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Análise de técnicas de modulação para aplicação

em sistemas CubeSat
Aildo Souza Xavier Jadson Benicio Farias Melo da Silva
Escola de Engenharias e Ciências Escola de Engenharias e Ciências
Exatas Exatas
Universidade Potiguar Universidade Potiguar
Natal, Brasil Natal, Brasil
aildo@outlook.com jbmelo13@hotmail.com

Resumo — Dado o crescente número de aplicações do setor Assim, os custos e o tempo de desenvolvimento
aeroespacial, a pesquisa na indústria espacial está se tornando diminuíram, permitindo um grande crescimento do número
cada vez mais atraente devido a miniaturização de satélites, de CubeSats. Por exemplo, em 2010 estima-se que tenham
que possibilitou pesquisas espaciais por universidades, sido desenvolvidos um total de cerca de 250 CubeSats
governos e instituições privadas. O presente trabalho trata das (Ferreira, 2012).
características do subsistema de telecomunicação dos pequenos
satélites, conhecidos como cubesats. A evolução da tecnologia
analógica para digital oferece amplas possibilidades de
inovação e melhoramento das comunicações, de modo a obter o
melhor desempenho para que a informação alcance seu destino
sem sofrer degradações significativas. Uma das maneiras de
melhorar essa taxa de transmissão do sinal é o uso apropriado
de técnicas de modulação, como também analisar um modelo
de canal adequado para a escolha apropriada de modulação.

Palavras-chave—Cubesat, Subsistema de comunicação,


Modulação, Segmento terrestre, SDR.

I. INTRODUÇÃO
A compreensão do que está além dos limites terrenos
sempre intrigou o homem. Desde que a tecnologia permitiu a Figura 1 - CubeSats no espaço
exploração do espaço, sempre foi uma prioridade para a Fonte: (bit2geek, 2020).
humanidade. No entanto, devido as características exigentes
(requer materiais resistentes, comunicações a longas Este trabalho tem como objetivo analisar os conceitos de
distâncias, autonomia energética, tolerância a falhas etc.) modulação e suas técnicas, afim de melhorar signitivamente
destas atividades. Os custos muito elevados sempre foram a qualidade da transmissão de dados.
uma grande barreira para pesquisa e desenvolvimento de
novas tecnologias. Apresentar uma breve introdução sobre CubeSats e seus
subsistemas;
Durante a década de 1960, um grupo de radioamadores Apresentar conceitos de modulação;
lançou com sucesso o primeiro satélite amador (OSCAR), Apresentar os tipos de modulação;
ficando assim provado que é possível a construção e Simular e comparar as técnicas de modulação;
utilização de satélites por parte de amadores (Ferreira, 2012).
Hoje em dia, os satélites CubeSats são as ferramentas
promissoras para pesquisas espaciais, sensoriamento e II. PEQUENOS SATÉLITES E SEUS SUBSISTEMAS
comunicações. Este formato começa sua história em 1999 e A. CubeSat
durante os últimos anos foi significativamente desenvolvido Os CubeSats são satélites de pequeno porte, classificados
por diferentes países, como EUA, Alemanha, Áustria, Rússia nos grupos dos Picossatélites e/ou Nanossatélites. Estes
etc. Satélites CubeSat são amplamente utilizados em ciência satélites foram resultado do esforço de colaboração entre
e educação. No entanto, deve ser levado em conta que os Prof. Jordi Puig-Suari da California Polytechnic State
sistemas de comunicação dos Cubesats também estão University (CalPoly), San Luis Obispo, e o Prof. Bob Twiggs
sujeitos a pesquisa. A principal vantagem do CubeSats é que da SSDL (Stanford University’s Space Systems
podemos usar algoritmos distribuídos para design e Development Laboratory) (LEE et al., 2009).
desenvolvimento (Alvarez & Walls,2016). A figura 1 mostra
esse pequeno satélite no espaço. A motivação inicial do projeto CubeSat era facilitar o
acesso às tecnologias espaciais para universidades, dando
Esse fenômeno permite compartilhar o processo de oportunidades à alunos de participar de todo ciclo de um
construção entre pequenos grupos de engenharia que podem projeto espacial, passando pelas fases de estudos, projeção,
reduzir custos e o tempo necessário para a produção. Além construção e testes finais. No entanto, o custo e o tempo de
disso, o pequeno tamanho do CubeSats permite o uso de implementação atraíram empresas e agências espaciais,
muitos satélites o que torna possível usar algoritmos para reaquecendo o mercado espacial, promovendo o
comunicações distribuídas (MARINAN et al., 2013). desenvolvimento tecnológico da área espacial e tornando o
projeto uma solução altamente competitiva, representando Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS, do inglês
87% de todos os pequenos satélites lançados até 2017 Global Navigation Satellite Systems), GPS ou Galileo, é a
conforme (NASA, 2019). principal técnica para a determinação de posição de satélites.
Esse termo CubeSat é um acrônimo formado pela palavra D. Subsistema de Processamento de Dados (OBDH)
cube (cubo, em inglês) acrescida das três primeiras letras da O subsistema de comando e manipulação de dados do
palavra satélite. O termo é usado para designar um satélite de satélite é responsável por receber, validar, decodificar e
pequeno porte, em forma de um cubo. Cujas arestas medem distribuir comandos para outros subsistemas, além de coletar,
vários tamanhos baseados na unidade CubeSat padrão – preparar e armazenar dados de manutenção e de missão para
redefinida como 1U. Um 1U CubeSat é um cubo de 10 cm utilização de downlink ou de bordo (POGHOSYAN;
com uma massa de aproximadamente 1 a 1,33 kg (THE GOLKAR, 2017). Em geral, o subsistema de comando e
CUBESAT PROGRAM, 2013). Na Figura 2, são mostradas manipulação de dados também integra funções adicionais,
algumas configurações usuais de CubeSats. como monitoramento da integridade do computador,
interfaces de segurança e cronômetro de satélites (LARSON;
WERTZ, 1992).
E. Subsistema de Controle Térmico (TCS)
Em órbita, a espaçonave experimenta flutuações extremas
de temperatura em curtos períodos de tempo (por exemplo,
minutos a horas), exposta ao Sol a temperatura pode atingir
mais de +100°C, enquanto no eclipse a temperatura pode
ficar bem abaixo de -100°C (LARSON; WERTZ, 1992).
Assim, o controle térmico é crítico para o sucesso da
Figure 2 - Algumas configurações de CubeSats operação e sobrevivência do satélite e sua carga útil.
Fonte: (NASA, 2019)
F. Subsistema de Telemetria, Rastreio e Comando
(TT&C)
III. SUBSISTEMAS
O Subsistema (TT&C) é umas das partes cruciais do
Os satélites são compostos de vários subsistemas, os segmento espacial que, caso mal projetado, pode levar ao
quais desempenham uma série de funções para cumprir a fracasso da missão, sendo o responsável por formar o enlace
missão determinada. Independente da missão, todo segmento com o segmento terrestre, através de recursos radioelétricos,
espacial a ser lançado em órbita possui seu conjunto de fornecendo informações da posição orbital, monitoramento
subsistemas, e com o CubeSat não é diferente. Os de saúde e estado atual do segmento espacial e seus
subsistemas são módulos que constituem o corpo do subsistemas e também a recepção de comandos enviados
segmento espacial, possuindo papel importante para o pelo segmento terrestre (Challa; McNair, 2012). Na Figura 3
funcionamento e sucesso da missão (Challa; McNair, 2012). podem ser observados os subsistemas que geralmente,
Destas, podemos citar: compõem os cubesats.
A. Subsistema de fornecimento de energia (EPS)
O subsistema de energia elétrica é assim constituído: uma
fonte de energia, armazenamento de energia, distribuição de
energia, unidades de controle e regulação (LARSON;
WERTZ, 1992). As células solares fotovoltaicas são a
principal fonte de energia para os CubeSats, com destaque
para as células solares de junção tripla de última geração que
podem obter eficiências entre 27 e 33% (AGASID et al.,
2015).
B. Subsistema de Propulsão
A capacidade de propulsão é crucial para aumentar as
capacidades das missões dos futuros CubeSats, como a
mudança e o levantamento de órbitas, a formação de voo,
operações de proximidade, controle de atitude, ou arrasto e
capacidade de reentrada no final da vida útil da missão, para
atender aos requisitos de mitigação de detritos orbitais Figura 3 - Subsistemas de um CubeSa
(JOHNSON; STANSBERY, 2010). Fonte (EOPORTAL, 2016)

C. Subsistema de Controle de Atitude e Órbita


(AOCS) Cada subsistema tem uma função específica, entretanto,
para fins deste trabalho somente será abordado com maior
O subsistema de Controle de Atitude e Órbita é formado foco o Subsistema de Telemetria, Rastreio e Comando
pela combinação do Subsistema de Determinação e Controle (TT&C).
de Orbitais (ODCS, do inglês Orbital Determination and
Control Subsystem), responsável por medir e manter a O subsistema TT&C é a interface entre o satélite e a
posição do centro de massa do satélite em função do tempo e estação terrestre, que permite o downlink dos dados de carga
pelo Subsistema de Controle e de Determinação da Atitude útil e manutenção para o centro de operações, e uplink
(ADCS, do inglês Attitude Determination and Control através da transmissão de comandos do operador para a
Subsystem), responsável por medir e manter a orientação do estação embarcada, bem como estabelecimento de
satélite (LARSON; WERTZ, 1992). Na órbita da Terra, um comunicações entre satélites (GUEST, 2016).. A Figura 4
apresenta a visão geral do subsistema de comunicações do termômetros, acelerômetros e transdutores, que fornecem
satélite de pequeno porte e o enlace com a estação terrena. saídas em formas como resistência, capacitância, corrente ou
tensão medidas.
O uso destes sensores para coletar as medições necessárias é
apenas o primeiro passo no fornecimento de telemetria do
satélite para a equipe de comando no solo. O segundo passo é
o processamento das medições.
Rastreio
Para se comunicar com um satélite, seja para receber
telemetria ou transmitir comandos, o segmento de comando
deve ser capaz de localizar e rastrear um satélite com
precisão. Essas funções de alcance fazem parte da tarefa de
rastreamento que é executada pelo subsistema TT&C. O
satélite deve primeiro ser capaz de localizar e travar as
transmissões entre a estação terrestre e o satélite. Quando o
satélite é bloqueado, o subsistema TT&C determina o
Figura 4 - sistema de comunicações dos satélites de pequeno porte. alcance, ou a distância da linha de visão entre a plataforma e
Fonte: Adaptada (Alminde et al., 2002) sua velocidade radial, permitindo que o segmento de
comando saiba a localização exata e o sentido do seu
Conforme a Figura 4, o enlace de comunicações é deslocamento (GUEST, 2016).
conformado por blocos recíprocos entre o satélite e a estação
terrena. Os dados da missão são os dados que necessitam ser O processo de localização e bloqueio de um satélite a partir
transmitidos. Isto quer dizer que para estabelecer o design da de uma estação terrestre é conhecido como rastreamento da
estação terrena, ou do satélite, devem-se levar em transportadora. Este processo é mais comumente realizado
consideração os dois segmentos. O bloco denominado em operações de satélite de aplicativo, usando um princípio
protocolo é o sistema de empacotamento desses dados a conhecido como coerência de fase. O modo operacional
serem transmitidos, segundo Alminde et al. (2002), neste típico deste princípio envolve o estabelecimento da relação
caso, o protocolo AX.25 é o responsável pela gestão do entre a frequência de comunicação e a frequência de subida
enlace. pré-determinada, permitindo a sincronização de suas fases.
O objetivo da sua função é garantir a comunicação com o Comando
satélite durante a missão. Como parte da plataforma, este Os comandos são usados para reconfigurar um satélite ou
subsistema é necessário para todos os satélites, seus subsistemas para responder às condições da missão,
independentemente da aplicação (GUEST, 2016). podem incluir subsistemas de comutação e alterar condições
Este subsistema tem três funções específicas que devem de operações de componentes. De acordo com Guest (2016),
ser executadas para garantir a capacidade do satélite, para também são utilizados para controlar a orientação e atitude
atingir o sucesso da missão: da plataforma ou monitorar estruturas como matrizes solares
ou antenas. Finalmente, os comandos podem vir na forma de
Telemetria é a coleção de medições e leituras de programas de software que são carregados no computador de
instrumento a bordo necessárias para verificar a saúde e o bordo, através de microcontroladores para monitorar e atuar
status de todos os subsistemas do satélite (BERTIGER et al., nos componentes continuamente, conforme necessidade.
1993). O subsistema TT&C deve coletar, processar e
transmitir esses dados do satélite para o solo. O primeiro O primeiro passo do sistema de comando é receber os dados
passo para fornecer atualizações de status ao solo é a coleta do solo através do seu sistema de comunicação. As
das medições exigidas pelo segmento de comando. Medições frequências de RF típicas dos sistemas de comando incluem:
relacionadas à saúde e status do satélite incluem: banda S (1,6-2,2 GHz), banda C (5,9-6,5 GHz) e banda Ku
(14,0 14,5 GHz) [17], outras bandas do espectro dentro das
• O status dos recursos (por exemplo, status de faixas VHF e UHF também são utilizadas, principalmente
integridade e carregamento das baterias); em comunicações do tipo ponto-a-ponto em visada direta. As
• A atitude do satélite (por exemplo, sistemas de taxas de dados típicas necessárias para sistemas de comando
rastreamento de radiofrequência); variam de 500 a 1.000 kb / s.
• O modo de operação para cada subsistema (por Uma vez que o satélite tenha recebido e demodulado as
exemplo, status de operação de um aquecedor, ligado ou transmissões de comando de uplink, o sistema inclui três
desligado); segmentos adicionais (GUEST, 2016):
• A integridade de cada subsistema (por exemplo, saída dos • o decodificador de comando: responsável por reproduzir
painéis solares). as mensagens de comando e produzir os sinais de
bloqueio/habilitação e clock;
Essas medições não são necessárias apenas para o
satélite, mas também para avaliar a saúde da carga útil. Em • a lógica de comando: responsável por validar a
um satélite de comunicações, os dados de telemetria mensagem de comando e rejeitá-la em caso de
incluiriam informações como a configuração de comutação inconformidade ou incoerência;
para o roteamento de sinais, a saída de energia dos • e o circuito de interface: responsável por implementar a
transponders, a direção em que a antena é apontada ou o lógica de comando e se conectar aos demais sistemas.
status dos sistemas de geração de imagens. Todas essas
medidas são coletadas com vários sensores, como A lógica de comando no subsistema TT&C deve verificar e
validar o comando, garantindo que sejam enviados para o
satélite corretamente. Uma vez que a lógica é usada para Após o lançamento, é de necessidade estabelecer a
processar o comando, o subsistema TT&C ativa o circuito da comunicação para aquisição dos dados referentes à
interface conforme necessário. No caso de operações de finalidade da missão espacial. Para isso, é imprescindível a
resolução de problemas ou de recuperação de falhas, pode construção de um segmento terrestre para condução de todo
haver a necessidade de substituir restrições no software processo pós-operacional, controlando o satélite durante seu
integrado para permitir que comandos que ofereçam maiores ciclo de vida no espaço, o planejamento e execução da
riscos sejam executados. missão. O segmento terrestre é usado para recepção de
IV. RADIO DEFINED SOFTWAR(SDR) telemetria, rastreio e aquisição de dados. Para o
desenvolvimento do sistema, é de extrema importância a
O Software Defined Radio (ou Rádio Definido por formação de uma equipe capacitada para realizar o
Software), é uma plataforma de rádio que substitui os dimensionamento e implementação de um segmento
sistemas da camada física, previamente desenvolvido em
terrestre bem consolidado, pois este possui muitos
hardware, implementando-os em blocos de software com
componentes operando independentemente que, se não
base em processamento digital de sinais (STEWART et al.,
2015), embarcando-os em plataformas com estiverem funcionando corretamente, podem causar
microprocessadores, processadores digitais de sinais ou em problemas de comunicação, atrasando a finalização desta
circuitos lógicos programáveis. Os avanços da tecnologia etapa.
trouxeram pro mercado dispositivos de alto processamento Portanto, é recomendado iniciar esse processo antes mesmo
aumentarando o interesse de comunidades científicas e do desenvolvimento do segmento espacial, pois o
empresariais pelo SDR, permitindo a implementação prática lançamento deste com um segmento terrestre instável pode
de vários algoritmos que até então não podiam ser frustrar totalmente a missão. Além disso, é recomendado
executados em tempo real, devido às limitações de testar o segmento terrestre com satélites já existentes para
processamento dos circuitos presentes (Garcia Reis et al., devidos ajustes finais. Sendo assim, o teste completo da
2012). estação terrestre é fundamental para o sucesso da missão
(NASA, 2017).
O propósito do SDR é desenhar sistemas de transmissão via
rádio mais versáteis, fiáveis e com menor custo de V. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
desenvolvimento, através da implementação digital em DSPs
ou FPGAs (reprogramáveis). Para além disso, visto que são MODULAÇÃO
transmitidos sinais digitais, o SDR permite o envio de Embora pareça ser simples a transmissão de um sinal e a
qualquer conteúdo (som, imagem, texto etc.), permitindo recepção dele, é muito complexo ao se tratar de inúmeras
acompanhar a procura de interatividade por parte dos possibilidades e cenários que podem ocorrer, principalmente
utilizadores. A figura 6 mostra o circuito interno do SDR. em um sistema sem fio. Um sistema de comunicação
qualquer transmite informação de um local para o outro. É
fundamental definir a potência da informação, o meio de
transmissão e os usuários (transmissor e receptor). Para um
sistema de comunicação sem fio, a informação que sai do
transmissor precisa ser modulada. No receptor é feito a
demodulação, sendo o processo inverso, que trará a
informação original (ZANONI, 2011 e Telecomhall, 2011).
O propósito da modulação é adequar o sinal de
informação (de banda básica) às características de um canal
passa-faixa, ou possibilitar a multiplexação por divisão de
frequência de vários sinais de informação. No caso de
transmissão em canal não guiado, a modulação possibilita
diminuir o tamanho das antenas transmissoras e receptoras,
ressaltando que o tamanho físico das antenas está relacionado
Figura 5 - Ideia de Rádio Definido por Software com o comprimento de onda, pela Equação (1).
Fonte: (Nucleo do Conhecimento, 2020)
c
λ=
f

Equação 1 – Comprimento de onda


Onde: λ é o comprimento de onda; c a velocidade da luz
no ar (3x108 m/s) e f a freqüência do sinal em Hz. Assim,
quando maior a freqüência menor será o tamanho físico da
antena, e vice versa. Por exemplo, para transmitir um sinal de
áudio que está na faixa 0 a 20 kHz, seria necessária uma
antena de aproximadamente 15 km, tornando o seu uso
inviável.
Figura 6 - Circuito interno de um SDR Por definição, a modulação é a variação de um parâmetro
Fonte: (Nova Eletrônica, 2020) de uma onda portadora sinusoidal, linearmente proporcional
ao valor instantâneo do sinal modulante ou informação. Por
Segmentos terrestre sua vez, a portadora é a onda sinusoidal que, pela modulação
de um dos seus parâmetros, permite a transposição espectral
da informação (ou sinal modulante). Aproveitando 3 (três)
parâmetros da portadora sinusoidal: Amplitude, Frequência e
Fase, existem três formas básicas de modulação: Modulação
em Amplitude (AM), Modulação em Frequência (FM) e
Modulação em Fase (PM) (CARLSON et al., 2002).

Figura 8 - Modulação ASK


Fonte: (RAPPAPORT, 1996)

2) FSK (chaveamento de mudança de frequência): A


técnica de FSK comuta a frequência da portadora em dois
valores fixos: a frequência nominal da portadora e outra pré-
definida. Essa comutação é em função do sinal digital
binário de entrada, conforme pode ser observado na Figura
9.

Figura 7 - Tipos de modulação


Fonte: (Acervo pessoal, 2020)
A. Modulação Analógica
O objetivo da modulação analógica é transferir o sinal de
banda base analógica (passa-baixa), Por exemplo, um sinal
de áudio ou sinal de TV, em um canal passa-faixa analógico Figura 9 - Modulação FSK
tem uma frequência diferente, outro exemplo é com uma Fonte: (RAPPAPORT, 1996)
banda de frequência de rádio limitada ou um canal de rede
de TV a cabo. As técnicas de modulação analógica são: 3) PSK (chaveamento de mudança de fase): Esta técnica
1) Modulação de amplitude (AM): A amplitude do sinal é baseada na alteração da fase da portadora, de acordo com a
portadora é variada de acordo com a amplitude instantânea informação a ser transmitida, conforme mostrado na Figura
do sinal modulador. A amplitude da modulação de uma onda 10. O esquema de modulação PSK oferece boa flexibilidade
portadora funciona variando a força da transmissão do sinal em termos de compromisso entre banda necessária e taxa de
proporcionalmente com às informações que estão sendo erro, gerando uma grande variação de esquemas de
enviadas; modulação com base no PSK original.
2) Modulação de frequência (FM): A frequência do
sinal portadora é variada de acordo com a amplitude
instantânea do sinal modulador;
3) Modulação de fase (PM): A mudança de fase do sinal
portadora é variada de acordo com a amplitude instantânea
do sinal modulador. Em outros termos, é a modulação de
ângulo, que altera a fase instantânea da onda portadora para
transmitir um sinal (Modulation Schemes,2013).
Figura 10 - Modulação PSK
Fonte (RAPPAPORT, 1996)
B. Modulação Digital
O objetivo da modulação digital é transferir um fluxo de Quando a fase da portadora sofre dois desvios, tem- se
bit digital sobre um canal analógico(passe de banda), por uma modulação do tipo BPSK (Binary Phase Shift Keving)
exemplo, sobre a rede de telefonia pública comutável (Rappaport, 1996).
(quando um filtro de passe de banda limita a faixa de A diferença fundamental entre os sistemas de
frequência 300 a 4000 Hz), ou sobre um faixa limitada de comunicação de dados digitais e analógicos (dados
frequência de rádio. As técnicas de modulação digital contínuos) é bastante óbvia. No caso dos dados digitais,
fundamental são baseadas em chaveamento: envolve a transmissão e detecção de uma dentre um número
1) ASK (chaveamento de mudança de amplitude): Na finito de formas de onda conhecidas (no presente caso a
técnica ASK, a modulação ocorre através de mudanças na presença ou ausência de um pulso), enquanto que, nos
amplitude da portadora. Consiste simplesmente em permitir sistemas contínuos há um número infinitamente grande de
ou não a transmissão da portadora em função da ocorrência mensagens cujas formas de onda correspondentes não são
ou não de bits 0 ou 1, conforme mostrado na Figura 8. todas conhecidas.
As comunicações digitais têm a vantagem de possuir
maior imunidade ao ruído, dado ser possível recorrer à
regeneração do sinal digital para eliminar totalmente o ruído
introduzido pelo canal de comunicação (com uma certa
probabilidade de erro). Outra vantagem é a flexibilidade e
facilidade para processar os sinais digitais, recorrendo, por QPSK transmite duas vezes a taxa de dados em uma
exemplo, a microprocessadores convencionais ou dedicados determinada largura de banda em comparação com BPSK –
(DSP’s - Digital Signal Processors). Isto torna possível a no mesmo BER. A penalidade de engenharia paga é que os
realização de inúmeras e complexas operações sobre o sinal transmissores QPSK e os receptores são mais complicados
digital, que no domínio analógico dificilmente seriam do que os do BPSK.
conseguidas (CARLSON et al., 2002). Vantagens da A implementação de QPSK é mais geral do que a de BPSK
modulação digital: e também indica a implementação de PSK de ordem
• Maior Imunidade ao ruído. superior. Escrevendo os símbolos na constelação diagrama
• Maior robustez às condições adversas do canal. em termos de ondas seno e cosseno usadas para transmiti-
• Melhor capacidade de multiplexagem da informação. los:
• Maior segurança.
• Associada a corretores de erros, permitem detectar ou
S n (t )=
√2 E s cos ¿ ¿ -1) π ), n = 1,2,3,4.
até corrigir possíveis erros.
Ts 4
• Capacidade de redesenho de todo o sistema apenas por
alteração de software.
Isso produz as quatro fases π / 4, 3π / 4, 5π / 4 e 7π / 4,
conforme necessário.
4) QAM (modulação de amplitude em quadratura): um
número finito de pelo menos duas fases e pelo menos duas
Isso resulta em um espaço de sinal bidimensional com
amplitudes são usadas; A modulação analógica e digital
funções básicas de unidade
facilita a multiplexação por divisão de frequência (FDM),
onde vários sinais de informação passa-baixo são
ϕ 1 ( t )= √ cos (2 π ¿ f c t) ¿
transferidos simultaneamente ao longo o mesmo meio físico 2
compartilhado, usando canais de banda passante separados Ts
(vários diferentes frequências portadoras). [12] √2
ϕ 2 (t )= sin(2 π ¿f c t) ¿
Ts
5) QPSK, Também conhecido como 4-PSK ou 4-QAM.
Para a modulação QPSK, uma série de entradas binárias A primeira função básica é usada como o componente em
bits de mensagem são gerados. No QPSK, um símbolo fase do sinal e o segundo como o componente de quadratura
contém 2 bits. O Gerado bits binários são combinados em do sinal. Portanto, a constelação de sinal consiste nos 4
termos de dois bits e símbolos QPSK são gerados. pontos do espaço de sinal:
A partir da constelação de modulação QPSK, o símbolo
"00" é representado por 1, “01” por j (rotação de fase de 90
graus), “10” por -1 (rotação de fase de 180 graus) e
(± √
E s √E s
“11” por -j (rotação de fase de 270 graus), conforme ,± )
mostrado na Figura 11. 2 2
Os fatores de 1/2 indicam que a potência total é dividida
igualmente entre os dois transportadoras

Embora QPSK possa ser visto como uma modulação


quaternária, é mais fácil vê-lo como dois portadores de
quadratura modulados independentemente. Com esta
interpretação, o bits pares (ou ímpares) são usados para
modular o componente em fase da portadora, enquanto os
bits ímpares (ou pares) são usados para modular a fase de
quadrature componente da transportadora.

Como resultado, a probabilidade de erro de bit.

P b=Q(± √
2Eb
)
No

VI. RESULTADOS SIMULADOS

Em todos os modelos, alguns blocos do transmissor, canal e


Figura 11 - Constelação QPSK receptor são configurados repetidamente
Fonte (Study notes)
Quando executa a simulação, ela exibe taxa de erro de bit e
inúmeros resultados gráficos.

Esses escopos a seguir ilustram o espectro do sinal recebido


antes e depois da filtragem, bem como a constelação de sinal
após a filtragem, após a recuperação do tempo e após
compensação de frequência fina.

Figura 12 - Modelo de Simulação QPSK (Transmissor)

Fonte (Autor)

No transmissor, os bits de informação são mapeados em


símbolos QPSK pelo bloco mapeador. Esses símbolos são
números complexos e sua parte real e imaginária
correspondem, respectivamente, aos dados em fase, I, e
quadratura, Q. Os dados em I são filtrados por um filtro
formatador de pulso e então este pulso formatado é
convertido em um sinal analógico por um DAC e
multiplicado por um sinal portador cos (2π fct).

Figura 14 - Diagramas de constelação na saída dos


blocos Sincronizador de Símbolos e Sincronizador de Portadores

Fonte (Autor)

Figura 13 - Modelo de Simulação QPSK (Receptor)

Fonte (Autor)
VIII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Descreveremos os principais blocos que compõem um
receptor. Todos os modelos que foram projetados nesta analise
funcionaram muito bem no Simulações Matlab / Simulink.
• Filtro de recepção de cosseno elevado: filtra a entrada e, se Apenas no caso do QPSK com convolucional codificação
selecionado, reduza a resolução, tivemos problemas na simulação. Foi devido ao tempo
usando um filtro FIR de cosseno elevado normal ou de raiz computacional que foi necessário para calcular a taxa de
quadrada; erro para EbNo> 5 dB. Mas isso só causou mais tempo para
computar os resultados. A maior parte dos erros que
• QPSK / GMSK / 8-PSK Demodulator Baseband: enfrentamos.
Demodula a entrada sinalizar usando o método de
chaveamento de mudança de fase quaternária; O grande enfoque desta pesquisa é melhorar o uso da
tecnologia de rádio definido por software. Essa tecnologia
• Cálculo da taxa de erro: Calcule a taxa de erro dos dados apresenta grande interesse na atualidade, pois permite operar
recebidos por comparando-o com uma versão atrasada dos de forma independente das tecnologias de hardware e
dados transmitidos. apresenta diversas vantagens quando comparada às
tecnologias convencionais. O uso de SDR permite ainda a
operação em diversos padrões e mesmo em diversas faixas
de frequências, aumentando desta forma o ciclo de vida dos
VII. RESULTADOS E EXIBIÇÕES
equipamentos de comunicações.
Um dos principais problemas dos equipamentos de [11] 26
comunicações tradicionais, esta no fato destes equipamentos [12] Introduction To Digital Modulation Schemes - The Design of Digital
Cellular Handsets (Ref. No. 1998/240), IEE Colloquium, November
tornarem-se obsoletos depois de poucos anos de operação. 2013
Este fato ressalta a necessidade do uso de tecnologias mais [13] J.Alvarez,B. Walls, Constellations, clusters, and communication
adaptáveis e reconfiguráveis que possam trabalhar com technology: expanding small satellite access to space, 2016 IEEE.
diversos padrões de comunicações sem que haja mudança de [14] J. Ferreira, “ISTNanosat-q Heart- Processing and Digital
equipamento. Communications unit”, Dissertação de Mestrado, Instituto Superior
Técnico, Lisboa, 2012.
[15] JOHNSON, N. L.; STANSBERY, E. G. The new nasa orbital debris
mitigation procedural requirements and standards. Acta Astronautica,
Elsevier, v. 66, n. 3-4, p. 362–367, 2010.
IX. REFERENCES [16] LARSON, W. J.; WERTZ, J. R. Space mission analysis and design.
[S.l.], 1992.
[17] LEE, S. et al. Cubesat design specification. San Luis Obispo, CA:
[1] A.B. Carlson, P.B. Crilly and J.C. Rutledge, Communication System: California Polytechnic State University, 2009. 22p.
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Fourth Ed. Mc Graw Hill, 2002 [18] NASA. Cubesat101: Basic concepts and processes for first-time
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[2] AGASID, E. et al. Small spacecraft technology state of the art. 2017.
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