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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CURSO DE LICENCIATURA INTEGRADA EM EDUCAÇÃO, EM


CIENCIAS, MATEMATICA E LINGUAGENS
EIXO: LINGUAGEM E CONHECIMENTO IV

PROFESSOR: MESSILDO VIANA

ALUNA: ESTELITA BARBOSA GAMA

BELÉM-PA
2018
RELATÓRIO DE APRENDIZAGEM

Dia 25 de setembro de 2017 iniciou as aulas do 4° semestre da Licenciatura


Integrada da Universidade Federal do Pará (UFPA). Na terça-feira dia 26/09/17
tivemos a primeira aula com o professor José Messildo Viana. O tema ministrado por
ele foi Linguagem e Conhecimento IX. A proposta de ensino-aprendizagem
apresentada pelo docente, a priori, deixou-me curiosa e gerou expectativa, isto
porque, introduz os assuntos de suas aulas por meio de um diálogo descontraído e
investigativo. Em que busca nossos conhecimentos prévios, aciona nossas
memórias de longo e curto prazo a cerca de nossos aprendizados. Neste sentido,
observei as contribuições da teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e
colaboradores na organização do conteúdo mediado pelo professor Messildo, em
sala de aula.
De acordo com a teoria ausubeliana é preciso que haja uma correlação entre
o conteúdo que vai ser aprendido e aquilo que o aluno já sabe - conhecimentos
prévios – que podem ser tanto conhecimentos de mundo como àqueles apreendidos
dentro de um espaço formal de ensino. Ausubel designou ao conjunto destes
conhecimentos de estrutura cognitiva, e esclareceu que ao mencionar
conhecimentos prévios está referindo-se à situação de ancoragem, ou seja, ao
processo de incorporação de novos conceitos e informações à estrutura cognitiva do
sujeito.
Assim Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 137) afirmam, “se eu tivesse que
reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular
que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra
isso e ensine-o de acordo”. E em conformidade a este pensamento Moreira e Masini
(2006) expõem que, “o conteúdo previamente apreendido pelo sujeito aprendiz
denota vital importância no processo de aprendizagem, pois o conhecimento prévio
do educando ao interagi com as novas informações, provoca mudanças em sua
estrutura cognitiva e constrói uma aprendizagem significativa”. Portanto, o professor
Messildo ao valorizar nossas experiências pessoais transforma e amplia nossa
estrutura cognitiva.
Além da teoria da aprendizagem significativa de Alsubel também percebi que
em suas aulas, o professor Messildo costuma comentar sobre as Tendências em
Educação Matemática. Dentre elas a que se ressalta é a Didática da Matemática.
Acredito que seja, porque esta tendência busca compreender como os alunos
aprendem matemática na escola. E nós, enquanto professores dos anos iniciais,
precisamos entender a matemática e conhecer estratégias de como transpor os
saberes criados pelos matemáticos para os saberes ensinados pela escola. Isto é,
transformar os conhecimentos a ser ensinado perguntando-se: como meu aluno vai
assimilar este conhecimento? E sobre tudo, como vou mediar estes saberes, de
forma a valorizar as hipóteses dos meus alunos, permitindo o desenvolvimento de
habilidades de pensamento, assim como encaminhá-los para a compreensão e o
domínio das estruturas mais elaboradas destes conhecimentos?
No decorrer do terceiro semestre do curso de licenciatura integrada estudamos
algumas tendências teóricas da Educação Matemática, e obtive uma visão geral
sobre: didática da matemática, etnomatemática, modelagem matemática, história da
matemática, tecnologia da informação entre outras. Confesso que ainda tenho que
ler com mais dedicação artigos científicos, para obter determinada apropriação de
conhecimentos a respeito destas tendências, pois considero ser fundamental
compreender como todas estas tendências podem ser aplicadas em minha prática
docente.
No dia 03/10/17 começamos a aula com a ideia de realizarmos um pequeno
negócio. Optamos pela compra e venda de material escolar; caderno, caneta, lápis,
borracha, régua, lápis de cor e outros itens de armarinho. Após a escolha do
provável empreendimento, eu e meu grupo de estudo, construímos uma tabela
constituída por produto, quantidade, valor unitário, valor total da compra, valor total
da venda e lucro de todos os itens a serem comprados no atacado.
Depois nos preocupamos em encontrar uma opção, relativamente razoável, de
conseguirmos o capital necessário para tal empreendimento. Algo que também nos
causou apreensão foi saber se nosso pequeno negócio nos traria lucro ou prejuízo.
Preciso lembrar que essa foi uma atividade sugerida pelo professor Messildo, para
adentrarmos posteriormente na temática sobre Educação Financeira, contudo
fizemos a tarefa sem saber que se tratava deste tema. Recordo-me também que
neste dia nos foi apresentado o professor Alexandre. Este teve um papel
fundamental em nossas aprendizagens durante o semestre. Mais adiante falarei um
pouco mais da façanha deste jovem docente em disponibilizar seu valoroso tempo
conosco.
O assunto sobre Educação Financeira foi ministrado no dia 10/10/17 por meio
de aula dialogada expositiva, quando o professor Messildo proporcionou-nos o
prazer de reconhecê-la como prática do nosso dia a dia. A partir desta data, penso
que nós seus alunos, passamos a ter um novo olhar sobre nossa organização
financeira, como: consumo consciente, poupança, investimento, planejamento de
(curto, médio e longo prazo), empreendedorismo, enfim, nosso futuro financeiro.
Desta forma concordo com Farias (2013, p.11), quando declara que a Educação
Financeira é fundamental para a formação de um cidadão critico e consciente de
suas decisões.
Assim a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
em 2005, definiu de acordo com seus interesses a Educação Financeira, como:

O processo onde os indivíduos melhoram a sua compreensão sobre os


produtos financeiros, seus conceitos e riscos, de maneira que, com
informação e recomendação claras, possam desenvolver as habilidades e
a confiança necessárias para tomarem decisões fundamentadas e com
segurança, melhorando o seu bem estar financeiro ((BRASIL, 2005, p. 223
et al OLIVEIRA e STEIN, 2005, p. 14).

O consultor financeiro Àlvaro Modernell (2014), afirma que a Educação


Financeira é um tema atual e bastante discutido nas escolas, no cotidiano familiar,
na mídia e nas pautas governamentais. Contudo, muitos ainda confundem Educação
Financeira com Matemática Financeira, assim como não se tem clareza sobre o que
é, de verdade, Educação Financeira e como inseri-la no ambiente formal de ensino,
desde a educação infantil até os cursos de graduação. O autor acredita que para
introduzir as primeiras noções de Educação Financeira, ainda nos anos iniciais do
ensino fundamental I, deve-se fazer uso da leitura de livros que abordem diversidade
de temas relacionados à Educação Financeira. Segundo Modernell (2014), os livros
podem ser clássicos, como certas fábulas de Ésopo, e livros de referenciais atuais
da nossa Literatura infantil, como Jonas Ribeiro, Ruth Rocha, Vera Lucia Dias, Cora
Coralina, Ziraldo e, claro, alguns de seus livros.
Modernell é especialista em Educação Financeira, em metodologia do ensino e
atua em várias frentes, como: educação financeira infantil, educação financeira para
adultos, educação previdenciária e programas de qualidade de vida. É autor de
vários livros, entre suas obras estão: Zequinha e a porquinha poupança (2006), O pé
de meia, mágico (2007), O poço dos desejos (2007), Paulina e o Ipê-amarelo (2008),
Versinhos de Prosperidade (2008), Morango ou Chocolate (2010) e Quero Ser Rico
(2010). Define Educação Financeira como um conjunto amplo de orientações e
esclarecimentos sobre posturas, valores e atitudes adequadas no planejamento e
uso dos recursos financeiros pessoais.
Ao ler alguns artigos do autor Álvaro Modernell, descobrir como é encantadora
a estratégia de trabalhar Educação Financeira, relacionando a leitura e a literatura
com a matemática. Sabemos que a leitura é um mecanismo essencial no início da
escolarização das crianças e como estas se sentem entusiasmadas ao ouvir
contação de história. Então usar gêneros textuais como, a fábula e os contos de
fada, é uma possibilidade para estimular a criatividade, a imaginação, auxiliar tanto
as crianças como os jovens a lidar melhor com seus sentimentos e facilitar o
entendimento de conceitos matemáticos. Ainda permite ao professor trabalhar de
forma interdisciplinar e contextualizada (ROEDEL, 2016). Assim, a conexão da
matemática com a literatura “[...] permite a reflexão e/ou diálogo sobre os elementos,
os aspectos, as ideias, os conceitos matemáticos e as outras áreas do
conhecimento, bem como sobre as diferentes visões de mundo presentes na
literatura” (SOUZA E OLIVEIRA, 2010, p. 958-959 apud ROEDEL).
Dia 03/11/17 a equipe formada por mim, Rayanne, Rosileide e Joyce fez a
primeira apresentação sobre o tema Educação Financeira. Usamos como aposte
teórico para nossa discussão, que foi realizada em sala de aula e na presença do
professor Alexandre, o artigo “Paradigmas da Educação Financeira no Brasil”. O
texto é de autoria de José Savoia, André Saito e Flávia Santana. Nele os escritores
discorrem sobre a contextualização e a importância do Programa de Educação
Financeira, a visão de autores internacionais sobre o assunto, o desenvolvimento
deste tema nos Estados Unidos, países do Reino Unido, e em outros países da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e também
no Brasil. Fazem um levantamento das principais ações desenvolvidas pelos órgãos
governamentais, instituições financeiras e de ensino, no que diz respeito ao
processo de educação financeira. Savoia, Saito e Santana (2016) ressaltam que, “o
papel das instituições de ensino é imprescindível na formação de uma cultura de
poupança e na conscientização dos indivíduos para lidar com os instrumentos
oferecidos pelo sistema financeiro e atender as suas demandas pessoais”.
Ao final de nossa apresentação usamos um pequeno slide, para exemplificar
através do trecho de duas fábulas – a formiga e a cigarra e a galinha dos ovos de
ouro – como o professor pode usar este gênero textual para trabalhar Educação
financeira e o desenvolvimento da criança na formação de valores dentro e fora da
escola. Assim, Góes (1991) afirma que:

A moral contida nas fábulas é uma mensagem animada e colorida.


Uma estória contém moral quando desperta valor positivo no homem.
A moral transmite a crítica ou o conhecimento de forma impessoal,
sem tocar ou localizar claramente o fato. Isso levou a pensar que
essa narrativa da moralizante nasceu da necessidade crítica do
homem, contida pelo poder da força e das circunstâncias. (GÓES,
1991, p. 144 et al ALVES E SANTANA, p. 9).

Desta forma apresento a seguir uma amostragem do slide, que como falei
anteriormente foi parte constituinte de nossa atividade em equipe. E, portanto nos
ajudou na efetivação de levar, aos nossos colegas de sala, uma aprendizagem
significativa e que se aproximasse da realidade de um futuro professor dos anos
iniciais. Suponho que muitos de nós, já lemos ou ouvimos histórias de fábulas
enquanto crianças e sabemos o quanto é atrativo e emocionante o enredo e as
personagens contidas nesta literatura. Ademais a fábula é um gênero textual capaz
de contribuir para a formação de valores morais da criança e ainda, conforme
exposto por Machado (2006), consultor em Educação e Inovação, a história da
“cigarra e a formiga”, produzida pelo escritor Jean de La Fontaine, é um excelente
recurso para se iniciar uma conversa com as crianças sobre Educação Financeira.
A história fala de uma formiga que trabalha intensamente durante as estações
que precedem o inverno, no intuito de guardar alimento suficiente e prevenir-se
contra a friagem e a falta de mantimentos na época do inverno, enquanto a cigarra
cantava e cantava sem nenhuma preocupação com o futuro que não tarda a chegar
[...] (MACHADO, 2006).

A FORMIGA E A CIGARRA

Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto,
viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão.
Moral da história: Não penses só em divertir-te. Trabalhe e pense no futuro. É
melhor estarmos preparados para os dias de necessidade.

A galinha dos ovos de ouro foi outra fábula que escolhemos para exemplificar
como o professor pode trabalhar Educação Financeira com as crianças usando esta
espécie de gênero textual. A história conta sobre a ganância de um casal de
camponeses, que tendo uma galinha poedeira de ovos de ouro pensou, que
matando a galinha iriam encontrar muitos ovos de ouro no interior de seu corpo e
assim poderiam ficar ricos mais depressa.

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha, que todo dia botava
um ovo de ouro. Motivados pela ganância, e supondo que dentro dela deveria haver
uma grande quantidade de ouro, resolveram sacrificar o pobre animal e pegar tudo
de uma só vez.
Para surpresa dos dois, viram que a ave em nada era diferente das outras
galinhas de sua espécie. O casal de tolos, desejando enriquecer de uma só vez,
acaba por perder o ganho diário que já tinham, de boa sorte, assegurado.
Moral da história: O excesso de ambição, leva à precipitação e, quem tudo quer
tudo perde.

No dia 03/11/17 além do nosso grupo houve a apresentação do grupo


representado pela Ana Carla, Isadora e Karine que utilizou o artigo “Educação
Financeira” de Fabiano Correia (2015). O grupo representado por Cibele, Cleidson e
Edu Sérgio que usou o artigo “A matemática Financeira na Educação Básica e sua
Importância para a Formação de um Cidadão Consciente” de Gisele Farias (2013).
As alunas Débora Cardoso, Francinete Conceição, Marcilene Ribeiro, Odinéia
Barbosa e Rosilene Santos usaram o artigo “Educação Financeira nas Séries
Iniciais” de Daniele Texeira. Já o grupo representado pelas alunas Juliana Soares,
Eny e Eluane comentaram sobre o artigo, “Investigação Sobre as Contribuições de
Matemática para o Desenvolvimento da Educação Financeira na Escola” de Samuel
Raschen. O grupo representado pelos alunos David, Sheila discorreram sobre o
artigo, “Educação Financeira Infantil” de Ana Kassardjian. Por último o grupo
representado pelo graduando Renan, que usou o artigo, “Educação Financeira Na
Escola: a Matemática e as relações pedagógicas na vida dos alunos anos iniciais”
de Andréia Silva.
Durante algumas apresentações discutimos como educar as crianças
financeiramente. Uma dúvida surgiu: Em que momento da vida da criança, os pais
ou responsáveis, podem promover a iniciação à vida financeira? O professor
Alexandre falou que é importante ensinar a criança, desde cedo, a perceber as
diferenças entre querer e precisar de alguma coisa. Quando levá-la para comprar
brinquedos é interessante estimulá-la a comparar os preços. E que os pais podem
ofertar diariamente uma quantia em dinheiro aos filhos, a partir dos dois anos de
idade. Iniciando com pequenas quantias, de preferência moedas de qualquer valor,
como também os Incentivar a poupar, com ajuda de um cofrinho. Depois, quando as
crianças estiverem maiores, as quantias deverão ser ofertadas por semana ou por
mês.
O professor Alexandre Damasceno – economista e professor de Educação
Financeira - esteve conosco em todas as apresentações e, suas contribuições sobre
a Educação Financeira foram de grande valia em nosso aprendizado. Lembro
quando ele nos apresentou um vídeo da folha, com uma reportagem “Que crise é
essa?”. O conteúdo da matéria referia-se à crise econômica vivida pelos indígenas
da aldeia Kyikatêjé, localizada na reserva de Mãe Maria, no município de Bom Jesus
do Tocantins. Damasceno foi até a aldeia dá uma palestra sobre Educação
Financeira, pois, por esta época os índios gaviões estavam com dificuldades
financeiras, tendo como causa a interrupção de um contrato com a companhia Vale
do Rio Doce. A tribo estava tendo aulas de como lhe dar com as dívidas.
Após a exibição do vídeo levamos um longo tempo dialogando a respeito da
economia indígena, de como estes têm que aprender como é a vida com o homem
branco, para poder lhe dar com a situação de acumulação de dívidas. O professor
Damasceno discorreu sobre a forma como nós “homens brancos”, ainda temos uma
visão preconceituosa em relação aos índios, uma nação que trouxe inúmeras
contribuições a nossa cultura. Lembrei-me da legislação federal que torna
obrigatório o ensino nas escolas da cultura afro-brasileira e indígena. E sabe por
quê? Porque serei uma futura professora e, agora mais do que nunca, preciso me
despir desses juízos pré-concebidos. Enfim, o professor nos vez refletir e trouxe
para sala de aula assuntos que permeiam nosso dia a dia, como: preconceito
cultural e ser humano enquanto indivíduo político.
Dia 12/12/17 o professor Guilherme esteve conosco e explanou sobre análise
praxeológica de livros didáticos. Para tanto, usou o texto de Renata Rossini - A
contribuição da Teoria Antropológica do Didático para a Análise de Livros de
Matemática. A autora utilizou em seu referencial teórico a Teoria Antropológica do
Didático (TAD), desenvolvida por Yves Chevallard. Considerei fundamental a
discussão sobre o assunto, feita pelo professor Guilherme, já que a TAD fornece
recursos para que se possa analisar um livro didático. Em nossa proposta de
atividades no decorrer deste 4° semestre englobou fazermos análise dos livros
didáticos de matemática dos anos iniciais, isto é, 1° ao 5° ano do ensino
fundamental, portanto precisávamos conhecer apostos teóricos que nos
fornecessem bases epistemológicas, para que pudéssemos desenvolver
pensamentos críticos acerca de nosso objeto de pesquisa. Para desenvolver esta
proposta precisei primeiro saber do que cuida a TAD, assim de acordo com
Chevallard (1999, p. 1):

A Teoria Antropológica do Didático estuda o homem frente ao saber


matemático, e mais especificamente, frente a situações matemáticas.
Uma razão para a utilização do termo “antropológico” é que a TAD
situa a atividade matemática e, em consequência, o estudo da
matemática no âmbito do conjunto de atividades humanas e de
instituições sociais (CHEVALLARD, 1999. p.1 apud ALMOULOUD,
2015. p. 2).

Guilherme em consenso com as ideias de Rossini fez um pequeno resumo para


nos ajudar na compreensão da organização matemática (OM), que é um estudo
praxeológico das atividades matemáticas constituídas nos livros didáticos, assim
como das atividades propostas pelos professores, no exercício de sua função. A
organização matemática apresenta tarefas (T) que trata do conteúdo matemático,
técnicas (t) matemática de resolução, tecnológicos (θ) que justificam as técnicas e
elementos teóricos (Θ) que dão fundamentação as tecnologias utilizadas. Apesar da
complexidade do assunto consegui ter uma primeira visão do conhecimento
necessário para fazer análise de livros didáticos. Confesso que até tornar-me capaz
de fazer com plenitude uma análise praxeológica de livro didático, precisarei além de
várias leituras, a respeito do tema, também exercitar com frequência esta análise.
Dia 16/01/18, professor Messildo retorna ao nosso convívio em sala de aula e
mais uma vez trás consigo o professor Alexandre. Esta especial atenção a nossa
turma, segundo Alexandre, deve-se ao nosso abraço caloroso em relação à
Educação Financeira. Nesta data, os docentes nos levaram a refletir sobre quais
seriam os componentes matemáticos encontrados nos livros de matemática do 1° ao
5° ano, que estariam relacionados à educação financeira. Dentre os mais citados
estavam: porcentagem, juros, sistema monetário, desconto, tempo,
empreendedorismo, compra, venda etc. Ao fazer análise da tarefa e da técnica
descrita dentro destes componentes, precisávamos dar atenção qual o objetivo da
tarefa? Quais tarefas levam a refletir necessidades matemáticas? As técnicas e
tarefas trabalham o conceito de lucro e prejuízo? As tarefas remetem a uma
escolha? Estas e outras questões foram levantadas pelo docente Alexandre.
Dia 23/01/18, nesta data além dos professores Messildo e Alexandre tivemos a
presença do professor George Cristian. De posse dos livros, eu e minha equipe de
pesquisa começamos a reconhecer as tarefas e técnicas que iríamos analisar.
Fizemos uma breve investigação no livro Projeto Buriti: matemática - de autoria de
Andreza Rocha e et al, 3° ano do ensino fundamental, 2014 São Paulo - uma obra
coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Nossa análise
inicial foi de que embora os autores do livro trabalhem bastante o conceito de
dinheiro, compras, vendas, descontos, parcelas etc, as tarefas e técnicas
encontram-se descontextualizadas no que tange a Educação Financeira, precisando
de reavaliação contextual.
Vivemos num mundo tecnológico e em uma sociedade pautada no valor do ter,
na qual as crianças desde cedo estão conectadas aos vários meios de
comunicação, sendo elas bombardeadas, por meio da mídia, com todo tipo de
apelação propagandista. Ao ligar a televisão, acessar um site na internet, abrir uma
página de revista ou jornal, lá estar o sonho de consumo, que a maioria das pessoas
não consegue resistir, em especial as crianças. O resultado é uma sociedade
acometida pelo consumismo, entendendo o dinheiro como um agente provedor de
todas as coisas, inclusive da felicidade. É necessário repensar algumas concepções
referentes ao dinheiro, pois ele não compra felicidade, nem saúde e idem o amor,
porque os bens mais valiosos da vida, não são adquiridos através do dinheiro.
Segundo o professor e economista Alexandre Damasceno “Dinheiro é apenas uma
relação social”.
O livro didático é um veículo de transmissão de conhecimento ainda bastante
usado pelas crianças, portanto deveria trazer mais do que operações matemáticas.
Caso isto não seja possível, até por conta das regras sócio-política que regem nossa
sociedade, cabe ao professor não deixar suas aulas serem baseadas apenas nos
livros didáticos e em suas formalidades engessadas, faz-se fundamental buscar
promover uma mudança de comportamento junto aos alunos, através de práticas
conscientes, como: evitar desperdícios, consumir apenas o necessário, conservar a
natureza com atitudes de sustentabilidade etc.
Dia 29/01/18 – atividade: desenho de um sonho – um projeto de vida. A aula
foi divertida e trouxe grande aprendizado. Não sou boa desenhista e tenho
dificuldade com minha coordenação motora na hora de fazer os traços, pois ficam
sempre desalinhados e fora de foco, porém consegui realizar a atividade a contento.
Porque gosto de desenhar e tem uma parte de mim primordialmente infantil. O
professor Alexandre, após a realização de nossos desenhos, pediu-nos para
falarmos um pouco sobre o que representava nossa arte (desenho), quais eram
nossos sonhos e quais dificuldades encontramos para completar a tarefa. Ele
relatou que o sonho é parte fundamental da Educação Financeira, assim como a
conquista é essencial na relação social da vida do homem. Sonhar sem devaneios,
policiar nossas atitudes diante do consumo exagerado e usufruir de nosso livre
arbítrio de maneira consciente, para não perdemos nossa liberdade na hora de
realizarmos nossos sonhos.

Imagem: desenho do sonho

Após breve discussão, o docente nos levou a refleti sobre: tempo é dinheiro ou
é vida? Existe outra forma de ganhar dinheiro sem trabalhar? Como podemos mudar
nosso comportamento consumista diante desse sistema de produção capitalista,
vigente em nossa sociedade? E quanto à mudança do sistema escravocrata para o
capitalista, será que a relação é a mesma? Será que tudo que compramos em
termos de bens materiais, é realmente necessário ou supérfluo? Devemos gastar
mais do que ganhamos? Qual a ideologia que se encontra por trás dos livros
didáticos? Preferimos uma educação com partido ou sem partido?
Estes questionamentos foram essenciais para nós enquanto futuros
professores, pois com a nova proposta de adequação da Educação Financeira como
parte integrante do currículo escolar, não podemos fechar os olhos no que tange
nossas estratégias de ensino dos conteúdos relacionados a uma educação
financeira que vá mais além, que não esteja situada apenas no fazer matemático e
sua relação com o dinheiro. E assim surge uma pergunta: Qual direcionamento,
enquanto professores de crianças dos anos iniciais, nós iremos segui para trabalhar
filosoficamente e sociologicamente educação financeira em sala de aula?
Dia 30/01/18 – finalmente chegou o momento em que os grupos fizeram a
apresentação por meio de slide, sobre a análise dos livros didáticos. Nosso grupo foi
o primeiro a apresentar a atividade proposta pelos professores Messildo e
Alexandre. Nossa análise do livro didático Projeto Buriti encontra-se em anexo. Por
motivos pessoais não pude prestigiar as exposições dos colegas de sala.
Construir este relatório foi uma grande satisfação, pois ao fomentar minhas
memórias sobre os momentos que passamos em sala de aula na companhia dos
nossos metres Messildo Viana e Alexandre Damasceno, fez parte vital do meu
aprendizado. A cada atividade desenvolvida, discussão de um artigo e socialização
entre professores e alunos, tive a oportunidade de conhecer, compreender e
consolidar informações a respeito da Educação Financeira.

Referências

ALMOULOUD, S. A. Teoria Antropológico do Didático: metodologia de análise


de materiais didáticos. Artigo publicado em 2015. Disponível em:
<http://www.academia.edu/18199076/Teoria_Antropol%C3%B3gica_do_Did%C3%A
1tico_metodologia_de_an%C3%A1lise_de_materiais_did%C3%A1ticos>. Acesso
em: 01/02/2018.

ALVES, W. de S. SANTANA, R. F. O gênero fábula como instrumento de ensino


nas aulas de língua portuguesa com alunos do 6° ano do fundamental. Artigo
publicado em 2017. Disponível em: <
https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_para_revista.pdf>.
Acesso em: 01/02/2018.

OLIVEIRA, S. da S. STEIN, N. R. A Educação Financeira na Educação Básica:


um novo desafio na formação de professores. Universo Acadêmico, Taquara, v.
8, n. 1, jan./dez. 2015.
ROSSINI, R. A contribuição da teoria antropológica do didático para a análise
de livros didáticos de matemática. VI Educere - Congresso Nacional de Educação
da PUCPR, Curitiba - PR, 2006.

ROEDEL, T. A Importância da Leitura e da Literatura no Ensino da Matemática.


Curitiba. 2016. p. 4-5. Disponível em: <http://docplayer.com.br/61913804-A-
importancia-da-leitura-e-da-literatura-no-ensino-da-matematica.html>. Acesso em:
01/02/2018.

RONCA, Antonio Carlos Caruso. Teorias de ensino: a contribuição de David


Ausubel. Temas psicol. v.2 n.3 Ribeirão Preto dez. 1994. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X1994000300009>. Acesso em: 01/02/2018.

SAVOIA, J. R. F. SAITO, A. T. SANTANA, F. de A. Paradigmas da educação


financeira no Brasil. R. J. 2007. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122007000600006>.
Acesso em: 01/02/2018.
ANEXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
FACULDADE DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E CIENTÍFICA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA MATEMÁTICA E CIENTÍFICA
LICENCIATURA INTEGRADA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA MATEMÁTICA E
LINGUAGENS

TEMA: LINGUAGEM E CONHECIMENTO IV

PROFESSOR: JOSÉ MESSILDO

COLABORADOR: ALEXANDRE DAMASCENO

ALUNAS: ESTELITA BARBOSA GAMA

RAYANNE DOS SANTOS FERNANDES

ROSILEIDE FARIAS DA COSTA

RITA JOICE MAGNO LOURINHO

BELÉM-PA
2018
RELATÓRIO SOBRE A ANÁLISE REALIZADA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE
MATEMATICA DOS ANOS INICIAIS 1º CICLO DA COLEÇÃO “PROJETO BURITI”

Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar os conteúdos e atividades propostas em


uma coleção de livros didáticos de matemática de 1º a 5º ano (1º e 2º ciclo) do
ensino fundamental menor, para verificar se atendem ao que está sendo solicitado
nos documentos oficiais para esta etapa e como os autores vem trabalhando as
noções de educação financeira. Pretendemos verificar também se as tarefas
apresentadas nos livros tem potencial para despertar nos alunos algumas
capacidades que são requeridas para a resolução das mesmas e se se adequam ao
público dos anos iniciais. O livro selecionado para esta análise foi o do 3º ano de
Matemática do Projeto Buriti no qual buscamos indícios na obra analisada de como
os autores trazem ou direcionam aos discentes as noções de planejamento das
finanças pessoais e em família, do ganho do dinheiro, do gasto, da poupança, do
consumo consciente, do investimento e do planejamento visando o futuro e a
qualidade de vida, ou seja, buscamos verificar se já existe nos livros didáticos a
intenção e a preocupação de educar financeiramente as crianças. Adotamos como
referencial teórico os pressupostos da Teoria Antropológica do Didático (TAD), de
acordo com Chevallard (1999) e a luz dessa teoria faremos a análise dos dados
coletados. Consideramos que embora o autor da obra analisada utilize bastante
atividades enolvendo o dinheiro, pouco se abordou sobre a educação financeira em
si, e seus impactos na vida de um indivíduo. Em vista dessa observação, foi
acrescentado abaixo das atividades propostas pelo autor algumas possíveis
abordagens e discussões metodológicas a cerca da educação financeira.
INTRODUÇÃO

A importância da educação financeira para a vida e para a formação de um


cidadão consciente e responsável financeiramente é um assunto muito discutido
atualmente e que vem merecendo destaque cada vez maior entre os professores
das series iniciais. Não há como negar que no dia a dia das pessoas há uma
constante preocupação com aquilo que se ganha e se gasta no final do mês.
Geralmente as pessoas não têm como hábito pensar no seu futuro financeiro, no
seu bem estar e o de sua família e nem planejam o que precisam e o que podem ter
a priori. Com isso costumam extrapolar no orçamento dos gastos e entrar na lista do
endividamento. Tudo leva a pensar que o cidadão não foi acostumado, nem
ensinado a guardar pensando no amanhã. Os veículos de comunicação e a mídia
propagandeiam o consumo exacerbado e fazem de tudo para atrair o consumidor
com ofertas de crédito fácil, prestações prolongadas e baixos juros. Atualmente, um
dos maiores alvos dessas propagandas são justamente as crianças, que enchem os
olhos com os produtos ofertados e incentivados por comerciais cheios de efeitos e
apelos. Nesse sentido, acreditamos que é muito importante que os professores
desde as series iniciais levem as crianças não apenas a terem um maior contato e
fazerem relações entre o que vivenciam fora da escola e as noções de educação
financeira, mas também se apropriem dos conceitos que a envolvem a fim de se
tornarem cidadãos críticos e preparados para viverem sua realidade.

A Educação financeira não consiste somente em aprender a economizar,


cortar gastos, poupar e acumular dinheiro, é muito mais que isso. É buscar
uma melhor qualidade de vida, tanto hoje quanto no futuro, proporcionando
a segurança material necessária para obter uma garantia para eventuais
imprevistos. (TEIXEIRA, 2015, p. 13).

Antes de iniciarmos nossa análise aos livros didáticos procuraremos mostrar o


que os documentos oficiais de matemática para o 1º e 2º ciclo trazem sobre
“educação financeira”. Ao analisarmos os PCN’s de matemática, verificamos que
não há menção ou qualquer forma de abordagem ao tema. Já na BNCC (Base
Nacional Comum Curricular) encontramos as seguintes sugestões para a prática
pedagógica:

“Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221),


educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura
afro-brasileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e
11.645/2008, Parecer bem como saúde, vida familiar e social,
educação para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho,
ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer CNE/CEB nº
11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na BNCC, essas
temáticas são contempladas em habilidades dos componentes
curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e escolas, de acordo
com suas especificidades, tratá-las de forma contextualizada.” (p. 20
e 21) (O grifo é nosso).

Ou seja, a BNCC recomenda que a educação financeira, assim como outros


temas, deve fazer parte do currículo das escolas e dos sistemas de ensino devendo
ser tratada de forma contextualizada.
Na BNCC a educação financeira é abordada na unidade temática “Números” e
nesta são sugeridas as possíveis abordagens a serem adotadas pelo professor.

“Outro aspecto a ser considerado nessa unidade temática é o estudo de


conceitos básicos de economia e finanças, visando à educação financeira
dos alunos. Assim, podem ser discutidos assuntos como taxas de juros,
inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento)
e impostos. Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar
envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da
econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro.”(p.267).

Nesse aspecto é ressaltada a questão de se fazer a interdisciplinaridade dos


conceitos básicos que envolvem a educação financeira para a compreensão dos
assuntos relativos ao tema. Podemos também estar relacionando-os a outras
disciplinas e áreas do saber a fim de se obter melhores resultados em sala de aula e
na própria vida dos alunos. Pois estas questões ultrapassam o espaço de ensino e
atinge outras “dimensões” que estão diretamente interligadas ao bem estar, aos
hábitos e as atitudes destes em sociedade. Assim, segundo Tomaz e David (2012),
esse tipo de abordagem surtiria benefícios porque,

[...] ajudaria a construir novos instrumentos cognitivos e novos significados,


extraindo da interdisciplinaridade um conteúdo constituído do cruzamento
de saberes que traduziria os diálogos, as divergências e confluências e as
fronteiras das diferentes disciplinas. Supõe-se que construiríamos, assim,
novos saberes escolares, pela interação entre as disciplinas. (TOMAZ e
DAVID, 2012, p. 17).

Nesse sentido acreditamos que a interdisciplinaridade sugerida na BNCC ao se


abordar a questão da educação financeira em sala de aula envolve também a
questão de manter essa relação entre as diversas disciplinas e trabalhá-las em
conjunto. Por exemplo, o professor pode de uma questão de matemática ir além e
retirar ou construir saberes referentes à educação financeira, à língua portuguesa
(interpretação de textos, escrita, análise e leitura de dados, etc), e a outras áreas ao
mesmo tempo. Basta que consiga fazer a devida conecção entre os saberes e
associá-los de forma correta e principalmente não tenha medo de perceber a
abrangência da questão e dela se utilize para explorar todo seu potencial.

OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PESQUISA

Estudaremos os dados consultados nos livros didáticos de acordo com a


Teoria Antropológica do Didático de Chevallard e de acordo com o que recomenda
os PCN’s de matemática para os anos iniciais e através desses pressupostos
procuraremos responder às seguintes perguntas: quais as tarefas envolvem a
educação financeira? Qual o objetivo desta tarefa? Quais as técnicas precisam ser
mobilizadas na resolução das tarefas?
Assim, seguindo a praxeologia de Chevallard (1999) procuramos avaliar as
tarefas e as técnicas presentes nas atividades. Assim Chevallard (1999, p.2)
descreve a noção de praxeologia:

A raiz da noção de praxeologia se acha na noção solidaria de tarefa,


T. Quando uma tarefa t cabe a um tipo de tarefa T, pode se escrever:
t € T. Na maioria dos casos, uma tarefa (é um tipo de tarefa familiar)
se exprime por um verbo: “varrer uma peça” desenvolver uma
expressão literal dada, dividir um ente por outro cumprimentar um
vizinho, ler um manual, subir em uma escada [...] etc.
(CHEVALLARD,1999, p.2, tradução nossa apud MAGNO, 2014. p.
16).

Ressaltamos que pretendemos dar continuidade a esta analise do didático,


mas que por ora o livro selecionado para esta pesquisa foi o do 3º ano de
Matemática do Projeto Buriti no qual buscaremos indícios na obra analisada de
como os autores trazem ou direcionam aos discentes as noções de planejamento
das finanças pessoais e em família, do ganho do dinheiro, do gasto, da poupança,
do consumo consciente, do investimento e do planejamento visando o futuro e a
qualidade de vida, ou seja, buscamos verificar se já existe nos livros didáticos a
intenção e a preocupação de educar financeiramente as crianças. Adotamos como
referencial teórico os pressupostos da Teoria Antropológica do Didático (TAD), de
acordo com Chevallard (1999) e a luz dessa teoria faremos a análise dos dados
coletados.
OS DADOS ANALISADOS

UNIDADE 1 – NÚMEROS

BLOCO: ARREDONDAMENTO E ESTIMATIVA - PÁGINA 31. TAREFA 02.

O objetivo desta tarefa é fazer com que o aluno aplique seus conhecimentos
sobre estimativa e arredondamento na descoberta do numero que está mais próximo
de 100.
Para resolver essa tarefa o aluno precisa mobilizar conhecimentos como:
antecessor e sucessor, Ordenação de números naturais e sequência numérica.
A técnica a ser utilizada será localizar os números em uma reta numérica buscando
verificar qual número que está mais próximo de 100, devendo obter como resposta o
numero 96.
Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:
(EF03MA04) Estabelecer a relação entre números naturais e pontos da reta
numérica para utilizá-la na ordenação dos números naturais e também na
construção de fatos da adição e da subtração, relacionando-os com
deslocamentos para a direita ou para a esquerda.
SUGESTÕES

Acreditamos que o professor pode utilizar a tarefa para introduzir noções sobre
quebra no orçamento familiar, perdas financeiras e levantar questionamentos sobre
a diferença entre a compra em uma feira e no supermercado.

Quais as técnicas precisam ser mobilizadas na resolução das tarefas?

TAREFA 2 PÁGINA 33
O objetivo da tarefa é realizar uma pesquisa quantitativa em sala de aula para
verificar a preferência dos alunos pelos aparelhos eletrônicos, somando no final o
numero de votos por alunos para cada aparelho apresentado. Nessa tarefa os
alunos deverão dominar conceitos como adição, quantidade e análise de dados.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA06) Resolver e elaborar problemas de adição e subtração com os


significados de juntar, acrescentar, separar, retirar, comparar e completar
quantidades, utilizando diferentes estratégias de cálculo, incluindo cálculo
mental e estimativa.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços, viabilidade de uso do aparelho para a escola e
para os alunos, tempo de uso e a questão do consumo, problematizando sobre o
que é realmente necessário e o que pode ser de uso supérfluo.

UNIDADE 2 – ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

BLOCO: ADIÇÃO POR ESTIMATIVA - TAREFA 2 PÁGINA 50


O objetivo desta tarefa é fazer com que o aluno calcule o valor total dos produtos
juntos, para isso eles utilizariam como técnica a adição e a noção de algarismo.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação


para o cálculo mental ou escrito.
(EF03MA05) Utilizar diferentes procedimentos de cálculo mental e escrito para
resolver problemas significativos envolvendo adição e subtração com
números naturais.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços, viabilidade de uso dos aparelhos para as
famílias, tempo de uso, gasto de energia e a questão do consumo, problematizando
sobre o que é realmente necessário e o que pode ser de uso supérfluo, além de
explorar a questão conceitual da palavra ‘promoção’ mostrada pelo anúncio e
levantar questionamentos do tipo: o que é? Para que serve? É bom ou ruim comprar
produtos na promoção? Toda promoção é vantajosa? Etc.

BLOCO: COMPREENDER INFORMAÇÕES – TAREFA 02 PÁGINA 57


O objetivo da tarefa é somar o valor de cada refeição mais a bebida atentando
para casos específicos de descontos para isso o aluno precisará mobilizar como
técnica conceitos de adição e subtração e fazer uso de calculo mental e escrito

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação para


o cálculo mental ou escrito.
(EF03MA05) Utilizar diferentes procedimentos de cálculo mental e escrito para
resolver problemas significativos envolvendo adição e subtração com
números naturais.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços, além de explorar a questão dos cuidados com
a saúde, consome de alimentos saudáveis e sobre os gastos com alimentos
industrializados como o refrigerante, além de poder explorar a questão conceitual da
palavra ‘desconto’ mostrada pela questão e levantar questionamentos do tipo: o que
é? Para que serve? É bom ou ruim comprar produtos com desconto? Todo desconto
é vantajoso? Etc.

UNIDADE 4: MAIS ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

BLOCO: ADIÇÃO COM REAGRUPAMENTO: NÚMEROS DE 3ALGARISMOS


TAREFA 5 - PÁGINA 97.
O objetivo desta tarefa é associar o preço entre os diferentes modelos de
determinados aparelhos eletrônicos e calcular o valor a ser pago. A técnica
mobilizada na resolução desta tarefa é a justaposição dos valores e o uso do
algoritmo da adição.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação para


o cálculo mental ou escrito.
(EF03MA05) Utilizar diferentes procedimentos de cálculo mental e escrito para
resolver problemas significativos envolvendo adição e subtração com
números naturais.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços e modelos, viabilidade de uso dos aparelhos
para as famílias, tempo de uso, gasto de energia e a questão do consumo,
problematizando sobre o que é realmente necessário e o que pode ser de uso
supérfluo, além de explorar a questão da influencia da propaganda sobre os nossos
gastos.

UNIDADE 4: MAIS ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO BLOCO: MATEMÁTICA EM


TEXTOS: TAREFA 2 - PÁGINA 113.

O objetivo da tarefa é subtrair o valor dos materiais de construção de um


cupom fiscal a outro, atentando para a comparação de valores entre eles e a
identificação do menor valor. A técnica mobilizada na resolução desta tarefa é o
algoritmo da subtração.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA05) Utilizar diferentes procedimentos de cálculo mental e escrito para


resolver problemas significativos envolvendo adição e subtração com
números naturais.

SUGESTÕES
O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação
financeira como pesquisa de preços e modelos, leitura e interpretação de dados que
envolvam valores.

UNIDADE 7: MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO

BLOCO: A MATEMÁTICA ME AJUDA A SER: TAREFA 2 - PÁGINA 208.

O objetivo desta tarefa é fazer com que o aluno multiplique o valor total dos
produtos da promoção para assim definir o produto mais vantajoso, para isso eles
utilizariam como técnica tanto o algoritmo da multiplicação quanto o da adição
fazendo a comparação dos valores ao final.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação


para o cálculo mental ou escrito.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços, questão do consumo, problematizando sobre o
que é realmente necessário e o que pode ser de uso supérfluo, além de explorar a
questão conceitual da palavra ‘promoção’ mostrada pelo anúncio e levantar
questionamentos do tipo: o que é? Para que serve? É bom ou ruim comprar
produtos na promoção? Toda promoção é vantajosa?, etc.
UNIDADE 8: MAIS NÚMEROS

BLOCO: ANTECESSOR E SUCESSOR: TAREFA 1 - PÁGINA 224.

O objetivo desta tarefa é fazer com que o aluno divida o valor total do produto
calculando as parcelas para assim definir a forma mais vantajosa de pagamento,
para isso eles utilizariam como técnica tanto o algoritmo da divisão quanto o da
multiplicação fazendo a comparação dos valores de cada prestação.

Esta tarefa contempla o que está descrito na BNCC na seguinte habilidade:

(EF03MA03) Construir e utilizar fatos básicos da adição e da multiplicação


para o cálculo mental ou escrito.

SUGESTÕES

O Professor pode utilizar a tarefa para introduzir conceitos de educação


financeira como pesquisa de preços, questão do consumo consciente,
problematizando sobre o que é realmente necessário e o que pode ser de uso
supérfluo, além de explorar a questão conceitual das palavras ‘á vista’ e ’acréscimo’
mostrada pelo anúncio e levantar questionamentos do tipo: o que é? Para que
serve? é bom ou ruim comprar produtos á vista? Comprar á vista é vantajoso? Etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que, embora o autor da obra analisada utilize bastantes


atividades envolvendo o dinheiro, pouco se abordou sobre a educação financeira em
si, e seus impactos na vida de um indivíduo. Em vista dessa observação, foi
acrescentado abaixo das atividades propostas, pelo autor do livro “Projeto Buriti
Matemática (3° Ano)”, algumas possíveis sugestões de abordagens e discussões
metodológicas a cerca da educação financeira, oferecendo uma perspectiva maior
do que envolver números e valores. Desta forma, acreditamos ser de fundamental
importância que os livros didáticos dos anos iniciais tenham suporte que auxilie de
maneira significativa o educador nas práticas de letramento matemático e financeiro.
Pois, segundo a teoria de Chevallard, o indivíduo precisa estar preparado para lidar
com as situações que envolvam saberes matemáticos, pois estes saberes permeiam
a sociedade.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. 2ª


versão. Brasília, DF, 2016.

MAGNO, C. M. V. Análise de tarefas de livros didáticos dos anos iniciais:


enfoque em noções de estatística. Belém, 2014.

ROCHA, A. G. Projeto Buriti: matemática: ensino fundamental: anos iniciais.


Moderna. 3. Ed. São Paulo, 2014.

TEIXEIRA, J. Um estudo diagnóstico sobre a percepção da relação entre


educação financeira e matemática financeira. Tese (doutorado) - Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.

TOMAZ, V. S., DAVID, M.M.M. interdisciplinaridade e aprendizagem da


matemática em sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

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