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CENTRO UNIVERSITÁRIO GUAIRACÁ

COLEGIADO DE PSICOLOGIA

Camille Pelissão, Dariane Pereira, Kemily Naiana e Laura Rinaldi

PSICOLOGIA DO ADULTO E IDOSO

As categorias de idade e suas construções

Guarapuava

2022
Camille Pelissão, Dariane Pereira, Kemily Naiana e Laura Rinaldi

PSICOLOGIA DO ADULTO E IDOSO

As categorias de idade e suas construções

Trabalho Bimestral, apresentado ao


Centro Universitário Guairacá, como
parte das exigências para a conclusão
da disciplina de Psicologia do Adulto e
Idoso.

Guarapuava, 09 de Novembro de 2022.


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O livro de P. Ariès (1981) relata que na França medieval crianças eram vistas
como mini adultos, ou seja, deveriam se portar e se vestir como os mesmo, sua
infância, como conhecemos hoje, era deixada de lado para que agissem de forma
“adequada” diante da sociedade da época. Deixando toda aquela fase que hoje
conhecemos como infância, por comportamentos, vestimentas e até mesmo
trabalhos considerados hoje como de adultos, “A criança era, portanto, diferente do
homem, mas apenas no tamanho e na força, enquanto as outras características
permaneciam iguais” (ARIÈS, 1981, p. 14). Mas com o passar dos séculos as
crianças passaram a ter vestimentas mais adequadas para sua faixa etária, e a se
portarem diante de sua realidade.
Após o entendimento a respeito do infantil, o texto nos mostra outros autores
que estudaram novas fases da vida, foram eles, Elias, N. (1990), George Duby
(1973) e Featherstone (1989). Elias nos mostra a ideia de processo civilizatório, do
qual seria a continuação do sistema citado acima. Ele faz um paralelo entre
vivências da Idade Média e da modernidade e conclui que as pessoas eram mais
mais soltas e sem tantas cargas emocionais como a culpa, e tal fato se comprova
com o visível afastamento entre crianças e adultos no estado contemporâneo, e da
construção de fases da vida, como a de um novo adulto.
Com George podemos compreender o surgimento da periodização, o autor
aponta uma nova etapa de vida, da qual foi chamada de ‘juventude’. Onde ser jovem
estaria ligado a um momento de pausa, espera na vida. Featherstone, por outro
lado, abrange esses estudos e descreve as diferenças na duração e no modo de
vida entre os indivíduos da classe trabalhadora e da classe média durante a
vivências desta fase. Segundo Bourdieu (1983), idade cronológica, é uma criação
arbitrária. Ele nos fala que a juventude é apenas uma palavra, pois podemos ter 17
anos e ser jovens, assim como aos 80 também seremos jovens, o corpo muda, os
aspectos para a vivência também, mas a nossa essência continua.
A forma como nossa vida é roteirizada, é algo que atrapalha, e nos faz vivenciar
crises, pois aos 23 devemos nos formar, aos 26 seremos pais, e aos 66 após a tão
sonhada aposentadoria viajaremos, e caso tudo não saia como desejado nossas
etapas não estão concluídas. Mas ao contrário do que imaginamos a vida sai muito
de seu roteiro, no documentário Envelhescência (2015), dirigido por Gabriel
Martinez, vemos a vida de 6 idosos, os quais nos mostram que nunca é tarde para
realizar nossos sonhos ou para criar novos. Pois alguns ainda tem em mente que
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após uma certa idade não conseguimos ou não podemos fazer algo que seria
considerado algo juvenil, como pular de paraquedas, iniciar um curso na
universidade, ou fazer tatuagens, como retratado no documentário. Mas claro, cada
qual com suas limitações, pois, alguns de nós temos questões pessoais que nos
impedem, ou limitam de tal coisa. Temos a vida como uma pequena caixa, a qual vai
diminuindo conforme os anos vão se passando, e que devemos nos impedir de fazer
tantas coisas, mas na verdade esta caixa deveria aumentar cada vez mais com cada
experiência a ser realizada.
Diante do exposto, podemos observar que o autor P. Ariès (1981) cita que na
Idade Média o termo criança não existia, e que somente a partir do século XIII
começou a haver uma certa diferença entre criança e adulto, ou seja, somente com
o passar dos anos que começou a se ter noção dessa diferença, por outro lado, na
França Medieval não havia nenhuma separação entre ser criança e ser adulto. De
acordo com Elias N. (1990) a modernidade contribuiu para aumentar essa diferença,
pois ela construiu a infância como uma fase de dependência e a construção do
adulto como um ser independente, o que se opõe entre si.
Em relação à juventude, George Duby (1973) menciona a sociedade
aristocrática na França do século XII, em que essa etapa correspondia a saída da
infância e que antecede o casamento, entretanto, não havia uma idade definida para
essa fase, pois, não era uma questão de idade biológica. Em contrapartida,
Featherstone (1989) descreve que os jovens da sociedade inglesa contemporânea,
se resumiam em indivíduos da classe operária e de setores médios, o autor também
apresenta o processo da constituição da Terceira Idade que está inserida entre a
idade adulta e a velhice.
Por fim, Bourdieu (1983) afirma que as divisões por idade devem ser algo livre
e que as categorias de idade são construções culturais, que mudam com o passar
do tempo. Essas categorias são formadas por realidades sociais específicas e que
estão de acordo com poderes e privilégios determinados pela sociedade, tendo
como referência a idade cronológica, sendo assim, categorias e grupos de idade
mudam a visão de organização como um todo, em que cada um ocupa o seu espaço
social determinado.
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REFERÊNCIAS

DEBERT, Guita Grin. Pressupostos da reflexão antropológica sobre a velhice. In: DEBERT,
Guita Grin. A antropologia e a velhice - Textos didáticos, 2ª ed., 1 (13), Campinas,
IFCH/Unicamp, 1998, pp.07-28.

FIGUEIREDO, Ana Leite. Nova cara da velhice. REAB ,2022.Disponível em:


https://www.reab.me/envelhescencia-documentario-mostra-a-nova-cara-da-velhice/. Acesso
em 31 de out. de 2022.

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