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| 03.11.2005
Apesar da velocidade das mudanças trazidas por ferramentas de busca como o Google e o
Yahoo!, a tarefa das agências de publicidade continua, fundamentalmente, a mesma
EXAME Para Brendan Ryan, presidente da FCB Worldwide, uma das maiores empresas do mundo
no setor publicitário, a velocidade das transformações geradas pelas novas tecnologias da
internet assusta, mas nem por isso essas ferramentas devem ser deixadas de lado. O
monitoramento dos hábitos e das preferências de consumo dos usuários da internet aumenta
as chances de a campanha publicitária ser bem-sucedida. "A tarefa fundamental da nossa
indústria é comunicar-se com um indivíduo de modo pessoal, que seja significativo, atraente e
eficiente. Agora, temos à nossa disposição essa tecnologia fantástica para ajudar a fazer isso",
afirma. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista que Ryan concedeu à EXAME:
EXAME – O senhor concorda que isso torna a publicidade menos uma arte e mais uma
ciência?
Ryan – Ela continua uma arte, mas é fundamentada na ciência. Você nunca perde a arte. Se
você perder a criatividade, está perdido.
"Se alguém cheirar que você entrou lá [em um blog ou comunidade virtual] para
vender, nunca vai comprar. É contraproducente."
EXAME – O Google aposta num anúncio que são só palavras, relacionadas ao que
estamos buscando.
Ryan – Isso é muito inteligente. O desafio da nossa indústria é esse. Eu arriscaria dizer que as
melhores pessoas para fazer isso são as que têm trabalhado nas agências de publicidade nos
últimos anos, porque é isso que fazemos. Tentamos na TV fazer exatamente isso. Mas
fundamentalmente o pensamento é o mesmo: tentar entender o consumidor, descobrir o
interesse dele e casar esse interesse com o que você está vendendo de modo que não seja
ofensivo e seja atraente. A tarefa é a mesma, talvez só haja necessidade de outras habilidades
técnicas. Uma das salvações do negócio das agências é que somos um negócio muito jovem,
com gente muito jovem, que nunca viveu sem um computador ou celular. Temos gente de
muito talento, atraída pelo uso dessa tecnologia. É essa gente que vai mudar nosso negócio.
Quando meus filhos, que hoje têm onze anos, tiverem 25, eles terão vivido com o Google por
20 anos. Eles nunca terão visto o mundo sem ele. Isso representa uma enorme oportunidade.
Há 32 bilhões de emails por dia. O que podemos fazer com isso? A tarefa fundamental da
nossa indústria é comunicar-se com um indivíduo de modo pessoal, que seja significativo,
atraente e eficiente. Agora, temos à nossa disposição essa tecnologia fantástica para ajudar a
fazer isso. Qual o problema? Vamos lá! Uma revista já pôs a foto do satélite da casa de cada
anunciante. Isso só dá um gostinho do que ainda está por vir em termos de personalização. Há
duas palavras relevantes: individualização e digitalização. Ambas chegam ao mesmo lugar. Eu
gostaria de estar começando minha carreira agora. Fiz meu MBA em Wharton, muitas luas
atrás. Na época, a indústria da publicidade era uma das mais populares para quem saía de lá.
Agora, voltei lá para dar uma palestra, porque ninguém quer saber de nós. Talvez uns dois ou
três. Isso está errado. É porque ninguém entende como vamos nos transformar. Estamos nos
reinventando. É aqui que eles deveriam estar. Com a cabeça certa, dá para fazer parte da
revolução, ficar rico e ter sucesso.