos quais muitas sonoridades de fundiram. É ele quem melhor entoa os
aboios, tangendo o touro amado e o único a saldar o Boi com seu berrante.
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VA L E N T I N A C I D
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CLEISE SIMAS
A nossa Rainha do Folclore, Cleise Simas, é parintinense e há muitos anos dançarina do Boi
Caprichoso. Desde 2018, defende esse item, que sintetiza a diversidade de valores presentes nas
manifestações populares brasileiras. Mulher e mãe, ela segue invicta na arena do Bumbódromo
e, como tantas outras, não se deixa vencer pelas adversidades da vida. Encarna a diversidade
dos valores expressados na cultura popular brasileira, da mesma forma que assume toda a luta
e poesia que compõem o cotidiano da gente simples do Palmares e da Francesa, redutos da
nação azul e branca em Parintins.
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ITEM 09 - CUNHÃ-PORANGA
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A toada é o som que embala os Bois de Parintins. Luís da Câmara Cascudo definia esse
gênero como uma “cantiga ou canção breve, em geral de estrofe e refrão, em quadras, cujos
temas principais eram líricos (sentimentais) ou brejeiros (jocosos)”. Mas em Parintins, ela se
modificou: ganhou novas sonoridades e acordes, abraçou uma diversidade de outros gêneros
musicais e tornou-se música popular apreciada em toda a região Norte.
Na arena do Bumbódromo, as toadas são o fio que conduz o espetáculo. Elas cantam
aquilo as alegorias, as indumentárias e a cênica narram visualmente. E em 2022 são elas que
demonstram como nossa luta pela Amazônia se traduz em poesia.
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ITEM 12 - PAJÉ
E R I C K B E LT R Ã O
Há mais de 20 anos, Erick Beltrão atua como coreógrafo e dançarino do Boi Caprichoso.
Nascido no coração do Palmares, bairro reduto do Boi Caprichoso, esse artista sempre alimentou
o sonho de atuar como Pajé e, por conta de seus méritos artísticos, o momento chegou!
Agora, ele é o pajé que dança e protege a nação azul e branca dos maus espíritos; que
restitui a ordem e o equilíbrio das coisas, cura os corpos e terra, afastando as ameaças e adiando
o fim do mundo.
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ITEM 14 - TUXAUAS
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ITEM 16 - ALEGORIAS
Segundo Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, uma das mais importantes estudiosas
do Festival de Parintins, a “‘Alegoria’ é um termo nativo que designa uma categoria de objetos da
cultura popular contemporânea cujo destino é o consumo ritual”. Em Parintins, elas “são fei¬tas
para serem vividas, apreciadas e consumidas no ato mesmo de sua apre-sentação festiva; existem
para a fruição daquilo que fazem acontecer de modo eficaz. São enormes objetos que operam
como verdadeiras entidades em seus contextos rituais, deslocando o sentido e os limites do
humano em direções inesperadas. São, em especial, uma festa dos olhos; solicitam o olhar, um
olhar sinestésico e integrado à corporalidade”. Tem vida efêmera, mas marcante. Se transformam
ao longo do espetáculo, na medida em que tudo se revela na arena, como surpresa e novidade.
São cenários grandiosos que emolduram a narrativa do Bumbá.
Frutos do trabalho de artistas visuais que comandam grandes equipes compostas de
escultores, soldadores, pintores e tecelões, quase todos sem nenhuma formação acadêmica. Mais
de 300 homens e mulheres que produzem a partir do chão da vida um dos maiores espetáculos
da cultura popular brasileira.
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O que para muitos são lendas, histórias imaginadas que ilustram a cultura de um povo, para
os povos originários são parte viva de sua experiência. Cosmologias que orientam o cotidiano e
as festas, o que se pode experimentar e o que se deve evitar. No contato interétnico, algumas
versões se cristalizaram e passaram, daí em diante, de geração em geração, algumas chegaram
a ser registradas de forma escritas, outras tantas permaneceram apenas na tradição oral.
Para o espetáculo Amazônia, nossa luta em poesia, o Boi Caprichoso reconta, pelas mãos
de seus artistas, as lendas amazônicas: Kaa’poranga – a guardiã da floresta, da etnia Maraguá,
Os trilhos da morte, que repercute o imaginário dos habitantes do vale do Guaporé sobre a
estrada de ferro Madeira-Mamoré; e Pássaro primal – que narra o surgimento das aves tradição
do povo indígena Kayapó.
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ITEM 18 - VAQUEIRADA
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ITEM 19 - GALERA
É a representação coletiva da imensa nação azul e branca que move o Boi Caprichoso
através das gerações. O amor do povo-floresta expressado em alegria e êxtase. Nas três noites
de Festival, as arquibancadas do Bumbódromo viram praça, rua e território, onde as multidões
se emocionam e cantam a resistência pela vida da Amazônia, seus povos e sua cultura.
A galera azul e branca vem de todos os lugares... cruzam céus e singram rios para, em
solo parintinense, dar vida ao coro mais apaixonante e criativo dessa festa. Não são somente
espectadores, interagem com adereços e coreografias a todo instante, fazendo parte do espetáculo.
É a torcida mais campeã do Festival, consenso até no boi contrário.
Abram seus corações para receber toda a energia dessa gente repleta de amor. Aqui, “o
canto da galera na ilha vai ecoar”. Com vocês, a galera do Boi Caprichoso, o Boi de Parintins, o
Boi da Amazônia.
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ITEM 20 - COREOGRAFIA
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Pixbet e Caprichoso:
de Brasileiros para Brasileiros!
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CANTAMOS A
CULTURA AMAZÔNICA,
A POÉTICA DO IMAGINÁRIO CAPRICHOSO
Com poesia, arte e imaginário, o Boi Caprichoso clama do coração
da Amazônia para o coração do mundo o amor e a luta pela defesa dos
povos da floresta e ribeirinhos, da ecologia e da vida.
Nada no mundo pode justificar que deixemos de lado a poesia,
a arte e o imaginário, como armas de luta pela verdade e a justiça. O
necessário é que imaginário, arte e poesia, sejam as formas de lutar, com
as armas da sensibilidade artística, por justiça, verdade e respeito, pelo
“mundamazônico”.
Pela dramaturgia composta de poesia, arte e imaginário, o Boi
Caprichoso, do palco ribeirinho de Parintins, diante do rio Amazonas que
desagua no mar, também faz desaguar no oceano eletrônico do mundo
o seu amor pela Amazônia, pelos povos da floresta e ribeirinho, pela
natureza sublime. Amor para ser por todos compartilhado e defendido.
Caprichosamente!
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A LUTA INDÍGENA
Em meados dos anos 1980, o Boi Caprichoso começou a introduzir em suas
toadas as primeiras palavras e expressões indígenas. Tratava-se, àquela altura, de
um misto de ousadia e sensibilidade, que conferia um rosto nativo a essas canções
(em suas primeiras aventuras no mercado fonográfico), ao mesmo tempo em que
afinava o projeto do Bumbá à luta por direitos que desaguou na Constituição de
1988.
Aos poucos, tuxauas, caruanas, curumins e centenas de outras palavras do
léxico indígena passaram a entrar na arena no Bumbódromo e a serem cantadas
por torcedores e brincantes do Boi, espalhados pela Amazônia e pelo Brasil.
Era o início de uma lenta transição da representação romantizada e folclórica
dos povos nativos para uma postura crítica e engajada, que impactou na plástica,
nas coreografias e nas narrativas do festival, antes fortemente marcadas pela
ambientação rural e católica que caracteriza o Auto do Boi (uma fazenda com sua
festa de santo).
Nas duas décadas que se seguiram, vozes indígenas, de lideranças e intelectuais
de várias etnias, ajudaram a desenhar projetos inovadores, empenhados em
descolonizar o imaginário e dar visibilidade às causas e lutas indígenas da atualidade.
O Caprichoso levou para arena um rico repertório de cosmologias e rituais indígenas
baseados em etnografias. No campo da estética, assumimos aqui, mais do que
em qualquer outro espaço público, as linguagens do perspectivismo ameríndio,
lançando para dentro do transe xamânico dos pajés milhares de expectadores,
enredados em araras, onças e serpentes. Educamos para outras sensibilidades que
estão muito além da razão ocidental.
Denunciamos vários massacres de povos e culturas, criticamos a invisibilidade
das causas indígenas na sociedade nacional e clamamos pela demarcação das terras
indígenas, sabendo que nelas se preserva a natureza e a vida. Temos orgulho de ter
assumido, ontem e hoje, a luta dos nossos ancestrais contra a opressão e a busca da
terra sem males. E também de termos nos lançado na aventura de oferecer a todo
o mundo um pouco da alegria e da beleza desses povos, com releituras cuidadosas
da arte plumária e do grafismo indígena que se tornaram uma marca do nosso Boi.
De cara pintada e alma azulada seguimos aguerridos nessa luta. Compreendemos
que hoje, mais do que nunca, os indígenas nos oferecem lições e alternativas
importantes para reconstruir o Brasil e para edificarmos, juntos, uma nação que
abrace todos os seus filhos e lhes restitua o direito à cidadania e à esperança de um
mundo melhor. Estamos do lado dos nossos povos nativos e renascidos. “Sangue
indígena: nenhuma gota a mais” e “Demarcação já” também são os lemas que o
Caprichoso, com muito orgulho, traz em sua história.
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AS BANDEIRAS
DO POVO NEGRO
Povo negro! Povo que viveu e sofreu! Povo que reascendeu!
Neste Brasil tão plural, assim como um baobá – forte e robusto, “árvore
da vida” –, também estão fincadas as raízes históricas de um povo preto, que,
vindo de longe, foi arrancado do ventre da África à força para tornar-se mão
de obra nessas terras. Aqui vivemos a dor, o sofrimento, o pesadelo de viver
escravizados.
Silenciados, ficamos, por muito tempo, reduzidos a este lugar: o do genocídio,
do horror, às vezes indizível, que separou pais e filhos, irmãos de cor e de alma.
Nossa imagem foi deturpada, reduzida a estereótipos, esvaziava.
Mas nosso povo também fez do Brasil a sua morada, plantando aqui
nossa cultura e regando cada espaço de vida com nossas fontes ancestrais de
conhecimento. Sementes de liberdade, espalhadas ao vento e que não tardaram
a chegar na Amazônia, lugar por nós habitado e que passou também a viver em
nós.
Sobrevivemos e nos misturamos, somamos, transformamos. Há muito de
nós nas comunidades indígenas e ribeirinhos, assim como há muito de nossos
saberes na várzea e terra firme. Como os migrantes nordestinos, que traziam o
sangue de nossa gente nas veias, nós negros também fomos responsáveis por
moldar essa Amazônia, hoje de tantas gentes e culturas. Nosso som, nosso sabor,
nosso gingado fez nascer aqui essa mistura bonita e alegre, calejada pelo calor
e pelo sol, mas vibrante como o raiar esperançoso de cada novo dia.
Boi preto, de negro, da negritude, o Caprichoso foi muitas vezes rechaçado
pela elite. Vítima de chacotas (como o “xô urubu!” ou o “aqui preto não entra”)
que hoje levariam seus autores – ou agressores – à cadeia, por racismo. Herdou
seu nome de um quilombo e passou a orgulhar-se de seu couro negro, que no
brinquedo popular foi substituído pelo veludo reluzente. Honrou a padroeira e
aos santos juninos, assim como aprendeu a prestar oferendas a seus orixás e às
entidades dos terreiros nos quais brincava. Recuperou suas origens encantadas
e trouxe de volta os sons e os gingados que marcaram suas origens.
E assume hoje a responsabilidade de cantar na arena a Amazônia do povo
negro, a poesia do povo negro e suas lutas. Assim como o Boi-Bumbá Caprichoso,
o povo negro “também é feito de lembranças e lutas”... e de história que “ganham
a vida nesse chão”.
FÁBIO GONÇALVES MODESTO
J O R N A L I S TA . PA I F R A N C I S C O D O B O I -
BUMBÁ CAPRICHOSO
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DAS MULHERES
AMAZÔNIDAS
A luta pelo rio é nossa, das mulheres indígenas.
A luta contra o garimpo e as invasões de nossa terra também é
nossa. A luta por vida digna para o nosso povo, do mesmo jeito, é nossa.
A gente protege a Amazônia porque ela é nossa vida – a floresta, os
bichos, as águas.
Quando eu era jovem, não podia falar nas reuniões da nossa gente...
eu queria me manifestar, mas minha mãe dizia: não, você é mulher. Mas
eu vi minha aldeia minha gente ser oprimida pelo agronegócio, o rio ficar
turvo por causa dos agrotóxicos. E aquele mundo foi ficando pequeno
pra mim. Comecei a sair e ver que as mulheres tinham voz. Ia em outras
reuniões e me perguntavam o que eu queria reivindicar... e fui aprendendo
a debater. Nas manifestações eu vi que podia colocar minha opinião, até
que os caciques me escolheram como a primeira representante mulher
do meu povo.
Mas eu queria mais, queria trabalhar com a mulheres. Os homens
não permitiam, mas eu me encontrava com elas mesmo assim. Conversava
e via muito bem que elas sabiam de todas as lutas: do território e até de
políticas públicas. E foi enfrentando resistências que conseguimos fazer
nossos encontros. Se eu tivesse desistido, eu não era hoje uma liderança
– estava em casa cuidando dos meus filhos. Mas eu nunca desisti e agora
o movimento é grande e sinto que todo mundo apoia.
Minha luta não é só minha, é por todos os parentes, pelo meu
povo, pra que a gente não passe mais dificuldades e humilhação. É pelo
território e pelo rio. Pela preservação da nossa vida e da natureza. Eu não
falo como os brancos, falo com o coração. Para que ninguém tenha que
falar pela gente. Porque a gente tem que defender nossos direitos. Sei
que tem problemas, já invadiram minha casa, mas é preciso ter coragem,
como mulher e como indígena.
Por isso vim aqui, em Parintins, pra participar com o Boi Caprichoso.
É a nossa voz em defesa da Amazônia que chega a mais gente, que
sensibiliza as pessoas para as nossas causas. É bom caminhar de mãos
dadas e saber que a gente tem parceiros e parceiras porque a luta não
é fácil. Mas a gente segue em frente! Me sinto como uma árvore, com
raízes fortes, que vai dar frutos... nossa luta frutifica.
ALESSANDRA KORAP MUNDURUKU
L I D E R A N Ç A I N D Í G E N A E AT I V I S TA S O C I A L E G A N H A D O R A
D O P R Ê M I O D E D I R E I T O S H U M A N O S R O B E R T F. K E N N E D Y,
E M 2 0 2 0 , P E L A D E F E SA D O S E U T E R R I TÓ R I O, N O PA R Á .
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O BOI-BUMBÁ CAPRICHOSO,
EM 2022, APRESENTA
A AMAZÔNIA, NOSSA LUTA EM POESIA
Eldorado, paraíso perdido, inferno verde, terra da promissão, pulmão do mundo, pátria
das águas e espelho da vida. São muitas as referências e estereótipos sobre a mais importante
floresta tropical do planeta. Resultados de missões, expedições e de curiosos olhares sobre
esse território prodigioso. Tantos avanços e mistérios desvelados pela ciência e por inquietos
navegadores na busca de curas para as doenças, de antigas fórmulas farmacêuticas, de novas
descobertas científicas. Também na gana de explorar, saquear e se apropriar das nossas riquezas.
E assim, a Amazônia foi inventada e reduzida a dualismos, geografismos e biologismos,
nos quais o critério para marcação de seu território deixaram de lado a cultura dos povos e
comunidades tradicionais da região, as relações entre as pessoas e a natureza, os pertencimentos
dados pela terra, as autodefinições e a sua história social.
Entre a ciência e a exploração desmedida da Amazônia, existe um olhar mais profundo,
verdadeiro e transcendental. Um olhar da própria floresta, de seus mitos e ritos, de seus povos
originários e tradicionais: indígenas, quilombolas, ribeirinhos e caboclos. Gente das águas e
da floresta, que possui um olhar que observa, comunica, que se reconhece na terra; terra que
é planta, bicho e gente. Essa gente-floresta que habita nas cabeceiras e “centrões”, sobre as
águas ou até mesmo debaixo delas. Essa gente-cunhantã que corria nas capoeiras e subia nas
árvores para se jogar nos beiradões. Essa gente ribeirinha moldada de chão, esmaltada pelo sol.
Gente-memória, que carrega tantas histórias... do seu povo, de seres encantados, de deuses
que se fundem com própria natureza. Mas principalmente gente-luta, armada de poesia.
Nela, o poder da encantaria faz morada na mãe do corpo e se traduz na dança de terreiro,
rua e curral, no bailar festivo do dois pra lá e dois pra cá, no sorriso da criança e no brinquedo
de São João. Esse entrelaçar de corpos e vida forja a identidade Caprichoso, que em 108 anos
de histórias sagrou-se detentor de uma arte de luta, resistência e revolução pelo saber popular,
unindo cantos, danças e visualidades. Poesia que se reflete nas gigantes alegorias, nas mágicas
indumentárias, na paleta de cores a alegrar tecidos e formas – um milagre amazônico na ilha de
Parintins, a ecoar pelo mundo a importância de sua preservação e a defesa de suas tradições.
Caprichoso... boi negro, preto, feito de pano e espuma, de esperanças e lutas, que mais
uma vez, reforça sua identidade altaneira, nesse território que é nosso corpo e nosso espírito,
nossa sede e vida... Amazônia, nossa luta em poesia.
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MINISTÉRIO DO TURISMO
E BOHEMIA APRESENTAM
O SABOR QUE
MOVE TRADIÇÕES
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NOITE A
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NOITE A
AMAZÔNIA-FLORESTA:
O GRITO DA VIDA
“A floresta está doente”. Uma doença que apavora, que espanta, que
preocupa. Fauna, flora, rios, lendas e mitos...gente. Um repertório vivo
de seres e imaginários que lutam, clamam, gritam pelo seu território, sua
morada, seu jeito de existir, de pertencer. De viver. O maior bioma do
planeta é também o mais ameaçado. Hordas de garimpeiros, pecuaristas,
madeireiros, agentes torpes do agronegócio, liderados por uns e outros,
de aqui e de outrora, que insistem em serem chamados de humanos.
Essa Amazônia não nos é estranha porque somos parte dela e
ela, parte de nós. É nosso corpo que grita, que chora, com cada árvore
derrubada, cada rio poluído e cada voz calada, censurada, violentada por
assassinos de lutas.
O Boi Caprichoso foi o pioneiro, no festival, a exaltar a biodiversidade
amazônica e a denunciar os agentes da destruição. Ao lançar o canto
do Uirapuru, em 1992, inauguramos uma nova era inspirando até o boi
contrário a seguir a mesma sistemática.
Assim, em “Amazônia-Floresta: o grito da vida”, a poesia amazônica
torna-se manifesto onde vida e imaginário formam um corpo uno, um
corpo-floresta, uma gente-Caprichoso, unidos em defesa de nosso
território, nossa morada, nosso ar, nosso tudo. A luta dos seres-floresta.
O vagalume que cintila sua luz sobre a escuridão dos tempos e
que abre a nossa apresentação, nos serve de farol e guia a espelhar sobre
a tez das águas do rio Amazonas um grito pela vida.
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NOS SONHOS DOS ARTISTAS CABOCLOS DE PARINTINS, A POESIA É UM PÁSSARO QUE VOA ACIMA
DE QUALQUER ESCURIDÃO E LÁ DISSEMINA AOS VENTOS SEMENTES ILUMINADAS DE VERBOS
QUE, COMPREENDIDOS, SERÃO FUTURAS ÁRVORES COM FOLHAS, FRUTOS E SABORES DE NOVAS
CONSCIÊNCIAS. O BOI CAPRICHOSO, VESTIDO COM O ESPÍRITO DE LUTA E POESIA CONVIDA TODOS OS
HOMENS E MULHERES DO PLANETA TERRA PARA ECOAREM, JUNTOS, UM GRITO DE RESISTÊNCIA PELA
VIDA DA AMAZÔNIA: TERRA-FLORESTA.
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LENDA AMAZÔNICA
ITEM 17
KA’APORANGA, A GUARDIÃ DA FLORESTA
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CELEBRAÇÃO
INDÍGENA
A CRUELDADE DO CONQUISTADOR – O ROUBO DA TERRA
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RITUAL INDÍGENA
ITEM 4
TUPARÍ: SUCAÍ, O TARUPÁ DA FRIAGEM
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CAPRICHOSO
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NOITE B
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NOITE B
AMAZÔNIA-ALDEIA:
O BRADO DO POVO
A dor e a brutalidade que nos formaram e nos fizeram reconhecer
como povo-floresta, encontrou na estrela do Boi Caprichoso, o terreno fértil
para o florescimento da nossa identidade cultural amazônica, multiétnica,
banhada em rios de esperança e resistência.
Muitos vieram para explorar, mas muitos outros vieram para cá
encontrar uma terra de esperança para seus sonhos: japoneses fugidos das
dores da guerra, italianos dos horrores do fascismo, judeus em busca da
sua Eretz (Terra Prometida), africanos desejando singrar rios de liberdade.
Todos, entrelaçando-se, originaram uma cultura plural que, apesar das
dores, na poesia do Boi Caprichoso é levante, manifesto, é festança
multicultural.
O Caprichoso é um boi negro, preto, de origens nordestinas. Roque
Cid, nosso fundador, imigrante, vindo do Crato, no Ceará, foi também um
desses, atraído pelas oportunidades geradas nos seringais amazônicos.
Em suas vidas forjaram um pertencer regional ressignificando saberes e
fazeres; uma pluralidade étnica mesclando-se com o elemento nativo,
criando uma nova relação expressa na música, na culinária, nas crendices,
na arte e na cultura popular.
Em “Amazônia-Aldeia: o brado do povo” vamos apresentar as
lutas constantes dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia.
Resistir é reexistir. É trazer os sons dos muitos batuques emanados pelos
mestres griôs brasileiros homenageados em nossa Marujada de Guerra,
cuja cadência dá vida e voz às toadas caprichosas e altaneiras do Boi da
Francesa e do Palmares.
Mas resistência também é tradição. E tradição é herança, como as
brincadeiras de boi no Brasil, que unificam um país trabalhador e rico em
suas manifestações, onde o sorriso vai além de simbolizar o existir: o riso,
o nosso riso, é mais que “um ser do folclore”, é um álibi político.
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EXALTAÇÃO
FOLCLÓRICA
BOI DE QUILOMBO
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LENDA AMAZÔNICA
ITEM 17
OS TRILHOS DA MORTE
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RITUAL INDÍGENA
ITEM 4
WAYANA-APALAI
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MOMENTO TRIBAL
RITO DE RESISTÊNCIA
MULHERES-FLORESTA: AS GUARDIÃS DA VIDA
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NOITE C
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NOITE C
AMAZÔNIA-FESTEIRA:
O CLAMOR DA CURA
Em “Amazônia-Festeira: o clamor da cura” vamos mostrar as raízes
identitárias do Boi Caprichoso, nossos mitos fundadores, desde Roque
Cid - o primeiro - passando pelos “donos” do Boi, aqueles que botavam
o brinquedo junino nas ruas de Parintins. Vamos homenagear a arte do
caboclo parintinense, o jeito Caprichoso de existir e de fazer, o saber de
uma gente aguerrida, que transforma sonhos e lutas em poesia.
Nesta noite, o Boi Caprichoso reafirma o seu desejo pujante de
salvaguardar a terra-floresta, suas gentes, humanas e não-humanas e a
cultura que, pela genialidade do artista parintinense, aqui floresceu e faz
reverberar um canto poético, popular, clamando reconhecimento, igualdade
e justiça social para os povos-floresta.
A beleza das formas dispostas nas alegorias e fantasias, a força
das vozes poéticas, a harmonia vibrante das cores e o ritmo pulsante da
marujada formam um teatro Caprichoso, um conjunto folclórico aguerrido,
a cura do mundo pela cultura popular, pela arte, um caminho de luta
dedilhado pelo traçar dos artistas parintinenses.
Hoje, o Bumbódromo é praça, rua e tribuna, onde o Povo Caprichoso,
de punhos erguidos, de braços dados com as massas reivindicam, em
arte e poesia, novos pensamentos, novas atitudes. Nosso compromisso
é lutar para mantermos a Amazônia-Floresta livre das garras nocivas do
capital assegurando-a para as futuras gerações e para o bem de toda a
humanidade.
Nossa história é nossa luta e resistência forjada por um povo simples,
trabalhador, que se agiganta na arte há mais de um século, e onde a vida
reflete, na harmonia dos seres, o ímpeto criativo de nossa gente.
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TOADA: MEU AMOR É CAPRICHOSO. CHICO DA SILVA, SILVANA SILVA, ANDRÉA SILVA, 2002
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Descrições das reações das elites locais à brincadeira de Boi estão em BRAGA, Sérgio Ivan Gil. Os
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Bois-Bumbás de Parintins. Rio de Janeiro: FUNARTE; Manaus: Museu Amazônico: Valer, 2002.
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CELEBRAÇÃO
INDÍGENA
AMAZÔNIA: NOSSO CORPO, NOSSO ESPÍRITO
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LENDA AMAZÔNICA
ITEM 17
O PÁSSARO PRIMAL E O NASCER DAS AVES
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RITUAL INDÍGENA
ITEM 4
YANOMAMI REAHÚ, FESTA DA VIDA-MORTE-VIDA
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GLOSSÁRIO
Ajuricaba: líder da nação indígena dos Cutucurim: ave grande, o mesmo que guística Jê que vive em aldeias dispersas ao
Manaó no início do século XVIII. Revoltou-se harpia. longo do curso superior dos rios Iriri, Bacajá,
contra os colonizadores portugueses, ne- Davi Kopenawa – xamã e liderança do Fresco e de outros afluentes do caudaloso
gando-se a servir como escravo, tornan- povo Yanomami. Presidente da Hutukara: Rio Xingu.
do-se um símbolo de resistência e liberdade. Associação Yanomami e ativista na defesa Kokati: rio de águas douradas onde
Anhangá: espírito protetor da floresta, dos povos indígenas e da floresta amazônica. cresceram os guerreiros gigantes.
geralmente materializado em morcego. Enawenê-Nawê: povo indígena da língua Kuyuri: ser dotado de luz onde antes
Apiauá: Homem, na língua geral. Aruak que habita uma única grande aldeia havia apenas a escuridão; de fala mágica
Aruak ou Aruaque: povos indígenas da próxima ao rio Iquê, afluente do Juruena, no onde antes só havia silêncio; e de um fluido
família linguística Aruak, presentes na Améri- noroeste de Mato Grosso – entre o cerrado fértil que antes era inerte.
ca do Sul e do Mar do Caribe. e a Amazônia. Macucauá: dardo feito de taboca. Varie-
Assurini: povo indígena da família lin- Espinhel: armadilha de pescaria feita dade de inambú ou perdiz amazônica.
guística Tupi-Guarani que habita os estados com longa corda e anzóis. Mademoiselle: palavra francesa que des-
do Tocantins e Pará. Francesa: bairro da cidade de Parintins igna senhorita ou menina moça.
Atabaque: tambor alto e afunilado, cob- que margeia a lagoa que leva o mesmo Mamoré: curso de água da bacia do rio
erto na extremidade mais larga por uma pele, nome; berço e tradicional reduto do Boi- Amazonas que nasce na Bolívia e que, na
raramente dupla, cuja tensão é obtida com Bumbá Caprichoso. altura do município de Nova Mamoré (es-
uso de cavilhas ou de cordas e cunhas, e que Gazumbá: compadre de Pai Francisco e tado de Rondônia), forma o rio Madeira.
é percutido com as mãos ou com varetas. Mãe Catirina. No “Auto do Boi” acompanha Mani-Mani: nome do rio localizado na
Atroarí: povo indígena da família lin- o casal de protagonistas no séquito do boi frente da aldeia dos mortos segundo a cren-
guística Karib que habita a terra indígena de pano. ça Tupari.
Waimiri-Atroarí, nos estados do Amazonas Haximu: aldeia na fronteira do Brasil com Maninha Xucuru: primeira mulher a fazer
e Roraima. a Venezuela, atacada por garimpeiros em parte da Articulação dos Povos Indígenas
Banto: grupo etnolinguístico da África 1993. O episódio foi amplamente divulgado do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo
meridional bastante influente no Brasil. O na época, tendo em vista a crueldade dos (APOINME)
termo também designa uma área cultural invasores, que mataram idosos, mulheres Mapinguari: ser da floresta, presente em
de onde provém algumas das tradições re- e crianças. algumas mitologias indígenas e incorporado
ligiosas afro-brasileiras. Hekura: pajé curador e protetor do ao folclore. É representado como tendo sido
Camaroeira: Pescadora de camarões de mundo ou espíritos benfazejos que auxil- um índio que descobriu o segredo da imor-
água doce dos lagos amazônicos. iam os xamãs nos rituais de cura dos índios talidade, mas que teve que pagar o preço
Caribe ou kara’ib: sábio, inteligente; Yanomani. de ser transformado em um animal horrível
pertencente a etnia que habita as Antilhas. Hixkaryana: povo indígena da família e fedorento, que vaga pelos castanhais e
Caruanas: forças viventes do fundo das linguística Karib que habita os estados do devora vivo os homens que encontra pelo
águas, que regem a vida e são incorporados Amazonas e Pará. caminho. É visto como protetor da mata.
nas pajelanças caboclas na crença Aruã. Horokota: cabaças onde as cinzas dos Maracá: chocalho; instrumento ritu-
Chicão Xucuru: militante indígena que mortos são armazenadas para o povo alístico utilizado pelos pajés nas cerimônias
se tornou referência nas lutas do povo in- Yanomami no rito Reahú. religiosas.
dígenas Xukuru. Foi assassinado a tiros na Hwama: como os Yanomami referem Maraká’yp: mestre de música.
manhã de 20 de maio de 1998, em Pesque- seus visitantes de aldeias próximas Maromba: assoalho suspenso, usado
ira, estado de Pernambuco. Jurupari: herói na cultura dos povos do dentro das casas de palafitas durante as
Congá: altar onde ficam as imagens de alto rio Regro; ficou conhecido como legis- grandes enchentes.
santos e orixás nas religiões afrobrasileira; lador da floresta. Monãg: deidade indígena do povo
lugar sagrado. Ka’aporanga ou Ka’apora’rãga: espírito Maraguá.
Çukuywera: espírito das serpentes, ma- protetor da floresta que transita entre o Munduçara: governador, na língua geral
terializado em cobra grande. mundo físico, a mata, e mundo dos espíritos Nagô: nome dado aos iorubanos ou
Curupira: entidade sobrenatural con- (Angaretama). Está presente na cosmologia a todo negro da “Costa dos Escravos” ou
hecida por ser o guardião da floresta e por dos Siriwá Tawató, do Estado do Amazonas Costa da Mina, que falava ou entendia o
punir aqueles que entram na mata para der- e no imaginário do caboclo amazônico. Iorubá. Amplos contingentes de negros es-
rubar árvores ou caçar animais. Kayapó: povo indígena da família lin- cravizados nagôs chegaram ao Brasil entre
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GLOSSÁRIO
os séculos XVIII e XIX, principalmente na fins coletivos; mutirão. Tupã: Deus. Provém de tu, artigo grego,
Bahia. Querimbauá: valente guerreira do povo e pauá, todo. Túba, pai, e pauái, de todos.
Naílton Pataxó: um dos caciques do Pos- Manaó. Pai de todos, na língua geral.
to Indígena Caramuru, na Bahia. Resistiu Raoni: é uma das mais importantes e Tupari: povo indígena da família lin-
por longo período às investidas do Estado conhecidas lideranças indígenas do Brasil. guística Tupari que habita o sul do estado
e do capital até a retomada das terras de Pertence ao povo Kaiapó e desde os anos de Rondônia, mais precisamente nas Áreas
seu povo. 1970 participa de atividades que visam sen- Indígenas Rio Branco e Rio Guaporé.
Ocara: espécie de praça da aldeia indí- sibilizar o país e o mundo para a importância Tupinambá: povo indígena que por vol-
gena; espaço entre ocas. da preservação dos territórios e das culturas ta do século XVI habitou em praticamente
Õkãpomaí: bravos guerreiros, aquelas indígenas, em especial dos povos do Xingu. toda a costa brasileira desde o Recôncavo
que desafiam o desconhecido. Reahú: ritual funerário dos Yanomami, Baiano até ao atual Rio de Janeiro. Muito
Pabid: morador da aldeia dos mortos. no qual se procede a cremação e posteri- combativos, os Tupinambás empreenderam
Condição que o indígena Tupari alcança ao ormente o consumo ritual das cinzas, mis- enorme diáspora em direção a Amazônia
morrer. turadas em um mingau. e deixaram suas marcas em vários outros
Pachamama: Terra-mãe; é considerada Rocar: É um instrumento de percussão. povos com quem travaram contato
mais que uma divindade; ela é a natureza O som alto e dominante deste instrumento Tupinambarana: pertencente ou rela-
que cria e recria os elementos da vida e o é ouvido muito bem mesmo com o som de tivo aos Tupinambaranas; etnia da nação
ser humano é parte integrante dela. todos os outros instrumentos da bateria. É tupinambá; denominação dada à ilha onde
Pai Francisco: Personagem masculino do importante para o balanço da bateria. hoje está localizada a cidade de Parintins.
“Auto do Boi” que, para satisfazer o desejo Sapopema: raiz colossal da árvore Sa- Uaxi: chocalho, na língua geral.
de sua companheira mata o boi para tirar-lhe maumeira ou Sumaumeira, usada como Uinxis: espíritos que auxiliam a pa-
a língua. instrumento de comunicação na primeva jelança, na crença Kaxinawá.
Paricá: substância alucinógena extraí- amazônica. Upeiú ou Apeiú: soprar, tocar, na língua
da da árvore do paricazeiro, utilizado pelos Sateré: povo indígena da família linguísti- geral.
velhos pajés em suas viagens ao mundo ca Tupi-Guarani que habita os estados do Urihi ou Urihi-wapoë: como são chama-
sobrenatural. Amazonas e Pará. dos os garimpeiros pelos Yanomami: os
Parintintin: povo indígena de língua Siloca: antiga brincante do Boi Capricho- comedores de floresta, comparados como
Tupi-Guarani que habita o sudeste do es- so, mestra de antigas brincadeiras de um bando de porcos-queixada sobrenatu-
tado do Amazonas, entre os rios Madeira Parintins. rais, destruidores do solo e da mata.
e Marmelos; antigos habitantes da ilha de Sucaí: dono da friagem; senhor do vento Urutágua: também conhecido como
Tupinambarana nos primeiros tempos da para os Tupari. Urutau, Urutaí e Mãe-da-lua, noturna.
colonização Tacaçauá: vibrante, na língua geral. Wai’á-toré: cerimônia da dança sagrada
Patobkiá: pajé superior e cacique da Tapira’yawara: espírito protetor dos fe- realizada por diversos povos indígenas, es-
maloca dos mortos para o povo Tupari. linos, materializado em certas espécies de pecialmente por algumas etnias renascidas
Paulinho Guajajara: guardião da floresta, onça. no nordeste do Brasil.
responsável por fiscalizar e denunciar in- Tarrafa: malhadeira de pesca com peso Waurã: na língua Maraguá significa
vasões da mata; era conhecido como Lobo. nas extremidades, usada nas pescarias bicho, no sentido de monstro, animal so-
Foi assassinado a tiros na Terra Indígena amazônicas. brenatural.
Arariboia, no estado do Maranhão. Tarupás: espíritos malignos para o povo Waurá-Anhangá: mãe da mata, materi-
Paxo Hutukarari: Espírito do macaco Tupari. alizada em gavião.
quatá, gigantesco primata que habita o peito Tauá: taba, aldeia. Wayana-Apalai: os Wayana e os Apalay
do céu e ajuda a sustentá-lo; visto somente Tiapu: música, canção, na língua geral. são povos de língua karib que habitam a
pelos pajés Hekura. Tipití: prensa ou espremedor de palha região de fronteira entre o Brasil (rio Paru
Penaçauá: centro, esquina, ângulo, es- trançada, usada para secar e escorrer os de Leste, Pará), o Suriname (rios Tapanahoni
quadro. produtos derivados de raízes, principalmente e Paloemeu) e a Guiana Francesa (alto rio
Pirarara: bagre de grande porte, protag- os da mandioca. Maroni e seus afluentes Tampok e Marouini).
onista de inúmeras narrativas das pescarias Tuluperê: fera mítica que habitava os Xabirë ou xabori: espíritos auxiliares dos
amazônicas. aningais do rio Paru. Contam os antigos que pajés.
Puxirum: reunião de comunitários para era um lagarto descomunal de duas cabeças. Xapiripë: como os povos Yanomami
107
GLOSSÁRIO
chamam os espíritos ou ancestrais animais caracterizada pela fumaça das poluições e cachorro do mato.
que se apresentam aos xamãs dançando e epidemias que assolam os Yanomami. Yukatã: primogênita; primeira mulher
cantando. Seus corpos translúcidos estão Yakalitis ou Yakayretis: espíritos que, presente nas crenças Munduruku.
sempre belamente adornados e brilham. segundo a cosmogonia Enawenê-Nawê, Zagaia: instrumento artesanal utilizado
Dançam sobre um chão de espelhos que habitavam o mundo subterrâneo. nas pescarias amazônicas
reflete luz. Xapirië é luz que dança e canta. Yakoãnahi: pó mágico conhecido como Zoé: povo indígena da família linguística
Xapono ou Shabono (também conhecido “rapé” que ajuda os pajés a terem conta- Tupi-Guarani que habita a terra indígena
por Yano ou Xapono): é uma casa comu- to com o mundo dos espíritos durante os Zoé nos rios Erepecuru, Cuminapanema e
nitária usada pelos índios Yanomami, coberta rituais. Curuá, no estado do Pará.
nas laterais e aberta no centro. Yanawy: Espírito protetor dos cachor-
Xawara: entidade sobrenatural maléfica ros para o povo Maraguá, materializado no
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FICHA TÉCNICA
PRESIDENTE ADMINISTRADOR DE GALPÃO DE CONSELHO DE ÉTICA
Jender Lobato ALEGORIAS Clotilde Valente/ Socorro Lopes/ Alcifran
Ronaldo Medeiros Ramos/ Claudomiro Picanço Carvalho
VICE-PRESIDENTE Filho/ Fernando Silva/ Lolo/ Socorro
Karu Carvalho ADMINISTRADOR DE GALPÃO DE Pimentel
FIGURINOS
DIRETORA SECRETÁRIA Yasmin Amorim CONSELHO MUSICAL
Aurilene Figueiredo Mauro Antony
ADMINISTRADORA DE ALMOXARIFADO
DIRETOR FINANCEIRO Igor Reis CEDEM
Jenner Azêdo Diego Omar
COORDENADOR DE MARUJADA –
DIRETOR ADMINISTRATIVO PARINTINS ASSESSORIA DE IMPRENSA
Diego Mascarenhas Thiago Benoliel/ Diego Lopes Carlos Alexandre/ Alan Coelho Das
Chagas/ Analu Vieira/ Arleison Cruz/
DIRETOR DE PATRIMÔNIO COORDENADOR DE MARUJADA – Efraim Rocha Da Graça/ Eldiney Alcântara/
Alciney Vieira MANAUS Gerlean Brasil/ Glen Dinelly/ Josias Silva/
Rogério De Jesus Kamila Reis/ Marcos Felipe/ Marilza
DIRETOR COMERCIAL Mascarenhas/ Michel Amazonas/ Pedro
Leandro Carvalho CONSELHO DE ARTE Coelho/ Wesley Paiva/ Natália Andrade
Presidente: Ericky Nakanome
DIRETORA SOCIAL Membros: Socorro Carvalho/ Ronaldo ARENA 2022
Adriana Cruz/ Rosa Cursino Barbosa/ Zandonaide Bastos/ Jair
Almeida/ Edwan Oliveira/ Adriano Aguiar DIREÇÃO GERAL DO ESPETÁCULO
DIRETOR DE EVENTOS / Diego Omar/ Márcio Braz/ Paulo Victor Conselho de Arte
William Muniz/ Benedita Mafra Costa/ Evander Batista
DIREÇÃO DE CENOTÉCNICA
DIRETOR DE ARQUITETURA E DESENHISTAS Zandonaide Bastos
URBANISMO Antônio Fuziel/ Denner Silva/ Kedson
Augusto Rubens Oliveira/ Igor Viana/ Gilson Siqueira/ DIREÇÃO DE ROTEIROS E TEXTOS
Hiago Repolho Conselho de Arte
DIRETOR EXECUTIVO PESQUISA
Osmar Andrade SECRETÁRIO Conselho de Arte
Fábio Modesto
MADRINHA DO BOI DIREÇÃO DE ARENA E FIGURINO
Odinéa Andrade ASSESSORIA TÉCNICA Edwan Oliveira
Neandro Marques/ Larissa Andrade
PADRINHO DO BOI DIREÇÃO COREOGRÁFICA
Acinelson Vieira DESIGN GRÁFICO Jair Almeida
Paulo Victor Costa/ Marcelo Ramos Júnior
PROCURADOR COORDENAÇÃO E LOGÍSTICA DE
Délio Diniz CONSELHO FISCAL ALEGORIAS
Jucielle Cursino/ Marcan Uchoa/ Neto Paulo Victor Costa/ Zandonaide Bastos
CONTADOR Cardoso/ Carlos Caita/ Norma Elaine/
Márcio Ribeiro Clovis Jr. DIREÇÃO MUSICAL – ARENA
ADMINISTRADOR DE CURRAL Adriano Aguiar/ Bennet Carlos/ Neil
Maria Auxiliador (Dora)/ Tarcísio Coimbra Armstrong
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FICHA TÉCNICA
TRILHA SONORA – ARENA Wallace Guerreiro/ Waldir Santana/ REVISTA CAPRICHOSO 2022 –
Bennet Carlos William Muniz EXPEDIENTE
CONCEPÇÃO DO PROJETO GRÁFICO
MÚSICOS DE ARENA – BANDA OFICIAL COORDENAÇÃO DE ITENS Brono Costa e Rodrigo Abreu
Neil Armstrong Queiroz Natividade/ Cynara Carmo/ Thalyson Souza/ Edinalda
Bennet Carlos/ Márcio Moura Aguiar/ Sampaio DIREÇÃO DE ARTE
Dilermando Valerio Pinto/ Marlon Santos Brono Costa e Rodrigo Abreu
Soares/ Anderson José De Azevedo Farias/ COMPOSITORES
Neil Armstrong Queiroz Natividade Júnior/ Amaury Vasconcelos/ Caetano Medeiros/ DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL
Venâncio Lucas Queiroz Natividade/ Vitor/ Carlos Costa/ Chico da Silva/ Fellipe Brono Costa e Rodrigo Abreu
Moisés Azevedo Colares/ Laureano Tavares Salviano/ Frank Ricardo/ Gean Souza/
Neto/ Danilson/ Jedel Gomes Salgado/ Geovane Bastos/ Guto Kawakami/ DESENHOS
Gean Marcos Do Carmo Araújo/ André Henrique Gomes/ Higor Medeiros/ Hugo Antônio Fuziel/ Denner Silva / Kedson
Luiz Pinheiro De Sousa/ Manoel Vicente Levy/ João Leão/ Juarez Lima Filho/ Oliveira/ Igor Viana/ Gilson Siqueira
Castro Pereira Júnior/ Nelcimara Alves Judson Souza/ Júnior Dabela/ Kamila
De Lima/ Luana Barbosa Da Silva/ Jorge Azevedo/ Klinger Lyra/ Laércio Bentes/ PESQUISA
Henrique Pampolha De Souza/ Waldner Da Ligiane Gaspar/ Mailzon Mendes/ Edvander Batista/ Ronaldo Barbosa/ Ericky
Silva Souza/ Cirleane Ferreira De Souza/ Malheiros Júnior/ Marcley Pantoja/ Miguel Nakanome/ Zandonaide Bastos/ Diego
Cassio Gonçalves/ Gabriel De Sousa Lima/ Oliveira/ Paulo Victor Carvalho/ Ricardo Omar/ Márcio Braz
Giovanny Conte De Melo Andrade/ Eliziel Fabio/ Roberto Junior/ Rodrigo Bitar/
Lourenço Dos Santos/ Igor Lima Brasil/ Serginho Cid/ Sinny Lopes/ Tássio Alecrim/ TEXTOS
Alessandro Silva Dos Santos/ Celson Junior Uendel Pinheiro/ Vanessa Aguiar/ Victtor Edvander Batista/ Diego Omar/ Márcio
Nascimento De Oliveira/ Carlos Alberto Schaefer/ Yomarley Holanda/ Yrá Tikuna Braz/ Ericky Nakanome
Marinho De Souza/ Luziene Lins
COREÓGRAFOS GLOSSÁRIO
REGÊNCIA MARUJADA DE GUERRA Marcos Falcão/ Neto Beltrão/ Nathaly Ericky Nakanome/ Edvander Batista/ Fábio
Márcio Cardoso/ Vitor Hugo Costa/ Jorge Fontinelle/ Sandro Modesto/ Neandro Marques/ Márcio
Assayag/ Samuel Gomes/ Erick Beltrão/ Braz/ Diego Omar
ARTISTAS DE ALEGORIA Jair Almeida/ Felipe Monteiro/ Fabiano
Aldenilson Pimentel/ Alex Salvador/ Algles Baraúna/ Erivan Tuchê/ Rilque Cézar/ FOTOGRAFIAS
Ferreira/ Francivan Cardoso/ Geremias Ralcy Douglas/ Eglison Colares/ Cleomiro Daniel Brandão/ Bruno Zanardo/ Michel
Pantoja/ Jucelino Ribeiro/ Kennedy Prata/ Filho/ Robson de Araújo/ Dino Lopes/ Amazonas/ Pedro Coelho/ Glen Dinely/
Márcio Gonçalves/ Marialvo Brandão/ Denny Sullivan/ Weldson Rodrigues Widger Frota/ Alexandre Vieira/ Jordy
Marlúcio Pereira/ Franciney Meireles/ Neves
Claudenor Alfaia/ Ozéas Bentes/ Paulo ITENS INDIVIDUAIS
Pimentel/ Roberto Reis Apresentador: Edmundo Oran REVISÃO
Levantador de Toadas: Patrick Araújo Carlos Alexandre Ferreira
FIGURINOS E INDUMENTÁRIAS Amo do Boi: Prince do Caprichoso
Adriano Canto/ Alcenildo Silva/ Altemar Tripa: Alexandre Azevedo FINALIZAÇÃO
Cruz/ Antônio Carlos/ Ary Carlos/ Beto Sinhazinha da Fazenda: Valentina Cid Brono Costa e Rodrigo Abreu
Cruz/ Diego Cruz/ Dorico Farias/ Edson Porta-Estandarte: Marcela Marialva
Warner/ Enisson Menezes/ Fabson Rainha do Folclore: Cleise Simas JORNALISTAS RESPONSÁVEIS
Rodrigues/ Felipe Souza/ Francivan Cunhã-Poranga: Marciele Albuquerque Carlos Alexandre Ferreira – MTE-720
Cardoso/ Lup Design/ Júnior Lobato/ Pajé: Erick Beltrão Neandro Marques dos Santos
Juracy Modesto/ Kaleb Aguiar/ Kildary Mãe Catirina: Ádria Barbosa Fábio Gonçalves Modesto
Ferreira/ Leandro Souza/ Mário Oliveira/ Pai Francisco: Fábio Modesto
Neto Machado/ Otavio Muniz/ Paulo Gazumbá: Kelisson Castro
Rojas/ Raimundo Campos/ Rell Tavares/
Roberto Reis/ Saluilson/ Sabazinho
Cardoso/ Tarcísio Gonzaga/ Tárzio Cruz/
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