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TELEVISIONANDO AS SESSÕES DO STF NA ERA DO ESPETÁCULO

Televising of the sessions of the STF in the era of the spectacle

Resumo: na democracia, ter visibilidade desde sempre é fundamental. A constante


aparição nos meios de comunicação, imbuído de um caráter teatral, dá uma
impressão de transparência, ou seja, pressupõe uma espécie de prestação de
contas que soa essencial à democracia. Desse modo, os atores sociais em interação
e disputa por poder no espaço político decisório têm de reelaborar e ressignificar
suas estratégias comunicativas, de modo a alterar seus discursos consoante os
recursos disponíveis e os interesses buscados. O objetivo é analisar a atenção que
os especialistas têm dedicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a cada
decisão torna-se mais presente na vida das pessoas. Raros são os dias em que as
decisões do STF não se tornam manchete nos principais jornais brasileiros. Sendo
assim, o STF tem se tornado objeto privilegiado de muitos autores, dentre eles
Antoine Garapon, que analisa detidamente, em sua obra, o papel do
televisionamento das decisões judiciais. Órgão máximo do Judiciário, o Supremo é
uma instituição com crescente visibilidade, que cobre uma sequência de casos com
forte apelo social, político e midiático. A exposição é de tal proporção que alguns
ministros se tornaram personagens conhecidos da grande parte dos cidadãos
brasileiros. A cada vez que o STF decide uma questão controversa, surge uma
miríade tanto de críticas quanto de elogios. O dever de fundamentar as decisões faz
com que o Judiciário estabeleça um diálogo direto e explícito com a sociedade.

Palavras-chave: Democracia. Televisionamento. Espetáculo.

Abstract: In democracy, having visibility has always been fundamental. The constant
appearance in the media, imbued with a theatrical character, gives an impression of
transparency, that is, it presupposes a kind of accountability that sounds essential to
democracy. In this way, social actors in interaction and struggle for power in the
decision-making political space must rework and re-signify their communicative
strategies. The objective is to analyze the attention that the specialists dedicate to the
Court; with each decision it becomes more present in people's lives. Rare are the
days when the decisions of the Court do not become headlines in the main Brazilian
newspapers. Thus, the Supreme has become the privileged object of many authors,
between Antoine Garapon, who analyzes in detail in his work the role of the televising
of judicial decisions. The supreme body of the Judiciary, the STF is an institution with
increasing visibility, covering a sequence of cases with strong social, political and
mediatic appeal. The exhibition is of such a proportion that some ministers have
become known characters of the great part of the Brazilian citizens. Each time the
STF decides a controversial issue, a large number of criticisms and compliments
arise. The duty to justify decisions leads the Judiciary to establish a direct and explicit
dialogue with society.

Keywords: Democracy. Troadcasting. Spectacle.

Introdução
O escopo do presente artigo consiste em analisar o impacto relevante do
televisionamento das sessões do Supremo Tribunal Federal (STF) na TV Justiça, e
de que modo esse assunto vem sendo trabalhado no discurso. A presente pesquisa
insere-se nos debates atuais sobre o papel do STF pós Constituição de 1988,
enfatizando os conflitos advindos da relação entre os campos jurídico, político e
midiático. O intuito fundamental é dilucidar as transformações na construção da
imagem pública do Supremo e compreender o televisionamento das sessões pela
TV Justiça, observar o comportamento estratégico dos ministros e refletir sobre as
implicações de forma mais ampla deste fenômeno tendo em vista o julgamento da
ação penal n. 470, vulgarmente chamada de ‘julgamento do mensalão’.
O modo como os meios de comunicação observam os escândalos políticos
midiáticos sugere que o julgamento pode assumir a forma de um espetáculo – ou
seja, de um produto de entretenimento (LUHMANN, 2005). Debord (1997) dilucida
que o espetáculo é uma espécie de sociedade, em que a vida real é pauperizada e
fragmentária, e nela os indivíduos são incitados a contemplar e consumir as imagens
de tudo o que lhes falta em sua existência real. É a cultura da aparência, que possui
como característica implantar-se “[...] sob o signo hiperbólico da sedução, do
espetáculo, da diversão de massa” (LIPOVETSKY; SERROY, 2015, p. 263).
A discussão gira em torno do fato de que o bom raciocínio jurídico perde
espaço para a imagem que se faz daquele que está julgando. Não se pode negar
que a câmera foca todos os instantes em tempo real do magistrado, que fica, de
certo modo, fragilizado ante sua nudez. Consoante Garapon (1999, p. 86), “[...] a
imagem deve erguer todos os véus, deixar cair todas as máscaras, pois ela é a
própria expressão da verdade”.
Portanto, a imagem está em xeque. Desta maneira, em virtude da presença
das câmeras na sala de audiência, uma lógica de espetáculo é imposta aos
membros do STF que, com suas feições teatrais, coordenam suas ações perante o
público. Em razão disso, os “[...] juízes são promovidos a celebridades, quase
onipotentes pela via tecnológica” (MACHADO, 2013, p. 47). Basta recordar o status
alcançado por Joaquim Barbosa (SUPEREXPOSIÇÃO..., 2014), quando do
julgamento da ação penal n. 470, e como a sua popularidade foi a patamares tão
altos que ele foi cotado a candidato a presidente da república nas eleições de 2014.
De acordo com Garapon (1999),
[...] a imagem reforça essa sensação de imediatismo, a lógica da presença
tomando a frente da lógica pura e simples. A mídia tudo santifica [...]. Pela
transmissão ao vivo, a imagem dá um sentimento de invasão. (GARAPON,
1999, p. 87).

Ainda conforme Garapon (1999, p. 89), “[...] a imagem deve estar a serviço da
democracia, e não a democracia a serviço da imagem”. Isso diz muito sobre o que
se pretendeu analisar. A pretensa aproximação por meio da presença de câmeras
nos tribunais tem o poder de alterar o objeto de observação. Marcelo Lamy, diretor
da Escola Superior de Direito Constitucional, assevera que

[...] os próprios julgadores transformaram a exposição pública em uma


palestra, em uma colocação de uma sabedoria e erudição, deixando de lado
a explicação, para o povo, do que está sendo decidido (LAMY, ano apud
HENRIQUES, 2009).

Diante de um cenário de forte exposição midiática do STF (SILVA, 2016), a


questão do televisionamento das sessões de julgamento do tribunal tem dividido
opiniões de especialistas quanto aos efeitos oriundos da prática adotada pela Corte.
Os juízes têm sido questionados acerca de suas decisões pelos mais variados
meios de comunicação. Será que estamos vivendo o momento de maior visibilidade
do poder judicial? Eis a questão, uma vez que “[...] o espetáculo gera o espetáculo,
que alimenta o espetáculo. The show, mais que nunca, must go on” (LIPOVETSKY;
SERROY, 2015, p. 280).

Entre o anonimato e o espetáculo no Supremo Tribunal Federal

O termo speculum, raiz semântica de espetáculo, possui como significado


tudo que atrai o olhar e a atenção. Advém do verbo especular, que significa
observar, contemplar alguma coisa. Espetáculo, conforme Silva (1823, p. 776),
significa “[...] jogo, representação dramática que se dá ao público, gratuitamente ou
por dinheiro.”. A expressão sociedade do espetáculo, cunhada por Guy Debord,
encetou distintas interpretações. De acordo com o autor, “[...] toda vida das
sociedades [...] se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o
que era vivido diretamente tornou-se uma representação” (DEBORD, 1997, p. 13). O
autor ainda preleciona que o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma
relação social entre pessoas, mediatizadas por imagens. A sociedade do espetáculo
corresponde a uma fase da sociedade capitalista, quando há uma interdependência
entre o processo de acúmulo de capital e o de acúmulo de imagens. Espetáculo,
mercadoria e capitalismo estão totalmente imbricados; “[...] a mercadoria ocupou
totalmente a vida social” (DEBORD, 1997, p. 30). Hoje, outrossim, ser no mundo é
fugir da sensação de invisibilidade e insignificância, eis que existir é ser percebido.

Um olhar, uma distância, um corpo que se exibe afirmado como imagem


que fascina. Tem-se, aqui, então, os elementos necessários para uma
situação de sedução. Pois o que pretende o corpo que se exibe é sedução,
isto é, atrair, apropriar-se do olhar desejante do outro (REQUENA, 1988, p.
59).

Consoante Marilena Chauí, a palavra espetáculo é oriunda dos verbos latinos


specio, que significa ver, observar, perceber; e specto, examinar, ver com reflexão;
spectabilis é o visível; e speculum, aparição irreal, visão ilusória; speculare significa
ver com os olhos do espírito. Espetáculo atine ao campo da visão (CHAUÍ, 2010, p.
14). Por essa razão, espetáculo e especulação possuem a mesma origem e estão
atrelados ao pensamento enquanto operação do olhar e da linguagem, de modo que
a cultura está impregnada de seu próprio espetáculo, de ver e deixar-se ver .
Consoante Requena (1988), com o advento da televisão, qualquer espetáculo
se torna imediatamente acessível. Destarte, “[...] o preço da onipresença, da
cotidianização do espetáculo é a sua dessacralização” (REQUENA, 1988, p. 92).
Essa banalização do discurso televisivo, em que tudo tende a se tornar espetacular,
nada mais parece ser espetacular; “[...] em uma sociedade do espetáculo, em que
tudo tende ao espetacular, a espetacularização, paradoxalmente, também encontra
obstáculos para deslanchar e operar” (RUBIM, 2005, p. 19). Consoante Rubens
Casara,

[...] o espetáculo é uma construção social, uma relação intersubjetiva


mediada por sensações, em especial produzidas por imagens, vinculadas a
um enredo. O espetáculo tornou-se um regulador das expectativas sociais;
as pessoas, que são os consumidores do espetáculo, exercem a dupla
função de atuar e assistir, influenciam no desenvolvimento e são
influenciadas pelo espetáculo (CASARA, 2015).

O espetáculo, conforme Debord (1997), não deseja chegar a nada que não
seja ele mesmo. A relação espetacular surge da interação entre o espectador que
contempla e o que é contemplado. Constitui-se, outrossim, à distância; exclui a
intimidade. Ou seja, o espetáculo parece ter lugar ali onde os corpos mantêm
distância. Dos sentidos humanos, o ato de escutar assinala uma distância corporal.
A voz ascende ao microcosmos da intimidade e se torna no sussurro daquele que
acaricia o corpo do outro sujeito com seu alento. O ouvido, todavia, partilha sua
função com a visão; é a visão do corpo que atua – do corpo que gera o som, o que
certifica em todos estes eventos seu caráter espetacular.
A índole eminentemente pública deste ato há de ser reivindicada de imediato.
Com vistas a chamar a atenção e prender o olhar, o evento espetacular requer sua
localização em um local, geográfico ou virtual, necessariamente público. O
espetáculo remete à esfera do sensacional, do excepcional. A ruptura com o
ordinário dá-se mediante o acionamento do maravilhoso, do que encanta, atrai, do
que seduz os sentidos e o público. Este caráter de maravilhamento se dá “[...] pela
exacerbação das dimensões constitutivas do ato ou evento, da dramaticidade de sua
trama e de seu enredo” (RUBIM, 2005, p. 15-16).

A plasticidade visual, componente essencial, e a sonoridade tornam-se vitais


os movimentos, os gestos, os corpos, as expressões corporais e faciais, o
vestuário, os cenários, a sonoridade, as palavras, as pronúncias, as
performances; enfim, todo esse conjunto de elementos e outros não
enunciados têm relevante incidência na atração da atenção na realização do
caráter público e na produção das simbologias e dos sentidos pretendidos
com o espetáculo. (RUBIM, 2005, p. 13-14).

No processo do espetáculo tudo tem um sentido, uma funcionalidade real e


concreta. Há elementos teatrais que o constituem, sendo marcante o espaço cênico,
a indumentária, os atores, a plateia. A disposição cênica da sala, por si só, é uma
forma de comunicação. Muitas são as possibilidades de encenação. Ortega y
Gasset (1978, p. 31) define teatro como sendo “[...] um edifício que tem uma forma
interior orgânica constituída por dois órgãos – sala e cenário – dispostos para servir
a duas funções opostas mas conexas: o ver e o fazer ver”. Ortega, assim, desperta-
nos para a ideia de que, mais que um gênero literário, teatro é um gênero
espetacular, pois o ver antecede e ultrapassa o ouvir.

O espaço teatral é, pois, uma dualidade, é um corpo orgânico composto de


dois órgãos que funcionam um em relação com o outro: a sala e a cena. [...]
o curioso é que tudo o que os atores fazem em cena o fazem diante do
público e quando o público se vai eles também se vão – quer dizer, tudo o
que fazem o fazem para que o público o veja. [...]. À primeira dualidade, que
a simples forma espacial do edifício nos revelava – sala e cenário -, agrega-
se agora outra dualidade que não é espacial, mas humana: na sala está o
público; na cena, os atores. [...] O Teatro consiste numa combinação de
hiperativos e hiperpassivos. Somos, como público, hiperpassivos porque a
única coisa que fazemos é o mínimo fazer que cabe imaginar: ver e, para
começar, nada mais. [...] O ver é, pois, nosso primário e mínimo fazer no
Teatro. Com o que às duas dualidades anteriores – a espacial de sala e
cena, a humana de público e atores – temos de acrescentar uma terceira: o
público está na sala para ver e os atores no palco para serem vistos. Com
essa terceira dualidade, chegamos a algo puramente funcional: o ver e o ser
visto (ORTEGA Y GASSET, 1978, p. 29-31).

A dimensão sacral não é mais uma condição de validade dos atos jurídicos
como na Antiga Roma, mas sobrevive deixando traços na língua jurídica. Antoine
Garapon afronta o tema da sacralidade e da teatralidade do processo sob todos os
aspectos. Entre os elementos do ritual judiciário descritos por este autor há,
naturalmente, um espaço particular cuja função, em muitos casos, é de distanciar os
juristas que escrevem ou falam dos profanos que leem ou escutam. A sacralidade,
tanto jurídica como religiosa, constitui-se etimologicamente a partir da própria
separação de todo o resto.
Na sacralidade religiosa uma distância misteriosa separa a divindade do
mundo dos homens; ao passo que na jurídica são alguns homens, os juristas, a
quererem se separar dos destinatários, e o fazem recorrendo ao instrumento
adaptado ao escopo: as palavras. A razão é, ao mesmo tempo, a consequência da
construção da barreira linguística entre juristas e profanos, é a ciência dos primeiros
de pertencer a uma elite cujos membros se reconhecem e cuja linguagem se tornou
uma espécie de reconhecimento: uma sorte de distintivo de pertencimento a um
clube muito exclusivo.
Esta oposição entre o sacro e o profano, entre a mediação ritual e a distância
espetacular, resulta especialmente relevante para pensar o funcionamento de
determinados eventos ambíguos nos quais resulta difícil estabelecer a fronteira entre
o religioso e o espetacular.
As alterações sociais, econômicas e políticas ocorridas no transcorrer da
segunda metade do século XX colaboraram para o deslocamento dos tribunais para
o cerne do debate público. Os juízes, especialmente em sociedades democráticas e
plurais, ocuparam um local de destaque, estando cada vez mais expostos. Assim
sendo,

[...] poucos personagens sofreram tantas modificações nos últimos anos


quanto os magistrados. Sua presença transpôs as portas dos fóruns.
Dificilmente se encontrará um tema ou um embate sobre o qual não se
solicite a palavra ou não se pronuncie um magistrado. Como protagonistas
centrais, juízes, desembargadores e ministros de tribunais têm ocupado
espaços na arena pública, marcando posição e desempenhando papeis que
extrapolam a clássica imagem de discrição ou de extrema impessoalidade
(SADEK, 2006, p. 11).

Verifica-se a existência de um abismo entre o Judiciário e o cidadão, levando-


se em consideração não só a dificuldade de acesso à justiça como a falta de
informação, tanto do povo como dos próprios jornalistas, sobre os trâmites
processuais, essenciais para apreender o funcionamento da justiça. Portanto,
considerando a falta de informação da sociedade em relação a questões envolvendo
o funcionamento do Judiciário, a forma como o campo midiático manipula a
informação faz emergir o clamor público que passa a pressionar os magistrados a
ceder à pressão popular.
Desde os anos 1970 a televisão adquiriu um crescente protagonismo na vida
social até tornar-se parte crucial na vida quotidiana de milhões de pessoas. A
televisão, mais do que seu caráter de distração, assume um papel cultural e
educativo em sentido amplo. “A televisão é, até hoje, um instrumento na longa
história da emancipação e da democracia” (WOLTON, 1996, p. 5). O advento da
televisão é, portanto, inseparável do surgimento da democracia de massa e da
paulatina abertura para o mundo. O espectador representa a fonte de legitimidade
democrática; por meio da televisão o cidadão compreende o mundo em que vive.

[...] a televisão não pode ser dissociada de uma teoria da democracia e da


inteligência do cidadão, ou do espectador, porque são o mesmo indivíduo.
Basear a democracia na soberania dos cidadãos significa reconhecer a
inteligência dos espectadores (WOLTON, 1996, p. 6).

Nesse contexto, aparece o simulacro que, de acordo com Sodré (1990), pode
ser entendido como uma duplicação do real, capaz de encobrir, reformar ou abolir a
realidade. Para Subirats (1989), o simulacro é a representação que compete com o
ser representado, o sobrepuja, elimina e, finalmente, o substitui, convertendo-se no
único ser objetivamente real. Ainda segundo Sodré (1992), ao se impor como um
simulacro da realidade, a televisão faz com que o receptor se descuide, tomando
como verdadeiro o discurso televisivo.
Exibicionismo, narcisismo, marketing. O momento despojado pelo qual a
mídia passa pode ter várias causas. Sob a presença da câmera oculta, disposta a
revelar detalhes íntimos, a intimidade deixa de existir. O espelho de Narciso,
definitivamente, fundiu as esferas pública e privada (SODRÉ, 1990). Consoante
Maffesoli, o sujeito se comporta narcisicamente, e clama por ser aceito; existe nele
uma imensa necessidade de aprovação de sua imagem pelo outro. Ainda de acordo
com o autor, surge “[...] a importância de existir pelo olhar do outro. [...] O outro
decide quem sou eu” (MAFFESOLI apud XIBERRAS, 2010, p. 259).
Um conjunto de fatores tem contribuído para uma crescente visibilidade do
STF, dentre eles, a sequência de casos com forte apelo social, político e/ou
midiático, cujo ápice foi o denominado ‘julgamento do mensalão’. O caso despertou
grande interesse do público e foi objeto de uma cobertura nunca vista no País, com
matérias e reportagens diariamente em jornais, revistas, rádios e emissoras de
televisão. A exposição foi de tal monta que alguns dos ministros se tornaram
personagens conhecidos de grande parte dos cidadãos brasileiros.
O ministro Xavier de Albuquerque, ao presidir o STF em 1981, declarou: o
povo não conhece o Supremo, corroborando para um movimento de aproximação
com a opinião pública. Versa sobre o protagonismo do Supremo, afirmando ser
crucial resgatar o tribunal “[...] das páginas mais modestas da imprensa para as mais
destacadas e condizentes com a sua importância institucional” (ALBUQUERQUE,
2012, apud OLIVEIRA, 2012, p. 128). A proximidade da mídia com o STF vem em
uma tendência crescente desde a década de 1980 e se intensificou ainda mais após
a criação da TV Justiça e do televisionamento dos julgamentos. A midiatização e a
judicialização dos fatos da vida são fenômenos exaustivamente debatidos nos
últimos anos. Em uma sociedade que se tornou consumidora do Judiciário, a
demanda por notícias acerca dos fenômenos jurídicos é crescente. O judiciário é um
campo fértil para o espetáculo visado pelos meios de comunicação. O próprio
ambiente que circunda o tramite dos processos já possui um viés cênico (CÂMARA,
2011).A transmissão ao vivo dos julgamentos do plenário do STF merece destaque
por sua singularidade. Trata-se de uma novidade, algo empregado de maneira
inédita no mundo. O art. 93, inciso IX da Carta Magna brasileira dita que
“[...] todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, à próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos em que a preservação do direito
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação”
Ou seja, os julgamentos são públicos, exceto nos casos em que se deva
conservar o direito à intimidade. Em 2002, face à Lei n. 10.461, o STF principiou as
atividades da TV Justiça, canal de televisão público de caráter institucional que
pretende ser um espaço de comunicação e aproximação entre os cidadãos e o
Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a advocacia.
Consoante Trindade e Rosa (2016),

Se hoje as pessoas não sabem mais a escalação da seleção brasileira (sem


adentrar, aqui, nas razões para tanto), o mesmo não ocorre com a
composição de nossa Suprema Corte. Todos conhecem os atuais ministros
pelo nome. Tal fenômeno, além de inédito, não resulta, porém, da tomada
de consciência do povo brasileiro. Tampouco se deve à defesa da
democracia, ao exercício da cidadania e dos direitos políticos. Na verdade,
esse “interesse” decorre da obscena exibição — sempre em nome da
transparência — dos julgamentos da Suprema Corte. E a mídia sabe
explorar isso (TRINDADE; ROSA, 2016).

As sessões de julgamento do plenário são assistidas nos diversos veículos de


comunicação, seja pelo rádio, seja pela televisão, Youtube ou Twitter. Aliam-se a
isso os incontáveis pronunciamentos de ministros sobre fatos e processos em
jornais, entrevistas, eventos e outros. A publicidade e divulgação do trabalho
instituído pelo STF por intermédio de canais diretos de comunicação se transformou
rapidamente em um impeditivo para diálogos espontâneos e sinceros.
A possibilidade de assistir às sessões através da TV Justiça faz com que as
sessões alcancem a máxima publicidade, driblando a limitação física das salas.
Desta forma, os ministros não se dirigem mais somente aos seus pares e aos
advogados, mas a milhares de espectadores. E isso implica uma mudança na forma
de julgar, eis que o julgamento se dá em tempo real. A câmera foca cada gesto dos
ministros, e os próprios ministros se sabem flagrados pelas lentes e mudam o jeito
de transmitir seu voto. As questões examinadas precisam ser previamente
maquiadas, revelando a pavonice da Corte e de seus membros. Os votos vêm
prontos para que possam ser lidos, recheados de uma linguagem profundamente
empolada.
Pode-se vislumbrar uma diferença significativa oriunda da implementação da
TV Justiça: o incremento da publicidade ocasiona mudança na legitimação das
decisões do STF. A opinião pública entra nos tribunais para participar do processo
decisório. Assim, os ministros são alçados à condição de celebridades. Consoante
Antoine Garapon,
A tentação populista se caracteriza, antes de mais nada, por sua pretensão
a um acesso direto à verdade. Alguns indivíduos aproveitam a mídia para se
emancipar de qualquer tutela hierárquica. Ela lhes oferece um acesso
direto, conforma expressão de Perelman, ao ‘auditório universal’, quer dizer,
opinião pública. Um juiz considera-se prejudicado por sua hierarquia? Ele
apela imediatamente para a arbitragem da opinião pública. Todas as
anulações processuais são purgadas por essa instância de recurso
selvagem que a mídia representa, e os argumentos técnicos do direito ou
processuais não tardam a revelarem-se para a opinião pública como
argúcias, astúcias, desvios inúteis, que impedem a verdade de ‘vir à tona’. A
busca direta da aprovação popular por intermédio da mídia, acima de
qualquer instituição, é uma arma temível à disposição dos juízes, o que
torna muito mais presente o desvio populista. O populismo, com efeito, é
uma política que pretende, por instinto e experiência, encarnar o sentimento
profundo e real do povo. Esse contato direto do juiz com a opinião é
proveniente, além disso, do aumento do descrédito do político. O juiz
mantém o mito de uma verdade que se basta, que não precisa mais da
mediação processual (GARAPON, 1999, p. 49).

Ação penal 470: a Corte sob os holofotes

O julgamento da ação penal 470 provocou uma modificação substancial na


imagem pública do STF. A superexposição dos ministros nos meios de comunicação
interfere na relação havida entre a imprensa a opinião pública. O julgamento é
crucial para averiguar a questão do televisionamento das sessões do STF, tendo em
conta sua importância histórica e a publicidade que recebeu na mídia, não apenas
pelo escândalo político que envolve o conteúdo da ação penal, como também a
divulgação das interações entre os ministros.
O poder judiciário brasileiro passa por mudanças significativas desde o
advento da Constituição de 1988. A expansão da jurisdição constitucional está
vinculada a uma série de alterações ocorridas desde o final do século XX e o papel
assumido pelo STF de guardião mor da Constituição. O protagonismo do STF está
inserido no processo de expansão do poder judicial enquanto fenômeno global. As
cortes judiciais são instituições fulcrais à democracia contemporânea, e os juízes
são atores fundamentais deste processo. Consoante Hirschl (2004), a tendência à
‘juristocracia’ é uma das formas de desenvolvimento dos governos no final do século
XX e início do século XXI. A ideia segundo a qual os governos deveriam se submeter
à supremacia da Constituição foi disseminada a se transformou em um dos pilares
das democracias constitucionais contemporâneas. A Suprema Corte é concebida
como o fiscal máximo dos outros poderes, constituindo-se como a única instituição
apta a interpretar a Constituição.
Uma das maiores transformações em termos de imagem pública do Supremo
está vinculada ao processo de criação e funcionamento da TV Justiça. O
televisionamento transformou os ministros em atores da teledramaturgia jurídica,
cujo uso não é consensual entre os pesquisadores. Em que pese a publicidade das
sessões de julgamento possua previsão constitucional tendo em vista o princípio da
publicidade do Judiciário – disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição de 1988 ,
que dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”(BRASIL,
2019);não há um consenso em torno dos benefícios desta prática. Há uma
associação entre a veiculação ao vivo das sessões e seus efeitos no comportamento
dos ministros, inibindo o debate e incitando à produção prévia de votos pomposos,
narcísicos e herméticos, em lugar do diálogo saudável com os demais membros da
Corte.

Transmissões ao vivo e acórdãos disponíveis na internet, entre outras


medidas, criaram um mito de transparência que precisa ser desconstruído.
Ao contrário do que muitos tentam fazer crer, publicidade e transparência
não têm nenhuma relação direta e necessária com a quantidade de
julgamentos transmitidos pela TV. Um tribunal constitucional transparente é
aquele que decide com base em argumentos transparentes, que não
disfarça dilemas morais por trás da retórica jurídica hermética, que não se
faz surdo para os argumentos apresentados pela sociedade. Em suma, é
aquele que expõe abertamente os fundamentos de suas decisões para que
sejam escrutinados no debate público (MENDES; SILVA, 2009, p. 1).

Se por um lado a transmissão ao vivo das sessões permite uma maior


aproximação da população às atividades do STF, por outro gera uma
superexposição dos ministros que gera pressões e reações diversas, sobretudo
quando estão em jogo grandes questões políticas ou morais. A interação direta entre
o tribunal e os espaços midiáticos pode ser determinante no rumo dos julgamentos,
podendo causar distorções relativamente ao resultado das decisões. De acordo com
Fonte (2013) é possível averiguar que a TV Justiça modificou a dinâmica dos
julgamentos no Plenário e a própria compreensão dos ministros acerca do papel da
Corte. A performance e o voto de cada ministro se voltam mais ao convencimento e
à compreensão do grande público do que ao próprio colegiado. Além disso, a página
do Supremo na internet disponibiliza na íntegra os votos e a transcrição de eventuais
debates orais ocorridos nas sessões de julgamento.
Consoante Mendes (2010), os ministros do STF costumam ser identificados
como ‘onze ilhas’, ou seja, onze cabeças isoladas com sua pretensa autossuficiência
decisória e sua s subjetividades narcisistas. Luís Roberto Barroso preleciona que
"[...] o Supremo é menos um colegiado e mais uma soma de individualidades, e isso
é ruim para a democracia" (CARVALHO, 2010, p. 5). Importa frisar que é necessário
resguardar certo distanciamento entre as instituições e a vontade popular, eis que a
familiaridade diminui o respeito. O subjetivismo extremo dos ministros prejudica a
legitimidade e a imagem institucional.

É o paradoxo do olhar público sobre a justiça, ao mesmo tempo garantia e


ameaça, condição da justiça e portador da injustiça, antídoto e veneno.
Publicidade e distanciamento do público são duas forças antagônicas que
se devem respeitar e que, se uma não encontra a outra, a justiça estará
fadada ao desaparecimento (GARAPON, 1999, p. 89).

O episódio conhecido como mensalão teve início em maio de 2005 com a


publicação pela revista Veja, em 18 de maio, de uma matéria denunciando um
esquema de corrupção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A
revista publicou sobre um vídeo em que o funcionário empresa, Maurício Marinho,
aparecia negociando propina com empresas interessadas em participar de licitação
do governo. Na gravação Marinho dizia que agia em nome do deputado Roberto
Jefferson, então presidente do PTB. A revista cedeu as imagens ao Jornal Nacional,
que as exibiu em 14 de maio daquele ano, causando ampla repercussão do caso. A
imagem de Marinho apanhando das mãos do interlocutor o valor de R$ 3 mil e
colocando o dinheiro no bolso foi repetida reiteradas vezes no telejornal. Os partidos
de oposição, até então contidos no enfrentamento com o governo, procuraram
ampliar o escândalo através da criação de uma CPI no Congresso.
Todavia, o evento fulcral foi a denúncia do deputado Roberto Jefferson de
pagamento, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), de mensalidades ou propina a
deputados federais de partidos da base governista com vistas a aprovar projetos de
interesse do Executivo no Congresso. A acusação de Jefferson ocasionou uma
sucessão de denúncias envolvendo integrantes do PT, do governo e de outros
partidos, com consequências consideráveis para os atores envolvidos. A mídia está
no cerne do escândalo e realizou uma cobertura do caso pouco vista na história do
jornalismo nas últimas décadas.
As notícias relativas às denúncias de corrupção dominaram a cobertura dos
meios de comunicação por cerca de um ano, sobretudo em canais públicos como a
TV Câmara e a TV Senado. Deste modo, o mensalão entrou para a história como
um divisor de águas no âmbito da política institucional. Em março de 2006 o então
procurador-geral da República Antônio Fernando Barros e Souza ofereceu denúncia
ao Supremo Tribunal Federal. Àquela época os personagens do mensalão já haviam
sido julgados antecipadamente pela mídia.
O escândalo do mensalão retornou ao cerne das discussões de então nos
meios de comunicação em 2012, com o início do julgamento dos réus pelo plenário
do STF. A Suprema Corte compreendeu que de fato existiu um esquema de compra
de votos no Congresso a partir de recursos desviados de contratos da Câmara dos
Deputados e do Banco do Brasil. A ação passou por várias etapas, sendo a fase
recursal considerada completamente encerrada em agosto de 2014. O envolvimento
de líderes políticos de alto escalão do PT, a narrativa forjada pelo relator da ação e o
forte apelo midiático causaram tensões e oscilações diferentes, tanto em poderes
administrativos quanto em relação aos meios de comunicação e à sociedade.
Consoante Sousa (2013)"[...] é irreal pensar que o mensalão seja um julgamento
qualquer. Nunca as vozes do Supremo foram tão ouvidas pela sociedade brasileira.
A Corte sente que tem uma oportunidade de ouro para estampar sua legitimidade."
O julgamento esteve marcado por embates acalorados entre os membros da
Corte, mormente entre o relator, Joaquim Barbosa e o revisor, Ricardo Lewandowski.
Sendo assim, foi construído um arquivo, por meio de uma rede de enunciados e
imagens, acerca dos atores envolvidos que puderam circular na mídia durante o
julgamento. Todas as sessões de julgamento foram transmitidas ao vivo e sem
cortes pela TV Justiça e pela internet, bem como a imagens e áudios
disponibilizados para outros veículos de comunicação. O site do STF ainda difundiu,
de modo didático, informações relativas ao início do julgamento, a cronologia de
tramitação do processo e explicações acerca do acompanhamento das sessões pela
TV Justiça, Rádio Justiça e pela internet.

[A] Ação Penal 470 levou a um dos julgamentos mais longos da história do
Supremo. Foi o mais midiático desde a invenção da TV – no Brasil, e
possivelmente no mundo, superando mesmo o caso de O.J. Simpson,
celebridade da TV americana acusada de assassinar a própria mulher. Três
vezes por semana, sempre a partir das duas da tarde, suas sessões eram
transmitidas ao vivo e na íntegra, pela TV Justiça, do Poder Judiciário, e
pela Globo News (LEITE, 2013, p. 11).

O julgamento ocasionou um momento estratégico de grande visibilidade para


o STF e os ministros do tribunal. Sob o epíteto ‘o julgamento do século’, sem
precedente na história do tribunal, em virtude de sua repercussão e visibilidade, bem
como a capacidade de produzir e reverberar enunciados/imagens tão intensas sobre
o julgamento. A TV Justiça foi crucial para a construção da narrativa sobre o
julgamento. O discurso da Corte era tomado de um código hermético, o que agudiza
o evento dramático. A dramatização das notícias e a performance dos atores
conduziram a uma espécie de justiça-espetáculo, viabilizada por uma relação
mediada por imagens. O ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF à época,
dedicava diariamente um lapso para conversar com os jornalistas e explicar vários
aspectos da ação penal à imprensa.
Em 17 de dezembro de 2012 a ação penal 470 foi concluída. Durante este
lapso a Corte condenou 38 réus, fixou as punições de cada um e determinou a
cassação dos mandatos de parlamentares. O procurador-geral solicitou a prisão
imediata dos condenados em regime fechado, mas o relator da ação negou. O ano
de 2012 ficou marcado pelo mais polêmico julgamento televisionado da história do
Tribunal. Os integrantes da Corte experimentaram as contradições da
superexposição midiática. De acordo com Ayres Britto,

Os ministros são figuras midiáticas e têm que saber administrar essa


notoriedade [...]. Eu não me sinto estrela, nem pop star, e nem assediado.
Encaro com a maior naturalidade. Se me pedirem para tirar dez fotos, eu tiro
as dez. Os ministros não são apenas julgadores, eles têm satisfações a dar
ao público. É um dever se comunicar, desde que esse contato não resvale
para o vedetismo e o culto da personalidade (CARVALHO, 2010, p. 23).

Em que pesem as considerações em torno do resultado da ação penal 470, o


fato é que o STF ainda não havia experimentado uma situação de tamanha
exposição. Os protagonistas do STF tiveram de se adaptar à lógica do campo
midiático para disputar os lugares de produção da visibilidade. A constituição de uma
imagem pública de uma instituição como o STF envolve muitos mecanismos,
recursos e estratégias de visibilidade entre distintos campos discursivos.
A visibilidade dos ministros devido à sua superexposição durante as sessões
e a repercussão nos meios de comunicação trouxe a Corte para mais próximo da
população, demonstrando suas fragilidades e tensões internas. Deste modo, o
mensalão ocasionou mudanças profundas na construção da imagem pública do STF.

Considerações finais

A transmissão ao vivo das sessões de julgamento do STF colaborou para


transformar o tribunal em uma instituição política submetida à lógica do espetáculo,
o que reforça o caráter político do tribunal, além de prejudicar a colegialidade e
inteligibilidade das decisões. Os julgadores ficam sujeitos a uma pavonice
exacerbada, refletindo, nas câmeras, a vaidade desmedida de quem sabe que está
sendo filmado. O discurso a favor da transparência é um dos argumentos em prol da
TV Justiça, mas o fato é que, quanto mais câmeras, mais a linguagem dos
julgadores se torna empolada, dificultando que o público espectador acompanhe de
fato os julgamentos.
Dessa maneira, ao revés de os julgamentos serem acessíveis ao público,
tem-se forjado decisões mais longas e complexas, o que pouco contribui para a
pretensa transparência. O fato é que o incremento da publicidade ocasiona
modificações na legitimidade das decisões do STF. Antoine Garapon preleciona que
“[...] o juiz deve situar-se à margem do mundo. Ele só pode ordenar as relações esse
mundo assinalando, simultaneamente, o seu distanciamento em relação ao mesmo”
(GARAPON, 1997, p. 102).
Isso posto, o grande questionamento é: se a justiça está aberta ao público,
por que não o seria às câmeras de televisão? O fato é que o público que se encontra
nas salas de audiência é, na maioria das vezes, despreparado. Consoante Garapon
(1999, p 88), “[...] o espectador da televisão não pode jamais pretender julgar; e a
imparcialidade, ao contrário do que faz crer o senso comum, exige a abstenção do
olhar”.

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