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Colatina
2019
ÁTILA VASCONCELOS BARROCA
Colatina
2019
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca do campus Colatina)
CDD 621.32
Palavras chave: Iluminação. Tatuagem. Luz artificial. Luz natural. Conforto lumínico.
ABSTRACT
All you see is light, so the quality of illuminance can be a determining factor in reading
what you see. Applying this to the practice of a profession shows the importance that
light can have, especially for demanding activities. The tattoo business is one of them,
where the professional performs careful and design-dependent tasks with a high level
of precision. This paper presents a study of the qualitative and quantitative needs for
tattoo studio lighting taking into consideration the complexities of the exercise of this art.
In this, 3 case studies were carried out with survey of the layout of the procedural
environments, identification of the installed lighting systems and measurement of the
illuminances promoted by them. From the studies, a procedure room was selected for a
retrofit proposal with a new layout that would make better use of natural light during the
year and with a new set for artificial light of its own characteristics, tattoo artist and client
served. The development of the proposal relied on research by NBR ISO/CIE 8995-1
(ABNT, 2013) through case similarities, luminal calculations by the lumen method and
simulations using APOLUX IV. Were performed in the software Percentages of Natural
Lighting Utilization (PALN), which assisted in the repositioning of the elements of the
chosen room and simulations of the behavior of artificial light emitted by the projected
light play. The latter was defined as a set of crowns for indirect and diffused light release
and in the simulations four lamp quantity options were tested, one of them being the
lumen method. The results showed that the calculated total luminous flux value was
somewhat excessive, therefore, options with smaller amounts of lamps were more
interesting. Through this research it is perceived the difficulty of designing lighting that
meets the branch. Finally, it was defined that the designed system was flexible in its use
by listing separate circuits of lamp groups that practically allow levels below or above the
suggested illuminance.
Figura 42 – Posição do tatuador e maca com vetor do caminho livre de entrada do fluxo
luminoso (seta amarela) voltado para a janela. .............................................................68
Figura 75 – Porcentagem de um ano com iluminância acima de 1000 lx. ................. 102
Figura 78 – Estudo com posição do tatuador e vetor do caminho livre para a luz. ... 106
Figura 82 – Desenho esquemático da sanca definida visto em corte transversal. .... 111
Figura 83 – Planta de forro refletido com proposta de posicionamento das sancas. 112
Figura 100 - Dados lâmpada fluorescente compacta TKS 32. ................................... 133
Figura 102 – Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 1. ................. 134
Figura 104 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 2. .................. 137
Figura 106 - Distribuição dos pontos de medição de iluminância Sala 3. .................. 140
Figura 107 – Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 144
Figura 108 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 145
Figura 109 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 146
Figura 110 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 147
Figura 111 - Estudos de posições da maca e tatuador para Sala 3. ......................... 148
Figura 113 – Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
1. ................................................................................................................................... 153
Figura 114 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 1............................................................................................................. 154
Figura 115 – Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 1................................................................................................................ 154
Figura 117 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
2. ................................................................................................................................... 155
Figura 118 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 2............................................................................................................. 156
Figura 119 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 2................................................................................................................ 156
Figura 121 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
3. ................................................................................................................................... 157
Figura 122 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 3............................................................................................................. 158
Figura 123 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 3................................................................................................................ 158
Figura 125 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção
4. ................................................................................................................................... 159
Figura 126 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados,
para a Opção 4............................................................................................................. 160
Figura 127 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões
para Opção 4................................................................................................................ 160
A – Área
cd - Candela
E – Iluminância
Em – Iluminância mantida
I – Intensidade luminosa
K - Kelvin
L - Luminância
lm – Lúmens
lx – Lux
nm – Nanômetros
R – Raio
rad – Radiano
sr – esterradiano
W – Watt
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 18
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 21
4 TATUAGEM ........................................................................................................................................ 48
5 METODOLOGIA ................................................................................................................................. 57
1 INTRODUÇÃO
*
Ciência que estuda a relação entre o atuante, o modo de execução, as ferramentas e equipamentos e
as condições ambientais no exercício do trabalho. Essa ciência multidisciplinar aplica-se na
organização da atividade laborativa e em toda composição do posto de trabalho, com o objetivo de se
obter um ambiente seguro, saudável e confortável (DUL; WEERDMEESTER, 2001).
20
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 ERGONOMIA
O termo Ergonomia foi usado primeiramente em meados do século XIX e seu conceito
teve modernização e grande incremento a partir da Segunda Guerra Mundial. Por volta
de 1960, quando foi necessário um replanejamento no desenvolvimento de uma nova
cápsula espacial americana, surgiu então uma nova definição através da antropometria,
a saber (COUTO, 1995):
Para uma pessoa que experimenta e é até mesmo influenciada pelo espaço onde está,
o sentido da visão é de elevada importância, levando em consideração que a qualidade
da imagem vista pode afetar o emocional, a segurança e a eficiência de uma tarefa
(GRANDJEAN, 1998). Já que tudo o que é visto é luz refletida dos materiais, percebe-
se que a qualidade da iluminação de um ambiente pode contribuir para efeitos positivos
ou negativos causados ao usuário observador. Quando o assunto é labor, a seriedade
aumenta pois pode entrar em jogo a saúde ou mesmo, em alguns casos, a vida do
trabalhador. Todas estas questões estão envolvidas com o estudo da Ergonomia.
23
3.2 LUZ
3.3 COR
humana. A cor lida neste processo é apenas a parte do espectro refletida pelo material
iluminado, sendo não vista a parte absorvida por ele (Figura 2). Uma banana, por
exemplo, é identificada como amarela ao receber luz branca, absorvendo todos os
comprimentos de onda exceto o amarelo, que é rebatido na superfície iluminada e
atingindo o olho do observador (PEDROSA, 2008; RAUTEMBERG, 2018).
Através das cores o ser humano tem maior percepção da natureza e suas variações,
possibilitando-o a ter melhor relação com a mesma. Cores permitem identificar melhor
os diferentes materiais, analisar estados de alimentos, influenciar psicologicamente,
organizar sistemas, melhorar higiene entre tantos outros benefícios (GRANDJEAN,
1998; PEDROSA, 2008).
Como dito acima, as cores são percebidas através da reflexão de todo comprimento de
onda da luz emitida e que não foi absorvida pela superfície iluminada. Para tanto a
parcela refletida depende da característica do espectro lançado sobre a superfície.
Considerando a luz branca proveniente do sol, qualquer cor pode ser refletida a partir
desse espetro, já que a luz do sol possui todas as faixas visíveis ao olho humano. Em
dias nublados uma parte desse espectro completo é perdida ao atravessar as nuvens
e, por esse motivo, a sensação das cores dos objetos não é a mesma quando em dia
de céu aberto (INNES, 2014).
Ao se aquecer um metal sólido até que o mesmo emita luz, percebeu-se que sua
radiação emitida varia conforme a temperatura de aquecimento. A partir de
temperaturas próximas à 800 K e 900 K (Kelvin), o corpo metálico emite luz
avermelhada. Com o aumento da temperatura aplicada ao metal, a luz emitida tende a
ficar mais “fria” tendendo para o azul. Através de experimentos como esse foi
padronizada a “Temperatura da cor correlata” (TCC), identificando tons mais “frios”
(azulados) ou mais “quentes” (avermelhados) para dados valores de temperatura de
aquecimento do metal (PEREIRA; SOUZA, 2005). A temperatura de cerca de 6000 K,
por exemplo, é correlata à radiação solar, ou luz branca (Tabela 1).
26
utilizado como ferramenta para o cérebro perceber e discernir luz, sombra e cores,
formando o que comumente é chamado de imagem. O olho humano, diferente de
espécies com sistemas orgânicos menos avançados, é estruturado por lentes e
diafragmas que permitem limitar a entrada de radiação visível e o uso de foco. Possui
também complexo sistema com células sensíveis à luz que capacitam o observador à
formação de imagens (LIMA, 2010).
Como visto na (Figura 4), os principais elementos que estruturam o olho humano são
segundo Lima (2010, p.12):
3.7.1 Acomodação
Acomodação é o processo do olho para focar a visão de um objeto com nitidez. O olho
humano possui a capacidade de focar um ponto mais próximo, deixando o fundo em
desfoque, mais “borrado”, bem como executar o processo contrário, melhorando a
nitidez do “infinito” (paisagem) e desfocando pontos mais próximos. Essa capacidade é
permitida pela estrutura do olho, através da coincidência do plano focal do cristalino, da
córnea e da retina. Este processo acontece através da contração muscular do músculo
da acomodação que consegue alterar a curvatura do cristalino. Essa acomodação está
relacionada ao esforço visual para realizar atividades de precisão e a velocidade de
resposta para mudar distâncias focais, podendo logicamente produzir fadiga visual.
Fatores como o envelhecimento podem alterar a velocidade e precisão da acomodação
(GRANDJEAN, 1998).
Ambientes com iluminação adequada para a atividade realizada são decisivos para
melhor resposta do sistema de visão humana, evitando a fadiga do olho e tornando a
atividade mais salubre para o usuário. A adequada reprodução de contraste, entre
objeto observado e seu ambiente de fundo, maximiza a velocidade e precisão da
acomodação e isso é resultado de uma iluminação de boa qualidade, não apenas mais
intensa (GRANDJEAN, 1998).
3.7.2 Convergência
É o casamento de duas imagens vistas pelo par de olhos de uma pessoa num mesmo
instante (Figura 5), formando uma imagem única que permite melhor compreensão de
profundidade, ponto focal aprimorado e mais adequada leitura do objeto (LIMA, 2010).
29
3.7.3 Adaptação
Campo visual é a quantidade de área vista pelo observador com diferentes níveis de
percepção. Ele divide-se em cones concêntricos que se subtraem, sendo o central o
principal e de percepção mais apurada. Esta parcela do campo compreende cerca de
1 grau a partir do eixo comum entre os cones. Como mostrado na Figura 6, há ainda
um campo médio “b” de visão não nítida e um campo periférico “c” que auxilia o ser
humano a ter maior percepção espacial. (GRANDJEAN, 1998; LIMA, 2010).
31
3.7.6 Ofuscamento
De acordo com Pedrosa (2014), como especialidade dos estudos do campo da Óptica,
foi desenvolvida a Fotometria. Por meio dela tornou-se possível quantificar o fluxo
luminoso em um ambiente determinado, bem como avaliar outras características da luz.
Essas características de análise podem ser estudadas de diferentes maneiras
considerando-se a aplicação, podendo ser medidas energéticas da radiação ou seu
efeito sobre o receptor, como o olho humano ou uma película fotográfica, por exemplo
(PEREIRA; SOUZA, 2005).
Fluxo radiante é a onda ou conjunto de ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte
ou mesmo recebida por um corpo. Sua potência pode ser medida em watts (W) devido
a sua carga energética. No conjunto da radiação emitida pode haver ondas visíveis ou
não, que é o caso de uma lâmpada incandescente que, ao ser ligada, emite espectros
de diferentes comprimentos de onda, como a luz visível ao olho humano e a radiação
infravermelha, que para o homem é invisível mas transfere carga térmica ao ambiente
e a todo corpo receptor. Um fluxo radiante também pode ser composto apenas de
comprimentos de onda que não produzem resposta visual. (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG,
2018).
Quando um fluxo radiante possui uma faixa de espectro percebido pelo olho humano,
dá-se o nome de fluxo luminoso para esta parcela visível. O fluxo luminoso pode ser
medido em lúmens (lm), segundo padrão do Sistema internacional, e significa a
potência luminosa fornecida por segundo. O fluxo luminoso conhecido de uma vela
acesa, por exemplo, é da ordem de 12 lm. Em cálculos utiliza-se a letra grega “ɸ” (Phi
minúscula) para representá-lo (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).
33
A unidade de acordo com Sistema internacional é “lm/W” que é a razão entre a potência
de entrada e o fluxo luminoso (radiação visível) produzido. No mercado existem
diferentes sistemas de lâmpadas com variações entre suas eficiências (Figura 7).
Radiano é o ângulo plano formado quando o comprimento “l” possui medida igual ao
raio “R” (Figura 8). Para uma circunferência completa, também chamada de revolução,
o comprimento do círculo é igual à 6,28 radianos (rad), também conhecida pelo padrão
2πR, onde π (pi) é a constante resultante da relação do comprimento do círculo dividido
por seu diâmetro (PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011).
Após compreender o que vem a ser um ângulo plano, entramos no conceito de ângulo
sólido. Se uma esfera é gerada a partir de uma revolução de um círculo a partir de seu
eixo radial, assim também um ângulo sólido é gerado a partir da revolução de um ângulo
plano (Figura 9).
35
Dá-se o nome de esterradiano (sr) para o ângulo sólido formado pela revolução do
ângulo plano que contém ângulo igual à 1 radiano. Assim como o ângulo de 1 rad está
para o estudo em 2 dimensões, 1 esterradiano é o ângulo analisado num espaço
tridimensional. Sua área superficial, parte da face de uma esfera, é igual ao quadrado
do raio “R” (A=R²) como mostra a figura acima (Figura 10) (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; PEREIRA; SOUZA, 2005).
36
A luz que se propaga a partir de seu ponto emissor, como uma lâmpada incandescente
residencial, possui comportamento de abertura a partir da fonte assim como um ângulo
sólido abre a partir de seu vértice. A intensidade da luz que alcança os olhos do receptor
é proporcional à posição do observador em relação a esse ângulo sólido. Se olhar
diretamente para uma lâmpada incandescente de 100 W, a olho nu, é provável que o
observador tenha incomodo visual, entretanto se alterado o ângulo de observação a
sensação é atenuada. Então, para a mesma potência luminosa emitida, a intensidade
lida pode variar conforme o ângulo de visualização (OSRAM, 2000; PROCEL, 2011).
Figura 11 - Fonte emitindo luz em muitos direções e identificação de fluxo luminoso em uma unidade de
ângulo sólido.
3.8.5 Iluminância
Iluminância trata-se da quantidade de luz emitida sobre uma superfície. Esta quantidade
está relacionada à densidade de fluxo luminoso incidente à superfície iluminada, que
pode ser resultado da sua proximidade à fonte emissora e também à potência da fonte.
38
À medida em que a distância entre superfície e fonte de luz aumenta, maior se torna a
área abrangida pelo ângulo sólido e menor é a densidade luminosa devido a divergência
da radiação no sentido fonte a objeto iluminado. O contrário, logicamente, também
acontece e de maneira proporcional à distância entre emissor e superfície. O ângulo
entre a superfície iluminada e o ângulo sólido também influencia o valor de iluminância
(Figura 15). Quando 0° o ângulo entre a direção do facho luminoso e vetor normal da
superfície “N”, tem-se iluminância “E” máxima. Quando o mesmo ângulo possui 90°
para uma superfície de plano perfeito, tem-se iluminância nula (FUNDACIÓN MAPFRE,
2003; OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG,
2018).
39
Figura 15 – Ângulos entre fluxo luminoso e superfície iluminada e seus valores de iluminância “E”.
Para ângulos entre 0° e 90° a iluminância “E” pode ser calculada por (PEREIRA;
SOUZA, 2005):
(1)
Onde a intensidade da fonte é representada por “I”, “d” é a distância entre a superfície
e a fonte e “θ” (teta) é o ângulo entre o feixe luminoso e o vetor normal do plano
iluminado.
3.8.6 Luminância
A luminância é uma grandeza da luz percebida pelo olho humano, a sensação do brilho
a partir da luz rebatida em um objeto, ou mesmo da luz emitida por uma fonte, ou seja,
é a resposta de uma excitação visual (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003; OSRAM, 2000;
PEREIRA; SOUZA, 2005; PROCEL, 2011; RAUTEMBERG, 2018).
A luminância é medida como candela por metro quadrado (cd/m²) segundo o Sistema
internacional, que representa a intensidade luminosa por unidade de área, ela varia de
acordo com a posição do observador, conforme demonstrado pela Figura 17 (OSRAM,
2000; PROCEL, 2011).
A luminância, “L”, pode ser calculada pela relação abaixo, onde “A” é a área da
superfície em verdadeira grandeza, multiplicada pelo cosseno do ângulo “β” formado
entre a direção de observação e o vetor normal da superfície iluminada. “I(β)” é a
intensidade luminosa a partir do plano para a direção analisada. A luminância não varia
com alteração da distância do observador (OSRAM, 2000; PEREIRA; SOUZA, 2005;
PROCEL, 2011).
(2)
Superfícies mais polidas tendem a rebater a fração da radiação, a ser refletida, com
ângulo igual ao de incidência, produzindo um efeito chamado “reflexão especular”, ou
seja, a reflexão como ocorre num espelho. Geralmente as superfícies produzem mais
de um efeito gerando reflexão composta ou mista e a quantidade de reflexão especular
é proporcional à característica da textura superficial (Figura 20). Quanto mais uma
superfície tende a ser especular maior a probabilidade de gerar ofuscamento ao
observador (FUNDACIÓN MAPFRE, 2003).
43
Figura 21 – Transmissão especular (a), transmissão difusa (b) e transmissão composta (c).
Possui característica de luz dirigida para uma pequena área, onde se concentra a região
focal de observação do usuário para execução de uma tarefa (Figura 25). O sistema
pode ser aplicado de maneiras diferentes, mas é comum que a luminária seja instalada
na própria bancada de trabalho. É bastante utilizada para tarefas de médio à alto grau
de precisão. Recomenda-se utilizar esse sistema combinado à uma iluminação geral e,
em certos casos, uma proteção que evite ofuscamentos (GRANDJEAN, 1998).
4 TATUAGEM
Não se sabe exatamente quando e onde se iniciou a prática de marcar o corpo com
pigmentos, cicatrizes utilizando desenhos ou mesmo simples marcações
representativas. Não se sabe também os motivos pelos quais realizavam essas marcas,
apesar de especulações sobre significados espirituais ou memórias à antepassados.
Entretanto, há muitas evidências arqueológicas da prática da tatuagem por volta dos
anos de 2000 e 3000 a.C. o que prova ser uma arte milenar (COMO, 2011).
A partir da primeira década do ano 2000 ocorre no Brasil grande surgimento de novos
empreendimentos de tatuagem. Em sua grande maioria a técnica utilizada para
aplicação do pigmento é feita por meio de máquinas elétricas próprias para movimentar
as agulhas. Essas máquinas não têm contato com a pele da pessoa tatuada, mas sim,
outras peças acopladas a elas, que são as biqueiras e os jogos de agulhas soldados à
uma haste de metal (ELECTRIC INK, 2017). Pode ser também uma peça chamada de
cartucho que é um conjunto já pronto do bico com o sistema de agulhas*. A nível de
entendimento, será mostrado apenas um sistema que é análogo aos outros utilizados
*
No mercado há uma grande variedade de sistemas para máquinas e para essas peças acopladas, não
cabendo a descrição destes aqui.
49
Onde:
a) Fonte AC-DC;
b) Máquina de tatuagem;
c) Cabo de alimentação;
d) Biqueira;
e) Haste com jogo de agulhas;
f) Tinta para tatuagem;
g) Batoque.
A fonte AC-DC (a) alimenta eletricamente a máquina de tatuagem (b), através do cabo
de alimentação (c). A haste com jogo de agulhas (e) é acoplada na máquina para ser
50
movimentada por dentro da biqueira (d). Assim como um grafite passa por dentro de
uma lapiseira, as agulhas passam por dentro da biqueira, sendo esta então, a
empunhadura para o tatuador segurar o conjunto (Figura 27) e direcionar na pele as
agulhas sendo movimentadas pela máquina. A tinta de tatuagem (f) é fracionada num
recipiente pequeno chamado batoque (g).
Esse processo faz a agulha passar pela tinta acumulada na ponta da biqueira e em
seguida penetrar na pele do cliente, pigmentando-a. A agulha sobe voltando a molhar
na tinta e em seguida desce à pele novamente. O processo se repete entre 110 e 150
vezes por segundo, dependendo do modelo e regulagem da máquina usada
(ELECTRIC INK, 2017).
51
O trabalho com tatuagens artísticas é uma atividade que, por alguns fatores, exige
precisão. O primeiro fator envolve o risco de lesão à pele do cliente, já que as tatuagens
permanentes mais comuns atualmente são executadas usando-se agulhas
movimentadas por máquinas que trabalham a cerca de 110 a 150 punções por segundo
(ELECTRIC INK, 2017). O segundo é o risco também ao profissional que a executa,
mas neste caso, existe ainda o risco de contaminação, caso o cliente possua alguma
doença transmissível através do sangue (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2009; BRASIL, 2012).
Figura 29 – Imagem do próprio autor tatuando, demonstrando a proximidade do rosto do tatuador à região
de detalhe.
Para acesso eficaz da luz na região tatuada, os ângulos da radiação devem incidir pelas
áreas de caminho livre. Deve haver então um casamento da posição do tatuador e da
fonte de luz utilizada, que por sua vez estão ligados ao layout da sala de procedimento.
Como exemplo similar, há sugestões referenciadas por Neufert (1998) para estações
de desenho técnico para desenhistas destros (Figura 31). Na figura é possível observar
que é interessante para o desenhista que a sombra, projetada a partir da sua mão que
opera o lápis, não incida sobre a área de detalhe que está sendo desenhada “1” e que
o plano de trabalho não produza ofuscamento através de reflexão especular “3”.
54
Por último, a jornada de trabalho, que para o caso dos tatuadores, deve ser considerada
pelo porte do desenho ou duração da sessão executada. Um desenho ou sessão de
tatuagem pode variar de 2 minutos a 10 horas de trabalho ou mais (12 HORAS, 2018).
Abrindo espaço para algumas exceções extremas existentes, geralmente realizadas em
convenções. Todos estes fatores supracitados demonstram que a iluminação adequada
no ambiente de trabalho do tatuador é altamente relevante.
De acordo com Grandjean (1998, p.232) trabalhos delicados ou muito delicados “[...]
algo do tamanho entre sinais de escrita normais a frações de milímetros [...]” precisam
56
de iluminação especial, não sendo suficiente apenas a iluminação geral. Neste estudo,
são analisados valores adequados de iluminância, temperatura de cor, índice de
reprodução de cor, tipo de iluminação e posicionamento das fontes luminosas e dos
elementos principais em salas de procedimento de tatuagem, que seja realizada para
adequação ao trabalho de tatuadores aliado às considerações identificadas acima.
Grandjean (1998) e Lima (2010) afirmam que a falta de sombras intensas bem
posicionadas e excesso de luz difusa proporciona aspecto imaterial ao objeto
observado, dificultando a percepção de suas plasticidades, avanços e recuos,
características relevantes para o trabalho com tatuagem. Primeiro, porque, o objetivo
principal do trabalho do tatuador é uma imagem que contempla apenas duas dimensões
em uma superfície “plana”, mesmo que haja sensações visuais de profundidade no
desenho. E segundo, a eliminação de qualquer tipo de sombra incidente na área
trabalhada é bem-vinda, sombra que pode ocorrer por exemplo ao se ressaltarem
algumas texturas de micro-relevos da pele, que apesar de bem pequenos, podem
dificultar a percepção e execução de trabalhos de alta precisão como os “fine line*” por
exemplo.
*
“Fine line” é a categoria que nomeia atualmente as tatuagens realizadas com linhas finas e detalhamento
exigente ou de alta precisão.
57
5 METODOLOGIA
Este passo serviu como primeiro parâmetro para decisões do projeto de retrofit, bem
como para observações dos valores encontrados nas medições realizadas nos estudos
de caso.
58
Foi realizado levantamento arquitetônico de cada ambiente contando com layout, pé-
direito (Pda), altura do plano de trabalho (Ht) e planta de forro refletido com posição das
fontes de luz artificial. O levantamento foi feito utilizando-se de uma trena de fita
metálica, uma trena eletrônica da marca Bosch modelo GLM 40 e material de desenho
para os croquis. Para melhor compreensão do leitor, também foram tiradas fotos dos
recintos permitindo identificar cores e outras características dos elementos presentes.
*
Desprezando-se o valor limite de ofuscamento devido à sua grande complexidade de utilização (BRASIL,
2014).
59
Primeiramente foram medidos três pontos específicos por serem pontos muito utilizados
pelo profissional. As medições de iluminância foram feitas à altura do plano de trabalho
do tatuador que utiliza a sala. A Figura 36 ilustra a planta de layout com numeração e
posição dos pontos medidos.
O ponto P1 foi localizado na bancada auxiliar do tatuador, que é muito utilizada para
coletar tinta, lubrificante, papel toalha e borrifador com líquido de limpeza para a pele
durante todo o processo da tatuagem. Nessa bancada, por vezes, também é colocado
um copo com água para lavagem das agulhas ao realizar trocas de cores de tinta. As
tintas são dispostas na bancada em pequenos recipientes chamados batoques e é
adequado que o tatuador evite que a agulha colida com o fundo ou a borda do mesmo,
evitando danos ao fio da agulha utilizada.
O ponto P2 foi determinado naquele local por ser uma área da maca amplamente
utilizada pelo tatuador, pois na região do ponto escolhido, o artista posiciona a maca
apoiando a parte do corpo do cliente a ser tatuada. Apesar de selecionado esse ponto
específico, em cada tatuagem o profissional maneja a maca reposicionando-a a
maneira mais confortável para efetuar o trabalho. Por fim o ponto P3 é um ponto de
grande utilização, apesar de não estar ligado diretamente com a aplicação da tatuagem
no cliente. Nesse ponto o tatuador desenvolve os desenhos em papel para serem
aplicados como esboço na pele que será tatuada.
Onde “p” é o tamanho da aresta da malha encontrada para o valor de “d” que é a medida
da aresta de maior dimensão do plano de referência. O plano de referência em todos
os casos foi definido através de um offset de 25cm a partir das extremidades internas
das paredes da sala (Figura 37), em vermelho na imagem.
62
Foi possível verificar pelo desenho que a maior dimensão obtida foi de 3,1m. Realizando
o cálculo para encontrar o tamanho da malha através da fórmula supracitada,
encontrou-se, em metros, o valor de 0,44103. Arredondando este último para baixo e
dividindo a maior dimensão de 3,1m por 0,44m o valor obtido é de 7,045 malhas. Como
não é um número inteiro e a recomendação é utilizar o número inteiro mais próximo
(ABNT, 2013), definiu-se o valor de 8 divisões da aresta de 3,1m encontrando, então, a
medida de 0,3875m para a aresta da malha. As arestas das malhas com medida de
0,3875m são para as arestas paralelas ao comprimento de 3,1m. Arredondou-se o valor
de 7,045 para 8 para haver uma folga no cálculo da segunda aresta da malha e obter
maior número de malhas resultando em uma medição mais precisa que o sugerido
como mínimo pela NBR ISO/CIE 8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013).
O valor obtido foi o de 6,022 malhas. Como a quantidade de 8 divisões foi obtida por
um arredondamento muito grande, este próximo valor foi arredondado para 6, próximo
número inteiro menor. Ao dividir a medida de 2,65m por 6 divisões, encontra-se o valor
de 0,4416m da segunda aresta das malhas. Para averiguar a aceitação deste
procedimento calculou-se a área de abrangência da malha fictícia de 0,44103m
encontrada a partir da fórmula, comparada à área de abrangência dos valores de
arestas definidos para a malha de medição:
Com os valores medidos nos pontos mapeados também se calculou o valor médio de
iluminância e de uniformidade da iluminação no plano de referência. O cálculo obedece
a NBR ISO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) e foi feito a partir da expressão:
Ē= (∑P/n) (4)
gráficos que mapeiam o recinto com cores indicando a porcentagem de um ano que
cada região possui uma iluminância determinada.
O exemplo abaixo (Figura 41), mostra em planta o plano de referência com as cores
representando a porcentagem de um ano que cada região do plano possui mais do que
1000 lx de iluminância. As demonstrações do comportamento da luz natural no recinto
foram feitas considerando leituras de 1 em 1 hora dentro do intervalo de 8 às 18 horas,
por se tratar de um ambiente comercial.
Figura 42 – Posição do tatuador e maca com vetor do caminho livre de entrada do fluxo luminoso (seta
amarela) voltado para a janela.
A partir dos estudos das posições, foi possível encontrar mais precisamente a área de
tarefa do tatuador, para então serem feitos os estudos luminotécnicos para iluminação
artificial.
O cálculo luminotécnico foi realizado de forma analítica para a área de tarefa, utilizando
o método dos lúmens (OSRAM, 2000). Neste é calculado o fluxo luminoso total que
deve ser emitido pelo equipamento considerado (lâmpada e luminária) considerando-
se índices de perda desse fluxo devido à fatores de utilização e de manutenção do
equipamento luminoso. Os fatores são relacionados com o índice do local que é obtido
através das medidas da geometria analisada e das refletâncias dos elementos mais
relevantes no recinto - teto, parede e piso. Seguindo o método dos lúmens o cálculo
iniciou-se pelo índice do local:
69
(5)
Onde:
Encontrado o índice do local, foi possível, então, coletar na tabela de fatores para
sancas, fornecida por Costa (2013), o fator de utilização a ser lançado no cálculo do
fluxo total. A tabela usada aparece no Apêndice E. Para a NBR ISO/CIE 8995-1
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013) o fator de manutenção
deve ser obtido como sugerido por tabelas da CIE 97 (2005). Como a proposta do
trabalho é utilizar lâmpadas de tecnologia LED, encontraram-se valores de referência
para definir o fator de manutenção no material de Whitecroft (2018) onde os índices
tabelados para lâmpadas e luminárias LED atendem às exigências da CIE 97 (2005). A
definição do Fator de manutenção se faz a partir do seguinte cálculo:
(6)
Onde:
(7)
Onde:
Com os resultados analisados por meio das simulações não houve necessidade de
projetar iluminação geral para o ambiente, porque a iluminação para a área de tarefa
atendeu bem ao restante da sala com níveis de iluminância apropriados ou levemente
superiores ao que se previa para as regiões de uso do cliente e acompanhantes.
6.1.1 Desenho
O início comum de uma tatuagem é o desenvolvimento do desenho, que pode ser feito
em papel e seu esboço transferido à pele através de um stencil de carbono. O esboço
também pode ser feito diretamente na região a ser tatuada com o uso de canetas
próprias, sendo esta última conhecida como a técnica “free-hand”. Nesta etapa e até
mesmo no processo de aplicação da tatuagem, que é feita desenhando, encontra-se
semelhança às atividades “arte” e “desenho técnico”, estando listadas pela NBR
ISO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) no item 20 (Construções educacionais) da tabela
“Planejamento dos ambientes (áreas), tarefas e atividades com a especificação da
iluminância, limitação de ofuscamento e qualidade da cor” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013, p. 12-23).
O tatuador utiliza jogos de agulhas de diâmetro entre 0,25 a 0,40 mm, compostas de
aço inox, material metálico polido e reflexivo. Antes de aplicá-lo à pele, o profissional
verifica as pontas das agulhas para certificar-se de que o fio esteja em perfeito estado,
75
evitando danos à pele do cliente em caso de agulhas com pontas amassadas ou sem
fio. Alguns tatuadores fazem uso de uma lupa para uma averiguação mais criteriosa.
Os casos mais criteriosos são para os menores jogos de agulhas. Jogos de três
agulhas, por exemplo, formam um volume bastante fino, e a análise do alinhamento
deve ser precisa, necessitando de qualidade e quantidade adequadas de luz. Para
enxergar bem a agulha em movimento saindo do bico, é importante que a iluminação
permita gerar contrastes nítidos entre a imagem da agulha, do bico e do fundo. Fundos
pouco reflexivos são adequados para a análise, colocar um pedaço de papel toalha ou
superfície preta e fosca podem ajudar a identificar bem a imagem da agulha. Como a
máquina faz a agulha percorrer movimentos de punção entre 110 e 150 vezes por
segundo, uma agulha bem alinhada na saída do bico apresenta imagem semelhante à
sua imagem com máquina desligada.
Tabela 4 – Dados de iluminância mantida (Em), limite de ofuscamento unificado (UGRL), índice de
reprodução de cor mínimo (Ra) e observações, coletados da NBR 8995-1:2013.
7 ESTUDOS DE CASO
7.1 SALA 1
A Sala 1 é utilizada por uma Tatuadora de 1,58m de estatura que utiliza a maca e
escrivaninha para desenho à altura de 0,77m a partir do piso. O recinto possui área
interna de 11,34m² e pé-direito de 2,73m (Figura 47). A Figura 48 demonstra também
fotos do local.
Após levantamento do layout foi levantada a planta de forro refletido com a posição das
luminárias (Figura 49). Estas últimas foram também identificadas para relacionar o
fornecimento de fluxo luminoso nominal com o valor médio de iluminância encontrado
após as medições com luxímetro.
A posição das luminárias foi, segundo a tatuadora que utiliza a sala, escolhida e
instalada por ela, para iluminar melhor a área da sala onde as tatuagens são
executadas. As linhas amarelas representam a abertura do facho luminoso fornecido
pela luminária representada pela cor azul. No Apêndice A aparecem as descrições das
luminárias e lâmpadas segundo as cores mapeadas na (Figura 49).
80
Observa-se grande densidade de fluxo luminoso na área mapeada com tons mais
“quentes”. A área com maior iluminância é a mesma onde posiciona-se o jogo de
luminárias. A iluminância média calculada a partir dos valores medidos na Sala 1 é de
807,43 lx e a uniformidade para a área inteira de referência é apenas 0,42. Porém este
valor de uniformidade não está sendo calculado apenas para a área de tarefa, caso
contrário seria encontrado valor maior. Pode-se observar no mapa de Isolux ainda que
há um grande pico de iluminância na região central do jogo de luminárias e decaimento
considerável às periferias.
83
7.2 SALA 2
O levantamento das luminárias foi realizado e aparece na planta de forro refletido abaixo
(Figura 54):
Este segundo mapa de isolux, assim como o terceiro, para efeito de comparação, foi
desenvolvido com a mesma graduação de cores de referência para suas respectivas
87
medidas de iluminância em Lux (lx). Percebe-se então que a amplitude dos valores
encontrados na Sala 2 são menores que os da Sala 1 sem nem ao menos conter no
mapa manchas de cores quentes (iluminâncias acima de 1000 lx).
Para esta segunda sala a iluminância média calculada foi de 609,97 lx e a uniformidade
na totalidade do plano de referência foi igual a 0,6. Neste caso a uniformidade
encontrada é maior porque o menor valor medido não é tão “distante” do valor médio
encontrado, como acontece no caso da Sala 1.
7.3 SALA 3
Na Figura 59 aparece a planta de forro refletido com as posições das luminárias, sendo
a luminária ao centro da sala apenas um soquete modelo E27 de um ventilador de teto.
O soquete possui distância de 48 cm a partir do teto e as demais luminárias são
89
Foram então medidas as iluminâncias nos três pontos definidos, desta vez à uma altura
de 86cm a partir do piso. Logo percebe-se a grande diferença entre os resultados
encontrados nesta leitura (Figura 60) e nos valores medidos das salas anteriores. Após
a medição dos três pontos foram divididas as malhas dentro do plano de referência
limitado pela faixa marginal de 25cm a partir das paredes. As medições foram realizadas
ao centro de cada malha. A planta da faixa marginal definida, a planta de divisão das
malhas e os resultados das medições dos pontos, da Sala 3, aparecem no Apêndice
B. Com os valores de iluminância adquiridos a partir das medições em todos os pontos
91
As cores seguem mesma referência de valores de iluminância usada nos outros dois
mapas, onde é possível verificar pela escala à direita, que certas cores não aparecem
nos exemplos anteriores devido ao baixo nível de iluminância medido na Sala 3. O valor
máximo de iluminância medida nesta última não chega ao valor mínimo das outras duas
salas estudadas. Entretanto, aparentemente, a luz distribuída pelo recinto está mais
uniforme excetuando-se os cantos do lado direito da planta acima.
92
A partir dos 3 casos estudados observou-se que a primeira sala proporcionou bom nível
de iluminância fornecida se comparado aos valores coletados na norma NBR ISO/CIE
8995-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013), porém, o
conjunto de luminárias muito próximas umas das outras produziu um pico de iluminância
ao centro elevando a tendência de reflexões especulares logo abaixo do jogo.
Na posição vista na Figura 65, deve-se considerar também o conforto visual do cliente
que se encontra com a face voltada para o teto. A localização da luminária logo acima
da maca pode gerar acentuado incômodo aos olhos da pessoa atendida. O tatuador
pode pedir ao cliente que fique de olhos fechados durante o procedimento, mas leva-
se em conta que muitas tatuagens podem ser executadas de 2 a 10 horas com poucos
intervalos. Na prática, por vezes a cabeça do tatuador também costuma projetar
sombras sobre o trabalho quando usado este tipo de instalação de luminária.
trabalhada fica cercada pelas duas mãos do artista, a mão que opera a máquina de
tatuagem e a mão de apoio que estica a pele da área a ser pigmentada. As imagens
abaixo mostram o posicionamento das mãos do profissional como normalmente ficam
na grande maioria das posições de tatuagem (Figura 66), e a Figura 67 reproduz a
situação do ponto de vista do Tatuador.
Figura 66 – Posição comum das mãos em procedimento de um tatuador, vista frontal à esquerda e em
perspectiva à direita.
Figura 69 – Vista frontal de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e cliente apoiado
sobre maca.
Figura 70 - Vista superior de instalação de iluminação dirigida em relação ao tatuador e cliente apoiado
sobre maca.
É adequado que a luminária “2” (Figura 70) tenha maior potência luminosa do que a
luminária “1” para evitar a formação de sombras sobre a região de detalhe da tatuagem.
A luminária “1” evita a produção de sombras muito marcadas mesmo com maior
potência da luminária “2”.
Figura 71 – Iluminâncias medidas, à esquerda sem aproximação do usuário (690 lx) e à direita com
aproximação do usuário (372 lx).
9 PROPOSTA DE RETROFIT
Para o projeto de retrofit foi escolhida a Sala 3 dos estudos de caso, devido à
complexidade para desenvolvimento do layout para um recinto com duas portas e pelo
baixo nível de iluminação medido.
A orientação da janela está para sudeste, o que significa que a entrada de luz solar
direta acontece apenas pela manhã durante todo o ano, mas, principalmente, no fim da
Primavera, todo o Verão e início do Outono. Por ter orientação sudeste, essa irradiação
direta é recepcionada por apenas uma das laterais da Sala 3. É então interessante
evitar o posicionamento de assentos do cliente e acompanhantes nos cantos mais
próximos à abertura lateral que recebe essa luz, bem como evitar que o tatuador e o
cliente recebam luz direta do sol durante o procedimento. Contudo, a aproximação da
área de tarefa do tatuador à abertura lateral permite maior aproveitamento da luz
natural. Deve ser considerado que durante as épocas mais quentes, exatamente o
mesmo período de maior entrada da luz direta pela manhã, é comum o profissional
trabalhar com a janela fechada para uso do ar-condicionado. Os vidros da janela da
Sala 3 possuem relevo canelado o que auxilia na difusão da luz natural que entra.
Antes de iniciar a proposta de retrofit foram extraídas do software APOLUX IV, algumas
simulações do aproveitamento de luz natural e da chegada de insolação direta no
ambiente, no intervalo de horários entre 8h e 18h, por ser uma sala comercial. Os
parâmetros utilizados no APOLUX IV para estas simulações estão expostos no
Apêndice C. Após as simulações coletaram-se os resultados de gráficos em planta à
altura do plano de referência que é o plano de trabalho do tatuador, de 86 cm. A Figura
73 ilustra o caminho atingido pela irradiação direta do sol ao longo do recinto durante
um ano inteiro no intervalo de 8 a 18 horas. As regiões gráficas de cores mais quentes
representam as áreas que recebem maior quantidade de insolação, devendo ser
evitadas para posicionamento de assentos de clientes e acompanhantes ou mesmo
posicionamento da maca em situação de insolação direta.
101
Figura 73 – Alcance da irradiação direta durante um ano sobre o plano de referência à 86cm do piso.
Sendo assim, nos cantos mais próximos da janela, na região marcada que não a azul,
devem ser posicionados móveis como armários fechados de armazenamento de
materiais, evitando perda de espaço ou posicionamento inadequado de outro elemento.
Fez-se, ainda, uma simulação do aproveitamento da luz natural para iluminância no
plano de referência. Foram extraídas então algumas imagens com faixas de valores de
lux e a porcentagem do ano em que a região possui amplitude de iluminância dentro da
faixa determinada. Tudo isto no mesmo plano de referência e intervalo de horários da
simulação anterior.
Na Figura 74 percebe-se que na maior parte do ano toda a sala é iluminada com mais
que 300 lx no intervalo estudado. Já na Figura 75 é possível perceber, pelas regiões de
cores mais quentes, que próximo à janela há um grande aproveitamento da luz natural
tendo na maior parte do ano cerca de 1000 lx.
102
Para a proposta definiu-se que deve haver uma linha imaginária separando a área de
circulação de clientes e acompanhantes e a área de tarefa do tatuador. Isso evita
incômodos quanto à aproximação de acompanhantes atrás ou nas laterais do
profissional durante o procedimento, bem como o cruzamento de fluxos dentro da sala.
Deve haver também uma área de manobra para reposicionamento da maca sempre
que necessário. O layout proposto segue, como mostrado na Figura 76, que manteve-
se o uso dos mesmos móveis que no layout anterior com exceção apenas do assento
dos acompanhantes que foi substituído por duas poltronas acolchoadas. Ainda,
adicionou-se uma persiana à janela para controle da entrada de luz natural em
situações específicas.
104
área que corresponda às posições da maca, logicamente será atendida também a área
necessária para procedimentos feitos na cadeira.
Figura 78 – Estudo com posição do tatuador e vetor do caminho livre para a luz.
O retângulo vermelho é resultado das arestas que tangenciam os círculos das áreas de
influência mais afastadas. O retângulo azul é um offset de 10cm a partir da área
vermelha para haver uma margem de segurança. Com o espaço de atividade definido
inicia-se o estudo para projeto luminotécnico da sala. O retângulo azul ficou bem
próximo de 3 paredes laterais, portanto majorou-se a área definida para iluminação de
tarefa até essas extremidades (Figura 80).
108
Os cálculos iniciais foram feitos para a área de tarefa. A iluminância mantida nessa zona
deve ter não apenas intensidade, mas qualidade de luz adequada. Como já visto a
melhor opção é a luz difusa bem distribuída. Optou-se então pelo método de luz indireta
através de uma sanca num rebaixamento de gesso. A sanca possui menos eficiência
no aproveitamento da intensidade do fluxo luminoso emitido pela lâmpada instalada,
entretanto é um método interessante para produção de luz indireta e difusa além de
109
Inicia-se então o cálculo luminotécnico utilizando o método dos lúmens (OSRAM, 2000)
feito manualmente com índices de refletâncias referenciados por Procel (2011). Neste
cálculo descobre-se a quantidade de fluxo luminoso total que deve ser emitido pelas
lâmpadas para alcançar o valor de iluminância desejada no plano de trabalho.
Considerando então o sistema luminoso de sanca e novo pé-direito de 2,70 m obteve-
se o seguinte:
*
Memorial de cálculo no Apêndice E.
110
Para a área de tarefa inteira optou-se pelo uso de 4 aberturas de sanca. Cada abertura
comporta lâmpadas tubulares de padrão 120cm de comprimento nas duas laterais
longitudinais e lâmpadas de padrão 60cm de comprimento nas laterais transversais. O
modelo de lâmpada usado neste estudo é o padrão “T8”. O conjunto de 4 sancas foi
posicionado ao centro da área de tarefa definida como mostra a Figura 83. Nesta
proposta a evaporadora do aparelho condicionador de ar foi reposicionada devido ao
rebaixamento de gesso e a altura da janela, e o ventilador de teto foi retirado.
112
A Figura 84 ilustra o corte transversal “A” e o corte longitudinal “B” da sanca projetada,
seguida de uma imagem de detalhe da base da lâmpada (Figura 85).
• Potência: 9 W • Potência: 18 W
• Fluxo luminoso: 900 lm • Fluxo luminoso: 1850 lm
• IRC: 82 • IRC: 82
• TCC: 6500 K • TCC: 6500 K
• Comprimento: 60 cm • Comprimento: 120 cm
Nas Figuras 89 e 90 vê-se as iluminâncias simuladas nos planos horizontais dos três
móveis mais relevantes à atividade do tatuador, e o gráfico de iluminâncias visto em
três dimensões no recinto com visualização do brilho na parede lateral,
respectivamente. Os resultados encontrados para as outras opções de arranjo de
lâmpadas aparecem no Apêndice F.
117
A partir dos estudos feitos no APOLUX IV, foi possível perceber que a opção 3
promoveu boa quantidade de iluminação indireta, difusa e bem distribuída na área de
tarefa. Percebe-se também que a iluminação alcançou o fundo da sala com iluminâncias
entre 300 lx e 400 lx, satisfazendo também a iluminação geral do ambiente. A mancha
verde na área acima das portas (Figura 90) mostra que a luz lançada em ângulo pela
sanca alcança essa parede mais distante rebatendo luz para a o setor do cliente. Devido
a estes resultados não houve necessidade de continuar com o cálculo para projetar um
conjunto para iluminação geral.
Para a escrivaninha, onde não foram alcançados os 750 lx desejados definiu-se o uso
de uma simples luminária dimerizável de LED e suas características aparecem no
Anexo 2. Esta última permite a manipulação da posição da fonte de luz em diferentes
ângulos e permite deixá-la entre a face e o desenho trabalhado. Por ser dimerizável,
permite também o controle da intensidade luminosa. Mesmo que houvesse outros jogos
de iluminação projetados no ambiente possivelmente essa luminária para a
escrivaninha seria sugerida como iluminação auxiliar para a tarefa de desenho.
10 CONCLUSÃO
Esta pesquisa mostra através dos métodos utilizados que é possível obter resultados
interessantes para aproveitamento de iluminação natural e uso adequado de iluminação
artificial num caso complexo como a atividade do tatuador, com soluções simples de
layout e criatividade na modelagem do jogo luminoso. Mesmo não havendo índices
específicos recomendados por norma para a atividade em questão, foi possível coletar
informações recomendadas por similaridade. Para isso é necessário conhecer bem a
atividade por meio de pesquisa e através do perfil do cliente.
As medições de iluminância realizadas mostraram que das três salas, a Sala 3 obteve
pior nível de iluminação e através delas foi possível associar os valores medidos à
potência luminosa instalada, bem como averiguar sua distribuição conforme as
configurações das luminárias. A medição no local é uma ferramenta interessante para
análise do ambiente já construído e pode ser utilizada sempre a cada nova aplicação.
Presenciar o ambiente se mostrou muito importante também tanto para observações
das tarefas quanto para “degustá-lo” como um usuário. Isto mostra o valor agregado ao
trabalho por meio dos estudos de caso, já que a experiência sensorial ao visitar o local
soma-se e as leituras feitas pelos aparelhos de medição.
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126
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12 HORAS de dor? Noelle Nastri conta no Conta Aí como foi a sua experiência com tatuagem.
Noelle Nastri. Youtube. 22 fev. 2018. 17min07s. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=dOY1kWrr-Xw. Acesso em: 25 out. 2019.
127
APÊNDICES
Elgin LED Super Bulbo 20W (mapeada com a cor azul médio):
A lâmpada Super Bulbo identificada estava instalada num plafon de sobrepor, com um
receptáculo de padrão E27, que permite pequeno direcionamento da lâmpada aplicada.
Essa luminária estava incompleta no local não podendo ser exatamente identificado o
modelo.
Nessa luminária identificaram-se 2 lâmpadas, a primeira é uma Elgin LED Super Bulbo
20W igual à instalada na Sala 1. As linhas amarelas na planta de forro refletido as Sala
2 mostram a direção do seu fluxo luminoso. A segunda lâmpada é uma Elgin LED Bulbo
A60 12W, a direção definida pelo usuário para esse modelo aparece representado por
linhas de cor laranja. Suas informações técnicas aparecem na imagem abaixo:
Localizada ao centro da sala a uma altura de 2,41m do piso, a lâmpada foi instalada no
receptáculo do ventilador de teto e não possui proteção, refletor ou difusor. Abaixo
seguem as informações do modelo da lâmpada.
131
Ao mesmo modo como apresentado o refletor anterior, esse também foi instalado num
móvel, mas desta vez o móvel possui rodízios que permitem o seu deslocamento pela
sala. O refletor é de mesmo modelo que o mapeado na cor verde claro e seu
posicionamento na planta de forro refletido também é aproximado. Abaixo aparecem as
informações do modelo de lâmpada instalada no refletor mapeado com a cor verde
escuro.
133
Sala 1
Sala 2
Sala 3
Tabela 8 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações de luz natural.
Material Refletância Transmitância
Piso cerâmica clara 20 -
Teto gesso pintura branca 80 -
Parede branca 70 -
Vidro canelado 15 85
Porta pintura clara 50 -
Fonte: elaborado pelo autor, dados coletados em Procel (2011).
Tabela 9 – Refletâncias e transmitâncias dos materiais parametrizados nas simulações de luz artificial.
Material Refletância Transmitância
Piso cerâmica clara 20 -
Napa/melâmina branco brilho 70 -
Teto gesso pintura branca 80 -
Parede branca 70 -
Vidro canelado 15 85
Melâmina escura baixo brilho 20 -
Napa escura 15 -
Porta pintura clara 50 -
Melâmina cinza coberta por vidro 50 -
Fonte: Elaborado pelo autor, dados coletados em Procel (2011).
144
Índice do recinto
Sendo assim:
Fator de utilização
Fator de manutenção
Para calcular o Fator de manutenção (Fm) devem ser encontrados os valores de:
Para o índice LLMF considerou-se uma expectativa de uso das lâmpadas de 10 anos
ou 20.800 horas (Gráfico 2).
Para o índice RSMF considerou-se também o ambiente como limpo, jogo luminoso
indireto e intervalo de manutenção de 1 ano (Quadro 2). E para LSF recomenda-se o
valor 1 para lâmpadas LED (WHITECROFT, 2018). Sendo assim calcula-se o Fator de
manutenção como sugere a NBR 8995-1 (2013):
Fm= 0,7869
152
Opção 1
Figura 113 – Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 1.
Figura 114 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 1.
Figura 115 – Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 1.
Opção 2
Figura 117 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 2.
Figura 118 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 2.
Figura 119 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 2.
Opção 3
Figura 121 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 3.
Figura 122 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 3.
Figura 123 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 3.
Opção 4
Figura 125 - Iluminâncias simuladas no plano de análise, à 86cm do piso, para a Opção 4.
Figura 126 - Iluminâncias simuladas em planos horizontais dos móveis mais usados, para a Opção 4.
Figura 127 - Iluminâncias simuladas nas superfícies da Sala 3 vista em três dimensões para Opção 4.
ANEXOS
ANEXO 1 - Dados técnicos das lâmpadas selecionadas para a proposta de sanca para
a Sala 3.
Gráfico 4 – Estimativa de quantidade de lâmpadas por metro quadrado para diferentes valores de
iluminância mantida, para a lâmpada CorePro LEDtube 9W.
Gráfico 6 - Estimativa de quantidade de lâmpadas por metro quadrado para diferentes valores de
iluminância mantida, para a lâmpada CorePro LEDtube 18W.