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FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

NOME: _____________________________________ N.º: ______ TURMA: _________ DATA: _________

GRUPO I

Leia com atenção o seguinte soneto de Antero de Quental.

(A Francisco Machado de Faria e Maia)

Sonho de olhos abertos, caminhando


Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando…

5 Que é o mundo ante mim? Fumo ondeando,


Visões sem ser, fragmentos de existências…
Uma névoa de enganos e impotências…
Sobre vácuo insondável rastejando…

E dentre a névoa e a sombra universais


10 Só me chega um murmúrio, feito de ais…
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente


Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentido…

ANTERO DE QUENTAL, Sonetos completos, [Lisboa], Ulisseia, 2002.

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explique em que medida o «sonho de olhos abertos» (verso 1) constitui uma condição para que o
sujeito poético concretize a ação descrita no verso 3.

2. Atente na segunda estrofe. Explicite a importância da metáfora na elaboração de uma visão


pessimista, quase apocalíptica, da existência.

3. Demonstre que os tercetos apresentam a ideia de uma ligação íntima entre o eu lírico e as
«coisas».

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


GRUPO II

Leia o texto de opinião que se segue. Em caso de necessidade, consulte as notas apresentadas.

E ANTERO DE QUENTAL?
MARIANA MATOS
18.09.2013

Não deixa de ser estranho que a Câmara Municipal de Ponta Delgada tenha abandonado a memória
de Antero de Quental, quando se compara, por exemplo, com Natália Correia, a quem a edilidade 1 dedicou
a semana que passou, assinalando assim os seus 90 anos de nascimento com várias atividades.
Bem sei que não é costume assinalar-se datas que não são «redondas» mas estranho (sempre) que a
5 cidade de Ponta Delgada nunca tenha querido assumir Antero de Quental como sendo daqui, desta nossa
cidade, criando, por exemplo, na casa onde nasceu, um espaço museológico de referência.
Todas as cidades do mundo celebram os seus maiores.
Na Praia da Vitória, temos Vitorino Nemésio, ainda há dias referido, por Roberto Monteiro, como «pilar
da cultura da Praia da Vitória»; na Horta, temos Manuel d’Arriaga; em Lisboa, Fernando Pessoa e Amália
10 Rodrigues; no Pico, em São Roque do Pico, o prémio literário Almeida Firmino; em Ponta Delgada, temos
Natália Correia, sim senhor, mas temos também Antero de Quental. E a duplicidade de critérios no trata-
mento de uma e de outra figura incomoda qualquer um que pense nisso por um instante. É que, se, por um
lado, se homenageia a «feiticeira Cotovia», 2 tendo inclusivamente sido descerrada uma escultura, em sua
homenagem, a semana passada, por outro lado chega-se ao ponto de permitir que o banco onde Antero
15 de Quental se suicidou esteja, por estes dias, arredado do seu lugar, servindo o espaço que ocupava para
estaleiro das obras do campo de São Francisco.
Talvez a razão deste acontecimento seja mesmo a inexistência de qualquer critério e a homenagem
que agora se prestou a Natália Correia tenha sido resultado do afã mediático onde se queda o espírito
humano sempre que há campanha eleitoral.
20 De uma ou de outra forma, mas dando, ainda assim, o benefício da dúvida, é caso para congratular a
autarquia pela iniciativa de homenagear a escritora de «O sol na noite e o luar nos dias», lamentando, com-
tudo, o esquecimento a que tem votado Antero de Quental.
A cidade de Ponta Delgada, que de Antero tem nome de escola e de avenida, vem referida em vários
documentos, páginas na Internet e outros suportes que existem sobre o homem e a sua obra. Aqui nasceu
25 a 18 de abril de 1842 e aqui morreu a 11 de setembro de 1891.
A 11 de setembro deste ano, assinalaram-se 122 anos sobre a sua morte. Não fora a iniciativa do Instituto
Cultural de Ponta Delgada, a 12 de setembro, «Novas Conferências do Casino», por Miguel Soares de Alber-
garia, e as referências feitas a Antero quer pelo Professor Doutor Machado Pires quer por José Contente, na
Convenção Autárquica que o PS organizou em Ponta Delgada, e a data nem tinha sido (sequer) lembrada.
30 Se o motivo é ter-se suicidado, já deviam tê-lo posto de lado. Natália Correia escreveu «o itinerário é
interior». O resto, senhoras e senhores, é inércia, poeira e algum preconceito.

http://www.acorianooriental.pt/artigo/e-antero-de-quental,
consultado em 28 de dezembro de 2015 (com adaptações).

(1) edilidade: vereação, conjunto de indivíduos que defendem os interesses de um município.


(2) «feiticeira Cotovia»: personagem de uma obra de Natália Correia, Comunicação (Auto da Feiticeira Cotovia). O
nome da personagem, que praticava a «magia da poesia», acabou por designar a própria autora.

1. Para responder a cada um dos itens, de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. No parágrafo inicial, a autora do texto


(A) aponta semelhanças entre as obras de Natália Correia e Antero de Quental.
(B) afirma a superioridade literária de Natália Correia.
(C) constata a diferença de tratamento dado à memória de dois autores.
(D) constata o interesse da edilidade pela memória de Antero de Quental.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


1.2. A referência a um «espaço museológico» (linha 6)
(A) permite à autora criticar uma sugestão apresentada por outros.
(B) surge como sugestão para recuperar a memória de um escritor.
(C) surge no contexto de um elogio à obra de Antero de Quental.
(D) surge no contexto de um elogio a uma iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
1.3. Com a afirmação «Todas as cidades do mundo celebram os seus maiores» (linha 7), a autora
(A) apresenta, implicitamente, uma crítica à cidade de Ponta Delgada.
(B) apresenta uma informação acessória, pouco importante na apresentação da ideia principal do
texto.
(C) destaca o carácter inigualável da obra de Antero de Quental.
(D) defende a superioridade da obra de Antero de Quental sobre a de Natália Correia.
1.4. Para sustentar o seu ponto de vista, a autora recorre, nas linhas 8 a 10, a uma
(A) metáfora.
(B) hipérbole.
(C) ironia.
(D) enumeração.
1.5. A expressão «duplicidade de critérios» (linha 11) refere-se ao facto de
(A) a cidade de Ponta Delgada não elogiar os seus escritores.
(B) a cidade de Ponta Delgada não desenvolver iniciativas culturais significativas.
(C) os escritores de Ponta Delgada serem desvalorizados a nível nacional.
(D) a cidade de Pontal Delgada não prestar a Antero de Quental a homenagem que presta a
outros escritores.
1.6. Natália Correia e a «feiticeira Cotovia» são expressões
(A) que designam realidades diferentes.
(B) correferentes.
(C) entre as quais existe uma relação parte-todo.
(D) entre as quais existe uma relação hierárquica.
1.7. Para a autora do texto, o suicídio de Antero de Quental
(A) poderá explicar o esquecimento a que tem sido votado.
(B) justifica, certamente, o esquecimento a que tem sido votado.
(C) é um facto importantíssimo para compreender o sentido da sua obra.
(D) é um facto a que Natália Correia fez referência na sua obra.

2. Identifique a função sintática desempenhada por cada uma das expressões.

a) «que a Câmara Municipal de Ponta Delgada tenha abandonado a memória de Antero de Quental»
(linhas 1-2)
b) «por estes dias» (linha 15)

3. Transcreva um deítico temporal presente na frase: «A 11 de setembro deste ano, assinalaram-se


122 anos sobre a sua morte.» (linha 26).

GRUPO III

Considere um livro que tenha lido recentemente. Faça a sua apreciação crítica, apresentando os aspetos
positivos ou negativos da obra e fundamentando o seu ponto de vista.
Construa um texto bem estruturado, com introdução, desenvolvimento e conclusão, com um mínimo de
duzentas (200) e um máximo de trezentas (300) palavras.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.º ano • Material fotocopiável • © Santillana

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