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Avaliação da disciplina de

Museu Histórico I - 23/09/2022 – Valor 10,0


Prof. Bruno Sanches Mariante da Silva

Aluna: Isabela Passos Duarte


Turma 1000

Textos-base para a avaliação:


ABREU, Regina. A fabricação do imortal.
BREFE, Ana Claudia. História nacional em São Paulo: o Museu Paulista em 1922.
JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a história do museu.
POLLAK, Michael. "Memória, esquecimento, silêncio."
POULOT, Dominique. Museu e museologia.
RAMOS, Francisco Régis. A danação do objeto

1. Leia as passagens a seguir:

“O que merecia ficar no museu de feição mais tradicional era, em geral, o objeto da elite: a farda do
general, o retrato do governante, a cadeira do político, a caneta do escritor, o anel de um bispo .... Tudo isso
compunha o discurso figurativo de glorificação da história de heróis e indivíduos de destaque” (RAMOS,
p.19)

“Concebidos dentro do “espírito nacional”, esses museus nasciam imbuídos de uma ambição pedagógica —
formar o cidadão, através do conhecimento do passado — participando de maneira decisiva do processo de
construção das nacionalidades. Conferiam um sentido de antiguidade à nação, legitimando simbolicamente
os Estados nacionais emergentes.” (JULIÃO, p.21)

A memória, essa operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se quer
salvaguardar, se integra, como vimos, em tentativas mais ou menos conscientes de definir e de reforçar
sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entre coletividades de tamanhos diferentes: partidos,
sindicatos, igrejas, aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência ao passado serve para manter a
coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua
complementariedade, mas também as oposições irredutíveis. (POLLAK, 1989, p.8)
Partindo dos debates dos textos realizados em sala de aula, da leitura das citações supracitadas e
do texto jornalístico da Prefeitura de Porto Alegre, disserte sobre a relação entre memória,
identidades e o papel desempenhado pelas instituições museológicas. Corrobore sua reflexão
com exemplos, especialmente aqueles apresentados nos textos discutidos em sala de aula.

As noções de Museu, e o papel desempenhado por esse, diferem-se ao longo da história. Na


contemporaneidade, sua significação advém da conjuntura da Revolução Francesa, cuja intenção era
proteger o patrimônio francês. Ao final da Segunda Guerra Mundial, buscaram uma renovação na
museologia, através da formulação de novos princípios e práticas, que acarretaram em um caráter
dinâmico, educativo e informativo aos museus. Com isso, os museus passaram a possuir caráter
excepcional na construção cidadã de transmitir conhecimento sobre o passado, além de participar
ativamente na construção e preservação da nacionalidade através da memória. Esta que enquanto um
coletivo dos acontecimentos e interpretações do passado, fomenta tentativas de definir e reforçar
sentimentos de pertencimentos dentro de diferentes fronteiras. A fim de, principalmente, preservar a
coesão dos grupos e instituições sociais de uma sociedade. Entretanto, os museus apresentam, até
certo ponto, somente a memória elitista da sociedade, como por exemplo o Museu do Ipiranga, no
qual encontramos diversas memórias de colonos e bandeirantes do processo de colonização e
exploração do Brasil.
Foi a partir da década de 1960, mais precisamente 1970 e 1980 no Brasil, que o museu
passou a ser criticado por movimentos sociais acerca da mensagem elitista que repassa. O
movimento negro contém um importante papel nessa mudança, uma vez que a luta pelo
reconhecimento de direitos das minorias frente às instituições formaram um cenário favorável as
mudanças na política cultural. A contar desse momento, os museus acrescentaram gradualmente em
suas amostras perspectivas de segmentos e grupos marginalizados, como os indígenas, negros,
imigrantes e a população em um geral. Tornando-se um lugar para reflexão e crítica da memória
coletiva elitista, de forma a incluir o público. À vista disso, o museu pode possibilitar a ampliação da
ideia de patrimônio e memória coletiva, as quais afirmam a participação de grupos minoritários na
identidade nacional.

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