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OBRAS HIDRÁULICAS

Reservatórios
(Regularização de Vazões)

Prof. Marcos André de Oliveira


Engenharia Civil
Universidade Federal de Tocantins
1
Finalidades de uma Barragem
Com algumas exceções as barragens podem ser reunidas, quanto
as suas finalidades, em dois grupos: Barragens de Regularização
e Retenção.
Q
Vazões Naturais

Armazenamento Vazão Média

Suprimento Déficit

Vazões
Período de Armazenamento
REGULARIZAÇÃO Período de Regularização

Ano Hidrológico t

• Finalidade → regularizar o regime.


• Garante vazões efluentes nos períodos de estiagem.
• Usos → aproveitamento Hidrelétrico, navegação, abastecimento
d’água. 2
Finalidades de uma Barragem
RETENÇÃO

•Finalidade → amortecer a onda de cheia e reter sedimentos.

Descarga Máxima Natural

Natural
Volume Vazão Amortecida
Acumulado
Vazões

Descarga Efluente

Descarga Máxima Efluente

Amortecimento da Onda de Cheia Tempo (t)


3
Finalidades de uma Barragem
MÚLTIPLOS USOS X USO PRINCIPAL

Geração de energia elétrica


Abastecimento de água
Contenção de rejeitos
Controle de enchentes
Navegação
Saneamento
Irrigação

4
Barragem
Reservatório x Regularização
A variabilidade temporal de P  variabilidade em Q (rios) 
situações de déficit hídrico: vazão dos rios é inferior à demanda
por determinado uso. Em outras situações ocorre o contrário 
excesso de vazão
Solução  reduzir a variabilidade de Q  reservatórios

Acumular parte das


regularização
águas disponíveis nos
períodos chuvosos 
compensar as
deficiências nos
períodos de estiagem
exercendo um efeito
regularizador das
vazões naturais
Regularização
Níveis operativos x Volumes

Terminologia:
• Nível mínimo operacional
• Nível máximo operacional
• Volume máximo
• Volume morto
• Volume útil
Volume morto
parcela de volume que não está disponível para uso
serve para armazenar sedimentos ao longo da vida útil da estrutura

nível mínimo
operacional

Abaixo dele, por


exemplo:
1) pode entrar ar nas Volume morto
turbinas  cavitação

2) ocorre instabilidade no controle


de vazão e pressão na turbina 
diminuição da sua vida útil
Nível máximo operacional
Cota máxima permitida para nível máximo
operações normais no operacional
reservatório

Volume útil

Níveis superiores
a este ocorrem em Volume morto
situações
extraordinárias

O nível máximo operacional define o volume


nível mínimo
máximo do reservatório
operacional
NA max maximorum e borda livre
Observações:

(i) Sobrearmazenamento: devido à cheia de projeto do extravasor:


volume acima do NA máx normal, devido à sobrelevação causada pelo
amortecimento da cheia de projeto pelo reservatório. Corresponde ao
NA máximo maximorum (NA máx). O sobrearmazenamento não é
aproveitado, pois persiste somente durante a cheia.

(ii) Borda livre: diferença de cotas entre o coroamento da barragem e o


NA máximo maximorum, suficientemente grande para conter a
arrebentação de ondas devidas ao vento.
NA max maximorum e borda livre

Barragem com extravasor não controlado

Barragem com extravasor controlado (comporta setor)


Volume útil
A diferença entre o volume máximo e o volume
nível máximo
Morto maximorum

nível máximo Volume útil


operacional

nível mínimo
operacional
Volume morto

parcela do volume que pode ser efetivamente utilizada para


regularização de vazão
Volume útil
CURVAS COTA-ÁREA E COTA-VOLUME DE UM
RESERVATÓRIO
Vertedores

Principal tipo de estrutura extravasamento de água.


Destinam-se a liberar o excesso de água que não pode ser aproveitado
para geração de energia elétrica, abastecimento ou irrigação, dentre
outros usos.
Dimensionados para permitir a passagem de uma cheia excepcional (alto
tempo de retorno) com segurança.
Vertedores
Podem ser livres ou controlados por comportas.

A jusante dele é construída uma estrutura de dissipação de energia, para


evitar a erosão excessiva.
Vertedores
Vazão de Vertedor

Q  C L h
3
2

A vazão de um vertedor livre  dependente da


altura da água sobre a soleira

Q  vazão do vertedor
L  comprimento da soleira
h  altura da lâmina de água sobre a soleira
C  um coeficiente com valores entre 1,4 e 1,8
(coeficiente de descarga)
É importante destacar que a vazão tem uma relação não linear com
o nível da água.
Vazão de Vertedor
Vazão de Vertedor
Descarregadores de Fundo
Descarregadores de fundo  utilizados como estruturas de saída de água
de reservatórios, especialmente para atender usos da água existentes a
jusante e transporte de sedimentos.

A equação de vazão de um descarregador de fundo é semelhante à de


vazão de um orifício :

Q  C A  2 gh

onde A é a área da seção transversal do orifício; g é a aceleração da


gravidade; h é a altura da água desde a superfície até o centro do orifício e C
é um coeficiente empírico com valor próximo a 0,6.

Semelhante à equação do vertedor  relação não linear com o nível


da água.
Volume útil x Vazão média afluente

O volume útil está diretamente relacionado à capacidade de


regularizar a vazão.
Se o volume útil é pequeno, o reservatório não consegue regularizar a
vazão.
O regime hidrológico naquele trecho praticamente não é alterado
Balanço Hídrico de reservatórios

S
• Equação da continuidade  IQ
t
• Intervalo de tempo curto: cheias

• Intervalo de tempo longo: dimensionamento

Métodos gráficos (antigos) Simulação


Dimensionamento de reservatórios
Regularização de vazões através de reservatório: acumula-se, total ou
parcialmente, os deflúvios do período chuvoso  atender às
demandas durante o período de estiagem.
Dimensionamento de reservatórios

Dimensionamento de reservatórios

Dada uma vazão a ser regularizada, definir o menor volume útil do


reservatório.

Operação de reservatórios

Dado um reservatório com um volume útil, definir a maior vazão


possível de ser regularizada.
Dimensionamento de reservatórios

Volume Útil

Se o Volume Útil for muito grande, parte do reservatório fica ociosa e


a obra fica superdimensionada;

O Volume Útil está diretamente associado aos benefícios da obra;

O Volume Útil influi nas dimensões da obra e respectivos custos;


Dimensionamento de reservatórios

Volume Útil

Volume Útil influi na área inundada: relacionado aos impactos


ambientais (meio físico, biótico e antrópico);

Nem sempre se pode contar com o Volume Útil necessário x Análise


de Riscos.
Dimensionamento de reservatórios
Os reservatórios de acumulação de água se diferem dos reservatórios
de distribuição e de atenuação de cheias.

Volume do reservatório ou Capacidade de Armazenamento: aplica-se


a equação do balanço hídrico  considera-se a demanda em um
período crítico.

Baseia-se na equação da continuidade:

(Qe – Qs) = V/  t

Qe = vazão de entrada no reservatório;


Qs = vazão de saída do reservatório;
 V = variação de volume do reservatório;
 t = intervalo de tempo considerado.
Dimensionamento de reservatórios
Hipóteses

A serie histórica é representativa do regime hidrológico do rio, ou


seja, admite-se comportamento semelhante do rio durante a vida útil
da obra.

Previsões: curto prazo ou médio prazo ou longo prazo?

Análises de risco.

exemplo: qual a probabilidade de conseguir garantir somente 90% da vazão


desejada? Por quanto tempo?

Mudanças climáticas?
Dimensionamento de reservatórios
Métodos

Técnica do Diagrama de Massas (Rippl -1883).

Técnicas de Simulação.

Modelos de Otimização.

Métodos Empíricos.

Métodos Estatísticos.
Dimensionamento de reservatórios
Classificação dos métodos Classificação dos métodos

Quanto à dimensão do sistema: Quanto à forma de otimização


• Único reservatório; • Algoritmos clássicos
• Reservatórios múltiplos. (programação linear, programação
dinâmica);
Quanto a modalidade de • Algoritmos de Computação
otimização: evolutiva (algoritmos genéticos,
• Otimizadores empíricos; lógica fuzzy).
• Otimizadores explícitos;
• Simulação. Quanto ao caráter da série
temporal
Quanto ao intervalo de cálculo • Série determinística (histórica);
•Anuais; Mensais; e Diários. • Série estocástica (sintética);
Dimensionamento de reservatórios
Equação do balanço hídrico em um reservatório:

P = precipitação;
Qin = vazões afluentes;
E = perdas por evaporação;
ΣQd = demandas;
Qout = vazão de restituição;
I = perdas por infiltração;
Vol =volume do armazenamento;
Δt = intervalo considerado.

Observações:
(i) Para o período de estiagem, considera-se P=0;
(ii) Para maior simplicidade, as perdas por evaporação podem ser
descontadas na vazão afluente.
Dimensionamento de reservatórios
Define-se a lei de regularização através da função y, adimensional:
Qr = a vazão regularizada;
Q = a vazão média no período considerado.

Em posse das vazões naturais afluentes no tempo, Qin = Q(t), e


conhecida a lei de regularização y  determina-se a capacidade
mínima do reservatório para atender a essa lei.

A vazão regularizada  soma de todas as vazões que saem do


reservatório: Qr = Qout + ΣQd.

Em geral, a evaporação é calculada em função da área líquida e de


dados climatológicos.

As perdas por evaporação podem ser consideradas subtraindo-se


das vazões naturais os valores calculados, convertidos para m³/s.
Dimensionamento de reservatórios
A capacidade mínima de um reservatório para atender a uma dada lei
de regularização:
VolNec = o volume acumulado necessário
para atender àquela lei no período mais
crítico de estiagem;

Volaf = o volume acumulado que aflui ao


reservatório no mesmo período.

Análise de vários períodos de estiagem  o mais crítico será o que


resulta na maior capacidade do reservatório.
Dimensionamento de reservatórios
A capacidade mínima de um reservatório para atender a uma dada lei
de regularização:
VolNec = o volume acumulado necessário
para atender àquela lei no período mais
crítico de estiagem;

Volaf = o volume acumulado que aflui ao


reservatório no mesmo período.

Análise de vários períodos de estiagem  o mais crítico será o que


resulta na maior capacidade do reservatório.
Exemplo
Um ano com hidrograma dado abaixo e frente à uma lei de
regularização total y = 1, ou seja, a vazão regularizada (constante) é
igual à vazão média .
Exemplo
Para esta lei de regularização período crítico de maio a outubro.

O volume necessário para manter a vazão durante o período


crítico:

Δtmês: tempo em segundos (referido mês)


: Vazão (m³/s)

O volume afluente acumulado Volaf é dado por:


Exercício
Calcular a capacidade mínima de um reservatório a ser implantado no Rio Bonito,
para atender à lei de regularização y = 1. Tem-se como dados disponíveis as vazões
médias mensais para o período de dois anos, conforme a Tabela abaixo.
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
O diagrama de massa, ou diagrama de Rippl, é definido pela integral
do hidrograma, ou seja, corresponde a um diagrama de volumes
acumulados.

Um hidrograma de vazões naturais


dá origem a um diagrama de massa.
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
O diagrama de massas informa
que:

(i) num tempo t qualquer, a


inclinação da tangente à
curva dos volumes
acumulados fornece a
vazão naquele tempo;

(ii) o volume acumulado num


dado intervalo de tempo é
obtido pela diferença entre
as leituras das ordenadas
correspondentes aos
tempos considerados.
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
O diagrama de massas informa
que:

(i) num tempo t qualquer, a


inclinação da tangente à
curva dos volumes
acumulados fornece a
vazão naquele tempo;

(ii) o volume acumulado num


dado intervalo de tempo é
obtido pela diferença entre
as leituras das ordenadas
correspondentes aos
tempos considerados.
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
Supondo que se deseje atender à lei de regularização do tipo y(t) = 1
tem-se um diagrama como apresentado.

Estão incluídos os volumes acumulados afluente e regularizado.


Diagrama de Massas ou Método de Rippl
Pode-se observar que a média Q (no caso, a vazão regularizada) é dada pela
inclinação da reta OP (a integral de um valor constante é uma linha reta, cuja inclinação
é igual à constante).

Para regularizar a vazão média Q, o período crítico é definido pelo intervalo de tempo
(tI, tF). Nota-se que neste período a tangente à curva dos volumes afluentes
acumulados, que dá a vazão instantânea, tem inclinação sempre menor que a do
segmento de reta OP.
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
Para manter a vazão média Q durante o intervalo (tI, tF), necessita-se do volume
Volnec:
Volnec = Q. (t F − t I )

Como o diagrama de massas é um diagrama integral, o volume Volnec fica


representado pelo segmento vertical AB = A’B’ (a linha IB’ é paralela a OP).
Diagrama de Massas ou Método de Rippl
O volume que aflui ao reservatório (Vaf) no período crítico,ou seja, no intervalo (tI,
tF), é:

O volume Volaf é representado pelo segmento A’F.

A capacidade do reservatório (Cr = Volnec – Volaf) é representada pela soma dos


segmentos 1 e 2:

que, por sua vez, corresponde ao segmento FB’.

Observação: se houver vários períodos críticos, a capacidade mínima do


reservatório para atender a uma dada lei de regularização será a maior dentre as
calculadas para os vários períodos.
Dimensionamento de reservatórios
Resumo: Método gráfico  Método de Rippl

Determinar a menor capacidade útil de um reservatório suficiente para


atender a maior demanda (vazão máxima regularizável).
Dimensionamento de reservatórios
Método do Reservatório Semi – Infinito

Conceito: Reservatório com volume semi-infinito é aquele que


nunca esvazia, mas que pode extravasar.
Dimensionamento de reservatórios
Método do Reservatório Semi – Infinito

1. Admite-se um volume útil, a priori, com um valor muito grande.

2. Processa-se um balanço hídrico no reservatório para todo o


período de dados da série de vazões.

3. Obtém-se o volume armazenado ao final de cada período de


cálculo.
Dimensionamento de reservatórios
Método do Reservatório Semi – Infinito
Dimensionamento de reservatórios
Limitações do Método do Reservatório Semi – Infinito

Pela forma clássica, não considera as perdas por evaporação do


reservatório.

Não permite impor regras de operação (vazões regularizadas) em


função do volume armazenado, pois não se conhece a princípio
seu volume real.

Grau de Regularização

É a relação entre a vazão regularizada e a vazão média.

GR = Qreg/Qmédia
Dimensionamento de reservatórios
Curva de Possibilidades de Regularização

É uma curva que relaciona a vazão regularizada com o volume


necessário para regularizá-la.

É extremamente útil durante as fases de planejamento de


barragens.

É obtida pela planilha variando-se a vazão regularizada e


anotando-se o volume útil necessário.
Dimensionamento de reservatórios
Curva de Possibilidades de Regularização

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