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Mestrado em Engenharia de Energia e Ambiente

Métodos de Decisão e Otimização


Trabalho prático de Avaliação Multicritério

Objetivos comuns:
a) Aplicar o método ELECTRE I para determinar a melhor opção, usando limiares
de concordância e discordância1 de 60%.

b) Obter uma nova tabela de avaliação com valores normalizados para todos os
critérios segundo a regra a seguir indicada e procurar determinar os pesos que
reproduzam os resultados obtidos na alínea anterior:
gi
u  g i = , s e n d o g o vetor das avaliações segundo um dado critério
m a x ∣g ∣

c) Determinar o significado dos compromissos obtidos entre os diferentes critérios,


comentando o seu significado, se aplicável.

d) Tecer considerações globais sobre a aplicação dos dois métodos ao problema.

1 Serão aceites resoluções que façam apenas uso do limiar de concordância, com uma ligeira
penalização.
Temas por grupo
E, H - Localização de uma unidade de compostagem 2

Introdução
A eliminação de resíduos urbanos por incineração revela-se extremamente cara e
criadora de problemas de poluição atmosférica. O armazenamento em aterros acarreta
também problemas diversos. A recuperação de todas as fracções valorizáveis é assim
uma opção extremamente interessante, desejando-se a reciclagem de:

 Resíduos alimentares e vegetais

 Matérias sintéticas

 Vidro

 Metais ferrosos e não ferrosos

 Papel e cartão

 Madeira e peles

A reciclagem de alguns destas fracções já faz parte do nosso dia-a-dia, mas, o


reaproveitamento de resíduos alimentares e vegetais não é ainda uma realidade. Uma
comuna Suíça pretende por isso instalar uma unidade de compostagem com uma
capacidade mínima para 20000 toneladas anuais de resíduos. Este é o tamanho
considerado mínimo para justificar economicamente a unidade.

Para justificar os resíduos necessários, foi constituída uma associação intercomunal,


resultando numa quantidade de resíduos produzida de 23000 toneladas anuais, num
horizonte de 20 anos. Foi assumido o transporte em caminho de ferro para longas
distâncias e cada comuna ou grupos de comunas participantes pagará a colecta dos seus
resíduos que serão concentrados numa de 4 estações de recolha previstas para as
localizações 2, 3, 4 e 5. Estes lugares e três outros (1, 6 e 7) poderão assim ser
escolhidos para a localização da unidade de compostagem.

O objectivo é assim escolher o valor relativo de cada um destes lugares, considerando


os aspectos de apreciação económicos, sociais, políticos e ambientais, alguns objectivos
(quantitativos) e outros subjectivos (qualitativos).

2 Retirado do livro “Maystre, L., Pictet, J., Simos, J. Methodes multicriteres ELECTRE. Presses
Polytechniques et Universitaires Romandes, 1994.
Significado dos critérios
Preço do terreno: considerando que todos os custos associados à instalação da unidade
são invariáveis com a localização, apenas se considerou este aspecto que varia de
acordo com o valor comercial do terreno em cada um dos lugares.

Custo de transporte: O custo de transporte está associado às distâncias entre os


diferentes centros de recolha e a localização candidata para a instalação da unidade e à
quantidade transportada.

Estado actual do ambiente: Agregação de vários sub-critérios de natureza qualitativa e


subjectiva, obtidos por questionários à população entrevistas a serviços públicos e
estatísticas sobre as queixas efectuadas por residentes nos últimos 5 anos. Está medido
numa escala de 0 a 10, sendo que 10 representa um estado muito bom.

Número de residentes prejudicados : Escala qualitativa (0-10) que procura representar o


número de residentes afectados pelo vento relativamente aos odores, pela distância
relativamente ao ruído e pelo ângulo de visão relativamente à degradação da paisagem.
A escala qualitativa foi escolhida por se tratarem de prejuízos hipotéticos e tendo em
consideração uma ponderação entre os diferentes tipos de prejuízo. A melhor situação é
representada pela nota 10 (menor prejuízo).

Competição com outras vocações : Escala qualitativa que representa um possível uso do
terreno para outros fins. É um critério qualitativo dada a natureza hipotética das
alternativas ao investimento e foi obtida pela agregação de inquéritos diversos (os
maiores valores da escala correspondem aos locais com menor competição – trata-se
assim de um critério a maximizar).

Ponderações dos critérios


Os decisores pretenderam inicialmente atribuir entre 85% e 90% aos critérios
relacionados com aspectos económicos e 15% aos aspectos ambientais. Para definição
dos pesos individuais aos critérios foi então usado o seguinte racional.

O custo de tratamento corresponde a cerca de 33,5 €/t

O custo específico associado à compra do terreno foi calculado para um preço médio de
60 €/m2, com amortização de 4% ao ano e para uma área média de 38000m2,
resultando em 4 €/t

O custo específico do transporte foi obtido para uma média de 790 000 t.km/ano x 0,33
€ km-1 t-1, resultando em 11,4 €/t3

Se o montante global de 49 €/t corresponde a 85%-90% do peso global, os aspectos


ambientais corresponderão a cerca de 7 €/t. Retirando o custo de tratamento que é

3 Os valores foram obtidos por conversão de Francos Suíços pelo que podem haver
pequenas discrepâncias.
independente da localização, obtêm-se as ponderações equivalentes para os diferentes
critérios:

Com custos de tratamento Sem custos de


tratamento

Custo (€/t) Peso (%) Custo (€/t)

Aspectos económicos (critérios 1 e 2) 49 85-90 16,5

Aspectos ambientais (critérios 3, 4 e 5) 7 10-15 7

Total 56 100 23,5

Critérios Gama de pesos Peso de


referência

Preço 15 a 35 25

Custo 35 a 55 45

Estado 20 a 4 10

Número 20 a 4 12

Competição 13 a 4 8

Tabela de avaliação

Critérios

Preço do Custo de Estado actual Número de Competição


terreno transporte do ambiente residentes com outras
prejudicados “vocações”

Alternati €/m2 103 t.km/ano qualitativo qualitativo qualitativo


vas

A1 80 284 5 3,5 18

A2 101 269 2 4,5 24

A3 67 413 4 5,5 17

A4 40 596 6 8,0 20

A5 20 1321 8 7,5 16

A6 54 734 5 4,0 21

A7 30 982 7 8,5 13

Pesos 25% 45% 10% 12% 8%


. B, I - Escolha de medidas de promoção da eficiência energética 4

Introdução
A Seattle City Light (SCL) é uma companhia pertencente ao município de Seattle,
estado de Washington. Em 1992 a ponta do consumo era de cerca de 2000MW, satisfeita
em 5% através de uma central a carvão (central Centralia) , 49% com capacidade
própria hidroeléctrica e 46% por aquisições, na sua maioria da Bonneville Power
Administration. A SCL vendia uma quantidade significativa de energia a companhias no
noroeste e no sudoeste dos EUA, numa capacidade média de 165 MW, num ano típico.

O estudo em que se baseia este caso prático foi um problema hipotético de planeamento
para a SCL analisado por 12 pessoas, incluindo elementos da empresa: 3 ambientalistas,
2 elementos do planeamento de DSM, um analista de tarifas, 2 elementos do
planeamento de recursos e um elemento do planeamento de operações, e elementos
externos à empresa: um consultor de planeamento, um representante de um grupo
ambientalista e um gestor de uma empresa de carvão. O objectivo foi analisar um
conjunto de 12 portfolios de recursos a adquirir para o ano 2010, de acordo com um
conjunto de 12 critérios.5

A1. Mix de “Custo mínimo”6; 200MW de Ciclo Combinado com Gaseificação de


Carvão (IGCC); 200MW de Ciclo Combinado a Gás Natural (NGCC); 58 MW
de pilhas de combustível (GC); sem despacho de emissões 7; sem DSM a custar
mais de 40 $/MWh.

A2. O mesmo que A1, mas com a queima de GN na Centralia durante o verão e 16
MW de DSM a 40 $/MWh.

A3. Uso de 20 $/ton CO2 para optimizar o mix de produção; 34MW de cogeração;
sem IGCC; 200MW FC; 27MW de DSM a 40 $/MWh.

A4. O mesmo que A3 mais a participação numa 4ª linha de interligação NW-SW; 30


MW hidroeléctricas por reconversão de barragens existentes;

4 Adaptado de Hobbs, B.F. e Meier, P.M. “Multicriteria methods for resource planning: an experimental
comparison”. IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 9, No. 4, November 1994

5 Para este caso prático foram retidos apenas 8 critérios e 7 alternativas, por selecção dos critérios que
apresentavam menor correlação e das alternativas não dominadas.

6 Utility Cost Mix: Miz de opções do lado da oferta (centrais) e do lado da procura (DSM) com menor
custo à companhia.

7 Gestão de centrais que minimiza emissões poluentes em vez de minimizar o custo.


A5. Uso da penalização de 40 $/t CO2 para optimizar mix: inclui cogeração,
hidroeléctricas e 54MW de DSM com custos entre 40 e 50 $/MWh.

A6. O mesmo que A8, mas, com 181MW de eólica e 50 MW de geotérmica e, vez de
NGCC.

A7. O mesmo que A5, mas, menos fiável (menos NGCC e GC), e com uso de gás
natural na Centralia durante o verão.

A8. O mesmo que A5, mas, com participação na 4ª interligação NW-SW e uso de
Gás Natural na Centralia durante o verão.

A9. O mesmo que A5, mas, com 181MW de eólica e 50MW de geotérmica em vez
de NGCC.

A10. O mesmo que A9, mas sem gás natural na Centralia durante o verão.

A11. Uso de 60 $/t CO2 para optimizar: 87MW eólica, 50 MW geotérmica, 115MW
NGCC, 200MW FC, 54MW de DSM com custos entre 40 e 50 $/MWh.

A12. Uso de 80 $/t CO2 para optimizar: 181MW eólica, 30 MW hídrica, 62MW
NGCC, 50MW geotérmica, 200MW FC, 81MW de DSM com custos entre 40 e
60 $/MWh.

Significado dos critérios

C1. Custo corresponde ao custo variável de produção da SCL mais as amortizações


de capital relativa aos novos investimentos, menos as receitas da “exportação”
de energia para as outras companhias.

C2. Emissões de CO2. Os valores negativos correspondem à estimativa de reduções


relativamente ao nível em 1992.

C3. Emissões de NOx – O critério pode também ter valores negativos porque as
“exportações” causam a redução de emissões noutros locais. Deve ser
minimizado.

C4. "Visibilidade" é o factor de capacidade da central Centralia no verão,


multiplicado pela parcela de carvão no seu combustível; Valores mais elevados
correspondem a maior visibilidade do seu impacte nos parques nacionais
vizinhos. Deve ser minimizado.

C5. "Uso de água" corresponde ao aumento do uso da água.

C6. O critério “Localizações remotas” corresponde ao desenvolvimento de recursos


eólicos e geotérmicos que implicam o desenvolvimento de novas linhas de
transporte e a localização de infra-estruturas em locais ambientalmente
sensíveis.
C7. O critério “novas hidroeléctricas foi incluído de forma idêntica devido à
oposição por parte de alguns participantes.

C8. ELOE - “Expected Loss of Energy”. Medida de fiabilidade. Representa a


possível energia não fornecida aos clientes.

Ponderações dos critérios

O estudo consistiu na aplicação e avaliação de diferentes métodos de ponderar os


critérios, não sendo apresentado um conjunto de pesos representativo. Os valores
sugeridos a seguir tiveram em consideração a representação hierárquica das
ponderações usada para um dos métodos, tendo em atenção a redistribuição dos pesos
dos critérios não considerados para este caso prático.

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

34% 13% 10% 8% 12% 7% 6% 10%

Tabela de avaliação

Custo CO2 NOx Visibilida Uso de sites novas ELOE


(NW) de água remotos hídricas

106 $/ano 106 t/ano t/ano l/s MW MW MWh/ano

C1 C3 C5 C7 C8 C10 C11 C12

a1 136,7 1,51 -3 4 96 0 0 0

a2 137,7 1,42 -3 0 93 0 0 0

a3 150,8 -0,07 -31 0,22 34 0 0 0

a4 153,9 -0,22 -32 0,22 37 0 30 0

a6 175,9 -0,79 -31 0,14 23 231 30 0

a7 158,8 -0,51 -32 0 34 0 30 7200

a11 182,2 -0,87 -2 0,08 31 137 0 0


. C, J - Gestão dos resíduos urbanos de Dakar8

Introdução
A gestão dos resíduos sólidos urbanos nos países em desenvolvimento é um problema
muito sério. Os recursos financeiros das municipalidades são reduzidos e as prioridades
são múltiplas. A escassez de mão-de-obra qualificada leva a uma exploração deficiente
de equipamentos, mesmo que sofisticados e importados de países desenvolvidos. A
transferência de modelos estrangeiros sem adaptação às realidades locais reduz também
a sua eficácia.

O objectivo é escolher uma de entre várias acções alternativas a saber:

A1.Status quo optimizado (optimização da recolha e transporte, manutenção do


centro de transferência em Pikine, planeamento da descarga)

A2.Idêntica a 1, mas, com um centro de transferência suplementar

A3.Idêntica a 1 com pré-tratamento e valorização

A4.Idêntica a 3 com moagem

A5.Idêntica a 4 com compostagem natural dos resíduos orgânicos

A6.Incineração e produção de electricidade

A7.Idêntica a 7 com recuperação de calor

Os decisores pertencem a diversos organismos, nomeadamente, o Ministério do


Ambiente, a Comunidade urbana de Dakar (CUD), o Ministério da Saúde, a Sociedade
de Planeamento Urbano do Senegal (SIAS) e ainda os recolhedores (RECUP) e
utilizadores (UTIL).

Significado dos critérios

C1.Custo de investimento : Custo relativo aos investimentos em infra-estruturas,


super-estruturas e equipamentos. Os números apresentam alguma imprecisão
uma vez que resultam de estimativas.

C2.Custo de exploração : Representa os resultados líquidos de exploração


correspondendo às despesas de funcionamento (recolha, transporte e instalação)
subtraídas das receitas (venda de matérias recuperadas).

8 Adaptado do livro “Maystre, L., Pictet, J., Simos, J. Methodes multicriteres ELECTRE. Presses
Polytechniques et Universitaires Romandes, 1994.


C3.Higiene do trabalho e saúde pública : Critério avaliado a partir do número de
trabalhadores expostos a riscos sanitários (contacto com os resíduos) e a riscos
tecnológicos (explosões).

C4.Valorização e protecção do ambiente : Critério que agrupa vários sub-critérios,


nomeadamente a recuperação de energia em tep, a recuperação de matérias
primas secundárias (em t) e o impacto sobre a água, o solo e o ar (nota
qualitativa). O resultado é expresso numa escala qualitativa de 1 a 5.

C5.Aspectos sociais e participação da população: Este critério integra o número de


empregos criados, o grau de integração dos recuperadores de resíduos no sistema
proposto e a aceitação social do sistema. É medido numa escala qualitativa.

C6.Aspectos políticos, legislativos e institucionais: Este critério subjectivo refere-se


ao grau de “viscosidade administrativa” e os riscos de conflitos de competências
administrativas resultantes da acção pretendida. Está avaliado numa escala de 1
a 5.

C7.Autonomia e adaptabilidade tecnológica: Avaliação empírica relacionada com o


custo e complexidade das instalações electromecânicas e da necessidade de
transformação do sistema.

Ponderações dos critérios

Neste caso, os diferentes decisores atribuíram diferentes ponderações aos critérios,


resultando na seguinte tabela:

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

% % % % % % %

ME 7 4 18 21 14 25 11

CUD 11 18 21 4 25 7 14

MS 5 14 25 22 18 5 11

SIAS 21 21 7 11 3 26 11

RECUP 14 7 21 18 25 11 4

UTIL 21 18 11 4 14 25 7

média 13 14 17 13 17 17 10
Tabela de avaliação

Alterna Custo de Custo de Higiene Valoriza- Aspectos Aspectos Autonomia


tivas investimento explora- do ção e sociais e políticos, e
ção Traba- protecção participa- legislativos adaptabili-
lho e do ção da e dade
saúde ambiente população institucio- tecnológica
pública nais

103 € €/ano

A1 74 6633 5 1 1 5 5

A2 94 6265 5 1 1 4 5

A3 231 5796 2 3 4 3 1

A4 318 5628 2 5 4 2 3

A5 566 6131 1 5 5 1 1

A6 318 6399 2 5 5 2 3

A7 9380 5092 1 2 1 3 1

A8 9380 4154 1 2 1 3 1

Pesos 13 14 17 13 17 17 10
. D - Gestão de resíduos domésticos e similares do Cantão de
Genève9
Introdução
Como gerir os resíduos domésticos de uma população de cerca de 400000 habitantes?
Será possível continuar com uma gestão do tipo incinerar tudo?10 Ao recusar em 1985 a
autorização para o aumento da capacidade da incineradora de Cheneviers, os deputados
obrigaram a administração a reflectir sobre estas questões.

Foi constituído um grupo de trabalho para propor uma nova política de gestão de
resíduos, composto por representantes do Cantão (Departamento de obras públicas,
Departamento de Economia Pública), das comunas (Associação de Comunas de Genève
e Cidade de Genève), e de associações opositoras à incineração (WWF, Sociedade para
a protecção do ambiente – SPE e Federação Romande de Consumidores – FRC).

O objectivo era definir um sistema de gestão de resíduos ordinários, procurando obter


um consenso entre os membros do grupo de trabalho, com interesses fortemente
divergentes.

As alternativas a estudar representam variantes do sistema de gestão de resíduos,


caracterizadas pelas instalações que as compõem (de recolha, triagem e tratamento):

Significado dos critérios11

C1.Custo. Os custos anuais totais incluem: amortização dos custos de investimento,


custos de exploração e benefícios da venda dos produtos valorizados.

C2.Recuperação de Energia. Critério avaliado através de um balanço energético do


sistema, correspondendo à produção de energia subtraída do consumo. O
balanço pode ser positivo ou negativo. Critério a maximizar.

9 Adaptado do livro “Maystre, L., Pictet, J., Simos, J. Methodes multicriteres ELECTRE. Presses
Polytechniques et Universitaires Romandes, 1994.

10 O caso remonta a 1985 quando a reciclagem ainda não era uma prática corrente.

11O estudo original incluía mais critérios. Para este caso prático retiveram-se apenas os
que não apresentavam grande correlação, para limitar o seu número.


C3.Necessidades em volume de descarga. Expresso em toneladas anuais de resíduos
ou de subprodutos que é necessário transportar. Critério a minimizar.

C4.Flexibilidade. Critério que mede a capacidade do sistema se adaptar às variações


da produção de resíduos. Os valores foram obtidos por consulta a peritos. A
opção com maior flexibilidade obteve a maior nota.

C5.Impacte dos bens produzidos sobre o ambiente. Critério avaliado através da


soma das quantidades produzidas, ponderadas por coeficientes que representam
a possibilidade de reciclagem e controlo que é possível estabelecer sobre os bens
produzidos a partir dos resíduos. O cálculo algo complexo, deu origem a uma
pontuação em que o maior valor é atribuído à alternativa com menor impacte
sobre o ambiente.

C6.Impacte dos resíduos não recuperados sobre o ambiente. Critério de avaliação


complexa de forma idêntica à do anterior. A pontuação premeia a alternativa
com menor impacte em termos de resíduos poluentes não recuperáveis.

C7.Inconvenientes. Critério obtido pela soma de 3 sub-critérios: impacte sobre a


paisagem ruído e tráfego. A maior pontuação corresponde à melhor opção.

C8.Educação e participação do consumidor. Critério avaliado por peritos. A maior


pontuação corresponde à melhor opção.

Ponderações dos critérios

Os diferentes decisores foram questionados sobre a ponderação a aplicar aos critérios


em uso, tendo-se obtido os valores indicados na tabela seguinte.

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

d1 20 30 10 14 7 7 10 2

d2 16 29 6 8 11 11 4 15

d3 18 17 12 10 5 16 8 14

d4 16 25 3 10 16 16 6 8

d5 7 28 11 14 11 15 6 8

MÉDIA 15,4% 25,8% 8,4% 11,2% 10% 13% 6,8% 9,4%


Tabela de avaliação12

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

MFr/ano GWh/an kt/ano


o

A1 18,6 103 74,2 1 91 36 13 2

A2 15,4 158 89,6 4 91 28 17 3

A3 18,8 31 49,1 4 35 76 15 2

A4 19,2 94 67,3 2 82 73 8 5

A6 17,3 86 62,3 3 91 39 12 6

A8 39,4 -8 57,6 6 84 46 5 1

A10 26,6 -42 32,4 8 23 85 10 2

A12 31,6 52 78,2 4 83 60 9 8

A13 22,5 -76 190,9 6 84 46 5 2

12 Para reduzir um pouco o problema em estudo, neste caso prático foram eliminadas alternativas
dominadas, mantendo-se contudo a numeração por uma questão de referência.
. A - Escolha de culturas para produção de biogás 13

Introdução
O biogás é uma fonte renovável de energia e contribui para a redução das emissões de
CO2. O biogás tem um impacte muito positivo no ambiente já que se produz menos
CO2 na sua combustão do que a usada por fotossíntese pelas plantas da qual for
produzido. A sua produção ocorre pela fermentação anaeróbica de matérias orgânicas
tais como: efluentes pecuários, efluentes domésticos, culturas energéticas, resíduos
orgânicos sólidos, etc.
Em termos tecnológicos, as culturas energéticas mais adequadas para climas temperados
são as ervas, o milho, o sorgo e legumes como o trevo branco, a ervilhaca e o tremoço.
Alguma literatura sugere ainda couve forrageira (repolho), girassol batateiro (alcachofra
de Jerusalem), miscanto (Miscantus sp.) e algumas ervas daninhas.
Para decidir entre as diferentes alternativas para uma fábrica de biogás, é necessária
informação económica para além da informação tecnológica. Para esse efeito foram
efectuados alguns cálculos com modelos da produção de culturas energéticas que
asseguram qualidade à informação necessária para os estudos subsequentes.
O objectivo passa assim pela avaliação da adequação de cada cultura para a produção de
biogás, respeitando vários critérios de análise. As alternativas em estudo incluem:
A1.Amarantáceas (Amaranthus)

A2.Girassol batateiro (Helianthus tuberus)

A3.Milho (Zea mays L.)

A4.Sorgo (Sorghum)

A5.Beterraba sacarina (Beta vulgaris L.)

A6.Girassol (Helianthus annuus)

13 Adaptado de Vindis, P. et al, “A multi-criteria Assessment of Energy Crops for Biogas Production”,
Journal of Mechanical Engineering. In press.


Significado dos critérios14
C1.Conteúdo energético – energia (térmica) obtida por hectare de cultura, após
produção do biogás.

C2.Razão Carbono-Azoto (C/N) – quanto maior for este rácio, menor impacte no
ambiente tem a produção agrícola associada.

C3.Dificuldade de produção. Critério qualitativo, determinado por peritos.

C4.Resistência à seca. Critério qualitativo, determinado por peritos.

C5.Tecnologia agrícola necessária. Critério qualitativo que avalia as exigências da


cultura relativamente à tecnologia agrícola.

C6.Necessidade de fertilizantes. Critério qualitativo, determinado por peritos.

C7.Necessidade de pesticidas. Critério qualitativo, determinado por peritos.

Para todos os critérios qualitativos, uma maior pontuação corresponde à melhor opção

Ponderações dos critérios

A natureza do método usado no estudo original não permitiu obter uma correspondência
exacta com pesos para os critérios retidos. Contudo, é referido que os pesos
estabelecidos tiveram como base uma ponderação de 54% para critérios económicos,
30% para critérios tecnológicos e 16% para critérios ambientais.

Assim, assumindo que:

 C1, C3, C4, C6 e C7 têm impacte económico,

 C3 e C5 reflectem questões tecnológicas

 C2, C6 e C7 representam o impacte ambiental

Assumindo também:

 Em termos económicos, C1 é tão importante como o conjunto dos restantes, e


estes têm peso equivalente.

 Em termos tecnológicos C3 deve ter um peso idêntico a C5

14 O texto original contém um número exageradamente grande de critérios, com forte correlação e
redundância. Foram retidos para este caso prático apenas os que parecem gerar conflituosidade e ter
relevância.


 Em termos ambientais, C2, C6 e C7 devem ter o mesmo peso

Vem15:

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

27% 5% 22% 7% 15% 12% 12%

Tabela de avaliação

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7
[kWh/ha] [C/N]
Amarantáceas 13109 14,00 4 3 3 2 3
Girassol 18377 42,00 4 3 3 4 5
batateiro
Milho 37197 24,00 3 3 3 3 3
Sorgo 28020 30,00 3 4 3 2 2
Beterraba 20964 33,00 2 1 2 2 3
Girassol 20698 40,00 3 1 2 4 3

15 As condições acima podem ser traduzidas em equações e o resultado obtido por resolução do sistema
correspondente. O peso de um critério que seja contabilizando para diferentes objectivos deve ser
obtido pelo somatório da ponderação de várias parcelas, uma por objectivo.
. F - Centralização ou descentralização da compostagem na
região de Sierre16

Introdução
Na gestão dos resíduos sólidos, a gestão dos resíduos orgânicos corresponde a um
problema particular e importante:

 Particular, porque é a única categoria de resíduos que pode ser tratada


directamente pelo produtor (compostagem individual), prática encorajada pela
legislação Suíça.

 Importante porque esta categoria representam em média um terço dos resíduos


domésticos

Para além do estímulo formal à compostagem individual, o Gabinete Federal do


Ambiente, Florestas e Paisagem (OFEFP) emitiu uma directiva que apenas subsidia
unidades de compostagem que tratem os resíduos orgânicos de mais de 30000
habitantes.

A comissão “Ambiente” da região de Sierre, no momento de definir a sua política em


matéria de compostagem, quis saber se seria possível escolher entre centralização e
descentralização - Uma solução centralizada implica um transporte de resíduos
orgânicos e uma solução descentralizada comporta um número razoavelmente grande de
instalações locais.

O objectivo do estudo consistiu assim em estudar as consequências da centralização e


da descentralização e determinar se é possível fazer uma escolha.

16 Adaptado do livro “Maystre, L., Pictet, J., Simos, J. “Methodes multicriteres ELECTRE”. Presses
Polytechniques et Universitaires Romandes, 1994.


As alternativas encontradas são as seguintes:

A1.Um centro de compostagem único para a região.

A2.Um centro de compostagem por sub-região (3).

A3.Um centro de compostagem por comuna (19).

A4.Dois centros de compostagem – um comum às duas sub-regiões norte e centro e


outro para a sub-região a sul.

A5.Sete centros de compostagem – um comum às duas sub-regiões norte e centro e


6 em cada comuna da sub-região a sul.

A6.Catorze centros de compostagem – um para a sub-região central e um por cada


comuna das outras sub-regiões.

A7.Sete centros de compostagem – um por cada uma das sub-regiões norte e sul, e
um por cada comuna da região central.

Significado dos critérios17

C1.Custo de investimento. Inclui o tratamento do terreno para impedir infiltrações e


recolha de águas pluviais, assim como a aquisição de todas as máquinas
(triturador, misturador) no caso das unidades de maior dimensão.

C2.Custo de funcionamento. Corresponde aos salários, aos custos associados à


trituração (no caso das unidades pequenas), às amortizações dos equipamentos
(no caso das unidades maiores) e aos custo de promoção para venda do
composto.

C3.Eficácia. Neste critério foi considerada essencialmente a economia realizada


pela não incineração de resíduos, pelo que o maior valor corresponde à melhor
opção.

C4.Inconvenientes. Critério avaliado qualitativamente em face dos inconvenientes


gerados a nível de ruído, odores e estética.

C5.Transportes. Critério avaliado qualitativamente a partir dos quilómetros a


percorrer e da viabilidade das rotas (rotas de montanha, risco de neve e de gelo).

17 O estudo original incluía mais critérios. Para este caso prático retiveram-se apenas os que não
apresentavam grande correlação, para limitar o seu número.


C6.Facilidade de implantação. Critério avaliado qualitativamente a partir da área
necessária e da área disponível em cada local.

C7.Adaptabilidade. Este critério pretendeu avaliar a facilidade de reconversão de


cada local, quer em termos de dimensão quer para a colocação em paralelo de
um outro sistema. Foi avaliado qualitativamente, recorrendo a peritos.

Em todos os critérios qualitativos (4-7), a maior pontuação corresponde à melhor opção.

Ponderações dos critérios

Os pesos foram obtidos recorrendo à consulta a vários elementos da Comissão


“Ambiente”, a quem foi pedido para distribuir 100 votos pelos diferentes critérios,
tendo-se obtido os valores indicados na tabela seguinte.
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

d1 12 26 20 10 8 19 5

d2 11 19 14 17 2 30 6

d3 10 30 16 14 4 22 4

d4 11 31 16 6 8 25 2

d5 9 24 13 5 5 29 15

Média 10,6% 26% 15,8% 10,4% 5,4% 25% 6,4%

Tabela de avaliação

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C8

k€ k€/ano k€/ano

A1 255 137 83 7 1 1 3

A2 281 145 83 5 3 2 3

A3 244 178 74 4 3 4 1

A4 268 129 92 6 2 1 3

A5 251 123 80 2 2 3 2

A6 245 159 76 3 3 4 1

A7 243 151 81 1 3 2 2

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