Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução .................................................................................................................................................... 1
Cap. 1 - Enquadramento sociopolítico e legal .............................................................................................. 3
Cap. 2 – Conceitos relacionados com a reabilitação psicossocial ................................................................ 7
Doença Mental Grave (DMG) ................................................................................................................... 7
Modelo de vulnerabilidade-stress .......................................................................................................... 11
Recovery e Empowerment ..................................................................................................................... 13
Emprego e educação apoiados ............................................................................................................... 16
Habitação apoiada .................................................................................................................................. 19
Cap. 3 – O Terapeuta de Referência – objetivos, funções e competências ............................................... 21
Cap. 4 – O Enfermeiro como Terapeuta de Referência .............................................................................. 31
Considerações finais ................................................................................................................................... 43
Bibliografia.................................................................................................................................................. 45
INTRODUÇÃO
Na prática, porém, constata-se ainda alguma indefinição acerca dos objetivos e das
funções deste modelo de organização dos cuidados, o que decerto tem contribuído para
o seu reduzido nível de implementação nos serviços de saúde mental em Portugal.
Por outro lado, e atendendo à natureza das dificuldades e do impacto da doença mental
grave no indivíduo, na família e na sociedade, é já há várias décadas reconhecido, a nível
internacional, que as capacidades e competências profissionais necessárias no trabalho
de gestão de caso, e como Terapeuta de Referência, se enquadram completamente no
objecto e nos focos de atenção do enfermeiro, e em particular no âmbito das
competências do enfermeiro especialista em Saúde Mental e Psiquiatria.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 1
âmbito do Programa integrado para Doentes Mentais Graves, conforme o definido no
Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016 (com extensão a 2020).
2
CAP. 1 - ENQUADRAMENTO SOCIOPOLÍTICO E LEGAL
Mais tarde, na 2ª Lei de Saúde Mental portuguesa (Lei nº 36/98), ainda em vigor, bem
como no Decreto-Lei nº 35/99, foram claramente expostos os princípios que deveriam
nortear a organização dos serviços de Saúde Mental, aliás também preconizados no
Relatório Mundial da Saúde 2001 – Saúde Mental: Nova Compreensão, Nova Esperança,
elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002), tendo por base a
experiência de múltiplos países, com diversos níveis de desenvolvimento social e
económico. Dentre esses princípios destacam-se os seguintes: serem acessíveis a todas
as pessoas, serem responsáveis por um setor geodemográfico específico (com cada
Equipa de Saúde Mental Comunitária a prestar cuidados a uma população de 50.000 a
100.000 habitantes); integrarem um conjunto diversificado de unidades e programas,
incluindo o internamento em hospital geral, ambulatório e intervenção no domicílio;
envolverem a participação de utentes, familiares e entidades da comunidade; estarem
articulados com a rede dos Cuidados de Saúde Primários; colaborarem com o setor
social e com as Organizações Não Governamentais.
Estes são, ainda, os princípios que o atual Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016
(D.R. 2008, 2009) pretende que, finalmente, sejam implementados, visto que os estudos
existentes acerca dos cuidados prestados a pessoas com esquizofrenia em Portugal
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 3
(Xavier et al., 2000 e Kovess et al., 2006, referidos no Relatório da CNRSSM, 2007; Caldas
de Almeida et al, 2015), apontam para a existência de uma cobertura clínica semelhante
à dos restantes países europeus, mas com um grau muito superior de necessidades não-
cobertas nas áreas de intervenção psicossocial, incluindo a reabilitação. Com efeito, e
conforme o referido pelo mesmo Relatório, a avaliação da qualidade da estrutura e
processo de funcionamento dos serviços de psiquiatria da rede pública indicou que o
nível dos dispositivos de ambulatório é inferior ao das unidades de internamento,
beneficiando estas últimas de 83% dos recursos, ao invés do que é preconizado pelos
organismos internacionais (OMS, 2002; WHO, 2013) no que respeita a uma prestação
de cuidados cada vez mais dirigida ao contexto comunitário. Considera-se que são
especialmente necessárias respostas não-hospitalares de apoio pós-crise, nos aspectos
físicos e psicológicos, mas também a nível familiar, profissional, educacional, económico
e cultural, que tenham em vista evitar o isolamento e melhorar a qualidade de vida das
pessoas com doença mental grave, favorecendo o máximo de autonomia e integração
social, e o seu efectivo exercício da cidadania (CNSM, 2005; López e Laviana, 2007).
Nesse sentido, o Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016 preconiza a efectiva criação
das Equipas de Saúde Mental Comunitária (ESMC) como componente estruturante da
organização dos Serviços Locais de Saúde Mental, em correspondência direta com um
ou mais Centros de Saúde, e tendo como objetivo prestar cuidados a um setor
geodemográfico determinado, incluindo: programa integrado para Doentes Mentais
Graves, com manejo de casos por Terapeutas de Referência; programa de ligação com
a Saúde Familiar e apoio a perturbações mentais comuns; programa de apoio a doentes
idosos; programa de prevenção nas áreas da depressão e suicídio (D.R. 2008: 1400).
Para a implementação dos vários programas previstos, tanto o Plano Nacional de Saúde
Mental (D.R. 2008), como a Coordenação Nacional para a Saúde Mental (CNSM, 2009) e
também a legislação mais específica sobre a reorganização dos serviços (D.R., 2009),
indicam que as Equipas de Saúde Mental Comunitária deverão partilhar, com os
Cuidados de Saúde Primários e outras estruturas na comunidade, a responsabilidade
pelos cuidados às pessoas com doenças psiquiátricas mais comuns (perturbações de
ansiedade, depressão ligeira e moderada), baseando-se num regime de colaboração e
4
consultadoria. Pelo contrário, cabe à Equipa de Saúde Mental Comunitária a
responsabilidade pela prestação direta de cuidados e apoio específico às pessoas com
doenças mentais graves e crónicas, com manejo de casos por Terapeutas de Referência,
ainda que com a colaboração dos profissionais dos Cuidados de Saúde Primários.
Apesar de tudo o que o que até agora foi legislado e regulamentado no que respeita à
reorganização dos cuidados de saúde mental portugueses, o relatório feito em 2012
pelo Regional Office for Europe da Organização Mundial de Saúde identifica diversas
fragilidades na implementação e forma de funcionamento dos serviços locais de saúde
mental em Portugal, salientando o risco de os indivíduos com problemas mais graves e
crónicos serem ignorados ou receberem cuidados abaixo das suas necessidades,
sobretudo no que respeita às intervenções que visam a sua reabilitação psicossocial.
Assim, a primeira das recomendações da OMS, tendo em vista a Reatualização do Plano
Nacional de Saúde Mental, aponta para a necessidade de melhorar a capacidade e
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 5
competência para tratar e apoiar pessoas com problemas de doença mental grave na
comunidade, através do estabelecimento de objetivos claros para as equipas de saúde
mental comunitária. Aponta também para a necessidade de se investir mais no
desenvolvimento dos serviços comunitários para doentes mentais graves e,
especificamente, para ‘a generalização do modelo de Terapeuta de Referência’ (DGS,
2012: 36, 39, 48).
6
CAP. 2 – CONCEITOS RELACIONADOS COM A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
Segundo Ruggeri et al. (2000), uma das primeiras definições de Doença Mental Grave
(SMI - Severe Mental Illness), e que foi amplamente aceite a nível internacional, foi a
proposta em 1987 pelo NIMH (National Institute of Mental Health). Nesta definição
consideravam-se três critérios básicos para inclusão dos indivíduos na categoria de
doença mental grave: o diagnóstico de psicose não-orgânica; a duração prolongada
(superior a 2 anos) da doença e do tratamento; a incapacidade funcional significativa
(moderada ou grave) a nível social, ocupacional ou escolar, conforme avaliada pela
escala GAF (Global Assessment of Functioning, APA, 1987).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 7
Em Espanha utiliza-se a expressão Transtorno Mental Severo (TMS) para designar um
quadro que, segundo López e Laviana (2007) e Granda Mariño et al. (2007), para além
dos critérios definidos pelo NIMH, inclui também a circunstância de a pessoa atingida
viver num contexto social próximo pouco tolerante ou ‘exausto’.
Em todo o caso, a generalidade dos estudos internacionais indica que, no conjunto das
doenças mentais graves, as esquizofrenias são as que causam mais incapacidade
psicossocial. Com efeito, os estudos epidemiológicos apontam para uma taxa de
prevalência média variável entre 0.5 e 1.5% da esquizofrenia na população em geral, e
os dados recentes indicam que a doença é 1.4 vezes mais frequente nos indivíduos do
sexo masculino, que também tendem a iniciar a doença mais cedo, entre os 15 e os 25
anos de idade, surgindo antes dos 19 anos em cerca de 40% dos casos, com
manifestações clínicas mais graves e uma evolução mais crónica. Nas mulheres a doença
tende a surgir mais tarde, sendo que em apenas cerca de 20% dos casos os seu início
terá sido mais precoce (Schultz et al., 2003; Torrey, 2006; McGrath & Susser, 2009; North
e Yutsy, 2010).
8
E embora grande parte dos doentes responda bem ao tratamento inicial com fármacos
antipsicóticos, cerca de 80% recairá no prazo de 5 anos desde o primeiro episódio
tratado, em parte devido ao abandono da medicação, mas também pela ausência de
terapias psicossociais concomitantes com o tratamento farmacológico. Calcula-se assim
que cerca de 70% das pessoas afetadas pela doença têm numerosas reagudizações do
quadro, e apresentam um comprometimento moderado ou acentuado das suas
capacidades psicossociais (D’Amato e Rochet, 2001; OMS, 2002; Lieberman, 2003;
Marques-Teixeira, 2003; Barnes e Pant, 2005; Jobe e Harrow, 2005; López e Laviana,
2007; Afonso, 2010; North e Yutsy, 2010. Tais factos contribuem para que estas pessoas
sejam a parte principal do universo de população adulta que integra os potenciais
candidatos a utentes para os Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental (DGS,
2012).
A etiologia da esquizofrenia não é ainda bem conhecida, embora se tenda a adotar uma
perspectiva neurodesenvolvimentista, como síntese dos resultados de diversos tipos de
investigação (genética, epidemiológica e cognitiva), que apontam sobretudo para a
interação de factores perinatais e ambientais, como as infecções e os défices
nutricionais, bem como os ambientes sociais adversos e o consumo de Cannabis na
adolescência (Macedo e Azevedo, 1996; Dalery e d’Amato, 2001; Saoud e Dumas, 2001;
McGrath e Susser, 2009; Afonso, 2010; Santos et al., 2010; Brito, 2012).
A doença caracteriza-se pela presença de vários tipos de sinais e sintomas, que são
classificados em dois grupos principais, com base nas funções mentais envolvidas: a) os
sintomas ‘positivos’, que resultam de um exagero das funções normais, que incluem as
alucinações, os delírios e a aceleração e desorganização do discurso e do
comportamento, e que na maioria dos casos são relativamente fáceis de eliminar
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 9
através do tratamento farmacológico; b) os sintomas ‘negativos’, que resultam numa
perda das funções mentais normais, nomeadamente no que respeita à volição e às
funções executivas, com dificuldade em dirigir e manter a atenção e a concentração,
dificuldade em iniciar e terminar tarefas, incapacidade em sentir interesse e prazer nas
atividades habituais, dificuldade em modelar e expressar adequadamente as suas
emoções, e a tendência para o isolamento social. Em muitos casos estes sintomas
‘negativos’ são as primeiras manifestações da doença, evidenciando-se através de uma
diminuição do rendimento escolar ou do trabalho, bem como do funcionamento social
em geral, passando frequentemente despercebidos e sendo confundidos,
especialmente no jovem, com preguiça, ociosidade, má educação ou depressão
(Andreasen, 2003; Castro-Henriques et al., 2006; Afonso, 2010; Brito, 2012).
Além disso, e ao contrário do que sucede com os sintomas ‘positivos’, estes sintomas
‘negativos’, associados a uma disfunção cognitiva geral relacionada com alterações na
conectividade cerebral, continuam a mostrar-se muito resistentes ao tratamento
farmacológico, e muito persistentes, sendo por isso os principais responsáveis pelas
dificuldades que as pessoas com esquizofrenia muitas vezes sentem em regressar à
escola ou ao trabalho, em participar em atividades sociais e em estabelecer relações
pessoais significativas (Marques-Teixeira, 2003; Rector et al., 2005; Machado, 2006;
Afonso, 2010; Brito, 2012).
Com efeito, e sobretudo devido ao seu início precoce (durante a adolescência e idade
de jovem adulto), a doença compromete as funções essenciais que permitem à pessoa
a vivência da sua individualidade e do seu domínio de si própria, deteriorando a sua
capacidade de relação com o meio, o seu funcionamento social e a sua participação nas
diversas atividades. E, atendendo à natureza crítica da fase do desenvolvimento
psicossocial em que a doença ocorre, acaba por afetar seriamente a construção da
personalidade e o processo de formação profissional e familiar da pessoa, podendo
assim comprometer todo o seu futuro como indivíduo autónomo e socialmente
integrado e produtivo.
10
efectivamente de uma doença grave e crónica com um grande peso social e económico,
não só pelos custos do tratamento (em Portugal, e com base no Censos de 2001, 36.2%
das camas de internamento em serviços de Psiquiatria estavam ocupadas por casos de
esquizofrenia), mas especialmente pelas perdas de produtividade e qualidade de vida
dos indivíduos atingidos e das suas famílias, sendo actualmente considerada a 3ª causa
de incapacidade (AVI – Anos Vividos com Incapacidade) no grupo etário dos 15 aos 44
anos (Andreasen, 2003; Castro et al., 2007; CNRSSM, 2007; Afonso, 2010; WHO, 2013).
MODELO DE VULNERABILIDADE-STRESS
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 11
No caso da esquizofrenia, em particular, serão as perturbações atrás referidas no
processo neurodesenvolvimental, associadas a elementos de carácter biológico,
psicológico e social (alterações genéticas e/ou estruturais do cérebro, estilo de vida,
estratégias de coping, competências sociais, recursos psicossociais), que atuam como
recursos ou vulnerabilidades face aos intensos processos de reorganização neuronal que
ocorrem na adolescência, especialmente quando a estes se associam perturbações
graves no equilíbrio hormonal, abuso de substâncias (especialmente a Cannabis) ou
situações de stress excessivo (Schulz et al., 2003; McGrath e Susser, 2009; Afonso, 2010;
Santos et al. 2010).
Por outro lado, é também esta grande variedade de interacções possíveis entre os
diferentes modelos factoriais que explicará a heterogeneidade dos quadros de
esquizofrenia, salientando-se, por esta via, o aspeto dinâmico e evolutivo da doença.
Nesse sentido, a ocorrência de um episódio psicótico resultará da interação entre o grau
de vulnerabilidade individual da pessoa e o nível de stress biológico, psicológico e social
a que ela está exposta, em jogo com as variáveis moderadoras ou protetoras que
estejam, ou não, presentes. É neste contexto que, face a cada indivíduo com a doença,
devem ser identificados e definidos três tipos de marcadores: de vulnerabilidade,
através da identificação das características pré-mórbidas; de episódio, através do
reconhecimento de eventuais pródromos e sintomas próprios do episódio; e residuais,
com carácter persistente, resultantes da doença ou de factores extrínsecos, incluindo os
iatrogénicos (Yank et al., 1993; Pio-Abreu, 2000; Bressan e Pilowsky, 2003; Kumra et al.,
2003; Liberman, 2003; Marques-Teixeira, 2003; Park e Thakkar, 2010; McFarlane et al.,
2014).
Com efeito, sabe-se atualmente que a exposição a uma situação crónica de elevados
níveis de stress aumenta a actividade dopaminérgica em diversas regiões cerebrais, e
em especial no sistema límbico. Em conjunto com a concomitante activação do sistema
nervoso simpático e com a maior dificuldade em processar os estímulos sensoriais, as
situações de stress desempenham assim, e sobretudo nas fases iniciais da doença, um
papel fundamental no desencadear de episódios psicóticos (Chang et al., 2011). Neste
contexto, a terapêutica farmacológica é fundamental, pelo seu efeito de redução da
excitabilidade neuronal, mas é igualmente importante uma adequada gestão dos
12
estímulos (externos e internos) tendo em vista a redução do stress, ou o controlo dos
seus efeitos, e o consequente controlo dos sintomas (Gonçalves-Pereira, 2007; Brito,
2012).
RECOVERY E EMPOWERMENT
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 13
começaram a constatar que algum nível de recuperação é também possível na
esquizofrenia, considerando-se que entre metade e dois terços dos doentes estudados
terão conseguido atingir um bom nível de recuperação (Farkas, 2004, 2007; Torrey,
2006; CNRSSM, 2007; San et al., 2007; Ornelas, 2008; Portugal, 2008).
A partir dos anos 90 do século XX começou então a desenvolver-se uma nova visão da
reabilitação psicossocial, que passou a dar maior importância à experiência das próprias
pessoas com doença mental, às suas necessidades e aspirações, bem como ao seu
percurso e projecto pessoal para a recuperação ou recovery.
14
participação em grupos, através dos quais as pessoas mais isoladas e com menos acesso
aos recursos disponíveis podem aumentar a sua acessibilidade e controlo sobre esses
mesmos recursos. Segundo Mechanic (1991), referido pelo mesmo autor,
empowerment é um processo através do qual os indivíduos desenvolvem uma
compreensão acerca dos seus próprios objectivos e acerca das estratégias para os
alcançar.
Por último, Zimmerman (1995, 2000), também referido por Ornelas (2008), o conceito
de empowerment compreende três dimensões: controlo, por oposição ao conceito de
powerlessness, referente à percepção da pessoa sobre a sua capacidade para influenciar
o seu contexto (família, trabalho, comunidade); consciência, relacionada com a
capacidade de a pessoa identificar e perceber como funcionam as estruturas de poder,
assim como identificar e prever os factores que podem dificultar ou facilitar a sua
intervenção no contexto, bem como com a capacidade de planeamento estratégico e
mobilização dos recursos necessários; participação, relativa à capacidade de ação
concreta para atingir os objectivos estabelecidos.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 15
doença, e partilhando informação sobre as suas necessidades e valores, e sobre o que
tem significado na sua vida. Esta perspectiva de empowerment tem sido
sistematicamente associada a melhor adesão aos regimes terapêuticos, uma auto-
gestão mais efectiva da doença, melhor controlo da doença e maior satisfação do
doente.
Durante muito tempo, porém, partiu-se do pressuposto que a maioria das pessoas com
doença mental grave não estão, a priori, aptos a integrar um contexto laboral na
comunidade, requerendo por isso contextos experimentais de reabilitação e de
preparação para a situação de emprego. Foi nesse contexto que surgiram os centros de
16
actividades ocupacionais tradicionais, bem como os locais de emprego protegido e as
denominadas empresas sociais. No entanto, e segundo Ornelas (2008) a investigação
entretanto realizada sobre esta problemática indica que, ao contrário do inicialmente
pretendido, a permanência das pessoas com doença mental grave em contextos
protegidos diminui muito as suas possibilidades de acederem ao mercado competitivo
de trabalho, com taxas de sucesso muito baixas, que não ultrapassavam os 15.%.
Nos anos 80 do século XX, em paralelo com o movimento do recovery, e tendo o direito
ao emprego como referencial de Direitos Humanos, começaram a ser questionados os
pressupostos iniciais, considerando-se que os modelos de ocupação até então adotados
constituiriam, basicamente, novas formas de segregação das pessoas com doença
mental. Surgiu então o conceito de Emprego Apoiado, no pressuposto de que,
independentemente da gravidade da doença, as pessoas com doença mental podem ser
produtivas num contexto natural, se dispuserem dos apoios necessários.
Esta forma de abordagem tem sido utilizada também em Portugal, com sucesso, através
das iniciativas e do trabalho desenvolvido já há quase duas décadas por algumas
entidades na área da reabilitação psicossocial, como a Associação para o Estudo e
Integração Psicossocial (AEIPS) e a Associação de Solidariedade Social de Lafões (ASSOL).
Mas o conceito de emprego apoiado encontra-se ainda muito longe de ter sido
incorporado nas abordagens adotadas pela maioria dos profissionais de saúde mental
do país face ao doente em contexto comunitário, tendendo-se ainda preferencialmente
para as opções relacionadas com a mera atribuição de subsídios de doença ou invalidez
(DGS, 2012).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 17
para o secundário, ou já durante os estudos superiores, provocando muitas vezes a
interrupção e o abandono do percurso escolar e de formação profissional. Assim, e
mesmo após a recuperação clínica, torna-se muitas vezes difícil que a pessoa doente
retome os estudos após o período de afastamento do contexto escolar, por estigma
interiorizado e receio de tratamento discriminatório, mas também por falta de apoios
específicos nas respostas da pessoa doente e da sua família face à complexidade da
doença. Face a esta problemática, preconiza-se que, no que respeita à educação da
pessoa com mental grave, se adoptem princípios idênticos aos referidos para o emprego
apoiado, sendo que diversos estudos a nível internacional indicam que a maioria dos
estudantes que beneficia deste tipo de apoio conseguiu completar o curso com sucesso,
para além de ter reduzido os seus episódios de reagudização da doença e
reinternamento (Ornelas, 2008).
18
HABITAÇÃO APOIADA
No âmbito da reforma dos serviços de saúde mental ocorrida em Espanha, com início
em 1985, e considerando em particular a sua experiência de implementação na
Andaluzia, López e Laviana (2007) consideram que os programas residenciais são uma
área essencial nos cuidados comunitários a pessoas com Doença Mental Grave.
Chamam, no entanto, a atenção para a necessidade de distinguir entre os programas
destinados a doentes anteriormente institucionalizados, com menores possibilidades de
reintegração social, e os programas que têm por base as intervenções e os apoios sociais
que permitam a permanência da pessoa doente na comunidade, em respeito pelos seus
direitos básicos de cidadania.
Com efeito, ao longo dos últimos 50 anos, diversos modelos e experiências foram
implementados e analisados em países como os EUA, Canadá, Reino Unido, Itália,
Espanha, com um grande diversidade de programas, terminologias, tipologias,
mecanismos de gestão e dinâmicas de funcionamento. E apesar de nesta área ser difícil
a realização de estudos controlados aleatorizados para verificação e comparação de
resultados, os diversos estudos referidos por Ornelas (2008) indicam que os vários tipos
de estruturas residenciais de transição que surgiram nas décadas de 60 e 70 do século
XX, sob a forma de hospitalização alternativa mais prolongada ou de residência
protegida, na maioria dos casos mostraram-se pouco eficazes na promoção do
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 19
ajustamento e integração comunitária das pessoas. Entre outros motivos, tal
constatação relaciona-se com o facto, atualmente mais bem compreendido, de que as
competências aprendidas em tais contextos não são linear nem facilmente transferíveis
para a realidade comunitária.
Assim, também López e Laviana (2007) consideram que a preferência deve ser dada aos
programas integrados que incluem apoio domiciliário na casa da pessoa doente, ou da
sua família, ou mesmo numa pensão ou outra forma de habitação independente.
Segundo Ornelas (2008), este conceito de habitação apoiada surgiu na década de 90 do
século XX e, tal como o também previsto na Rede de Cuidados Continuados Integrados
de Saúde Mental (D.R., 2010), pressupõe a existência de serviços de apoio
individualizados e flexíveis, através de Equipas de Apoio Domiciliário em articulação com
os Cuidados de Saúde Primários e os serviços sociais. Para além do apoio direto à pessoa
doente, estas equipas visam assegurar e apoiar o envolvimento dos familiares e outros
cuidadores, sempre que necessário.
Além disso, e dado que a pessoa doente passa a viver numa habitação normal, por
escolha pessoal, com integração local e social e apoio continuado, num processo de
aprendizagem no mundo real e em contextos permanentes, vários estudos indicam que
este modelo de habitação apoiada favorece efectivamente o empowerment, a
integração social, a qualidade de vida e o recovery da pessoa com doença mental grave
(López e Laviana, 2007; Ornelas, 2008; Henwood et al., 2014; Stregiopoulos et al., 2014).
20
CAP. 3 – O TERAPEUTA DE REFERÊNCIA – OBJETIVOS, FUNÇÕES E
COMPETÊNCIAS
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 21
de 58% dos doentes faltam logo à primeira consulta após a alta de um internamento
hospitalar, o que indica que este é um dos períodos mais críticos no que respeita à
necessidade de estratégias de envolvimento no tratamento (Jónsdóttir, 2010; Balikci et
al., 2013).
Reconhece-se, por tudo isto, a necessidade de que a pessoa com doença mental grave
seja devidamente apoiada desde o início do processo de doença, e depois acompanhada
de perto e de forma continuada, sendo-lhe proporcionados os apoios adequados a cada
caso. Estes deverão ser implementados através de programas integrados que, para além
do tratamento farmacológico, incluem intervenções psicossociais como o treino de
competências sociais, o treino de atividades de vida diária, as intervenções familiares
psicoeducativas, os programas de habitação apoiada e emprego apoiado conjugados
com o apoio domiciliário na área da saúde mental, e o apoio psicoterapêutico para os
sintomas residuais, todos devidamente articulados de forma a facilitarem a autonomia
e evitarem a desinserção social (Caldas de Almeida e Xavier, 1997; Falloon et al., 1998;
Lehman et al., 1998; OMS, 2002; Dogan et al., 2004; Farkas, 2007; CNRSSM, 2007;
Ornelas, 2008; Silverstein e Bellack, 2008; Favrod e Maire, 2014).
22
sido criada para apoio aos doentes psiquiátricos desinstitucionalizados. No Reino Unido
utiliza-se a expressão care management para designar a mesma atividade, que até aos
dias de hoje continua a ser realizada pelos denominados care co-ordinators, procurando
assim explicitar a intenção de ‘gestão do tratamento e do apoio’ e não propriamente de
‘gestão do indivíduo’. Em ambos os casos, a atividade destes profissionais pressupõe o
contacto continuado da pessoa doente com um ou mais profissionais de referência, com
o objectivo de promover a continuidade dos cuidados e o melhor acesso e articulação
dos serviços (Burns e Perkins, 2000; Ziguras e Stuart, 2000; DH, 2002; Burns et al., 2007).
É de referir que, conforme o descrito por Burns e Perkins (2000), durante a década de
70, nos EUA, os case managers eram, na sua maioria, pessoas sem formação de base na
área da saúde, que eram contratadas para fazerem a coordenação dos cuidados, mas
não para a prestação direta dos mesmos. Cabia-lhes então assegurar a continuidade,
acessibilidade e eficiência dos cuidados recebidos pela pessoa doente após a sua saída
do hospital psiquiátrico. Para isso, recebiam uma formação específica e breve que lhes
permitia, de alguma forma, avaliar as necessidades do ‘cliente’, desenvolver um plano
global de cuidados, providenciar para que os serviços necessários fossem prestados
(incluindo os cuidados médicos e psiquiátricos, os benefícios da segurança social e o
apoio para habitação), monitorizar e avaliar os serviços prestados, e acompanhar a
evolução da situação ao longo do tempo.
Rapidamente, porém, começaram a surgir críticas à eficácia do modelo inicial dos case
managers, constatando-se que a experiência e competências clínicas eram
efetivamente necessárias, dado que os seus ‘clientes’ eram pessoas com necessidades
múltiplas e complexas, e com muitas dificuldades em utilizar os serviços
proporcionados. Reconheceu-se, assim, que era fundamental o estabelecimento de uma
relação terapêutica entre o case manager e o seu cliente, até para possibilitar uma
adequada avaliação das necessidades e das capacidades da pessoa doente, e para que
o case manager pudesse apoiar e encorajar a pessoa doente a aceitar e utilizar os
serviços proporcionados. Assim, e conforme o descrito por Burns e Perkins (2000) e
Burns et al. (2007), os case managers iniciais foram sendo progressivamente
substituídos por profissionais de saúde, principalmente enfermeiros, psicólogos,
assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Evoluiu-se, desta forma, para o
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 23
denominado clinical case management, que inclui as funções básicas do case
management, e também a prestação direta de cuidados. Segundo Hargreaves et al.
(2007), este é ainda o modelo mais frequentemente utilizado no conjunto dos
programas não-residenciais de saúde mental nos EUA.
No Reino Unido, e conforme o referido por Gournay (2000), o Warlingham Park Hospital,
em Croydon, terá sido o primeiro hospital psiquiátrico a prestar cuidados de psiquiatria
em contexto comunitário, pois já em 1954 os enfermeiros do internamento eram
enviados para a comunidade para acompanhar doentes com esquizofrenia. Em 1970
começou a ser ministrada a formação específica das denominadas Community
Psychiatric Nurse (CPN) que, até meados da década de 1980, trabalhavam quase
exclusivamente com doentes com esquizofrenia, em articulação com os psiquiatras dos
hospitais psiquiátricos.
24
no modelo de Gestão de Casos, em alguns casos combinado com o modelo de
tratamento assertivo comunitário (Alonso e Pérez Fernandez, 2007; Fernandez
Gonzalez, 2007; Granda Mariño et al., 2007; Sanchez Bujaldón, 2007).
Constata-se então que a figura do Terapeuta de Referência surgiu, nos vários países,
como resposta dos sistemas de saúde face ao problema específico de um grupo
significativo de utentes (tipicamente doentes psicóticos crónicos e adultos jovens) que,
ainda que tendo a oportunidade de aceder a redes de serviços médicos, sociais e
comunitários, continuam sem deles usufruir, por desconhecimento ou por incapacidade
para os utilizar, em resultado da sua patologia (Marques-Teixeira et al., 2005). Assim, e
no âmbito dos programas integrados de cuidados, é designado um coordenador de
cuidados para cada utente, o Terapeuta de Referência, com a função de o ajudar a
selecionar os cuidados mais adequados, garantindo que beneficia dos serviços
disponíveis, facilitando-lhe o acesso e coordenando a atuação dos profissionais dos
vários serviços, com o objectivo de garantir a continuidade e a coerência dos cuidados
prestados. A cada Terapeuta de Referência será atribuído um número de utentes (case-
load) variável em função das características dos utentes e dos objetivos específicos das
unidades prestadoras de cuidados. Neste sentido, considera-se que o modelo do
Terapeuta de Referência não é uma forma de ‘tratamento’, mas sim uma forma de
organização dos cuidados que visa ajudar a manter as pessoas com doença mental grave
em contacto com os serviços, assim contribuindo para reduzir a frequência e duração
dos internamentos, e para melhorar os resultados de saúde, especialmente no que se
refere ao funcionamento social e à qualidade de vida (Burns e Perkins, 2000; Alonso e
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 25
Pérez Fernandéz, 2007; CNSM, 2009; Kreyenbuhl et al., 2009; Wright-Berryman et al.,
2011; Chang et al., 2013).
Este modelo tem por base uma filosofia explicitamente centrada na pessoa,
contribuindo também para uma intervenção multiprofissional e integral,
proporcionando cuidados e serviços globais e integrados in vivo, ao invés dos
tradicionais serviços baseados nos gabinetes de consulta e hospitais, e com a
flexibilidade necessária para lidar com os aspetos imprevisíveis e únicos da vida de cada
pessoa. O Terapeuta de Referência contribui para facilitar a permanência da pessoa
doente na comunidade e promover a sua integração, estimulando ao máximo a sua
autonomia através de atitudes, metodologias e procedimentos que maximizam a sua
iniciativa e participação, potenciando capacidades e sucessos. Ao proporcionar um
adequado sistema de cuidados, mediante a elaboração, execução e avaliação de planos
individualizados de reabilitação, o Terapeuta de Referência assegura a continuidade dos
cuidados, facilitando a adesão ao tratamento, detetando sinais precoces de alerta e
facilitando a intervenção em crise, dessa forma prevenindo recaídas e reinternamentos,
e garantindo os direitos das pessoas com doença mental grave (Burns & Perkins, 2000;
Fernandez Gonzalez, 2007; Wright-Berryman et al., 2011).
Mais especificamente no que respeita ao trabalho com as pessoas com doença mental
grave é de salientar que, em consequência da própria natureza da doença psicótica,
estas são habitualmente pessoas com alta vulnerabilidade ao stress, elevada
dependência, dificuldades no desenvolvimento de capacidades e nas relações
interpessoais, pensamento concreto, ansiedade perante situações novas e dificuldades
26
para generalizar as aprendizagens (Kenny e Friedman, 2003). Este perfil de utente
pressupõe necessidades frequentes de cuidados (mais de 4 contactos por mês) devido
à sua deterioração significativa nas áreas de autocuidados e do funcionamento social,
familiar e/ou laboral, pelo que se requer do Terapeuta de Referência uma atitude
assertiva, a fim de conseguir fazer face à falta de motivação da pessoa doente,
resultante dos efeitos da doença (Burns e Perkins, 2000; Alonso e Pérez Fernandéz,
2007; Granda Mariño et al. 2007; Corrigan et al., 2009).
Conforme o sintetizado pela Comissão Nacional para a Saúde Mental (CNSM, 2009), as
funções do Terapeuta de Referência são as seguintes:
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 27
utente. Estes Planos Individuais de Cuidados devem ser delineados pelo Terapeuta de
Referência, em conjunto com a pessoa doente e, sempre que possível, também
incluindo a família. Na elaboração dos Planos é necessário ter em conta a pessoa doente
e a sua idiossincrasia, com base numa cuidada e aprofundada identificação e avaliação
dos problemas e necessidades no que respeita a doenças somáticas, doenças e
problemas de saúde mental, adesão à medicação, autocuidados e atividades de vida
diária, questões relacionadas com a ocupação, formação, ou emprego, problemas de
consumo de álcool e drogas, rede de suporte social, questões financeiras e relacionadas
com benefícios sociais, e avaliação dos comportamentos de risco. Com base nesta
avaliação holística das necessidades da pessoa com doença mental grave no domicílio e
na comunidade, segue-se a definição dos objetivos terapêuticos e de reabilitação, bem
como a proposta de intervenções, estruturadas de forma sequencial e dinâmica, com
limites temporais definidos, e tendo em conta a variedade das competências da equipa
multidisciplinar. O Plano Individual de Cuidados precisa, naturalmente, de ser dinâmico
e flexível, ajustando-se às alterações e flutuações na evolução do processo de
recuperação da pessoa. São também necessários mecanismos e instrumentos de registo
e avaliação periódica dos planos, dos protocolos e das respetivas intervenções (Granda
Mariño et al., 2007; CNSM, 2009; Kuon e Choi, 2009).
Para a obtenção de bons resultados neste tipo de trabalho, é necessário que o Terapeuta
de Referência demonstre capacidade de estabelecer com o utente e família uma relação
de confiança e ajuda, que lhe permita uma adequada avaliação das necessidades e o
estabelecimento de uma aliança terapêutica, bem como a capacidade para transmitir
28
informação e apoio. Além disso, e sobretudo no que respeita às funções de
coordenação, o trabalho de Terapeuta de Referência implica reuniões com a equipa
multidisciplinar e com instituições da rede de serviços de saúde e de apoio social e
comunitário, para potenciação dos recursos comunitários, gestão dos recursos
normalizados de reabilitação e socialização, manutenção e alargamento da rede social,
bem como para apoio e assessoria à comunidade (Alonso e Pérez Fernandéz, 2007;
Fernandéz Gonzalez, 2007; Granda Mariño et al., 2007; Solomon e Alexander, 2010).
Tendo tudo isto em conta, considera-se que a priori qualquer um dos técnicos da Equipa
de Saúde Mental Comunitária pode desempenhar as funções de Terapeuta de
Referência, sendo para tal necessário que tenha formação profissional prévia e
competências elevadas na área das doenças mentais graves, mas sendo também
essencial a sua participação regular em acções de formação contínua, que lhe permita
uma maior confiança e segurança na realização de práticas baseadas na evidência
científica disponível e mais actual (CNSM, 2009; Chang et al., 2013)
Neste ponto, porém, é importante fazer notar que nem todos os profissionais de saúde
mental têm apetência, ou têm as competências necessárias, para efetivamente
trabalharem nas equipas de saúde mental comunitária e com funções de Terapeuta de
Referência. Conforme o referido por Singh (2000), é necessário um comprometimento
ideológico com o modelo de cuidados e o conhecimento dos pressupostos éticos e legais
(cuidado vs. controlo, liberdades civis vs. saúde) e dos pressupostos científicos (relação
entre fatores biológicos e psicossociais, relação entre medicação e psicoterapia, etc.),
bem como uma atitude de flexibilidade e disponibilidade face à mudança (Alonso e
Pérez Fernandéz, 2007; Vuckovich, 2010; Sullivan e Floyd, 2012).
Para além da disponibilidade pessoal e formação contínua do profissional para este tipo
de trabalho, é também necessário que o Terapeuta de Referência tenha um bom
conhecimento dos recursos, capacidade de estabelecer uma relação de trabalho,
capacidade para avaliar as necessidades do utente e família, e também avaliar os efeitos
das diversas intervenções (farmacológicas incluídas), bem como a capacidade para
transmitir a informação necessária às várias pessoas que participam nos cuidados ao
utente, nos vários serviços e estruturas da comunidade.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 29
30
CAP. 4 – O ENFERMEIRO COMO TERAPEUTA DE REFERÊNCIA
Tendo por base o conceito de transição formulado por Meleis, entendido como uma
mudança significativa na pessoa, que pode gerar um novo comportamento ou uma
outra definição de si mesma no contexto social, considera-se que assistir as pessoas em
processos de transição constitui o papel mais relevante do exercício de Enfermagem,
por facilitar estes processos, e assim ajudar as pessoas a alcançarem o seu bem-estar,
num novo equilíbrio (Queirós et al., 2014).
Por outro lado, segundo Orem, também referida por Queirós et al. (2014), o conceito de
autocuidado assume centralidade disciplinar, pela sua capacidade de clarificar um
propósito para a Enfermagem, no sentido de promover ou restituir a capacidade de
autocuidados das pessoas, bem como pelo poder explicativo das acções do enfermeiro,
que contribui para a aquisição de competências por parte da pessoa cuidada, visando a
sua autonomia e autodeterminação.
Ora no caso das pessoas com Doença Mental Grave, e conforme o apresentado nos
capítulos anteriores, torna-se evidente que, especialmente nos quadros de
esquizofrenia, são muito comuns, extensas e persistentes as perturbações na
capacidade de autocuidados, devido à natureza psicótica da doença e também ao facto
de ela se manifestar no final da adolescência e início da idade adulta, assim
comprometendo seriamente todo um conjunto de aprendizagens que normalmente são
feitas durante esse período, e que visam a autonomização do indivíduo, através da sua
formação escolar e profissional, e também do estabelecimento de outros tipos de
interações sociais e novos relacionamentos para além da família de origem.
Além disso, as mudanças que ocorrem na vida da pessoa doente e da sua família são tão
dramáticas, a nível individual, familiar e social que, conforme é reconhecido na maioria
dos países desenvolvidos e nos organismos internacionais, o papel do enfermeiro é
realmente indispensável, a fim de facilitar o complexo processo de transição e promover
ou restituir a autonomia e o recovery (OMS, 2002; APA, 2004; ARRNL, 2008; DGS, 2012;
WHO, 2013).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 31
Tal como o referido no preâmbulo do Regulamento nº 129/2011 sobre as Competências
do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental (ESSM), no que respeita à
sua ‘participação no tratamento das pessoas com doença mental, as intervenções do
EESM visam contribuir para a adequação das respostas da pessoa doente e família face
aos problemas específicos relacionados com a doença mental (adesão à terapêutica,
autocuidado, ocupação útil, stress do prestador de cuidados, etc.) tendo como objectivo
evitar o agravamento da situação e a desinserção social da pessoa doente, e promover
a recuperação e qualidade de vida de toda a família’ (D.R., 2011: 8669).
32
Mental Grave, o fator tempo e a continuidade dos contactos e da relação são
absolutamente fundamentais pois, sobretudo os indivíduos que negam a sua doença,
ou não têm acesso aos seus sentimentos sobre a situação, podem por isso não estar
preparados para rapidamente se envolverem num processo de verbalização da sua
experiência de doença. Nestes casos, o estabelecimento de uma relação terapêutica
constitui realmente um grande desafio, requerendo competências adicionais,
especializadas, da parte do profissional, para além de muita flexibilidade, paciência e
persistência. Só assim se tornará efectivamente possível que, utilizando a relação de
confiança e tendo por base os recursos e as capacidades da pessoa doente e da sua
família, o enfermeiro possa identificar as necessidades afetadas e implementar as
intervenções adequadas (apoio, informação, motivação). Neste sentido, as ações do
enfermeiro vão plenamente ao encontro dos princípios do recovery, já que visam ajudar
a pessoa doente e a sua família a encontrarem formas adequadas de resposta face às
inúmeras alterações ocasionadas pela doença, descobrindo os seus próprios recursos e,
assim, iniciando os necessários processos de ajustamento e mudança, ao seu ritmo, e
em função das possibilidades do seu ambiente próximo, incluindo a família, os amigos e
as estruturas de apoio (Sequeira, 2006; Granda Mariño et al., 2007; Delaney e Ferguson,
2014).
Neste ponto, e devido à extensão e complexidade das alterações que a Doença Mental
Grave provoca no dia a dia da pessoa doente e sua família, é de referir que, conforme o
salientado por Delaney e Ferguson (2014), a relação interpessoal com o profissional é
importante para o doente e para a família, mas a ajuda específica em questões práticas
identificadas pela pessoa (autocuidados, atividades de vida diária, alojamento, finanças)
também é necessária e muito valorizada.
Com efeito, essa ajuda prática incide em múltiplos aspetos (fisiológicos, psicológicos,
sociais e espirituais) da forma como cada indivíduo responde à situação de doença, ou
processo de transição, e como estas interferem na satisfação das suas necessidades
humanas fundamentais, sendo por isso um aspeto fundamental da contribuição
específica da disciplina de Enfermagem para o trabalho da equipa multidisciplinar. Neste
sentido, e conforme o apresentado por Sequeira (2006), as ações de Enfermagem
incluem atividades diversas como observar (para identificar, diagnosticar, vigiar e
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 33
avaliar), gerir (organizar, distribuir, coligir), executar (limpar, arranjar, alimentar,
manipular e estimular, entre outras), atender (assistir, tratar, prevenir, relacionar) e
informar (ensinar, orientar, descrever, entrevistar, explicar).
Concretamente em relação às pessoas com Doença Mental Grave e suas famílias, aplica-
se em boa medida o que foi indicado no Referencial do Enfermeiro para a generalidade
das doenças crónicas de evolução prolongada no âmbito da Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados (OE, 2009a), sendo que os principais focos de atenção da prática
de Enfermagem incluem o autocuidado (comer e beber, higiene, sono e repouso,
aprendizagem e atitudes), o coping (aceitação do estado de saúde, ansiedade,
interacção social), o tratamento (não adesão à medicação, nas suas várias dimensões
física, mental e comportamental, socio-cultural, ambiental e espiritual) e o cuidador
informal (prestador de cuidados, conhecimento sobre a importância de cumprir o
regime terapêutico, ansiedade, stress do prestador de cuidados, autocuidado: sono e
repouso e aprendizagem), entre outros (Sequeira, 2006; Granda Mariño et al., 2007;
Simões e Simões, 2007).
Encontrando-se já feita, por Sequeira (2006), a descrição dos focos de atenção da prática
clínica em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, bem como a identificação dos
dados relevantes para o processo de diagnóstico e a definição das respetivas
intervenções, serão no presente contexto apenas destacados três dos focos que, na
problemática das pessoas com Doença Mental Grave, assumem contornos mais
específicos: a não adesão ao tratamento, o coping e o prestador de cuidados.
No que respeita à não adesão à terapêutica, diversos estudos indicam que na área da
psiquiatria esse fenómeno é duas vezes mais frequente do que nas restantes áreas,
sendo que nas pessoas com esquizofrenia a taxa de não adesão pode variar entre 50%
e 80% (Dodds, et al., 2000; Balikci et al., 2013). Estima-se que cerca de 74% dos doentes
descontinuam o tratamento no prazo de 18 meses, enquanto 50% dos doentes em
ambulatório e 20% os internados não aderem à medicação prescrita, considerando-se
este facto como principal responsável pelas altas taxas de recaída e reinternamento, e
por muitas das implicações clínicas, sociais, familiares e financeiras que daí advêm
(Stephen et al, 2007).
34
Assim, e dado que nas pessoas com Doença Mental Grave a adesão à terapêutica é uma
condição essencial para o tratamento em ambulatório, é fundamental a identificação e
compreensão dos fatores que funcionam como obstáculo para a adesão à terapêutica,
a fim de que, com a participação da pessoa doente e pessoas significativas, se possam
encontrar as estratégias adequadas para os ultrapassar e melhorar a auto-gestão da
doença e suas consequências (OE, 2009b).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 35
esquizofrenia, são também particularmente relevantes as dificuldades da pessoa
doente, e da sua família, no coping, incluindo a adaptação pessoal e social ao processo
de doença e ao tratamento.
36
Por último, e no que respeita ao papel do cuidador, é um foco de atenção da prática
especialmente relevante na problemática da pessoa com Doença Mental Grave porque,
concretamente no caso da esquizofrenia, a doença manifesta-se durante os anos críticos
para a formação pessoal e profissional do indivíduo, pelo que em muitos casos estas
pessoas têm menos possibilidade de completarem a formação necessária para um
desempenho profissional adequado, que lhes garanta o seu funcionamento social, a sua
subsistência e a sua autonomização, mantendo-se por isso em coabitação e a cargo das
famílias.
Além disso, a doença obriga muitas vezes a que atividades básicas como a higiene
pessoal e a alimentação da pessoa doente requeiram algum grau de supervisão,
controlo ou apoio direto. Neste contexto, a pessoa doente muitas vezes
desresponsabilizada das tarefas que assumia ou deveria assumir (incluindo as tarefas
domésticas), acabando-se por aceitar a sua incapacidade para as desenvolver como
alternativa ao conflito permanente, e recaindo essas tarefas nos restantes membros da
família.
Todos estes factores contribuem para a exaustão emocional, física e económica dos
cuidadores familiares, habitualmente designada de sobrecarga familiar (objetiva e
subjetiva) que, frequentemente, contribui para que os familiares apresentem taxas de
patologia médica e psiquiátrica superior às da população em geral (Schene, 1990; Brito,
2002, 2006, 2012).
É evidente que as famílias não estão naturalmente preparadas para lidar, de forma
continuada, com sintomas e comportamentos tão complexos como os que ocorrem na
esquizofrenia, e por isso podem, de facto, mas sem saber, e sem querer, estar a
estimular os sintomas que na realidade gostariam de ver reduzidos. Por esse motivo
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 37
considera-se que, em conjunto com o tratamento farmacológico que visa a regulação
interna da excitabilidade cerebral, também uma mudança no clima emocional dentro
das famílias pode ter um efeito adicional na prevenção da recaída, através da redução
da intensidade dos estímulos externos a que a pessoa doente está sujeita no dia-a-dia.
Por esse motivo, os familiares constituem, como prestadores informais de cuidados, um
recurso extremamente importante nos cuidados comunitários às pessoas com
esquizofrenia, pelo que é importante apoiá-los e procurar manter também a sua saúde
física e mental, tendo igualmente em atenção as suas necessidades especiais de apoio,
a fim de que possam ativa e eficazmente participar no processo de tratamento e
recovery da pessoa com Doença Mental Grave. Para isso é fundamental que as famílias
sejam positivamente envolvidas no processo de tratamento, e dotadas dos
conhecimentos e capacidades instrumentais necessários para lidarem eficazmente com
a doença. Esse é, aliás, o principal objectivo das intervenções psicoeducativas familiares,
também previstas no Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016, e no âmbito das
Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental
(McFarlane, 2002; OMS, 2002; APA, 2004; Gonçalves-Pereira et al., 2007; CNRSSM,
2007; OE, 2009; D.R. 2008 e 2011; Brito, 2012).
Estas são apenas algumas das áreas em que é notório e reconhecido o contributo da
Enfermagem para a promoção da autonomia e para o processo de recovery da pessoa
com Doença Mental Grave, sendo por isso consideradas, sob o ponto de vista dos
resultados, como áreas muito sensíveis aos cuidados de Enfermagem. Neste sentido, e
tal como também foi proposto no Referencial do Enfermeiro para a Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados, considera-se que as horas de cuidados de
enfermagem deverão estar relacionadas com o potencial de recuperação previsto,
sendo que ‘quanto maior for o potencial de recuperação de um utente, maior será o
investimento em horas de cuidados, para a sua recuperação máxima e capacitação da
autonomia’ (OE, 2009: 18, 27).
38
funcionar em correspondência direta com um ou mais Centros de Saúde, tendo como
objetivo prestar cuidados a um setor geodemográfico determinado, e incluindo
explicitamente o programa integrado para Doentes Mentais Graves, com manejo de
casos por Terapeutas de Referência (D.R. 2008: 1400).
É de notar que, tal como o referido por O’Brien et al. (2006), as áreas de intervenção das
Equipas de Saúde Mental Comunitária nas populações alvo dos cuidados englobam três
grandes grupos, muitas vezes sobreponíveis: cuidados a pessoas com doença mental
grave (gestão de situações de evolução prolongada), cuidados a pessoas com
perturbações ligeiras a moderadas, e promoção da saúde mental. Em todas estas áreas,
e tendo em conta as directivas internacionais, aposta-se numa perspectiva de cuidados
de proximidade, que permitam uma maior individualização e continuidade dos
cuidados, e oferecendo respostas mais adequadas à complexidade dos problemas e
necessidades da cada pessoa ou grupo (OMS, 2002; Gomes e Loureiro, 2013).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 39
Disto decorre que, para além da contribuição específica da disciplina de Enfermagem
para o skill mix da Equipa de Saúde Mental Comunitária, cabe aos enfermeiros, que em
princípio até serão a classe profissional mais numerosa na Equipa, desempenhar
efetivamente o papel de coordenadores dos cuidados da maioria das pessoas com
necessidades de cuidados continuados complexos que são acompanhadas pela Equipa,
assumindo-se assim como Terapeutas de Referência, tal como de resto se encontra
também contemplado no Regulamento das Competências do Enfermeiro Especialista
em Enfermagem de Saúde Mental (D.R., 2011:8671, 8672).
40
comunitário (Alonso e Fernández, 2007; Fernandez Gonzalez, 2007; Granda Mariño et
al., 2007; ARNNL, 2008).
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 41
D’Espiney, 2010; Sullivan & Floyd, 2012; Delaney e Ferguson, 2014; Kasckow et al.,
2014).
Assim, o trabalho nas equipas de saúde mental comunitária difere muito do trabalho em
contexto hospitalar, ou mesmo das meras actividades de visitação domiciliária ou
consulta em ambulatório. Por esse motivo, torna-se essencial a experiência e a formação
específica nesta área dos cuidados em saúde mental, incluindo uma adequada definição
e compreensão dos papéis dos diversos profissionais (O’Brien et al., 2006; ARNNL, 2008;
CNSM, 2009; D’Espiney, 2010).
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme o referido no Programa Nacional para a Saúde Mental 2017, constata-se que
em Portugal ‘uma percentagem importante de pessoas com doenças mentais graves
permanecem sem acesso a cuidados de saúde mental, e muitos dos que têm acesso a
cuidados de saúde mental continuam a não beneficiar dos modelos de intervenção
(programas de tratamento e de reabilitação psicossocial) hoje considerados essenciais’
(DGS, 2017: 13). Mais adiante no mesmo documento, e com base nas Linhas de Ação
Estratégica para a Saúde Mental e o Bem-Estar na Europa, refere-se a necessidade de
‘garantir a transição para um tratamento abrangente e para cuidados na comunidade
de elevada qualidade’, com ênfase na ‘coordenação dos cuidados de saúde e sociais para
pessoas com doenças mentais mais graves’ (DGS, 2017:13).
Torna-se para isso indispensável todo um trabalho multidisciplinar bem articulado, que
permita o apoio continuado e articulado à pessoa com doença mental grave e sua família
em contexto comunitário.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 43
É com este objectivo que, no âmbito do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016,
surge o programa integrado de apoio a pessoas com DMG com manejo de casos por
Terapeuta de Referência, através do qual os enfermeiros de Saúde Mental portugueses
são chamados a estarem onde estão os doentes – predominantemente na comunidade,
e a exercerem as funções de Terapeuta de Referência, para as quais têm as habilitações
e as competências básicas necessárias.
Em todo o caso, e para que os enfermeiros estejam preparados para os novos desafios
dos cuidados de saúde, a sua formação deve espelhar as necessidades da sociedade e
ter em conta o efeitos das condições globais na saúde e na prática de enfermagem.
Nesse sentido, tanto a formação contínua como a formação pós-graduada e avançada
dos enfermeiros na área da saúde mental, são fundamentais para obter e manter os
conhecimentos e competências necessários para a implementação de novos papéis e a
realização de cuidados de qualidade em contexto comunitário e de forma colaborativa
com outras profissões, e tendo em vista a realização do seu potencial de contribuição
para os ganhos em saúde das populações.
44
BIBLIOGRAFIA
ABDEL-BAKI, A; LETOURNEAU, G.; MORIN, N. (2013) – Resumption of work or studies after first-
episode psychosis: the impact of vocational case management. Early Intervention in Psychiatry.
7 (4), p. 391-398.
AFONSO, Pedro – Esquizofrenia – para além dos mitos, descobrir a doença. Cascais: Princípia,
2010.
ALTSHULER, S.; FORWARD, J. (1978) - The inverted hierarchy: A case manager approach to
mental health services. Administration and Policy in Mental Health and Mental Health Services
Research. 6 (1), p. 57-68.
ANDREASEN, N.C. (2003) – Admirável cérebro novo – Dominar a doença mental na era do
genoma. Lisboa: Climepsi Editores.
APA - American Psychiatric Association (2004) – Practice guideline for the treatment of patients
with schizophrenia. 2ª ed.
ARNNL (2008) – Advancing the role of the psychiatric-mental health nurse in the Community.
Policy paper. Association of Registered Nurses of Newfoundland and Labrador. April.
BALIKCI, A.; ERDEM, M.; ZINCIR, S.; et al. (2013) – Adherence with outpatient appointments and
medication: A two-year prospective study of patients with schizophrenia. Bulletin of Clinical
Psychopharmacology. 23 (1), p. 57-64.
BARKER, P.; BUCHANAN-BARKER, P. (2011) – Myth of mental health nursing and the challenge
of recovery. International Journal of Mental Health Nursing. 20, p. 337 – 344.
BARKER P.; JACKSON S.; STEVENSON, C. (1999) - What are psychiatric nurses needed for?
Developing a theory of essential nursing practice. Journal of Psychiatric and
Mental Health Nursing. 6, 273 -282.
BARNES, T.; PANT, A. (2005) – Long-term course and outcome of schizophrenia. Psychiatry.
Elsevier. 4 (10), p. 29 – 32.
BELLACK, A.S.; GREEN, M.F.; COOK, J.A.; et al. (2007) – Assessment of community functioning in
people with schizophrenia and other severe mental illnesses: a white paper based on an NIMH-
Sponsored workshop. Schizophrenia Bulletin. 33 (3), p. 805-822.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 45
BRADSHAW, T.; BUTTERWORTH, A.; MAIRS, H. (2007) - Does structured clinical supervision
during psychosocial intervention education enhance outcome for mental health nurses and the
service users they work with? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 14, p. 4 – 12.
BRADSHAW, T.; LOVELL, K.; HARRIS, N. (2005) – Healthy living interventions and schizophrenia:
a systematic review. Journal of Advanced Nursing. 49 (6), p. 634-654.
BRITO, M.L.S. (2012) – Grupos psicoeducativos multifamiliares – uma forma de aprender a viver
com a esquizofrenia. Tese de Doutoramento. Repositório da Universidade de Lisboa.
http://hdl.handle.net/10451/5702
BRITO, L. (2002) – A saúde mental dos prestadores de cuidados a familiares idosos. Coimbra,
Quarteto Editora. ISNB: 972-8717-19-9.
BROOKER, C.; FALLOON, I.; BUTTERWORTH, A.; et al. (1994) - The outcome of training
community psychiatric nurses do deliver psychosocial intervention. British Journal of Psychiatry.
165, p. 222-230.
BURNS, T.; CATTY, J.; DASH, M.; et al. (2007) – Use of intensive case management to reduce time
in hospital in people with severe mental illness: systematic review and meta-regression. British
Medical Journal. 335, p. 336.
BURNS, T.; PERKINS, R. (2000) – The future of case management. International Review of
Psychiatry. 12, p. 212-218.
BUSTILLO, J.R.; LAURIELLO, J.; HORAN, W.P.; KEITH, S.J. (2001) – The psychosocial treatment of
schizophrenia: an update. American Journal of Psychiatry. 158 (2), p.163-175.
CALDAS DE ALMEIDA, J.M.; MATEUS, P.; XAVIER, M.; TOMÉ, G. (2015) – Joint Action on Mental
Health and Wellbeing: Towards Community-Based and Socially Inclusive Mental Health Care,
European Commission – Portugal Situation Analysis. European Union.
CALDAS DE ALMEIDA, J. M.; XAVIER, M (2014) – Estudo epidemiológico nacional de saúde mental
– 1º Relatório. Lisboa, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. ISBN:
978-989-98576-0-5
CASTRO-HENRIQUES, M.; BARROS, G.; RIBEIRO, J.; PALHA, F. (2006) – Funcionamento social e
qualidade de vida em doentes com esquizofrenia. Saúde Mental – Mental Health. 8 (1), p. 11 –
22.
46
CASTRO, L.; PAIS, V.; PEREIRA, H.; PEREIRA, J. (2007) – Contribuição relativa da Esquizofrenia nos
internamentos e re-internamentos no Serviço de Psiquiatria de Matosinhos (Hospital de
Magalhães de Lemos). Saúde Mental. 9 (3), p. 38-39.
CHANG, L.R. et al. (2013) – Psychopathology, rehospitalization and quality of life among patients
with schizophrenia under home care case management in Taiwan. Journal of Formosan Medical
Association. 112, 208-215.
CHANG, L.R. et al. (2011) – Autonomic modulation and health-related quality of life among
schizophrenic patients treated with non-intensive case management. PLoS One, 6 (11), e26378.
CNSM (2008) – Plano Nacional de Saúde Mental 2007–2016: Resumo Executivo. Lisboa,
Comissão Nacional para a Saúde Mental. ISBN: 978-989-95146-6-9.
CORRIGAN, P.W.; LARSON, J. E., RÜSCH, N. (2009) – Self-stigma and the «why try» effect: impact
on life goals and evidence-based practices. World Psychiatry. 8 (2), p. 75-81.
D’AMATO, T.; ROCHET, T. (2001). Epidemiologia da Esquizofrenia. In: Dalery, J.; D’Amato, T.
(Eds.). A esquizofrenia: Investigações Actuais e Perspectivas (1ª ed.) Lisboa, Climepsi Editores, p.
19 – 40. ISBN: 972-8449-78-x.
DELANEY, K.R.; FERGUSON, J. (2014) – Peplau and the brain: why interpersonal neuroscience
provides a useful language for the relationship process. Journal of Nursing Education and
Practice. 4 (8), p. 145 – 152.
DGS – Direção-Geral da Saúde (2017) – Programa Nacional para a Saúde Mental 2017.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 47
DH - Department of Health (2001) - Evidence base for the clinical standards for schizophrenia.
Clinical Standards Board for Scotland.
DIÁRIO DA REPÚBLICA (1998) – Organização dos Serviços de Saúde Mental. 1ª série - A, nº 30,
Dec. Lei nº 35/99, 5 de fevereiro, p. 676-681.
DOGAN, S.; DOGAN, O.; TEL, H.; et al. (2004) – Psychosocial approaches in outpatients with
schizophrenia. Psychiatric Rehabilitation Journal. Boston. 27 (3), p. 279-283.
DOUGHERTY, R.; LYMAN, D.; GEORGE, P.; et al. (2013) – Assessing the evidence base for
behavioural health services: introduction to the Series. Psychiatric Services in Advance, p. 1- 5.
FARKAS, Marianne (2007) – The vision of recovery today: what it is and what it means for
services. World Psychiatry. 6, p. 4-10.
48
GRANDA MARIÑO, S.C.; DURÁN RIVAS, A.; PÉREZ BARCIA, Á. (2007) – Continuidad de cuidados
– una propuesta desde enfermeria. Interpsiquis, Psiquiatria.com.
HARGREAVES, W.; JERRELL, J.; LAWLESS, S.; UNICK, J. (2007) – Doing the difficult and dangerous:
the Community Program Practice Scale. Administration and Policy in Mental Health and Mental
Health Services Research. 34:138-149. Springer, ISSN:1573-3289.
HENWOOD, B.F.; MATEJKOWSKI, J.; STEFANCIC, A.; LUKENS, J.M. (2014) – Quality of life after
Housing First for adults with serious mental illness who have experienced chronic homelessness.
Psychiatry Research. 220 (1-2), p. 549 – 555.
HURLEY, J.; LINSLEY, P. (2007) – Expanding roles within mental health legislation: an opportunity
for professional growth or a missed opportunity. Journal of Psychiatric and Mental Health
Nursing. 14, p. 535 – 541.
INTAGLIATA, J.; BAKER, F. (1983) - Factors affecting case management services for the
chronically mentally ill. Administration in Mental Health. 11 (2), p. 75 – 91.
JEWELL, T.; DOWNING, D.; McFARLANE, W.R. (2009) – Partnering with families: Multiple Family
Group Psychoeducation for Schizophrenia. Journal of Clinical Psychology. 65 (8), p. 868-878.
JÓNSDÓTTIR, H.; FRIIS, S.; HORNE, R.; et al. (2010) – Beliefs about medications: measurement and
relationship to adherence in patients with severe mental disorders. Acta Psychiatrica
Scandinavica. 119, p.78-84.
KANTER, J. (2010) – Clinical case management. In: BRANDELL, J. (Ed.) - Theory and Practice of
Clinical Social Work (2Nd Edition),Ed., Columbia University Press.
KASCKOW, J.; FELMET, K,; APPELT, C.; et al. (2014) – Telepsychiatry in the assessment and
treatment s schizophrenia. Clinical Schizophrenia & Related Psychosis. 8 (1), p. 21 – 27.
KREYENBUHL, J.; NOSSEL, I.; DIXON, L. (2009) – Disengagement from mental health treatment
among individuals with schizophrenia and strategies for facilitating connections to care: a review
of the literature. Schizophrenia Bulletin. 35 (4), 696-703.
KUMRA, S.; NICOLSON, R.; RAPOPORT, J.L. (2003) – Esquizofrenia com início na infância. In
ZIPURSKY, Robert B; SCHULZ, S. Charles (Coord) – As fases iniciais da esquizofrenia. Lisboa,
Climepsi Editores, p. 153-174.
KUON, J.S.; CHOI, J.S. (2009) – Social functioning and quality of life as measures of effectiveness
in the treatment of schizophrenia. World Psychiatry. 8 (2), p. 35-36.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 49
LEFF, J. (2000) – Cuidados na comunidade – ilusão ou realidade? Lisboa: Climepsi Editores. ISBN:
972-8449-47-X.
LEFF, J.; SHARPLEY, M.; CHISHOLM, D.; et al. (2001) – Training community psychiatric nurses in
schizophrenia family work: a study of clinical and economic outcomes for patients and relatives.
Journal of Mental Health. Abingdon. 10 (2), p. 189-197.
LEHMAN, A.F.; WARD, N.C.; LINN, L.S. (1982) – Chronic mental patients: the Quality of Life issue.
American Journal of Psychiatry. 139 (10), p. 1271-1276.
LEHMAN, A.F.; STEINWACHS D.M.; et al. (1998) – At issue: translating research into practice. The
Schizophrenia Patient Outcomes Research Team (PORT) treatment recommendations.
Schizophrenia Bulletin. 24 (1), p. 1-10.
LÓPEZ, M.; LAVIANA, M. (2007) – Rehabilitación, apoyo social y atención comunitaria a personas
con transtorno mental grave. Propuestas desde Andalucía. Revista de la Asociación Española de
Neuropsiquiatría . 17, p.187-223.
LOW, L.; TAN, Y.; LIM, B.; et al. (2013) – Effectiveness of assertive community management in
Singapore. Annals Academy of Medicine. 42 (3), p. 125 – 132.
MACEDO, A.F.; AZEVEDO, M.H. (1996) – A esquizofrenia é uma doença do cérebro: implicações
genéticas de um modelo neurodesenvolvimental da esquizofrenia. Psiquiatria Clínica. 17 (2), p.
67-81.
MACHADO, L. F.; DAHL, C.; CARVALHO, M.C.; CAVALCANTI, M.T. (2007) – Programa de
tratamento assertivo na comunidade (PACT) e gerenciamento de casos (case management):
revisão de 20 anos da literatura. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 56 (3), p. 208-218.
MALAKOUTI, S.; NOJOMI, M.; PANAGI, L.; et al. (2009) – Case-management for patients with
schizophrenia in Iran: a comparative study of the clinical outcomes of mental health worker and
consumers’ family members as case managers. Community Mental Health Journal. 45, p. 447 –
452.
MARQUES-TEIXEIRA, J.; PEREIRA, A.; SILVA, A.; et al. (2005) – Caracterização de doentes
portugueses com esquizofrenia: resultados da avaliação do estudo observacional SOHO no início
do estudo. Saúde Mental. 7 (4), p. 13-21.
50
MCCAY, E.; RYAN, K. (2003) – Satisfação das necessidades emocionais do doente. In Zipursky,
Robert B; Schulz, S. Charles – As fases iniciais da esquizofrenia. Climepsi Editores, p. 113-129.
MCFARLANE W.; SUSSER, E.; MCCLEARLY, R.; et al. (2014) - Reduction in incidence of
hospitalizations for psychotic episodes through early identification and intervention. Psychiatric
Services. 65 (10), p. 1194 – 1200.
MCFARLANE, W.; COOK, W.; DOWNING, D. (2010) – Portland Identification and Early Referral: a
community based system for identifying and treating youths at high risk of psychosis. Psychiatric
Services. 61 (5), p. 512 – 515.
McFARLANE, W.R. (Ed) - Multifamily groups in the treatment of severe psychiatric disorders. New
York: Guilford Press, 2002.
McGRATH, J.; SUSSER, E. (2009) – New directions in the epidemiology of schizophrenia. The
Medical Journal of Australia, 190 (4): S7-S9.
MELEIS, A.; GLICKMAN, C. (2014) – A passion in nursing for justice: toward global health equity.
In: KAGAN, P.; SMITH, M., CHIN, P. (Eds.) (2014) – Philosophies and practices of emancipatory
nursing: social justice as praxis. New York, Routledge. ISBN: 978-0-415-65953-6.
MEYER, P.S.; MORRISSEY, J.P. (2007) – A comparison of assertive community treatment and
intensive case management for patients in rural areas. Psychiatric Services, 58 (1), 121-127.
MUESER, K.; TORREY, W.C.; LYNDE, D; eta al. (2003) – Implementing evidence-based practices
for people with severe mental illness. Behavior Modification. 27 (3), p. 387-411.
NICE – National Institute for Clinical Excellence (2002) – Clinical guideline 1, schizophrenia: core
interventions in the treatment and management of schizophrenia in primary and secondary care.
London.
NJENGA, F. (2009) – Factors that influence functional impairment and outcome of mental illness.
World Psychiatry. 8 (2), p. 95-96.
NORTH, C.; YUTSY, (2010) – Goodwin & Guze’s Psychiatric Diagnosis. 6th ed. Oxford University
Press. ISBN: 978-0-19-514429-1.
O’BRIAN, A.; HUGHES, F.A.; KIDD, J.D. (2006) – Mental health nursing in New Zealand primary
health care. Contemporary Nurse. 21: 142 – 152.
O’CONNELL, M.; STEIN, C. (2011) – The relationship between case manager expectations and
outcomes of persons diagnosed with schizophrenia. Community Mental Health Journal. 47, p.
424 – 435.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 51
OE - Ordem dos Enfermeiros (2009b) – Estabelecer parcerias com os indivíduos e as famílias para
promover a adesão ao tratamento – Catálogo da Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem (CIPE®). ISBN: 978-989-96021-1-3.
OE – Ordem dos Enfermeiros (2009c) – Consulta de enfermagem por via telefónica. Parecer CJ
(Conselho Jurisdicional) – 102/2009.
OMS – Organização Mundial da Saúde (2002) – Relatório Mundial da Saúde 2001 – Saúde
Mental: Nova Compreensão, Nova Esperança. Lisboa: Direcção Geral de Saúde.
O’NEILL, M., MOORE, K.; RYAN, A.; et al. (2008). Exploring the role and perspectives of mental
health nurse practitioners following psychosocial interventions training.” Journal of Psychiatric
& Mental Health Nursing. 15 (7), p. 582-587.
PANTELIS, C.; YÜCEL, M.; WOOD, S.J.; et al (2005) – Structural brain imaging evidence for
multiple pathological processes at different stages of brain development in schizophrenia.
Schizophrenia Bulletin. 31(3), p. 672-696.
PARK, S.; THAKKAR, K.N. (2010)- «Splitting the mind» revisited: recent neuroimaging evidence
for functional disconnection in schizophrenia and its relation to symptoms. American Journal os
Psychiatry. 167 (4), p. 366-368.
QUEIRÓS, P.J.; VIDINHA, T.S.; FILHO, A.J. (2014) – Autocuidado: o contributo teórico de Orem
para a disciplina e profissão de Enfermagem. Revista de Enfermagem Referência, IV (3), pp.157
– 164. ISSN: 0874.0283.
RECTOR, Neil A.; et al. (2005) – The negative symptoms of schizophrenia: a cognitive perspective.
Canadian Journal of Psychiatry, 50 (5), p. 247-257.
RUGGERI, M; LEESE, M.; THORNICROFT, G.; et al. (2000) – Definition and prevalence of severe
and persistent mental illness. British Journal of Psychiatry. 177, p. 149 – 155.
SAN, L.; CIUDAD, A.; ÁLVAREZ, E.; et al. (2007) – Symptomatic remission and social/vocational
functioning in outpatients with schizophrenia: prevalence and associations in a cross-sectional
study. European Psychiatry. 22, p. 490 – 498.
SANTOS, E.; FERNANDES, E.; MATOS, G.; BRITO, L. (2010) – O consumo de Cannabis e o risco de
esquizofrenia. Saúde Mental. 12 (3), p. 36-45.
52
SAOUD, M.; DUMAS, P. (2001). Modelos de vulnerabilidade à esquizofrenia. In: Dalery, J.;
D’Amato, T. (Eds.), A esquizofrenia: Investigações Actuais e Perspectivas (1ª ed.) Lisboa, Climepsi
Editores. ISBN: 972-8449-78-x.
SCHULZ, S.C.; FINDLING, R.; Davies, M. (2003) – Esquizofrenia com início na adolescência. In:
ZIPURSKY, R.; SCHULZ, S.C. (Coord) – As fases iniciais da esquizofrenia. Lisboa, Climepsi Editores,
p.175-185. ISBN: 972-96-066-9.
SENN, V.; KENDAL, R.; WILLETS, L.; TRIEMAN, N. (2000) – Nível e exigências de formação do
pessoal. In: LEFF, Julian – Cuidados na comunidade – ilusão ou realidade? Lisboa: Climepsi
Editores, 2000.
SHANLEY, E.; JUBB-SHANLEY, M. (2007) – The recovery alliance theory of mental health nursing.
Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing. 14, p. 734 – 743.
SILVERSTEIN, S.M.; BELLACK, A.S. (2008) – A scientific agenda for the concept of recovery as it
applies to schizophrenia. Clinical Psychology Review. 28, p. 1108-1124.
SIMÕES, C.; SIMÕES, J. (2007) - Avaliação Inicial de Enfermagem em Linguagem CIPE® segundo
as Necessidades Humanas Fundamentais. Revista Referência, II série, 4, p. 10 – 23.
SIMPSON, A. (2007) - The impact of team processes on psychiatric case management. Journal of
Advanced Nursing. 60(4), 409–418.
SIMPSON, A. (2005). Community psychiatric nurses and the care co-ordinator role: Squeezed
to provide ‘limited nursing’. Journal of Advanced Nursing. 52 (6), P. 689-699.
SINGH, S.P. (2000) – Running an effective community mental health team. Advances in
Psychiatric Treatment. 6: 414-422.
SOLOMON, P.; ALEXANDER, L. (2010) – The relationship of case managers’ expressed emotion
to clients’ outcomes. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology. 45, p. 165 – 174.
STEPHEN, H.; SCHULTZ, M.D.; STEPHEN, W.; et al. (2007) – Schizophrenia: a review. American
Family Psysician. 75 (12), p. 1821 – 1829.
STERGIOPOULOS, V.; GOZDZIK, A.; CAMPO, P. et al. (2014) – Housing First: exploring
participants’ early support needs. BioMedCentral Health Services Research. 167, p. 2 – 15.
SULLIVAN, W.P.; FLOYD, D.F. (2012) – There’s more than meets the eye: the nuances of case
management. Journal of Social Work in Disability & Rehabilitation, 11:3, 184-196.
TANDON, R.; KESHAVAN. M.; NASRALLAH, H. (2008) – Schizophrenia – ‘Just the facts’ What we
know in 2008. 2. Epidemiology and etiology . Schizophrenia Research. 102: 1 – 18.
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 53
TARRIER, N.; BOBES, J. (2000) – The importance of psychosocial interventions and patient
involvement in the treatment of schizophrenia. International Journal of Psychiatry in Clinical
Practice. 4 (1), p. S35-S51.
TORREY, E.F. (2006) – Surviving schizophrenia – a manual for families, patients, and providers.
5th ed. New York, Harper Collings Publishers. ISBN: 978-0-06-084259-8.
VAN OS, J.; BAK, M.; HANSSEN, M.; et al. – Cannabis Use and Psychosis: A Longitudinal
Population-based Study. American Journal of Epidemiology. Vol. 156, nº 4 (Abril, 2002).
VUCKOVICH, P. (2010) – Compliance Versus Adherence In Serious And Persistent Mental Illness.
Nursing Ethics. 17 (1), p. 77- 85
WALTON, Jo Ann - On living with schizophrenia. In: MADJAR, Irena; WALTON, Jo Ann. Nursing
and the experience of illness – phenomenology in practice. London: Rutledge, 1999.
YANK, G.R.; BENTLEY, K.J.; HARGROVE, D.S. (1993) – The vulnerability-stress model of
schizophrenia. American Journal of Orthopsychiatry. 63 (1), p. 55.
WALLACE, T.; O’CONNOLL, S.; FRISCH, S. (2005) – Community psychiatric practice - What do
nurses do when they take the streets? An analysis of psychiatric and mental health nursing
interventions in the community. Community Mental Health Journal. 41 (4), p. 481 – 496.
WHO (2013) – Mental Health Action Plan 2013-2020. Geneva, World Health Organization. ISBN
978 92 4 150602.
WHO (2009) – Portugal – Effective and human mental health treatment and care for all. The
WHO country summary series. Ministry of Health Portugal & Department of Mental Health and
Substance Abuse. World Health Organization, Geneva.
WOODBERRY, K.; SEIDMAN, L.; GIULIANO, A.; et al. (2010) – Neurological profiles in individuals
at clinical high risk of psychosis: relationships to psychosis and intelligence. Schizophrenia
Research. 123 (2–3), p. 188 – 198.
ZIPURSKY, R.B; SCHULZ, S.C. (2003) – As fases iniciais da esquizofrenia. Lisboa: Climepsi Editores.
ZUGURAS, S.J.; STUART, G.W. (2000) – A meta-analysis of the effectiveness of mental health case
management over 20 years. Psychiatric Services, 51 (11), 1410-1421.
54
MARIA LUISA DA SILVA BRITO | O Enfermeiro como Terapeuta de Referência nas Equipas de Saúde Mental Comunitária 55