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O Washington Post diz que a Igreja de Jesus

Cristo tem bilhões. Ainda bem.

Por Hal Boyd e Lynn Chapman | 17 de dezembro 2019 | Tradução por Caleb Cleverly

Uma história publicada na segunda-feira sobre as finanças da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias no jornal Washington Post já tem gerado muita atenção. Nós achamos que ela
merece mais atenção ainda.

Isso não quer dizer que o assunto dos investimentos da igreja seja algo novo - não é (a revista
TIME certa vez publicou uma história na capa intitulada “MÓRMONS, LTDA”) - mas o foco
renovado nos diversos investimentos da igreja mostra novamente que a igreja realmente pratica
aquilo que prega sobre a autossuficiência e o viver previdente. Ela leva a sério a história bíblica
sobre José no Egito e os sete anos de fartura seguidos por sete anos de fome.

Em uma era de déficits federais crescentes, enormes dívidas estudantis e promessas falhas de
previdência, talvez devamos ser mais vagarosos em criticar uma organização que, embora anos
atrás estivesse prestes a falhar financeiramente, consegue agora ficar fora das dívidas e poupar
para as dificuldades futuras. Isso é mais importante ainda para uma igreja, um lugar onde as
pessoas vão durante as épocas de crise.

Como uma nação, e principalmente como indivíduos, devemos todos nos esforçar mais para
agir da mesma forma.

Mais cedo neste ano, o Wall Street Journal nomeou a Universidade Brigham Young, cuja dona a
igreja é, a melhor universidade nos Estados Unidos em relação ao valor pelo preço. Graças aos
ativos da igreja - e especificamente aos investimentos financeiros mostrados no artigo do
Washington Post - o custo semestral na BYU permanece extremamente baixo (USD $2.895 por
semestre para os membros da igreja). Mais recente ainda, o jornal parabenizou o estado de Utah
por ter a melhor economia do país (com um governo estadual que poupa dinheiro para o futuro
e não gera dívidas). Enquanto isso, pesquisadores como Raj Chetty têm destacado a forma que
as comunidades em Utah têm uma das maiores taxas de mobilidade social no país.

Muito desse sucesso é influenciado pelos sábios princípios financeiros e caridosos ensinados e
exemplificados pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Tomara que, ao destacar
os investimentos da igreja, o artigo do Washington Post e a história do denunciante consigam
atrair mais atenção a um modelo de gestão que realmente está funcionando. O estado financeiro
da igreja - que há só 100 anos atrás estava prestes a falhar - está agora, de acordo com algumas
estimativas, no mesmo nível que organizações como a Fundação Bill e Melinda Gates, a
Universidade Harvard, a Igreja Católica e a Igreja Anglicana. O denunciante no artigo do
Washington Post alegou que a igreja possuísse USD $100 bilhões, mas uns vazamentos de dados
mais confiáveis do ano passado põem esse número mais perto de USD $32 bilhões.

É claro que se-pode questionar se essas reservas são adequadas ou excessivas, ou se as ações
com certos fundos são apropriados, assim como questionam no artigo do Post e o denunciante,
Investimentos enormes requerem uma boa gestão e os investimentos de reserva de organizações
sem fins lucrativos podem causar controvérsias. Recentemente, por exemplo, o congresso
americano estabeleceu um imposto para as grandes universidades com pelo menos 500 alunos
matriculados e com reservas em excesso de USD $500.000 por aluno.

Por exemplo, Harvard possui reservas financeiras de quase US $41 bilhões, dando uma
educação universitária para uns 20.000 alunos. A igreja, por contraste, serve uns 16 milhões de
membros, e seu âmbito muitas vezes vai além de seus próprios membros. A igreja ajuda em
projetos humanitários e de bem-estar, educação, bancos alimentares, programas de emprego,
programas de recuperação de vício, terapia familiar, iniciativas genealógicas e de
autossuficiência, e claro suas amplas funções eclesiásticas, incluindo mais de 30.000
congregações no mundo inteiro.

Só na área de educação, a igreja mantém um sistema de universidades com matriculados - tanto


online quanto tradicionalmente nos campi - de quase 90.000 alunos. E o programa de educação
do nível colegial providencia uma educação religiosa diária a mais de 400.000 alunos por ano.
Para ser honesto, um de nós, os autores deste artigo, é professor na Universidade Brigham Young
e se beneficia de um salário da mesma.

Embora esse foco renovado nas finanças da igreja sem dúvida traga atenção aos elementos mais
interessantes do portfólio de ativos da igreja (olha aí, a igreja investe num shopping),
provavelmente não vai mudar mudar as atitudes daqueles nas alas e ramos que veem como o
dinheiro dos investimentos e o dízimo é usado para cumprir uma missão de tamanho global. Seus
filhos estudam na BYU ou nas aulas do seminário. Eles servem missão em terras estrangeiras ou
recebem ajuda financeira pela liderança voluntária quando passam por dificuldades. Eles
participam de esforços de ajuda a desastres, ajudando entre dezenas de outras religiões a entregar
comida e outros suprimentos.
Depois de publicar uma reportagem enorme de 1.000 páginas sobre as finanças da igreja, o
historiador e crítico de longa data da igreja, D. Michael Quinn, destacou a vasta narrativa da
história das finanças da igreja como “uma história enormemente promotora de fé.” Ele disse
que
se as pessoas enxergassem à “visão maior” das finanças da igreja veriam que “a igreja não é um
negócio com fins lucrativos.” Sim, a igreja poupa e investe seu dinheiro extra, mas ela também
ajuda imensamente a aliviar as dívidas dos universitários, doa aos pobres independentemente
da demográfica, e possui um dos maiores programas não-governamentais de bem-estar no país.
Acima de tudo, faz tudo isso sem enriquecer aqueles em cima.

Antes de entrarmos na próxima crise, seria bom se nossos governos e outras instituições da
sociedade civil seguissem o exemplo da igreja. Embora alguns chamem as mais recentes
manchetes sobre as finanças da igreja de “notícias”, a sabedoria permanece tão antiga quanto
o Egito.

Hal Boyd é professor associado de direito e política da família na Escola de Vida


Familiar da Universidade Brigham Young e membro da Wheatley Institution. Lynn
Chapman possui doutorado em políticas públicas pela George Mason University e é
consultora em educação e negócios com base na Virgínia. Seus pontos de vista são
deles mesmo.

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