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Concreto Armado II

Deformação de lajes e de vigas considerando a 
perda de rigidez devido à fissuração

“Todos os direitos de imagem estão reservados”


Uso restrito à disciplina DECMA.36 ‐ CEFET‐MG
Princípios Fundamentais

• A norma brasileira NBR 6118:2014 [2] diz que uma das ações
para se garantir o bom desempenho de uma estrutura em
serviço, é respeitar limitações de deformações;

• As deformações em peças de concreto armado devem ser


avaliadas através da verificação do Estado Limite de Serviço
de Deformações Excessivas – ELS‐DEF;
• Tal Estado Limite é o estado em que as deformações atingem
os limites estabelecidos para a utilização normal [2];
• Como se trata de um Estado Limite de Serviço, para a
verificação das deformações, devem ser feitas combinações
de ações em serviço.

Uso restrito à disciplina DECMA.36 ‐ CEFET‐MG
Princípios Fundamentais

• A verificação do do Estado Limite de Serviço de Deformações


Excessivas – ELS‐DEF deve ser realizada através de modelos
que considerem a rigidez efetiva das seções do elemento
estrutural, ou seja, que levem em consideração a presença
da armadura, a existência de fissuras no concreto ao longo
dessa armadura e as deformações diferidas no tempo [2];

• A deformação real da estrutura depende também do


processo construtivo, assim como das propriedades dos
materiais no momento de sua efetiva solicitação. Não se
pode esperar, portanto, grande precisão nas previsões de
deslocamentos dadas pelos processos analíticos prescritos
[2].

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Método dos Estados Limites

• Os Estados Limites de Serviço (ELS) estão relacionados com o


desempenho da estrutura sob condições normais de
utilização.

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Combinação de Ações
• Para estruturas em serviço, a NBR 6118 [2] prevê as seguintes
combinações de ação:
 quase permanentes (CQP): podem atuar durante grande parte
do período de vida da estrutura, e sua consideração pode ser
necessária na verificação do estado‐limite de deformações
excessivas; [2]

 Frequentes (CF): repetem‐se muitas vezes durante o período de


vida da estrutura, e sua consideração pode ser necessária na
verificação dos estados‐limites de formação de fissuras, de
abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem também
ser consideradas para verificações de estados‐limites de
deformações excessivas decorrentes de vento ou temperatura
que podem comprometer as vedações; [2]

 Raras (CR): ocorrem algumas vezes durante o período de vida


da estrutura, e sua consideração pode ser necessária na
verificação do estado‐limite de formação de fissuras. [2]

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Combinação de Ações

• Visando a avaliação das deformações em serviço das


estruturas de concreto armado, deve ser utilizada a
Combinação Quase Permanente de Ações (CPQ) que é dada
pela formulação:

, ,

 , = Valor característico da ação permanente i;


 , = Valor característico da ação variável j;
 = Fator combinação quase permanente.

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Combinação de Ações
Ações ψ1 ψ2
Locais em que não há predominância de pesos e de 
equipamentos que permanecem fixos por longos 
períodos de tempo, nem de elevadas concentrações  0,4 0,3
de pessoas (edificações residenciais de acesso 
restrito)
Ações variáveis  Locais em que  há predominância de pesos e de 
causadas pelo uso e  equipamentos que permanecem fixos por longos 
ocupação períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de  0,6 0,4
pessoas (edificações comerciais, de escritório e de 
acesso público)
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens e 
0,7 0,6
sobrecargas em coberturas
Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,3 0,0
Variações uniformes de temperatura em relação à 
Temperatura 0,5 0,3
média anual local
Passarela de pedestres 0,4 0,3
Cargas móveis e seus  Vigas de rolamento de pontes rolantes 0,8 0,5
efeitos dinâmicos Pilares e outros elementos ou subestruturas que 
0,6 0,4
suportam vigas de rolamento de pontes rolantes

Fonte: Adaptado de [3].

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Determinação dos Deslocamentos

• Para vigas sujeitas a flexão, os deslocamentos podem ser


determinados utilizando a equação diferencial:

• Nota‐se portanto que as deformações são dependentes do


produto de rigidez (E.I) que, nas estruturas de concreto
armado, sofrem alteração dependendo do Estádio de
Deformação em que a peça se encontra e do fenômeno da
fissuração.

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Estádios de Deformação

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Estádios de Deformação

 Estádio Ia: comportamento elástico‐linear na tração e na


compressão de toda a peça. O limite do Estádio Ia para o Estádio Ib
é marcado pelo aparecimento da primeira fissura, onde o momento
atuante é o momento de fissuração (Mr). Caso peça se encontre,
sob cargas de serviço, nesse Estádio, a rigidez a ser considerada é
Ecs.Ic, sendo a inércia (Ic) igual a da seção bruta de concreto ;
 Estádio Ib: Estádio marcado pela fase de fissuração progressiva
da peça devido a plastificação do concreto tracionado;
 Estádio II: Estádio marcado pelo retorno do comportamento
elástico linear ácompanhado do aumento das fissuras e
redução da rigidez da peça;

 Estádio III: Estádio que compreende o início da plastificação do


concreto à compressão e o momento último resistente da peça;

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Estádios de Deformação

• Para as cargas de serviço, usualmente, o nível de tensão de


compressão é da ordem de 40‐50% da resistência do concreto
à compressão [3]. Nessas condições, a peça estará no Estádio
II de deformações.

• Assim, os cálculos para os ELS devem ser efetuados no Estádio


II de deformações caso o momento fletor de serviço seja
superior ao momento de fissuração.

• A NBR 6118:2014 [2], considera o Estádio II de deformações


sem a consideração da resistência a tração do concreto, o
que chamaremos de Estádio II puro.

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Momento de Fissuração

• A separação entre o Estádio de Deformações I e II é definida


pelo momento de fissuração que, de acordo com a NBR
6118:2014 [2] é dado por:

∝. .

∝ = fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a resistência à tração
direta (1,2 para seções T ou duplo T; 1,3 para seções I ou T invertido e 1,5 para seções retangulares;
= resistência à tração direta do concreto. Para determinação do momento de fissuração, deve ser usado 
o fctk,inf no estado‐limite de formação de fissuras e o fct,m no estado‐limite de deformação excessiva;
= momento de inércia da seção bruta de concreto;
= distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada.

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Estádio II (puro)
• Hipóteses Básicas:

 Manutenção da seção plana: As seções transversais


permanecem planas e perpendiculares ao eixo deformado
(hipótese de Navier);

 Escorregamento relativo entre armadura e concreto nulo:


Existe uma perfeita aderência entre o concreto e a armadura
adjacente o que garante a igualdade de deformações dos dois
elementos em um mesmo ponto;

 Deformações, deslocamentos e rotações pequenos: Válida a


teoria de 1ª ordem;
 Comportamento elástico linear dos materiais (exceto concreto
à tração): Válida a Lei de Hooke com exceção para o concreto
sob tração, cuja resistência é considerada nula;

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Estádio II (puro)

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Estádio II (puro)
• Módulos de Elasticidade dos Materiais:
 Aço: A NBR 6118:2014 [2] prescreve o uso de 210 ;

 Concreto: Para a determinação das deformações em seções de


concreto armado, a NBR 6118:2014 [2] prescreve o uso do
Módulo de Deformação Secante (Ecs);

. 5600. , 20 50

21,5. 10 . . 1,25 , 55 90
10

∝ 0,8 0,2. 1,0 ∝.


80
= Módulo de Elasticidade Inical do concreto;
= resistência característica do concreto a compressão (em MPa);
= 1,2 (para basalto e diabásio); 1,0 (para granito e gnaisse); 0,9 (para calcário); 0,7 (para arenito);
= Módulo de Deformação Secante do concreto;

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Estádio II (puro)
• Momentos de Inércia da seção homogeinizada:
 Seção Retangular com armadura dupla: Válido para

2. .∝ 2. .∝
‐2. .∝ . 2. .∝ .

4. . ∝
2.
∝ ∝ 1

.
.∝ .   .∝ .  
3

= largura da seção transversal; ∝ = Razão modular;


= área da armadura na região comprimida; = profundidade da linha neutra no Estádio II puro;
= área da armadura na região tracionada; = Momento de inércia no Estádio II puro.

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Estádio II (puro)
• Momentos de Inércia da seção homogeinizada:
 Seção T com armadura dupla: Válido para , e

2. .∝ 2. . ∝ 2. . 2. .
‐2. .∝ . 2. . ∝ . . .

4. . ∝
2.
∝ ∝ 1

.
. .∝ .   .∝ .  
3 3

= largura da seção transversal; ∝ = Razão modular;


= área da armadura na região comprimida; = profundidade da linha neutra no Estádio II puro;
= área da armadura na região tracionada; = Momento de inércia no Estádio II puro.

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Rigidez em vigas e lajes armadas em 1 direção
• Visando uma melhor aproximação quanto à rigidez, a NBR
6118:2014 [2] propõe a consideração da rigidez equivalente dada
pela fórmula de Branson, no caso em que os momentos fletores de
serviço são maiores do que o momento de fissuração:

, . 1 . .

• No caso em que os momentos fletores de serviço são


menores do que o momento de fissuração:

, .
, = rigidez equivalente; = momento fletor na seção crítica do vão considerado, ou seja, o
= Módulo de deformação secante do concreto; momento máximo no vão para vigas biapoiadas ou contínuas e
momento no apoio para balanços, para a combinação de ações
= momento de fissuração, cujo valor deve ser 
considerada nessa avaliação;
reduzido à metade nocaso de utilização de barras lisas;
= momento de inércia da seção bruta de concreto.
= Momento de inércia no Estádio II puro.

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Deslocamentos diferidos
• O deslocamento adicional diferido (ao longo do tempo),
decorrente das cargas de longa duração em função da fluência,
pode ser calculada de maneira aproximada, para vigas, pela
multiplicação da flecha imediata pelo fator ∝ dado pela
expressão:
∆ ∆

1 50.

0,68. 0,996 . , , 70
. 2 , 70

∝ = coeficiente de deslocamento adicional diferido;


= tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida;
= idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração. No caso de parcelas da
∑ .
carga de longa duração serem aplicadas em idades diferentes, pode‐se tomar ∑
;
= representa as parcelas de carga;
= idade em que se aplicou cada parcela , expressa em meses

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Deslocamento total
• O deslocamento total, em vigas, devido às cargas de serviço
será portanto:

. 1 ∝

= deslocamento total;
= deslocamento imediato.

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Deslocamentos Limites
• Os deslocamentos limites, de acordo com a NBR 6118:2014
[2], são classificados em quatro grupos básicos:
 aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações
indesejáveis ou efeito visual desagradável; [2]
 efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a
utilização adequada da construção; [2]

 efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos


estruturais podem ocasionar o mau funcionamento de
elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura,
estão a ela ligados; [2]
• efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem
afetar o comportamento do elemento estrutural, provocando
afastamento em relação às hipóteses de cálculo adotadas.[2]

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Deslocamentos Limites

Fonte: [2].
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Deslocamentos Limites

Fonte: [2].
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Referências Bibliográficas
• [1] – DE ARAÚJO, J. M. CURSO DE CONCRETO ARMADO. 4ª Ed.,
Vol.2., Editora Dunas, Rio Grande/RS, 2014.

• [2] ‐ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


6118: Projeto de estruturas de concreto ‐ Procedimento, 2014.

• [3] ‐ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


8681, Ações e segurança nas estruturas ‐ Procedimento, 2003.

Leituras Recomendadas
Capítulo 6 de [1].
Seções 11.8.3, 13.3, 17.3.1 e 17.3.2 de [2].
Seção 5.1 de [3]
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