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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ÁTILA VASCONCELOS BARROCA

ILUMINAÇÃO PARA ESTÚDIO DE TATUAGEM

Colatina

2019
ÁTILA VASCONCELOS BARROCA

ILUMINAÇÃO PARA ESTÚDIO DE TATUAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Arquitetura e Urbanismo
do Instituto Federal do Espírito Santo, campus
Colatina, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: M.e. Agostinho de Vasconcelos Leite da


Cunha

Colatina

2019
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca do campus Colatina)

B277i Barroca, Átila Vasconcelos

Iluminação para estúdio de tatuagem / Átila Vasconcelos


Barroca.- 2019.

169 p. : il. ; 30 cm.

Orientador: Agostinho de Vasconcelos Leite da Cunha.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito


Santo, Coordenadoria de Arquitetura e Urbanismo, Bacharelado
em Arquitetura e Urbanismo, 2019.

1. Iluminação – Projetos e plantas. 2. Ateliê de artistas –


Iluminação – Projetos e plantas. 3. Conforto humano –
Iluminação. I. Cunha, Agostinho de Vasconcelos Leite. II.
Instituto Federal do Espírito Santo – campus Colatina. III. Título.

CDD 621.32

Elaborado por Richards Sartori Corrêa CRB 6-ES / 767


RESUMO

Tudo o que se vê é luz, portanto a qualidade da iluminação pode ser determinante na


leitura do que se vê. Aplicando isto ao exercício de uma profissão, nota-se a importância
que a luz pode ter, principalmente para atividades exigentes. O ramo da tatuagem é
uma delas, onde o profissional executa tarefas cuidadosas e, a depender do desenho,
com elevado nível de precisão. Esta pesquisa apresenta um estudo das necessidades
qualitativas e quantitativas para iluminação em estúdios de tatuagem levando em
consideração as complexidades do exercício dessa arte. Neste, foram realizados 3
estudos de caso com levantamento do layout dos ambientes de procedimento,
identificação dos sistemas luminosos instalados e medição das iluminâncias
promovidas por eles. A partir dos estudos, uma sala de procedimento foi selecionada
para uma proposta de retrofit com novo layout que aproveitasse mais adequadamente
a luz natural durante o ano e com novo conjunto para luz artificial de características
próprias aos usuários, tatuador e cliente atendido. O desenvolvimento da proposta
contou com consulta da NBR ISO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) através de similaridades
de casos, cálculos luminotécnicos de cunho analítico pelo método dos lúmens e
simulações por meio do APOLUX IV. Neste programa foram realizadas Estimativas
Anuais do Aproveitamento de Luz Natural (EALN), que auxiliaram no reposicionamento
dos elementos da sala escolhida, e simulações do comportamento da luz artificial
emitida pelo jogo luminoso projetado. Este último foi definido como um conjunto de
sancas para lançamento de luz indireta e difusa e nas simulações foram testadas 4
opções de quantidades de lâmpadas, sendo uma delas a quantidade calculada pelo
método dos lúmens. Os resultados obtidos mostraram que o valor de fluxo luminoso
total calculado era um tanto excessivo, portanto, opções com quantidades menores de
lâmpadas mostraram-se mais interessantes. Por meio desta pesquisa percebe-se a
dificuldade de se projetar iluminação que atenda ao ramo. Definiu-se por fim que o
sistema projetado fosse flexível em seu uso elencando circuitos separados de grupos
de lâmpadas que permitam de maneira prática níveis abaixo ou acima da iluminância
sugerida.

Palavras chave: Iluminação. Tatuagem. Luz artificial. Luz natural. Conforto lumínico.
ABSTRACT

All you see is light, so the quality of illuminance can be a determining factor in reading
what you see. Applying this to the practice of a profession shows the importance that
light can have, especially for demanding activities. The tattoo business is one of them,
where the professional performs careful and design-dependent tasks with a high level
of precision. This paper presents a study of the qualitative and quantitative needs for
tattoo studio lighting taking into consideration the complexities of the exercise of this art.
In this, 3 case studies were carried out with survey of the layout of the procedural
environments, identification of the installed lighting systems and measurement of the
illuminances promoted by them. From the studies, a procedure room was selected for a
retrofit proposal with a new layout that would make better use of natural light during the
year and with a new set for artificial light of its own characteristics, tattoo artist and client
served. The development of the proposal relied on research by NBR ISO/CIE 8995-1
(ABNT, 2013) through case similarities, luminal calculations by the lumen method and
simulations using APOLUX IV. Were performed in the software Percentages of Natural
Lighting Utilization (PALN), which assisted in the repositioning of the elements of the
chosen room and simulations of the behavior of artificial light emitted by the projected
light play. The latter was defined as a set of crowns for indirect and diffused light release
and in the simulations four lamp quantity options were tested, one of them being the
lumen method. The results showed that the calculated total luminous flux value was
somewhat excessive, therefore, options with smaller amounts of lamps were more
interesting. Through this research it is perceived the difficulty of designing lighting that
meets the branch. Finally, it was defined that the designed system was flexible in its use
by listing separate circuits of lamp groups that practically allow levels below or above the
suggested illuminance.

Keywords: Lighting. Tattoo. Artificial light. Natural light. Light comfort.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Parcela visível da radiação solar. ..................................................................23

Figura 2 – Decomposição da luz por reflexão e absorção. ...........................................24

Figura 3 - Gráficos de reprodução de cor de diferentes fontes de luz. .........................25

Figura 4 – Corte esquemático simplificado do olho humano. ........................................27

Figura 5 – Convergência binocular. ................................................................................29

Figura 6 – Regiões do campo visual humano. ...............................................................31

Figura 7 – Eficiências luminosas para diferentes tipos de lâmpadas. ...........................33

Figura 8 – Ângulo plano “α”. ...........................................................................................34

Figura 9 – Demonstração de formação de ângulo sólido a partir de um ângulo plano.


.........................................................................................................................................35

Figura 10 – Ângulo sólido retirado de uma esfera. ........................................................35

Figura 11 - Fonte emitindo luz em muitos direções e identificação de fluxo luminoso em


uma unidade de ângulo sólido. .......................................................................................36

Figura 12 – Exemplo de curva fotométrica. ....................................................................37

Figura 13 – Marcação de curvas fotométricas em plano longitudinal e transversal de


uma luminária. .................................................................................................................37

Figura 14 – Iluminância em área de 1 ângulo sólido. ....................................................38

Figura 15 – Ângulos entre fluxo luminoso e superfície iluminada e seus valores de


iluminância “E”. ................................................................................................................39

Figura 16 – Diferença entre Iluminância e Luminância. .................................................40

Figura 17 – Luminância proporcional ao ângulo de observação. ..................................40


Figura 18 – Resultados do iluminamento de um material semitransparente. ...............42

Figura 19 – Reflexões variadas em superfície irregular. ...............................................42

Figura 20 – Tipos de reflexão. ........................................................................................43

Figura 21 – Transmissão especular (a), transmissão difusa (b) e transmissão composta


(c). ....................................................................................................................................44

Figura 22 – Cortes esquemáticos dos tipos de iluminação. ..........................................45

Figura 23 – Iluminação geral. .........................................................................................46

Figura 24 – Iluminação localizada. .................................................................................47

Figura 25 – Iluminação de tarefa na bancada de trabalho com proteção contra


ofuscamento. ...................................................................................................................47

Figura 26 – Equipamento básico para tatuagem. ..........................................................49

Figura 27 – Montagem da máquina com biqueira e haste de agulhas. ........................50

Figura 28 – Jogos de agulhas para tatuagem. ...............................................................51

Figura 29 – Imagem do próprio autor tatuando, demonstrando a proximidade do rosto


do tatuador à região de detalhe. .....................................................................................52

Figura 30 – Proximidades ao plano de trabalho para tarefas de diferentes níveis de


precisão. ..........................................................................................................................53

Figura 31 – Posições de um desenhista destro em relação à direção de um fluxo


luminoso. .........................................................................................................................54

Figura 32 – Tatuagem em processo...............................................................................55

Figura 33 – Resquícios de tinta sobre tatuagem em processo. ....................................55

Figura 34 – Exemplo de layout levantado. .....................................................................59

Figura 35 – Exemplo de posição de luminárias em planta de forro refletido. ...............59


Figura 36 – Planta de exemplo com medições de iluminância em três pontos distintos.
.........................................................................................................................................60

Figura 37 – Planta de exemplo de faixa marginal. .........................................................62

Figura 38 – Exemplo de distribuição de pontos de medição por malhas. .....................63

Figura 39 – Exemplo das curvas isolux. .........................................................................64

Figura 40 – Volumetria com plano de análise na cor cinza. ..........................................66

Figura 41 – Parcela do ano com iluminância superior a 1000 lx. ..................................67

Figura 42 – Posição do tatuador e maca com vetor do caminho livre de entrada do fluxo
luminoso (seta amarela) voltado para a janela. .............................................................68

Figura 43 – Exemplo de estudo de rebatimento de luz. ................................................70

Figura 44 – Planta de forro refletido com posição das sancas. .....................................71

Figura 45 – Modelo importado no APOLUX IV para simulações de luz artificial. .........72

Figura 46 – Exemplo de simulação de luz artificial feita no APOLUX IV. .....................73

Figura 47 – Layout Sala 1. ..............................................................................................78

Figura 48 – Fotos Sala 1. ................................................................................................79

Figura 49 – Posição das luminárias Sala 1. ...................................................................80

Figura 50 – Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 1. ...........................81

Figura 51 – Curvas Isolux Sala 1....................................................................................82

Figura 52 – Layout Sala 2. ..............................................................................................83

Figura 53 – Fotos Sala 2. ................................................................................................84

Figura 54 – Posição das luminárias Sala 2. ...................................................................84

Figura 55 - Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 2. ............................85


Figura 56 – Curvas Isolux Sala 2....................................................................................86

Figura 57 – Fotos Sala 3. ................................................................................................87

Figura 58 – Layout Sala 3. ..............................................................................................88

Figura 59 – Posição das luminárias Sala 3. ...................................................................89

Figura 60 - Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 3. ............................90

Figura 61 – Curvas Isolux Sala 3....................................................................................91

Figura 62 – Sombra projetada a partir do corpo do tatuador. ........................................94

Figura 63 - Sombra projetada a partir do corpo do cliente. ...........................................94

Figura 64 – Reflexão especular em mesma direção da observação do tatuador.........95

Figura 65 – Iluminação direta lançada sobre a face do cliente. ....................................95

Figura 66 – Posição comum das mãos em procedimento de um tatuador, vista frontal à


esquerda e em perspectiva à direita. .............................................................................96

Figura 67 – Ponto de vista comum de um tatuador em procedimento de tatuagem. ...96

Figura 68 – Posição de chegada de iluminação direta para tatuador destro. ...............97

Figura 69 – Vista frontal de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e


cliente apoiado sobre maca. ...........................................................................................97

Figura 70 - Vista superior de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e


cliente apoiado sobre maca. ...........................................................................................98

Figura 71 – Iluminâncias medidas, à esquerda sem aproximação do usuário (690 lx) e


à direita com aproximação do usuário (372 lx). .............................................................98

Figura 72 – Orientação da Sala 3 e carta solar de Colatina. ...................................... 100

Figura 73 – Alcance da irradiação direta durante um ano sobre o plano de referência à


86cm do piso. ............................................................................................................... 101
Figura 74 – Porcentagem de um ano com iluminância abaixo de 300 lx. .................. 102

Figura 75 – Porcentagem de um ano com iluminância acima de 1000 lx. ................. 102

Figura 76 – Proposta de layout Sala 3. ....................................................................... 104

Figura 77 – Espaçamentos projetados Sala 3. ........................................................... 105

Figura 78 – Estudo com posição do tatuador e vetor do caminho livre para a luz. ... 106

Figura 79 – Áreas de influência e demarcação do espaço de atividade. ................... 107

Figura 80 – Área de tarefa total marcada em lilás. ..................................................... 108

Figura 81 – Estudo simplificado inicial para a sanca. ................................................. 110

Figura 82 – Desenho esquemático da sanca definida visto em corte transversal. .... 111

Figura 83 – Planta de forro refletido com proposta de posicionamento das sancas. 112

Figura 84 – Cortes sanca projetada, medidas em centímetros. ................................. 113

Figura 85 – Detalhe sanca, medidas em centímetros. ............................................... 113

Figura 86 – Quantidades de lâmpadas por base de cada sanca. .............................. 114

Figura 87 - Quantidades de lâmpadas por base de cada sanca. ............................... 115

Figura 88 – Iluminâncias simuladas no plano de referência de altura 86cm resultantes


da opção 4. ................................................................................................................... 116

Figura 89 – Iluminâncias na maca, escrivaninha e bancada auxiliar. ........................ 117

Figura 90 – Gráfico de iluminâncias do recinto em 3 dimensões. .............................. 117

Figura 91 – Esquemáa dos circuitos de acionamento. ............................................... 119

Figura 92 – Dados da luminária Slim LED 36W.......................................................... 127

Figura 93 – Dados da luminária Slim LED 18W.......................................................... 128

Figura 94 – Foto das luminárias da Sala 1. ................................................................. 128


Figura 95 – Dados lâmpada LED Super Bulbo. .......................................................... 129

Figura 96 - Foto das luminárias da Sala 2. ................................................................. 129

Figura 97 – Dados lâmpada LED Bulbo A60. ............................................................. 130

Figura 98 – Dados lâmpada fluorescente compacta TKS 45. .................................... 131

Figura 99 - Dados lâmpada fluorescente compacta TKQ 40. .................................... 132

Figura 100 - Dados lâmpada fluorescente compacta TKS 32. ................................... 133

Figura 101 – Faixa marginal Sala 1. ............................................................................ 133

Figura 102 – Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 1. ................. 134

Figura 103 - Faixa marginal Sala 2. ............................................................................ 136

Figura 104 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 2. .................. 137

Figura 105 - Faixa marginal Sala 3. ............................................................................ 139

Figura 106 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 3. .................. 140

Figura 107 – Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 144

Figura 108 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 145

Figura 109 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 146

Figura 110 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 147

Figura 111 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 148

Figura 112 – Conjunto de lâmpadas Opção 1. ........................................................... 153

Figura 113 – Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
1. ................................................................................................................................... 153

Figura 114 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 1............................................................................................................. 154
Figura 115 – Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 1................................................................................................................ 154

Figura 116 - Conjunto de lâmpadas Opção 2. ............................................................ 155

Figura 117 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
2. ................................................................................................................................... 155

Figura 118 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 2............................................................................................................. 156

Figura 119 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 2................................................................................................................ 156

Figura 120 - Conjunto de lâmpadas Opção 3. ............................................................ 157

Figura 121 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
3. ................................................................................................................................... 157

Figura 122 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 3............................................................................................................. 158

Figura 123 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 3................................................................................................................ 158

Figura 124 - Conjunto de lâmpadas Opção 4. ............................................................ 159

Figura 125 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
4. ................................................................................................................................... 159

Figura 126 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 4............................................................................................................. 160

Figura 127 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 4................................................................................................................ 160

Figura 128 – Medidas da lâmpada CorePro LEDtube 9W. ........................................ 162

Figura 129 - Medidas da lâmpada CorePro LEDtube 18W. ....................................... 165


Figura 130 – Luminária de mesa LED dimerizável. .................................................... 167
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cor do metal aquecido e suas temperaturas de aquecimento. ...................26

Tabela 2 – Resultados da associação entre iluminância (lx) e temperaturas de cor. ...26

Tabela 3 – Tipos de iluminação. .....................................................................................45

Tabela 4 – Dados de iluminância mantida (Em), limite de ofuscamento unificado (UGRL),


índice de reprodução de cor mínimo (Ra) e observações, coletados da NBR 8995-
1:2013. .............................................................................................................................77

Tabela 5 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 1. 135

Tabela 6 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 2. 138

Tabela 7 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 3. 141

Tabela 8 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações


de luz natural. ............................................................................................................... 142

Tabela 9 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações


de luz artificial. .............................................................................................................. 143

Tabela 10 - Fatores de utilização para iluminação tipo sanca.................................... 149

Tabela 11 – Dados da lâmpada CorePro LEDtube 9W. ............................................. 161

Tabela 12 - Dados da lâmpada CorePro LEDtube 18W. ............................................ 164


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A – Área

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

cd - Candela

CIE – Commission Internationale De L’eclairage

E – Iluminância

EALN – Estimativa Anual de Luz Natural

Em – Iluminância mantida

I – Intensidade luminosa

IRC – Índice de Reprodução de Cor

K - Kelvin

(k) – Índice do local

L - Luminância

lm – Lúmens

lx – Lux

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

nm – Nanômetros

R – Raio

rad – Radiano

sr – esterradiano

TCC – Temperatura de Cor Correlata

UGRl – Limite de Ofuscamento Unificado

W – Watt
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 18

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 21

2.1 GERAL ................................................................................................................................. 21

2.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 21

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 22

3.1 ERGONOMIA ...................................................................................................................... 22

3.2 LUZ ...................................................................................................................................... 23

3.3 COR ..................................................................................................................................... 23

3.4 REPRODUÇÃO DE COR....................................................................................................... 24

3.5 TEMPERATURA DE COR ..................................................................................................... 25

3.6 O OLHO HUMANO ............................................................................................................. 26

3.7 PROPRIEDADES DO OLHO ................................................................................................. 28

3.7.1 Acomodação ................................................................................................................ 28

3.7.2 Convergência ............................................................................................................... 28

3.7.3 Adaptação ..................................................................................................................... 29

3.7.4 Acuidade visual ........................................................................................................... 29

3.7.5 Campo visual ............................................................................................................... 30

3.7.6 Ofuscamento ................................................................................................................ 31

3.8 AFERIÇÃO DA LUZ .............................................................................................................. 32

3.8.1 Fluxo radiante e Fluxo luminoso ............................................................................. 32

3.8.2 Eficiência luminosa..................................................................................................... 33

3.8.3 Ângulo sólido ............................................................................................................... 34

3.8.4 Intensidade luminosa ................................................................................................. 36

3.8.5 Iluminância ................................................................................................................... 37

3.8.6 Luminância ................................................................................................................... 39

3.9 PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS MATERIAIS ....................................................................... 41


3.10 TIPOS DE ILUMINAÇÃO ..................................................................................................... 44

3.10.1 Iluminação geral .......................................................................................................... 46

3.10.2 Iluminação geral localizada ....................................................................................... 46

3.10.3 Iluminação de tarefa ................................................................................................... 47

4 TATUAGEM ........................................................................................................................................ 48

4.1 PROCESSO DA TATUAGEM ................................................................................................ 48

4.2 EQUIPAMENTO PARA TATUAGEM ................................................................................... 49

4.3 ILUMINAÇÃO EM SALAS DE PROCEDIMENTO DE TATUAGEM ....................................... 51

5 METODOLOGIA ................................................................................................................................. 57

5.1 VALORES DE ILUMINÂNCIA SEGUNDO NORMA .............................................................. 57

5.2 ESTUDOS DE CASO ............................................................................................................. 58

5.3 SIMULAÇÃO LUZ NATURAL ............................................................................................... 65

5.4 PROPOSTA DE NOVO LAYOUT .......................................................................................... 67

5.5 CÁLCULO LUMINOTÉCNICO .............................................................................................. 68

5.6 PROJETO DA SANCA........................................................................................................... 70

5.7 SIMULAÇÃO LUZ ARTIFICIAL ............................................................................................. 71

5.8 CIRCUITOS DE ACIONAMENTO ......................................................................................... 73

6 VALORES DE ILUMINÂNCIA SEGUNDO A ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 ......................... 74

6.1 ATIVIDADES SIMILARES ..................................................................................................... 74

6.1.1 Desenho ........................................................................................................................ 74

6.1.2 Regulagem da agulha ................................................................................................. 74

6.1.3 Pigmentação da pele .................................................................................................. 76

6.2 VALORES DE ILUMINÂNCIA COLETADOS ......................................................................... 76

7 ESTUDOS DE CASO ......................................................................................................................... 78

7.1 SALA 1 ................................................................................................................................. 78

7.2 SALA 2 ................................................................................................................................. 83


7.3 SALA 3 ................................................................................................................................. 87

7.4 CONCLUSÕES DOS ESTUDOS DE CASO ............................................................................. 92

8 CONSIDERAÇÕES PRÉ PROJETO ................................................................................................ 93

9 PROPOSTA DE RETROFIT .............................................................................................................. 99

9.1 SIMULAÇÃO LUZ NATURAL ............................................................................................. 100

9.2 PROPOSTA DE LAYOUT .................................................................................................... 103

9.3 ÁREA DE TAREFA .............................................................................................................. 105

9.4 CÁLCULOS DO FLUXO LUMINOSO .................................................................................. 108

9.5 PROJETO DA SANCA......................................................................................................... 109

9.6 SIMULAÇÃO LUZ ARTIFICIAL ........................................................................................... 115

9.7 CIRCUITOS DE ACIONAMENTO ....................................................................................... 118

10 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 120

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 121

APÊNDICES ................................................................................................................................................. 127

ANEXOS ....................................................................................................................................................... 161


18

1 INTRODUÇÃO

A taxa média de crescimento do setor profissional de tatuagem e piercing entre os anos


de 2009 e 2012, no Brasil, foi de aproximadamente 413% de acordo com pesquisa
levantada pelo Sebrae (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS, 2014). Tal dado indica uma grande ampliação no mercado da tatuagem
neste país, que por sua vez, pode estar sobretudo pautada na crescente
desmarginalização desse tipo de prática, como revela o jornal “Estadão” (CLAESEN;
MATOS; AGUIAR, 2012).

Em 2009, segundo o Sindicato das Empresas de Tatuagem e Body Piercing do Brasil


(SETAP-BR), o índice de crescimento desse mercado foi de aproximadamente 20% ao
ano (MARCH, 2011).

Ocasionada pelo expressivo crescimento e desmarginalização do ramo, na segunda


década do século 21, a ampliação dos investimentos no mercado voltado à
dermopigmentação aproximou mais os profissionais da área à equipamentos, materiais,
técnicas e informações mais adequados ao exercício do trabalho com tatuagens.
Entretanto, percebem-se muitas faltas no mercado de equipamentos e estudos
destinados especificamente à atividade dos tatuadores, sendo muitas vezes utilizadas
opções similares, por vezes até inadequadas ou insuficientes ao ramo.

Os índices de propagação e investimentos econômicos apresentados pelo Sebrae


(2014), têm mostrado que o ramo estético de tatuagens artísticas tende a continuar
crescendo, tanto em aceitação popular, na aquisição de novas tatuagens, quanto em
número de profissionais a oferecer o serviço. A força deste mercado também foi
provada quando do seu crescimento econômico, mesmo em momento de crise
financeira no Brasil, entre os anos de 2016 e 2017 (KANDA, 2017). Percebe-se então
uma aparente necessidade de novos e mais aprofundados estudos acerca das
implicações que a atividade em pauta oferece, tanto aos que passam pelo procedimento
de dermopigmentação, quanto para os que o executam. Um desses assuntos é o uso
adequado de iluminação em ambientes de procedimento de tatuagem. A norma NBR
ISO/CIE 8995-1:2013 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013),
por exemplo, não expõe valores de iluminância dedicados ao ramo em questão.
19

Dessa forma o presente trabalho sugere atenção especial ao estudo do conforto


lumínico em salas de procedimento de tatuagens artísticas, incluindo a organização do
espaço de atividade do tatuador profissional, já que um assunto é diretamente ligado
ao outro. Isto porque o espaço de atividades deve ser configurado de acordo com as
necessidades do trabalho exercido e a direcionalidade da luz definida conforme as
posições de execução das tarefas.

Um ambiente de trabalho com iluminação adequada ao exercício do mesmo, além do


conforto visual, é capaz de promover segurança, aumento da produtividade, melhor
qualidade na execução de tarefas e salubridade (PEREIRA; SOUZA, 2005). Quanto à
segurança, por exemplo, tatuadores e aplicadores de piercings manuseiam ferramentas
perfurocortantes que entram em contato com material biológico do cliente e uma má
iluminação pode oferecer maior risco de acidentes à estes profissionais.

A iluminação inadequada em atividades exigentes de precisão do operador pode


resultar também em maior necessidade de adaptação postural do mesmo, o que é o
inverso ao sugerido dentro do vasto campo de estudo da Ergonomia* (COUTO, 1995).
A Ergonomia preza para que as condições de trabalho sejam adequadas ao
trabalhador, e não o contrário. A constância no exercício de trabalhos em situações não
ergonômicas pode ocasionar lesões ao trabalhador, não só por utilizar-se de
equipamentos ou espaços inapropriados, mas também pode estar vinculado
simplesmente ao método incorreto de execução do serviço, agregando então, a
necessidade de acesso à informação, não bastando apenas bons projetos e produtos
eficientes e seguros. Couto (1995, p. 15) ainda acrescenta “[...] é sem dúvida no trabalho
que a ergonomia apresenta a sua maior contribuição [...]”.

Realizou-se, então, estudos voltados ao conforto lumínico aliado à organização do


espaço de procedimento de profissionais da tatuagem, concluindo com uma proposta
de layout, de área de trabalho para tatuador, com adequações lumínicas quanto aos
valores e direcionalidade de fluxo luminoso e quanto a qualidade da luz.

*
Ciência que estuda a relação entre o atuante, o modo de execução, as ferramentas e equipamentos e
as condições ambientais no exercício do trabalho. Essa ciência multidisciplinar aplica-se na
organização da atividade laborativa e em toda composição do posto de trabalho, com o objetivo de se
obter um ambiente seguro, saudável e confortável (DUL; WEERDMEESTER, 2001).
20

Tal proposta deverá considerar as posições corporais mais comuns do tatuador, no


momento do procedimento, e suas criticidades. Desta forma, este estudo pode
contribuir para a mitigação de problemas, passíveis de ocorrer, relacionados à atividade
laboral do tatuador e melhorar o desempenho no exercício da mesma. Pode também
servir como subsídio para outras pesquisas mais aprofundadas neste tema ou contexto,
ou para o desenvolvimento de equipamentos, de auxílio para execução de tatuagens
artísticas, que sejam ergonomicamente adequados.
21

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Desenvolver uma proposta de estudo luminotécnico aplicado à uma sala de


procedimentos de tatuagem.

2.2 ESPECÍFICOS

Seguem os objetivos específicos desta pesquisa:

a) identificar dimensões e distâncias adequadas à organização do espaço de


atividade do tatuador;

b) Identificar valores de fluxo luminoso e posicionamento de luminárias


adequados ao uso do tatuador em ambientes de procedimento de tatuagem;

c) Desenvolver projeto de layout para a sala de procedimento estudada.


22

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para entendimento deste trabalho e sua aplicação, faz-se adequada uma


fundamentação teórica mínima para os assuntos abordados. Apresentam-se então
conceitos relevantes para esta pesquisa.

3.1 ERGONOMIA

O termo Ergonomia foi usado primeiramente em meados do século XIX e seu conceito
teve modernização e grande incremento a partir da Segunda Guerra Mundial. Por volta
de 1960, quando foi necessário um replanejamento no desenvolvimento de uma nova
cápsula espacial americana, surgiu então uma nova definição através da antropometria,
a saber (COUTO, 1995):

[...] conjunto de ciências e tecnologias que procura fazer um ajuste confortável


e produtivo entre o ser o humano e seu trabalho, basicamente procurando
adaptar as condições de trabalho às características do ser humano (COUTO,
1995, p. 14).

Segundo a Norma Regulamentadora – NR n. 17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO E


EMPREGO, 2009), que estabelece parâmetros voltados à ergonomia no ambiente de
trabalho, as condições do trabalho devem ser adequadas às características
psicofisiológicas dos trabalhadores.

O campo de estudo da Ergonomia é vasto e abrange diferentes questões que


normalmente estão interconectadas, mas para efeito de especificidade a Ergonomia foi
segmentada em três áreas: Física, cognitiva e organizacional (VIDAL, 2000).

Para uma pessoa que experimenta e é até mesmo influenciada pelo espaço onde está,
o sentido da visão é de elevada importância, levando em consideração que a qualidade
da imagem vista pode afetar o emocional, a segurança e a eficiência de uma tarefa
(GRANDJEAN, 1998). Já que tudo o que é visto é luz refletida dos materiais, percebe-
se que a qualidade da iluminação de um ambiente pode contribuir para efeitos positivos
ou negativos causados ao usuário observador. Quando o assunto é labor, a seriedade
aumenta pois pode entrar em jogo a saúde ou mesmo, em alguns casos, a vida do
trabalhador. Todas estas questões estão envolvidas com o estudo da Ergonomia.
23

3.2 LUZ

Radiação é definida como uma unidade ou um conjunto de ondas de característica


eletromagnética. Ondas eletromagnéticas podem apresentar diferentes características
que estão relacionadas às dimensões de seu comprimento e amplitude, ou mesmo ao
valor de sua frequência que é a velocidade que o ciclo de uma onda se repete por
segundo. Essas peculiaridades produzem, por sua vez, diferentes resultados físicos na
natureza, podendo ser térmicos, visuais etc.

Uma estreita faixa, entre infinitas possibilidades de comprimento de onda, é percebida


pelo olho humano, a esta parcela dá-se o nome de Luz (Figura 1). Especificamente
compreende-se como luz todo espectro eletromagnético que possui comprimento de
ciclo entre 380 nm (nanômetros) e 780 nm (INNES, 2014; OSRAM, 2000).

Figura 1 - Parcela visível da radiação solar.

Fonte: Osram (2000).

3.3 COR

Dentro da faixa de comprimentos de onda eletromagnética visíveis ao olho humano, há


espectros que provocam diferentes sensações visuais, como a parcela entre 500 a 570
nm nomeado de “verde”, ou a faixa entre 630 e 780 nm identificada como “vermelho”.
São diferentes sensações visuais captadas através do olho e discernidas pelo cérebro.
É dado o nome de cor a essas variadas sensações visuais. As cores são leituras do
rebatimento da onda de luz em uma superfície e seu reflexo atinge o sistema de visão
24

humana. A cor lida neste processo é apenas a parte do espectro refletida pelo material
iluminado, sendo não vista a parte absorvida por ele (Figura 2). Uma banana, por
exemplo, é identificada como amarela ao receber luz branca, absorvendo todos os
comprimentos de onda exceto o amarelo, que é rebatido na superfície iluminada e
atingindo o olho do observador (PEDROSA, 2008; RAUTEMBERG, 2018).

Figura 2 – Decomposição da luz por reflexão e absorção.

Fonte: adaptado de Rautemberg (2018).

Através das cores o ser humano tem maior percepção da natureza e suas variações,
possibilitando-o a ter melhor relação com a mesma. Cores permitem identificar melhor
os diferentes materiais, analisar estados de alimentos, influenciar psicologicamente,
organizar sistemas, melhorar higiene entre tantos outros benefícios (GRANDJEAN,
1998; PEDROSA, 2008).

3.4 REPRODUÇÃO DE COR

Como dito acima, as cores são percebidas através da reflexão de todo comprimento de
onda da luz emitida e que não foi absorvida pela superfície iluminada. Para tanto a
parcela refletida depende da característica do espectro lançado sobre a superfície.
Considerando a luz branca proveniente do sol, qualquer cor pode ser refletida a partir
desse espetro, já que a luz do sol possui todas as faixas visíveis ao olho humano. Em
dias nublados uma parte desse espectro completo é perdida ao atravessar as nuvens
e, por esse motivo, a sensação das cores dos objetos não é a mesma quando em dia
de céu aberto (INNES, 2014).

Assim como existem variações da completude do espectro de luz branca em diferentes


“tipos de céu”, existem também variedades de fontes de luz artificial com diferentes
25

índices de reprodução de cor (IRC). O índice de reprodução de cor é o valor que


representa a capacidade da luz fornecida por uma lâmpada ou qualquer outra fonte
luminosa de fazer refletir, ao iluminar uma superfície, a sua cor mais próxima ao real
(PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL; 2011). A referência para a reprodução de cor real
é a luz pura do sol, luz do dia em céu aberto (RAUTEMBERG, 2018). As curvas
mostradas na (Figura 3) representam a reprodução de cor da luz solar e de alguns tipos
de lâmpadas, onde “a” é a curva de reprodução de cor da luz solar, quase linear, bem
distribuída. Em “b”, a curva expressa a reprodução de cor da luz de uma lâmpada
incandescente contendo grande quantidade de espectro vermelho e baixa quantidade
de luz de cores “frias”. A curva "c” mostra o gráfico do conjunto de espectros emitidos
por uma lâmpada fluorescente e na curva “d” de uma lâmpada de vapor de mercúrio.

Figura 3 - Gráficos de reprodução de cor de diferentes fontes de luz.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

3.5 TEMPERATURA DE COR

Ao se aquecer um metal sólido até que o mesmo emita luz, percebeu-se que sua
radiação emitida varia conforme a temperatura de aquecimento. A partir de
temperaturas próximas à 800 K e 900 K (Kelvin), o corpo metálico emite luz
avermelhada. Com o aumento da temperatura aplicada ao metal, a luz emitida tende a
ficar mais “fria” tendendo para o azul. Através de experimentos como esse foi
padronizada a “Temperatura da cor correlata” (TCC), identificando tons mais “frios”
(azulados) ou mais “quentes” (avermelhados) para dados valores de temperatura de
aquecimento do metal (PEREIRA; SOUZA, 2005). A temperatura de cerca de 6000 K,
por exemplo, é correlata à radiação solar, ou luz branca (Tabela 1).
26

Tabela 1 – Cor do metal aquecido e suas temperaturas de aquecimento.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

A escolha da temperatura de cor num projeto de luminotécnica é muito relevante em


seus efeitos para o conforto e usabilidade do usuário de um ambiente à luz artificial
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013). Os valores de
temperatura de cor devem estar adequados à iluminância requerida pela atividade
(Tabela 2), sendo a luz quente da ordem de <3000 K, a luz de temperatura de cor
intermediária com valores entre 3300 K e 5000 K e a luz fria para temperaturas de cor
superiores a 5000K (PEREIRA; SOUZA, 2005).

Tabela 2 – Resultados da associação entre iluminância (lx) e temperaturas de cor.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

3.6 O OLHO HUMANO

No estudo de luminotécnica existem dois fatores essenciais: a fonte luminosa e um


sistema de captação para percepção da luz. Para o ser humano, o olho é o órgão
27

utilizado como ferramenta para o cérebro perceber e discernir luz, sombra e cores,
formando o que comumente é chamado de imagem. O olho humano, diferente de
espécies com sistemas orgânicos menos avançados, é estruturado por lentes e
diafragmas que permitem limitar a entrada de radiação visível e o uso de foco. Possui
também complexo sistema com células sensíveis à luz que capacitam o observador à
formação de imagens (LIMA, 2010).

Figura 4 – Corte esquemático simplificado do olho humano.

Fonte: Lima (2010).

Como visto na (Figura 4), os principais elementos que estruturam o olho humano são
segundo Lima (2010, p.12):

→ Córnea - é uma membrana transparente de proteção que permite a


entrada da luz.
→ Iris – controla o músculo da pupila por onde a luz penetra no interior do
olho. Ela pode variar sua abertura em cinco vezes sua área.
→ Cristalino - responsável pela correta focalização da imagem, é o que
chamamos de lentes dos olhos. Ele pode expandir ou retrair, dependendo da
distância de onde se encontra o objeto.
→ Retina - é a tela de projeção do olho; recebe a luz e transmite a sensação
luminosa. Neste local, forma-se a imagem visual invertida que é levada ao
cérebro através do nervo óptico e lá sofre a reinversão. É nessa tela de
projeção que se localiza a fóvea e nela, a visão é muito nítida e detalhada.
Também na retina se encontram as células fotossensíveis (cones e
bastonetes).
28

3.7 PROPRIEDADES DO OLHO

3.7.1 Acomodação

Acomodação é o processo do olho para focar a visão de um objeto com nitidez. O olho
humano possui a capacidade de focar um ponto mais próximo, deixando o fundo em
desfoque, mais “borrado”, bem como executar o processo contrário, melhorando a
nitidez do “infinito” (paisagem) e desfocando pontos mais próximos. Essa capacidade é
permitida pela estrutura do olho, através da coincidência do plano focal do cristalino, da
córnea e da retina. Este processo acontece através da contração muscular do músculo
da acomodação que consegue alterar a curvatura do cristalino. Essa acomodação está
relacionada ao esforço visual para realizar atividades de precisão e a velocidade de
resposta para mudar distâncias focais, podendo logicamente produzir fadiga visual.
Fatores como o envelhecimento podem alterar a velocidade e precisão da acomodação
(GRANDJEAN, 1998).

Ambientes com iluminação adequada para a atividade realizada são decisivos para
melhor resposta do sistema de visão humana, evitando a fadiga do olho e tornando a
atividade mais salubre para o usuário. A adequada reprodução de contraste, entre
objeto observado e seu ambiente de fundo, maximiza a velocidade e precisão da
acomodação e isso é resultado de uma iluminação de boa qualidade, não apenas mais
intensa (GRANDJEAN, 1998).

3.7.2 Convergência

É o casamento de duas imagens vistas pelo par de olhos de uma pessoa num mesmo
instante (Figura 5), formando uma imagem única que permite melhor compreensão de
profundidade, ponto focal aprimorado e mais adequada leitura do objeto (LIMA, 2010).
29

Figura 5 – Convergência binocular.

Fonte: Lima (2010).

3.7.3 Adaptação

É o ajuste da pupila que regula a entrada de luz no olho, e consequentemente sua


intensidade sobre a retina. É um comportamento automático que protege o olho
humano ou que procura aumentar a captação de luminosidade em situações de
escuridão (GRANDJEAN, 1998; FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).

3.7.4 Acuidade visual

É a capacidade de distinguir os detalhes dos objetos observados apesar da distância.


Essa capacidade pode ser influenciada pela idade do indivíduo, podendo diminuir com
o envelhecimento (GRANDJEAN, 1998), assim como pode ser influenciada pelo nível
da iluminação. O Gráfico 1, resultado de muitos estudos de diferentes pesquisadores,
expõe a magnitude da acuidade em relação ao nível de iluminação média. Intensidades
de luz de valores entre 1000 lx e 2000 lx são comumente preferidos pelos usuários.
Entretanto níveis mais baixos podem ser utilizados em atividades de menor precisão,
por razões de economia e de simplicidade de projeto. Ainda, as duas curvas no Gráfico
1 permitem identificar região ótima de trabalho que está entre 500 lx e 2000 lx, onde a
fadiga visual tende ser a mínima e o rendimento (nitidez) tende a ser alto. Ultrapassando
a faixa de 2000 lx o rendimento tende a ser constante e elevar a fadiga (IIDA, 1997).
30

Gráfico 1 - Acuidade visual por níveis de iluminância (lx).

Fonte: adaptado de Iida (1997).

3.7.5 Campo visual

Campo visual é a quantidade de área vista pelo observador com diferentes níveis de
percepção. Ele divide-se em cones concêntricos que se subtraem, sendo o central o
principal e de percepção mais apurada. Esta parcela do campo compreende cerca de
1 grau a partir do eixo comum entre os cones. Como mostrado na Figura 6, há ainda
um campo médio “b” de visão não nítida e um campo periférico “c” que auxilia o ser
humano a ter maior percepção espacial. (GRANDJEAN, 1998; LIMA, 2010).
31

Figura 6 – Regiões do campo visual humano.

Fonte: Grandjean (1998).

3.7.6 Ofuscamento

Ofuscamento é o efeito visual resultante de brilhos excessivos dentro do campo de


visão. O ofuscamento pode ter diferentes níveis, produzindo apenas um desconforto ou
mesmo inabilitando o observador. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013).

Superfícies especulares podem provocar ofuscamentos, também chamados de


ofuscamento refletido, formando pontos de brilho de alta intensidade luminosa.
Ofuscamentos são sensações visuais indesejáveis, e, dependendo do caso, podem ser
prejudiciais à visão humana. Ofuscamentos, quando há, normalmente são empecilhos
para a execução de uma atividade, desde a leitura até um trabalho pesado ou
minucioso, podendo aumentar riscos de acidente em certos trabalhos, bem como
provocar fadiga visual. O adequado tipo e direcionamento da iluminação num ambiente
pode auxiliar em muito a extinção ou mitigação desse resultado indesejável
(GRANDJEAN, 1998). “O grau de desconforto produzido por luminárias é função de
quatro parâmetros: luminância da fonte, tamanho da fonte, ângulo entre a fonte e a linha
de visão do observador e a capacidade de adaptação do observador” (PEREIRA;
SOUZA, 2005 p. 48).
32

3.8 AFERIÇÃO DA LUZ

De acordo com Pedrosa (2014), como especialidade dos estudos do campo da Óptica,
foi desenvolvida a Fotometria. Por meio dela tornou-se possível quantificar o fluxo
luminoso em um ambiente determinado, bem como avaliar outras características da luz.
Essas características de análise podem ser estudadas de diferentes maneiras
considerando-se a aplicação, podendo ser medidas energéticas da radiação ou seu
efeito sobre o receptor, como o olho humano ou uma película fotográfica, por exemplo
(PEREIRA; SOUZA, 2005).

Dentro desta ciência são compreendidos conceitos e grandezas necessários nas


análises de conforto lumínico e desenvolvimento de projetos de luminotécnica.

3.8.1 Fluxo radiante e Fluxo luminoso

Fluxo radiante é a onda ou conjunto de ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte
ou mesmo recebida por um corpo. Sua potência pode ser medida em watts (W) devido
a sua carga energética. No conjunto da radiação emitida pode haver ondas visíveis ou
não, que é o caso de uma lâmpada incandescente que, ao ser ligada, emite espectros
de diferentes comprimentos de onda, como a luz visível ao olho humano e a radiação
infravermelha, que para o homem é invisível mas transfere carga térmica ao ambiente
e a todo corpo receptor. Um fluxo radiante também pode ser composto apenas de
comprimentos de onda que não produzem resposta visual. (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG,
2018).

Quando um fluxo radiante possui uma faixa de espectro percebido pelo olho humano,
dá-se o nome de fluxo luminoso para esta parcela visível. O fluxo luminoso pode ser
medido em lúmens (lm), segundo padrão do Sistema internacional, e significa a
potência luminosa fornecida por segundo. O fluxo luminoso conhecido de uma vela
acesa, por exemplo, é da ordem de 12 lm. Em cálculos utiliza-se a letra grega “ɸ” (Phi
minúscula) para representá-lo (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).
33

3.8.2 Eficiência luminosa

A eficiência luminosa é a capacidade do sistema produtor de luz, uma lâmpada


fluorescente, por exemplo, de transformar a energia recebida em fluxo luminoso. Em
um sistema ideal, toda a energia (W) seria convertida em fluxo luminoso (lm).
Entretanto, nos equipamentos desenvolvidos até o momento, há perdas de energia no
sistema, como o efeito joule, que é a transformação de parte da energia elétrica em
calor antes mesmo de ser convertida em radiação. Além disso, as lâmpadas, em sua
maioria, produzem parte do fluxo radiante em radiação infravermelha ou ultravioleta.
Todas essas conversões, da energia que alimenta o sistema em resultantes que não o
fluxo luminoso, são consideradas como perdas (OSRAM, 2000).

A unidade de acordo com Sistema internacional é “lm/W” que é a razão entre a potência
de entrada e o fluxo luminoso (radiação visível) produzido. No mercado existem
diferentes sistemas de lâmpadas com variações entre suas eficiências (Figura 7).

Figura 7 – Eficiências luminosas para diferentes tipos de lâmpadas.

Fonte: adaptado de Osram (2000).


34

3.8.3 Ângulo sólido

O conceito de ângulo sólido é importante ao entendimento do comportamento da luz e


compreensão dos assuntos acerca de intensidade luminosa e grandezas como
iluminância e luminância. Primeiramente entende-se o que é um ângulo plano. “Define-
se ângulo plano “α” como sendo o quociente entre o comprimento de arco “l” e o raio
“R” da circunferência” (PEREIRA; SOUZA, 2005, pg. 13).

Figura 8 – Ângulo plano “α”.

Fonte: Pereira e Souza (2005)

Radiano é o ângulo plano formado quando o comprimento “l” possui medida igual ao
raio “R” (Figura 8). Para uma circunferência completa, também chamada de revolução,
o comprimento do círculo é igual à 6,28 radianos (rad), também conhecida pelo padrão
2πR, onde π (pi) é a constante resultante da relação do comprimento do círculo dividido
por seu diâmetro (PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011).

Após compreender o que vem a ser um ângulo plano, entramos no conceito de ângulo
sólido. Se uma esfera é gerada a partir de uma revolução de um círculo a partir de seu
eixo radial, assim também um ângulo sólido é gerado a partir da revolução de um ângulo
plano (Figura 9).
35

Figura 9 – Demonstração de formação de ângulo sólido a partir de um ângulo plano.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 10 – Ângulo sólido retirado de uma esfera.

Fonte: adaptado de Ryer (1998, citado por PEREIRA; SOUZA, 2005).

Dá-se o nome de esterradiano (sr) para o ângulo sólido formado pela revolução do
ângulo plano que contém ângulo igual à 1 radiano. Assim como o ângulo de 1 rad está
para o estudo em 2 dimensões, 1 esterradiano é o ângulo analisado num espaço
tridimensional. Sua área superficial, parte da face de uma esfera, é igual ao quadrado
do raio “R” (A=R²) como mostra a figura acima (Figura 10) (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; PEREIRA; SOUZA, 2005).
36

3.8.4 Intensidade luminosa

A luz que se propaga a partir de seu ponto emissor, como uma lâmpada incandescente
residencial, possui comportamento de abertura a partir da fonte assim como um ângulo
sólido abre a partir de seu vértice. A intensidade da luz que alcança os olhos do receptor
é proporcional à posição do observador em relação a esse ângulo sólido. Se olhar
diretamente para uma lâmpada incandescente de 100 W, a olho nu, é provável que o
observador tenha incomodo visual, entretanto se alterado o ângulo de observação a
sensação é atenuada. Então, para a mesma potência luminosa emitida, a intensidade
lida pode variar conforme o ângulo de visualização (OSRAM, 2000; PROCEL, 2011).

Outro fator importante é a densidade de fluxo luminoso dentro de uma unidade de


ângulo sólido (Figura 11). Uma lâmpada tem a tendência de emitir luz para quase todas
as direções, sendo limitada ao seu formato físico, e o fluxo luminoso normalmente não
é uniforme. Para tanto, a medição de fluxo luminoso de uma fonte é feita por unidade
de ângulo sólido. Sendo assim, tem-se como “I” a intensidade luminosa definida pelo
Sistema internacional como “lm/sr” também chamada de candela (cd). Representa a
quantidade de lúmens dentro de um ângulo sólido de 1 esterradiano (OSRAM, 2000;
PEREIRA; SOUZA, 2005; RAUTEMBERG, 2018).

Figura 11 - Fonte emitindo luz em muitos direções e identificação de fluxo luminoso em uma unidade de
ângulo sólido.

Fonte: alterado de Rautemberg (2018).

Fabricantes de lâmpadas e luminárias costumam fornecer gráficos como tabelas e


curvas fotométricas geradas a partir de medições da intensidade luminosa em
diferentes ângulos do ambiente iluminado (Figura 12 e Figura 13).
37

Figura 12 – Exemplo de curva fotométrica.

Fonte: Philips Lighting (2019).

Figura 13 – Marcação de curvas fotométricas em plano longitudinal e transversal de uma luminária.

Fonte: Procel (2011).

3.8.5 Iluminância

Iluminância trata-se da quantidade de luz emitida sobre uma superfície. Esta quantidade
está relacionada à densidade de fluxo luminoso incidente à superfície iluminada, que
pode ser resultado da sua proximidade à fonte emissora e também à potência da fonte.
38

A unidade desta grandeza, segundo o Sistema internacional, é o lúmen/m² ou mesmo


lux (lx), que significa a quantidade de lúmens emitida em unidade de área (PEREIRA;
SOUZA, 2005).

Na Figura 14 apresenta-se o sistema de referência para as unidades descritas. A fonte


luminosa possui valor de 1 candela (cd) de intensidade, que é o mesmo que 1 lm/sr. A
partir da fonte a radiação se espalha abrindo um ângulo sólido luminoso de 1
esterradiano (sr) que, atingindo uma superfície perpendicular à fonte a 1 metro de
distância da mesma, abrange uma área iluminada de 1 m². A iluminância resultante
nesta área é de 1 lux (lx).

Figura 14 – Iluminância em área de 1 ângulo sólido.

Fonte: Pereira e Souza (2005)

À medida em que a distância entre superfície e fonte de luz aumenta, maior se torna a
área abrangida pelo ângulo sólido e menor é a densidade luminosa devido a divergência
da radiação no sentido fonte a objeto iluminado. O contrário, logicamente, também
acontece e de maneira proporcional à distância entre emissor e superfície. O ângulo
entre a superfície iluminada e o ângulo sólido também influencia o valor de iluminância
(Figura 15). Quando 0° o ângulo entre a direção do facho luminoso e vetor normal da
superfície “N”, tem-se iluminância “E” máxima. Quando o mesmo ângulo possui 90°
para uma superfície de plano perfeito, tem-se iluminância nula (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG,
2018).
39

Figura 15 – Ângulos entre fluxo luminoso e superfície iluminada e seus valores de iluminância “E”.

Fonte: Pereira e Souza (2005)

Para ângulos entre 0° e 90° a iluminância “E” pode ser calculada por (PEREIRA;
SOUZA, 2005):

(1)

Onde a intensidade da fonte é representada por “I”, “d” é a distância entre a superfície
e a fonte e “θ” (teta) é o ângulo entre o feixe luminoso e o vetor normal do plano
iluminado.

3.8.6 Luminância

A luminância é uma grandeza da luz percebida pelo olho humano, a sensação do brilho
a partir da luz rebatida em um objeto, ou mesmo da luz emitida por uma fonte, ou seja,
é a resposta de uma excitação visual (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003; OSRAM, 2000;
PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG, 2018).

Se a iluminância é a quantidade de luz emitida sobre uma superfície, a luminância é a


medida de luz que atinge o receptor, o olho humano para o caso do estudo de
luminotécnica (Figura 16).
40

Figura 16 – Diferença entre Iluminância e Luminância.

Fonte: Osram (2000).

A luminância é medida como candela por metro quadrado (cd/m²) segundo o Sistema
internacional, que representa a intensidade luminosa por unidade de área, ela varia de
acordo com a posição do observador, conforme demonstrado pela Figura 17 (OSRAM,
2000; PROCEL, 2011).

Figura 17 – Luminância proporcional ao ângulo de observação.

Fonte: adaptado de Osram (2000).


41

A luminância, “L”, pode ser calculada pela relação abaixo, onde “A” é a área da
superfície em verdadeira grandeza, multiplicada pelo cosseno do ângulo “β” formado
entre a direção de observação e o vetor normal da superfície iluminada. “I(β)” é a
intensidade luminosa a partir do plano para a direção analisada. A luminância não varia
com alteração da distância do observador (OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005;
PROCEL, 2011).

(2)

3.9 PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS MATERIAIS

O comportamento das superfícies mediante exposição à luz é diferente conforme a


composição do material iluminado, sua textura e o ângulo de incidência da luz. Há três
resultados básicos que ocorrem à chegada de radiação luminosa sobre um corpo: a
reflexão, a absorção e a transmissão. A reflexão acontece quando uma parcela da luz
é rebatida na superfície retornando ao ambiente em uma ou mais direções. A absorção
normalmente resulta em acúmulo de energia no volume de matéria, um material de cor
preta, por exemplo, absorve todo o espectro recebido e tende a aquecer à luz do sol
mais do que uma superfície de cor branca. Por último, a transmissão ocorre quando o
espectro ultrapassa a massa do corpo que recebe a luz, como ocorre com vidros e
outros materiais translúcidos. Em situações reais ocorrem normalmente dois ou três
efeitos simultaneamente (Figura 18), pois cada material possui permissividades de
níveis diferentes para cada um deles, sendo, então, determinados graus de refletância,
absortância e transmitância individuais a cada composição de matéria (FUNDACIÓN
MAPFRE, 2003; PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG, 2018).
42

Figura 18 – Resultados do iluminamento de um material semitransparente.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

A característica física da superfície receptora também produz resultados variados que


influenciam diretamente na luminância. Superfícies foscas ou rugosas refletem a luz
recebida de maneira mais difusa ou irregular, conforme Figura 19 (PROCEL, 2011).

Figura 19 – Reflexões variadas em superfície irregular.

Fonte: Procel (2011).

Superfícies mais polidas tendem a rebater a fração da radiação, a ser refletida, com
ângulo igual ao de incidência, produzindo um efeito chamado “reflexão especular”, ou
seja, a reflexão como ocorre num espelho. Geralmente as superfícies produzem mais
de um efeito gerando reflexão composta ou mista e a quantidade de reflexão especular
é proporcional à característica da textura superficial (Figura 20). Quanto mais uma
superfície tende a ser especular maior a probabilidade de gerar ofuscamento ao
observador (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).
43

Figura 20 – Tipos de reflexão.

Fonte: adaptado de Fundación Mapfre (2003).

A diferença entre a reflexão difusa e a reflexão composta é que no primeiro o vetor de


maior intensidade luminosa da luz refletida possui mesmo ângulo que o vetor da normal
da superfície. E no segundo, o vetor de maior intensidade possui ângulo igual ao de
incidência. Na reflexão mista a luminância é um conjunto de todos os efeitos descritos
e possui resultado mais irregular.

Os mesmos efeitos podem ocorrer através da transmissão da luz que atravessa o


material, porém sua propagação é a partir da face posterior à de entrada da radiação
(Figura 21). A travessia do espectro pelo material pode alterar também seu ângulo direto
produzindo o efeito de refração, que é o que ocorre quando se vê um objeto dentro de
uma piscina estando o observador ao lado de fora (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003;
PEREIRA; SOUZA, 2005).
44

Figura 21 – Transmissão especular (a), transmissão difusa (b) e transmissão composta (c).

Fonte: Pereira e Souza (2005).

3.10 TIPOS DE ILUMINAÇÃO

Primeiramente há dois tipos básicos de fontes de luz utilizadas pelo homem, a


iluminação natural proveniente do sol e a iluminação artificial. A luz natural possui
melhor qualidade de luz para uso humano, sendo considerada a luz mais saudável a
ser utilizada e varia conforme as épocas do ano, mudanças climáticas e horários do dia.
Seu aproveitamento em ambientes internos pode ser maior ou menor conforme as
decisões projetuais e, em certas circunstâncias, sua recepção direta pode gerar
incômodo ao usuário devido à carga térmica intrínseca à radiação solar. Em sua
maioria, os ambientes internos são iluminados naturalmente pelo sol através de janelas,
aberturas laterais, que, por sua vez, produzem níveis diferentes de iluminância ao longo
do recinto conforme a distância dessa abertura. As áreas mais profundas de um
ambiente, a partir da janela, recebem menos luz natural do que as imediações da
mesma. Devido a este fator e a grande possibilidade de variabilidade do nível de
iluminação do sol durante o dia, é recomendável o aproveitamento da luz natural unido
a um sistema de iluminação artificial complementar. Isto para os casos de exigências
mínimas de iluminância média na área de tarefa quando não atendidas apenas pela luz
do solar (GRANDJEAN, 1998; LIMA, 2010).

Para a luz fornecida artificialmente é comum, atualmente, a utilização de lâmpadas


elétricas combinadas a luminárias ou mesmo à sistemas arquitetônicos de rebatimento.
Os resultados de diferentes combinações desses sistemas produzem variedades de
tipos de iluminação artificial (Figura 22), que podem ser encaixados adequadamente a
situações diversas.
45

Figura 22 – Cortes esquemáticos dos tipos de iluminação.

Fonte: Fundación Mapfre (2003).

Segundo Pereira e Souza (2005) a Commission Internationale d'Eclairage (CIE)


classifica luminárias de uso geral como (Tabela 3):

Tabela 3 – Tipos de iluminação.

Fonte: Pereira e Souza (2005).


46

A partir dos diferentes tipos de iluminação um projeto luminotécnico pode contemplar


três métodos básicos de sistema luminoso: Iluminação geral, Iluminação geral
localizada e Iluminação de tarefa, que serão apresentadas a seguir.

3.10.1 Iluminação geral

Em um sistema de iluminação geral, todo o ambiente projetado é iluminado


uniformemente, à altura do plano de trabalho, com um valor de iluminância definido.
Após feita a instalação, a iluminância pode variar se verificada em diferentes pontos.
Portanto, a iluminância no plano de trabalho deve atender, ao menos, ao valor mínimo
definido para o projeto, normalmente designado em norma regulamentadora para a
tarefa exercida. O valor considerado deve ser um valor médio encontrado entre os
pontos distribuídos ao longo do plano, visto que em situações reais esses valores
podem variar por muitos motivos. O plano de trabalho é o plano de referência que possui
altura igual à altura habitualmente utilizada no exercício de uma atividade (Figura 23).
Em escritórios, comumente, o plano de referência possui mesma altura que a mesa de
trabalho do usuário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013).

Figura 23 – Iluminação geral.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

3.10.2 Iluminação geral localizada

Nesse sistema apenas as áreas compreendidas para realização de tarefas são


consideradas para o nível de iluminação de projeto (Figura 24). As áreas que
extravasam o plano de referência recebem apenas iluminação de fundo, podendo
produzir variações bruscas para os valores de iluminância do entorno imediato à área
de tarefa (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).
47

Figura 24 – Iluminação localizada.

Fonte: Pereira e Souza (2005).

3.10.3 Iluminação de tarefa

Possui característica de luz dirigida para uma pequena área, onde se concentra a região
focal de observação do usuário para execução de uma tarefa (Figura 25). O sistema
pode ser aplicado de maneiras diferentes, mas é comum que a luminária seja instalada
na própria bancada de trabalho. É bastante utilizada para tarefas de médio à alto grau
de precisão. Recomenda-se utilizar esse sistema combinado à uma iluminação geral e,
em certos casos, uma proteção que evite ofuscamentos (GRANDJEAN, 1998).

Figura 25 – Iluminação de tarefa na bancada de trabalho com proteção contra ofuscamento.

Fonte: alterado de Grandjean (1998).


48

4 TATUAGEM

Não se sabe exatamente quando e onde se iniciou a prática de marcar o corpo com
pigmentos, cicatrizes utilizando desenhos ou mesmo simples marcações
representativas. Não se sabe também os motivos pelos quais realizavam essas marcas,
apesar de especulações sobre significados espirituais ou memórias à antepassados.
Entretanto, há muitas evidências arqueológicas da prática da tatuagem por volta dos
anos de 2000 e 3000 a.C. o que prova ser uma arte milenar (COMO, 2011).

Atualmente as tatuagens são executadas mais comumente aplicando-se pigmentos de


uma ou mais cores, a depender da tatuagem, através de punções de agulhas que
podem ser feitas manualmente ou por meio de uma máquina de tatuar. A agulha é
penetrada na pele, até atingir a camada da derme entre 1 mm e 1,2 mm de
profundidade, após ser molhada na tinta própria para tatuagem que contém o pigmento
de cor desejada (TINTAS PARA TATUAGEM ELECTRIC INK, 2019). As tintas, bem
como qualquer outro material específico à tatuagem, são normalmente regulamentadas
pelo órgão responsável do país onde está instalado o estúdio. No Brasil o órgão que
regulamenta e fiscaliza estúdios de tatuagem e fabricantes de materiais é a ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

4.1 PROCESSO DA TATUAGEM

A partir da primeira década do ano 2000 ocorre no Brasil grande surgimento de novos
empreendimentos de tatuagem. Em sua grande maioria a técnica utilizada para
aplicação do pigmento é feita por meio de máquinas elétricas próprias para movimentar
as agulhas. Essas máquinas não têm contato com a pele da pessoa tatuada, mas sim,
outras peças acopladas a elas, que são as biqueiras e os jogos de agulhas soldados à
uma haste de metal (ELECTRIC INK, 2017). Pode ser também uma peça chamada de
cartucho que é um conjunto já pronto do bico com o sistema de agulhas*. A nível de
entendimento, será mostrado apenas um sistema que é análogo aos outros utilizados

*
No mercado há uma grande variedade de sistemas para máquinas e para essas peças acopladas, não
cabendo a descrição destes aqui.
49

atualmente, permitindo compreender características relevantes à prática da tatuagem e


suas implicações quanto ao projeto de iluminação.

4.2 EQUIPAMENTO PARA TATUAGEM

Utilizando-se de uma máquina elétrica para tatuagem um tatuador precisa basicamente


dos elementos a seguir (Figura 26):

Figura 26 – Equipamento básico para tatuagem.

Fonte: elaborado pelo autor.

Onde:

a) Fonte AC-DC;
b) Máquina de tatuagem;
c) Cabo de alimentação;
d) Biqueira;
e) Haste com jogo de agulhas;
f) Tinta para tatuagem;
g) Batoque.

A fonte AC-DC (a) alimenta eletricamente a máquina de tatuagem (b), através do cabo
de alimentação (c). A haste com jogo de agulhas (e) é acoplada na máquina para ser
50

movimentada por dentro da biqueira (d). Assim como um grafite passa por dentro de
uma lapiseira, as agulhas passam por dentro da biqueira, sendo esta então, a
empunhadura para o tatuador segurar o conjunto (Figura 27) e direcionar na pele as
agulhas sendo movimentadas pela máquina. A tinta de tatuagem (f) é fracionada num
recipiente pequeno chamado batoque (g).

Figura 27 – Montagem da máquina com biqueira e haste de agulhas.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para realizar a pigmentação o tatuador molha a ponta da biqueira recolhendo pequena


quantidade de tinta do batoque. A máquina movimenta o conjunto de agulhas para baixo
e para cima fazendo a agulha entrar e sair da ponta da biqueira. É como se o grafite
entrasse e saísse da ponta de uma lapiseira.

Esse processo faz a agulha passar pela tinta acumulada na ponta da biqueira e em
seguida penetrar na pele do cliente, pigmentando-a. A agulha sobe voltando a molhar
na tinta e em seguida desce à pele novamente. O processo se repete entre 110 e 150
vezes por segundo, dependendo do modelo e regulagem da máquina usada
(ELECTRIC INK, 2017).
51

Os jogos de agulhas possuem variações em seus arranjos e são semelhantes a alguns


formatos de pincéis. São utilizados em tatuagens artísticas jogos de agulhas para traços
largos ou finos e jogos para preenchimento e sombreamento. Cada artista usa os jogos
conforme a própria técnica. Os jogos podem ter até 39 agulhas ou mais, sendo os mais
comuns de 3 a 15 agulhas (Figura 28). As agulhas podem ter diferentes bitolas também,
agulhas de tatuagem de maior de diâmetro possuem 0,35 mm a 0,40 mm e agulhas
mais finas possuem 0,25 mm à 0,30 mm (PAIVA, 2018).

Figura 28 – Jogos de agulhas para tatuagem.

Fonte: elaborado pelo autor.

4.3 ILUMINAÇÃO EM SALAS DE PROCEDIMENTO DE TATUAGEM

O trabalho com tatuagens artísticas é uma atividade que, por alguns fatores, exige
precisão. O primeiro fator envolve o risco de lesão à pele do cliente, já que as tatuagens
permanentes mais comuns atualmente são executadas usando-se agulhas
movimentadas por máquinas que trabalham a cerca de 110 a 150 punções por segundo
(ELECTRIC INK, 2017). O segundo é o risco também ao profissional que a executa,
mas neste caso, existe ainda o risco de contaminação, caso o cliente possua alguma
doença transmissível através do sangue (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2009; BRASIL, 2012).

Outro fator é a exigência da qualidade visual do trabalho. A tatuagem artística trabalha


com desenhos, portanto, após a integridade do cliente e a integridade do profissional, o
aspecto visual da tatuagem vem em seguida como fator mais importante.
52

Entendendo, portanto, o funcionamento da visão, que é sensorialmente o órgão de


percepção mais relevante para a execução e contemplação da tatuagem, e que tudo o
que se vê é rebatimento de luz emitida a partir de uma fonte e refletida em uma ou mais
superfícies até o alcance dos olhos daquele que enxerga, percebe-se a importância da
qualidade e quantidade de luz adequadas ao exercício da tatuagem. “E o que é
qualificar o espaço por meio da luz? É estabelecer uma “boa luz”, muito diferente de
apenas fornecer mais quantidade de iluminação.” (BARNABÉ, 2007, p.72).

Quanto à segurança Grandjean (1998, p. 215) acrescenta:

Em um relatório do “Safety Council dos EUA” os peritos avaliam que 5% de


todos os acidentes de trabalho na indústria têm como causa direta a iluminação
insuficiente e que o ambiente luminoso e a fadiga visual são participantes na
origem de 20% de todos os acidentes.

Portanto, elencando a qualidade do aspecto final da tatuagem e a segurança dos


envolvidos no procedimento, no ramo em questão há implicações importantes a serem
analisadas, que, por sua vez, aproximam muito este estudo à organização do ambiente
de trabalho e posicionamento da direção da luz artificial ou natural utilizada.

A primeira questão é a proximidade de algumas partes do corpo do profissional ao plano


de trabalho. Através das imagens (Figura 29), percebe-se que a posição do tronco, da
cabeça e da mão do tatuador, que segura a máquina de tatuagem, podem oferecer
bloqueio à incidência de luz na região do corpo do cliente que está sendo trabalhada.

Figura 29 – Imagem do próprio autor tatuando, demonstrando a proximidade do rosto do tatuador à região
de detalhe.

Fonte: elaborado pelo autor.


53

A face do profissional nas imagens expostas dista cerca de 20 à 30 cm da superfície


tatuada, muito semelhante ao exposto pelo documento “Manual de Ergonomía”
(FUNDACIÓN MAPFRE, 1997) para trabalhos minuciosos (Figura 30).

Figura 30 – Proximidades ao plano de trabalho para tarefas de diferentes níveis de precisão.

Fonte: Fundación Mapfre (1997).

Para acesso eficaz da luz na região tatuada, os ângulos da radiação devem incidir pelas
áreas de caminho livre. Deve haver então um casamento da posição do tatuador e da
fonte de luz utilizada, que por sua vez estão ligados ao layout da sala de procedimento.
Como exemplo similar, há sugestões referenciadas por Neufert (1998) para estações
de desenho técnico para desenhistas destros (Figura 31). Na figura é possível observar
que é interessante para o desenhista que a sombra, projetada a partir da sua mão que
opera o lápis, não incida sobre a área de detalhe que está sendo desenhada “1” e que
o plano de trabalho não produza ofuscamento através de reflexão especular “3”.
54

Figura 31 – Posições de um desenhista destro em relação à direção de um fluxo luminoso.

Fonte: adaptado de Neufert (1998).

A segunda implicação é a possibilidade de ofuscamento. O trabalho com tatuagens


envolve limpeza com água, sabão ou soro durante todo o processo, por isso, ao molhar
a pele do cliente, a tendência de brilho da superfície aumenta. Outra aplicação feita
comumente durante todo o procedimento, por boa parte dos tatuadores, é a de
lubrificantes ou hidratantes sobre a pele como vaselinas dérmicas ou manteigas
especiais para tatuagens, por exemplo. O uso desses materiais colabora em muito para
o surgimento de pontos de brilho (reflexão especular) na superfície tatuada, o que
dificulta ou impede a percepção de detalhes do desenho em processo. Segundo
Grandjean (1998) e Neufert (1998) o alto contraste de brilho é desfavorável para o
observador, sendo mais interessante a moderação da intensidade luminosa ou reajuste
do jogo luminoso, evitando o que Neufert (1998) chama de deslumbramento. Na Figura
32, vê-se, à esquerda uma tatuagem em processo com pele seca logo após limpeza e,
à direita, a mesma após aplicada vaselina dérmica para lubrificação.
55

Figura 32 – Tatuagem em processo.

Fonte: adaptado de Tattooing (2009).

Outra questão a ser considerada é a dificuldade de execução da tatuagem nos


momentos de grande espalhamento de resquícios de tinta na superfície da pele até que
haja a próxima limpeza (Figura 33).

Figura 33 – Resquícios de tinta sobre tatuagem em processo.

Fonte: adaptado de Watercolor (2017).

Por último, a jornada de trabalho, que para o caso dos tatuadores, deve ser considerada
pelo porte do desenho ou duração da sessão executada. Um desenho ou sessão de
tatuagem pode variar de 2 minutos a 10 horas de trabalho ou mais (12 HORAS, 2018).
Abrindo espaço para algumas exceções extremas existentes, geralmente realizadas em
convenções. Todos estes fatores supracitados demonstram que a iluminação adequada
no ambiente de trabalho do tatuador é altamente relevante.

De acordo com Grandjean (1998, p.232) trabalhos delicados ou muito delicados “[...]
algo do tamanho entre sinais de escrita normais a frações de milímetros [...]” precisam
56

de iluminação especial, não sendo suficiente apenas a iluminação geral. Neste estudo,
são analisados valores adequados de iluminância, temperatura de cor, índice de
reprodução de cor, tipo de iluminação e posicionamento das fontes luminosas e dos
elementos principais em salas de procedimento de tatuagem, que seja realizada para
adequação ao trabalho de tatuadores aliado às considerações identificadas acima.

Grandjean (1998) e Lima (2010) afirmam que a falta de sombras intensas bem
posicionadas e excesso de luz difusa proporciona aspecto imaterial ao objeto
observado, dificultando a percepção de suas plasticidades, avanços e recuos,
características relevantes para o trabalho com tatuagem. Primeiro, porque, o objetivo
principal do trabalho do tatuador é uma imagem que contempla apenas duas dimensões
em uma superfície “plana”, mesmo que haja sensações visuais de profundidade no
desenho. E segundo, a eliminação de qualquer tipo de sombra incidente na área
trabalhada é bem-vinda, sombra que pode ocorrer por exemplo ao se ressaltarem
algumas texturas de micro-relevos da pele, que apesar de bem pequenos, podem
dificultar a percepção e execução de trabalhos de alta precisão como os “fine line*” por
exemplo.

*
“Fine line” é a categoria que nomeia atualmente as tatuagens realizadas com linhas finas e detalhamento
exigente ou de alta precisão.
57

5 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi iniciada consultando-se acervos técnicos relacionados à conforto


lumínico em espaços de trabalho, como a norma NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) que define parâmetros de qualidade e
quantidade de luz para diferentes atividades, gerais ou profissionais. Outras literaturas
de assuntos correlatos foram consultadas, como documentos acerca de Ergonomia,
Luminotécnica, Manuais técnicos, Projeto de layout e Tutoriais do software APOLUX IV.
Os materiais bibliográficos foram consultados em todo o desenvolvimento deste
trabalho.

5.1 VALORES DE ILUMINÂNCIA SEGUNDO NORMA

A norma NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2013) apresenta, numa tabela, valores de iluminância recomendados para ambientes,
tarefas ou atividades listadas por ela. Quando a situação de aplicação não houver valor
definido por norma, recomenda-se, pela ABNT (2013), que sejam utilizados valores por
similaridade. Identificaram-se, então, semelhanças das práticas do profissional da
tatuagem às atividades listadas pela norma, e para cada similaridade foram coletados
os valores sugeridos para iluminância mantida, índice limite de ofuscamento, índice de
reprodução de cor mínimo e por vezes algumas observações acrescentadas como
temperatura de cor recomendada.

As atividades consideradas semelhantes às práticas do tatuador em seu trabalho estão


relacionadas à observação e execução de riscos na pele, percepção nítida de detalhes
pequenos em peças metálicas e plásticas, percepção precisa de detalhes de desenho
e discernimento elevado de cores e seus tons.

Este passo serviu como primeiro parâmetro para decisões do projeto de retrofit, bem
como para observações dos valores encontrados nas medições realizadas nos estudos
de caso.
58

5.2 ESTUDOS DE CASO

Após coleta de valores de referência para nível de iluminância e índice de reprodução


de cor*, foram analisadas três salas de procedimento, de tatuagens artísticas, de
tatuadores distintos. Os três estudos de caso foram realizados de maneira pouco
profunda, porém permitiram enriquecimento desta pesquisa que, ao seu final, apresenta
projeto de retrofit para um deles. Nas salas selecionadas para estudo, observou-se o
posicionamento dos elementos no ambiente, tanto os elementos diretamente
relacionados à execução da tatuagem quanto os indiretamente relacionados. Não
houve critério específico para seleção dos ambientes para análise, apenas foram
escolhidos por suas características distintas de layout, posicionamentos e quantidades
de luminárias.

Foi realizado levantamento arquitetônico de cada ambiente contando com layout, pé-
direito (Pda), altura do plano de trabalho (Ht) e planta de forro refletido com posição das
fontes de luz artificial. O levantamento foi feito utilizando-se de uma trena de fita
metálica, uma trena eletrônica da marca Bosch modelo GLM 40 e material de desenho
para os croquis. Para melhor compreensão do leitor, também foram tiradas fotos dos
recintos permitindo identificar cores e outras características dos elementos presentes.

Após o levantamento arquitetônico em croquis, foram produzidas, no software AutoCAD


da empresa Autodesk, as plantas esquemáticas dos layouts observados (Figura 34),
para posterior definição dos pontos de medição de iluminância dentro das salas. Foram
desenhadas também as plantas de forro refletido com as respectivas posições de
luminárias (Figura 35) e posteriormente identificadas as lâmpadas utilizadas. As
identificações aparecem no Apêndice A deste trabalho.

*
Desprezando-se o valor limite de ofuscamento devido à sua grande complexidade de utilização (BRASIL,
2014).
59

Figura 34 – Exemplo de layout levantado.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 35 – Exemplo de posição de luminárias em planta de forro refletido.

Fonte: elaborado pelo autor.


60

Em seguida ao levantamento, foram realizadas medições do nível de iluminância da luz


artificial, observando o resultado do iluminamento a partir do fluxo luminoso fornecido
pelas luminárias instaladas e suas posições. As medições foram efetuadas usando-se
um Luxímetro da marca Minipa modelo Mlm-1011 e o método de medição foi segundo
recomendado pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013). Todas as medições realizaram-se no período da noite com janelas
e portas fechadas.

Primeiramente foram medidos três pontos específicos por serem pontos muito utilizados
pelo profissional. As medições de iluminância foram feitas à altura do plano de trabalho
do tatuador que utiliza a sala. A Figura 36 ilustra a planta de layout com numeração e
posição dos pontos medidos.

Figura 36 – Planta de exemplo com medições de iluminância em três pontos distintos.

Fonte: elaborado pelo autor.


61

O ponto P1 foi localizado na bancada auxiliar do tatuador, que é muito utilizada para
coletar tinta, lubrificante, papel toalha e borrifador com líquido de limpeza para a pele
durante todo o processo da tatuagem. Nessa bancada, por vezes, também é colocado
um copo com água para lavagem das agulhas ao realizar trocas de cores de tinta. As
tintas são dispostas na bancada em pequenos recipientes chamados batoques e é
adequado que o tatuador evite que a agulha colida com o fundo ou a borda do mesmo,
evitando danos ao fio da agulha utilizada.

O ponto P2 foi determinado naquele local por ser uma área da maca amplamente
utilizada pelo tatuador, pois na região do ponto escolhido, o artista posiciona a maca
apoiando a parte do corpo do cliente a ser tatuada. Apesar de selecionado esse ponto
específico, em cada tatuagem o profissional maneja a maca reposicionando-a a
maneira mais confortável para efetuar o trabalho. Por fim o ponto P3 é um ponto de
grande utilização, apesar de não estar ligado diretamente com a aplicação da tatuagem
no cliente. Nesse ponto o tatuador desenvolve os desenhos em papel para serem
aplicados como esboço na pele que será tatuada.

Em seguida, foram realizadas medições da iluminância em pontos distribuídos por


malhas obedecendo ao recomendado pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013). Essas medições foram feitas todas à
altura do plano de trabalho do profissional e o propósito foi encontrar um valor médio
de iluminância para esse plano de referência, bem como os mapas de isolux do recinto.
Para o cálculo da medida das malhas foi utilizada a seguinte expressão indicada pela
norma:

p = 0,2 x 5 log10 d (3)

Onde “p” é o tamanho da aresta da malha encontrada para o valor de “d” que é a medida
da aresta de maior dimensão do plano de referência. O plano de referência em todos
os casos foi definido através de um offset de 25cm a partir das extremidades internas
das paredes da sala (Figura 37), em vermelho na imagem.
62

Figura 37 – Planta de exemplo de faixa marginal.

Fonte: elaborado pelo autor.

Foi possível verificar pelo desenho que a maior dimensão obtida foi de 3,1m. Realizando
o cálculo para encontrar o tamanho da malha através da fórmula supracitada,
encontrou-se, em metros, o valor de 0,44103. Arredondando este último para baixo e
dividindo a maior dimensão de 3,1m por 0,44m o valor obtido é de 7,045 malhas. Como
não é um número inteiro e a recomendação é utilizar o número inteiro mais próximo
(ABNT, 2013), definiu-se o valor de 8 divisões da aresta de 3,1m encontrando, então, a
medida de 0,3875m para a aresta da malha. As arestas das malhas com medida de
0,3875m são para as arestas paralelas ao comprimento de 3,1m. Arredondou-se o valor
de 7,045 para 8 para haver uma folga no cálculo da segunda aresta da malha e obter
maior número de malhas resultando em uma medição mais precisa que o sugerido
como mínimo pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013).

Em seguida calculou-se o valor da segunda aresta. Seguindo o exemplo, dividindo-se


o comprimento de 2,65m pelo valor de “p” igual a 0,44m já encontrado anteriormente.
63

O valor obtido foi o de 6,022 malhas. Como a quantidade de 8 divisões foi obtida por
um arredondamento muito grande, este próximo valor foi arredondado para 6, próximo
número inteiro menor. Ao dividir a medida de 2,65m por 6 divisões, encontra-se o valor
de 0,4416m da segunda aresta das malhas. Para averiguar a aceitação deste
procedimento calculou-se a área de abrangência da malha fictícia de 0,44103m
encontrada a partir da fórmula, comparada à área de abrangência dos valores de
arestas definidos para a malha de medição:

• Malha fictícia segundo a fórmula: 0,44103m x 0,44103m = 0,1945 m²


• Malha definida: 0,3875m x 0,4416m = 0,1711 m²

A área de abrangência da malha definida é, segundo a comparação, menor que a área


de abrangência obtida pelo cálculo da fórmula. Isto significa que a quantidade de pontos
medidos é maior que ao sugerido por norma, obtendo assim maior precisão para o
cálculo do valor médio de iluminância no plano de referência. A Figura 38 apresenta a
planta com as divisões das malhas, em vermelho, e a posição dos pontos de medição
localizados exatamente ao centro da malha.

Figura 38 – Exemplo de distribuição de pontos de medição por malhas.

Fonte: elaborado pelo autor.


64

Os valores medidos foram registrados em tabelas, expostas no Apêndice B, e lançados


no software Surfer versão 16 para obter mapas de Isolux através da interpolação dos
valores medidos. O mapa resultante permite melhor observação dos níveis de
iluminância no plano de referência, abaixo aparece o mapa de Isolux da sala de
exemplo (Figura 39).

Figura 39 – Exemplo das curvas isolux.

Fonte: elaborado pelo autor.

Em todos os pontos mapeados foram realizadas medições do valor de iluminância


através de um Luxímetro digital modelo Mlm-1011 da empresa Minipa. As medições
foram realizadas com a lente do aparelho sempre voltada para cima, sobre um suporte
plano paralelo ao piso e sempre à mesma altura a partir do chão. Todas as medições
foram realizadas com o operador distante à no mínimo 1 m da lente e aguardando o
tempo de estabilização do luxímetro. Outro procedimento realizado antes das medições
de cada sala foi ligar o aparelho de medição com a lente obstruída, para calibragem do
valor zero inicial, e deixar o aparelho em descanso por cerca de 5 minutos com a lente
totalmente voltada para cima recebendo a iluminação instalada da sala a ser estudada.
65

Com os valores medidos nos pontos mapeados também se calculou o valor médio de
iluminância e de uniformidade da iluminação no plano de referência. O cálculo obedece
a NBR ISO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) e foi feito a partir da expressão:

Ē= (∑P/n) (4)

Onde “Ē” é a iluminância média calculada a partir da divisão da somatória das


iluminâncias medidas “∑P” pelo número de pontos de medição “n”. Já a uniformidade é
calculada a partir da razão entre o menor valor de iluminância medido e o valor médio
de iluminância encontrado.

As observações realizadas nas salas escolhidas permitiram, junto aos valores de


iluminância encontrados, perceber características importantes a serem consideradas
num projeto de iluminação para estúdios de tatuagem, como a necessidade de grande
densidade de luz difusa, a tendência do brilho indesejável na pele do cliente e o
posicionamento adequado dos fachos de luz fornecidos pela iluminação de tarefa.

5.3 SIMULAÇÃO LUZ NATURAL

Após os resultados e análises das medições escolheu-se a sala de pior desempenho


de iluminação para uma proposta de retrofit. Para isso, antes de iniciar qualquer
modificação no layout ou conjunto de luz artificial, foram realizadas simulações de
entrada e aproveitamento da luz solar durante um ano no recinto extraindo gráficos de
Estimativa anual de luz natural (EALN).

As simulações foram executadas no software APOLUX IV, que é uma ferramenta de


demonstração do comportamento da luz em volumetrias feitas a partir de modeladores
gráficos como SketchUp ou AutoCAD. Este programa é resultado da tese de Claro
(1998) e é validado internacionalmente segundo os protocolos de modelos de céu do
Relatório Técnico CIE 171:2006 (CUNHA, 2011) e segundo protocolos, do mesmo
relatório, referentes à iluminação natural (CARVALHO, 2009). Teve ainda sua validação
finalizada a partir da tese de Claro (2015) complementando a ferramenta com análises
de EALN. Através de estudos realizados por Pereira (2009), simulações de
comportamento da luz natural em ambiente interno feitas através do APOLUX IV
possuem maior proximidade à realidade que simulações realizadas em modelos reais
reduzidos (maquetes físicas).
66

No programa, a volumetria é importada por um arquivo “.dxf”. Dentro da primeira etapa


do software a volumetria é fracionada em triângulos e quanto maior for o fracionamento
mais próxima à realidade pode ser a simulação, se desejado, faces de alguns materiais
no volume podem ter fracionamento diferente do geral (CUNHA, 2011). Em seguida são
configurados os índices de refletância e transmitância dos materiais utilizados na
simulação. Na segunda etapa do programa define-se o globo de simulação da abóboda
de céu, já configurados no software, onde apenas escolhe-se o globo com a quantidade
de parcelas desejada. Assim como no fracionamento, quanto mais parcelas houver o
globo, mais precisa é a simulação. Para averiguações do comportamento de luz natural
deve ser lançado no programa um arquivo “.epw” de informações climáticas e
coordenadas da localidade do espaço analisado.

A volumetria da sala selecionada para estudo foi realizada no modelador gráfico


SketchUp com uma face plana paralela ao piso à altura de 86 cm do chão. Essa face
foi definida como plano de análise nas demonstrações representando o plano de
trabalho do tatuador (Figura 40), e importada para o software APOLUX IV.

Figura 40 – Volumetria com plano de análise na cor cinza.

Fonte: elaborado pelo autor.

Os índices dos materiais foram configurados dentro do programa e aparecem no


Apêndice C. Foi utilizado fracionamento de 0,03m², globo 4, 10 ciclos de radiosidade e
refletância média do solo igual a 20. As simulações foram efetuadas em tipo de céu
como “Céu Branco-azul” e o arquivo climático inserido no programa foi um arquivo de
formato “.epw” de Colatina-ES, resultado a partir da dissertação de Amorim (2015).
Obtiveram-se então gráficos da chegada de luz solar direta durante um ano no plano
de trabalho, marcando o “caminho” da insolação pelo recinto. Foram obtidos também
67

gráficos que mapeiam o recinto com cores indicando a porcentagem de um ano que
cada região possui uma iluminância determinada.

O exemplo abaixo (Figura 41), mostra em planta o plano de referência com as cores
representando a porcentagem de um ano que cada região do plano possui mais do que
1000 lx de iluminância. As demonstrações do comportamento da luz natural no recinto
foram feitas considerando leituras de 1 em 1 hora dentro do intervalo de 8 às 18 horas,
por se tratar de um ambiente comercial.

Figura 41 – Parcela do ano com iluminância superior a 1000 lx.

Fonte: elaborado pelo autor.

5.4 PROPOSTA DE NOVO LAYOUT

Através dos mapeamentos das regiões críticas quanto à insolação direta e ao


aproveitamento da iluminância natural formatou-se novo layout para a sala selecionada.
Com o novo layout desenhado foram feitos estudos de diferentes posições do tatuador
e maca para diferentes situações de atendimento, considerando sempre a direção do
caminho livre da entrada de luz, para a região de detalhe tatuada, voltada para a janela.
A seguir vê-se um exemplo dos estudos (Figura 42), as 19 posições analisadas estão
expostas no Apêndice D.
68

Figura 42 – Posição do tatuador e maca com vetor do caminho livre de entrada do fluxo luminoso (seta
amarela) voltado para a janela.

Fonte: elaborado pelo autor.

A partir dos estudos das posições, foi possível encontrar mais precisamente a área de
tarefa do tatuador, para então serem feitos os estudos luminotécnicos para iluminação
artificial.

5.5 CÁLCULO LUMINOTÉCNICO

O cálculo luminotécnico foi realizado de forma analítica para a área de tarefa, utilizando
o método dos lúmens (OSRAM, 2000). Neste é calculado o fluxo luminoso total que
deve ser emitido pelo equipamento considerado (lâmpada e luminária) considerando-
se índices de perda desse fluxo devido à fatores de utilização e de manutenção do
equipamento luminoso. Os fatores são relacionados com o índice do local que é obtido
através das medidas da geometria analisada e das refletâncias dos elementos mais
relevantes no recinto - teto, parede e piso. Seguindo o método dos lúmens o cálculo
iniciou-se pelo índice do local:
69

(5)

Onde:

• (k) – Índice do local.


• C – Comprimento da área estudada.
• L – Largura da área estudada.
• h – Distância entre o plano de trabalho e a luminária.

Encontrado o índice do local, foi possível, então, coletar na tabela de fatores para
sancas, fornecida por Costa (2013), o fator de utilização a ser lançado no cálculo do
fluxo total. A tabela usada aparece no Apêndice E. Para a NBR ISO/CIE 8995-1
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) o fator de manutenção
deve ser obtido como sugerido por tabelas da CIE 97 (2005). Como a proposta do
trabalho é utilizar lâmpadas de tecnologia LED, encontraram-se valores de referência
para definir o fator de manutenção no material de Whitecroft (2018) onde os índices
tabelados para lâmpadas e luminárias LED atendem às exigências da CIE 97 (2005). A
definição do Fator de manutenção se faz a partir do seguinte cálculo:

(6)

Onde:

• Fm – Fator de manutenção calculado.


• LLMF – Índice de manutenção do fluxo luminoso da lâmpada.
• LMF – Índice de manutenção da luminária.
• RSMF – Índice de manutenção da superfície da sala.
• LSF – Índice de sobrevivência da lâmpada.

As tabelas usadas com os índices para definição do Fator de manutenção estão


expostas no Apêndice E. Com os fatores obtidos, calculou-se então o fluxo luminoso
total para a quantidade de iluminância mantida desejada no plano de trabalho. A seguir
a fórmula para cálculo do fluxo luminoso total que deve ser emitido pelo sistema
luminoso estudado segundo o método dos lúmens:
70

(7)

Onde:

• φ total – Fluxo luminoso total calculado.


• Em – Iluminância mantida escolhida.
• A – Área do espaço estudado.
• Fu – Fator de utilização.
• Fm – Fator de manutenção.

5.6 PROJETO DA SANCA

Após obtida a potência luminosa a ser instalada desenvolveu-se o projeto da sanca.


Foram feitos alguns estudos de ângulos de rebatimento de luz (Figura 43) considerando
19cm de distância do forro à laje, já que o pé-direito da sala possui 2,89m e foi rebaixado
com gesso para 2,70m.

Figura 43 – Exemplo de estudo de rebatimento de luz.

Fonte: elaborado pelo autor.

Com a definição do modelo mais adequado, projetou-se a sanca, permitindo o uso de


lâmpadas tubulares T8 de 60cm nas arestas menores do retângulo da sanca e de
120cm nas arestas maiores. Centralizadas sobre a área de tarefa definida foram
distribuídas 4 sancas para melhor distribuição da luz (Figura 44). Com as sancas
projetadas pôde-se calcular as quantidades de lâmpadas conforme modelos e
potências escolhidas.
71

Figura 44 – Planta de forro refletido com posição das sancas.

Fonte: elaborado pelo autor.

5.7 SIMULAÇÃO LUZ ARTIFICIAL

Após o projeto da iluminação para a área de tarefa, verificou-se o comportamento da


luz artificial para o jogo luminoso projetado através do programa APOLUX IV. Desta
vez, além da volumetria do recinto e do plano de análise foram colocados no modelo
planos horizontais que representem os móveis do layout proposto e o rebaixamento
com as sancas projetadas (Figura 45). Para simulações de luz artificial não é necessário
o uso da abóbada de céu já configurada no programa. As simulações foram feitas para
72

a quantidade de lâmpadas calculada, que atenda ao valor de fluxo total encontrado, e


para mais três opções com números menores de lâmpadas. As informações técnicas
das lâmpadas definidas para o estudo aparecem no Anexo 1.

Figura 45 – Modelo importado no APOLUX IV para simulações de luz artificial.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para as simulações foram parametrizados os índices de refletância e transmitância dos


materiais como mostrado no Apêndice C. O fracionamento do modelo foi de 0,03m² e
a radiosidade utilizada de 10 ciclos. Para o estudo com as lâmpadas selecionadas
colocam-se dentro do software arquivos “.ies” que contêm as configurações
fotométricas das mesmas. Dentro do programa os volumes das lâmpadas devem ser
implantados junto à volumetria do recinto com as exatas coordenadas. Após a
implantação das lâmpadas é possível acionar ou desligar um ou mais circuitos
virtualmente antes de solicitar nova simulação. Os estudos através do APOLUX IV
permitem a extração de gráficos de iluminâncias no plano de análise como o exemplo
a seguir (Figura 46).
73

Figura 46 – Exemplo de simulação de luz artificial feita no APOLUX IV.

Fonte: elaborado pelo autor.

5.8 CIRCUITOS DE ACIONAMENTO

Com os resultados analisados por meio das simulações não houve necessidade de
projetar iluminação geral para o ambiente, porque a iluminação para a área de tarefa
atendeu bem ao restante da sala com níveis de iluminância apropriados ou levemente
superiores ao que se previa para as regiões de uso do cliente e acompanhantes.

Para os circuitos de acionamento optou-se por manter o número de lâmpadas calculado


para atender ao método dos lúmens mesmo tendo encontrado valores excessivos nas
simulações, caso todas estivessem acesas. Porém, mantendo-se nas sancas as
lâmpadas na quantidade calculada, com circuitos distintos é possível obter todas as
configurações estudadas. Sendo assim, em casos mais exigentes, o usuário pode optar
por acender maior quantidade de lâmpadas.
74

6 VALORES DE ILUMINÂNCIA SEGUNDO A ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013

A partir da análise da Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) ISO/CIE 8995-1


(ABNT, 2013), atual e vigente norma para desenvolvimento de projeto luminotécnico,
cálculo e verificação de iluminação, foram coletados valores de iluminância
recomendados para atividades com algumas características consideradas semelhantes
às práticas profissionais do tatuador. A própria norma, que não possui valores
específicos de iluminância para todas as atividades profissionais possíveis, aconselha
“Se um ambiente em particular, tarefa ou atividade não estiverem listados, convém que
sejam adotados os valores dados para uma situação similar” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013, p. 11).

6.1 ATIVIDADES SIMILARES

Desta maneira, foram consideradas relevantes as seguintes características:

6.1.1 Desenho

O início comum de uma tatuagem é o desenvolvimento do desenho, que pode ser feito
em papel e seu esboço transferido à pele através de um stencil de carbono. O esboço
também pode ser feito diretamente na região a ser tatuada com o uso de canetas
próprias, sendo esta última conhecida como a técnica “free-hand”. Nesta etapa e até
mesmo no processo de aplicação da tatuagem, que é feita desenhando, encontra-se
semelhança às atividades “arte” e “desenho técnico”, estando listadas pela NBR
ISO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) no item 20 (Construções educacionais) da tabela
“Planejamento dos ambientes (áreas), tarefas e atividades com a especificação da
iluminância, limitação de ofuscamento e qualidade da cor” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013, p. 12-23).

6.1.2 Regulagem da agulha

O tatuador utiliza jogos de agulhas de diâmetro entre 0,25 a 0,40 mm, compostas de
aço inox, material metálico polido e reflexivo. Antes de aplicá-lo à pele, o profissional
verifica as pontas das agulhas para certificar-se de que o fio esteja em perfeito estado,
75

evitando danos à pele do cliente em caso de agulhas com pontas amassadas ou sem
fio. Alguns tatuadores fazem uso de uma lupa para uma averiguação mais criteriosa.

Ao montar o jogo de agulhas junto à máquina de tatuar e à biqueira, o tatuador faz a


regulagem da quantidade de agulha que será exposta a partir do bico da biqueira. A
máquina movimenta a haste com o jogo de agulhas para cima e para baixo. A
quantidade de agulha exposta é, portanto, a quantidade de agulha que irá sair do bico
para penetração na pele. Após ajuste da quantidade de agulha exposta, o tatuador
analisa, com a máquina ligada, o movimento da agulha que sai do bico. Esta análise é
agora para alinhamento do movimento. A intenção do tatuador é comumente, salvas
algumas exceções, que o movimento da agulha seja o mais axial possível, evitando
deslocamentos radiais que tirariam a precisão do traço ou aumentariam o risco de dano.

Os casos mais criteriosos são para os menores jogos de agulhas. Jogos de três
agulhas, por exemplo, formam um volume bastante fino, e a análise do alinhamento
deve ser precisa, necessitando de qualidade e quantidade adequadas de luz. Para
enxergar bem a agulha em movimento saindo do bico, é importante que a iluminação
permita gerar contrastes nítidos entre a imagem da agulha, do bico e do fundo. Fundos
pouco reflexivos são adequados para a análise, colocar um pedaço de papel toalha ou
superfície preta e fosca podem ajudar a identificar bem a imagem da agulha. Como a
máquina faz a agulha percorrer movimentos de punção entre 110 e 150 vezes por
segundo, uma agulha bem alinhada na saída do bico apresenta imagem semelhante à
sua imagem com máquina desligada.

Esta etapa preliminar à aplicação do pigmento na pele é fundamental para auxiliar na


precisão de traços e pinturas na pigmentação. Percebem-se aqui algumas semelhanças
à outras atividades profissionais listadas pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013), quanto ao uso de pequenas peças
metálicas, uso de agulhas e percepção nítida entre partes miúdas da ordem de décimos
de milímetros. Com características similares são encontradas na norma as atividades
de costura, relojoaria, mecânica de precisão e procedimentos odontológicos.
76

6.1.3 Pigmentação da pele

Após ajustados os equipamentos e materiais utilizados, inicia-se a aplicação do


pigmento na derme reproduzindo devidamente o desenho desejado pelo cliente. Nesta
etapa o tatuador visualiza a superfície da pele com um esboço, linhas guias feitas a
carbono ou caneta, e aplica a tinta com agulhadas usando a referência marcada na
pele. Limpando a pele durante a aplicação, o esboço se apaga gradativamente até ser
“substituído” pela tatuagem definitiva. Além da semelhança da atividade de desenho
como já citada anteriormente, esta etapa possui semelhanças com algumas outras
práticas, como a incisão, que em muitos casos, realizada por cirurgiões, uma lâmina de
corte é passada sobre uma linha guia desenhada na pele do paciente. Há então a
visualização precisa de um trabalho sobre a pele de uma pessoa, muito parecida com
a prática da tatuagem.

Outra característica é a constante análise do tatuador quanto às cores, tons e detalhes


qualitativos do desenho produzido, que se assemelham às atividades de inspeção de
cor em gráficas, indústrias têxteis ou mesmo pintura de veículos.

6.2 VALORES DE ILUMINÂNCIA COLETADOS

A Tabela 4 é um compêndio das atividades, selecionadas por similaridade à prática da


tatuagem, listadas pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2013) com seus respectivos valores, sugeridos para projeto, de
iluminância mantida, de limite de ofuscamento e de índice mínimo de reprodução de
cor.
77

Tabela 4 – Dados de iluminância mantida (Em), limite de ofuscamento unificado (UGRL), índice de
reprodução de cor mínimo (Ra) e observações, coletados da NBR 8995-1:2013.

Tipo de ambiente, tarefa ou


Em (lx) UGRL Ra Observações
atividade
11. Fabricação de joias - - - -
Relojoaria (manual) 1500 16 80
14. Trabalho e processamento - - - -
em metal
Confecção de ferramenta, 1000 19 80
modelo e dispositivo, mecânica
de precisão, micromecânica
17. Gráficas - - - -
Inspeção de cor em impressão 1500 16 90 Tcp 5000 K.
multicolorida
19. Indústria têxtil - - - -
Costurar, trabalho fino em 750 22 90
malha, prendendo os pontos
Inspeção de cor, controle do 1000 16 90 Tcp no mínimo 4000 K.
tecido
20. Construção de veículos - - - -
Pintura: retoque, inspeção 1000 16 90 Tcp no mínimo 4000 K.
28. Construções educacionais - - - -
Salas de arte em escolas de arte 750 19 90 Tcp > 5000 K.
Salas de desenho técnico 750 16 80
29. Locais de assistência - - - -
médica
Exames e tratamento 1000 19 90
Sala de cirurgia 1000 19 90
— Dentistas - - - -
500 19 90 Convém que a iluminação
— Iluminação em geral seja isenta de ofuscamento
para o paciente.
— No paciente 1000 90 Luminária para exame local.
Inspeção de cor (laboratórios) 1000 19 90 Tcp ≥ 5000 K.
Fonte: elaborado pelo autor, dados coletados na norma 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2013).
78

7 ESTUDOS DE CASO

Foram realizados 3 estudos de caso em estúdios de tatuagem na região Norte do


Espírito Santo. A Sala 1 e a Sala 2 pertencem à um estúdio localizado no bairro Centro
da cidade de São Mateus. Já a Sala 3 localiza-se no centro de Colatina. A seguir os
resultados dos levantamentos, medições, cálculos e mapas de curvas Isolux.

7.1 SALA 1

A Sala 1 é utilizada por uma Tatuadora de 1,58m de estatura que utiliza a maca e
escrivaninha para desenho à altura de 0,77m a partir do piso. O recinto possui área
interna de 11,34m² e pé-direito de 2,73m (Figura 47). A Figura 48 demonstra também
fotos do local.

Figura 47 – Layout Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.


79

Figura 48 – Fotos Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.

Após levantamento do layout foi levantada a planta de forro refletido com a posição das
luminárias (Figura 49). Estas últimas foram também identificadas para relacionar o
fornecimento de fluxo luminoso nominal com o valor médio de iluminância encontrado
após as medições com luxímetro.

A posição das luminárias foi, segundo a tatuadora que utiliza a sala, escolhida e
instalada por ela, para iluminar melhor a área da sala onde as tatuagens são
executadas. As linhas amarelas representam a abertura do facho luminoso fornecido
pela luminária representada pela cor azul. No Apêndice A aparecem as descrições das
luminárias e lâmpadas segundo as cores mapeadas na (Figura 49).
80

Figura 49 – Posição das luminárias Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.

Após levantamento das luminárias mediu-se o valor de iluminância à altura do plano de


trabalho de 77cm, nos 3 pontos específicos mais utilizados pela tatuadora como mostra
a Figura 50.
81

Figura 50 – Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.

O valor encontrado de 1295 lx é aparentemente um valor elevado de iluminância e foi


promovido pelo posicionamento denso de luminárias por sobre o ponto P2. Entretanto
o valor tende a diminuir consideravelmente no momento que o tatuador se aproxima do
ponto para executar a tatuagem, devido a posição da cabeça e por vezes da mão que
opera a máquina de tatuar em frente ao ângulo sólido de fluxo luminoso. No ponto P3
o valor encontrado de 536 lx está abaixo dos 750 lx sugeridos pela NBR ISO/CIE 8995-
1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) para salas de
desenho técnico, valor que neste caso seria interessante para a tatuadora na
preparação de desenhos e stencils em carbono.

Em seguida foram definidas as malhas para as medições com um luxímetro ao centro


de cada uma. As malhas foram definidas dentro do contorno da faixa marginal como
82

descrito na Metodologia. As plantas da faixa marginal, das malhas com os pontos de


medição e os valores medidos em cada ponto aparecem no Apêndice B. Com os
valores das medições e as coordenadas dos pontos medidos realizou-se a interpolação
obtendo-se o mapa de Isolux do recinto através do software Surfer (Figura 51).

Figura 51 – Curvas Isolux Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.

Observa-se grande densidade de fluxo luminoso na área mapeada com tons mais
“quentes”. A área com maior iluminância é a mesma onde posiciona-se o jogo de
luminárias. A iluminância média calculada a partir dos valores medidos na Sala 1 é de
807,43 lx e a uniformidade para a área inteira de referência é apenas 0,42. Porém este
valor de uniformidade não está sendo calculado apenas para a área de tarefa, caso
contrário seria encontrado valor maior. Pode-se observar no mapa de Isolux ainda que
há um grande pico de iluminância na região central do jogo de luminárias e decaimento
considerável às periferias.
83

7.2 SALA 2

A Sala 2 pertence ao mesmo estúdio onde se encontra a Sala 1, é utilizada por um


Tatuador de estatura igual a 1,69m e a altura do plano de trabalho é de 0,75m a partir
do piso. A sala possui 8,39m² de área interna e pé-direito de 2,72m (Figura 52).

Figura 52 – Layout Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


84

Abaixo seguem algumas fotos do local (Figura 53):

Figura 53 – Fotos Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.

O levantamento das luminárias foi realizado e aparece na planta de forro refletido abaixo
(Figura 54):

Figura 54 – Posição das luminárias Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


85

As luminárias mapeadas na cor roxa são de mesmo modelo de 36 W utilizados na Sala


1. Já a luminária mapeada com a cor ciano possui dois soquetes direcionáveis e as
linhas em amarelo e laranja apontam a direção de abertura do facho de luz a partir de
cada soquete. No Apêndice A seguem informações, e foto tirada no local, da luminária
identificada na cor ciano, bem como as lâmpadas instaladas.

Assim como na Sala 1, foram medidas primeiramente as iluminâncias em três pontos


específicos, neste caso a altura do plano de referência é de 75cm a partir do piso (Figura
55).

Figura 55 - Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


86

Medidos os primeiros pontos, executou-se a medição a partir das malhas calculadas e


definidas dentro do contorno interno à faixa marginal de 25cm. A planta da faixa
marginal, das malhas com posição dos pontos para medição e os valores de iluminância
em cada ponto, da Sala 2, aparecem no Apêndice B. Com os valores de iluminância
encontrados construiu-se por interpolação de valores o seguinte mapa de Isolux (Figura
56).

Figura 56 – Curvas Isolux Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.

Este segundo mapa de isolux, assim como o terceiro, para efeito de comparação, foi
desenvolvido com a mesma graduação de cores de referência para suas respectivas
87

medidas de iluminância em Lux (lx). Percebe-se então que a amplitude dos valores
encontrados na Sala 2 são menores que os da Sala 1 sem nem ao menos conter no
mapa manchas de cores quentes (iluminâncias acima de 1000 lx).

Para esta segunda sala a iluminância média calculada foi de 609,97 lx e a uniformidade
na totalidade do plano de referência foi igual a 0,6. Neste caso a uniformidade
encontrada é maior porque o menor valor medido não é tão “distante” do valor médio
encontrado, como acontece no caso da Sala 1.

7.3 SALA 3

A Sala 3 localizada em Colatina-ES é utilizada por um Tatuador de 1,81m, a altura do


plano de referência para este profissional é de 0,86m até mesmo para sua mesa de
desenho. Sua sala possui 13,57m² e pé-direito de 2,89m. A seguir aparecem algumas
fotos do ambiente interno (Figura 57) e o layout levantado (Figura 58).

Figura 57 – Fotos Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


88

Figura 58 – Layout Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.

Na Figura 59 aparece a planta de forro refletido com as posições das luminárias, sendo
a luminária ao centro da sala apenas um soquete modelo E27 de um ventilador de teto.
O soquete possui distância de 48 cm a partir do teto e as demais luminárias são
89

refletores tipo “sombrinha” presos em 2 móveis da Sala 3. A descrição das lâmpadas


instaladas na luminária central e nas sombrinhas refletoras aparece no Apêndice A.

Figura 59 – Posição das luminárias Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


90

Figura 60 - Iluminância medida em 3 pontos específicos da Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.

Foram então medidas as iluminâncias nos três pontos definidos, desta vez à uma altura
de 86cm a partir do piso. Logo percebe-se a grande diferença entre os resultados
encontrados nesta leitura (Figura 60) e nos valores medidos das salas anteriores. Após
a medição dos três pontos foram divididas as malhas dentro do plano de referência
limitado pela faixa marginal de 25cm a partir das paredes. As medições foram realizadas
ao centro de cada malha. A planta da faixa marginal definida, a planta de divisão das
malhas e os resultados das medições dos pontos, da Sala 3, aparecem no Apêndice
B. Com os valores de iluminância adquiridos a partir das medições em todos os pontos
91

designados a altura de 86cm a partir do piso, desenvolveu-se o mapa de Isolux da


iluminação da Sala 3 (Figura 61).

Figura 61 – Curvas Isolux Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.

As cores seguem mesma referência de valores de iluminância usada nos outros dois
mapas, onde é possível verificar pela escala à direita, que certas cores não aparecem
nos exemplos anteriores devido ao baixo nível de iluminância medido na Sala 3. O valor
máximo de iluminância medida nesta última não chega ao valor mínimo das outras duas
salas estudadas. Entretanto, aparentemente, a luz distribuída pelo recinto está mais
uniforme excetuando-se os cantos do lado direito da planta acima.
92

A iluminância média calculada foi de 240,3 lx e a uniformidade da iluminância em todo


o plano de referência é de 0,62. Apesar de valores muito mais baixos encontrados na
Sala 3, presencialmente a sensação no recinto é de uma luz mais difusa e menos
“agressiva” aos olhos.

7.4 CONCLUSÕES DOS ESTUDOS DE CASO

A partir dos 3 casos estudados observou-se que a primeira sala proporcionou bom nível
de iluminância fornecida se comparado aos valores coletados na norma NBR ISO/CIE
8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013), porém, o
conjunto de luminárias muito próximas umas das outras produziu um pico de iluminância
ao centro elevando a tendência de reflexões especulares logo abaixo do jogo.

No segundo caso a iluminância medida apresenta valor razoável e maior uniformidade.


Um dos motivos do resultado de uniformidade se dá pelo tamanho menor do recinto em
relação ao jogo das luminárias. O rebatimento da luz nas paredes próximas auxilia a
sua distribuição. As luminárias, nesse segundo exemplo, foram dispostas mais distantes
umas das outras e de maneira mais abrangente. O terceiro exemplo mostrou
iluminâncias de menor amplitude, porém a ideia do refletor manipulável para
lançamento de luz indireta e difusa é aproveitável.
93

8 CONSIDERAÇÕES PRÉ PROJETO

A partir das observações feitas nos estudos de caso, da consulta da bibliografia


selecionada e dos valores de iluminância coletados na NBR ISO/CIE 8995-1
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013), foram identificadas
algumas diretrizes quanto aos tipos de iluminação adequados à sala de procedimentos
de tatuagens artísticas, à potência luminosa instalada e às posições das luminárias em
contrapartida às posições do tatuador e cliente.

A primeira diretriz é que antes de qualquer iluminação dirigida é adequado projetar um


bom nível de iluminância bem distribuído ao longo do plano de trabalho. É interessante
considerar a dinâmica de reposicionamento da maca dentro do espaço de trabalho do
tatuador, assim, a boa distribuição de luz garante bom nível de iluminância à diferentes
pontos dentro da área de tarefa definida.

Quanto ao valor da iluminância para a área de tarefa definiu-se a quantia de 1000 lx


para a região de procedimento de tatuagem e 750 lx para a mesa onde são preparados
desenhos em papel, escolha feita a partir dos valores coletados para as atividades
semelhantes segundo a norma e dos valores medidos nas salas “1” e “2”. Quanto ao
índice de reprodução de cor (IRC ou Ra) e a temperatura de cor (TCC ou Tcp), definiu-
se o uso de lâmpadas com IRC próximo à 90 e TCC superior à 5000 K. Estes dois
últimos são sugeridos pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2013) para salas em escolas de arte.

A segunda consideração é a adequação dos ângulos de chegada de qualquer


iluminação direta em relação à posição do tatuador e do cliente. Como mostram a Figura
62 e Figura 63, a posição de algum dos usuários pode produzir área de sombra por
sobre a região de detalhe trabalhada.
94

Figura 62 – Sombra projetada a partir do corpo do tatuador.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 63 - Sombra projetada a partir do corpo do cliente.

Fonte: elaborado pelo autor.

Há situações em que o ângulo mostrado na Figura 63 não atrapalharia com a produção


de sombras, porém, como já visto nas referências supracitadas, radiação direta em
certos ângulos e superfícies podem resultar em reflexão especular na mesma direção
de observação do profissional, é o caso da posição do cliente vista na imagem a seguir
(Figura 64).
95

Figura 64 – Reflexão especular em mesma direção da observação do tatuador.

Fonte: elaborado pelo autor.

Na posição vista na Figura 65, deve-se considerar também o conforto visual do cliente
que se encontra com a face voltada para o teto. A localização da luminária logo acima
da maca pode gerar acentuado incômodo aos olhos da pessoa atendida. O tatuador
pode pedir ao cliente que fique de olhos fechados durante o procedimento, mas leva-
se em conta que muitas tatuagens podem ser executadas de 2 a 10 horas com poucos
intervalos. Na prática, por vezes a cabeça do tatuador também costuma projetar
sombras sobre o trabalho quando usado este tipo de instalação de luminária.

Figura 65 – Iluminação direta lançada sobre a face do cliente.

Fonte: elaborado pelo autor.

Outra consideração importante é que a chegada de luz na região de detalhe trabalhada


não deve ser impedida pela posição da mão do tatuador. O pequeno espaço
manipulado na pele do cliente não possui tanto critério quanto um procedimento em
cavidade cirúrgica, por exemplo, que segundo a NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) pede 5000 lx ou mais. Porém, a região
96

trabalhada fica cercada pelas duas mãos do artista, a mão que opera a máquina de
tatuagem e a mão de apoio que estica a pele da área a ser pigmentada. As imagens
abaixo mostram o posicionamento das mãos do profissional como normalmente ficam
na grande maioria das posições de tatuagem (Figura 66), e a Figura 67 reproduz a
situação do ponto de vista do Tatuador.

Figura 66 – Posição comum das mãos em procedimento de um tatuador, vista frontal à esquerda e em
perspectiva à direita.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 67 – Ponto de vista comum de um tatuador em procedimento de tatuagem.

Fonte: elaborado pelo autor.

De acordo com as imagens mostradas acima, é adequado que a chegada de iluminação


dirigida seja à esquerda para o caso de tatuadores destros (Figura 68), e à direita para
os tatuadores canhotos, similar ao já exposto no item 4.3 (Figura 31).
97

Figura 68 – Posição de chegada de iluminação direta para tatuador destro.

Fonte: elaborado pelo autor.

Após os critérios apresentados, identificou-se que quanto mais difusa a iluminação


ambiente na sala de procedimento, melhor para evitar sombras na região trabalhada.
Identificou-se também que a direção da iluminação dirigida, sendo ela auxiliar ou de
tarefa, deve seguir posicionamentos similares aos mostrados nas imagens (Figura 69 e
Figura 70):

Figura 69 – Vista frontal de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e cliente apoiado
sobre maca.

Fonte: elaborado pelo autor.


98

Figura 70 - Vista superior de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e cliente apoiado
sobre maca.

Fonte: elaborado pelo autor.

É adequado que a luminária “2” (Figura 70) tenha maior potência luminosa do que a
luminária “1” para evitar a formação de sombras sobre a região de detalhe da tatuagem.
A luminária “1” evita a produção de sombras muito marcadas mesmo com maior
potência da luminária “2”.

Por último é interessante compreender que, para instalações de luminárias no teto, a


aproximação do usuário à região de detalhe tende a diminuir a iluminância recebida no
ponto (Figura 71). Então, mesmo havendo um cálculo adequado de iluminância
mantida, como sugere a norma, é cabível prever um ou mais circuitos auxiliares que
podem ser acionados quando necessário.

Figura 71 – Iluminâncias medidas, à esquerda sem aproximação do usuário (690 lx) e à direita com
aproximação do usuário (372 lx).

Fonte: elaborado pelo autor.


99

9 PROPOSTA DE RETROFIT

Para o projeto de retrofit foi escolhida a Sala 3 dos estudos de caso, devido à
complexidade para desenvolvimento do layout para um recinto com duas portas e pelo
baixo nível de iluminação medido.

A orientação da janela está para sudeste, o que significa que a entrada de luz solar
direta acontece apenas pela manhã durante todo o ano, mas, principalmente, no fim da
Primavera, todo o Verão e início do Outono. Por ter orientação sudeste, essa irradiação
direta é recepcionada por apenas uma das laterais da Sala 3. É então interessante
evitar o posicionamento de assentos do cliente e acompanhantes nos cantos mais
próximos à abertura lateral que recebe essa luz, bem como evitar que o tatuador e o
cliente recebam luz direta do sol durante o procedimento. Contudo, a aproximação da
área de tarefa do tatuador à abertura lateral permite maior aproveitamento da luz
natural. Deve ser considerado que durante as épocas mais quentes, exatamente o
mesmo período de maior entrada da luz direta pela manhã, é comum o profissional
trabalhar com a janela fechada para uso do ar-condicionado. Os vidros da janela da
Sala 3 possuem relevo canelado o que auxilia na difusão da luz natural que entra.

A Figura 72 mostra a orientação da janela, junto a carta solar de Colatina extraída a


partir do software Analysis SOL-AR (2019), grifado em amarelo o intervalo de entrada
de luz solar direta durante o ano.
100

Figura 72 – Orientação da Sala 3 e carta solar de Colatina.

Fonte: adaptado de Analysis SOL-AR (2019).

9.1 SIMULAÇÃO LUZ NATURAL

Antes de iniciar a proposta de retrofit foram extraídas do software APOLUX IV, algumas
simulações do aproveitamento de luz natural e da chegada de insolação direta no
ambiente, no intervalo de horários entre 8h e 18h, por ser uma sala comercial. Os
parâmetros utilizados no APOLUX IV para estas simulações estão expostos no
Apêndice C. Após as simulações coletaram-se os resultados de gráficos em planta à
altura do plano de referência que é o plano de trabalho do tatuador, de 86 cm. A Figura
73 ilustra o caminho atingido pela irradiação direta do sol ao longo do recinto durante
um ano inteiro no intervalo de 8 a 18 horas. As regiões gráficas de cores mais quentes
representam as áreas que recebem maior quantidade de insolação, devendo ser
evitadas para posicionamento de assentos de clientes e acompanhantes ou mesmo
posicionamento da maca em situação de insolação direta.
101

Figura 73 – Alcance da irradiação direta durante um ano sobre o plano de referência à 86cm do piso.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Sendo assim, nos cantos mais próximos da janela, na região marcada que não a azul,
devem ser posicionados móveis como armários fechados de armazenamento de
materiais, evitando perda de espaço ou posicionamento inadequado de outro elemento.
Fez-se, ainda, uma simulação do aproveitamento da luz natural para iluminância no
plano de referência. Foram extraídas então algumas imagens com faixas de valores de
lux e a porcentagem do ano em que a região possui amplitude de iluminância dentro da
faixa determinada. Tudo isto no mesmo plano de referência e intervalo de horários da
simulação anterior.

Na Figura 74 percebe-se que na maior parte do ano toda a sala é iluminada com mais
que 300 lx no intervalo estudado. Já na Figura 75 é possível perceber, pelas regiões de
cores mais quentes, que próximo à janela há um grande aproveitamento da luz natural
tendo na maior parte do ano cerca de 1000 lx.
102

Figura 74 – Porcentagem de um ano com iluminância abaixo de 300 lx.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Figura 75 – Porcentagem de um ano com iluminância acima de 1000 lx.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


103

Essas simulações demonstram que posicionando a área de tarefa no lugar adequado é


possível evitar o acionamento de lâmpadas em grande parte do dia. Na Figura 74
percebe-se, ainda, que mesmo ao fundo há, durante quase todo o intervalo estudado,
quantidade suficiente de luz para tarefas simples. Segue-se então com a definição de
um novo layout a partir desses estudos.

9.2 PROPOSTA DE LAYOUT

Para a proposta definiu-se que deve haver uma linha imaginária separando a área de
circulação de clientes e acompanhantes e a área de tarefa do tatuador. Isso evita
incômodos quanto à aproximação de acompanhantes atrás ou nas laterais do
profissional durante o procedimento, bem como o cruzamento de fluxos dentro da sala.
Deve haver também uma área de manobra para reposicionamento da maca sempre
que necessário. O layout proposto segue, como mostrado na Figura 76, que manteve-
se o uso dos mesmos móveis que no layout anterior com exceção apenas do assento
dos acompanhantes que foi substituído por duas poltronas acolchoadas. Ainda,
adicionou-se uma persiana à janela para controle da entrada de luz natural em
situações específicas.
104

Figura 76 – Proposta de layout Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


105

Na Figura 77 são expostos espaçamentos em áreas de possível fluxo ou atividade do


tatuador e cliente. O novo layout contempla uma área ampla para diversos
reposicionamentos da maca.

Figura 77 – Espaçamentos projetados Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.

9.3 ÁREA DE TAREFA

Foi realizado um estudo com 19 posições mais comuns de procedimento em que se


utilizam a maca. Algumas partes do corpo são tatuadas com o cliente sentado à uma
cadeira comum, portanto, a área de manobra é menor. Dessa forma, ao se projetar uma
106

área que corresponda às posições da maca, logicamente será atendida também a área
necessária para procedimentos feitos na cadeira.

Figura 78 – Estudo com posição do tatuador e vetor do caminho livre para a luz.

Fonte: elaborado pelo autor.

As 19 posições foram representadas em planta apontando o vetor de entrada do fluxo


luminoso, sempre à esquerda do tatuador e em direção à janela. Esta posição do vetor
considera o caminho livre de recepção de luz natural na posição de procedimento
analisada. Na Figura 78 vê-se um exemplo das 19 posições. Estes estudos aparecem
no Apêndice D com uma área de influência marcada na cor magenta de 1 metro de
diâmetro centralizada na região de detalhe trabalhada pelo profissional. Com a junção
de todas as 19 áreas de influência dentro do novo layout encontrou-se o espaço de
atividade do tatuador da Sala 3 (Figura 79).
107

Figura 79 – Áreas de influência e demarcação do espaço de atividade.

Fonte: elaborado pelo autor.

O retângulo vermelho é resultado das arestas que tangenciam os círculos das áreas de
influência mais afastadas. O retângulo azul é um offset de 10cm a partir da área
vermelha para haver uma margem de segurança. Com o espaço de atividade definido
inicia-se o estudo para projeto luminotécnico da sala. O retângulo azul ficou bem
próximo de 3 paredes laterais, portanto majorou-se a área definida para iluminação de
tarefa até essas extremidades (Figura 80).
108

Figura 80 – Área de tarefa total marcada em lilás.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para a área de tarefa do tatuador definiu-se a magnitude de 1000 lx de iluminância


mantida, como visto no item 8- Considerações Pré Projeto. O restante da sala pode
conter iluminação geral de cerca de 250 lx a 300 lx para atividades mais simples, com
exceção da escrivaninha, onde é adequado o valor de 750 lx.

9.4 CÁLCULOS DO FLUXO LUMINOSO

Os cálculos iniciais foram feitos para a área de tarefa. A iluminância mantida nessa zona
deve ter não apenas intensidade, mas qualidade de luz adequada. Como já visto a
melhor opção é a luz difusa bem distribuída. Optou-se então pelo método de luz indireta
através de uma sanca num rebaixamento de gesso. A sanca possui menos eficiência
no aproveitamento da intensidade do fluxo luminoso emitido pela lâmpada instalada,
entretanto é um método interessante para produção de luz indireta e difusa além de
109

esconder a fonte de luz evitando ofuscamentos (INNES, 2014). Para rebaixamento de


gesso na Sala 3, o afastamento máximo que pode ser usado foi de 19 cm já que o
código de obras de Colatina-ES define para salas comerciais o pé-direito mínimo de
2,70 m (COLATINA, 1996).

Inicia-se então o cálculo luminotécnico utilizando o método dos lúmens (OSRAM, 2000)
feito manualmente com índices de refletâncias referenciados por Procel (2011). Neste
cálculo descobre-se a quantidade de fluxo luminoso total que deve ser emitido pelas
lâmpadas para alcançar o valor de iluminância desejada no plano de trabalho.
Considerando então o sistema luminoso de sanca e novo pé-direito de 2,70 m obteve-
se o seguinte:

• Refletância Teto claro: 0,7


• Refletância Parede clara: 0,5
• Refletância Piso: 0,1
• Comprimento: 3,12 m
• Largura: 2,16 m
• Área de tarefa: 6,739 m²
• Altura do plano de trabalho: 0,86 m
• Índice do local (k): 0,6936
• Fator de utilização: 0,18638
• Fator de manutenção: 0,7869
• Iluminância desejada: 1000 lx
• Fluxo luminoso total: 45.950,42 lm*

9.5 PROJETO DA SANCA

Antes de projetar o forro com as sanca e calcular a quantidade de lâmpadas, preparou-


se um estudo de ângulos e dimensões para a sanca. O estudo foi feito para placas de
gesso acartonado de 12,5 mm, gesso comum de 3 cm de espessura e lâmpadas
tubulares T8, podendo ser LED ou fluorescente. A proposta é obter um jogo de
rebatimento luminoso com bom aproveitamento do fluxo da lâmpada. A Figura 81

*
Memorial de cálculo no Apêndice E.
110

mostra o estudo inicial realizado de maneira simplificada, isto porque a realidade é


amplamente complexa já que a emissão da luz a partir da lâmpada é por inúmeros
ângulos. A quantidade de lâmpadas nas imagens é apenas para estudo, essa
quantidade calcula-se após definido o projeto do conjunto de sancas.

Figura 81 – Estudo simplificado inicial para a sanca.

Fonte: elaborado pelo autor.


111

A partir do estudo feito definiu-se o modelo de sanca mostrado na Figura 82 com um


valor inteiro de 50cm na abertura. Esse modelo foi escolhido pela livre passagem do
fluxo simplificado estudado e o cruzamento dos fluxos um pouco abaixo do plano de
rebatimento.

Figura 82 – Desenho esquemático da sanca definida visto em corte transversal.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para a área de tarefa inteira optou-se pelo uso de 4 aberturas de sanca. Cada abertura
comporta lâmpadas tubulares de padrão 120cm de comprimento nas duas laterais
longitudinais e lâmpadas de padrão 60cm de comprimento nas laterais transversais. O
modelo de lâmpada usado neste estudo é o padrão “T8”. O conjunto de 4 sancas foi
posicionado ao centro da área de tarefa definida como mostra a Figura 83. Nesta
proposta a evaporadora do aparelho condicionador de ar foi reposicionada devido ao
rebaixamento de gesso e a altura da janela, e o ventilador de teto foi retirado.
112

Figura 83 – Planta de forro refletido com proposta de posicionamento das sancas.

Fonte: elaborado pelo autor.


113

A Figura 84 ilustra o corte transversal “A” e o corte longitudinal “B” da sanca projetada,
seguida de uma imagem de detalhe da base da lâmpada (Figura 85).

Figura 84 – Cortes sanca projetada, medidas em centímetros.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 85 – Detalhe sanca, medidas em centímetros.

Fonte: elaborado pelo autor.


114

Formatado o rebaixamento de gesso acartonado com o conjunto de sancas definido,


calculou-se então a quantidade de lâmpadas para alcançar o fluxo luminoso total, já
calculado para a área de tarefa, de 45.950,42 lm. Após algumas análises definiu-se o
uso de dois modelos de lâmpada LED tubular T8 da Philips, um com tamanho padrão
de 60cm e outro de 120cm. A escolha foi feita segundo os parâmetros coletados na
NBR 8995-1:2013 e aproveitando a tecnologia LED para economia de energia. Seguem
abaixo dados técnicos dos modelos (PHILIPS, 2019) e no Anexo 1 imagens e
diagramas fotométricos:

CorePro LEDtube 9W 865 T8 C W G CorePro LEDtube 18W 865 T8 C W G

• Potência: 9 W • Potência: 18 W
• Fluxo luminoso: 900 lm • Fluxo luminoso: 1850 lm
• IRC: 82 • IRC: 82
• TCC: 6500 K • TCC: 6500 K
• Comprimento: 60 cm • Comprimento: 120 cm

Para o alcance do fluxo luminoso calculado definiu-se a quantidade de lâmpadas de


cada modelo, considerando o preenchimento das bases inclinadas preparadas nas
sancas que são 8 para lâmpadas de 18 W e 8 para lâmpadas de 9 W. Obtiveram-se as
seguintes opções de quantidades de lâmpadas, instaladas levando em conta a simetria
da instalação nas quatro sancas (Figura 86):

Figura 86 – Quantidades de lâmpadas por base de cada sanca.

Fonte: elaborado pelo autor.


115

As duas opções apresentadas foram as que mais se aproximaram do valor de fluxo


calculado. Para atendimento ao método dos lúmens, a opção “2” deveria ser escolhida,
pois o valor do fluxo alcançado não deve estar abaixo do calculado. Para continuidade
do projeto, foram feitas simulações da proposta anterior no software APOLUX IV e, a
nível de estudo, simularam-se mais duas opções (Figura 87).

Figura 87 - Quantidades de lâmpadas por base de cada sanca.

Fonte: elaborado pelo autor.

9.6 SIMULAÇÃO LUZ ARTIFICIAL

As simulações foram executadas conforme descrito no item Metodologia, utilizando as


configurações expostas no Apêndice C. Essa prática contribuiu para a verificação do
sistema projetado quanto à distribuição da iluminação e sua intensidade no plano de
referência definido, e nos móveis mais usados pelo tatuador, a maca, a escrivaninha e
a bancada auxiliar. Feitas as simulações das quatro opções reparou-se que as opções
1 e 2 apresentaram níveis bem acima dos 1000 lx desejados na área de tarefa. Dos
testes feitos, a opção 4 (Figura 87) teve melhor desempenho levando em consideração
a potência elétrica utilizada, o valor de iluminância na área de tarefa, a distribuição de
luz para o restante do ambiente e o brilho nas paredes laterais que neste último foi mais
brando resultando em menor tendência à desconforto visual. A Figura 88 mostra as
iluminâncias alcançadas no plano de referência e sua distribuição.
116

Figura 88 – Iluminâncias simuladas no plano de referência de altura 86cm resultantes da opção 4.

Fonte: elaborado pelo autor a partir do software APOLUX IV.

Nas Figuras 89 e 90 vê-se as iluminâncias simuladas nos planos horizontais dos três
móveis mais relevantes à atividade do tatuador, e o gráfico de iluminâncias visto em
três dimensões no recinto com visualização do brilho na parede lateral,
respectivamente. Os resultados encontrados para as outras opções de arranjo de
lâmpadas aparecem no Apêndice F.
117

Figura 89 – Iluminâncias na maca, escrivaninha e bancada auxiliar.

Fonte: elaborado pelo autor a partir do software APOLUX IV.

Figura 90 – Gráfico de iluminâncias do recinto em 3 dimensões.

Fonte: elaborado pelo autor a partir do software APOLUX IV.


118

A partir dos estudos feitos no APOLUX IV, foi possível perceber que a opção 3
promoveu boa quantidade de iluminação indireta, difusa e bem distribuída na área de
tarefa. Percebe-se também que a iluminação alcançou o fundo da sala com iluminâncias
entre 300 lx e 400 lx, satisfazendo também a iluminação geral do ambiente. A mancha
verde na área acima das portas (Figura 90) mostra que a luz lançada em ângulo pela
sanca alcança essa parede mais distante rebatendo luz para a o setor do cliente. Devido
a estes resultados não houve necessidade de continuar com o cálculo para projetar um
conjunto para iluminação geral.

Para a escrivaninha, onde não foram alcançados os 750 lx desejados definiu-se o uso
de uma simples luminária dimerizável de LED e suas características aparecem no
Anexo 2. Esta última permite a manipulação da posição da fonte de luz em diferentes
ângulos e permite deixá-la entre a face e o desenho trabalhado. Por ser dimerizável,
permite também o controle da intensidade luminosa. Mesmo que houvesse outros jogos
de iluminação projetados no ambiente possivelmente essa luminária para a
escrivaninha seria sugerida como iluminação auxiliar para a tarefa de desenho.

9.7 CIRCUITOS DE ACIONAMENTO

Para a conclusão da proposta optou-se em manter a quantidade de lâmpadas da opção


2 e o usuário decide no momento do procedimento a quantidade de lâmpadas a serem
acionadas. Com o conjunto da opção 2 e circuitos distintos de acionamento de
pequenos grupos de lâmpadas, foi possível utilizar as 4 opções apresentadas e mais
algumas configurações. Essa decisão permite o acionamento de poucas lâmpadas
durante o dia como iluminação complementar à luz natural em caso de necessidade.
Permite também em horários à noite aumentar a potência luminosa em situações
exigentes bem como aumentar a potência em apenas um dos lados da sanca que
contêm lâmpadas de 9 W. Para tanto, definem-se os circuitos de ligação identificados
por cores e uma sugestão da configuração dos respectivos interruptores (Figura 91).
119

Figura 91 – Esquemáa dos circuitos de acionamento.

Fonte: elaborado pelo autor.


120

10 CONCLUSÃO

Esta pesquisa mostra através dos métodos utilizados que é possível obter resultados
interessantes para aproveitamento de iluminação natural e uso adequado de iluminação
artificial num caso complexo como a atividade do tatuador, com soluções simples de
layout e criatividade na modelagem do jogo luminoso. Mesmo não havendo índices
específicos recomendados por norma para a atividade em questão, foi possível coletar
informações recomendadas por similaridade. Para isso é necessário conhecer bem a
atividade por meio de pesquisa e através do perfil do cliente.

As medições de iluminância realizadas mostraram que das três salas, a Sala 3 obteve
pior nível de iluminação e através delas foi possível associar os valores medidos à
potência luminosa instalada, bem como averiguar sua distribuição conforme as
configurações das luminárias. A medição no local é uma ferramenta interessante para
análise do ambiente já construído e pode ser utilizada sempre a cada nova aplicação.
Presenciar o ambiente se mostrou muito importante também tanto para observações
das tarefas quanto para “degustá-lo” como um usuário. Isto mostra o valor agregado ao
trabalho por meio dos estudos de caso, já que a experiência sensorial ao visitar o local
soma-se e as leituras feitas pelos aparelhos de medição.

A partir das simulações concluiu-se que é enriquecedor o estudo de iluminação através


do APOLUX IV, testando métodos não padronizados de lançamento de luz artificial. As
simulações indicaram que os cálculos a partir do método dos lúmens podem ser, em
certos casos, insatisfatórios ou inadequados a ponto de serem excessivos. As
simulações de entrada de luz natural feitas no mesmo programa foram de grande
utilidade e facilitaram muito a visualização das áreas mais cuidadosas quanto a
formatação do layout.

Neste trabalho evitaram-se mudanças drásticas no mobiliário usado pelo profissional


para a proposta de retrofit, porém não se levou em consideração os custos de aplicação
do sistema projetado.
121

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12 HORAS de dor? Noelle Nastri conta no Conta Aí como foi a sua experiência com tatuagem.
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watch?v=dOY1kWrr-Xw. Acesso em: 25 out. 2019.
127

APÊNDICES

APÊNDICE A - Dados técnicos das lâmpadas identificadas nos levantamentos.

Empalux Slim LED 36W (mapeada com a cor roxa):

Luminárias de sobrepor coladas sobre a face do forro, o conjunto lâmpada e luminária


não pode ser separado nesse modelo. Essa luminária utiliza o sistema LED (Diodo
emissor de luz). Abaixo aparecem informações do modelo fornecidas pelo fabricante
Empalux.

Figura 92 – Dados da luminária Slim LED 36W.

Fonte: adaptado de Empalux (2019).

Empalux Slim LED 18W (mapeada com a cor laranja):

Esse modelo é análogo ao modelo anterior, porém possui metade comprimento e


metade potência e fluxo luminoso.
128

Figura 93 – Dados da luminária Slim LED 18W.

Fonte: adaptado de Empalux (2019).

Elgin LED Super Bulbo 20W (mapeada com a cor azul médio):

A lâmpada Super Bulbo identificada estava instalada num plafon de sobrepor, com um
receptáculo de padrão E27, que permite pequeno direcionamento da lâmpada aplicada.
Essa luminária estava incompleta no local não podendo ser exatamente identificado o
modelo.

Figura 94 – Foto das luminárias da Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.


129

O usuário da Sala1 apenas utilizou a possibilidade de direcionar o soquete deixando a


lâmpada exposta. A lâmpada instalada é o modelo LED Super Bulbo de 20W fabricada
pela Elgin. Seguem na imagem abaixo as informações do modelo.

Figura 95 – Dados lâmpada LED Super Bulbo.

Fonte: adaptado de Elgin (2019).

Spot duplo direcionável de sobrepor (mapeado em azul claro):

Figura 96 - Foto das luminárias da Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


130

Nessa luminária identificaram-se 2 lâmpadas, a primeira é uma Elgin LED Super Bulbo
20W igual à instalada na Sala 1. As linhas amarelas na planta de forro refletido as Sala
2 mostram a direção do seu fluxo luminoso. A segunda lâmpada é uma Elgin LED Bulbo
A60 12W, a direção definida pelo usuário para esse modelo aparece representado por
linhas de cor laranja. Suas informações técnicas aparecem na imagem abaixo:

Figura 97 – Dados lâmpada LED Bulbo A60.

Fonte: adaptado de Elgin (2019).

Taschibra Fluorescente compacta 45W (mapeada com a cor vermelha):

Localizada ao centro da sala a uma altura de 2,41m do piso, a lâmpada foi instalada no
receptáculo do ventilador de teto e não possui proteção, refletor ou difusor. Abaixo
seguem as informações do modelo da lâmpada.
131

Figura 98 – Dados lâmpada fluorescente compacta TKS 45.

Fonte: adaptado de Taschibra (2019).

Refletor tipo Sombrinha + Taschibra Fluorescente compacta 40W (mapeada com


a cor verde claro):

O refletor teve sua haste instalada em um dos armários de materiais e o soquete da


lâmpada fica à 2,15m de altura a partir do piso. O soquete possui rótula que permite a
manipulação do ângulo do refletor. Na prática o Tatuador da Sala 3 remaneja o ângulo
do refletor sempre que desejado. A luz emitida pela lâmpada instalada é rebatida pelo
refletor fornecendo luz indireta e difusa ao ambiente. Como a lâmpada fica voltada para
a sombrinha refletora olhar diretamente para o refletor não ofusca os olhos. A posição
aproximada do ângulo de abertura do fluxo luminoso aparece na planta de forro refletido
marcada pelas linhas amarelas. Esta posição é apenas aproximada já que o uso dos
refletores é de maneira dinâmica. As informações da lâmpada instalada no refletor
mapeado com a cor verde claro aparecem a seguir:
132

Figura 99 - Dados lâmpada fluorescente compacta TKQ 40.

Fonte: adaptado de Taschibra (2019).

Refletor tipo Sombrinha + Taschibra Fluorescente compacta 32W (mapeada com


a cor verde escuro):

Ao mesmo modo como apresentado o refletor anterior, esse também foi instalado num
móvel, mas desta vez o móvel possui rodízios que permitem o seu deslocamento pela
sala. O refletor é de mesmo modelo que o mapeado na cor verde claro e seu
posicionamento na planta de forro refletido também é aproximado. Abaixo aparecem as
informações do modelo de lâmpada instalada no refletor mapeado com a cor verde
escuro.
133

Figura 100 - Dados lâmpada fluorescente compacta TKS 32.

Fonte: adaptado de Taschibra (2019).

APÊNDICE B – Medições realizadas nos estudos de caso.

Sala 1

Figura 101 – Faixa marginal Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.


134

Figura 102 – Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 1.

Fonte: elaborado pelo autor.


135

Tabela 5 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 1.


Ponto (lx) x y
p11 1342 121,875 223,76
p10 1294 83,125 223,76
p12 1283 160,625 223,76
p19 1272 121,875 179,6
p3 1259 121,875 267,92
p18 1217 83,125 179,6
p20 1216 160,625 179,6
p2 1211 83,125 267,92
p4 1205 160,625 267,92
p9 1167 44,375 223,76
p1 1090 44,375 267,92
p17 1065 44,375 179,6
p13 1050 199,375 223,76
p27 1044 121,875 135,42
p21 1015 199,375 179,6
p28 1010 160,625 135,42
p5 1004 199,375 267,92
p26 995 83,125 135,42
p25 873 44,375 135,42
p29 836 199,375 135,42
p14 820 238,125 223,76
p22 810 238,125 179,6
p6 789 238,125 267,92
p35 778 121,875 91,28
p36 755 160,625 91,28
p34 742 83,125 91,28
p30 683 238,125 135,42
p37 669 199,375 91,28
p33 666 44,375 91,28
p23 640 276,875 179,6
p15 619 276,875 223,76
p7 589 276,875 267,92
p44 587 160,625 47,12
p43 581 121,875 47,12
p38 575 238,125 91,28
p31 550 276,875 135,42
p45 529 199,375 47,12
p24 501 315,625 179,6
p42 501 83,125 47,12
p16 489 315,625 223,76
p8 484 315,625 267,92
p32 473 315,625 135,42
p39 472 276,875 91,28
p46 463 238,125 47,12
136

p41 408 44,375 47,12


p40 396 315,625 91,28
p47 396 276,875 47,12
p48 344 315,625 47,12
Fonte: elaborado pelo autor.

Sala 2

Figura 103 - Faixa marginal Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


137

Figura 104 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 2.

Fonte: elaborado pelo autor.


138

Tabela 6 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 2.


Ponto (lx) x y
p79 753 165 81,825
p73 747 125 119,675
p74 746 165 119,675
p69 738 165 157,525
p78 732 125 81,825
p68 722 125 157,525
p80 710 205 81,825
p75 702 205 119,675
p84 697 165 43,975
p64 696 165 195,375
p63 696 125 195,375
p72 686 85 119,675
p70 685 205 157,525
p77 674 85 81,825
p83 672 125 43,975
p85 643 205 43,975
p51 643 125 271,075
p67 636 85 157,525
p65 629 205 195,375
p58 629 165 233,225
p52 624 165 271,075
p57 623 125 233,225
p82 613 85 43,975
p62 606 85 195,375
p76 581 45 81,825
p71 581 45 119,675
p59 556 205 233,225
p56 526 85 233,225
p66 525 45 157,525
p81 498 45 43,975
p53 465 205 271,075
p61 460 45 195,375
p60 455 245 233,225
p50 444 85 271,075
p55 420 45 233,225
p54 390 245 271,075
p49 366 45 271,075

Fonte: elaborado pelo autor.


139

Sala 3

Figura 105 - Faixa marginal Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


140

Figura 106 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


141

Tabela 7 - Iluminâncias medidas e coordenadas dos pontos de medição da Sala 3.


Ponto (lx) x y
p106 305 51,2 193,44
p91 301 51,2 337,82
p116 293 51,2 97,22
p101 290 51,2 241,58
p107 290 103,6 193,44
p111 287 51,2 145,34
p112 286 103,6 145,34
p102 286 103,6 241,58
p97 286 103,6 289,7
p92 279 103,6 337,82
p86 277 51,2 385,94
p96 276 51,2 289,7
p117 272 103,6 97,22
p98 270 156 289,7
p87 266 103,6 385,94
p103 263 156 241,58
p108 260 156 193,44
p113 254 156 145,34
p93 252 156 337,82
p104 241 208,4 241,58
p109 237 208,4 193,44
p99 232 208,4 289,7
p122 231 103,6 49,1
p118 230 156 97,22
p88 230 156 385,94
p121 229 51,2 49,1
p114 227 208,4 145,34
p115 212 260,8 145,34
p94 210 208,4 337,82
p119 208 208,4 97,22
p105 204 260,8 241,58
p110 204 260,8 193,44
p123 196 156 49,1
p100 194 260,8 289,7
p89 192 208,4 385,94
p120 186 260,8 97,22
p95 177 260,8 337,82
p124 174 208,4 49,1
p156 156 260,8 385,94
p125 149 260,8 49,1

Fonte: elaborado pelo autor.


142

APÊNDICE C - Parâmetros usados nas simulações feitas no APOLUX IV.

Parâmetros na simulação de comportamento da luz natural

• Fracionamento em triângulos de área 0,03m²


• Globo 4
• Arquivo “.epw” de dados climáticos de Colatina-ES (AMORIM, 2015)
• Céu Branco – azul
• Azimute 325°
• 10 ciclos de radiosidade
• Medições de 1 em 1 hora
• Intervalo de horário de 8 às 18 horas
• Refletância média do solo 20%

Tabela 8 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações de luz natural.
Material Refletância Transmitância
Piso cerâmica clara 20 -
Teto gesso pintura branca 80 -
Parede branca 70 -
Vidro canelado 15 85
Porta pintura clara 50 -
Fonte: elaborado pelo autor, dados coletados em Procel (2011).

Parâmetros na simulação de comportamento da luz artificial

• Fracionamento em triângulos de área 0,03m²


• 10 ciclos de radiosidade
• Arquivos “.ies” das lâmpadas usadas (PHILIPS, 2019)
143

Tabela 9 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações de luz artificial.
Material Refletância Transmitância
Piso cerâmica clara 20 -
Napa/melâmina branco brilho 70 -
Teto gesso pintura branca 80 -
Parede branca 70 -
Vidro canelado 15 85
Melâmina escura baixo brilho 20 -
Napa escura 15 -
Porta pintura clara 50 -
Melâmina cinza coberta por vidro 50 -
Fonte: Elaborado pelo autor, dados coletados em Procel (2011).
144

APÊNDICE D – Estudos de posições de tatuagem com direção do caminho livre à


entrada de luz, na região de detalhe, voltada para a janela.

Figura 107 – Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


145

Figura 108 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


146

Figura 109 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


147

Figura 110 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


148

Figura 111 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3.

Fonte: elaborado pelo autor.


149

APÊNDICE E – Memorial de cálculo a partir da utilização do método dos lúmens.

Índice do recinto

• Comprimento da área calculada: 3,12 m


• Largura da área calculada: 2,16 m
• Pé-direito a partir do forro proposto: 2,70 m
• Altura do plano de trabalho: 0,86 m
• Distância entre plano de trabalho e o forro: 2,7 – 0,86 = 1,84 m

Sendo assim:

(k)= (3,12 x 2,16) / (1,84 x (3,12+2,16)) = 0,693676

Fator de utilização

Como o índice do ambiente calculado foi de 0,6936 o Fator de utilização é encontrado


por interpolação dos dois valores grifados na cor laranja, resultando em 0,18638.

Tabela 10 - Fatores de utilização para iluminação tipo sanca.

Fonte: elaborado pelo autor, dados coletados de Costa (2013).


150

Fator de manutenção

Para calcular o Fator de manutenção (Fm) devem ser encontrados os valores de:

• LLMF – índice de manutenção do fluxo luminoso da lâmpada;


• LMF – índice de manutenção da luminária;
• RSMF – índice de manutenção da superfície da sala;
• LSF – índice de sobrevivência da lâmpada.

Para o índice LLMF considerou-se uma expectativa de uso das lâmpadas de 10 anos
ou 20.800 horas (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Decaimento do fluxo luminoso por tempo de operação.

Fonte: adaptado de Whitecroft (2018).

Para o índice LMF considerou-se o ambiente como limpo e intervalo de limpeza da


luminária (sanca) de 1 ano (Quadro 1).
151

Quadro 1 – Índices de LMF.

Fonte: adaptado de Whitecroft (2018).

Quadro 2 – Índices de RSMF.

Fonte: adaptado de Whitecroft (2018).

Para o índice RSMF considerou-se também o ambiente como limpo, jogo luminoso
indireto e intervalo de manutenção de 1 ano (Quadro 2). E para LSF recomenda-se o
valor 1 para lâmpadas LED (WHITECROFT, 2018). Sendo assim calcula-se o Fator de
manutenção como sugere a NBR 8995-1 (2013):

Fm= LLMF x LMF x RSMF x LSF

Fm= 0,92 x 0,94 x 0,91 x 1

Fm= 0,7869
152

Fluxo luminoso calculado

• Iluminância mantida desejada: 1000 lx


• Fator de utilização encontrado: 0,18638
• Fator de manutenção encontrado: 0,7869
• Área considerada para cálculo: 3,12 x 2,16 = 6,7392

Sendo assim o cálculo do fluxo luminoso total (φ total) é de:

φ total= (1000 x 6,7392) / (0,18638 x 0,7869) = 45.950,42 lm


153

APÊNDICE F – Resultados das simulações do comportamento da luz artificial de 4


jogos luminosos distintos propostos para a Sala 3.

Opção 1

Figura 112 – Conjunto de lâmpadas Opção 1.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 113 – Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 1.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


154

Figura 114 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 1.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Figura 115 – Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 1.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


155

Opção 2

Figura 116 - Conjunto de lâmpadas Opção 2.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 117 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 2.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


156

Figura 118 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 2.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Figura 119 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 2.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


157

Opção 3

Figura 120 - Conjunto de lâmpadas Opção 3.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 121 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 3.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


158

Figura 122 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 3.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Figura 123 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 3.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


159

Opção 4

Figura 124 - Conjunto de lâmpadas Opção 4.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 125 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 4.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


160

Figura 126 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 4.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.

Figura 127 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 4.

Fonte: elaborado pelo auto a partir do software APOLUX IV.


161

ANEXOS

ANEXO 1 - Dados técnicos das lâmpadas selecionadas para a proposta de sanca para
a Sala 3.

Philips CorePro LEDtube 9W 865 T8 C W G:

Tabela 11 – Dados da lâmpada CorePro LEDtube 9W.

Fonte: Philips (2019).


162

Figura 128 – Medidas da lâmpada CorePro LEDtube 9W.

Fonte: Philips (2019).

Gráfico 3 – Curvas fotométricas da lâmpada CorePro LEDtube 9W.

Fonte: Philips (2019).


163

Gráfico 4 – Estimativa de quantidade de lâmpadas por metro quadrado para diferentes valores de
iluminância mantida, para a lâmpada CorePro LEDtube 9W.

Fonte: Philips (2019).

Quadro 3 – Fator de utilização da lâmpada CorePro LEDtube 9W.

Fonte: Philips (2019).


164

Philips CorePro LEDtube 18W 865 T8 C W G:

Tabela 12 - Dados da lâmpada CorePro LEDtube 18W.

Fonte: Philips (2019).


165

Figura 129 - Medidas da lâmpada CorePro LEDtube 18W.

Fonte: Philips (2019).

Gráfico 5 - Curvas fotométricas da lâmpada CorePro LEDtube 18W.

Fonte: Philips (2019).


166

Gráfico 6 - Estimativa de quantidade de lâmpadas por metro quadrado para diferentes valores de
iluminância mantida, para a lâmpada CorePro LEDtube 18W.

Fonte: Philips (2019).

Quadro 4 – Fator de utilização da lâmpada CorePro LEDtube 18W.

Fonte: Philips (2019).


167

ANEXO 2 - Dados técnicos da luminária de mesa sugerida.

Figura 130 – Luminária de mesa LED dimerizável.

Fonte: Llum (2016).

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