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Manifestações Cívico-Religiosas Gregas

Os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses sendo um deles a


deusa Atena a mais importante da cidade de Atenas. Os deuses tinham um caráter
antropomorfismo, isto quer dizer, que os deuses tinham caraterísticas humanas, estes
tinham defeitos e qualidades humanas. Os festivais celebrados eram pan-helénicos, ou
seja, estes reuniam gente de toda a Grécia, que podiam durar cinco a seis dias.

Na vida dos Gregos a religião foi um fator fundamental para a sua identidade
cultural. O culto, tal como atualmente, podia ter um carácter privado ou público. A
participação de toda a pólis nas manifestações religiosas levava à vinda de peregrinos
de todo o mundo grego, daí o carácter pan-helénico que estas manifestações
assumiam.

O CULTO CÍVICO

Em toda a Grécia eram adoradas as mesmas divindades, mas, cada cidade tinha os
seus cultos próprios venerando os deuses que eram considerados os protetores da sua
cidade.

Era aos cidadãos que era dada a função da organização do culto: realizar
oferendas, velar pela manutenção dos templos e custear as festas religiosas. Este
dever cívico tinha tanta importância como participar na política ou servir no exército.

Em Atenas as festas em honra da deusa Atena Polias, a deusa da cidade, e de


Dioniso, o deus do vinho, eram celebrações muito dispendiosas. Nesta pólis eram os
arcontes e outros magistrados que tinham as funções religiosas e como já foi referido
anteriormente os cidadãos mais ricos ajudavam a suportar as despesas.

AS PANATENEIAS
No mês de Julho realizavam-se as Panateneias, festividades em honra de Atena. As
festividades tinham um cunho marcadamente cívico porque “ao glorificarem a deusa,
valorizavam também a cidade que ela protegia, alimentando o sentimento de orgulho
e de união do povo ateniense” (1).

As grandes Panateneias eram realizadas de quatro em quatro anos com um luxo


extraordinário. Para estas festividades chegavam participantes de toda a Grécia.

Durante duas semanas havia concursos lírico-musicais, danças e provas desportivas.


Terminavam com uma grande procissão em que tomavam parte todos os corpos
cívicos, os sacerdotes e até os metecos, em cortejo ladeado por efebos a cavalo. Em
Atenas saiam do Bairro Cerâmico, passavam pelo centro da cidade para levar à deusa
sacrifícios e oferendas. À deusa Atena era oferecida a oferenda mais significativa um
novo peplo que tinha sido bordado pelas donzelas das melhores famílias para vestir a
deusa. O peplo era uma “peça de vestuário feminino misto de túnica e manto. O peplo
que se ofertava à deusa Atena era tingido de açafrão e bordado com o tema do
combate entre os deuses e os gigantes” (2). Este tema, da procissão está esculpido no
friso do Pártenon, de Fídias.

AS GRANDES DIONISÍACAS
Celebrações dramáticas ocorriam em março, quando a vinha despontava, em honra
de Dioniso, o deus do vinho e da fertilidade. Depois de uma procissão, no primeiro dia,
seguiam-se as representações preparadas pelos mais altos magistrados. Estas
festividades duravam seis dias e os seus rituais deram origem ao teatro.

De manhã à noite, sucediam-se as representações: no segundo dia, um cortejo


solene levava a estátua de Dioniso para o recinto das representações, a seguir os
ditirambos, declamações líricas apresentadas por um coro, no terceiro, as comédias e
nos restantes as tragédias. Nos últimos três dias das festividades, no século VI a. C.
coros e danças eram já verdadeiras representações dramáticas.

Todos os atenienses podiam assistir às representações, feitas por homens dado que
os papéis femininos eram também eles, representados por si. Os Atores usavam
máscaras com expressões faciais exageradas. Calçavam igualmente umas botas de
couro, com uns grandes saltos, apertadas nos joelhos por cordões.
Os teatros eram localizados nos flancos das colinas e podiam levar até 14 mil
espectadores. Na primeira fila sentavam-se os sacerdotes e magistrados.
Paralelamente ao culto sagrado havia competitividade. Os autores (poetas) que
desejavam competir tinham que submeter primeiro as suas obras à autoridade,
Archon, que escolhia uma das três peças (trilogia), apresentadas a concurso. Era assim,
escolhida uma trilogia por cada autor para ser representada. A cada poeta era
atribuído um Actor principal e um patrono, o Coregos, um homem abastado que tinha
como dever cívico pagar a produção. Os atores eram pagos pelo Estado. Um júri
nomeava um vencedor que recebia algum dinheiro e uma coroa de hera. O seu nome
era também distinguido no livro de honra da cidade com a respetiva inscrição.

Já na Grécia Antiga havia benefícios fiscais: o Corego que financiasse uma das
produções não pagava impostos nesse ano. Ainda hoje são representadas as peças
trágicas nas grandes companhias de teatro, de autores da tragédia antiga: Ésquilo
(525-456 a. C.), Sófocles(c.496-406 a. C.) e Eurípides(c.480-406 a. C.). Estes autores
eram naturais de Atenas e considerados os mais importantes da tragédia antiga.

Por estarem enquadradas em festividades religiosas as peças representadas tinham


um pendor de moral realçando “a sujeição do Homem aos deuses e aos seus desígnios.
Mas, se se mostra incapaz de contrariar o destino que os deuses lhe traçaram, o herói
das peças trágicas luta e sofre dignamente, revelando toda a grandeza da alma
humana” (3).

A comédia integrou mais tarde estas festividades, ocupam-se da sátira social


(hábitos, modas vícios, etc.). Incitavam ao riso e à boa disposição, mas sempre com um
fim moralizante. Destaca-se como um dos maiores autores cómicos: Aristófanes (450-
386 a. C.).

O teatro é dos edifícios que teve maior evolução. Inicialmente era formado por
grades de madeira que se instalavam na encosta de uma colina para acolher rituais
religiosos. A mudança de significado das representações artísticas fez com que
passassem a ter bancadas de pedra escavadas nas encostas levando ao melhoramento
das condições acústicas e de visibilidade, entre outras.

O teatro é considerado “uma das mais originais criações do génio grego”,


rapidamente se espalhou a todo o mundo helénico e continua na atualidade a ser um
símbolo de grande manifestação cívica e religiosa.
(1) COUTO, Célia Pinto do e outros, O Tempo da História, História A-10º ano, Porto, Porto
Editora, 2008, 1ª edição.

(2)COUTO, Célia Pinto do e outros, Ob. Cit.

(3)COUTO, Célia Pinto do e outros, Ob. Cit.

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