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Eficácia da aplicabilidade das medidas socioeducativas

As medidas socioeducativas, quando bem executadas, sejam em meio fechado


ou aberto, podem ser fundamentais para modificar o espírito púbere e produzir
novos cenários na vida dos adolescentes e até mesmo na de suas famílias.

Tendo por base a Doutrina da Proteção Integral, verifica-se que, para atingir a
finalidade da medida socioeducativa, é de extrema importância que se
estabeleça uma proposta socioeducativa, contando com orientação
pedagógica, psicológica, profissionalizante e acompanhamento personalizado
aos adolescentes. Portanto as medidas, não são o fim, mas sim o meio, para
que se possa trabalhar de forma integral e desenvolvimento humano destes
adolescentes, buscando orientá-los quanto aos seus direitos e deveres perante
a sociedade, para que possam ser reintegrados a esse conjunto de maneira
que se sintam pertencentes a ela.

A intenção da ECA, em sua origem, era a de conferir às medidas


socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo. Se isso for comprido na
prática e aplicado a cada caso concreto, ela será eficaz. Portanto, as medidas
socioeducativas em seu caráter pedagógico se aplicadas de forma prevista no
código tem resultados eficazes, e se não aplicadas de forma correta não terão
a eficácia desejada. Em suma as medidas socioeducativas são eficazes, a
forma como são aplicadas pelos operadores do direito da criança e
adolescente é que são passiveis de críticas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, diz: “É dever da


família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
um desenvolvimento seguro e realizar políticas públicas de qualidade nas
diversas áreas: saúde, educação, esporte, lazer, dentre outras. A pergunta
inicial é: temos garantido essas políticas públicas?

ALGUNS DADOS PODEM NOS AJUDAR:

Apenas 8,95% (de 0 a 3 anos) matriculados em creches públicas

Existem 40,39% (de 4 a 6 anos) matriculadas em pré-escola

São 87,97% (de 5 a 17 anos) alfabetizados


Apenas 54,49% de alunos ingressam no Ensino Médio com idade irregular

Existem 9,50% taxa de abandono do Ensino Médio

São 5.171.742 (0 a 17 anos) sem água encanada

São 13.749.905 sem rede de esgoto

São 42.958.518 famílias com filhos (0 a 17 anos) com renda mensal de até 2
salários mínimos

São 12.041 adolescentes em privação de liberdade 75

Portanto lei não deve ser mudada e sim cumprida. Precisamos garantir que as
políticas públicas sejam realidade na vida das crianças e dos adolescentes.
Acima de tudo, precisamos garantir o cumprimento integral do princípio
constitucional da prioridade absoluta, por meio dos orçamentos e da criação
dos programas e serviços especializados de atendimento a crianças e
adolescentes.

As medidas socioeducativas têm aplicabilidade prática na medida que for


cumprida a letra do Estatuto em consonância com o cumprimento dos órgãos
públicos, em fornecer a materialidade necessária para concretização do que
está escrito que atualmente não vem ocorrendo.

Enfim, diante do exposto, podemos concluir que a eficácia das medidas


socioeducativas, em relação ao adolescente autor de ato infracional, vai
depender muito de meios que possibilitem uma boa execução das medidas e
que forneçam condições pedagógicas para sua reinserção ao meio social.
Tudo isso em conjunto com as políticas públicas que lhes garantam
alimentação, educação, saúde, cultura, lazer, profissão, aliados ao
compromisso de todos transformarmos a realidade do infrator.

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