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Introdução

É notável como a importância dos satélites vem aumentando dia a dia. As notícias
sobre o que ocorre no mundo, as ligações telefónicas, a internet e as imagens usadas na
previsão do tempo e no monitoramento dos ambientes terrestres são alguns exemplos dos
benefícios que podem ser obtidos pela utilização de um satélite.

Além desses resultados directos, a evolução dessa tecnologia abre novas fronteiras
para a pesquisa e contribui no desenvolvimento de produtos e serviços que são utilizados pela
sociedade, os chamados “spin-offs”. Um exemplo de spin-off é a tecnologia da ultra-
sonografia para a detecção de tumores, derivada da tecnologia de aquisição de imagens via
satélite.

Neste livro descrevemos o que é um satélite, como ele é constituído, para o que serve
e quais são os seus benefícios.
É chamado de satélite todo objecto que gira em torno de outro objecto. Ele é
classificado em dois tipos: satélite natural e satélite artificial. Em astronomia, um exemplo de
satélite natural é a Lua, pois ela gira em torno da Terra. Já o satélite artificial, como o próprio

nome diz, é um equipamento ou engenho construído pelo homem e, dependendo da fi


nalidade, desloca-se em órbita da Terra (Figura 1) ou de outro astro. A órbita é o caminho que
o satélite percorre.

O satélite artificial permanece em órbita devido à aceleração da gravidade da Terra e à


velocidade em que ele se desloca no espaço, a qual depende da altitude da sua órbita. Assim,
por exemplo, a velocidade de um satélite artificial em uma órbita a 800 quilómetros de
altitude da Terra é de cerca de 26.000 quilómetros por hora.

Um satélite artificial é colocado em órbita por meio de um veículo lançador: o foguete.


Mas esse é um assunto que será tratado especificamente em outro livro desta série.

Figura 1: Satélites desenvolvidos pelo Brasil. Da esquerda para a direita: o

SCD-1, o SCD-2, o CBERS-1 e o Saci-1 (satélite científico cujo lançamento

não foi bem-sucedido). (INPE)

No Brasil, as actividades do sector espacial que envolvem a construção e a operação


de veículos espaciais, satélites e foguetes são coordenadas pela Agência Espacial Brasileira
(AEB). A AEB tem a atribuição de formular e de realizar o Programa Nacional de
Actividades Espaciais (PNAE). Um dos objectivos desse programa é o de que o Brasil atinja a
auto-sufi ciência na construção de satélites e de foguetes e também no lançamento deles. O
projecto, o desenvolvimento e a construção de foguetes (Figura 2) são de responsabilidade do
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que faz parte do Comando-Geral de Tecnologia
Aeroespacial (CTA), do Comando da Aeronáutica.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o responsável pelo


desenvolvimento, controle e utilização dos satélites brasileiros.

Figura 2: VLS-1 V02 na plataforma de lançamento do Centro de Lançamento

de Alcântara (CLA), localizado na cidade de Alcântara, no Maranhão. (AEB)

3. Composição de um satélite

Um programa completo de desenvolvimento de um satélite envolve, além do próprio


satélite, o foguete lançador e o segmento solo, que tem a função de supervisionar o
funcionamento do satélite, controlar seu deslocamento na órbita predefinida e a recepção dos
dados enviados por ele. O satélite, como ilustrado na Figura 4, normalmente é composto de
três grandes partes: 1) a plataforma, que contém todos os equipamentos para o funcionamento
do satélite; 2) o painel solar, para o suprimento de sua energia; e 3) a carga útil, os
equipamentos (antenas, sensores, transmissores) necessários para o cumprimento da sua
missão. As formas mais comuns de satélite (plataforma) são em cubo e em cilindro. O
tamanho varia de 1 metro a 5 metros de comprimento e o peso, de 500 quilos a 3.000 quilos.
Assim como outras plataformas, veículos e equipamentos

- Módulo de Serviço

2 - Antena UHF de Recepção

3 - Câmera IRMSS

4 - Antena de Transmissão em VHF

5 - Antena UHF Tx/Rx

6 - Antena de Transmissão do CCD

7 - Antena de

Transmissão em UHF

8 - Câmera CCD

9 - Módulo de Carga Útil

10 - Painel Solar

11 - Antena de

Recepção em UHF

12 - Câmera

Imageadora WFI
Figura 4: O satélite CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), desenvolvido
pela parceria entre Brasil e China, com destaque para os seus principais componentes.
(CBERS/INPE).

electrónicos, os satélites necessitam de energia elétrica para o seu funcionamento. Se


os satélites utilizassem apenas baterias para o suprimento de energia, quando essas se
descarregassem eles parariam de funcionar. Para solucionar esse problema, grande parte dos
satélites é equipada com painéis solares, os quais permitem converter a energia solar em
energia eléctrica. O painel solar, ilustrado na Figura 4, é uma grande placa recoberta com
pequenas lâminas chamadas de células solares. Essas células absorvem a luz solar e produzem
a electricidade, que é fornecida para o satélite por meio de fi os eléctricos. A quantidade de
energia gerada por um painel solar depende do seu tamanho e de sua distância em relação ao
Sol. Assim, quanto maior for a placa e mais próximo do Sol estiver, maior será a quantidade
de energia gerada pelo painel.

4. Sistemas Sensoris presentes em Satelites

Introdução

1. Conceituar sensores e os sistemas de vareduras e mecânica e electrónica.

2. Identificar os tipos de sensores

3. Descrever os sensores

4. Mostrar as vantagens e desvantagens de sensores

4.Conceito de Sensores

Os sensores são as máquinas fotográficas dos satélites. Têm por finalidade captar a
radiação eletromagnetica (REM) proveniente da superfície terrestre, e transformar a energia
conduzida pela onda, em pulso electrônico ou valor digital proporcional à intensidade desta
energia.

Os sistemas sensores presentes em satélites dependendo do tipo de produto gerado


podem ser imageadores ou não imageadores,.

Os sensores imageadores, dividem-se ainda em sistemas de:


 Sistema de varredura mecânica (cross-track scanning) É formado por um
telescópio, em cuja abertura encontra-se um espelho plano que oscila perpendicularmente ao
deslocamento da plataforma (NOVO, 2008)

Através do movimento scilatório a cena é imageada linha por linha. Esse sistema foi
utilizado pelos sensores MSS e TM do Landsat mas representa uma tecnologia já superada.

Este sistema varrem a Terra numa série de linhas com orientação linhas
perpendicular à direcção de deslocamento da plataforma do sensor. Cada linha é digitalizada
de um lado ao outro através de um

espelho rotativo. geralmente as linhas são muito longas (da ordem de quilómetros) e
muito estreitas (da ordem de metros). À medida que a plataforma se move, varrimentos
sucessivos dão origem a uma imagem bidimensional. Este tipo de obtenção de imagens pode
ser comparado aos movimentos de uma vassoura de mão para limpar uma mesa de um lado
para o outro, e por isso este tipo de sensores têm sido designados por whiskbroom scanner.

Cada linha está subdividida numa sequência contígua de elementos espaciais que
representam uma determinada área no terreno.

Fonte:Caetano,2009
Sistemas de varredura eletrônica-( along-track) Este tipo de sensor utiliza um sistema
óptico grande-ângular, através do qual a cena é imageada em sua totalidade através de um
arranjo linear de detectores. Fonte: (NOVO, 2008).

Os sistemas along-track scanning distinguem-se dos anteriormente descritos porque


não tem o espelho rotativo, mas antes um conjunto de detectores em linha sobre o plano focal
da imagem. Neste caso, os pixels que irão constituir a imagem correspondem a estes
detectores individuais em linha. Este sistema pode ser visualizado como uma vassoura que se
empurra ao longo do chão, e em que as cerdas da vassoura seriam os detectores, e que por isso
são designados por pushbroom scanners. Cada detector quantifica a energia de um célula de
resolução no solo. Existe um conjunto de detectores lineares para cada banda.

4.1.Tipos de Sensores

Existe um grande número de tipos de sensores. A(National Aeronautics and Space


Administration) apresenta uma proposta Fonte: (Caetano.2009)

Em função da fonte de radiação eletromagnética ou por outra quanto à fonte de


energia utilizada para caracterização dos elementos de interesse os sensores podem ser
classificados em sensores activos e passivos

Os sensores Activos são responsáveis pelo envio de um sinal para a superfície da


Terra e registram o sinal reflectido, avaliando a diferença entre eles (Ex. RADAR). Estes
sistemas utilizam REM artificial, produzida por radares instalados nos próprios satélites.

Estas ondas atingem a superfície terrestre onde interagem com os alvos, sendo
reflectidas de volta ao satélite.
Portanto estes tipos de sensores providenciam a sua fonte de energia para iluminação
dos elementos a caracterizar. Assim, estes sensores emitem radiação que irá interagir com os
elementos, e depois captam e gravam a energia após interacção com esses mesmos elementos.
(CAETANO. 2009)

Sensores Passivos são os que utilizam apenas a REM natural reflectida ou emitida a
partir da superfície terrestre. A luz solar é a principal fonte de REM dos sensores passivos.

Os sensores passivos detectam radiação exterior a eles e que se encontra disponível no


meio natural. geralmente estes sensores captam e gravam energia solar depois de interagir
com os elementos a caracterizar. CAETANO, 2009)

Muitos satélites têm sensores pancromáticos, que se distinguem dos multi-espectrais


porque recolhem dados de radiância apenas numa zona do espectro electromagnético pois não
dividem a radiação nas suas componentes espectrais (que é o que os sensores multiespectrais
fazem).

Uma característica importante dos sensores de detecção remota é a largura da imagem,


i.e. swath . A swath pode variar muito de sensor para sensor. Por exemplo, o Quickbird têm
uma swath de 22 Km e o Landsat 7 uma de 185 Km. (CAETANO, 2009)

4.2.Vantagens e desvantagens de Sensores activos e passivos


Uma vantagem dos sensores activos é que as ondas produzidas pelos radares
atravessam as nuvens, podendo ser operados sob qualquer condição atmosférica.

Uma desvantagem é que o processo de interacção com os alvos não capta, tão
detalhadamente quanto os sensores passivos, informações sobre as características físicas e
químicas das feições terrestres.

Por outro lado, os sensores activos podem também utilizar zonas do espectro
electromagnético que não existem em quantidade suficiente na energia solar, como é o caso
das microondas.

Os sensores que operam nesta zona do espectro são normalmente designados por
sensores Radar (Rádio detection and ranging).

Por outro lado, os sensores passivos funcionam através do registro da radiação


electromagnética reflectida pelo Sol.

Os sistemas sensores presentes em satélites dependendo do tipo de produto gerado


podem ser imageadores ou não imageadores.

Os sensores imageadores, dividem-se ainda em sistemas de Sistema de varredura


mecânica (cross-track scanning).este sistema varrem a Terra numa série de linhas com
orientação linhas perpendicular à direcção de deslocamento da plataforma do sensor.

Os sistemas along-track scanning distinguem-se dos anteriormente descritos porque


não tem o espelho rotativo, mas antes um conjunto de detectores em linha sobre o plano focal
da imagem.

Obritas percorridas pelos satélites

5.Tipos de órbitas

A inclinação da órbita é o ângulo entre o plano orbital e o plano do equador, e


determina a área da Terra que será observada pelo sensor a bordo do satélite.
Um satélite com uma inclinação de 50º terá uma área de observação entre 50º Norte e 50º Sul
do Equador. Se se quiser observar toda a superfície da Terra com um só satélite, este terá que
ter uma inclinação de 90º.

No que respeita à altitude, existem satélites em órbitas tão baixas como 470 Km, e.g.
Quickbird, até 36 000 Km como o GOES (Geostationary Operational Environmental
Satellite). A altitude da órbita está obviamente relacionada com a velocidade do satélite
necessária para uma volta completa à Terra: quanto mais baixa for a órbita maior será a
velocidade e menor será o tempo necessário para dar essa volta (Tabela Repare-se que a altas
altitudes a força gravitacional é menor e portanto a velocidade também pode ser
menor.

5.1.Os satélites, quanto à sua órbita podem ser classificados em:

geo-estacionários e não geo-estacionários.

Os satélites geo-estacionários deslocam-se a altitudes de 36 000 Km


(aproximadamente) sobre o plano do equador na mesma direcção e a velocidades semelhantes
à da rotação da Terra. Um satélite em órbita geo-estacionária desloca-se aproximadamente a 3
Km por segundo. Assim, estes satélites são estacionários relativamente à superfície da Terra,
o que quer dizer que observam sempre a mesma área da Terra. Por estarem sempre sobre a
mesma posição da Terra, os satélites geo-estacionários permitem aquisições de imagens da
mesma área com uma grande periodicidade. Satélites meteorológicos (e.g., GOES,
METEOSAT) e de comunicações normalmente têm órbitas geo-estacionárias.

Repare-se que devido à elevada altitude deste tipo de órbitas, os satélites


meteorológicos podem monitorizar o tempo e padrões de nuvens de todo um hemisfério da
Terra. A órbita geo-estacionária é um caso particular de órbita geo-síncrona por estar no plano
do equador. O período de uma órbita geo-síncrona é igual ao período de rotação da Terra, i.e.
um dia
Figura 3.5 Ilustração de uma órbita geo-estacionária. Fonte: NASDA (2002).

Exemplo de uma imagem adquirida pelo GOES (Geostationary Operational


Environmental Satellite), um satélite meteorológico com órbita geo-estacionária. Fonte:
NASA (2002c).

Os satélites não geo-estacionários não se mantêm fixos sobre o mesmo ponto da


superfície terrestre e deslocam-se sobre um plano que forma um determinado ângulo com o
equador. Estes satélites podem-se deslocar em órbitas polares (sobre os pólos), directas
(inclinação entre 0º e 90º, com movimentos de Oeste para Este) ou retrógradas (inclinação
entre 90º e 180º com deslocação de Este para Oeste).

Em cada um destes tipos de órbitas, quanto maior for o ângulo com o equador maior a
área que pode ser “vista” pelo sensor.

Os satélites polares deslocam-se sobre um plano perpendicular ao do equador. Neste


tipo de órbitas, os satélites deslocam-se de Norte para Sul e de Sul para Norte, e devido à
rotação da Terra (de Oeste para Este), estes satélites podem obter imagens que praticamente
cobrem toda a Terra num determinado intervalo de tempo ( ver a Fig.).
A maior parte das órbitas quase-polares é sincronizada com o sol, i.e. helio-síncrona,
que se caracteriza pelo seu plano formar um ângulo constante com a linha Sol-Terra. Assim,
uma determinada área é sempre coberta pelo satélite à mesma hora local o que

significa que as condições de iluminação são as mesmas (ignorando diferenças


sazonais). Consequentemente imagens adquiridas em diferentes anos formam-se com as
mesmas condições de iluminação o que facilita a comparação das imagens ao longo dos

anos.

A maior parte dos satélites têm órbitas quase-polares. Nestas órbitas, o satélite
desloca-se em direcção ao Norte (passagem ascendente) num lado da Terra e em direcção ao
Sul no outro lado (passagem descendente). Se a órbita for helio-síncrona, a passagem
ascendente é, na maior parte das vezes, feita na parte ensombrada da Terra, e a descendente na
parte iluminada. Assim, os sensores passivos recolhem as imagens na sua passagem
descendente.

A Fig. ilustra a órbita do satélite Landsat 7. O azul claro representa a parte da Terra
com dia e o azul escuro a parte com noite. A órbita do satélite está representada a amarelo
quando o satélite está a passar por uma parte da Terra que está a ser iluminada e a vermelho
quando o satélite está a passar por uma parte não iluminada. Como a Terra roda, e a órbita é
(em teoria) fixa, as diferentes partes da Terra podem ser “vistas” pelo sensor montado no
satélite. O Landsat faz 14.5 órbitas por dia. Na Fig. 3.10 ilustram-se as swaths do Landsat 7.
Conclusão

Neste livro, destacamos a importância directa e indirecta do desenvolvimento da


tecnologia espacial. Por meio dos exemplos de aplicação, mostramos o grande potencial das
imagens de satélite no estudo e monitoramento dos ambientes terrestres.

As informações obtidas dessas imagens dão subsídios a órgãos de planejamento no


uso sustentável dos ambientes urbanos e rurais. Além disso, a crescente disponibilidade
gratuita desses dados na internet facilita seu uso nas escolas e pela própria sociedade,
contribuindo para a conscientização de problemas da realidade local e regional e no exercício
da cidadania.
Referências Bibliográficas

DIAS, N.W.; BATISTA, G.; NOVO, E.M.M.; MAUSEL, P.W.; KRUG, T.


Sensoriamento remoto: aplicações para a preservação, conservação e desenvolvimento
sustentável da Amazônia. CD-ROM educacional, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
São José dos Campos, SP, 2003.

FLORENZANO, T.G. A nave espacial Noé. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2004.

FLORENZANO, T.G. Iniciação em sensoriamento remoto. 2ª edição de imagens de


satélite para estudos ambientais. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2007.

PEREIRA, M. N. et al. Uso de imagens de satélite como subsídio ao estudo do


processo de urbanização. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
2005. 39 p. (INPE-12912-RPQ/251).

Disponível na biblioteca digital: http://mtc-m12.sid.inpe.br/rep-/sid.


inpe.br/iris@1912/2005/09.29.12.22.

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