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ESTACA ZERO

Moro é suspeito para julgar Lula, decide LEIA TAMBÉM


Supremo Tribunal Federal por 7 votos a 4
23 de junho de 2021, 16h08 Imprimir Enviar LAWFARE DILUÍDO
Restam contra Lula três ações em
Por Severino Goes tramitação na Justiça Federal

A INCOMPETÊNCIA DE CURITIBA
STF publica acórdão da 2ª Turma do
STF sobre a suspeição de Moro

CHAPA QUENTE
Julgamento de suspeição tem embate
O Plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou em sessão nesta quarta-
sobre "legado lavajatista"
feira (23/6), por 7 votos a 4, a decisão da 2ª Turma que declarou o ex-juiz
Sergio Moro suspeito para julgar o ex-presidente Lula no caso do tríplex do SUSPEITO E INCOMPETENTE
Guarujá (SP). Com o resultado, as acusações contra o ex-presidente serão STF forma maioria para manter
anuladas. O decano Marco Aurélio, que havia pedido vista, votou contra a suspeição de Moro para julgar Lula
declaração de suspeição de Moro. "Reconheço ser a suspeição a pecha pior,
relativamente a um Juízo, a um juiz, porque cola a prática de ato merecedor de
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glosa, já que se pressupõe não a parcialidade, mas a imparcialidade",
justificou o ministro.
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Prevaleceu o voto divergente do ministro Gilmar Mendes, para quem a
decisão de suspeição tem efeitos mais amplos do que a de incompetência de
um juízo. Entre eles, o de anular os atos processuais que, no caso de
incompetência, podem ser ratificados e mantidos no processo pelo novo juiz.
Portanto, a declaração de incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de
Curitiba — que tinha Moro como titular — para julgar Lula não fez com que o
julgamento da suspeição perdesse objeto.

Ricardo Stuckert O julgamento de hoje encerrou uma


longa discussão sobre o tema, que se
arrastava desde abril, quando o
Plenário da Corte havia formado
maioria para manter a decisão da 2ª
Turma que declarou Moro suspeito
para julgar o ex-presidente Lula no
caso do tríplex do Guarujá (SP).
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Como havia pedido vista, o decano
Marco Aurélio retomou o julgamento
com a apresentação de seu voto, contrário ao entendimento de que o ex-juiz
Moro é suspeito. "Está-se, agora, a apreciar outro agravo, devolvida ao
Plenário a problemática da suspeição do juiz Sergio Moro. Não se diga que a
matéria alusiva à suspeição precede a da competência territorial. Reconheço
ser a suspeição a pecha pior, relativamente a um Juízo, a um juiz, porque cola
a pratica de ato merecedor de glosa, já que se pressupõe não a parcialidade,
mas a imparcialidade", diz Marco Aurélio em seu voto.

E prosseguiu: "o juiz Sergio Moro surgiu como verdadeiro herói nacional. E,
então, do dia para a noite, ou melhor, passado algum tempo, é tornado como
suspeito, e, aí, caminha-se para dar o dito pelo não dito, em retroação
incompatível com os interesses maiores da sociedade, os interesses maiores
do Brasil. Dizer-se que a suspeição está revelada em gravações espúrias é
admitir que ato ilícito produza efeitos, valendo notar que a autenticidade das
gravações não foi elucidada. De qualquer forma, estaria a envolver diálogos
normais, considerados os artífices do Judiciário — o Estado acusador e o
Estado julgador —, o que é comum no dia a dia processual".

O presidente do STF, ministro Luiz Fux, votou contra manter a decisão da


Turma e criticou a utilização de gravações entre o ex-juiz Moro e os
procuradores de Curitiba que atuaram na chamada operação "lava jato". "A
suspeição, na verdade, pelo ministro Edson Fachin, foi afastada. Municiou [o
julgamento na Segunda Turma] uma prova absolutamente ilícita, roubada que
foi depois lavada. É como lavagem de dinheiro. Não é um juízo precipitado.
Essa prova foi obtida por meio ilícito. Sete anos de processo foram alijados
do mundo jurídico", disse.

Decisão em abril
O caso, na realidade, já havia sido decidido em abril último quando o
ministro Gilmar Mendes proferiu o voto que prevaleceu. Ele considerou que a
declaração de incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba para
julgar Lula não prejudicaria o julgamento sobre a suspeição do seu antigo juiz
titular, já que teria efeitos mais amplos. A suspeição anularia os atos
processuais, por exemplo, enquanto a declaração de incompetência da vara
possibilita a manutenção desses atos caso sejam ratificados pelo novo juiz.

O voto de Gilmar ganhou apoio dos ministros Nunes Marques, Alexandre de


Moraes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski.

Ficaram vencidos os ministros Luiz Edson Fachin, relator do caso, e Luís


Roberto Barroso e, com o julgamento de hoje, Fux e Marco Aurélio.

Fachin considerou que o processo deveria ser extinto, já que a análise de


suspeição deveria ocorrer antes da de incompetência. Já Barroso entendeu
que o julgamento da 2ª Turma seria nulo após o relator ter extinguido o
processo.

Votos vencidos
Fachin disse que a análise da suspeição deve ocorrer antes da de
incompetência. Porém, como no caso aconteceu o contrário, o processo de
suspeição deve ser extinto, alegou.

Já Barroso opinou que a competência deve ser analisada antes da suspeição.


"Se o juiz é incompetente, não se avalia a suspeição. Caso reconhecida
apenas a suspeição do magistrado, o processo continua a tramitar no mesmo
juízo. Se Moro tivesse sido declarado suspeito, o caso continuaria na 13ª Vara
Federal Criminal de Curitiba, com o juiz substituto. Mas se reconhecida a
incompetência, o processo deve ser remetido ao órgão competente."

Conforme o ministro, cabe ao relator decidir sobre a perda do objeto de um


processo. Em sua visão, houve um conflito de competência sobre a perda do
objeto da suspeição de Moro entre o relator, Fachin, e a 2ª Turma. E tal
disputa, disse Barroso, deveria ter sido resolvida pelo Plenário, não pela 2ª
Turma, como aconteceu.

"O julgamento da suspeição pela 2ª Turma é completamente nulo após o


relator ter extinguido o processo. Podia haver recurso das partes ou
suscitação de conflito de competência. Mas a decisão não podia ter sido
ignorada", apontou.

Dois HCs
O recurso julgado nesta quarta foi o segundo agravo de instrumento da defesa
de Lula contra a decisão do ministro Edson Fachin no HC 193.726. Nesse
HC, Fachin chegou à conclusão de que a 13ª Vara Federal de Curitiba (PR)
não era o juízo competente para processar e julgar Lula, pois os fatos
imputados a ele nas ações sobre o tríplex, o sítio de Atibaia e o Instituto Lula
não estavam diretamente relacionados à corrupção na Petrobras. Nessa
decisão, o ministro também julgou prejudicado outro Habeas Corpus (HC
164.493), em que a defesa de Lula alegava a suspeição de Moro. Em 23/3, no
entanto, a 2ª Turma julgou o HC sobre a suspeição, reconhecendo-a.

Contra a decisão de Fachin no HC 193.726 foram interpostos três recursos —


um pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e dois pela defesa do ex-
presidente. Em abril, o Pleno da Corte manteve a decisão de deslocar o
julgamento desses recursos para o Plenário e, em seguida, confirmou a
decisão do relator sobre a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba e a
remessa dos processos para a Justiça Federal do DF.

Clique aqui para ler o voto do ministro Marco Aurélio


Clique aqui para ler o voto do ministro Gilmar Mendes
HC 193.726

Clique aqui para ler o acórdão da 2ª Turma sobre a suspeição


HC 164.493

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Severino Goes é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 23 de junho de 2021, 16h08

COMENTÁRIOS DE LEITORES
16 comentários

NO APAGAR DAS LUZES, MARCO AURÉLIO FEZ JUSTIÇA


DAGOBERTO LOUREIRO - ADVOGADO E PROFESSOR (Advogado Autônomo)
30 de junho de 2021, 22h37

Estão de parabéns os Ministros Fux, Barroso, Fachin e Marco Aurélio, este


principalmente ao reconhecer que Moro é um herói, vítima das costumeiras
armações das oligarquias. Remando contra a maré, conseguiu provar que é possível
lutar contra o crime organizado que tomou conta do País, após o golpe de Estado da
Cia, em 1964, apoiada pelos militares brasileiros
É fato que os milicos mataram e afugentaram todas as lideranças populares que se
insurgiram contra a ditadura. Fecharam todos os órgãos de imprensa independentes,
que lhes faziam frente, abrindo caminho para os banqueiros dominarem toda a
economia do País. Na atualidade, sem lideranças populares autênticas, não existe
oposição, nem partidos de esquerda. São simples arremedos de uma suposta e
tímida oposição. Como Bolsonaro já disse, alto e bom som, é fácil dar golpe de
Estado no Brasil, mesmo com quase vinte milhões de desempregados e mais de
meio milhão de mortes causadas pela “gripezinha”. Em qualquer País do mundo,
onde as instituições democráticas funcionem, esse presidente já estaria afastado e
respondendo por seus inúmeros crimes.
Evidentemente que essas considerações nada tem a ver com a exemplar obra de
Moro, que, como Juiz, limitou-se a julgar casos criminais, com total isenção e
fazendo Justiça, na melhor acepção da palavra, tanto que suas decisões foram
confirmadas pelas instâncias superiores.
É falsa, portanto, a narrativa de que teria perseguido lideranças políticas, assente
que estas se envolveram de corpo e alma na mais deslavada corrupção.
Assim, Marco Aurélio fez um resgate justo e legítimo da imagem de Moro, bem
como de toda a equipe de operou na LavaJato. Não há razão para descrença, nem
desânimo, pois o apoio do povo brasileiro continua forte e crescente. A luta
continua.

CONSTATAÇÃO
Afonso de Souza (Outros)
24 de junho de 2021, 14h15

A verdade é que muita gente apoiava a Lava Jato até o dia em que ela alcançou Lula e
outros graúdos. Desse dia em diante, esses apoiadores viraram críticos e inimigos
da Lava Jato e ainda dizem que a operação era seletiva.

Moro foi considerado suspeito por desagradar os mais que suspeitos.

UMA TOGA QUE FARÁ FALTA


R Mello (Administrador)
24 de junho de 2021, 11h17

O voto do Ministro Marco Aurélio Mello no caso da suspeição do juiz Sergio Moro
reflete bem a perplexidade da sociedade sobre que suprema corte temos hoje, após
a gradual ocupação de forças advindas do que há de pior no espectro político.
Seus bem elaborados votos, autênticas lições de direito, farão falta aos estudantes.
De longe, foi o mais preparado das últimas décadas. Sem sua toga, ganham a chicana
e a desfaçatez, ideias bem brasileiras, uma espécie de 'justiça de maus resultados',
criada à luz da concepção do 'estado democrático de direito à bandidagem'. Amplia-
se, assim, o nível de desconfiança da sociedade sobre o que, afinal, se tornou o STF
nestes anos.
A excelência do mestre se comprova quando alcança nos convencer do argumento
que discordamos. Muitas vezes, ele foi assim. Essa será a sua marca, esse será o
seu legado.

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Comentários encerrados em 01/07/2021.


A seção de comentários de cada texto é encerrada 7 dias após a data da sua publicação.

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