Você está na página 1de 195

TÂNIA BARBOSA SALLES GAVA

PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA

NITERÓI
2022
TÂNIA BARBOSA SALLES GAVA

PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA

Relatório de atividades e pesquisa apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação como requisito para conclusão do
Estágio de Pós-Doutorado em Ciência da
Informação.

Área de Concentração: Dimensões


Contemporâneas da Informação e do
Conhecimento

Linha de Pesquisa: Fluxos e Mediações Sócio


técnicas da Informação.

Supervisor: Prof. Dr. Daniel Flores.

NITERÓI
2022
RESUMO

Desde a década de 1990, com o advento da internet e com a popularização dos computadores
pessoais, começaram a ocorrer mudanças consideráveis na sociedade, principalmente em
relação à forma de comunicação e compartilhamento de informações, e consequentemente
na produção dos documentos. Essa modernização atingiu todas as áreas da sociedade,
inclusive a área arquivística, trazendo grandes avanços, mas também uma série de
complexidades inerentes à vulnerabilidade do ambiente digital. Os documentos digitais, em
particular os documentos arquivísticos digitais, trouxeram muitas facilidades, tais como a
simplicidade de criação e disseminação, como também a qualidade e agilidade dos resultados
obtidos. No entanto, a documentação digital carrega consigo um problema estrutural que
coloca em risco sua preservação e acesso a longo prazo, por causa da vulnerabilidade do
ambiente tecnológico envolvido. Esta dependência tecnológica torna o patrimônio
arquivístico digital vulnerável, numa sociedade em que cada vez mais as organizações
dependem da informação digital que produzem. Neste contexto, torna-se imprescindível a
adoção e implementação de ações para a proteção do patrimônio arquivístico digital, ao longo
do tempo. Essa preocupação refletiu-se em uma série de publicações técnicas do Conarq
sobre o tema, na qual destaca-se a Resolução nº 43, que define as diretrizes para
implementação dos Repositórios Arquivístico Digitais Confiáveis (RDC-Arq). A Resolução
n.º 43 adota uma série de padrões e normas internacionais de referência, além de prever a
aplicação de normas e princípios arquivísticos, tais como a norma ISO 16363: 2012, que é a
norma que permite a certificação de confiança, em nível internacional, para Repositórios
Digitais Confiáveis de organizações públicas ou privadas, como também o Modelo de
referência OAIS (ISO 14721:2012) que é um modelo conceitual que visa identificar os
componentes funcionais que deverão fazer parte de um sistema de informação dedicado à
preservação digital, e que descreve as interfaces internas e externas do sistema, bem como
objetos de informação que são manipulados no seu interior. Sendo assim, torna-se
imprescindível discutir sobre a Preservação Digital Sistêmica, que prevê, entre outros
aspectos, a integração de um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos
- SIGAD, com base no e-ARQ Brasil, com um RDC-Arq em todo o ciclo de vida dos
documentos. Ou seja, a preservação digital sistêmica deve perpassar os três ambientes
relacionados às três entidades externas do modelo OAIS, que são: o ambiente do produtor,
que é o ambiente de gestão dos documentos; o ambiente do administrador, que é o ambiente
de preservação dos documentos; e o ambiente do consumidor, que é o ambiente de acesso e
difusão dos documentos prevendo uma cadeia de custódia digital arquivística segura e
ininterrupta em todo o ciclo de vida dos documentos.

Palavras-chave: Preservação Digital. Preservação Digital Sistêmica. Cadeia de Custódia


Digital Arquivística. Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Os papéis de Administrador de preservação e de TI em uma plataforma de


preservação ........................................................................................................................ 12

Figura 02 - O Modelo de Referência OAIS ....................................................................... 15


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 6
2. PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA ..................................................................................... 7
3. A CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA NA PDS ............................................. 8
3.1 UMA CCDA COMPARTILHADA E DISTRIBUÍDA ......................................................... 10
3.1.1. CDDA compartilhada ....................................................................................................... 10
3.1.2 CCDA distribuída............................................................................................................... 12
3.2 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO DOS AMBIENTES AO LONGO DA CCDA ............... 14
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 18
APÊNDICE A – Atividades acadêmicas desenvolvidas durante os 12 meses de vigência do Estágio
de Pós-Doutorado no PPGCI/UFF: entre 01/02/2021 a 31/01/2022 ................................................. 23
APÊNDICE B: PRODUTOS DIRETOS DA PESQUISA DE PÓS-DOUTORADO ...................... 28
1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a sociedade passou a produzir documentos digitais de forma cada
vez mais acelerada, em uma transformação digital cada vez mais crescente, tendo como
protagonistas os documentos arquivísticos digitais, que são, por si só, complexos e
específicos. Atrelados à facilidade de produção, edição e disseminação, os documentos
arquivísticos digitais, por sua natureza vulnerável, requerem um tratamento especial, em todo
o seu ciclo de vida, ou seja, desde a sua gênese até seu destino final. Esta destinação final
pode ser nos arquivos permanentes/históricos ou sua eliminação, que deve ocorrer de forma
segura, segundo a orientação de normas e princípios arquivísticos.
Com os avanços na área arquivística ao longo dos anos, também foram surgindo
normas, modelos, padrões e requisitos que nos orientam que os documentos arquivísticos
digitais devem estar confinados em sistemas informatizados com requisitos funcionais e não
funcionais homologados por determinada área ou campo do conhecimento, e de sua gerência
de negócio, contemplando uma Cadeia de Custódia e uma Cadeia de Preservação.
Devido a este cenário, de constante evolução tecnológica, e trazendo consigo todas
as suas vulnerabilidades, é necessário a busca por soluções dos problemas e dilemas
conceituais que a própria Arquivologia necessita para efetivamente superarmos uma Ruptura
Paradigmática e estabelecermos um cenário firme de Transição Paradigmática, como forma
de garantir à sociedade e aos cidadãos, que possam exercer a sua plena cidadania baseada em
documentos autênticos, confiáveis e preserváveis, respaldados por um processo contínuo de
preservação digital que deve ser sistêmica e holística.
Não é este o cenário que vemos, nem na iniciativa privada, nem na administração
pública. Antes, o que se vê, é a adoção de sistemas sem requisitos, sem arquivamento, sem
custódia digital arquivística, mantendo documentos arquivísticos de caráter permanente em
meros bancos de dados ou sistemas sem requisitos, documentos imprescritíveis e inalienáveis
segundo a Lei 8159/91, e colocando a vida dos cidadãos em situação de insegurança jurídica
quando falamos do pleno exercício da cidadania baseado nos documentos de arquivo. Desta
forma, há de se considerar que estamos vivendo um momento de inflexão acerca das atuais
transformações digitais que estão ocorrendo de forma isolada da ciência, das normas,
padrões, modelos e requisitos, com soluções tecnológicas disruptivas que ignoram a
complexidade e especificidade dos documentos digitais. Neste contexto, este projeto de
pesquisa teve como objetivo buscar o aprofundamento na pesquisa sobre a preservação
digital sistêmica que deve contemplar todo o ciclo de vida dos documentos arquivísticos
digital em uma cadeia de custódia digital arquivística, ininterrupta, segura, distribuída e
compartilhada.

2. PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA

A Preservação digital é definida como um “Processo específico de manutenção de


materiais digitais ao longo do tempo e através de diferentes gerações de tecnologia,
independentemente do local de armazenamento.” (ICA, 2021). A própria definição indica
que a preservação digital deve lidar com diferentes aspectos, o que inclui a evolução
tecnológica. Naturalmente, ao longo do tempo, os conceitos vão se tornando obsoletos,
precisando ser ressignificados para se adequarem aos novos modelos da ciência,
caracterizando rupturas de paradigma. Como observado por Moraes (2012), uma ruptura de
paradigma, caracterizada por novos fatos científicos e novas interpretações da realidade,
exige a necessidade de se repensar sobre o assunto, produzindo novos debates, ideias,
articulações, buscas e reconstruções, a partir dos novos fundamentos.
A Preservação Digital para documentos arquivísticos também precisou ser repensada,
para refletir uma Preservação Digital Sistêmica (PDS), não mais focada no armazenamento
em mídias e sua obsolescência, mas que exige uma cadeia de custódia digital arquivística, ou
seja, uma cadeia de custódia arquivística ressignificada para o ambiente digital que perpassa
todo o ciclo de vida dos documentos. Segundo Santos e Flores (2020, p. 772), “[...] a
preservação digital passa a ser pensada de maneira sistêmica, de modo que existam políticas
e padrões a serem seguidos em busca da construção de um ambiente confiável”. Além disso,
a PDS requer que o confinamento dos documentos arquivísticos digitais seja realizado em
ambientes digitais adequados, com requisitos arquivísticos homologados, tais como o
SIGAD (Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos), definido pelo e-
ARQ Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2011), o GestãoDoc (Sistema
Informatizado de Gestão de Processos e Documentos), definido pelo MoReq-Jus
(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2009) e o RDC-Arq (Repositórios Arquivísticos
Digitais Confiáveis), definido pela Resolução n.º 43 (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2011), desde a sua produção ou representação (digitalização), transmissão,
arquivamento, até a sua guarda permanente, acesso ou eliminação, registrando todas as suas
alterações de forma sistêmica, a fim de assegurar a garantia da autenticidade, confiabilidade,
integridade e fixidez ao longo do tempo.
Assim, observa-se que o conceito de cadeia de custódia precisou ser ressignificado, e
que além de uma ruptura de paradigma, o tema passa por uma transição paradigmática. Vale
ressaltar que não estamos falando apenas de produção de documentos nato digitais, estamos
falando de produção, manutenção e preservação de documentos que, no contexto de uma
Preservação Digital Sistêmica, devem acontecer em uma cadeia de custódia digital
arquivística (CCDA). Isso significa que a CCDA deve perpassar todos os ambientes
envolvidos no ciclo de vida dos documentos, que são o ambiente de gestão de documentos,
o ambiente de preservação e o ambiente de acesso e difusão de documentos, e que estes
ambientes devem ser auditados por modelos de referência aceitos internacionalmente e pela
comunidade de interesse, a fim de garantir transparência nos processos e aumentar a
credibilidade perante a comunidade de interesse.

3. A CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA NA PDS

No ambiente analógico, a transferência física e legal dos documentos de uma


instituição produtora para uma instituição arquivística custodiadora (sucessor legítimo), ou
seja, do produtor para um custodiador confiável, assegurava uma cadeia de custódia
ininterrupta (HIRTLE, 2000). No entanto, no ambiente digital isso não é verdade, pela
especificidade e complexidade do documento digital e suas vulnerabilidades. Sendo assim,
da mesma forma que os Repositórios Digitais Confiáveis precisaram ser ressignificados,
necessitando de uma adjetivação arquivística, incorporando normas e princípios arquivísticos
para se tornarem Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis, há a mesma necessidade
para uma cadeia de custódia digital, sendo necessária uma Cadeia de Custódia Digital
Arquivística (CCDA), entendida por Gava e Flores (2020, p. 92) como:

[...] uma definição de Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA) deve trazer
a ideia de que a cadeia de custódia digital não pode ser interrompida, e deve ser
auditada pela cadeia de preservação ou outro procedimento capaz dessa garantia
no ambiente digital. Além disso, que a presunção de autenticidade deve ser mantida
quando acontece a mudança de custódia de um ambiente digital, que por si só é
extremamente vulnerável, para outro, como, por exemplo, de um SIGAD, SIGAD
de Negócio ou qualquer outro sistema de informação digital para um RDC-Arq,
independentemente da fase. Essa presunção de autenticidade deve vir apoiada pela
evidência de que os documentos não foram modificados ou corrompidos em seus
aspectos essenciais durante a sua transmissão de um ambiente digital para outro.
(GAVA; FLORES, 2020, p. 92)

Ou seja, a CCDA pode ser entendida como um princípio aplicável aos documentos
digitais, considerando suas especificidades e complexidades, para garantir que esses
documentos de arquivo não tenham uma ruptura em sua cadeia de custódia arquivística em
um ambiente digital, mantendo-os sempre confinados em ambientes com requisitos
arquivísticos homologados, desde a sua produção ou representação, transmissão,
arquivamento, até a sua guarda permanente, acesso ou eliminação. Esse processo deve ser
desenvolvido com o devido registro de todas as alterações ocorridas ao longo do tempo, de
forma sistêmica, assegurando, assim, a garantia da autenticidade e confiabilidade dos
documentos ao longo do tempo, em uma abordagem de Preservação Digital Sistêmica ou
Ativa.
Um outro conceito importante neste contexto é o de cadeia de preservação, que é
definida como um “Sistema de controles que se estende por todo o ciclo de vida dos
documentos, a fim de assegurar sua autenticidade ao longo do tempo.” (INTERNATIONAL
COUNCIL ON ARCHIVES, 2012). A cadeia de preservação, como o próprio nome diz, tem
como objetivo garantir a preservação dos documentos arquivísticos digitais a longo prazo. O
projeto InterPARES 2 apresenta um modelo de Cadeia de Preservação – Chain of
Preservation (CoP) como uma sequência de “[...] passos para a produção, manutenção,
avaliação e preservação digital de documentos autênticos” (INTERPARES 2 PROJECT,
2010b, p. 02). Essa cadeia de preservação deve ser observada em todo o ciclo de vida dos
documentos, tal como a cadeia de custódia – Chain of Custody (CoC). Ou seja, são dois
processos que devem ocorrer concomitantemente, ambos buscando a manutenção da
autenticidade dos documentos.

[...] é possível vislumbrar que a CoP se apresenta de forma muito mais


computacional, já que está focada em registrar, por meio de metadados e modelos
computacionais, a sua implementação. Trata-se de uma abordagem mais técnica e
tecnológica e diferente da abordagem da CoC, que por sua vez, não está focada
num modelo computacional, e sim na ideia de um princípio arquivístico, de
cuidado, de um querer, de um manter a linha ininterrupta, apresentando a
necessidade de cotejar o documento arquivístico digital. A CoP por sua vez, é a
implementação tecnológica da CoC, que agora, precisa ser ressignificada em um
ambiente digital, já que a CoP não substitui a CoC enquanto princípio (GAVA;
FLORES, 2020, p. 89).

No entanto, é necessário pensar em uma CDDA que apresente duas características


importantes: ser compartilhada e distribuída.

3.1 UMA CCDA COMPARTILHADA E DISTRIBUÍDA

A pesquisa desenvolvida sobre a PDS teve como objetivo focar em uma visão atual,
contemporânea, que pensa no elemento custódia centrado à luz de todos os ambientes
envolvidos na gestão, preservação, acesso e difusão dos documentos, ou seja, centrada nos
Sistemas de Gestão Arquivística (SIGAD e GestãoDOC) e nos Repositórios Digitais
Confiáveis, da área da Ciência da Informação, e dos RDC-Arq (Repositórios Arquivísticos
Digitais Confiáveis) e das plataformas arquivísticas de acesso e transparência ativa. Para isso,
abordou-se a questão da Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA) centrada em duas
(02) características principais: ser compartilhada e distribuída.

3.1.1. CDDA compartilhada

Pensando na cadeia de custódia no contexto da PDS, observou-se que a transição


paradigmática vivida pela área teve origem na transformação digital sofrida nos últimos anos.
Ou seja, aprender a lidar com a cultura digital foi um desafio enfrentado por todas as áreas
do conhecimento, exigindo cada vez mais o desenvolvimento das atividades por uma equipe
multidisciplinar. Na Ciência da Informação, em particular na área arquivística, houve a
necessidade da cooperação entre a arquivística e a Tecnologia da Informação (TI).
Principalmente em relação ao processo de preservação digital, é importante destacar a
atuação de pelo menos dois tipos de papéis: 1) O administrador de preservação e 2) O
administrador de TI, que atuam em dois ambientes diferentes de uma plataforma de
preservação, como por exemplo o Archivematica. O ambiente do administrador de
preservação é um ambiente que vai tratar das questões arquivísticas da preservação, que
devem ser tratadas com base em uma política e planos de preservação digital. O ambiente do
administrador de TI vai envolver os aspectos tecnológicos da preservação digital.
1) Administrador de Preservação: é o papel desempenhado pela pessoa ou pessoas
que têm como responsabilidade tratar as questões arquivísticas da preservação digital. É
função desse papel replicar e reavaliar, ao longo do tempo, os aspectos arquivísticos definidos
na política de preservação digital adotada pela instituição, o que inclui a definição dos planos
de preservação digital, que envolve o processo de admissão, armazenamento, preservação,
acesso e difusão dos documentos digitais no ambiente de gestão da plataforma de preservação
adotada. Tais ações envolvem, por exemplo: avaliar os documentos e assumir ou não sua
custódia; fazer adequação de classificação ou de arranjo; definir políticas de quarentena;
definir políticas de acesso e difusão (transparência ativa); configurar a mudança de formatos
de arquivo, tanto de preservação quanto de acesso etc. Ou seja, cabe a esse papel, apoiar a
definição e aplicação das diretrizes definidas na política e planos de preservação digital.

2) Administrador de TI: é o papel desempenhado pela pessoa ou pessoas que têm


como responsabilidade tratar das questões tecnológicas da preservação digital. É função
desse papel replicar e reavaliar, ao longo do tempo, os aspectos tecnológicos definidos na
política e planos de preservação digital, que envolve o arquivamento em storages dos
documentos digitais no ambiente de armazenamento da plataforma de preservação,
analisando e definindo as tecnologias mais adequadas para cada uma das demandas
tecnológicas da preservação digital. Tais ações envolvem, por exemplo: definir os tipos de
mídias de armazenamento; definir locais de armazenamento (local, em rede ou em nuvem);
estabelecer níveis e protocolos de segurança da informação tais como criptografia, replicação
de dados (backups síncronos) etc. A Figura 1 apresenta um resumo das responsabilidades dos
papéis do administrador de preservação e administrador de TI, bem como o ambiente em que
cada um atua em uma plataforma de preservação:
Figura 1 - Os papéis de Administrador de preservação e de TI em uma plataforma de
preservação

Fonte: Elaborada pela autora.


O estabelecimento de papéis, ao invés da mera atribuição de profissionais específicos
para cargos administrativos, é importante para a continuidade dos trabalhos desenvolvidos,
uma vez que independe de quem está ocupando um dado papel em um determinado momento.
Esses profissionais devem ser nomeados por portaria ou ato administrativo, com mandato, e
definição de suplentes (para casos de impedimento do titular). Além disso, eles devem estar
previstos e definidos de forma clara na política de preservação digital da instituição.
Em uma CCDA compartilhada, deve-se levar em conta que o arquivista não detém
mais a custódia sozinho, como também não perdeu a autoridade sobre a custódia. Antes, a
custódia deve ser compartilhada com um setor institucional de TI, que deve estar sensível às
questões arquivísticas, e embasada por uma política e planos de preservação digital.

3.1.2 CCDA distribuída

Com a transformação digital, e com a evolução tecnológica, viu-se a necessidade de


se aumentar a segurança da informação. Uma das práticas comuns na computação é o
armazenamento distribuído, onde os dados já não são mais armazenados em um único lugar,
mas residem em diversos locais, conectados por meio de uma rede. Sendo assim, para
acompanhar os novos referenciais teóricos, é necessário que além de compartilhada a CCDA
seja também distribuída. Um desses referenciais é o Modelo OAIS - Open Archival
Information System (ISO 14721:2012), que define um modelo de referência para um Sistema
Aberto de Informações de Arquivos. O Modelo OAIS é o modelo mais importante da Ciência
da informação em relação ao gerenciamento do documento digital, que é parte essencial dos
Repositórios Digitais Confiáveis (RDC). O Modelo OAIS possui uma seção que trata da
interoperabilidade entre os Arquivos OAIS (OAIS Archives), que apresenta que o sistema
pode ser distribuído geograficamente, mas com todas as partes sob o mesmo gerenciamento,
ou seja, o armazenamento dos documentos pode ser dividido em vários locais separados para
aumentar a proteção contra desastres e a acessibilidade aos documentos. O modelo apresenta
diferentes níveis técnicos de interação e cooperação entre os Arquivos OAIS. Um deles são
os arquivos federados (Federated Archives), que são definidos como “um grupo de Arquivos
que concordam em prover acesso ao seu conteúdo por meio de um ou mais instrumentos de
busca em comum” (CONSULTATIVE COMMITTEE FOR SPACE DATA SYSTEM, 2012,
p. 1-11, tradução nossa). Arquivos Federados são conceitualmente orientados para o
consumidor (usuário). Além da comunidade local, ou seja, a comunidade originalmente
atendida pelo Arquivo, existe uma comunidade global, ou seja, uma comunidade estendida
de usuários que acessam o conteúdo de diversos Arquivos OAIS por meio de um ou mais
instrumentos de busca em comum. No entanto, os usuários locais tendem a possuir prioridade
de acesso em relação aos usuários globais. Assim, para se adequar a modelos como os
Arquivos Federados, a cadeia de custódia digital arquivística também terá que ser distribuída,
ou seja, a custódia poderá não ser mais responsabilidade de uma única Instituição
Arquivística, podendo estar distribuída entre várias delas (CONSULTATIVE COMMITTEE
FOR SPACE DATA SYSTEM, 2012).
Além disso, o armazenamento dos documentos digitais também pode estar em
nuvem, ou seja, os documentos podem estar armazenados geograficamente distantes da
Instituição Arquivística de origem. O armazenamento em nuvem está respaldado, por
exemplo, pela instrução normativa n.º 01 (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2019) que dispõe
sobre o processo de contratação de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação -
TIC pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de
Tecnologia da Informação - SISP do Poder Executivo Federal, que em seu Art. 4 descreve
sobre a contratação de serviços em nuvem (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2019, grifo
nosso):
4.1. Os órgãos e entidades que necessitem criar, ampliar ou renovar infraestrutura
de centro de dados deverão fazê-lo por meio da contratação de serviços de
computação em nuvem, salvo quando demonstrada a inviabilidade em estudo
técnico preliminar da contratação.
4.2. As contratações de serviços em nuvem devem observar o disposto na Instrução
Normativa GSI/PR nº 1, de 13 de junho de 2008, e suas Normas Complementares,
notadamente a Norma Complementar 14/IN01/DSIC/SCS/GSIPR.
4.2.1. Os órgãos e entidades devem exigir mediante justificativa prévia, no
momento da assinatura do contrato, que fornecedores privados de serviços em
nuvem possuam certificações de normas de segurança da informação aplicáveis ao
objeto da contratação, assim como outros requisitos que objetivem mitigar riscos
relativos à segurança da informação.
4.2.2. Os órgãos e entidades devem assegurar, por meio de cláusulas contratuais,
que os serviços em nuvem a serem contratados permitirão a portabilidade de dados
e softwares e que as informações do contratante estarão disponíveis para
transferência de localização, em prazo adequado.

Assim, temos uma custódia distribuída, descentralizada, afinal os documentos digitais


podem não estar mais exclusivamente armazenados dentro de um Arquivo - Entidade
Custodiadora, nem dentro de uma Instituição Arquivística ou Setor de TI, mas sim, em
nuvem, em diversos servidores, em instituições que firmaram acordo de compartilhamento e
descentralização de custódia como recomendado pelos Arquivos Federados do Modelo
OAIS.

3.2 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO DOS AMBIENTES AO LONGO DA CCDA

O processo de auditoria e certificação é uma forma de garantir transparência nos


processos e aumentar a credibilidade perante a comunidade de interesse. Foi pesquisado
sobre a importância desse processo para cada um dos ambientes envolvidos nas três entidades
externas do Modelo OAIS: o ambiente do produtor, que é o ambiente de gestão dos
documentos; o ambiente do administrador, que é o ambiente de preservação dos
documentos; o ambiente do consumidor, que é o ambiente de acesso e difusão dos
documentos.
O modelo OAIS é um modelo internacionalmente aceito, e amplamente utilizado, que
tem como objetivo identificar os componentes funcionais que deverão fazer parte de um
sistema de informação dedicado à preservação digital. O modelo também descreve as
interfaces internas e externas do sistema e os objetos de informação que são manipulados no
seu interior (FERREIRA, 2006). A Figura 1 apresenta os componentes funcionais, os pacotes
de informação e as entidades externas de um sistema de preservação compatível com o
Modelo OAIS (CONARQ, 2015).
Figura 2 – O Modelo de Referência OAIS

Fonte: CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015a.

No decorrer da pesquisa, analisando o processo de auditoria e certificação verificou-


se que o desenvolvimento de diversas normas, modelos e padrões aconteceu principalmente
em direção ao ambiente de preservação dos documentos, com modelos conceituais que
abrangem tanto seus requisitos funcionais, não funcionais e regras de negócio, quanto
requisitos de auditoria e certificação. O mesmo não aconteceu com os ambientes de gestão
de documentos e de acesso e difusão, principalmente em relação aos requisitos de auditoria
e certificação. Além disso, identificou-se a importância do processo de auditoria e
certificação, e que esse processo deve ocorrer em toda a cadeia de custódia digital
arquivística, ou seja, em todos os ambientes envolvidos nas três entidades externas do
Modelo OAIS, e não somente no ambiente de preservação. Somente definindo requisitos para
os ambientes envolvidos, que são o ambiente de gestão de documentos, o ambiente de
preservação e o ambiente de acesso e difusão, e estabelecendo requisitos de auditoria e
certificação para cada um desses ambiente, será possível manter uma cadeia de custódia
digital arquivística, ou seja, uma cadeia de custódia segura e ininterrupta, que mantêm os
documentos arquivísticos digitais autênticos e confiáveis ao longo do tempo.
Identificou-se ainda que, no cenário brasileiro, há modelos de requisitos para o
ambiente de gestão dos documentos, por meio, por exemplo, do e-ARQ Brasil e do MoReq-
Jus, mas que o mesmo não acontece para os requisitos de auditoria e certificação. O ambiente
de preservação é o mais completo, pois a Resolução n.º 43 do Conarq apresenta tanto
requisitos funcionais, não funcionais e regras de negócio, quanto requisitos de auditoria e
certificação. Já para o ambiente de acesso e difusão dos documentos, não há ainda um modelo
de requisitos, apenas padrões e normas de descrição arquivística que podem servir como
ponto inicial para sua especificação. Somente depois de se ter um modelo de requisitos
definido será possível a especificação de um modelo de requisitos de auditoria e certificação.
Além disso, verificou-se que a certificação externa é uma forma de garantir
transparência nos processos e aumentar a credibilidade perante a comunidade de interesse.
Uma vez que muitas instituições não têm condições de desenvolver suas próprias soluções
para os ambientes de gestão de documentos, de preservação e de acesso e difusão, os modelos
de requisitos irão apoiar as instituições, não somente no desenvolvimento de suas próprias
soluções, como também na contratação de serviços.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A transformação digital ocorrida nas últimas décadas desafiou as organizações a


pensarem na preservação do patrimônio arquivístico digital, que é constituído dos
documentos produzidos no curso de suas atividades. Isso desafiou as organizações a
pensarem na preservação digital, o que culminou no desenvolvimento de diversas normas,
modelos e padrões. No Brasil, desde a publicação da carta de preservação digital em 2005, o
Conarq iniciou uma série de publicações sobre o tema, tendo como destaque a Resolução n.º
43 do Conarq, que veio como uma resposta para a necessidade da criação do Arquivo
Permanente Digital, definindo as diretrizes para a implementação de um Repositório
Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq). Ou seja, despertou-se para a necessidade da
especificação de um ambiente seguro para a preservação permanente dos documentos
arquivísticos digitais, considerando sua fragilidade, especificidade e complexidade,
principalmente porque era necessário garantir uma preservação permanente, e não mais uma
preservação somente de longo prazo, ou seja, de cinco (05) anos a partir da data de produção
do documento digital, como preconizada pelo Conselho Internacional de Arquivos. Mais do
isso, a Resolução n.º 43 também despertou sobre a necessidade do uso de um RDC-Arq em
todas as fases do ciclo de vida dos documentos, e não somente na fase permanente, quando
recomenda a sua adoção pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de
Arquivos – SINAR, para o arquivamento e manutenção dos documentos arquivísticos em
suas fases corrente, intermediária e permanente em formato digital, a fim de garantir a
autenticidade (identidade e integridade), a confidencialidade, a disponibilidade e a
preservação dos documentos arquivísticos digitais.
Neste contexto iniciou-se uma pesquisa sobre a Preservação Digital Sistêmica (PDS),
que deveria ser uma solução para a manutenção dos documentos arquivísticos digitais
autênticos e confiáveis. No decorrer da pesquisa identificou-se que a PDS deve atentar para
três aspectos importantes: 1) não ser mais focada no armazenamento dos documentos digitais
em mídias externas e na obsolescência dos suportes; 2) Deve perpassar todos os ambientes
envolvidos no ciclo de vida dos documentos digitais; e 3) Deve manter a presunção de
autenticidade sempre que acontece a mudança de custódia dos documentos digitais entre
esses ambientes.
Sendo assim, com o desenvolver da pesquisa, identificamos que a Preservação Digital
Sistêmica dever ver a Preservação Digital em uma visão holística, requerendo uma cadeia de
custódia ressignificada para o ambiente digital (CCDA), que paralelamente à cadeia de
preservação deve perpassar todos os ambientes envolvidos no ciclo de vida dos documentos
(três entidades externas do Modelo OAIS: produtor, administrador e consumidor), que são o
ambiente de gestão de documentos, o ambiente de preservação e o ambiente de acesso e
difusão. Além disso, deve prever a cooperação entre a área arquivística e a tecnológica diante
de uma CCDA auditada e certificada, por normas, modelos e padrões bem estabelecidos,
compartilhada, entre pelo menos dois tipos de papéis: 1) O administrador de preservação e
2) O administrador de TI, que atuam em dois ambientes diferentes de uma plataforma de
preservação (Ambiente de gestão e ambiente de armazenamento) e distribuída, onde os
documentos digitais podem não estar mais exclusivamente armazenados dentro de um
Arquivo - Entidade Custodiadora, Instituição Arquivística ou Setor de TI, mas sim, em
nuvem, em diversos servidores, em instituições que firmaram acordo de compartilhamento e
descentralização de custódia, respeitando o princípio arquivístico da territorialidade.
O desenvolvimento da pesquisa foi detalhado em artigos publicados, aceitos para
publicação (Apêndice B) ou finalizados e em fase de avaliação, apresentando detalhes dos
assuntos abordados de forma sucinta neste relatório.
5. REFERÊNCIAS

ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA. Fundamentos de la Preservación


Digital a largo plazo. Bogotá, 2018. 55 p. Disponível em:
https://www.archivogeneral.gov.co/el-agn-presenta-el-manual-fundamentos-de-
preservacion-digital-largo-plazo. Acesso em: 28 mai. 2021.

ARQUIVO NACIONAL. AN Digital: Política de Preservação Digital. Rio de Janeiro,


2016. 37 p. 2 v. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-
br/canais_atendimento/imprensa/noticias/programa-an-digital. Acesso em: 18 mail. 2021.

ARQUIVO NACIONAL. Recomendações para elaboração de Política de Preservação


Digital. Rio de Janeiro, 2019. 24 p. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-
br/servicos/gestao-de-documentos/orientacao-tecnica-1/recomendacoes-tecnicas-
1/recomendacoes-tecnicas. Acesso em: 19 mai. 2021.

BLATTMANN, Ursula; BORGES, Ilma; BERNARDES, Lúcia de Lourdes Rutkowski.


Mudança organizacional e o local de trabalho: reflexões. Organization changes and
working place: discussions. p. 240-250. Revista ACB, [S.l.], v. 7, n. 2, p. 240-250, ago.
2005. ISSN 1414-0594. Disponível em:
https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/396/492. Acesso em: 05 mai. 2021.

BRADLEY, Kevin; LEI, Junran; BLACKALL, Chris. Towards an Open Source


Repository and Preservation System: Recommendations on the Implementation of an
Open Source Digital Archival and Preservation System and on Related Software
Development. UNESCO Memory of the World. 2007. Disponível em:
http://portal.unesco.org/ci/fr/files/24700/11824297751towards_open_sourc. Acesso em: 22
mar. 2021.

CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES/ONLINE COMPUTER LIBRARY CENTER.


Trustworthy Repositories Audit & Certification: Criteria and Checklist. Illinois/Ohio:
CRL/OCLC, Feb. 2007, v. 1. Disponível em:
https://www.crl.edu/sites/default/files/d6/attachments/pages/trac_0.pdf. Acesso em: 24 jun.
2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Carta para preservação do patrimônio


arquivístico digital. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/Carta_preservacao.pdf.
Acesso em: 14 ago. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Modelo de Requisitos para Sistemas


Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos - e-ARQ Brasil. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2011. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/earqbrasil_model_requisit
os_2009.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a presunção de


autenticidade de documentos arquivísticos digitais. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,
2012. Disponível em: https://www.gov.br/conarq/pt-br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/conarq_presuncao_autenticidade_completa.pdf. Acesso em: 21 jun.
2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a Implementação de


Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-Arq. Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 2015a. 31 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf Acesso em: 04 nov.
2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Orientação Técnica n.º 3: Cenários de uso


de RDC-Arq em conjunto com o SIGAD. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2015b.
Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/ctde/Orientacoes/Orientacao_tecnica_rdcarq_2
015_v8_pub.pdf. Acesso em: 04 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Glossário: Documentos Arquivísticos


Digitais. Versão 8.0. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2020a. 54 p. Disponível em:
http://http://antigo.conarq.gov.br/images/ctde/Glossario/glosctde_2020_08_07.pdf. Acesso
em: 21 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Modelo de Requisitos para Sistemas


Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos - e-ARQ Brasil. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2020b, v. 2. Disponível em: https://www.gov.br/conarq/pt-
br/assuntos/noticias/conarq-abre-consulta-publica-visando-a-atualizacao-do-e-arq-
brasil/EARQ_v2_2020_final.pdf. Acesso em: 24 mar. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Modelo de Requisitos para Sistemas


Informatizados de Gestão de Processos e Documentos do Poder Judiciário. Brasília:
Conselho Nacional de Justiça, 2009. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-
acoes/gestao-documental-e-memoria-proname/gestao-documental/moreq-jus-e-sistemas-
informatizados/. Acesso em: 23 jun. 2021.

CONSULTATIVE COMMITTEE FOR SPACE DATA SYSTEM. Recommendation for


Space Data System Practices: Reference Model For An Open Archival Information
System (OAIS). Recommended Practice CCSDS 650.0-M-2. Magenta Book. jun. 2012. p.
135. Disponível em: https://public.ccsds.org/pubs/650x0m2.pdf. Acesso em: 10 set. 2021.

COOK, Terry. Arquivologia e pós-modernismo: novas reformulações para velhos


conceitos. Informação Arquivística, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 123-148, jul./dez. 2012.
Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/download/53709. Acesso em: 02 set.
2021.

DIGITAL PRESERVATION COALITION. Digital preservation handbook. 2th ed.


[Glasgow], c2015. Disponível em: https://www.dpconline.org/handbook. Acesso em: 05
mai. 2021.

DURANTI, Luciana. An Infrastructure for TruthEntrusting Digital Facts to Archival


Theory. In: ALA-ICA CONFERENCE, México, nov. 2017. Disponível em:
http://www.alaarchivos.org/wp-content/uploads/2017/12/Magistral-LucianaDuranti.pdf.
Acesso em: 5 jun. 2019.
EDMONDSON, Ray. Diretrizes para a salvaguarda do patrimônio documental. Edição
revisada. Tradução: Elisa Bustamante. [S. l.: s. n.], 2002. 67 p.

FERREIRA, M. Introdução à preservação digital: Conceitos, estratégias e actuais


consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. 1-
88 p. Disponível em: http://eprints.rclis.org/8524/1/livro.pdf. Acesso em: 05 mai. 2021

FLORES, Daniel; ROCCO, B. C. D. B; SANTOS, Henrique Machado. Cadeia de custódia


para documentos arquivísticos digitais. Acervo - Revista do Arquivo Nacional, v. 29, n.
2, p. 117-132, dez. 2005. Disponível em:
<http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/717/732>.
Acesso em: 26 ago. 2019.

GARDEREN et al. The Archivematica Project: Meeting Digital Continuity’s Technical


Challenges. In: UNESCO Memory of the World in the Digital Age Wednesday, 2012,
Vancouver. Proceedings… Vancouver: UNESCO, 2012. Workshop. Disponível em:
http://www.interpares.org/display_file.cfm?doc=ip3_canada_dissemination_cpr_van-
garderen_et-al_unesco-mow_2013.pdf. Acesso em: 23 fev. 2021.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FERRARI, Luciana Itida; OLIVEIRA, Vânia Célia de. Uso
do AtoM no processo de descrição arquivística: experiência em um curso de
graduação. Revista Analisando em Ciência da Informação - RACIn, v. 4, n. especial, p.
526-544, out. 2016. Disponível em:
http://racin.arquivologiauepb.com.br/edicoes/v4_nesp/racin_v4_nesp_artigo_0526-
0544.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais


confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em um ambiente de
gestão arquivística. Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul. 2020. ISSN
1981-8920. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411>. Acesso em: 13
out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

GAVA, T. B. S.; FLORES, D. Repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq)


como plataforma de preservação digital em um ambiente de gestão arquivística.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GLADNEY, H. Long-Term Preservation of Digital Records: Trustworthy Digital Objects.


The American Archivist. v. 72, n. 2, p. 401-435. 2009. Disponível em:
https://americanarchivist.org/doi/pdf/10.17723/aarc.72.2.g513766100731832. Acesso em:
01 jun. 2021.
Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul. 2020. ISSN 1981-8920.
Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411.
Acesso em: 13 out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

GRÁCIO, José Carlos Abbud. Preservação Digital na gestão da informação: um modelo


processual para as instituições de ensino superior. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/113727. Acesso em: 04 ago. 2021.
HIRTLE, P. B. Archival authenticity in a digital age. Páginas A&B, Arquivos e
Bibliotecas (Portugal), n. 6, p. 73-90, 2001. Disponível em:
https://ojs.letras.up.pt/index.php/paginasaeb/article/view/136/128. Acesso em: 29 jun.
2021.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival Terminology.


Vancouver: Centre for the International Study of Contemporary Records and Archives,
2012. Disponível em: http://www.ciscra.org/mat/. Acesso em: 04 mar. 2021.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Preservador. A preservação de documentos


arquivísticos digitais: diretrizes para organizações. TEAM Brasil. Tradução: Arquivo
Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007a. Disponível em:
<http://www.interpares.org/display_file.cfm?doc=ip2_preserver_guidelines_booklet--
portuguese.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Produtor. A elaboração e a manutenção de


materiais digitais: diretrizes para indivíduos. TEAM Brasil. Tradução: Arquivo
Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007b. Disponível
em:<http://www.siga.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes/diretrizes_produtor_digit
al.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.

JARDIM, José Maria. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e processos.


Arquivo & Administração, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 5-16, 2006.

JENKINSON, H. A manual of archive administration including the problems of war


archives and archive making. Oxford: Clarendon Press, 1922.

MÁRDERO ARELLANO, Miguel Ángel. Critérios para a preservação digital da


informação científica. 2008. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade
de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1518/1/2008_MiguelAngelMarderoArellano.pdf.
Acesso em: 28 ago. 2021.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA (Brasil). Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão


e Governo Digital. Secretaria de Governo Digital. Instrução Normativa nº. 01, de 04 de
abril de 2019. Dispõe sobre o processo de contratação de soluções de Tecnologia da
Informação e Comunicação - TIC pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de
Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP do Poder Executivo
Federal. DF, 04 abr. 2019. Seção 1, p. 54.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 16. ed. Campinas:


Papirus, 2012.

NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Digital Preservation Policy. Kingston, 2020.


v. 1.4, 9 p. Disponível em: https://www.naa.gov.au/about-us/our-
organisation/accountability-and-reporting/archival-policy-and-planning/digital-
preservation-policy. Acesso em: 28 mai. 2021.

ROCHA, C. L. Repositórios para a preservação de documentos arquivísticos digitais. Acervo


- Revista do Arquivo Nacional, v. 28, n. 2, p. 180-191, 2015. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/40764. Acesso em: 04 nov. 2019.

SANTOS, Henrique. Machado. Manual para auditoria de Repositórios Arquivísticos


Digitais Confiáveis. 2018. Disponível em:
https://www.academia.edu/37334881/MANUAL_PARA_AUDITORIA_DE_REPOSITOR
IOS_ARQUIVISTICOS_DIGITAIS_CONFIAVEIS. Acesso em: 26 jun.

SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. As vulnerabilidades dos documentos


digitais: Obsolescência tecnológica e ausência de políticas e práticas de preservação digital.
Biblios - Revista de Bibliotecología y Ciencias de la Información, n. 59, p. 45-54, 2015.
Disponível em: http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/215. Acesso em: 26
jun. 2019.

SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. Preservação sistêmica para


repositórios arquivísticos. Reciis – Revista Eletrônica Comunicação Informação e
Inovação em Saúde. v. 14, n. 3, p. 764-781, jul-set. 2020. e-ISSN 1981-6278. Disponível
em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/2089. Acesso em: 21
fev. 2020. DOI: https://doi.org/10.29397/reciis.v14i3.2089

SANTOS, H. M.; FLORES, D. Repositórios digitais confiáveis para documentos


arquivísticos: ponderações sobre a preservação em longo prazo. Perspectivas em Ciência
da Informação [online], v. 20, n. 2, p. 198-218, Jun. 2015b. ISSN 1981-5344. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/1981-5344/2341. Acesso em: 26 jun. 2021. DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5344/2341.

SILVA, Luiz Eduardo Ferreira da; SILVA, Amanda Marissa Soares da. A influência da
teoria pós-custodial de Terry Cook como prenúncio da socialização da arquivística, do
arquivista e dos arquivos. RACIn, João Pessoa, v. 4, n. 2, p. 99-114, jul./dez. 2016.
Disponível em:
http://arquivologiauepb.com.br/racin/edicoes/v4_n2/racin_v4_n2_artigo06.pdf. Acesso em:
16 ago. 2021.

SILVA JÚNIOR, L. P. da; MOTA, V. G. da. Políticas de preservação digital no Brasil:


características e implementações. Ciência da Informação, [S. l.], v. 41, n. 1, p. 51-64, 2014.
Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1351. Acesso em: 24 nov. 2021.

SOARES, Ana Paula Alves; PINTO, Adilson Luiz; SILVA, Armando Malheiro da. O
paradigma pós-custodial na arquivística. Páginas A&B, Arquivos e Bibliotecas
(Portugal), n. 4, p. 22-39, 2015. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/68327. Acesso em: 17 ago. 2021.
APÊNDICE A – Atividades acadêmicas desenvolvidas durante os 12
meses de vigência do Estágio de Pós-Doutorado no PPGCI/UFF: entre
01/02/2021 a 31/01/2022

As notas que se seguem apresentam, de maneira sucinta, as principais atividades


desenvolvidas no Estágio Pós-Doutoral em Ciência da Informação do Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação, da Universidade Federal Fluminense no período de
01 de fevereiro de 2021 a 31 de janeiro de 2022. A pesquisa intitulada “Preservação Digital
sistêmica” foi desenvolvida sob a supervisão do Prof. Dr. Daniel Flores, membro do corpo
docente permanente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFF.

1 ATIVIDADES DE PESQUISA

Durante o período do pós-doutorado foi realizada uma pesquisa de natureza


qualitativa, do tipo exploratória, e em relação às fontes, uma pesquisa bibliográfica e
documental sobre a Preservação Digital Sistêmica, conduzindo a uma pesquisa sobre a cadeia
de custódia digital arquivística, distribuída e compartilhada, em todo o ciclo de vida do
documento digital, perpassando os três ambientes relacionados às três entidades externas do
modelo OAIS, que são: o ambiente do produtor, que é o ambiente de gestão dos documentos;
o ambiente do administrador, que é o ambiente de preservação dos documentos; e o ambiente
do consumidor, que é o ambiente de acesso e difusão dos documentos. Para tanto, fez-se
necessário uma pesquisa bibliográfica aprofundada, obtida por meio de consultas diretas a
diferentes bases de dados indexadas, e indiretas, por meio de consultas às principais
referências dos materiais obtidos. As principais fontes documentais utilizadas foram as
publicações do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), Arquivo Nacional (AN), Arquivo
Geral da Nação da Colômbia, Arquivo Nacional da Austrália, The International Research on
Permanent Authentic Records in Electronic Systems (InterPARES Project), International
Council on Archives (ICA), Digital Curation Centre (DCC), Organisation for Economic Co-
operation and Development (OECD) e National Research Council (NRC) dos Estados
Unidos (US), dentre outras.
Neste contexto, com o desenvolver da pesquisa, os resultados parciais e finais foram
sendo publicados em artigos em coautoria com o supervisor do estágio pós-doutoral, em
eventos internacionais e em revistas nacionais (APÊNDICE B), e em diversas outras
atividades, detalhadas a seguir

1.1 PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

• Apresentação da palestra “O arquivista no contexto da Preservação Digital Sistêmica”


no dia 19 de outubro de 2021, em comemoração ao dia do Arquivista, organizada
pelo Departamento de Arquivologia da UFES.
• Participação da aula magna intitulada: “Porque eu me tornei arquivista. Por que você
vai – ou deveria – tornar-se?” da Profª e pesquisadora Luciana Duranti em
comemoração ao 10º aniversário da Faculdade de Arquivologia Universidade Federal
do Pará – Brasil, no dia 6 de setembro de 2021.
• Participação como ouvinte no V Sinpred – Simpósio Internacional de Preservação
Digital nos dias 12 e 13 de maio de 2021.
• Participação como ouvinte de palestras da V Semana Nacional de Arquivos.
• Participação no Workshop Gestão dos dados de pesquisa FAIR – Evento Pós-Enancib
2021, realizado no dia 29 de outubro de 2021 de 14h as 17h. Link do evento:
https://www.youtube.com/watch?v=MHynO6wTZrQ

1.2 PARTICIPAÇÃO EM CURSOS E MINICURSOS

• Participação no minicurso “Introdução a Metadados” ministrado no dia 23 de março


de 2021 pela instrutora Jussara Teixeira, perfazendo a carga horária de 02 horas. O
treinamento foi uma realização do Programa de Gestão Documental do Governo do
Estado do Espírito Santo (PROGED). Ementa do minicurso: O que são metadados -
Metadados existentes na atualidade - Metadados usados na Arquivística – Como usá-
los no campo da Arquivística - Como criar metadados - Exemplo prático de escolha
de metadados.
• Participação de capacitação realizada pelo PROGED - Programa de Gestão
Documental do Governo do Estado do Espírito Santo, que será realizada pela
empresa ArquivoTech entre os dias 17 a 28 de janeiro com carga horária de 40h.
Ementa do curso: 1) Introdução sobre conceitos básicos de documentos eletrônicos
e Tecnologia da Informação (software, hardware, políticas de segurança etc.; 2)
Legislação brasileira sobre documentos; 3) Sistema Informatizado de Gestão
Arquivística de Documentos (SIGAD); 4) Ferramenta para preservação digital –
Archivematica; 5) Ferramenta para difusão e acesso – AtoM; 6) Instalação e
Configuração AtoM e Archivematica.

1.3 PARTICIPAÇÃO EM BANCAS

1.3.1 MESTRADO

• Participação como banca examinadora na dissertação de mestrado intitulada “A


segurança jurídica do documento de arquivo em ambiente digital”, do aluno
Wanderson Monteiro da Silva apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense – PPGCI/UFF. Linha de
Pesquisa: Fluxos e Mediações Sócio-técnicas da Informação. Orientador: Prof. Dr.
Daniel Flores.
• Participação como banca examinadora na dissertação de mestrado intitulada
“Competências e habilidades para a educação a distância no ensino médio integrado:
uma proposta de mídia educacional para reflexão do aluno”, da aluna Gabriela Targa
Leal apresentada ao programa de pós-graduação em Educação Profissional e
Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo tendo como orientadora a Profª.
Drª. Renata Gomes.

1.3.2 QUALIFICAÇÃO DE MESTRADO

• Participação como banca examinadora do projeto de qualificação da dissertação de


mestrado intitulada “O uso de audiolivros em um curso técnico em multimeios
didáticos à distância”, do aluno Darlan Machado Pinto apresentada ao programa de
pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do
Espírito Santo tendo como orientadora a Profª. Drª. Márcia Gonçalves Oliveira.

1.4 ARTIGOS PUBLICADOS EM EVENTOS E REVISTAS

• GAVA, TÂNIA BARBOSA SALLES; FLORES, Daniel. CADEIA DE


CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA - CCDA. In: Arquivo, documento e
informação em cenários híbridos: anais do Simpósio Internacional de Arquivos.
Anais...São Paulo (SP) Eventus, 8, 2021. Disponível em:
https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336974-cadeia-
de-custodia-digital-arquivistica---ccda/. Acesso em: 09/07/2021

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. PRESERVAÇÃO DIGITAL


SISTÊMICA. In: Arquivo, documento e informação em cenários híbridos: anais do
Simpósio Internacional de Arquivos. Anais...Sao Paulo (SP) Eventus, 8, 2021.
Disponível em:
<https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336975-
preservacao-digital-sistemica/>.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. O papel do Archivematica no


RDC-Arq e possíveis cenários de uso. ÁGORA: Arquivologia em debate, [S. l.], v.
31, n. 63, p. 1–21, 2021. Disponível em:
https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/1018. Acesso em: 21 set. 2021.

1.5 ARTIGOS ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Políticas de Preservação Digital:


o caso dos Arquivos Nacionais do Brasil em relação à Colômbia e Austrália. Revista
Em Questão (ISSN 1807-8893) – Qualis A2.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Auditoria e certificação ao longo


da cadeia de custódia digital arquivística. Revista Informação & Informação (ISSN
1981-8920) – Qualis A2.

1.6 ARTIGOS EM AVALIAÇÃO E FINALIZADO

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Problematizando a pós-custódia


com a contemporaneidade da custódia digital compartilhada e distribuída na
preservação digital sistêmica. Em avaliação pela Revista de Ciência da Informação e
Documentação (InCID), ISSN Eletrônico 2178-2075, Qualis B1.
• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Dados de pesquisa na
Arquivologia: uma reflexão. Artigo será submetido à Revista ÁGORA: Arquivologia
em debate (ISSN 0103-3557) – Qualis B1, assim as submissões retornarem.

1.7 SEMINÁRIO DE ENCERRAMENTO DE ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL

• O seminário de encerramento de estágio pós-doutoral foi realizado no dia 31 de


janeiro de 2022 as 14h, com transmissão pelo canal do Youtube do PPGCI. Além
do supervisor do estágio, o Prof. Dr. Daniel Flores, estiveram presentes os
debatedores Brenda Couto de Brito Rocco (UNIRIO) e Josemar Henrique de Melo
(UEPB). O evento foi transmitido

2 PRODUÇÃO TÉCNICA

2.1 PARECERES PARA PERIÓDICOS

• Avaliação de artigo científico submetido à Revista Ágora: Arquivologia em debate


da UFSC (ISSN 0103-3557), Qualis B1.
• Avaliação de artigo científico submetido à Revista Transinformação, Qualis A1.
ISSN printed version: 0103-3786 ISSN online version: 2318-0889.
• Avaliação de artigo científico submetido à Revista Em Questão (ISSN 1807-8893) –
Qualis A2.

2.2 MEMBRO DE COMISSÃO AVALIADORA


• Participação da comissão de avaliadores dos melhores trabalhos do VI Congresso
Regional de Formação e Educação a Distância (Concefor) promovido pelo Cefor/Ifes.
A sessão de apresentação dos melhores foi realizada no dia 05/11/2021 (Sexta-feira
às 10h30).
• Submissão e aceite de proposta de Seminário Temático com o tema “A CADEIA DE
CUSTÓDIA DIGITAL NA PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA: DO SIGAD
(INCLUSIVE SIGAD DE NEGÓCIO) AO RDC-ARQ E ÀS PLATAFORMAS
ARQUIVÍSTICAS DE ACESSO E TRANSPARÊNCIA ATIVA” para a VII
Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (REPARQ) 2022 com
coautoria do Prof. Daniel Flores para a coordenação do evento.

2.3 COOPERAÇÃO TÉCNICA

• Desenvolvimento de minuta de política de preservação digital para o governo do


Estado do Espírito Santo, como membro do Departamento de Arquivologia da UFES
na cooperação técnica do Departamento de Arquivologia com o Arquivo Público do
Espírito Santo (APEES) e Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do
Estado do Espírito Santo (PRODEST).
• Apresentação da minuta de política de preservação digital do Governo do Estado do
Espírito Santo - ES para os seguintes órgãos: Arquivo Público do Estado do Espírito
Santo - APEES, Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos - SEGER,
Secretaria de Estado de Controle e Transparência - SECONT, Secretaria de Estado
de Governo - SEG, Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Espírito
Santo - PRODEST, Superintendência Estadual de Comunicação Social - SECOM.

3 ATIVIDADES DE ENSINO

• Foram desenvolvidas duas atividades de mapas conceituais com os alunos de


graduação em Arquivologia da UFF, nas disciplinas de “Reprodução de
Documentos” e “Gestão de Documentos” do semestre letivo de 2021/1. Cada aluno
de cada disciplina desenvolveu a seguinte atividade: leitura do artigo
“REPOSITÓRIOS ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS CONFIÁVEIS (RDC-ARQ)
COMO PLATAFORMA DE PRESERVAÇÃO DIGITAL EM UM AMBIENTE DE
GESTÃO ARQUIVÍSTICA” por pelo menos 2 vezes: na primeira vez marcar entre
15 a 20 conceitos que o aluno considerar mais importantes. Na segunda vez, ler o
texto fazendo conexões entre os conceitos escolhidos. Cada aluno desenvolveu um
mapa conceitual com os conceitos escolhidos no texto (entre 15 a 20 conceitos). O
mapa foi desenvolvido usando uma ferramenta de edição de mapas conceituais. Cada
mapa foi discutido e revisado em grupo. Cada atividade teve uma carga horária de 8
h.
APÊNDICE B: PRODUTOS DIRETOS DA PESQUISA DE PÓS-DOUTORADO

• GAVA, TÂNIA BARBOSA SALLES; FLORES, Daniel. CADEIA DE


CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA - CCDA. In: Arquivo, documento e
informação em cenários híbridos: anais do Simpósio Internacional de Arquivos.
Anais...São Paulo (SP) Eventus, 8, 2021. Disponível em:
https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336974-cadeia-
de-custodia-digital-arquivistica---ccda/. Acesso em: 09/07/2021

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. PRESERVAÇÃO DIGITAL


SISTÊMICA. In: Arquivo, documento e informação em cenários híbridos: anais do
Simpósio Internacional de Arquivos. Anais...Sao Paulo (SP) Eventus, 8, 2021.
Disponível em:
<https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336975-
preservacao-digital-sistemica/>.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. O papel do Archivematica no


RDC-Arq e possíveis cenários de uso. ÁGORA: Arquivologia em debate, [S. l.], v.
31, n. 63, p. 1–21, 2021. Disponível em:
https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/1018. Acesso em: 21 set. 2021.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Políticas de Preservação Digital:


o caso dos Arquivos Nacionais do Brasil em relação à Colômbia e Austrália. Revista
Em Questão (ISSN 1807-8893) – Qualis A2.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Auditoria e certificação ao longo


da cadeia de custódia digital arquivística. Revista Informação & Informação (ISSN
1981-8920) – Qualis A2.

• Apresentação da palestra “O arquivista no contexto da Preservação Digital


Sistêmica” no dia 19 de outubro de 2021, em comemoração ao dia do Arquivista,
organizada pelo Departamento de Arquivologia da UFES.

• Apresentação do seminário de encerramento de estágio pós-doutoral realizado no


dia 31 de janeiro de 2022 as 14h, com transmissão pelo canal do Youtube do PPGCI.
PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA

Tânia Barbosa Salles Gava1


tania.gava@ufes.br
Daniel Flores2
df@id.uff.br

Resumo

Desde a década de 1990, com o advento da internet e com a popularização dos


computadores pessoais, começaram a ocorrer mudanças consideráveis na sociedade,
principalmente em relação à forma de comunicação e compartilhamento de
informações, e consequentemente na produção dos documentos. Essa modernização
atingiu todas as áreas da sociedade, inclusive a área arquivística, trazendo grandes
avanços, mas também uma série de complexidades inerentes à vulnerabilidade do
ambiente digital. Os documentos digitais, em particular os documentos arquivísticos
digitais, trouxeram muitas facilidades, tais como a simplicidade de criação e
disseminação, como também a qualidade e agilidade dos resultados obtidos. No
entanto, a documentação digital carrega consigo um problema estrutural que coloca em
risco sua preservação e acesso a longo prazo, por causa da vulnerabilidade do ambiente
tecnológico envolvido. Esta dependência tecnológica torna o patrimônio arquivístico
digital vulnerável, numa sociedade em que cada vez mais as organizações dependem
da informação digital que produzem. Neste contexto, torna-se imprescindível a adoção
e implementação de ações para a proteção do patrimônio arquivístico digital, ao longo
do tempo. Essa preocupação refletiu-se em uma série de publicações técnicas do
Conarq sobre o tema, na qual destacamos a Resolução nº 43, que define as diretrizes
para implementação dos Repositórios Arquivístico Digitais Confiáveis (RDC-Arq), e
onde se vê a preocupação com o arquivamento e manutenção dos documentos
arquivísticos digitais, a fim de mantê-los seguros, autênticos e acessíveis pelo tempo
que for necessário. A Resolução n.º 43 adota uma série de padrões e normas
internacionais de referência, além de prever a aplicação de normas e princípios
arquivísticos, tais como a norma ISO 16363: 2012, que é a norma que permite a
certificação de confiança, em nível internacional, para Repositórios Digitais Confiáveis
de organizações públicas ou privadas, como também o Modelo de referência OAIS, que
é uma recomendação internacional desde 2003 (ISO 14721:2003), sendo um modelo
conceitual que visa identificar os componentes funcionais que deverão fazer parte de
um sistema de informação dedicado à preservação digital, e que descreve as interfaces
internas e externas do sistema, bem como objetos de informação que são manipulados
no seu interior. Sendo assim, torna-se imprescindível discutir sobre a Preservação
Digital Sistêmica, que prevê, entre outros aspectos, a integração de um Sistema
Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos - SIGAD, com base no e-ARQ
Brasil, com um RDC-Arq em todo o ciclo de vida dos documentos, para manter sua

1 Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Vitória/ES, Brasil.


2 Universidade Federal Fluminense - UFF, Niterói/RJ, Brasil.

1
presunção de autenticidade, e prevendo uma cadeia de custódia arquivística digital
ininterrupta.

Palavras-chave: Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis. Preservação Digital.


Preservação Digital Sistêmica. Cadeia de Custódia Arquivística Digital.

Desde a década de 1990, com o advento da internet e com a popularização dos


computadores pessoais, mudanças consideráveis ocorreram na sociedade,
principalmente em relação à forma de comunicação e compartilhamento de
informações, e consequentemente em relação à produção dos documentos. Toda a
documentação, que antes era majoritariamente em suporte papel, começou a ser
produzida e/ou migrada para o formato digital. Essa modernização atingiu todas as áreas
da sociedade, inclusive a área arquivística.
Os documentos digitais, em particular os documentos arquivísticos digitais,
trouxeram muitas facilidades, tais como a simplicidade de criação e disseminação, como
também a qualidade e agilidade dos resultados obtidos. No entanto, a documentação
digital carrega consigo um problema estrutural que coloca em risco sua preservação e
acesso a longo prazo, por causa da vulnerabilidade do ambiente tecnológico envolvido.
Esta dependência tecnológica torna o patrimônio arquivístico digital vulnerável, numa
sociedade em que cada vez mais as organizações dependem da informação digital que
produzem (SANTOS; FLORES, 2015).
Neste contexto, torna-se imprescindível a adoção e implementação de ações para
a proteção do patrimônio arquivístico digital, ao longo do tempo. Além disso, uma vez
que a Lei 8159/91 (BRASIL, 1991) considera como permanentes os conjuntos de
documentos de valor histórico, probatório e informativo, tais documentos precisam ser
preservados de forma adequada, ao longo do tempo, ficando sujeitos, os que vierem a
destruir ou danificar tais documentos, à responsabilidade penal, civil e administrativa,
segundo a legislação em vigor.
Desde a Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2005 (CONARQ,
2005), os Estados-membros, incluindo o Brasil, começaram a manifestar a necessidade
do estabelecimento de políticas de preservação digital. Essa preocupação refletiu-se em

2
uma série de publicações técnicas do Conarq sobre o tema, onde se vê a preocupação
com o arquivamento e manutenção dos documentos arquivísticos digitais, considerando
todo o ciclo de vida do documento, a fim de mantê-los seguros, autênticos e acessíveis
pelo tempo que for necessário, visando a preservação do Patrimônio Arquivístico
Digital Brasileiro.

1 O PATRIMÔNIO ARQUIVÍSTICO DIGITAL E A LEGISLAÇÃO


ARQUIVÍSTICA BRASILEIRA

Preocupados com o patrimônio arquivístico digital, crescente cada vez mais a


partir da década de 1990, que pelas fragilidades do formato digital já se encontrava em
perigo de desaparecimento e de falta de confiabilidade, e com o fato de que sua
preservação traria benefícios para gerações futuras, foi publicada em 2005, pelo
Conarq, a Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), manifestando a necessidade
dos Estados-membros, incluindo o Brasil, estabelecerem políticas e ações para a
proteção do patrimônio digital (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2005).
Essa preocupação refletia-se ao redor do mundo, no entanto, no Brasil, a Carta deu
início a uma série de publicações técnicas do Conselho Nacional de Arquivos
(CONARQ) sobre o tema. O Quadro 1 apresenta as publicações técnicas do Conarq,
em ordem cronológica.

Quadro 1 – Publicações Técnicas do Conarq concernentes ao documento digital


Título Data Objetivo
Carta para a 2005 Conscientizar e ampliar a discussão sobre o legado
Preservação do cultural em formato digital, e que se encontra em
Patrimônio perigo de perda e de falta de confiabilidade. A
Arquivístico Carta manifesta a necessidade de estabelecer
Digital políticas, estratégias e ações que garantam a

3
preservação de longo prazo e o acesso contínuo aos
documentos arquivísticos digitais.
Resolução nº 25 27 de abril Dispor sobre a adoção do modelo de requisitos para
de 2007 sistemas informatizados de gestão arquivística de
documentos (e-ARQ Brasil) pelos órgãos e
entidades integrantes do sistema nacional de
arquivos - SINAR
e-ARQ Brasil Dezembro Apresentar um Modelo de Requisitos para
de 2009 Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de
Documentos
Resolução nº 31 28 de abril Auxiliar as instituições detentoras de acervos
de 2010 arquivísticos de valor permanente, na concepção e
execução de projetos e programas de digitalização
resolução nº 32 17 de maio Dispor sobre a inserção dos metadados na parte II
de 2010 do modelo de requisitos para sistemas
informatizados de gestão arquivística de
documentos - e-ARQ Brasil
Resolução nº 36 19 de Dispor sobre a adoção das Diretrizes para a Gestão
dezembro arquivística do Correio Eletrônico Corporativo
de 2012 pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Arquivos - SINAR
Resolução nº 37 19 de Aprovar as Diretrizes para a Presunção de
dezembro Autenticidade de Documentos Arquivísticos
de 2012 Digitais
Resolução nº 38 9 de julho Dispor sobre a adoção das "Diretrizes do Produtor
de 2013 - A Elaboração e a Manutenção de Materiais
Digitais: Diretrizes Para Indivíduos" e "Diretrizes
do Preservador - A Preservação de Documentos
Arquivísticos digitais: Diretrizes para
Organizações"

4
Resolução nº 39 29 de abril Estabelecer diretrizes para a implementação de
de 2014 repositórios digitais confiáveis para a transferência
e recolhimento de documentos arquivísticos
digitais para instituições arquivísticas dos órgãos e
entidades integrantes do Sistema Nacional de
Arquivos - SINAR.
Resolução nº 43 04 de Estabelecer diretrizes para a implementação de
(altera a redação da setembro repositórios arquivísticos digitais confiáveis para o
Resolução nº 39) de 2015 arquivamento e manutenção de documentos
arquivísticos digitais em suas fases corrente,
intermediária e permanente, dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Arquivos –
SINAR
Orientação Técnica Novembro Apresentar cenários que representam algumas
n.º 3 de 2015 possibilidades de implantação de um Repositório
Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq)
integrado a um Sistema
Informatizado de Gestão Arquivística de
Documentos (SIGAD).
Orientação Técnica Outubro de Apresentar recomendações gerais sobre o uso do
n.º 4 2016 formato PDF/A na produção e no arquivamento de
documentos arquivísticos digitais, ou seja, nas
idades corrente, intermediária e permanente,
visando o seu acesso e a sua preservação.
Fonte: Autoria Própria.

Observando o Quadro 1 pode-se notar que a primeira manifestação do Conarq


foi a Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital, em 2005. Dez anos
depois é publicada a Resolução nº 43, que estabelece as diretrizes para a implementação
dos Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis, com o objetivo de fazer o
arquivamento e manutenção dos documentos arquivísticos digitais, de forma segura, e

5
em todo o ciclo de vida do documento, mantendo-os autênticos e acessíveis a longo
prazo, visando a preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Brasileiro.

2 A RESOLUÇÃO N.º 43 DO CONARQ

A Resolução n.º 43 (CONARQ, 2015a) alterou a redação da Resolução n.º 39,


de 29 de abril de 2014, que estabelecia diretrizes para a implementação de Repositórios
Digitais Confiáveis para a transferência e recolhimento de documentos arquivísticos
digitais para instituições arquivísticas dos órgãos e entidades integrantes do SINAR
(Sistema Nacional de Arquivos), para estabelecer diretrizes para a implementação de
Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis para o arquivamento e manutenção de
documentos arquivísticos digitais em suas fases corrente, intermediária e permanente,
dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos – SINAR, visando
a preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Brasileiro.
Ou seja, a Resolução n.º 43 adjetivou os Repositórios Digitais Confiáveis,
preocupando-se com todo o ciclo de vida dos documentos e com a aplicação de normas
e princípios arquivísticos, apresentando, em nível conceitual, os requisitos que devem
ser cumpridos no desenvolvimento de um Repositório Arquivístico Digital Confiável
(RDC-Arq). Esses requisitos estão baseados na norma ISO 16363: 2012, que é a norma
que permite a certificação de confiança, em nível internacional, para repositórios
digitais de organizações públicas ou privadas, e que se encontram organizados em três
conjuntos principais de requisitos: infraestrutura organizacional; gerenciamento do
documento digital; e tecnologia, infraestrutura técnica e segurança.
A Resolução n.º 43 também adota uma série de padrões e normas de referência
para a construção de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis, tais como o
Modelo de referência OAIS, que é uma recomendação internacional desde 2003 (ISO
14721:2003), a TRAC (Trustworthy Repository Audit & Certification) que apresenta
os requisitos para gerenciamento do documento no repositório digital e padrões de
metadados arquivísticos e de preservação, dentre outros (CONARQ, 2015a, p. 19-25).

6
No entanto, é importante frisar que, além da Resolução n.º 43 adotar uma série de
padrões e normas internacionais de referência para a construção de Repositórios
Arquivísticos Digitais Confiáveis, ela também prevê a aplicação de normas e princípios
arquivísticos. A adoção de modelos conceituais por si só já traz grandes complexidades.
Além disso, para adotar tais padrões é necessário conhecimento técnico especializado,
uma infraestrutura física e tecnológica adequadas, o que significa altos investimentos.
Outro ponto importante a ser considerado é que, no Brasil, ainda não existe nenhuma
agência certificadora de Repositórios Digitais Confiáveis.
Dos modelos conceituais adotados pela Resolução n.º 43 destacam-se: o Modelo
de referência OAIS e a Norma Internacional ISO 16363:2012, que possui prevalência
sobre a Resolução n.º 43 do Conarq, não permitindo sua horizontalidade. A resolução
nº 43 também adota outros padrões e normas de referência, tais como o relatório da
Research Library Group (RLG) e da Online Computer Library Center (OCLC), a
TRAC - Certificação e auditoria de repositórios confiáveis: critérios e checklist,
requisitos técnicos para entidades de auditoria e certificação de organizações candidatas
a serem repositórios digitais confiáveis - CCSDS, Metadados de preservação PREMIS,
a Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística ISAD(G), a Norma Brasileira
de Descrição Arquivística NOBRADE, Metadados do e-ARQ Brasil, Protocolo para
coleta de metadados OAI-PMH, Padrão de codificação e transmissão de metadados
METS e a Descrição arquivística codificada EAD (CONARQ, 2015a, p. 19-25).
O Arquivo Nacional, preocupado com a preservação digital dos documentos
arquivísticos, também publicou em 25 de janeiro de 2017 uma nova versão de sua
política de preservação digital, adotada no âmbito do Programa Permanente de
Preservação e Acesso a Documentos Arquivísticos Digitais, do Arquivo Nacional - AN
Digital (ARQUIVO NACIONAL, 2016). Além disso, em junho de 2019, o Arquivo
Nacional publicou recomendações para a elaboração de Políticas de Preservação
Digital, no intuito de apoiar as instituições brasileiras na elaboração de suas políticas.
No entanto, é importante frisar que uma Política de Preservação Digital também deve
prever um Plano de Preservação Digital, inclusive considerando diferentes cenários,
que deve estabelecer um conjunto de ações de curto, médio e longo prazo, por meio de

7
estratégias, processos, normas de procedimento etc., com o objetivo de assegurar a
preservação dos documentos arquivísticos digitais, mantendo-os autênticos e acessíveis
pelo tempo que for necessário, com base nos prazos estabelecidos nas Tabelas de
Temporalidade e Destinação (TTD) das atividades meio e fim.

3 A ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 3 DO CONARQ

A orientação técnica n.º 3 do Conarq (CONARQ, 2015b) também tem um papel


importante no contexto da preservação do patrimônio arquivístico brasileiro, pois
apresenta cenários que representam algumas possibilidades de implantação de um
Repositório Arquivístico Digital Confiável – RDC-Arq (CONARQ, 2015a) juntamente
com um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos – SIGAD
(CONARQ, 2011), com base no e-ARQ Brasil (CONARQ, 2011), que apresenta um
modelo de Requisitos para os Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de
Documentos. A integração desses dois modelos é um aspecto muito importante para o
conceito de Preservação Digital Sistêmica, que visa manter uma cadeia de custódia
digital arquivística ininterrupta, ou seja, uma cadeia de custódia plena.
Segundo GAVA e FLORES (2020):
Assim, uma definição de Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA)
deve trazer a ideia de que a cadeia de custódia digital não pode ser
interrompida, e deve ser auditada pela cadeia de preservação ou outro
procedimento capaz dessa garantia no ambiente digital. Além disso, que a
presunção de autenticidade deve ser mantida quando acontece a mudança de
custódia de um ambiente digital, que por si só é extremamente vulnerável,
para outro, como, por exemplo, de um SIGAD, SIGAD de Negócio ou
qualquer outro sistema de informação digital para um RDC-Arq,
independentemente da fase. Essa presunção de autenticidade deve vir
apoiada pela evidência de que os documentos não foram modificados ou
corrompidos em seus aspectos essenciais durante a sua transmissão de um
ambiente digital para outro (GAVA; FLORES; p. 92, 2020).

É importante ressaltar que a não adoção de uma política de preservação digital, e


o não estabelecimento de planos de preservação digital, explicitando as diferentes
estratégias de preservação digital que devem ser usadas ao longo do tempo, em
diferentes cenários, traz em risco a preservação de todo o patrimônio arquivístico digital
brasileiro, colocando em risco nossa memória coletiva. Essa preservação digital,

8
portanto, deve ser uma preservação digital sistêmica, que, entre outros aspectos, prevê
a devida integração de SIGAD e RDC-Arq, visando manter a presunção de
autenticidade dos documentos digitais, e prevendo uma cadeia arquivística digital
ininterrupta. No entanto, sabe-se que a preservação digital não sistêmica (ou passiva)
ainda é uma realidade muito presente no Brasil. Esse tipo de preservação, que fragiliza
a presunção de autenticidade dos documentos digitais, como também quebra sua cadeia
de custódia, reflete-se quando se faz a preservação digital de uma massa documental,
digitalizada ou não digital, organizada ou não, e de acervos nato digitais, porém sem
cadeia de custódia arquivística digital ininterrupta, vindas, por exemplo, de sistemas de
informação que não são SIGAD, ou de um processo de digitalização que não garante
confiabilidade e autenticidade, não sendo preconizado por implementação de normas,
padrões, modelos e requisitos.

4 EM BUSCA DE UMA PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA

Como dito anteriormente, a Resolução nº 43, estabelecendo os Repositórios


Arquivísticos Digitais Confiáveis, vem como uma resposta científica da área
arquivística no Brasil para a necessidade de se manter um ambiente autêntico para a
preservação permanente de documentos arquivísticos digitais, considerando sua
fragilidade, especificidade e complexidade. No entanto, por adotar padrões e normas
internacionais de referência, além de prever a aplicação de normas e princípios
arquivísticos, sua aplicação torna-se altamente complexa. Além disso, a implementação
de um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos - SIGAD
(CONARQ, 2011), também não é uma tarefa fácil. No entanto, para se ter uma
Preservação Digital Sistêmica e, portanto, segura, mantendo uma cadeia de custódia
digital arquivística ininterrupta, esses dois elementos são essenciais.
Essa Preservação Digital Sistêmica deve atender à Resolução n.º 43 do Conarq,
no sentido de integrar um SIGAD ao RDC-Arq, desejavelmente nas fases corrente e
intermediária, e obrigatoriamente na fase permanente, fazendo a devida alteração de
cadeia de custódia do SIGAD (Plataforma de gestão arquivística) para uma plataforma

9
de preservação digital, disponibilizando uma plataforma de acesso para o consumo das
informações pelos usuários, visando, assim, a preservação adequada de nosso
patrimônio arquivístico digital (Figura 1).

Figura 1 – Ciclo da preservação digital sistêmica

Fonte: Autoria Própria

Observando a Figura 1 vê-se que a Preservação Digital Sistêmica prevê a


integração adequada de um SIGAD com o RDC-Arq. O RDC-Arq pode, e deve,
contemplar todas as fases do ciclo de vida do documento arquivístico digital, sendo
desejável em suas fases corrente e intermediária, e obrigatório em sua fase permanente,
segundo preconiza a Resolução n.º 43 do Conarq. Neste sentido, nas fases corrente e
intermediária, o RDC-Arq trabalha como uma plataforma de preservação dos
documentos arquivísticos digitais e é administrado pelo SIGAD ou SIGAD de Negócio
(sistema de negócio com requisitos arquivísticos para a Gestão de Documentos). No
entanto, quando aplicado na fase permanente, o RDC-Arq torna-se o Arquivo

10
Permanente Digital, que pode ser acessado por meio de uma plataforma de acesso,
como por exemplo o Atom, que é uma ferramenta de descrição arquivística (GAVA,
FERRARI, OLIVEIRA, 2016). Vê-se também que, embora a cadeia de custódia sofra
alteração, ao enviar os documentos arquivísticos digitais para a fase permanente, ela
não deve ser quebrada, mantendo assim, uma cadeia de custódia arquivística digital
ininterrupta durante todo o ciclo de vida dos documentos.

REFERÊNCIAS

ARQUIVO NACIONAL. AN digital - Política de Preservação Digital. Rio de Janeiro,


2016, 37 p. Versão 2. Disponível em:
http://www.siga.arquivonacional.gov.br/images/an_digital/and_politica_preservacao_d
igital_v2.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.

ARQUIVO NACIONAL. Recomendações para elaboração de política de


preservação digital. Rio de Janeiro, 2014, 24 p. Disponível em: Acesso em: 10 fev.
2021. ARQUIVO NACIONAL. AN digital - Política de Preservação Digital. Rio de
Janeiro, 2019, . Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-
br/servicos/gestao-de-documentos/orientacao-tecnica-1/recomendacoes-tecnicas-
1/politica_presercacao_digital.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Carta para preservação do patrimônio


arquivístico digital. Rio de Janeiro, 2005, 24 p. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/Carta_preservacao.p
df. Acesso em: 14 ago. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. E-ARQ Brasil: Modelo de Requisitos


para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos. Rio de Janeiro,
2011. 139 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/earqbrasil_model_requisitos_2009.pd
f. Acesso em: 01 jan. 2009.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a Implementação de


Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-Arq. Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 2015a. 31 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf. Acesso em: 04
nov. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Orientação Técnica n.º 3: Cenários de


uso de RDC-Arq em conjunto com o SIGAD. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,

11
2015b. 8 p. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/ctde/Orientacoes/Orientacao_tecnica_rdc
arq_2015_v8_pub.pdf. Acesso em: 04 nov. 2019.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Preservador. A preservação de


documentos arquivísticos digitais: diretrizes para organizações. TEAM Brasil.
Tradução: Arquivo Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007a. Disponível em:
<http://www.interpares.org/display_file.cfm?doc=ip2_preserver_guidelines_booklet--
portuguese.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Produtor. A elaboração e a manutenção


de materiais digitais: diretrizes para indivíduos. TEAM Brasil. Tradução: Arquivo
Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007b. Disponível
em:<http://www.siga.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes/diretrizes_produtor_
digital.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.

FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital: Conceitos, estratégias e


actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do
Minho, 2006. 88 p.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FERRARI, Luciana Itida; OLIVEIRA, Vânia Célia de.
Uso do AtoM no processo de descrição arquivística: experiência em um curso de
graduação. Revista Analisando em Ciência da Informação - RACIn, v. 4, n. especial,
p. 526-544, out. 2016. Disponível em:
http://racin.arquivologiauepb.com.br/edicoes/v4_nesp/racin_v4_nesp_artigo_0526-
0544.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais


confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em um ambiente
de gestão arquivística. Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul. 2020.
ISSN 1981-8920. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411>. Acesso
em: 13 out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

FLORES, Daniel; ROCCO, B. C. D. B; SANTOS, Henrique Machado. Cadeia de


custódia para documentos arquivísticos digitais. Acervo - Revista do Arquivo
Nacional, v. 29, n. 2, p. 117-132, dez. 2005. Disponível em:
<http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/717/732>.
Acesso em: 26 ago. 2019.

SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. As vulnerabilidades dos


documentos digitais: Obsolescência tecnológica e ausência de políticas e práticas
de preservação digital. Biblios - Revista de Bibliotecología y Ciencias de la
Información, n. 59, p. 45-54, 2015. Disponível em:
http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/215. Acesso em: 26 jun. 2019.

12
CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA - CCDA

Tânia Barbosa Salles Gava1


tania.gava@ufes.br
Daniel Flores2
df@id.uff.br

Resumo

Nossa sociedade passou a produzir Documentos Digitais de uma forma muito abrupta,
requerendo, assim, um tratamento especial, desde a sua gênese até seu destino final nos
arquivos permanentes/históricos ou sua eliminação segura, sempre confinados em
Sistemas Informatizados com requisitos funcionais e não funcionais que foram
homologados por determinada área ou campo do conhecimento, e de sua gerência de
negócio. Todavia, foi necessário, e ainda está sendo, a solução de problemas e dilemas
conceituais que a própria Arquivologia necessita para efetivamente superarmos uma
Ruptura Paradigmática e estabelecermos um cenário firme de Transição Paradigmática,
como forma de garantir à sociedade e aos cidadãos, que possam exercer a sua plena
cidadania baseada em documentos autênticos, confiáveis e preserváveis. Não é este o
cenário que vemos nem na iniciativa privada, nem na administração pública, com
adoção de sistemas sem requisitos, sem arquivamento, sem custódia digital arquivística,
mantendo documentos arquivísticos de caráter permanente em meros bancos de dados
ou sistemas sem requisitos, documentos imprescritíveis e inalienáveis segundo a Lei
8159/91, e colocando a vida dos cidadãos em situação de insegurança jurídica. Este
trabalho considerou que estamos vivendo um momento de inflexão acerca das atuais
Transformações Digitais que estão ocorrendo de forma isolada da ciência, das normas,
padrões, modelos e requisitos, com soluções tecnológicas disruptivas que ignoram a
complexidade e especificidade dos documentos digitais. O objetivo deste trabalho foi
o de realizar uma reflexão sobre a cadeia de custódia e sua evolução para a cadeia de
custódia digital arquivística, como um modelo de preservação digital para documentos
arquivísticos. Esta preocupação nasceu a partir do momento que começamos a constatar
a produção de documentos digitais que não tinham mais a sua linha de custódia
ininterrupta, ou seja, sem requisitos arquivísticos. Consideramos a perspectiva
sistêmico-holística da preservação digital, sedimentada em padrões, normas e modelos
da literatura científica, e contemplando todo o ciclo de vida dos documentos.
Analisamos os resultados, as discussões, as problemáticas dos registros digitais, em
especial desta ruptura paradigmática de documentos analógicos para digitais, e
concluímos com a proposta do conceito da CCDA que apresenta-se como um princípio
aplicável aos documentos digitais, considerando suas especificidades e complexidades,
garantindo que os documentos de arquivo não tiveram ruptura de sua custódia
arquivística digital, mantendo-os sempre confinados em ambientes digitais com
requisitos arquivísticos homologados (no Brasil, o SIGAD - Sistema Informatizado de

1 Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Vitória/ES, Brasil.


2 Universidade Federal Fluminense - UFF, Niterói/RJ, Brasil.

1
Gestão Arquivística de Documentos e o RDC-Arq - Repositório Arquivístico Digital
Confiável), desde a sua produção ou representação, transmissão, arquivamento, até a
sua guarda permanente, acesso ou eliminação, registrando todas as suas alterações de
forma sistêmica, assegurando assim, a garantia da Autenticidade, Confiabilidade,
Integridade e Fixidez ao longo do tempo, em uma abordagem de Preservação Digital
Sistêmica. A Cadeia de Custódia Digital Arquivística apresenta-se assim como
imperativo importante para a garantia da Autenticidade e Confiabilidade dos
Documentos de Arquivo Digitais e garante, assim, a segurança jurídica dos cidadãos e
da sociedade no tocante aos seus registros digitais.

Palavras-chave: Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA); Modelo de


Preservação Digital Sistêmica (MPDS). Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis
(RDC-Arq)

Ao longo dos anos nossa sociedade passou a produzir documentos digitais de


uma forma muito abrupta, e de forma cada vez mais acelerada, em uma transformação
digital cada vez mais crescente, que tem como protagonistas os documentos
arquivísticos digitais, que são, por si só, complexos e específicos.
Atrelados à facilidade de produção, edição e disseminação, os documentos
arquivísticos digitais, por sua natureza vulnerável, requerem um tratamento especial,
em todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde a sua gênese até seu destino final. Esta
destinação final pode ser nos arquivos permanentes/históricos ou sua eliminação, que
deve ocorrer de forma segura, segundo a orientação de normas e princípios
arquivísticos.
Com os avanços na área arquivística ao longo dos anos, também foram surgindo
normas, modelos, padrões e requisitos que nos orientam que os documentos
arquivísticos arquivísticos digitais devem estar confinados em sistemas informatizados
com requisitos funcionais e não funcionais que foram homologados por determinada
área ou campo do conhecimento, e de sua gerência de negócio, contemplando uma
Cadeia de Custódia e uma Cadeia de Preservação, e respaldados por uma política
arquivística. Por Cadeia de Preservação entende-se como um “Sistema de controles que
se estende por todo o ciclo de vida dos documentos, a fim de assegurar sua autenticidade
ao longo do tempo.” (ICA Multilingual Archival Terminology). A cadeia de

2
preservação, como o próprio nome diz, tem como objetivo garantir a preservação de
documentos arquivísticos digitais autênticos, ao longo do tempo.
Devido a este cenário, de constante evolução tecnológica, e trazendo consigo
todas as suas vulnerabilidades, é necessário a busca por soluções dos problemas e
dilemas conceituais que a própria Arquivologia necessita para efetivamente superarmos
uma Ruptura Paradigmática e estabelecermos um cenário firme de Transição
Paradigmática, como forma de garantir à sociedade e aos cidadãos, que possam exercer
a sua plena cidadania baseada em documentos autênticos, confiáveis e preserváveis.
Não é este o cenário que vemos, nem na iniciativa privada, nem na
administração pública. Antes, o que se vê, é a adoção de sistemas sem requisitos, sem
arquivamento, sem custódia digital arquivística, mantendo documentos arquivísticos de
caráter permanente em meros bancos de dados ou sistemas sem requisitos, documentos
imprescritíveis e inalienáveis segundo a Lei 8159/91, e colocando a vida dos cidadãos
em situação de insegurança jurídica quando falamos do pleno exercício da cidadania
baseado nos documentos de arquivo. Desta forma, há de se considerar que estamos
vivendo um momento de inflexão acerca das atuais Transformações Digitais que estão
ocorrendo de forma isolada da ciência, das normas, padrões, modelos e requisitos, com
soluções tecnológicas disruptivas que ignoram a complexidade e especificidade dos
documentos digitais.

1 CADEIA DE CUSTÓDIA

O conceito de custódia diz respeito à “Responsabilidade jurídica de guarda e


proteção de arquivos, independentemente de vínculo de propriedade”. (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 62). O Glossário da CTDE (Câmara Técnica de Documentos
Eletrônicos), em sua versão 8, de 2020, traz o conceito de cadeia de custódia atrelado
ao termo ininterrupta, considerando-a como uma “Linha contínua de custodiadores de
documentos arquivísticos (desde o seu produtor até o seu legítimo sucessor) pela qual
se assegura que esses documentos são os mesmos desde o início, não sofreram nenhum
processo de alteração e, portanto, são autênticos”. Nota-se que a ideia central da cadeia

3
de custódia ininterrupta é manter os documentos arquivísticos autênticos pelo tempo
que for necessário. Ou seja, a cadeia de custódia documental pode ser entendida como
o ambiente no qual perpassa todo o ciclo de vida dos documentos, definindo, inclusive,
quem é o responsável por aplicar os princípios e as funções arquivísticas à
documentação. Segundo Gava e Flores:

É importante destacar que embora se cite o ciclo de vida, a cadeia de


custódia não é o ciclo de vida, ou seja, eles são conceitos distintos, mas que
se entrelaçam, já que a cadeia de custódia é um conceito jurídico, uma
necessidade de cotejar, em uma linha ininterrupta, os documentos de arquivo
(GAVA; FLORES, p. 88, 2020).

Numa perspectiva tradicional, a custódia confiável de documentos arquivísticos


é mantida por meio de uma linha ininterrupta, a qual compreende as três fases do ciclo
vital de documentos (corrente, intermediária e permanente), fazendo com que a garantia
da confiabilidade ocorra por intermédio da própria instituição, que faz a produção,
gestão, preservação e provê acesso aos seus documentos (FLORES; ROCCO;
SANTOS, 2016).
No entanto, num ambiente digital, “a custódia torna-se um desafio significativo
em virtude das diversas vulnerabilidades apresentadas pelos documentos arquivísticos
digitais” (SANTOS; FLORES; p. 767, 2020), devendo ser repensada para uma cadeia
de custódia digital arquivística.

2 A NECESSIDADE DE UMA CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL


ARQUIVÍSTICA

Como citado anteriormente, o conceito de cadeia de custódia ininterrupta, ou


seja, aplicada em todo o ciclo de vida dos documentos, tem como objetivo assegurar a
autenticidade dos documentos ao longo do tempo. Esta abordagem clássica,
preconizada por Jenkinson (1922), pode ser considerada suficiente para a preservação

4
de documentos analógicos, altamente focada na ruptura dos suportes. Segundo Santos
e Flores:

A preservação de documentos digitais se tornou um tema de constante


discussão no âmbito da Arquivística/Arquivologia. A possibilidade de
separar a informação do suporte é uma exclusividade do ambiente digital
que rompe com os tradicionais conceitos de documento arquivístico,
atrelados à ideia de fixação (SANTOS; FLORES, p. 766, 2020).

No entanto, em ambientes digitais, devido às vulnerabilidades inerentes ao


ambiente tecnológico, é necessário ir além dessa abordagem. Segundo Flores, Rocco e
Santos:

Manter uma cadeia de custódia para documentos arquivísticos produzidos


no ambiente digital é uma tarefa muito complexa se comparada à realidade
dos documentos tradicionais. A abordagem de Jenkinson (1922) é suficiente
para os documentos tradicionais. Entretanto, no caso dos documentos
digitais, é preciso lançar mão de novas teorias para preencher as lacunas
teóricas e as incertezas que a própria evolução do documento arquivístico
criou. Mas, ainda é com base em Jenkinson que se amplia esta teoria para o
meio digital (FLORES; ROCCO; SANTOS, p. 125, 2016).

Gava e Flores também corroboram com a ideia, quando afirmam que:

Além disso, em um ambiente digital houve a necessidade de se repensar a


garantia da cadeia de custódia ininterrupta, e como mantê-lo como um lugar
de gestão arquivística, preservação permanente, custódia confiável, e como
um arquivo permanente digital, motivado pela Lei 8159/91 (BRASIL, 1991)
que coloca como dever público a gestão dos documentos de arquivo, visando
a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente (GAVA;
FLORES, p. 76, 2020).

Sendo assim, diante do cenário atual, há de se evoluir para para uma cadeia de
custódia digital arquivística, como um modelo de preservação digital, para documentos
arquivísticos. Esta preocupação nasceu a partir do momento que começou-se a constatar

5
a produção de documentos digitais que não tinham mais a sua linha de custódia
ininterrupta. Ou seja, esses documentos eram exportados, importados, transmitidos sem
cadeia de custódia, sem arquivamento, sem recolhimento para os arquivos permanentes,
enfim, sem requisitos arquivísticos. Esse cenário não considera uma perspectiva
sistêmico-holística da preservação digital, que deve ser sedimentada em padrões,
normas e modelos da literatura científica, contemplando todo o ciclo de vida dos
documentos. Isso fragiliza a preservação, em longo prazo, de todo o patrimônio
arquivístico digital, sob a pena de perda de memória coletiva, e colocando em risco a
segurança jurídica de toda uma sociedade.
O conceito de cadeia de custódia digital arquivística, embora crucial para a
Arquivologia moderna, ainda está em construção. No entanto, pesquisadores da área,
como é o caso de Luciana Duranti, pesquisadora e coordenadora do InterPARES, já
trazem definições para o termo. Em palestra na Conferência anual do ICA-ALA,
ocorrida na cidade do México em novembro de 2017, Luciana Duranti afirmou que a
Digital Chain of Custody (Cadeia de Custódia Digital) diz respeito à “informação
preservada sobre os documentos e sobre suas mudanças que mostrem que um dado
específico estava em um determinado estado em uma data e hora específica”.
(DURANTI, 2017, tradução nossa).
Já segundo Gava e Flores, o conceito de Cadeia de Custódia Digital Arquivística
Digital, a CCDA, “deve trazer a ideia de que a cadeia de custódia digital não pode ser
interrompida, e deve ser auditada pela cadeia de preservação ou outro procedimento
capaz dessa garantia no ambiente digital” (GAVA; FLORES, p. 92, 2020).
Vê-se, então, que a proposta do conceito da Cadeia de Custódia Digital
Arquivística (CCDA) apresenta-se como um princípio aplicável, e necessário, aos
documentos digitais, considerando suas especificidades e complexidades, garantindo
que os documentos de arquivo não sofram ruptura em sua custódia arquivística digital.
Com outras palavras, a alteração da cadeia de custódia digital arquivística deve ser feita
de maneira adequada, de um ambiente seguro de produção de documentos digitais para
uma plataforma de preservação, respeitando todo o ciclo de vida dos documentos, e

6
garantindo e mantendo a confiabilidade e autenticidade dos documentos ao longo do
tempo.
No Brasil um desses ambientes digitais, vitais para uma preservação digital
adequada, é o SIGAD (Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos),
baseado no E-ARQ Brasil (CONARQ, 2011), que apresenta um Modelo de Requisitos
para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos, sendo o
ambiente adequado para a produção dos documentos arquivísticos digitais. O outro
ambiente é o RDC-Arq (Repositório Arquivístico Digital Confiável), que é o Arquivo
Permanente Digital, que tem como base a Resolução nº. 43 do Conarq (CONARQ,
2015a), que define as diretrizes para a implementação de Repositórios Arquivísticos
Digitais Confiáveis.
Além disso, a orientação técnica n.º 3 do Conarq nos apresenta três possíveis
cenários de integração de um SIGAD com o RDC-Arq, ressaltando que esta interação
pode, e deve, se dar nas três idades dos documento (no ciclo de vida completo, nas
idades corrente e intermediária e na idade permanente), e de maneiras distintas
(CONARQ, 2015b). Um aspecto importante desta integração, salientado pela própria
orientação técnica, é que:

É preciso ressaltar que o gerenciamento de documentos feito pelo RDC-Arq


não deve ser confundido com a gestão documental realizada pelo SIGAD.
Enquanto o RDC-Arq gerencia aspectos como o armazenamento seguro e a
aplicação sistemática de estratégias de preservação, o SIGAD faz a gestão
arquivística dos documentos (CONARQ, p. 2, 2015b).

Assim, num contexto de produção de documentos em ambiente digital, há


necessariamente uma alteração na cadeia de custódia, uma vez que os documentos
arquivísticos digitais, quando em sua fase permanente, ou em fase intermediária de
maior duração, devem ser enviados de um SIGAD, SIGAD de negócio ou outro sistema
de informação digital, para um RDC-Arq, que é o Arquivo Permanente Digital quando
estes documentos já venceram suas idades correntes e intermediárias. Isso configura-se
em um cenário ideal. No entanto, o que não pode acontecer é a quebra dessa cadeia de

7
custódia. Além disso, a presunção de autenticidade deve ser mantida quando acontece
essa mudança de custódia entre ambientes digitais, que por si só são extremamente
vulneráveis. Essa presunção de autenticidade deve vir apoiada pela evidência de que os
documentos não foram modificados ou corrompidos em seus aspectos essenciais
durante a sua transmissão de um ambiente digital para outro (GAVA; FLORES, 2020).
Desta forma, o confinamento dos documentos arquivísticos digitais em ambientes
digitais adequados, com requisitos arquivísticos homologados, tais como o SIGAD e o
RDC-Arq, desde a sua produção ou representação, transmissão, arquivamento, até a sua
guarda permanente, acesso ou eliminação, registrando todas as suas alterações de forma
sistêmica, assegurará a garantia da Autenticidade, Confiabilidade, Integridade e Fixidez
ao longo do tempo, em uma abordagem de Preservação Digital Sistêmica.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os resultados, as discussões e as problemáticas dos registros digitais


ao longo dos anos, em especial desta ruptura paradigmática de documentos analógicos
para digitais, e considerando todas as vulnerabilidades e desafios impostos pela
transformação digital, vê-se que a proposta do conceito da Cadeia de Custódia Digital
Arquivística (CCDA) apresenta-se como um princípio aplicável, e necessário, aos
documentos digitais, considerando a necessidade de cuidado e cotejamento destes
registros que são complexos e específicos, e assim, necessitam estar sob custódia
digital. Confinados em ambientes arquivísticos com requisitos homologados pelas suas
respectivas autoridades arquivísticas.
Há de se considerar, neste contexto, todas as especificidades e complexidades
dos documentos digitais, proporcionando-lhes um ambiente digital seguro, para a
garantia e manutenção da confiabilidade e autenticidade dos documentos, e garantindo
que os documentos de arquivo não tiveram ruptura de sua custódia arquivística digital.
Para isso, eles devem ser mantidos sempre confinados em ambientes digitais com
requisitos arquivísticos homologados, tais como o SIGAD e o RDC-Arq, desde a sua

8
produção ou representação, transmissão, arquivamento, até a sua guarda permanente,
acesso ou eliminação, registrando todas as suas alterações de forma sistêmica.
Essa preservação digital sistêmica, garantindo uma Cadeia de Custódia Digital
Arquivística, e ininterrupta, deve ser respaldada por ambientes digitais adequados, a
saber o SIGAD e o RDC-Arq (conceitos, ambientes e requisitos homologados pela
autoridade arquivística nacional em seu nível de competência), fazendo com que a sua
integração ocorra de maneira a assegurar a garantia de conceitos tão importantes, tais
como a autenticidade, confiabilidade, integridade e fixidez ao longo do tempo. Essa
abordagem de Preservação Digital Sistêmica, não voltada para uma abordagem
tradicional de preservação digital, com foco na ruptura dos suportes, tem uma
perspectiva sistêmico-holística da preservação digital, sedimentada em padrões,
normas e modelos da literatura científica nacional e internacional.
A Preservação Digital Sistêmica é necessária para atacar problemas e dilemas
conceituais que a própria Arquivologia necessita para efetivamente superarmos uma
Ruptura Paradigmática e estabelecermos um cenário firme de Transição Paradigmática,
como forma de garantir à sociedade e aos cidadãos, o exercício de uma cidadania plena,
baseada em documentos autênticos, confiáveis e preserváveis.
Dessa forma, a CCDA apresenta-se como imperativo importante para a garantia
da Autenticidade e Confiabilidade dos Documentos de Arquivo Digitais, visando a
garantia de segurança jurídica dos cidadãos e da sociedade, no tocante aos seus registros
digitais.

REFERÊNCIAS

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. E-ARQ BRASIL: Modelo de Requisitos


para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos. Rio de Janeiro,
2011. 139 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/earqbrasil_model_requisitos_2009.pd
f. Acesso em: 01 jan. 2009.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a Implementação de


Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-Arq. Rio de Janeiro: Arquivo

9
Nacional, 2015a. 31 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf. Acesso em: 04
nov. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Orientação Técnica n.º 3: Cenários de


uso de RDC-Arq em conjunto com o SIGAD. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,
2015b. 8 p. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/ctde/Orientacoes/Orientacao_tecnica_rdc
arq_2015_v8_pub.pdf. Acesso em: 04 nov. 2019.

DURANTI, Luciana. An Infrastructure for TruthEntrusting Digital Facts to


Archival Theory. In: ALA-ICA CONFERENCE, México, nov. 2017. Disponível em:
http://www.alaarchivos.org/wp-content/uploads/2017/12/Magistral-
LucianaDuranti.pdf. Acesso em: 5 jun. 2019

FLORES, Daniel; ROCCO, Brenda Couto de Brito; SANTOS, Henrique Machado dos.
Cadeia de custódia para documentos arquivísticos digitais. Acervo - Revista do
Arquivo Nacional, v. 29, n. 2, p. 117-132, 2016. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/40511. Acesso em: 24 out. 2019

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais


confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em um ambiente
de gestão arquivística. Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul. 2020.
ISSN 1981-8920. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411>. Acesso
em: 13 out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival


Terminology. Disponível em: https://www.ica.org. Acesso em: 14 ago. 2019.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Preservador. A preservação de


documentos arquivísticos digitais: diretrizes para organizações. TEAM Brasil.
Tradução: Arquivo Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007a. Disponível em:
<http://www.interpares.org/display_file.cfm?doc=ip2_preserver_guidelines_booklet--
portuguese.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Produtor. A elaboração e a manutenção


de materiais digitais: diretrizes para indivíduos. TEAM Brasil. Tradução: Arquivo
Nacional e Câmara dos Deputados. 2002 – 2007b. Disponível
em:<http://www.siga.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes/diretrizes_produtor_
digital.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.

JENKINSON, H. A manual of archive administration including the problems of


war archives and archive making. Oxford: Clarendon Press, 1922.

10
SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. As vulnerabilidades dos
documentos digitais: Obsolescência tecnológica e ausência de políticas e práticas
de preservação digital. Biblios - Revista de Bibliotecología y Ciencias de la
Información, n. 59, p. 45-54, 2015. Disponível em:
http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/215. Acesso em: 26 jun. 2019.

SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. Preservação sistêmica para


repositórios arquivísticos. Reciis – Revista Eletrônica Comunicação Informação e
Inovação em Saúde. v. 14, n. 3, p. 764-781, jul-set. 2020. e-ISSN 1981-6278.
Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/2089.
Acesso em: 21 fev. 2020. DOI: https://doi.org/10.29397/reciis.v14i3.2089

11
ÁGORA Arquivologia em debate ARTIGO

O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis


cenários de uso
Tânia Barbosa Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, Brasil
Salles Gava https://orcid.org/0000-0002-3920-5623
tania.gava@ufes.br
Daniel Flores Universidade Federal Fluminense, Rio de janeiro, Brasil
https://orcid.org/0000-0001-8888-2834
df@id.uff.br

Resumo Este artigo apresenta a história e conceituação do Archivematica, que foi desenvolvido como uma
resposta à necessidade do desenvolvimento de um sistema de preservação digital de código aberto
(software livre). A metodologia adotada foi a da pesquisa exploratória, bibliográfica e documental,
tendo como principais fontes: relatórios, documentação, textos e artigos científicos, provenientes de
organizações, tecnologias, eventos e pesquisadores nacionais e internacionais. O artigo apresenta o
Archivematica como uma plataforma de preservação, que tem seu papel como um componente de
um Repositório Arquivístico Digital Confiável, e dois cenários básicos de recolhimento de objetos
digitais: com cadeia de custódia digital arquivística e com ruptura de cadeia de custódia. Concluímos
que os cenários apresentados são apenas dois de vários cenários possíveis na preservação de objetos
digitais utilizando uma plataforma de preservação como o Archivematica, e que seu uso adequado vai
ao encontro de uma Preservação Digital Sistêmica, que prevê uma cadeia de custódia digital
arquivística, visando manter a confiabilidade e autenticidade dos documentos arquivísticos digitais,
com uma abordagem de preservação digital holística, e não voltada exclusivamente para a aplicação
manual de estratégias de preservação digital, as quais pressupõem uma ruptura da cadeia de custódia
digital, mas antes incorporando e aplicando essas estratégias por meio de uma política arquivística.

Palavras-chave Archivematica. Plataforma de Preservação. Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis. Cadeia de


Custódia Digital Arquivística.

The role of Archivematica in the RDC-Arq and possible


scenarios
Abstract This paper presents the history and conceptualization of Archivematica, which was developed as a
response to the need of an open-source and web-based digital preservation system (free software).
This is an exploratory, bibliographic and documentary research, whose main sources are reports,
documentation, texts and scientific articles from national and international organizations,
technologies, events and researchers. This paper presents Archivematica as a preservation platform,
which has its role as a component of a Trusted Digital Archival Repository, and two basic scenarios for
the collection of digital objects: with Archival Digital Chain of Custody and with custody chain rupture.
We conclude that the scenarios presented are just two of several possible scenarios in digital objects
preservation using a preservation platform such as Archivematica, and its appropriate use meets a
Systemic Digital Preservation, aiming to maintain the reliability and authenticity of digital archival
documents, with a holistic digital preservation approach, and not focused exclusively on manual
application of digital preservation strategies, which presupposes custody chain rupture, but rather
incorporating and applying these strategies through an archival policy.

Keywords Archivematica. System Preservation. Trusted Digital Archival Repository. Archival Digital Chain of
Custody.

Licença de Atribuição BY do Creative Commons Submetido em 29/04/2021


https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ Aprovado em 08/06/2021
Publicado em 08/09/2021

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 1
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

1 INTRODUÇÃO

Em junho de 2007, Kevin Bradley (Biblioteca Nacional da Austrália), juntamente com Junran
Lei e Chris Blackall (Parceria Australiana para Repositórios Sustentáveis), publicaram o relatório in-
titulado Towards an Open Source Repository and Preservation System: Recommendations on the
Implementation of an Open Source Digital Archival and Preservation System and on Related
Software Development para o Subcomitê de Tecnologia do Programa Memory of the World (Me-
mória do Mundo) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNES-
CO). O Programa foi criado em 1992 com três objetivos principais: (a) facilitar a preservação do pa-
trimônio documental mundial mediante as técnicas mais adequadas; b) facilitar o acesso universal
ao patrimônio documental; e c) criar uma maior consciência em todo o mundo da existência e im-
portância do patrimônio documental. A concepção do Programa Memória do Mundo é que “o pa-
trimônio documental mundial pertence a todos, deveria ser plenamente preservado e protegido
para todos e, com o devido respeito aos hábitos e práticas culturais, deveria ser acessível para to-
dos de maneira permanente e sem obstáculos”, tendo como missão “aumentar a consciência e a
proteção do patrimônio documental mundial e conseguir sua acessibilidade universal e permanen-
te” (EDMONDSON, 2002, p. 9).
Bradley, Lei e Blackall (2007) defenderam a construção de sistemas sustentáveis ao invés do
uso de mídias de armazenamento permanente para resolver os desafios da preservação digital. As-
sim, o relatório definiu requisitos de software de código aberto para a implementação de um siste-
ma de preservação e arquivamento digital (digital archival and preservation system) que deveria
considerar todos os aspectos de um Repositório Digital Confiável, conforme definido pelo Modelo
OAIS (ISO 14721:2003), que é um modelo conceitual que visa identificar os componentes funcio-
nais que deverão fazer parte de um sistema de informação dedicado à preservação digital, e que
descreve as interfaces internas e externas do sistema, bem como os objetos de informação que
são manipulados no seu interior. O relatório abordava dois aspectos que, segundo eles, o distin -
guia de outras abordagens. O primeiro aspecto é que usava uma abordagem completa ou holística
para a preservação digital, reconhecendo que o funcionamento de um sistema de preservação
deve considerar todos os aspectos de um Repositório Digital Confiável (ingestão, acesso, adminis-
tração, gerenciamento de dados, planejamento de preservação e armazenamento de arquivos), in-
cluindo mídias de armazenamento e software de gerenciamento. Em segundo lugar, o relatório ar-
gumentava que as soluções de preservação digital para objetos digitais simples eram relativamente

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 2
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

bem compreendidas, mas que eram necessários ferramentas, tecnologias e treinamentos acessí-
veis no uso desses sistemas (BRADLEY; LEI; BLACKALL, 2007).
O subcomitê identificou lacunas existentes na tecnologia disponível na época e fez recomen-
dações para o desenvolvimento de um Sistema de Preservação Digital de código aberto, concluin-
do que era necessária uma abordagem acessível e sustentável que poderia aproveitar a experiên-
cia e os recursos de grandes instituições para inovar e compartilhar soluções com a comunidade de
preservação digital em geral. O relatório também recomendou que a UNESCO apoiasse a agrega-
ção e o desenvolvimento de um sistema de arquivamento, com base nos programas de código
aberto existentes (GARDEREN et al., 2012).
Essa inovação colaborativa poderia buscar junto à comunidade de desenvolvimento de
software de código aberto um modelo de como um sistema de arquivamento sustentável poderia
funcionar, ser sustentado, atualizado e desenvolvido, conforme necessário. Da mesma forma, mui-
tas instituições culturais, arquivos e instituições de ensino superior, participantes das comunidades
de software de código aberto, poderiam influenciar o desenvolvimento desses softwares para be-
nefício próprio, como também de todo o setor de maneira geral (BRADLEY; LEI; BLACKALL, 2007).
Nesse contexto, este artigo tem como objetivo geral apresentar a história e conceituação do
Archivematica, desenvolvido pela Artefactual Systems Inc. como uma resposta à necessidade de
um sistema de preservação digital de código aberto. O Archivematica, que é um software baseado
na web, permite às instituições manter o acesso de longo prazo a conteúdos digitais confiáveis, au-
tênticos e seguros, permitindo a seus usuários processarem objetos digitais desde a ingestão até o
armazenamento arquivístico e acesso, em conformidade com o modelo funcional Open Archival In-
formation System (OAIS) e outros padrões e melhores práticas de preservação digital.
Usando uma abordagem metodológica qualitativa, a metodologia adotada neste trabalho foi
a da pesquisa exploratória, uma vez que teve como objetivo apresentar a história, evolução e con-
ceituação do Archivematica no contexto dos Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis, como
também o aprimoramento dos principais conceitos envolvidos e cenários de uso. A pesquisa tam-
bém se caracteriza como bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica é “desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL,
2002, p. 44). Já a pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, no entanto
suas fontes são muito mais diversificadas e dispersas (GIL, 2002). Em relação aos procedimentos
metodológicos, foi feita uma pesquisa na qual as principais fontes documentais e bibliográficas fo-
ram relatórios, documentação, textos e artigos científicos provenientes de organizações, tecnologi-

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 3
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

as, eventos e pesquisadores nacionais e internacionais, especialistas nos temas relativos a este tra -
balho.
O artigo está dividido da seguinte maneira: a primeira seção tem como objetivo apresentar a
história e conceituação do Archivematica, e apresentar seu papel como um componente do RDC-
Arq (Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis); a segunda seção tem como objetivo apresentar
dois cenários básicos da utilização do Archivematica no recolhimento, preservação e acesso de do-
cumentos de arquivo, com cadeia de custódia e sem cadeia de custódia digital arquivística, em
rumo ao esclarecimento do que seria uma Preservação Digital Sistêmica. E por fim, apresentam-se
as considerações finais do trabalho.

2 HISTÓRIA E CONCEITUAÇÃO DO ARCHIVEMATICA

Paralelamente à publicação do relatório para a UNESCO, a Artefactual Systems Inc. iniciou o


desenvolvimento do Qubit, um kit genérico de ferramentas de gerenciamento de informações para
ser usado por organizações e projetos para fazer aplicativos de catalogação baseados na web,
fornecendo uma variedade de recursos comuns de aplicativos da web, bem como suporte para
padrões de metadados profissionais. O Qubit destinava-se principalmente ao uso em arquivos e
bibliotecas que gerenciam e hospedam coleções de recursos de informação baseadas na web,
suportando coleções multilíngues e multirrepositório. A Artefactual Systems Inc. desenvolveu o
Qubit para fornecer e gerenciar os aplicativos ICA-AtoM e Digital Collection Builder (Alouette
Toolkit), sendo este renomeado mais tarde para Canadiana.org Digital Collection1.
O ICA-AtoM é um software de descrição de arquivo baseado na web de código aberto de
acordo com os padrões do Conselho Internacional de Arquivos (ICA). A publicação do relatório da
UNESCO coincidiu com a percepção da Equipe Artefactual, de alguns de seus clientes e da
comunidade de preservação digital em geral, sobre a necessidade de um sistema de preservação
digital baseado no Modelo OAIS, sustentável e de código aberto. Assim, o projeto Archivematica
teve seu início com o sistema de preservação digital back-end para o ICA-AtoM, sendo
originalmente referido como “Qubit-OAIS”, tendo sido publicado pelo Conselho Internacional de
Arquivos (International Council on Archives). Com o passar do tempo, porém, a equipe de
desenvolvimento reconheceu que a associação direta com ICA-AtoM poderia ser muito exclusiva,
obscurecendo o objetivo maior de permitir o Archivematica integrar-se a outros sistemas. Assim, o
“Qubit-OAIS” tornou-se o Archivematica, um sistema de preservação digital de código aberto,

1 https://wiki.accesstomemory.org/wiki/Development/Projects/DCB

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 4
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

baseado em padrões bem estabelecidos, e para acesso a longo prazo de materiais digitais
(GARDEREN et al., 2012).
Juntamente com a UNESCO, o “The City of Vancouver Archives” (CVA) foi uma das primeiras
instituições a alocar recursos para o desenvolvimento do Archivematica. O objetivo do projeto era
estabelecer um protótipo de ambiente de arquivamento digital e fornecer orientação sobre a
estrutura de gestão dentro dos Arquivos da Cidade de Vancouver para implementar e manter um
arquivo digital. O CVA é responsável por preservar permanentemente documentos arquivísticos
criados pela cidade de Vancouver e seus vários conselhos e agências, sendo também responsável
por adquirir os arquivos de indivíduos e organizações do setor privado dentro das restrições
impostas pelo seu mandato de aquisições. Além disso, muitos desses documentos existiam apenas
em formato digital. Assim, o CVA reconheceu sua responsabilidade em garantir uma infraestrutura
política adequada e capacidade técnica para preservar permanentemente e fornecer acesso a
documentos arquivísticos digitais confiáveis e autênticos. Para cumprir essa responsabilidade o
CVA fez uma parceria com a Artefactual Systems Inc., lançando o Projeto Arquivos Digitais.
O Projeto teve seu foco nos problemas relacionados à preservação dos documentos
arquivísticos digitais municipais criados dentro do Sistema de Gerenciamento de Documentos
Eletrônicos da Cidade de Vancouver, chamado VanDocs, como também documentos digitais
criados fora do ambiente VanDocs, em particular documentos criados e/ou mantidos por
indivíduos e organizações do setor privado em sistemas de produção e manutenção de
documentos, sobre os quais o Arquivo não tinha controle. A variedade de documentos e sistemas
de gestão no escopo do projeto eram ideais para o desenvolvimento de um sistema que poderia
adaptar-se a uma variedade de instituições de memória com diferentes mandatos e políticas de
aquisição (GARDEREN et al., 2012).

2.1 O PROBLEMA DA PRESERVAÇÃO DIGITAL

Ao longo do tempo, cada dia mais as instituições ao redor do mundo têm, no curso de suas
atividades, produzido e compartilhado documentos, e cada vez mais em formato digital. No
entanto, ao contrário dos documentos em suporte papel, que podem permanecer armazenados
em caixas ou arquivos por anos ou mesmo décadas sem maiores danos, desde que devidamente
armazenados, os registros digitais requerem ações especializadas para sua produção, gestão,
armazenamento, acesso e preservação. Segundo Santos e Flores (2015), “os registros digitais têm
um significado histórico de valor único, embora os documentos digitais sejam muito vulneráveis

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 5
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

em comparação com outros métodos de registro como em papel”. Na verdade, a longo prazo a
acessibilidade, usabilidade, confiabilidade e autenticidade de materiais digitais estão em risco
devido à fragilidade e vulnerabilidade dos objetos digitais, que são altamente complexos e
específicos, como também à evolução e obsolescência tecnológica. Por causa da vulnerabilidade
dos registros digitais, eles podem ser facilmente perdidos, excluídos ou modificados, de forma
maliciosa ou acidental, mas também pela falta de adoção de políticas arquivísticas e de
preservação digital. Além disso, a fragilidade dos documentos digitais e a obsolescência das
tecnologias da informação podem acarretar grandes perdas de registros contemporâneos, o que
pode causar uma lacuna inimaginável na memória das sociedades. Desta forma, não só a memória
seria comprometida, mas todos os serviços que dependem da informação registrada em meio
digital, perdendo a garantia de acesso futuro, mesmo que os suportes nos quais os documentos
digitais estão registrados sejam preservados (SANTOS; FLORES, 2015).
Por preservação digital entende-se o “processo específico de manutenção de materiais
digitais ao longo do tempo e através de diferentes gerações de tecnologia, independentemente do
local de armazenamento” e o “conjunto de ações gerenciais e técnicas exigidas para superar as
mudanças tecnológicas e a fragilidade dos suportes, garantindo o acesso e a interpretação de
documentos digitais pelo tempo que for necessário”. (INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES,
2012). Já uma política arquivística, de
[...] forma sintética, entende-se por políticas públicas arquivísticas o conjunto de
premissas, decisões e ações — produzidas pelo Estado e inseridas nas agendas
governamentais em nome do interesse social — que contemplam os diversos aspectos
(administrativo, legal, científico, cultural, tecnológico, etc.). (JARDIM, 2006, p. 10).

Além disso, os registros digitais podem ser facilmente dissociados de seu contexto, ou seja,
eles podem ser separados de seus metadados ou perder links para outros registros que foram
originalmente criados e mantidos como parte do mesmo processo de negócios. Isso significa que
mesmo que um registro eletrônico possa ser recuperado e lido, sua confiabilidade e autenticidade
como valor legal de prova podem ser comprometidas. Por essas razões, o projeto Archivematica se
concentrou em manter a acessibilidade, usabilidade e autenticidade de objetos de informação
digital ao longo do tempo, espaço e evolução tecnológica. Para realizar a tarefa, o sistema
começou a ser construído em conformidade com o modelo funcional OAIS 2 (ISO 14721:2003),
como também com outros padrões de preservação e melhores práticas (GARDEREN et al., 2012).
Sobre o Modelo de Referência OAIS, Ferreira (2006, p. 28) afirma que: “Um dos contributos mais

2 O Modelo OAIS tornou-se uma norma internacional em 2003, a ISO 14721:2003, e foi atualizada em 2012 para a ISO
14721:2012.

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 6
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

notáveis desta iniciativa foi a definição de uma terminologia própria que viria a facilitar a
comunicação entre os diversos intervenientes envolvidos na preservação de objectos digitais”.
O modelo OAIS desmembra-se em dois modelos: o modelo funcional e o modelo de
informação. O modelo funcional delineia as funções que precisam ser desempenhadas por um
repositório OAIS. Já o modelo de informação propõe o conceito de pacote de informação, que é
formado pela informação de conteúdo e pela informação de descrição de preservação,
encapsuladas e identificadas pela informação de empacotamento (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2015). O Modelo OAIS tem como objetivo identificar os componentes funcionais que
deverão fazer parte de um sistema de informação dedicado à preservação digital, descrevendo
suas interfaces internas e externas, como também os objetos de informação que são manipulados
no seu interior (FERREIRA, 2006). O ambiente do modelo define três tipos de entidades externas:
1) Produtor: é o papel desempenhado por pessoas ou sistemas que fornecem a informação a
ser preservada;
2) Administrador: é o papel desempenhado por aqueles que estabelecem as políticas gerais
que governam o repositório; e
3) Consumidor: é o papel desempenhado por pessoas ou sistemas que interagem com os
serviços OAIS para acessar a informação preservada desejada.
A Figura 1 apresenta os componentes funcionais, os pacotes de informação e as entidades
externas de uma plataforma de preservação compatível com o Modelo OAIS (CONSELHO
NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015).
Figura 1 – O Modelo de Referência OAIS

Fonte: CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (2015).

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 7
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Assim, visando atingir os objetivos da preservação digital, a Artefactual Systems Inc. e o CVA
começaram a desenvolver o trabalho sugerido pelo relatório da UNESCO. No final de 2008, a
Artefactual e a equipe do projeto CVA começaram a realizar uma análise abrangente de requisitos
para estabelecer políticas, procedimentos e requisitos funcionais mínimos para um sistema de
arquivamento digital baseado em padrões aceitos. Esse levantamento inicial de requisitos deu
início ao desenvolvimento de casos de uso com base no modelo ISO-OAIS. Requisitos funcionais,
de metadados e de tecnologia foram derivados dos casos de uso e de uma avaliação da tecnologia
de código aberto. Os requisitos funcionais especificavam o que o Archivematica deveria ser capaz
de fazer. Os requisitos de metadados estipulavam quais atributos de dados deveriam ser
capturados em cada etapa. Os requisitos técnicos estipulavam protocolos, formatos e
características técnicas específicas que deveriam ser implementados. Os casos de uso também
produziram políticas e procedimentos desenvolvidos para dar suporte a todas as etapas dos casos
de uso.
No decorrer da análise de requisitos a equipe do projeto teve a oportunidade de fazer parte
do Projeto InterPARES 33. A equipe consultou o Projeto InterPARES 3 para realizar uma análise de
lacunas entre o Modelo OAIS e o Modelo de Cadeia de Preservação (COP) 4 do Projeto InterPARES
15. A revisão do modelo revelou que a avaliação ocorre em alguns estágios diferentes durante o
processo de arquivamento. Essa análise de lacunas levou a casos de uso e diagramas de atividades
UML que direcionavam a requisitos de avaliação no Archivematica. Por meio de experiências de
implantação e feedback do usuário, incluindo a análise de lacunas conduzida com o Projeto
InterPARES 3, o Archivematica se expandiu além do Modelo OAIS para abordar análise e arranjo de
transferência de pacotes SIP e permitir a avaliação de arquivamento nos múltiplos pontos de
decisão. Esses requisitos foram implementados por meio de microsserviços, fornecidos por uma
combinação de scripts Python e uma ou mais das ferramentas de software de código aberto
gratuitas empacotadas no sistema Archivematica. O Archivematica fez uso dos padrões METS,
PREMIS, Dublin Core, além de outros padrões de metadados reconhecidos. A estratégia de
preservação padrão adotada no Archivematica foi a normalização dos objetos digitais em formatos
de preservação após a ingestão, para fazer melhor uso do tempo limitado que as organizações têm
para processar e monitorar grandes e diversas coleções de objetos digitais. Além disso, a escolha
dos formatos de preservação no Archivematica baseou-se em quatro critérios básicos: 1) A

3 http://interpares.org/ip3/ip3_index.cfm
4 O modelo de cadeia de preservação mostra os vários passos sequenciais para a produção, manutenção e
preservação de documentos autênticos.
5 http://interpares.org/ip1/ip1_index.cfm

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 8
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

especificação do formato deve estar disponível gratuitamente; 2) O formato não deve ter patentes
ou licenças, e os formatos de preservação devem ser todos padrões abertos. 3) Outros repositórios
digitais estabelecidos devem usar ou endossar o formato; 4) Deve haver uma variedade de
ferramentas de escrita e renderização disponíveis para o formato. Assim, com o avanço das
pesquisas, foi instalada a primeira versão do Archivematica, em dezembro de 2009. No entanto,
essa primeira versão foi ainda um projeto piloto, visto que não se tinha uma versão de produção
do software, sendo que sua primeira versão beta, o Archivematica 0.9, tornou-se disponível para
download no site do Archivematica no início de setembro de 2012, corrigindo bugs e aprimorando
recursos (GARDEREN et al., 2012). Desde então, a Artefactual vem constantemente atualizando o
software, que em 2021 tem como versão estável mais recente o Archivematica 1.12.1, em vias de
desenvolvimento da versão 1.13.
A Figura 2 apresenta uma linha do tempo dos principais acontecimentos relacionados ao
desenvolvimento do software Archivematica:

Figura 2 - Principais acontecimentos relacionados ao desenvolvimento do Archivematica

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

2.2 O PAPEL DO ARCHIVEMATICA NO RDC-ARQ

Para entender o papel do Archivematica no RDC-Arq, é necessário entender dois modelos


conceituais: o primeiro modelo é a Resolução n.º 43 do Conarq (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2015), que estabelece as diretrizes para a implementação dos Repositórios

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 9
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq). O segundo modelo é o próprio Modelo OAIS, que trata
de uma parte específica do RDC-Arq, que é o gerenciamento do documento digital. A Figura 3
apresenta um mapa conceitual que visa esclarecer conceitos importantes envolvidos em um RDC-
Arq.

Figura 3 - Mapa conceitual com os principais conceitos envolvidos no RDC-Arq

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Observando o mapa conceitual apresentado na Figura 3, pode-se observar que a Resolução


n.º 43 definiu o termo RDC-Arq, ou seja, os Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis,
adjetivando um Repositório Digital Confiável (RDC) que trata especificamente de documentos
arquivísticos digitais, e não de materiais digitais de maneira geral. No entanto, por ser um
Repositório Digital Confiável, a Resolução nº. 43 deve atender à ISO 16363:2012, a qual estabelece,
em nível conceitual, os requisitos de um RDC, estando organizada em três principais conjuntos de
requisitos: 1) Infraestrutura organizacional; 2) Gerenciamento do documento digital; e 3)
Tecnologia, infraestrutura técnica e segurança. Em relação à infraestrutura organizacional, o RDC
deve cumprir requisitos relacionados a: governança e viabilidade organizacional; estrutura

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 10
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

organizacional e de pessoal; transparência de procedimentos e arcabouço político;


sustentabilidade financeira; e contratos, licenças e passivos. Em relação ao gerenciamento do
documento digital, o RDC deve estar de acordo com o modelo de referência OAIS, que estabelece a
formação de pacotes de informação envolvendo os documentos digitais (informação de conteúdo)
e seus metadados (informação de representação). O conjunto de requisitos de “Tecnologia,
infraestrutura técnica e segurança” diz respeito às melhores práticas nas áreas de gestão de dados
e segurança que devem ser atendidas por um RDC em relação à infraestrutura de sistema,
tecnologias apropriadas e segurança (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015).
Com base na ISO 16363:2012, e pensando especificamente no conjunto de requisitos
relacionados ao gerenciamento do documento digital, é muito importante entender que o papel
do Archivematica no RDC-Arq é de ser um sistema de preservação digital que deve atender ao
Modelo OAIS, e que neste trabalho o conceituamos como uma plataforma de preservação. Ou
seja, o Archivematica é uma plataforma de preservação, que é um componente do RDC-Arq.
Portanto, não pode e não deve ser confundido com o próprio RDC-Arq, que é o Arquivo
Permanente Digital na idade permanente, ou o Arquivo Corrente ou Intermediário na fase de
Gestão de Documentos, atuando como um componente do Sistema de Gestão de Documentos.
Vale ressaltar que, no contexto do poder Executivo e Legislativo brasileiro, esse sistema de gestão é
o SIGAD (Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos), que é definido pelo e-
ARQ Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2020), que passou recentemente por uma
reformulação, estando atualmente em consulta pública. Já no contexto do Judiciário brasileiro esse
sistema é o GestãoDoc (Sistema Informatizado de Gestão de Processos e Documentos), definido
pelo Moreq-Jus (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2020), que é o modelo que estabelece
processos e requisitos mínimos para esse tipo de sistema. Vale ressaltar também que, segundo a
Resolução n.º. 43, o RDC-Arq é obrigatório na fase permanente e desejável nas fases corrente e
intermediária. Concluindo, um RDC-Arq deve contemplar políticas, papéis, hardware e software,
sendo uma estrutura organizacional muito mais robusta do que a manutenção de uma plataforma
de preservação de apoio ao gerenciamento do documento digital, que é apenas um dos três
aspectos de um RDC-Arq.

3 CENÁRIOS DE USO (FLUXOS DE TRABALHO) DO ARCHIVEMATICA PARA RECOLHIMENTO,


PRESERVAÇÃO E ACESSO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO EM CADEIA DE CUSTÓDIA

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 11
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Como visto, neste trabalho tem-se como objetivo apresentar o Archivematica como uma
plataforma de preservação de apoio ao gerenciamento dos documentos digitais, que é um dos
conjuntos de requisitos que os RDC-Arq devem atender. Ou seja, apresentá-lo como um
componente de um RDC-Arq, que é o Arquivo Permanente Digital. Como o próprio nome diz, uma
plataforma de preservação tem como objetivo preservar os objetos digitais sob sua gestão. Essa
preservação, por sua vez, deve ser uma preservação com uma visão holística, que se preocupa com
aspectos arquivísticos complexos, tais como a manutenção da confiabilidade e autenticidade dos
documentos arquivísticos digitais ao longo do tempo, visando manter uma cadeia de custódia
plena, ou seja, uma cadeia de custódia digital arquivística e ininterrupta. Por cadeia de custódia
digital arquivística entende-se uma cadeia de custódia digital que não pode ser interrompida, e
que deve ser auditada por uma cadeia de preservação ou outro procedimento capaz dessa
garantia no ambiente digital (GAVA; FLORES, 2020).
Essa preservação digital, que prevê uma cadeia de custódia digital arquivística, é o que
denominamos de Preservação Digital Sistêmica. No entanto, não é isso que se vê nos diferentes
cenários de preservação digital vistos atualmente. Muito direcionada em estratégias de
preservação altamente focadas na ruptura de suporte, essa Preservação Digital Passiva não leva
em conta, pelo menos não de forma adequada, a ruptura do ambiente de produção dos
documentos com seu ambiente de preservação, e a quebra nessa cadeia de custódia, que agora é
feita em um ambiente digital altamente vulnerável. Segundo Gava e Flores (2020), em um
ambiente digital houve a necessidade de se repensar a garantia da cadeia de custódia, de forma
ininterrupta, e em como manter esse ambiente totalmente vulnerável como um lugar de gestão
arquivística, preservação permanente, custódia confiável, e como um arquivo permanente digital.
Embora existam vários cenários que aconteçam ainda de forma concomitante, em diferentes
instituições arquivísticas ao longo do Brasil, neste trabalho serão contemplados apenas dois
cenários, dentre os tantos possíveis. Os cenários se relacionam ao tipo de recolhimento, ou seja, à
transferência material dos documentos digitais para um RDC-Arq. O primeiro cenário diz respeito
ao recolhimento com cadeia de custódia plena (cadeia de custódia digital arquivística), sendo um
exemplo de cenário da Preservação Digital Sistêmica ou Ativa. O segundo cenário diz respeito ao
recolhimento com ruptura de cadeia de custódia, que é um exemplo de cenário da Preservação
Digital Não Sistêmica ou Passiva. Esses cenários são descritos a seguir:

3.1 RECOLHIMENTO COM CADEIA DE CUSTÓDIA PLENA

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 12
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

O Modelo OAIS apresenta como entidade externa o produtor, que é o papel desempenhado
por pessoas ou sistemas que fornecem a informação a ser preservada. As condições de produção
dessa informação é que determinam se ela pode ser considerada confiável e autêntica ou não,
desde sua gênese até o momento de transferência material para um ambiente de preservação, que
deve ocorrer com alteração, mas sem quebra de custódia. Essa informação a ser preservada deve
ser um pacote SIP ou um pacote de dados que será transformado em um SIP, ou seja, um pré-SIP.
Essa diferença conceitual deve ser bem entendida. O envio de um pré-SIP ocorre quando a
entidade produtor prepara um pacote de dados que consiste nos objetos digitais e uma planilha
que descreve seus respectivos metadados. Ao ser admitido na plataforma de preservação, esse
pré-SIP será convertido em um pacote SIP. Esta opção no Archivematica deve corresponder à
transferência do tipo “Standard”, que pode ser visto na Figura 4.a. Quando o produtor prepara um
pacote SIP, o mesmo deve ser criado no padrão Bagit, e a opção de transferência escolhida poderá
ser o “Unzipped bag” ou o “Zipped bag” (Figura 4.a). O padrão Bagit é uma especificação, criada
pela Biblioteca do Congresso Americano, para empacotar diretórios de arquivos,
hierarquicamente, para armazenamento a longo prazo ou para a transferência entre ambientes de
armazenamento. Esse padrão tem uma sintaxe interna específica para empacotar os objetos
digitais e seus metadados. Sua característica mais importante é que ele gera e registra checksums
(somas de verificação de bytes) para cada arquivo armazenado em uma bag, o que torna muito
fácil de verificar a integridade dos arquivos depois que eles foram movidos. O Archivematica
armazena os seus AIPs como um Bag, assim como admite Bags criadas por outros sistemas6. O
padrão Bagit, embora seja o padrão utilizado no Brasil, não é o único. Existem outros padrões, tais
como o padrão europeu E-ARK, que foi um projeto de pesquisa multinacional de big data que
aprimorou os métodos e tecnologias de arquivamento digital, a fim de obter consistência em uma
escala europeia7.
A transferência material de um pacote SIP para uma plataforma de preservação, por meio
de uma cadeia de custódia digital arquivística, é o cenário ideal da Preservação Digital, ou seja,
uma Preservação Digital Sistêmica deve integrar um sistema de informação de gestão arquivística
de documentos com um RDC-Arq (SIGAD ou GestãoDoc). Neste cenário, a entidade produtor
produz um pacote SIP no padrão Bagit. A entidade produtor, por exemplo, uma Secretaria de
Cultura ou Secretaria de Educação, vai elaborar o pacote SIP no padrão Bagit e transferi-lo para a
plataforma de preservação do RDC-Arq, via Rest API. O acrônimo API significa, em inglês,

6 http://wiki.ibict.br/index.php/Guia_do_Usu%C3%A1rio_-_Archivematica#Baglt
7 https://www.eark-project.com/

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 13
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Application Programming Interface, e trata-se de um conjunto de requisições que permite a


comunicação de dados entre aplicações, ou seja, permite a interoperabilidade entre aplicações. Já
o acrônimo REST significa Representational State Transfer, tratando-se de um conjunto de
princípios de arquitetura da informação que, quando seguidos, permitem a criação de um projeto
com interfaces bem definidas, possibilitando, por exemplo, que aplicações se comuniquem. Assim,
uma “Rest API” é uma API que segue os padrões definidos pelo estilo de arquitetura Rest. As
características da arquitetura Rest API proporcionam uma série de benefícios às aplicações que
utilizam esse modelo8, tais como:
1) Separação entre cliente e servidor: separar as aplicações front-end e back-end é
importante para proteger o armazenamento de dados, possibilitando apenas a troca de
informações, sem tratamento de regras de negócio, seja para recuperar dados, seja para inserir ou
deletar novos registros;
2) Maior eficiência: com a separação entre cliente e servidor, o processo de desenvolvimento
da aplicação ocorre com mais facilidade, já que não há dificuldades para acoplar recursos;
3) Desenvolvimento de aplicações multiplataforma: as requisições HTTP retornam dados no
formato JSON, que é o formato mais utilizado. Isso permite o desenvolvimento de aplicações
multiplataforma, já que, ao receber os dados nesse formato, a camada front-end da aplicação é
capaz de fazer o tratamento adequado para a exibição dos resultados de acordo com o tipo de
dispositivo utilizado.
Assim, a entidade produtor faz uma transferência via Rest API para enviar os objetos digitais
e metadados empacotados num pacote SIP, o qual pode ser criado usando um software específico
para isso, tal como o RODA-In9 ou bagger10. Esse pacote SIP sempre aparece no Archivematica na
aba “Transfer”. O pacote aparecerá como uma transferência iniciada, esperando uma decisão do
administrador. Nesse momento, o administrador da plataforma de preservação tem que tomar
uma decisão, dentre três opções: criar SIP único e continuar processando; enviar para backlog
(quarentena) ou rejeitar a transferência (Figura 4.b). Ao escolher a opção de criar SIP único e
continuar processando, o processo passa para a aba "Ingest", dando continuidade ao processo de
admissão do pacote SIP para dentro da plataforma de preservação. As demais opções serão
explicadas na seção 3.3.

3.2 RECOLHIMENTO COM RUPTURA DE CADEIA DE CUSTÓDIA


8 https://www.inoutway.com.br/o-que-e-api-rest/).
9 https://rodain.roda-community.org/
10 https://github.com/LibraryOfCongress/bagger

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 14
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Neste cenário, a entidade produtor também entregará um pacote SIP (ou pré-SIP) para ser
admitido na plataforma de preservação, lembrando que, se for um pacote SIP, ele deve ser criado
no formato Bagit. No entanto, esse pacote será recebido em uma mídia externa qualquer, tal como
um Disco rígido, HD externo, Winchester, CD-ROM, DVD-ROM, Blu-Ray, pendrive, Fita 4 mm (Dat)
etc. Essa mídia externa será entregue pela entidade produtor para a entidade administrador, que
terá a responsabilidade de custodiar e preservar esse material digital. Dentro dessa mídia externa
deve haver uma estrutura de diretórios que possui uma pasta principal chamada/BagTransfer,
construído com base no padrão Bagit, conforme apresentado na Figura 4.c. Nessa pasta há três
arquivos .txt: bag-info.txt, bagit.txt, e um arquivo manifest, por meio do qual será feito o processo
de checksum. No caso da Figura 4.c, foi usado o sistema de verificação SHA512. Note ainda que os
objetos digitais a serem preservados estão dentro de uma pasta chamada /data. Ao receber o
pacote SIP, a entidade administrador será responsável por iniciar o processo de admissão na
plataforma de preservação, por meio do upload desse pacote.

Figura 4 – Partes da interface do software Archivematica

a) Modos de transferência – aba b) Opções da aba “Transfer” c) Estrutura de diretórios segundo o


“Transfer” padrão “Bagit”
Fonte:
Fonte: Elaborado pelos autores. https://www.archivematica.org/en/ Fonte: Elaborado pelos autores.
docs/archivematica-1.8/user-
manual/transfer/bags/

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

3.3 CONTINUAÇÃO DO PROCESSO DE ADMISSÃO NA PLATAFORMA DE PRESERVAÇÃO

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 15
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

Foi visto que ao iniciar um processo de admissão no Archivematica, na aba “Transfer”,


existem três diferentes opções: criar SIP único e continuar processando; enviar para backlog
(quarentena) ou rejeitar a transferência. Independentemente se o SIP foi recebido via Rest API ou
mídia externa, ao escolher a opção de criar SIP o processo de admissão é iniciado, seguindo seu
fluxo que, por meio da execução de vários microsserviços, culmina na criação e armazenamento do
pacote AIP, que contém os objetos no formato de preservação e seus respectivos metadados; e do
pacote DIP, que contém os objetos no formato de acesso, para ser visualizado por meio de uma
plataforma de difusão. As demais opções também geram outras ações. A opção “Enviar para o
backlog” significa que o pacote SIP está sendo enviado para a área de quarentena. Nesse momento
o pacote SIP ainda não foi admitido no Archivematica. A área de quarentena é a área onde é
possível fazer alterações no pacote SIP, tais como: retirar um tipo documental, inserir um
comentário, ou qualquer outro ajuste que se fizer necessário (adequação de arranjo). E finalmente,
ao escolher a opção “Rejeitar transferência”, isso significa que o pacote SIP irá voltar para o
produtor, via cadeia de custódia, indicando que há algum problema e especificando qual é este
problema, tal como erros no código de classificação, no preenchimento dos metadados etc.

Figura 5 - Fluxo de reconhecimento com e sem cadeia de custódia

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A Figura 5 apresenta um fluxo resumido dos dois cenários apresentados neste artigo. O
primeiro cenário apresenta o recolhimento de SIP via Rest API, com cadeia de custódia plena,

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 16
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

vindo de um SIGAD, SIGAD de Negócio ou outro Sistema de Informação Digital, configurando-se


como o cenário ideal da preservação digital, ou seja, uma preservação digital sistêmica (ativa). O
segundo cenário apresenta o recolhimento de SIP por meio de uma mídia externa, apresentando-
se como uma preservação digital não sistêmica (passiva), não sendo portanto o cenário ideal, mas
infelizmente um cenário ainda muito comum no contexto atual, resultado do despreparo das
instituições arquivísticas para a transformação digital sofrida ao longo dos anos — e intensificada
pela pandemia de Covid-19 —, que prevê investimentos altos e contínuos em infraestrutura física e
tecnológica, como também mão de obra especializada com formação continuada. Pela Figura 5 vê-
se ainda que, ao serem admitidos, os pacotes SIP são convertidos em pacotes de preservação (AIP)
que serão armazenados e geridos pela plataforma de preservação. Além disso, é função da
plataforma de preservação gerar os pacotes de disseminação (DIP) que serão utilizados pelas
plataformas de acesso e difusão para disponibilizar as informações armazenadas (objetos digitais e
metadados) à comunidade de interesse.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como objetivo principal apresentar a história e conceituação do


Archivematica, como também seu papel no contexto de um Repositório Arquivístico Digital
Confiável (RDC-Arq). O software Archivematica teve início como um direcionamento do relatório
“Towards an Open Source Repository and Preservation System: Recommendations on the
Implementation of an Open Source Digital Archival and Preservation System and on Related
Software Development”, encaminhado ao Subcomitê de Tecnologia do Programa Memory of the
World, para o desenvolvimento de um sistema de preservação e arquivamento digital que deveria
considerar todos os aspectos de um Repositório Digital Confiável. O relatório apresentava uma
abordagem holística para a preservação digital, reconhecendo que o funcionamento de um
sistema de preservação deve considerar todos os aspectos de um Repositório Digital Confiável, em
relação à ingestão, acesso, administração, gerenciamento de dados, planejamento de preservação
e armazenamento de arquivos, incluindo mídia de armazenamento e software de gerenciamento,
e que eram necessários ferramentas, tecnologias e treinamentos acessíveis no uso desses
sistemas.
Concomitantemente à publicação do relatório para a UNESCO, a Artefactual Systems Inc.
iniciou o desenvolvimento do Qubit, que evoluiu para o Projeto Archivematica, culminando no

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 17
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

desenvolvimento de um sistema de preservação digital back-end para o ICA-AtoM, chamado


inicialmente de “Qubit-OAIS”, tornando-se o Archivematica, um sistema de preservação digital de
código aberto, baseado em padrões bem estabelecidos, e para acesso a longo prazo de materiais
digitais, que tem sido constantemente atualizado pela Artefactual Systems Inc. desde então.
O artigo também ressaltou o papel do Archivematica como uma plataforma de preservação,
que é apenas um dos componentes dos Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq),
apresentando dois cenários básicos de recolhimento de pacotes SIP para admissão no
Archivematica. O primeiro cenário considera o recolhimento de pacotes SIP com cadeia de
custódia plena (cadeia de custódia digital arquivística) via transferência Rest API, proveniente de
um SIGAD, SIGAD de negócio ou Sistema de Informação Digital qualquer, e o segundo cenário
considera o recolhimento de pacotes pré-SIP ou SIP, por meio de uma mídia externa, com ruptura
de cadeia de custódia.
É importante ressaltar que os cenários apresentados são apenas dois de vários outros
possíveis cenários que podem ocorrer na preservação de objetos digitais utilizando uma
plataforma de preservação como o Archivematica. Além disso, o uso adequado de uma plataforma
de preservação vai ao encontro de um cenário ideal que é o da preservação digital sistêmica, que
prevê uma cadeia de custódia digital arquivística (cadeia de custódia plena) com alteração, mas
sem quebra de cadeia de custódia, suportada por ambientes adequados de produção, gestão,
preservação e acesso de documentos arquivísticos digitais, com base em normas e padrões
consolidados, e na legislação arquivística vigente, que visa manter a confiabilidade e autenticidade
dos documentos arquivísticos digitais, com uma abordagem de preservação digital holística. Isso
quer dizer que se trata de uma abordagem não voltada exclusivamente para a aplicação manual de
estratégias de preservação digital, as quais pressupõem uma ruptura da cadeia de custódia digital,
mas antes incorporando e aplicando essas estratégias por meio de uma política de preservação
digital, alicerçada por uma política de gestão arquivística.
Com a preservação digital sistêmica, o arquivista passa a enfrentar um grande desafio e uma
ruptura de paradigmas, uma vez que o que tem sido observado ainda hoje nas Instituições
Arquivísticas são transferências com ruptura de cadeia de custódia com uma abordagem de
preservação digital focada exclusivamente na aplicação de estratégias de preservação. Ou seja, os
arquivistas têm realizado um trabalho muito manual, diretamente no objeto digital, realizando
conversões de formato do objeto digital original para um formato de preservação adequado, como
por exemplo de um PDF para um PDF/A, de um TIFF, JPG, MP3 para formatos atuais, de forma
manual. Atualmente, com a necessidade de uma preservação digital holística, essas estratégias de

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 18
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

preservação devem ser realizadas de forma automática por plataformas adequadas, embasadas
por uma política de preservação digital, elaborada pela instituição arquivística com o apoio de uma
equipe multidisciplinar que deve incluir arquivistas e profissionais da Tecnologia da Informação, e
implementada pelas tecnologias digitais disponíveis.
É importante ressaltar que esse recolhimento com ruptura de custódia, por meio de mídias
externas, ainda continuará por um tempo, pois está relacionado ao perfil das instituições
arquivísticas custodiadoras que necessitam ainda passar por uma transformação digital de forma
adequada. Essas instituições nem sempre acompanharam essa transformação digital, que
aconteceu de maneira muito rápida, principalmente no contexto da pandemia de Covid-19,
exigindo que as instituições arquivísticas estivessem oferecendo infraestrutura adequada para
receber essas transferências via Rest API e exercendo sempre o seu papel protagonista de
custodiadora confiável e autoridade arquivística na sua esfera de competência,
independentemente de se tratar de documentos analógicos ou digitais. Como essas instituições
ainda não estavam preparadas para oferecer essa infraestrutura, isso significa que será necessário
continuar aceitando essa abordagem por um período de tempo. No entanto, espera-se que em
breve as instituições arquivísticas possam elaborar suas transferências via Rest API, para a
admissão de pacotes SIP (ou pré-SIP), monitorada por sistemas arquivísticos com requisitos
homologados pelas respectivas autoridades arquivísticas, mantendo uma cadeia de custódia digital
plena.

REFERÊNCIAS
BRADLEY, Kevin; LEI, Junran; BLACKALL, Chris. Towards an Open Source Repository and
Preservation System: Recommendations on the Implementation of an Open Source Digital Archival
and Preservation System and on Related Software Development. UNESCO Memory of the World.
2007. Disponível em:
http://portal.unesco.org/ci/fr/files/24700/11824297751towards_open_sourc. Acesso em: 22 mar.
2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a Implementação de Repositórios


Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-Arq. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2015. 31 p.
Disponível em: http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf. Acesso
em: 04 nov. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de


Gestão Arquivística de Documentos - e-ARQ Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2020. v. 2.
Disponível em: https://www.gov.br/conarq/pt-br/assuntos/noticias/conarq-abre-consulta-publica-
visando-a-atualizacao-do-e-arq-brasil/EARQ_v2_2020_final.pdf. Acesso em: 24 mar. 2021.

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 19
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução nº 324, de 30 de junho 2020. Dispõe sobre as


diretrizes e normas de gestão de memória e de gestão documental e dispõe sobre o programa
nacional de gestão documental e memória do poder judiciário (Proname). Brasília: CNJ, 2020.
Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/original020506202007245f1a41d255fab.pdf>. Acesso
em: 12 ago. 2021.

EDMONDSON, Ray. Diretrizes para a salvaguarda do patrimônio documental. Edição revisada.


Tradução: Elisa Bustamante. [S. l.: s. n.], 2002. 67 p.

FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e actuais consensos.


Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. 88 p.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq)
como plataforma de preservação digital em um ambiente de gestão arquivística. Informação &
Informação, [s. l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul. 2020. ISSN 1981-8920. DOI:
http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411. Acesso em: 13 out.
2020.

GARDEREN et al. The Archivematica Project: Meeting Digital Continuity’s Technical Challenges. In:
UNESCO Memory of the World in the Digital Age Wednesday, 2012, Vancouver. Proceedings…
Vancouver: UNESCO, 2012. Workshop. Disponível em: http://www.interpares.org/display_file.cfm?
doc=ip3_canada_dissemination_cpr_van-garderen_et-al_unesco-mow_2013.pdf. Acesso em: 23
fev. 2021.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival Terminology. Vancouver: Centre for


the International Study of Contemporary Records and Archives, 2012. Disponível em:
http://www.ciscra.org/mat/. Acesso em: 04 mar. 2021.

JARDIM, José Maria. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e processos. Arquivo &
Administração, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 5-16, 2006.

SANTOS, Henrique Machado dos; FLORES, Daniel. As vulnerabilidades dos documentos digitais:
Obsolescência tecnológica e ausência de políticas e práticas de preservação digital. Biblios -
Revista de Bibliotecología y Ciencias de la Información, n. 59, p. 45-54, 2015. Disponível em:
http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/215. Acesso em: 26 jun. 2019.

NOTAS DE AUTORIA
Tânia Barbosa Salles Gava
Profª. Tânia Gava é docente do Departamento de Arquivologia da Universidade Federal do Espírito
Santo e Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da UFF.
Membro do Grupo de Pesquisa CNPq UFF Ged/A - Documentos Digitais: Gestão, Curadoria Digital,
Preservação, Acesso e Transparência Ativa em Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA) e do
Grupo de Pesquisa da UFES – Observatório da Informação Arquivística Digital. Atua nas áreas de

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 20
ARTIGO O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis cenários de uso

pesquisa relacionadas à Preservação Digital e Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis.


Link Currículo Lattes - https:// lattes.cnpq.br/0822963734544353.

Daniel Flores
Prof. Daniel Flores é docente do Curso de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência
da Informação - PPGCI UFF. Líder do Grupo de Pesquisa CNPq UFF Ged/A - Documentos Digitais:
Gestão, Curadoria Digital, Preservação, Acesso e Transparência Ativa em Cadeia de Custódia Digital
Arquivística (CCDA). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq da Chamada 06/2019.
Link Currículo Lattes - https:// lattes.cnpq.br/9640543272532398.

ISSN 0103-3557 Ágora: Arquivologia em debate, Florianópolis, v. 31, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2021 21
DOI: 10.5433/1981-8920.2021v26n4p427

AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO AO LONGO DA


CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA

AUDIT AND CERTIFICATION THROUGHOUT THE


ARCHIVAL DIGITAL CHAIN OF CUSTODY

Tânia Barbosa Salles Gava a


Daniel Flores b

RESUMO
Objetivo: Discutir a importância do processo de auditoria e certificação em todos os
ambientes envolvidos nas três entidades externas do Modelo OAIS, analisando o
cenário brasileiro. Metodologia: Pesquisa exploratória, bibliográfica e documental,
tendo como principais fontes documentais e bibliográficas a documentação produzida
por diferentes organizações, normativas do Conselho Nacional de Arquivos e artigos
científicos de pesquisadores nacionais e internacionais. Resultados: Discussão sobre
os modelos conceituais de requisitos e de auditoria e certificação, no cenário brasileiro,
para os três ambientes envolvidos no Modelo OAIS: o ambiente do produtor, que é o
ambiente de gestão dos documentos; o ambiente do administrador, que é o ambiente
de preservação dos documentos; o ambiente do consumidor, que é o ambiente de
acesso e difusão dos documentos. Conclusões: No cenário brasileiro há modelos de
requisitos para o ambiente de gestão dos documentos, mas não estabelece requisitos
de auditoria e certificação; o ambiente de preservação apresenta tanto requisitos
funcionais, não funcionais e regras de negócio, quanto requisitos de auditoria e
certificação; o ambiente de acesso e difusão dos documentos ainda não possui
diretrizes estabelecidas.

Descritores: Auditoria e Certificação. Cadeia de Custódia Digital Arquivística. Ambiente


de Gestão de Documentos. Ambiente de Preservação. Ambiente de Acesso e Difusão.

1 INTRODUÇÃO

Desde a década de 1990, quando a sociedade começou a passar por uma


transformação digital cada vez mais rápida, os documentos passaram a ser

a Doutora em Engenharia Elétrica - Automação, na área de Inteligência Artificial Aplicada pelo


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES). Professora do Departamento de Arquivologia da Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES). E-mail: tania.gava@ufes.br.
b Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal
Fluminense (PPGCI-UFF). E-mail: df@id.uff.br.

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


http://www.uel.br/revistas/informacao/
427
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

migrados ou gerados exclusivamente no formato digital. Embora esses


documentos digitais, representantes digitais ou nato digitais, tenham trazido
grandes vantagens como a facilidade de criação, acesso e compartilhamento,
eles se tornaram altamente complexos e específicos, trazendo muitas
vulnerabilidades ligadas principalmente a sua rápida degradação física,
obsolescência tecnológica, complexidade e alto custo para sua preservação a
longo prazo (SANTOS; FLORES, 2015a). Essas vulnerabilidades trouxeram uma
grande preocupação em relação à autenticidade e confiabilidade dos
documentos digitais, pois para que eles sirvam de fonte de prova, evidência,
testemunho, memória, patrimônio, garantia de direitos e exercício pleno da
cidadania, eles devem ser mantidos autênticos e confiáveis pelo tempo que for
necessário.
Segundo as Diretrizes do Produtor do Projeto InterPARES 2, a
“Autenticidade refere-se ao fato de que os documentos arquivísticos são o que
eles dizem ser e que não foram adulterados ou corrompidos de qualquer outra
forma.” (INTERPARES 2 PROJECT, 2010a, p. 03). O projeto InterPARES 2
também afirma que, em relação aos documentos arquivísticos digitais, a
autenticidade refere-se à confiabilidade dos documentos enquanto tais e que
para assegurar que a autenticidade possa ser presumida e mantida ao longo do
tempo, deve-se definir e conservar a identidade dos documentos arquivísticos e
proteger sua integridade. Já a confiabilidade é definida como a credibilidade do
material digital enquanto conteúdo ou declaração de um fato, sendo estabelecida
com base na completeza e acurácia do material, e no grau de controle exercido
no processo de sua produção (INTERPARES 2 PROJECT, 2010a).
Ressalta-se que esses cuidados não são exclusivos para os documentos
nato digitais, devendo também ser considerados na produção dos
representantes digitais, que são a representação em formato de arquivo digital
de um documento originalmente não digital. Ou seja, a digitalização dos
documentos também deve garantir a autenticidade e confiabilidade dos
documentos não somente no ato da digitalização, mas a manutenção dessas
características ao longo do tempo.
Essa transformação digital, desafiada pela vulnerabilidade do ambiente

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


428
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

digital, instigou as organizações ao redor do mundo a pensarem na preservação


digital dos documentos. Como resultado desse trabalho surgiram vários
modelos, normas e padrões internacionais, tais como a ISO 16363:2012, que é
a norma que permite a certificação de confiança para Repositórios Digitais
Confiáveis (RDC) de organizações públicas ou privadas; o Modelo OAIS (ISO
14721:2012), que é um modelo conceitual que visa identificar os componentes
funcionais que deverão fazer parte de um RDC, e que descreve as interfaces
internas e externas do sistema (produtor, administrador e consumidor), como
também os objetos de informação que são manipulados no seu interior; e a ISO
16919:2014, que é uma recomendação técnica, criada pelo Consultative
Committee for Space Data Systems (CCSDS), que estabelece requisitos para as
entidades de auditoria e certificação de um RDC.
Em relação ao Brasil, a preocupação com a preservação do patrimônio
arquivístico digital se deu principalmente a partir da publicação, em 2005 pelo
Conarq, da Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO),
manifestando a necessidade dos Estados-membros, incluindo o Brasil,
estabelecerem políticas e ações para a proteção do patrimônio digital
(CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2005). Assim, a Carta deu início a
uma série de publicações técnicas do Conselho Nacional de Arquivos, tais como
o e-ARQ Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2011), que apresenta
um modelo de requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística
de Documentos, e a Resolução n.º 43 (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS,
2015a), que estabelece as diretrizes para a implementação de Repositórios
Arquivísticos Digitais Confiáveis.
Em relação ao cenário brasileiro, essa evolução conceitual se deu muito
em direção ao ambiente de preservação dos documentos, com modelos
conceituais que abrangem tanto seus requisitos funcionais, não funcionais e
regras de negócio, quanto requisitos de auditoria e certificação. No entanto, o
mesmo não aconteceu com os ambientes de gestão de documentos e de acesso
e difusão, principalmente em relação aos requisitos de auditoria e certificação.
Nesse contexto, este artigo tem como objetivo principal discutir a importância do

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


429
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

processo de auditoria e certificação em todos os ambientes envolvidos nas três


entidades externas do Modelo OAIS, analisando o cenário brasileiro. Do ponto
de vista arquivístico, essas entidades estão em todo o ciclo de vida dos
documentos arquivísticos digitais, em três ambientes principais: o ambiente de
gestão de documentos, o ambiente de preservação (OAIS Archive) e o ambiente
de acesso e difusão, perpassando toda a cadeia de custódia que acontece agora
no ambiente digital.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, analisando os principais aspectos
envolvidos na auditoria e certificação dos ambientes de gestão de documentos,
preservação, acesso e difusão dos documentos arquivísticos digitais, como
também uma revisão bibliográfica para a contextualização teórica do tema
proposto e fundamentação da pesquisa, “[...] desenvolvida com base em material
já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2002,
p. 44), e documental, por investigar diferentes fontes documentais (GIL, 2002).
Em relação aos procedimentos metodológicos, foi feita uma pesquisa na
documentação produzida por diferentes organizações, nas normativas do
Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) e em artigos científicos de
pesquisadores nacionais e internacionais, especialistas nas áreas investigadas.

2 AUTENTICIDADE E CONFIABILIDADE DOS DOCUMENTOS


ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS

Para que os documentos arquivísticos digitais sirvam para seu propósito,


eles devem ser preservados pelo tempo que for necessário. Assim, a
preservação digital deve manter os documentos autênticos e confiáveis ao longo
do tempo. O e-ARQ Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2020b),
em sua versão mais recente, ainda em consulta pública, esclarece os conceitos
ao apresentar que:
Um documento arquivístico autêntico é aquele que é o que diz
ser, independentemente de se tratar de minuta, original ou cópia,
e que é livre de adulterações ou qualquer outro tipo de
corrupção. Enquanto a confiabilidade está relacionada ao
momento da produção, a autenticidade está ligada à
transmissão do documento e à sua preservação e custódia. Um
documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


430
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

como foi produzido e, portanto, apresenta o mesmo grau de


confiabilidade que tinha no momento de sua produção. Assim,
um documento não completamente confiável, mas transmitido e
preservado sem adulteração ou qualquer outro tipo de
corrupção, é autêntico. (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2020b, p. 37).
Com a transformação digital, a autenticidade e confiabilidade dos
documentos foram colocadas em risco, pois em uma cadeia de custódia digital
os documentos precisam ser, invariavelmente, transmitidos através do tempo e
do espaço em um ambiente digital altamente vulnerável. Isso se dá, por exemplo,
quando um documento é transmitido de seu ambiente de produção para um
ambiente de preservação. Sendo assim, é necessário que a autenticidade e
confiabilidade dos documentos sejam mantidas não somente no momento de
sua produção, mas também durante toda sua transmissão, custódia e
preservação.
A presunção de autenticidade dos documentos arquivísticos
sempre fez parte do processo tradicional de avaliação desses
documentos e é fortemente apoiada na análise de sua forma e
de seu conteúdo, que nos documentos não digitais estão
inextricavelmente ligados ao suporte – isto é, forma, conteúdo e
suporte são inseparáveis. Além disso, essa presunção baseia-
se na confirmação da existência de uma cadeia de custódia
ininterrupta, desde o momento da produção do documento até a
sua transferência para a instituição arquivística responsável pela
sua preservação no longo prazo. Caso essa cadeia de custódia
seja interrompida, o tempo em que os documentos não
estiveram sob a proteção do seu produtor ou sucessor pode
causar muitas dúvidas sobre a sua autenticidade. (CONSELHO
NACIONAL DE ARQUIVOS, 2012, p. 01).
Para isso, é importante que se desenvolvam procedimentos que
estabeleçam controles sobre a produção, transmissão, manutenção e
preservação dos documentos arquivísticos digitais. Esses procedimentos devem
incorporar controles adequados e eficazes para garantir a autenticidade e
confiabilidade dos documentos arquivísticos, e devem especificamente
(INTERPARES 2 PROJECT, 2010b, p. 03):
• Manter a custódia ininterrupta dos documentos
arquivísticos;
• Implementar e monitorar procedimentos de segurança e
controle;
• Garantir que o conteúdo dos documentos arquivísticos e
as anotações e elementos da forma documental não sofram
alterações após a reprodução.

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


431
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Assim, essa cadeia de custódia digital para os documentos arquivísticos digitais


deve contemplar todo o ciclo de vida dos documentos, desde sua produção até
sua destinação final, que é sua preservação ou eliminação.
Destaca-se que esse ciclo de vida contempla três ambientes: o ambiente
de gestão de documentos, o ambiente de preservação e o ambiente de acesso
e difusão, bem como a transição entre eles, que é feita em um ambiente digital
altamente vulnerável e, portanto, sujeito a adulterações. Para que esse processo
de custódia em um ambiente digital altamente vulnerável se dê de forma segura,
é necessário que se criem requisitos de auditoria e certificação para cada um
desses ambientes, e não somente requisitos funcionais, não funcionais e regras
de negócio.

3 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO EM TODA A CADEIA


DE CUSTÓDIA DOS DOCUMENTOS

Em toda e qualquer organização, o processo de certificação de normas,


modelos de referência e padrões é fundamental para que os processos, produtos
e serviços sejam constantemente melhorados. Para isso, a organização deve
passar por um processo de auditoria, seja ela interna ou externa, para que a
organização evolua de forma constante em seu desempenho na execução de
atividades e otimização de processos, a fim de oferecer maior qualidade de seus
serviços. O processo de auditoria, segundo a ABNT/NBR/ISO 19011 (2018, p.
01), é o “processo sistemático, independente e documentado para obter
evidência objetiva e avaliá-la objetivamente, para determinar a extensão na qual
os critérios de auditoria são atendidos”. Uma evidência objetiva são dados que
apoiam a existência e veracidade de alguma coisa, podendo ser obtida por meio
de observação, medição, ensaio ou outros meios. Para o propósito de auditoria,
a evidência objetiva geralmente consiste em registros, declarações de um fato
ou outra informação que seja pertinente para os critérios de auditoria e
verificável. Os critérios de auditoria são o “conjunto de requisitos usados como
uma referência com a qual a evidência objetiva é comparada” (ABNT/NBR/ISO
19011, 2018, p. 02). Assim, o processo de auditoria tem como objetivo preparar

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


432
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

a organização para que ela seja certificada por um órgão competente, conferindo
a qualidade dos serviços prestados.
No processo de preservação digital, em particular numa preservação
digital sistêmica (ativa), que tem como objetivo preservar os documentos
autênticos e confiáveis ao longo do tempo, o processo de auditoria e certificação
é muito importante. Por preservação digital sistêmica entende-se como a devida
integração de um ambiente de gestão de documentos, de um ambiente de
preservação de documentos e de um ambiente de acesso e difusão de
documentos, visando manter a sua autenticidade e confiabilidade ao longo do
tempo, ou seja, não só no momento da produção, como também durante todo o
ciclo de vida dos documentos e pelo tempo que for necessário, mantendo uma
cadeia de custódia digital segura e ininterrupta. O processo de auditoria, consiste
em verificar e avaliar as metodologias adotadas pela instituição, e assim é
possível verificar a conformidade desses ambientes com as normas, modelos e
padrões que foram adotados e o comprometimento com as ações de
preservação digital no que tange a infraestrutura física, técnica e tecnológica
(SANTOS; FLORES, 2015b).

3.1 A NECESSIDADE DE UMA CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA

No ambiente analógico, a transferência física e legal dos documentos de


uma instituição produtora para uma instituição arquivística custodiadora
(sucessor legítimo), ou seja, do produtor para um custodiador confiável,
assegurava uma cadeia de custódia ininterrupta (HIRTLE, 2001). No entanto, no
ambiente digital isso não é verdade, pela especificidade e complexidade do
documento digital e suas vulnerabilidades. Sendo assim, da mesma forma que
os Repositórios Digitais Confiáveis precisaram ser ressignificados, necessitando
de uma adjetivação arquivística, incorporando normas e princípios arquivísticos
para se tornarem Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis, há a mesma
necessidade para uma cadeia de custódia digital, sendo necessária uma Cadeia
de Custódia Digital Arquivística (CCDA), entendida por Gava e Flores (2020, p.
92) como:
[...] uma definição de Cadeia de Custódia Digital Arquivística

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


433
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

(CCDA) deve trazer a ideia de que a cadeia de custódia digital


não pode ser interrompida, e deve ser auditada pela cadeia de
preservação ou outro procedimento capaz dessa garantia no
ambiente digital. Além disso, que a presunção de autenticidade
deve ser mantida quando acontece a mudança de custódia de
um ambiente digital, que por si só é extremamente vulnerável,
para outro, como, por exemplo, de um SIGAD, SIGAD de
Negócio ou qualquer outro sistema de informação digital para
um RDC-Arq, independentemente da fase. Essa presunção de
autenticidade deve vir apoiada pela evidência de que os
documentos não foram modificados ou corrompidos em seus
aspectos essenciais durante a sua transmissão de um ambiente
digital para outro (GAVA; FLORES, 2020, p. 92).
Ou seja, a CCDA pode ser entendida como um princípio aplicável aos
documentos digitais, considerando suas especificidades e complexidades, para
garantir que esses documentos de arquivo não tenham uma ruptura em sua
cadeia de custódia arquivística em um ambiente digital, mantendo-os sempre
confinados em ambientes com requisitos arquivísticos homologados, desde a
sua produção ou representação, transmissão, arquivamento, até a sua guarda
permanente, acesso ou eliminação. Esse processo deve ser desenvolvido com
o devido registro de todas as alterações ocorridas ao longo do tempo, de forma
sistêmica, assegurando, assim, a garantia da autenticidade e confiabilidade dos
documentos ao longo do tempo, em uma abordagem de Preservação Digital
Sistêmica ou Ativa.
Um outro conceito importante neste contexto é o de cadeia de
preservação, que é definida como um “Sistema de controles que se estende por
todo o ciclo de vida dos documentos, a fim de assegurar sua autenticidade ao
longo do tempo.” (INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES, 2012). Embora
esses dois conceitos sejam diferentes, eles se complementam. A cadeia de
preservação, como o próprio nome diz, tem como objetivo garantir a preservação
dos documentos arquivísticos digitais a longo prazo. O projeto InterPARES 2
apresenta um modelo de Cadeia de Preservação – Chain of Preservation (CoP)
como uma sequência de “[...] passos para a produção, manutenção, avaliação e
preservação digital de documentos autênticos” (INTERPARES 2 PROJECT,
2010b, p. 02). Essa cadeia de preservação deve ser observada em todo o ciclo
de vida dos documentos, tal como a cadeia de custódia – Chain of Custody
(CoC). Ou seja, são dois processos que devem ocorrer concomitantemente,

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


434
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

ambos buscando a manutenção da autenticidade dos documentos.


[...] é possível vislumbrar que a CoP se apresenta de forma muito
mais computacional, já que está focada em registrar, por meio de
metadados e modelos computacionais, a sua implementação.
Trata-se de uma abordagem mais técnica e tecnológica e
diferente da abordagem da CoC, que por sua vez, não está
focada num modelo computacional, e sim na ideia de um princípio
arquivístico, de cuidado, de um querer, de um manter a linha
ininterrupta, apresentando a necessidade de cotejar o documento
arquivístico digital. A CoP por sua vez, é a implementação
tecnológica da CoC, que agora, precisa ser ressignificada em um
ambiente digital, já que a CoP não substitui a CoC enquanto
princípio (GAVA; FLORES, 2020, p. 89).
Nesse contexto, o processo de auditoria e certificação será abordado para
cada um dos ambientes envolvidos nas três entidades externas do Modelo OAIS:
o ambiente do produtor, que é o ambiente de gestão dos documentos; o
ambiente do administrador, que é o ambiente de preservação dos documentos;
e o ambiente do consumidor, que é o ambiente de acesso e difusão dos
documentos.
O modelo OAIS é um modelo internacionalmente aceito, e amplamente
utilizado, que tem como objetivo identificar os componentes funcionais que
deverão fazer parte de um sistema de informação dedicado à preservação digital.
O modelo também descreve as interfaces internas e externas do sistema e os
objetos de informação que são manipulados no seu interior (FERREIRA, 2006).
A Figura 1 apresenta os componentes funcionais, os pacotes de informação e
as entidades externas de um sistema de preservação compatível com o Modelo
OAIS (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015a).

Figura 1 – O Modelo de Referência OAIS

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


435
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Fonte: CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (2015a, p. 20)

3.2 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO NO AMBIENTE DE GESTÃO DE DOCUMENTOS

O processo de gestão arquivística dos documentos é definido como o


“Conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção,
tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos arquivísticos em fase
corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda
permanente.” (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2020a, p. 32). No
Brasil, temos dois modelos de gestão de documentos: um modelo para o
contexto do poder Executivo e Legislativo, que é o SIGAD (Sistemas
informatizados de Gestão Arquivística de Documentos), definido pelo e-ARQ
Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2011), que passou
recentemente por uma reformulação (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS,
2020b), estando atualmente em consulta pública. E outro modelo para o contexto
do Judiciário, que é o GestãoDoc (Sistema Informatizado de Gestão de

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


436
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Processos e Documentos), definido pelo MoReq-Jus (CONSELHO NACIONAL


DE JUSTIÇA, 2009).
O e-ARQ Brasil (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2011, p. 09) é
uma “[...] especificação de requisitos a serem cumpridos pela organização
produtora/recebedora de documentos, pelo sistema de gestão arquivística e
pelos próprios documentos, a fim de garantir sua confiabilidade e autenticidade,
assim como sua acessibilidade.” O e-ARQ Brasil estabelece requisitos mínimos
para um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD),
independentemente da plataforma tecnológica em que for desenvolvido ou
implantado. Já o MoReq-Jus (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2009) é
o modelo que estabelece processos e requisitos mínimos que os documentos
digitais e os sistemas informatizados de gestão documental (GestãoDoc)
deverão cumprir com o objetivo de garantir a segurança e a preservação das
informações, assim como a comunicação com outros sistemas. Como exemplo
de outros modelos de sistemas de gestão no âmbito internacional temos a norma
DOD 5015.2-STD3 - Design criteria standard for electronic records management
software applications, dos Estados Unidos da América, os Requirements for
electronic records management systems: Functional requirements 4, do Reino
Unido e a norma AS ISO 15.489/20025, da Austrália, dentre outros. No entanto,
é importante destacar que os modelos de gestão arquivística de documentos
estabelecidos no cenário brasileiro não apresentam requisitos de auditoria e
certificação.
Embora a especificação de requisitos para sistemas de gestão de
documentos no poder executivo, legislativo e judiciário esteja estabelecida, a
prática ainda não tem acompanhado a evolução teórica desses modelos. Além
disso, na iniciativa privada ainda temos um contexto de uso de Sistemas de
Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) e de Enterprise Content
Management (ECM), que não implementam uma abordagem arquivística, nem
em relação à questão orgânica, nem em relação à visão sistêmica da
Preservação Digital ou da Cadeia de Custódia, tendo a necessidade de que

3 https://www.esd.whs.mil/Portals/54/Documents/DD/issuances/dodm/501502std.pdf
4 https://www.nationalarchives.gov.uk/documents/requirementsfinal.pdf
5 https://www.saiglobal.com/pdftemp/previews/osh/as/as10000/15000/154891.pdf

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


437
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

esses sistemas evoluam para um sistema de gestão com requisitos arquivísticos.


No entanto, embora a especificação de requisitos para sistemas de gestão
de documentos esteja bem estabelecida no cenário brasileiro, ainda não existem
normativas no Brasil para a auditoria e certificação de sistemas de gestão de
documentos.

3.3 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO NO AMBIENTE DE PRESERVAÇÃO

No Brasil, a Resolução n.º 43 do Conarq (CONSELHO NACIONAL DE


ARQUIVOS, 2015a) veio como uma resposta para a necessidade da criação do
Arquivo Permanente Digital, definindo as diretrizes para a implementação de
um Repositório Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq). Ou seja, despertou-se
para a necessidade da especificação de um ambiente seguro para a preservação
permanente dos documentos arquivísticos digitais, considerando sua fragilidade,
especificidade e complexidade, principalmente porque era necessário garantir
uma preservação permanente, de 50 anos ou mais (GLADNEY, 2009), e não
mais uma preservação somente de longo prazo, ou seja, de cinco (05) anos a
partir da data de produção do documento digital, como preconizada pelo
Conselho Internacional de Arquivos. Mas, mais do isso, a Resolução n.º 43
também despertou sobre a necessidade do uso de um RDC-Arq em todas as
fases do ciclo de vida dos documentos, e não somente na fase permanente,
quando recomenda a sua adoção pelos órgãos e entidades integrantes do
Sistema Nacional de Arquivos – SINAR, para o arquivamento e manutenção dos
documentos arquivísticos em suas fases corrente, intermediária e permanente
em formato digital, a fim de garantir a autenticidade (identidade e integridade), a
confidencialidade, a disponibilidade e a preservação dos documentos
arquivísticos digitais.
Embora em 2015 o Brasil ainda estivesse iniciando com as iniciativas de
implementação de um RDC-Arq, em outros países a realidade já era diferente:
Em vários países os arquivos nacionais e outras instituições
arquivísticas públicas já contam com uma solução para atuarem
como repositórios digitais confiáveis para os documentos em
fase permanente, e em alguns casos recebem também
documentos em fase intermediária. Alguns deles já têm atuado
fortemente no desenvolvimento de uma infraestrutura de

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


438
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

repositórios para atender aos produtores desde o início do ciclo


de vida dos documentos, como os dos Estados Unidos, Reino
Unido, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Portugal e Noruega
(ROCHA, 2015, p. 190).
A Resolução n.º 43 teve como base várias normas, modelos e padrões
nacionais e internacionais. Dentre eles destacam-se:
1) Norma ISO 16363: 2012, que é uma recomendação técnica a ser usada
como base para fornecer auditoria e certificação da confiabilidade dos
Repositórios Digitais, fornecendo uma especificação detalhada dos critérios
pelos quais os Repositórios Digitais Confiáveis devem ser auditados.
2) Modelo OAIS (Open Archival Information System – OAIS) - norma ISO
14721:2012, que é a norma mais importante da área da Ciência da Informação,
sendo um modelo conceitual desenvolvido pelo Consultive Committee for Space
Data Systems (CCSDS). O Modelo OAIS descreve as funções de um repositório
OAIS (plataforma de preservação) e os metadados necessários para a
preservação e acesso dos materiais digitais gerenciados pelo repositório, que
constituem um modelo funcional e um modelo de informação.
3) TRAC (Trustworthy Repository Audit & Certification: Criteria and
Checklist), que foi publicada em 2007, e apresenta um conjunto de critérios e um
checklist a serem tomados como referência para a certificação de Repositórios
Digitais Confiáveis (RDC).
4) Norma ISO 16919: 2014, que estabelece requisitos para entidades
certificadoras de Repositórios Digitais Confiáveis.
A legislação arquivística brasileira em relação aos RDC-Arq também
evoluiu com a orientação técnica n.º 3 do CONARQ (CONSELHO NACIONAL
DE ARQUIVOS, 2015b), que apresenta cenários com algumas possibilidades de
implantação de um RDC-Arq integrado a um SIGAD (CONSELHO NACIONAL
DE ARQUIVOS, 2020a). O documento ressalta que o uso de um RDC-Arq
juntamente com um SIGAD pode se dar nas três idades dos documentos e de
maneiras distintas. Para isso, o documento apresenta três cenários possíveis
para essa integração:
1) No ciclo de vida completo: neste cenário tem-se o uso de um RDC-Arq
para as idades corrente e intermediária, e outro para a idade permanente. O

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


439
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

RDC-Arq da idade permanente pode ser o de uma instituição arquivística,


envolvendo mudança de custódia, ou o da própria instituição produtora.
2) Nas idades corrente e intermediária: neste cenário o RDC-Arq deve
estar associado ao uso de um SIGAD, a fim de garantir o controle do ciclo de
vida, o cumprimento da destinação prevista e a manutenção da autenticidade e
da relação orgânica. Os documentos arquivísticos armazenados no RDC-Arq
podem ser, por exemplo, documentos sensíveis, sigilosos ou de temporalidade
maior do que cinco (05) anos, de acordo com a política arquivística adotada.
3) Na idade permanente: neste cenário os documentos digitais em idade
permanente têm que ser mantidos e preservados por um RDC-Arq, de maneira
a apoiar o tratamento técnico adequado, incluindo arranjo, descrição e acesso,
para assegurar a manutenção da autenticidade e da relação orgânica desses
documentos.
Sendo assim, em relação ao ambiente de preservação (RDC-Arq), que é
o Arquivo Permanente Digital, além do modelo de requisitos (funcionais, não
funcionais e regras de negócio) de uma plataforma de preservação, que são
definidos pela ISO 14721:2012 (Modelo OAIS), a Resolução n.º 43 incorpora
requisitos de auditoria e certificação, por se basear na norma internacional ISO
16363:2012, que é a norma para auditoria e certificação de Repositório Digitais
Confiáveis (RDC). No entanto, é importante destacar que o modelo de requisitos
de auditoria e certificação contemplado pela Resolução n.º 43 segue uma norma
internacional, e que embora os requisitos estejam nela citados, no Brasil ainda
não existe um modelo de execução que apoie as instituições arquivísticas, de
maneira efetiva, no processo de auditoria e certificação de um RDC-Arq, e nem
em um processo em níveis que permita que as instituições arquivísticas se
adequem à resolução de maneira gradual.
Em relação ao processo de auditoria de um RDC-Arq, Santos (2018, p.
12) corrobora quando diz que:
O processo de auditoria torna-se essencial para demonstrar que
um RDC-Arq está em conformidade com o modelo OAIS e que
segue princípios arquivísticos. A realização de auditorias
periódicas aliadas a uma certificação irá demonstrar que o RDC-
Arq é confiável.

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


440
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Neste sentido, o Conarq criou uma câmara técnica consultiva6 com o


objetivo de elaborar requisitos de certificação e regras de auditoria para os RDC-
Arq. Os objetivos da câmara técnica são:
- Elaborar uma lista de critérios e requisitos a serem cumpridos por um
RDC-Arq, para que ele seja considerado aderente às resoluções do Conarq;
- Definir a metodologia para o diagnóstico, a auditoria e a autocertificação
de RDC-Arq, baseada nas normas ISO 16363:2012 e 16.919:2014 e nas
resoluções do Conarq;
- Definir a metodologia para aferição da maturidade em preservação
digital; e
- Definir a metodologia para monitoramento de RDC-Arq.
Assim, espera-se que trabalhos como a da câmara técnica do Conarq
evoluam e culminem no desenvolvimento de um modelo de execução que apoie
as instituições arquivísticas nesse importante processo de auditoria e
certificação de um RDC-Arq, e que também se evolua para a certificação de
entidades certificadoras de um RDC-Arq no Brasil.
A certificação de entidades certificadoras é importante porque, embora um
RDC-Arq possa e deva se autoavaliar, a certificação deve ser feita por uma
entidade externa. A certificação de terceiros é recomendada pela TRAC
(Trustworthy Repositories Audit & Certification: Criteria and Checklist). O
requisito A3.9 da TRAC (CRL/OCLC, 2007, p. 15, tradução nossa, grifo nosso)
apresenta que:
A3.9 O repositório se compromete com um cronograma regular
de autoavaliação e certificação e, se certificado, compromete-se
a notificar as entidades de certificação sobre mudanças
operacionais que irão alterar ou anular seu status de certificação.
Um repositório não pode se autocertificar porque uma
medição externa e objetiva, usando um processo de certificação
consistente e repetível é necessária para garantir e demonstrar
que o repositório atende e provavelmente continuará a atender
aos requisitos de preservação. Portanto, a certificação é o
melhor indicador de que o repositório atende aos seus requisitos,
cumpre sua função e adere aos padrões apropriados. O
repositório deve demonstrar que integra a preparação e a

6 https://www.gov.br/arquivonacional/pt-
br/canais_atendimento/imprensa/copy_of_noticias/conarq-aprova-criacao-de-camara-tecnica-
para-estabelecer-criterios-de-certificacao-para-rdc-arq

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


441
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

resposta à certificação em suas operações e planejamento.

Assim, a certificação externa é uma forma de garantir transparência nos


processos e aumentar a credibilidade perante a comunidade de interesse. Isso
é importante visto que a sustentabilidade financeira de um RDC-Arq, por
exemplo, necessita continuamente de parcerias e financiamentos. Assim, a
certificação por terceiros trará mais credibilidade para os possíveis parceiros e
investidores.
Além disso, haja vista que muitas instituições, no cenário atual, não têm
condições de desenvolver suas próprias soluções para os ambientes de gestão
de documentos, preservação e acesso e difusão, a definição de requisitos
(funcionais, não funcionais, regras de negócio) irá apoiar as instituições, não
somente no desenvolvimento de suas próprias soluções, como também na
contratação de serviços, oferecidos geralmente por empresas do setor privado,
observando um conjunto mínimo de requisitos necessários para cada uma das
soluções apresentadas. Já os modelos de auditoria e certificação tem sua
importância ao apresentar metodologias que possam: apoiar as instituições no
processo de autoavaliação e adequação aos modelos propostos; avaliar as
soluções desenvolvidas ou contratadas com base nos padrões, modelos,
normas e resoluções adotados; como também fornecer ferramentas suficientes
e adequadas para certificar a qualidade de cada uma dessas soluções.

3.4 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO NO AMBIENTE DE ACESSO E DIFUSÃO

O ambiente de acesso e difusão é o terceiro ambiente envolvido no ciclo


de vida dos documentos arquivísticos, e diz respeito à terceira entidade externa
do Modelo OAIS: o consumidor (Figura 1). O consumidor é o papel
desempenhado por usuários ou sistemas que interagem com o ambiente de
preservação para acessar, por meio de consultas e pedidos, a informação
preservada desejada. Diferentemente dos ambientes de gestão de documentos
e de preservação, o ambiente de acesso e difusão não possui, até o momento,
normativas na legislação arquivística brasileira que apresentem qual é o modelo
de requisitos que esses ambientes devem atender e, consequentemente, não

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


442
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

possuem requisitos de auditoria e certificação. No entanto, há no cenário


nacional e internacional diferentes padrões e normas que apresentam requisitos
arquivísticos que podem ser um ponto inicial para a especificação desse modelo
de requisitos. Como exemplo tem-se a ISAD(G), que é a norma geral
internacional de descrição arquivística, e a NOBRADE, que é a norma brasileira
de descrição arquivística.
Ou seja, as instituições arquivísticas deveriam utilizar sistemas de acesso
e difusão desenvolvidos com base em um modelo de requisitos amplamente
discutido pela comunidade de interesse, a exemplo do que tem acontecido com
os ambientes de gestão de documentos e de preservação. Sendo assim, não se
deveria dar acesso aos documentos arquivísticos por meio de websites, por
exemplo, construídos sem requisitos arquivísticos, ou por meio de mídias
externas, discos rígidos ou bancos de dados, sem contemplar uma cadeia de
preservação e uma cadeia de custódia digital arquivística, mas sim em
Plataformas Arquivísticas de Descrição, Acesso, Difusão e Transparência Ativa
de Informações e Documentos. Uma vez definidos esses requisitos, uma
segunda etapa, não menos importante, é a definição de um modelo de requisitos
de auditoria e certificação, com o objetivo de medir a confiabilidade do ambiente
e o atendimento ao modelo adotado.
Nesse contexto, sem a pretensão de esgotar o assunto, a seguir
apresentam-se alguns requisitos arquivísticos considerados importantes na
especificação de um modelo de requisitos para um ambiente de acesso e
difusão. São eles:
1) Navegação Multinível: o ambiente de acesso e difusão deve ser um
ambiente que permita apresentar os documentos arquivísticos de forma
organizada, dentro de níveis hierárquicos (fundos, séries, dossiês/processos,
itens documentais). Para isso deve adotar normas de descrição arquivística
como a ISAD-G (General International Standard Archival Description) e a
NOBRADE (Norma Brasileira de Descrição Arquivística).
2) Geração automática de instrumentos de pesquisa: o ambiente de
acesso e difusão deve permitir a geração automática de instrumentos de

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


443
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

pesquisa, que também devem ser atualizados de forma automática todas as


vezes que o ambiente receber novos documentos de uma descrição arquivística.
3) Manter a relação orgânica: relação orgânica são relações que um
documento mantém com os demais documentos arquivísticos do órgão ou
entidade e que trazem o contexto no qual o documento foi produzido. Sendo
assim, para que o documento não perca o seu contexto, é importante que essas
relações sejam mantidas. Assim, o ambiente de acesso e difusão deve ser
desenvolvido de forma que preserve e apresente os documentos arquivísticos
mantendo sua relação orgânica.
4) Importação/exportação amigável e em formatos padronizados: o
ambiente de acesso e difusão deve permitir a importação e exportação de dados
(documentos arquivísticos digitais e seus metadados) por meio de uma interface
amigável, em formatos padronizados, preferencialmente formatos abertos,
amplamente usados pela comunidade de interesse. Para permitir a
interoperabilidade entre ambientes, é importante que esses formatos atendam a
padrões internacionais amplamente aceitos.
5) Suporte a padrões de metadados e normas arquivísticas: O ambiente
de acesso deve dar suporte a padrões de metadados e normas de descrição
arquivística amplamente aceitos tais como: ISAD(G) - Norma geral internacional
de descrição arquivística; NOBRADE - Norma Brasileira de Descrição
Arquivística; ISAAR(CPF) - Norma Internacional de Registro de Autoridade
Arquivística para entidades coletivas, pessoas e famílias; ISDIAH - Norma
internacional para descrição de instituições com acervo arquivístico; ISDF -
Norma Internacional para Descrição de Funções; PREMIS - PREservation
Metadata: Implementation Strategies; RAD - Rules for Archival Description etc.
Também é importante que o ambiente dê suporte a taxonomias, e seja
compatível com outros padrões de metadados, mesmo que não arquivísticos,
mas que sirvam para permitir a interoperabilidade entre os ambientes, tais como
os padrões Dublin Core - Esquema de metadados para descrever objetos
digitais; MODS - Metadata Object Description Schema; MADS - Metadata
Authority Description Schema; MARC - MAchine Readable Cataloging etc.;

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


444
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

6) Acessibilidade: o ambiente de acesso e difusão deve adotar modelos


de acessibilidade, com o objetivo de promover a inclusão de pessoas com
necessidades especiais, promovendo sua autonomia e independência. Esse é o
caso do eMAG7, que é o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico, que
tem o compromisso de ser o norteador no desenvolvimento e a adaptação de
conteúdos digitais do governo federal, garantindo o acesso a todos. Seguir as
recomendações de um modelo de acessibilidade permite que a implementação
da acessibilidade digital seja conduzida de forma padronizada.
7) Multilíngue: para aumentar a visibilidade dos documentos digitais
acessados pelo consumidor da informação em um ambiente de acesso e difusão,
as interfaces do usuário, elementos e conteúdo das bases de dados devem
poder ser traduzidos para diferentes idiomas. Assim, é importante oferecer ao
usuário a possibilidade de exibição de uma interface multilíngue, assim como
fornecer ferramentas de tradução das descrições arquivísticas em diferentes
idiomas;
8) Multirepositório: o ambiente de acesso e difusão deve ser construído
para ser usado por uma única instituição ou por várias instituições arquivísticas.
Uma vez que o ambiente de acesso e difusão possa atender várias instituições,
é importante que esse ambiente seja interoperável com qualquer repositório
OAIS.
9) Permitir repopulação do ambiente: em caso de algum problema, como
por exemplo uma invasão maliciosa, que faça com que o ambiente de acesso e
difusão tenha perda de dados, parcial ou total, é importante que esse ambiente
permita a sua repopulação imediata. Ou seja, que todos os documentos
arquivísticos e metadados (objetos digitais e metadados) sejam recuperados da
mesma forma em que foram apresentados pela última vez. Para isso deve ser
possível uma nova importação dos dados da plataforma de preservação para o
ambiente de acesso e difusão.
Vale ressaltar que só será possível pensar em um modelo de requisitos
de auditoria e certificação para o ambiente de acesso e difusão, após ser definido
um modelo de requisitos (funcionais, não funcionais, regras de negócio, além de

7 http://emag.governoeletronico.gov.br/

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


445
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

requisitos arquivísticos). A Figura 2 apresenta um resumo dos principais


elementos discutidos nesta seção.

Figura 2 – Cadeia de preservação e CCDA nos três ambientes do ciclo de vida


dos documentos.

Fonte: Elaborada pelos autores

A Figura 2 apresenta os três ambientes envolvidos nas três entidades


externas do Modelo OAIS, apresentando a necessidade de uma cadeia de
preservação e de uma cadeia de custódia digital arquivística em todo o ciclo de
vida dos documentos. Observando a Figura 2 vê-se que para o Ambiente de
Gestão de Documentos há o e-ARQ, que é o modelo mais destacado no Brasil
com requisitos funcionais, requisitos não funcionais e regras de negócio para os
SIGAD, além do MoReq-Jus. No entanto, não existe um modelo de requisitos de
auditoria e certificação para esse ambiente. Em relação ao ambiente de
preservação, a Resolução n.º 43 do Conarq contempla dois modelos
internacionais: a ISO 14721 e a ISO 16363. A ISO 14721 (Modelo OAIS)
apresenta os critérios que uma plataforma de preservação deve contemplar.
Como exemplo de uma plataforma de preservação tem-se o Archivematica8. A
ISO 16363 lista os critérios que um RDC deve atender, como também apresenta

8 https://www.archivematica.org/pt-br/

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


446
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

requisitos de auditoria e certificação para a verificação da confiabilidade do RDC.


Já o ambiente de acesso e difusão não apresenta, até o momento, nenhum
modelo de requisitos. No entanto, existem diferentes normas e padrões de
descrição arquivística que apresentam vários requisitos arquivísticos que esses
ambientes deveriam adotar. Também existem exemplos de softwares de
descrição arquivística, como é o caso do software livre AtoM9.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A transformação digital ocorrida nas últimas décadas desafiou as


organizações a pensarem na preservação do patrimônio arquivístico digital, que
é constituído dos documentos produzidos no curso de suas atividades. Isso
desafiou as organizações a pensarem na preservação digital, o que culminou no
desenvolvimento de diversas normas, modelos e padrões. No Brasil, desde a
publicação da carta de preservação digital em 2005, o Conarq iniciou uma série
de publicações sobre o tema. No entanto, a evolução dessas normativas
aconteceu principalmente em direção ao ambiente de preservação dos
documentos, com modelos conceituais que abrangem tanto seus requisitos
funcionais, não funcionais e regras de negócio, quanto requisitos de auditoria e
certificação. O mesmo não aconteceu com os ambientes de gestão de
documentos e de acesso e difusão, principalmente em relação aos requisitos de
auditoria e certificação.
Nesse sentido, o artigo teve como objetivo discutir sobre a importância do
processo de auditoria e certificação, chamando a atenção para que esse
processo ocorra em toda a cadeia de custódia digital arquivística, ou seja, em
todos os ambientes envolvidos nas três entidades externas do Modelo OAIS, e
não somente no ambiente de preservação. Somente definindo requisitos para os
ambientes envolvidos, que são o ambiente de gestão de documentos, o
ambiente de preservação e o ambiente de acesso e difusão, e estabelecendo
requisitos de auditoria e certificação para cada um desses ambiente, será
possível manter uma cadeia de custódia digital arquivística, ou seja, uma cadeia

9 https://www.accesstomemory.org/pt-br/

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


447
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

de custódia segura e ininterrupta, que mantêm os documentos arquivísticos


digitais autênticos e confiáveis ao longo do tempo.
Identificou-se que, no cenário brasileiro, há modelos de requisitos para o
ambiente de gestão dos documentos, por meio, por exemplo, do e-ARQ Brasil e
do MoReq-Jus, mas que o mesmo não acontece para os requisitos de auditoria
e certificação. O ambiente de preservação é o mais completo, pois a Resolução
n.º 43 do Conarq apresenta tanto requisitos funcionais, não funcionais e regras
de negócio, quanto requisitos de auditoria e certificação. Já para o ambiente de
acesso e difusão dos documentos, não há ainda um modelo de requisitos,
apenas padrões e normas de descrição arquivística que podem servir como
ponto inicial para sua especificação. Somente depois de se ter um modelo de
requisitos definido será possível a especificação de um modelo de requisitos de
auditoria e certificação.
Concluindo, verificou-se que a certificação externa é uma forma de
garantir transparência nos processos e aumentar a credibilidade perante a
comunidade de interesse. Uma vez que muitas instituições não têm condições
de desenvolver suas próprias soluções para os ambientes de gestão de
documentos, preservação e acesso e difusão, os modelos de requisitos irão
apoiar as instituições, não somente no desenvolvimento de suas próprias
soluções, como também na contratação de serviços. Além disso, modelos de
auditoria e certificação são importantes ao apresentar metodologias que possam
apoiar as instituições arquivísticas no processo de autoavaliação e adequação
aos modelos propostos, na avaliação de soluções desenvolvidas ou contratadas,
como também no fornecimento de ferramentas suficientes e adequadas para
certificar a qualidade das soluções apresentadas.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


19011: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT,
2018.

CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES/ONLINE COMPUTER LIBRARY


CENTER. Trustworthy Repositories Audit & Certification: Criteria and
Checklist. Illinois/Ohio: CRL/OCLC, feb. 2007. v. 1. Disponível em:

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


448
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

https://www.crl.edu/sites/default/files/d6/attachments/pages/trac_0.pdf. Acesso
em: 24 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Carta para preservação


do patrimônio arquivístico digital. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/Carta_preserva
cao.pdf. Acesso em: 14 ago. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Diretrizes para a


Implementação de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-
Arq. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2015a. 31 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf Acesso
em: 04 nov. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Diretrizes para a


presunção de autenticidade de documentos arquivísticos digitais. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 2012. Disponível em: https://www.gov.br/conarq/pt-
br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/conarq_presuncao_autenticidade_completa.pdf. Acesso
em: 21 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Glossário: Documentos


Arquivísticos Digitais. Versão 8.0. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2020a. 54
p. Disponível
em:http://http://antigo.conarq.gov.br/images/ctde/Glossario/glosctde_2020_08_
07.pdf. Acesso em: 21 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Modelo de Requisitos


para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos - e-
ARQ Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2011. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/earqbrasil_mod
el_requisitos_2009.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Modelo de Requisitos


para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos - e-
ARQ Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2020b. v. 2. Disponível em:
https://www.gov.br/conarq/pt-br/assuntos/noticias/conarq-abre-consulta-publica-
visando-a-atualizacao-do-e-arq-brasil/EARQ_v2_2020_final.pdf. Acesso em: 24
mar. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Orientação Técnica nº


3: Cenários de uso de RDC-Arq em conjunto com o SIGAD. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2015b. Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/ctde/Orientacoes/Orientacao_tecni
ca_rdcarq_2015_v8_pub.pdf. Acesso em: 04 jun. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Modelo de Requisitos para Sistemas


Informatizados de Gestão de Processos e Documentos do Poder

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


449
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Judiciário. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2009. Disponível em:


https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/gestao-documental-e-memoria-
proname/gestao-documental/moreq-jus-e-sistemas-informatizados/. Acesso
em: 23 jun. 2021.

FERREIRA, M. Introdução à preservação digital: Conceitos, estratégias e


actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da
Universidade do Minho, 2006. 88 p. Disponível em:
http://eprints.rclis.org/8524/1/livro.pdf. Acesso em: 05 maio 2021.

GAVA, T. B. S.; FLORES, D. Repositórios arquivísticos digitais confiáveis


(RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em um ambiente de gestão
arquivística. Informação & Informação, Londrina, v. 25, n. 2, p. 74-99, jul.
2020. ISSN 1981-8920. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411. Acesso
em: 13 out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,


2002. p. 1-175.

GLADNEY, H. Long-Term Preservation of Digital Records: Trustworthy Digital


Objects. The American Archivist. v. 72, n. 2, p. 401-435. 2009. Disponível em:
https://americanarchivist.org/doi/pdf/10.17723/aarc.72.2.g513766100731832.
Acesso em: 01 jun. 2021.

HIRTLE, P. B. Archival authenticity in a digital age. Páginas A&B, Arquivos e


Bibliotecas (Portugal), n. 6, p. 73-90, 2001. Disponível em:
https://ojs.letras.up.pt/index.php/paginasaeb/article/view/136/128. Acesso em:
29 jun. 2021.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival


Terminology. 2012. Disponível em: https://www.ica.org. Acesso em: 14 jun.
2021.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Produtor. A elaboração e a


manutenção de materiais digitais: diretrizes para indivíduos. Tradução Arquivo
Nacional e Câmara dos Deputados. TEAM Brasil, 2010a. Disponível em:
http://www.interpares.org/ip3/display_file.cfm?doc=ip2_creator_guidelines_book
let--portuguese.pdf. Acesso em: 26 jun.

INTERPARES 2 PROJECT. Diretrizes do Preservador. A preservação de


documentos arquivísticos digitais: diretrizes para organizações. Tradução
Arquivo Nacional e Câmara dos Deputados. TEAM Brasil, 2010b. Disponível
em:
http://www.interpares.org/ip2/display_file.cfm?doc=ip2_preserver_guidelines_bo
oklet--portuguese.pdf. Acesso em: 26 jun.

SANTOS, H. M.; FLORES, D. As vulnerabilidades dos documentos digitais:


Obsolescência tecnológica e ausência de políticas e práticas de preservação

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


450
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

digital. Biblios - Revista de Bibliotecología y Ciencias de la Información,


Tacna, n. 59, p. 45-54, 2015a. Disponível em:
http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/215. Acesso em: 26 jun.
2019.

SANTOS, H. M.; FLORES, D. Repositórios digitais confiáveis para documentos


arquivísticos: ponderações sobre a preservação em longo prazo. Perspectivas
em Ciência da Informação [online], v. 20, n. 2, p. 198-218, jun. 2015b. ISSN
1981-5344. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-5344/2341. Acesso
em: 26 jun. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/1981-5344/2341.

ROCHA, C. L. Repositórios para a preservação de documentos arquivísticos


digitais. Acervo - Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p.
180-191, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/40764.
Acesso em: 04 nov. 2019.

SANTOS, H. M. Manual para auditoria de Repositórios Arquivísticos


Digitais Confiáveis. 2018. Disponível em:
https://www.academia.edu/37334881/MANUAL_PARA_AUDITORIA_DE_REP
OSITORIOS_ARQUIVISTICOS_DIGITAIS_CONFIAVEIS. Acesso em: 26 jun.
2021.

AUDIT AND CERTIFICATION THROUGHOUT THE


ARCHIVAL DIGITAL CHAIN OF CUSTODY

ABSTRACT
Objective: Discuss about audit and certification throughout the entire archival digital
custody chain, covering all environments involved in the three external entities of the
OAIS Model, analyzing the Brazilian scenario. Discuss the importance of the audit and
certification process in all environments involved in the three external entities of the OAIS
Model, analyzing the Brazilian scenario. Methodology: Exploratory, bibliographical and
documentary research, having as main documentary and bibliographic sources the
documentation produced by different organizations, in the norms of the National Council
of Archives and in scientific articles by national and international researchers. Results:
Discussion about the conceptual models of requirements and audit and certification, in
the Brazilian scenario, for the three environments involved in the OAIS Model: the
producer environment, which is the document management environment; the
administrator's environment, which is the environment for preserving documents; the
consumer environment, which is the environment for accessing and disseminating
documents. Conclusions: In the Brazilian scenario, there are models of requirements
for the document management environment, but it does not establish audit and
certification requirements; the preservation environment presents both functional and
non-functional requirements and business rules, as well as audit and certification
requirements; the environment for accessing and disseminating documents does not yet
have established guidelines.

Descriptors: Audit and Certification. Digital Archival Chain of Custody. Document


Management Environment. Preservation Environment. Access and Dissemination

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


451
Tânia Barbosa Salles Gava, Daniel Flores
Auditoria e certificação ao longo da cadeia de custódia digital arquivística

Environment.

AUDITORÍA Y CERTIFICACIÓN EN LA CADENA


DIGITAL ARCHIVISTA DE CUSTODIA

RESUMEN
Objetivo: Discutir sobre auditoría y certificación a lo largo de toda la cadena de custodia
digital de archivos, cubriendo todos los entornos involucrados en las tres entidades
externas del Modelo OAIS, analizando el escenario brasileño. Metodología:
Investigación exploratoria, bibliográfica y documental, teniendo como principales fuentes
documentales y bibliográficas la documentación producida por diferentes organismos,
en las normas del Consejo Nacional de Archivos y en artículos científicos de
investigadores nacionales e internacionales. Resultados: Discusión sobre los modelos
conceptuales de requisitos y auditoría y certificación, en el escenario brasileño, para los
tres entornos involucrados en el Modelo OAIS: el entorno productor, que es el entorno
de gestión documental; el entorno del administrador, que es el entorno para la
conservación de documentos; el entorno del consumidor, que es el entorno para acceder
y difundir documentos. Conclusiones: En el escenario brasileño, existen modelos de
requisitos para el entorno de gestión documental, pero no establece requisitos de
auditoría y certificación; el entorno de preservación presenta requisitos y reglas
comerciales tanto funcionales como no funcionales, así como requisitos de auditoría y
certificación; el entorno de acceso y difusión de documentos aún no cuenta con pautas
establecidas.

Descriptores: Auditoría y Certificación. Cadena de custodia de archivos digitales.


Entorno de gestión de documentos. Entorno de conservación. Entorno de acceso y
difusión.

Recebido em: 09.09.2021


Aceito em: 09.12.2021

Inf. Inf., Londrina, v. 26, n. 4, p. 427 – 452, out./dez. 2021.


452
Políticas de Preservação Digital: o caso dos
arquivos nacionais do Brasil em relação à Colômbia
e Austrália

Tânia Barbosa Salles Gava


Doutora; Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil;
tania.gava@ufes.br; ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3920-5623

Daniel Flores
Doutor; Universidade Federal Fluminense, Niterói, ES, Brasil;
df@id.uff.br; ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8888-2834

Aprese

Resumo: O artigo tem como objetivo discutir sobre políticas de preservação


digital para documentos arquivísticos digitais: o que são, critérios para sua
elaboração, níveis para uma política de preservação digital e seu contexto no
RDC-Arq (Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis), analisando a
estrutura da política de preservação digital do Arquivo Nacional do Brasil com
as políticas do Arquivo Geral da Nação da Colômbia e do Arquivo Nacional da
Austrália. A metodologia adotada foi a da pesquisa exploratória, bibliográfica e
documental. O artigo traz como resultados os principais elementos das políticas
de preservação dos Arquivos Nacionais do Brasil, Colômbia e Austrália, bem
como uma comparação da política do Brasil com as políticas da Colômbia e da
Austrália. Concluímos que a política colombiana é muito mais compacta,
provavelmente por estar associada a um documento muito mais amplo que
apresenta aspectos da preservação digital, ações, estratégias e técnicas de
preservação digital e ações de nível cultural para assegurar a preservação digital.
Em relação à política australiana, observou-se que ela se mostrou mais completa
que a política brasileira, abordando todos os seus aspectos, e trazendo dois itens
a mais: Pesquisa e Colaboração; Habilidades e Treinamento, não contemplados
na política brasileira.

Palavras-chave: Preservação Digital; Política de Preservação Digital; Plano de


Preservação Digital; Critérios para a elaboração de políticas de preservação
digital

1 Introdução

Ao longo do tempo, com a produção cada vez maior de documentos em formato


digital, instituições e organizações ao redor do mundo começaram a se
preocupar com a preservação a longo prazo desse patrimônio digital. No Brasil,
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

um dos marcos iniciais foi a publicação da Carta de preservação do patrimônio


digital. A Carta manifestava a necessidade do estabelecimento de políticas e
ações para a proteção do patrimônio digital (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2005), fundamentando princípios relacionados à preservação,
integridade e fidedignidade das informações (SILVA JÚNIOR; MOTA, 2014),
despertando-se para a necessidade da preservação de todo esse patrimônio
digital.
Por preservação digital entende-se o “Conjunto de ações gerenciais e
técnicas exigidas para superar as mudanças tecnológicas e a fragilidade dos
suportes, garantindo o acesso e a interpretação de documentos digitais pelo
tempo que for necessário” (INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES).
Já Miguel Ferreira (2006, p. 20) entende a preservação digital como a
capacidade de garantir que a informação digital permaneça acessível e com
qualidade de autenticidade suficiente para que possa ser interpretada no futuro,
em uma plataforma tecnológica diferente da utilizada no momento de sua
criação. Além disso, Grácio (2012, p. 14) corrobora ao dizer que a “preservação
digital envolve aspectos técnicos, legais, administrativos e culturais, por lidar
com um patrimônio institucional: a informação digital”. No entanto, há de se
reforçar essas definições com o fato de que, além da necessidade desses
documentos digitais se manterem autênticos ao longo do tempo, eles precisam
ser confiáveis e estarem envolvidos em uma cadeia de custódia digital plena, ou
seja, segura e ininterrupta.
A preservação digital traz muitos desafios, como a obsolescência
tecnológica de hardware, software, suportes de armazenamento e formatos de
arquivos, além de outros desafios, tais como:

[...] a necessidade de uma cultura de preservação digital, tanto nos


criadores da informação digital como nas instituições responsáveis
em preservá-la; o elevado custo das ações de preservação digital,
que exigem recursos financeiros permanentes no orçamento das
instituições; a implantação de um modelo de gestão que atenda às
características da preservação digital. Assim, esses desafios
requerem da preservação digital a busca de soluções para a
recuperação (futura) das informações armazenadas em meio digital.
(GRÁCIO, 2012, p. 14).
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Embora o conceito de preservação digital abranja todos os tipos de


materiais digitais, este artigo tem como objetivo discutir sobre as políticas de
preservação digital para documentos arquivísticos digitais: o que são, quais são
seus elementos principais, seu contexto no RDC-Arq (Repositórios
Arquivísticos Digitais Confiáveis) e, por fim, faz uma análise da estrutura da
política de preservação digital do Arquivo Nacional do Brasil com as políticas
do Arquivo Geral da Nação da Colômbia e do Arquivo Nacional da Austrália.
Também é objetivo do artigo apresentar a diferença entre os termos política de
preservação digital e plano de preservação digital, buscando esclarecer esses
dois conceitos que muitas vezes não são devidamente compreendidos.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, tendo como objetivo discutir
sobre os principais aspectos de uma política de preservação digital. A pesquisa
também é uma pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica pois foi
“desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos” (GIL, 2002, p. 44), e documental, por utilizar fontes
diversificadas e dispersas (GIL, 2002). Em relação aos procedimentos
metodológicos, trata-se de uma pesquisa na qual as principais fontes
documentais e bibliográficas foram textos e artigos científicos provenientes de
organizações e de pesquisadores nacionais e internacionais, especialistas nos
temas relacionados ao trabalho.

2 Política de preservação digital

Uma política pode ser considerada como um conjunto de princípios que devem
ser aplicados para se alcançar um objetivo bem definido. No contexto da
Arquivologia, há de se pensar primeiramente em uma política pública de gestão
arquivística. Segundo Jardim (2006, p. 10), uma política pública arquivística é:
[...] o conjunto de premissas, decisões e ações - produzidas pelo
Estado e inseridas nas agendas governamentais em nome do
interesse social - que contemplam os diversos aspectos
(administrativo, legal, científico, cultural, tecnológico etc.) na
produção, uso e preservação da informação arquivística de natureza
pública e privada.

Embora uma política arquivística seja essencial para a gestão e


preservação adequada de documentos em todas as fases de seu ciclo de vida, e
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

estejam no mais alto nível hierárquico, o foco do artigo serão as políticas de


preservação digital.

Para se elaborar uma política de preservação digital, há que se


observar a constituição de uma equipe multidisciplinar, a preparação
de uma infraestrutura física e de sistemas de informação. A
implantação de uma política desse tipo não é totalmente definitiva,
pois a obsolescência tecnológica a que estão sujeitos os objetos
digitais e seus suportes requer que uma política de preservação
digital seja constantemente revista e adaptada. (SILVA JÚNIOR;
MOTA, 2014, p. 53).

Para o Arquivo Nacional do Brasil, uma política de preservação digital é


entendida como:
[...] um instrumento institucional por meio do qual os órgãos e
entidades definem sua visão sobre a preservação desses
documentos, abrangendo princípios gerais, diretrizes e
responsabilidades, que orientem a elaboração de programas,
projetos, planos e procedimentos, com vistas à preservação e acesso
a documentos arquivísticos digitais autênticos. (ARQUIVO
NACIONAL, 2019, p. 4).

O Arquivo Nacional destaca que uma política de preservação digital


deve ser aprovada pela autoridade de mais alto nível hierárquico na instituição,
com o objetivo de lhe dar maior legitimidade, e que deve possuir características
como imprescritibilidade; ser periodicamente revisada e atualizada; e ser
tecnologicamente neutra (ARQUIVO NACIONAL, 2019). Já o objetivo de uma
política de preservação digital, segundo Silva Júnior e Mota (2014), é servir de
orientação legal para a gestão da preservação dos objetos digitais produzidos,
selecionados e armazenados pelas instituições, e seu acesso a longo prazo,
visando a superação da obsolescência tecnológica tanto dos objetos digitais,
quanto de seus suportes.
No entanto, antes de apresentar critérios para a elaboração de políticas de
preservação digital é importante diferenciar os termos política de preservação
digital e plano de preservação digital. Embora esses termos muitas vezes se
confundam, nesse artigo considera-se a política de preservação digital um termo
mais geral, apresentando objetivos e diretrizes a serem adotadas, considerando
os elementos essenciais para a implantação da Preservação Digital na
organização de forma mais ampla quando comparado a um plano de preservação
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

digital, que visa apresentar aspectos mais técnicos e operacionais, tais como
normas e procedimentos, detalhando as estratégias de preservação que serão
aplicadas. Além disso, espera-se que a política seja tecnologicamente neutra,
omitindo aspectos tecnológicos muito específicos, tais como software,
hardware, suportes e formatos de arquivo, por causa da rápida evolução das
tecnologias digitais, que devem estar detalhados em um plano de preservação.
Assim, espera-se que a política seja revisada numa periodicidade maior do que a
de um plano de preservação, que deve ser constantemente revisado, por causa da
evolução tecnológica, e conforme previsto por cada instituição.
A Digital Preservation Coalition (c2015), embora traga denominações
diferentes para os termos política de preservação digital (Institucional Policies)
e plano de preservação digital (Institucional Strategies), traz contribuições
importantes quando afirma que um plano de preservação digital apoia a
implementação da política, que o desenvolvimento da política deve preceder o
desenvolvimento do plano de preservação digital e que a política deve atender a
uma necessidade organizacional, enquanto os planos de preservação digital
podem servir a diferentes unidades ou divisões de negócios. Além disso, o
documento também apresenta que a política e o plano de preservação digital
fornecem uma base para as atividades relacionadas à gestão de materiais
digitais, como também para o planejamento de custos e financiamentos; e que os
planos de preservação também podem ser usados como um meio flexível de
adaptação das instituições a situações de mudanças.

2.1 Critérios para a elaboração de políticas de preservação digital

Com o andamento das pesquisas ao longo do tempo, os estudos foram evoluindo


no sentido de definir critérios para a elaboração de políticas de preservação
digital. Um desses estudos foi a tese de doutorado de Márdero Arellano (p. 20,
2008), que teve como objetivo geral “formular um conjunto de critérios
necessários à implementação de sistemas de gestão da preservação de
informação científica em documentos digitais”. Segundo o pesquisador, ao se
desenvolver programas e projetos de preservação, há a “[...] necessidade de
chegar a um acordo, no que seria o conjunto mínimo de critérios para o
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

funcionamento de um repositório de preservação da produção científica em


formato digital”. (MÁRDERO ARELLANO, p. 178, 2008, grifo nosso). No
entanto, segundo uma vertente da Ciência da Informação, para que os objetos
digitais possam ser preservados de maneira adequada, esses repositórios devem
ser Repositórios Digitais Confiáveis (RDC), onde os documentos digitais são
preservados e mantidos autênticos ao longo do tempo, devendo atender a
normas, padrões e modelos de referência internacionais. Pode-se destacar três
(03) desses modelos, que são: a ISO 16363:2012, que é a norma que permite a
auditoria e certificação de confiança para Repositórios Digitais de organizações
públicas ou privadas; o modelo de referência OAIS (ISO 14721:2012), que
define um alto nível de modelo de referência para um Open Archival
Information System (Sistema de Informação Arquivística Aberto) “[...] para
organizações e pessoas que criam informações que podem necessitar de
preservação de longo prazo, bem como das organizações que adquirem tais
informações” (MÁRDERO ARELLANO, 2008, p. 88); e a ISO 16919:2014,
que é uma recomendação técnica, criada pelo Consultative Committee for Space
Data Systems (CCSDS), que estabelece requisitos para as entidades de auditoria
e certificação de Repositórios Digitais Confiáveis. Ou seja, ao estabelecer uma
política de preservação há de se verificar um conjunto mínimo de critérios para
o devido funcionamento de uma estrutura organizacional que tenha como
objetivo central preservar e dar acesso aos objetos digitais sob sua gestão.
Nesse contexto, Márdero Arellano (2008, p. 276) propõe um conjunto de
seis (06) critérios que englobam os aspectos gerenciais e institucionais
necessários para o funcionamento de sistemas de gerenciamento de informação
científica em objetos digitais, desenvolvidos com base nos modelos de
referência OAIS e TDR1, reconhecidos internacionalmente. Os critérios
institucionais propostos, de forma resumida, foram:
1) confiabilidade, integrada pelo conjunto de requisitos técnicos e
gerenciais que garante a integridade dos formatos, a permanência do
armazenamento dos dados e a segurança em todas as etapas do
serviço;
2) responsabilidade política, que obriga a instituição a assumir
uma parcela de controle na manutenção dos acervos digitais;
3) sustentabilidade econômica, que define as ações necessárias
para a continuidade do serviço;
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

4) inclusão em repositórios digitais, que estrutura instâncias de


validação de dados, seu caráter científico e da abrangência dos
serviços;
5) transparência, que explicita e documenta as especificações
técnicas para a recuperação, auditoria e certificação dos conteúdos;
6) Acessibilidade de longo prazo, que visa a manutenção técnica
do sistema, suas condições de interoperabilidade, desempenho e
linkage com outros objetos e serviços em rede. (MÁRDERO
ARELLANO, 2008, p. 285, grifo nosso).

Grácio (2012), analisando a preservação digital na gestão da informação,


propõe um modelo processual para as instituições de ensino superior composto
de um conjunto de quinze (15) aspectos divididos em três (3) grupos que
caracterizam a política de preservação digital no contexto proposto: 1) Aspectos
organizacionais; 2) Aspectos legais; e 3) Aspectos técnicos. Os cinco (5)
aspectos organizacionais são: objetivos da instituição; equipe multidisciplinar;
responsabilidades; recursos financeiros e atos administrativos. Os dois (2)
aspectos legais apresentados são as leis e os direitos autorais; e os oito (8)
aspectos técnicos são seleção e descarte; modelos, padrões e iniciativas;
metadados; autenticidade; infraestrutura tecnológica; repositórios institucionais;
estratégias de preservação; suporte. Grácio (2012, p. 75) afirma que apesar de
terem suas próprias especificidades,
[...] esses grupos estão fortemente relacionados, da mesma forma
que os aspectos que os compõem, e estão apoiados nas TICs, que
formam o ambiente onde está inserida a preservação digital, e na
cultura organizacional da instituição.

2.2 A política de preservação digital no contexto do RDC-Arq

RDC-Arq é o acrônimo de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis. O


termo foi definido pela Resolução n.º 43 do Conarq (CONSELHO NACIONAL
DE ARQUIVOS, 2015), que estabelece diretrizes para a implementação de
repositórios arquivísticos digitais confiáveis para o arquivamento e manutenção
de documentos arquivísticos digitais em suas fases corrente, intermediária e
permanente, dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de
Arquivos – SINAR. Embora o termo RDC-Arq tenha sido definido na
Resolução n.º 43 do Conarq, ele surgiu de uma nova redação da Resolução nº
39, que apresentava o termo “Repositórios Digitais Confiáveis de Documentos
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Arquivísticos”. Sobre essa adjetivação arquivística dos Repositórios Digitais


Confiáveis, Gava e Flores (2020, p. 78) esclarecem que:
A mudança de nomenclatura da Resolução nº 39 para a Resolução
nº 43 traz em si um sentido muito mais profundo que se possa
imaginar, agora tendo um Repositório Digital Confiável (RDC)
adjetivado, ou seja, um RDC Arquivístico, com características
específicas. Ou seja, um Repositório Arquivístico deve incorporar
em seu funcionamento princípios e normas arquivísticas, e não
apenas ser um RDC para documentos arquivísticos, no sentido de
gerenciar e preservar apenas um tipo específico de material digital,
dentre tantos outros diferentes tipos de materiais.

Além disso, é importante ressaltar que o RDC-Arq precisa ser visto e


entendido como uma estrutura organizacional, ou seja, “ele possui muito mais
aspectos do que simplesmente lidar com softwares e hardwares que farão a
gestão do documento arquivístico digital no sentido de manter sua autenticidade
e preservação permanente”. (GAVA, FLORES, 2020, p. 82). Para isso, eles
devem cumprir com os requisitos de um Repositório Digital Confiável (RDC),
em nível conceitual, que estejam baseados na norma ISO 16363:2012, que
abrange todos os tipos de materiais digitais, inclusive os documentos
arquivísticos digitais. A Resolução n.º 43 (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2015) apresenta que esses requisitos estão organizados em três
conjuntos, detalhados a seguir:

I. Infraestrutura Organizacional
A. Governança e viabilidade organizacional;
B. Estrutura organizacional e de pessoal;
C. Transparência de procedimentos e arcabouço político;
D. Sustentabilidade financeira;
E. Contratos, licenças e passivos.
II. Gerenciamento do documento digital

A. Admissão: captura de documentos digitais;


B. Admissão: criação do pacote de arquivamento;
C. Planejamento da preservação;
D. Armazenamento e preservação/manutenção do AIP;
E. Gerenciamento de informação;
F. Gerenciamento de acesso.

III. Tecnologia, Infraestrutura Técnica e Segurança

A. Infraestrutura de sistema;
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

B. Tecnologias apropriadas;
C. Segurança.

Atendo-se ao conjunto I. Infraestrutura Organizacional, observa-se o


item “C. Transparência de procedimentos e arcabouço político”, que declara
que:
O repositório deve demonstrar explicitamente seus requisitos,
decisões, desenvolvimento e ações que garantem a preservação de
longo prazo e o acesso a conteúdos digitais sob seus cuidados.
Dessa forma, assegura aos usuários, gestores, produtores e
certificadores que está cumprindo plenamente seu papel enquanto
um repositório digital confiável. (CONSELHO NACIONAL DE
ARQUIVOS, 2015, p. 12).

Assim, o RDC-Arq deve possuir “políticas e definições, acessíveis


publicamente, que demonstrem como os requisitos do serviço de preservação
serão contemplados;” (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015, p.
12), como também “possuir políticas, procedimentos e mecanismos de
atualização, na medida em que o repositório cresce e a tecnologia e práticas da
comunidade evoluem;” (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2015, p.
12). Nesse contexto, vê-se claramente a exigência de um RDC-Arq possuir uma
política de preservação digital, que também prevê o desenvolvimento de planos
de preservação digital.
Outro item a ser considerado nesse conjunto é a “B. Estrutura
organizacional e de pessoal”, que declara que o RDC-Arq deve ter “uma equipe
dotada de qualificação e formação necessárias, e em número suficiente, para
garantir todos os serviços e funcionalidades pertinentes ao repositório”. No
entanto, é importante frisar que a estrutura organizacional deve ser estabelecida
na forma de papéis a serem desempenhados, previsto pela política de
preservação digital do RDC-Arq, e não meramente na atribuição de profissionais
específicos para cargos administrativos. Antes, esses profissionais devem ser
nomeados por portaria ou ato administrativo, com mandato, e definição de
suplentes (para casos de impedimento do titular). Blattmann et al. afirmam que
os papéis são um dos principais componentes de uma organização, e que
definem e norteiam o seu funcionamento, e que os papéis são “elementos
discriminadores, eles diferenciam os indivíduos a partir dos cargos e funções a
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

eles atribuídos na organização [...] (BLATTMANN et al., 2005, p. 242). A


diferenciação de indivíduos de seus cargos e funções, ou seja, dos papéis que
eles desempenham dentro de uma organização, é importante para dar
continuidade aos trabalhos desenvolvidos, independentemente de quem está
ocupando um dado papel em um determinado momento.
Especificamente em relação à Preservação Digital Sistêmica, é
importante destacar dois diferentes papéis: o Administrador de Preservação, que
é o papel desempenhado pela pessoa ou pessoas que têm como responsabilidade
tratar as questões arquivísticas da preservação digital e o Administrador de TI,
que é o papel desempenhado pela pessoa ou pessoas que têm como
responsabilidade tratar das questões tecnológicas da preservação digital. Esses
papéis trabalham em dois ambientes diferentes de uma plataforma de
preservação, como por exemplo o Archivematica2. O ambiente do administrador
de preservação é um ambiente que lida com as questões arquivísticas da
preservação, que devem ser tratadas com base em uma política e planos de
preservação digital. Já o ambiente do administrador de TI envolve os aspectos
tecnológicos da preservação digital.
É importante observar que as ações do administrador de TI deixam de ser
uma preocupação do profissional do arquivo, e passa a ser responsabilidade de
um profissional de TI. Isso aumenta a qualidade dos serviços, pois cada papel
será desempenhado por profissionais com formação especializada, tanto na área
arquivística quanto na área tecnológica. Sendo assim, esses dois papéis tornam-
se colaboradores essenciais para uma custódia de digital arquivística
compartilhada e fortalecida pela multidisciplinaridade dessas duas áreas
envolvidas: arquivologia e tecnologia da informação. Nessa abordagem de
preservação digital sistêmica, a eliminação de documentos arquivísticos digitais
de longa temporalidade, por exemplo, que cumpriram seus prazos de guarda, e
vários outros exemplos, são uma ação conjunta e orquestrada por esses dois
papéis, que têm a responsabilidade de manter uma cadeia de custódia
arquivística digital ininterrupta e segura, gerindo a transição dos documentos
arquivísticos digitais entre os ambientes de gestão documental; de preservação e
de acesso e difusão, e baseada em políticas e planos de preservação digital. Ou
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

seja, nessa abordagem não existe mais o cenário em que o profissional do


arquivo tem autoridade plena para eliminar documentos arquivísticos. Antes, há
a necessidade de se seguir um fluxo de trabalho, e que o administrador de
preservação solicite essa exclusão ao administrador de TI, que é responsável
pela gestão do ambiente de TI, que envolve o armazenamento e a segurança dos
dados. Ou seja, as ações de preservação dos documentos arquivísticos digitais
tornam-se ações compartilhadas por esses dois papéis, reforçando a necessidade
de uma cadeia de custódia digital compartilhada.

2.3 Estabelecendo níveis para uma política de preservação digital

O Council of State Archivists (CoSA) é uma organização sem fins lucrativos dos
arquivos do governo estadual e territorial dos Estados Unidos da América. O
CoSA oferece suporte aos arquivos estaduais e territoriais para preservação e
acesso dos documentos governamentais (government records). O CoSA facilita
a criação de redes, o compartilhamento de informações e a colaboração de
projetos entre suas organizações membro para ajudar os arquivos com suas
responsabilidades em proteger os direitos e documentos históricos do povo
americano. Uma de suas iniciativas é o Framework SERP (State Electronic
Records Preservation) que fornece informações e orientações sobre quinze (15)
diferentes áreas associadas à preservação digital, e como avançar nessas áreas. O
Framework SERP é baseado no Modelo de Maturidade da Capacidade de
Preservação Digital (Digital Preservation Capability Maturity Model) e foi
desenvolvido como uma ferramenta para ajudar os programas de arquivo a
melhorar suas pontuações de autoavaliação, solicitadas pelo CoSA 3. Além de
definir níveis para cada elemento do Framework, ele também fornece
informações sobre como avançar nos níveis, de acordo com a evolução de cada
organização em relação à capacidade de preservação digital4. As quinze áreas
(15) do Framework SERP são: política, estratégia, governança, colaboração,
conhecimento técnico, padrões abertos/formatos neutros, comunidade
designada, pesquisa de registros eletrônicos, ingestão, armazenamento,
renovação de dispositivos/mídias, integridade, segurança, metadados de
preservação e acesso.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Nesse artigo o foco está em analisar os níveis do elemento política. Os


níveis do elemento política encontram-se apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 - Níveis do Elemento Política (Policy) do Framework SERP

DEFINIÇÃO: A unidade governamental encarregada de garantir a preservação e o acesso, de


forma permanente, aos documentos eletrônicos legais, fiscais, operacionais e históricos deve
emitir sua política de preservação digital por escrito, incluindo sua finalidade, escopo,
responsabilidade e a abordagem para a gestão operacional e sustentabilidade dos repositórios
digitais confiáveis.

Nível 0 A unidade de Gestão de Documentos e Arquivos não possui uma política de


preservação digital por escrito.

Nível 1 A unidade de Gestão de Documentos e Arquivos possui uma política de preservação


digital em desenvolvimento, mas ainda não foi aprovada ou publicada.

Nível 2 A unidade de Gestão de Documentos e Arquivos publicou uma política de


preservação digital e ela é amplamente divulgada às partes interessadas.

Nível 3 A unidade de Gestão de Documentos e Arquivos realiza periodicamente uma


autoavaliação e relata sua aderência à política de preservação digital.

Nível 4 A unidade de Gestão de Documentos e Arquivos analisa e atualiza a política de


preservação digital pelo menos a cada dois anos. A política deve ser revisada
regularmente para determinar se as informações ainda são aplicáveis com base nas
necessidades e circunstâncias atuais do negócio.
Fonte: Elaborado pelos autores.

O esquema de níveis é interessante para que uma organização possa se


adequar aos critérios estabelecidos de forma gradual, uma vez que a preservação
digital é um tema complexo, que exige altos investimentos, de forma contínua,
em infraestrutura física e tecnológica, bem como em recursos humanos
especializados. Além da definição de cada nível, o Framework também
apresenta os requisitos necessários para a transição entre os níveis5.
A próxima seção apresenta uma análise dos principais elementos das
políticas de preservação digital dos Arquivos Nacionais do Brasil, Colômbia e
Austrália, finalizando com uma comparação entre eles.

3 Uma análise da política de preservação digital do Brasil com as políticas


da Colômbia e Austrália
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Esta seção apresenta um resumo dos principais pontos das políticas de


preservação do Brasil, Colômbia e Austrália, fazendo uma breve análise da
política brasileira com as políticas colombiana e australiana.

3.1 A política de preservação digital do Arquivo Nacional do Brasil

O Arquivo Nacional (AN) do Brasil é um órgão público, atualmente vinculado


ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que tem como responsabilidade a
gestão, preservação e difusão de documentos da administração pública federal.
Em 25 de março de 2010, o AN, por meio da portaria nº 34, instituiu o Programa
Permanente de Preservação e Acesso a Documentos Arquivísticos Digitais – AN
Digital, com o objetivo de dotar o Arquivo Nacional do Brasil com uma
infraestrutura organizacional e tecnológica capaz de preservar e dar acesso aos
documentos digitais por ele recolhidos. Assim, foi publicada em 2010 a primeira
versão da Política de Preservação Digital do AN Digital, que declara os
princípios que norteiam a abordagem de preservação digital do programa e
define os procedimentos para entrada, tratamento técnico, preservação e acesso
aos documentos digitais. Em 2016 o documento foi atualizado para sua segunda
versão, que foi publicada por meio da Portaria AN nº 16 de 25 de janeiro de
2017, em decorrência dos avanços tecnológicos, diversificação dos tipos de
documentos com garantias de preservação no AN Digital e necessidade de
adequação de alguns procedimentos. A seguir apresentam-se os quatro (04)
elementos da política:
1. Contexto: apresenta o Arquivo Nacional, o Programa AN Digital, seus
objetivos e âmbito de atuação; os objetivos da Política de Preservação Digital;
um conjunto geral de princípios que fundamentam o Programa AN Digital, que
foram inspirados no Projeto InterPARES (custodiador de confiança,
autenticidade dos documentos, cópias autênticas, preservação dos componentes
digitais, direitos de propriedade intelectual, grau de sigilo, restrição de acesso,
organização e descrição arquivística); o contexto jurídico e normativo ao qual o
Programa AN Digital está submetido; o plano de sucessão do Programa AN
Digital; as responsabilidades da Coordenação-Geral de Processamento Técnico
– COPRA, Coordenação-Geral de Gestão de Documentos – COGED e
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Coordenação de Tecnologia da Informação (COTIN) em, respectivamente,


receber os documentos digitais e gerenciar o acervo digital; monitorá-los até a
alocação final na área de armazenamento permanente do repositório do AN
Digital; manutenção e segurança da infraestrutura de armazenamento e rede de
dados, atribuição e monitoramento das permissões de acesso e realização das
cópias de segurança.
2. Entrada dos Documentos Digitais: apresenta a etapa preliminar de
entrada dos documentos digitais no Arquivo Nacional que inclui quatro fases:
submissão, verificação, validação e aceitação/rejeição; os critérios para entrada
de documentos levando em consideração a proveniência, valor, natureza e tipo
dos documentos, formatos normalizados, inteligibilidade da informação contida
nos documentos, restrições de acesso, gestão de direitos e condições de
preservação; os procedimentos para envio e recebimento de documentos para o
repositório do AN Digital; os procedimentos pós entrada dos documentos.
3. Preservação: apresentam os compromissos de preservação e as
características (propriedades significativas) dos seguintes tipos de documentos:
texto estruturado, imagem matricial, imagem vetorial, áudio, audiovisuais,
mensagem de correio eletrônico, apresentação de slides e planilha;
um conjunto mínimo de metadados descritivos para apoiar a autenticidade dos
documentos, que são: autor, destinatário, produtor, data de criação, data de
recebimento, âmbito e conteúdo, código de referência original, título e
dimensão; a estratégia de preservação adotada (normalização dos formatos de
arquivo no momento da inserção dos documentos no repositório;
monitoramento dos formatos em uso; e migração sempre que verificada a
necessidade, devido ao avanço da tecnologia e a decorrente obsolescência
tecnológica); a infraestrutura e dispositivos de armazenamento para garantir a
integridade e permanência dos objetos digitais ao longo do tempo; os requisitos
básicos de infraestrutura e procedimentos de segurança que devem ser
atendidos.
4. Acesso: apresentam os usuários do repositório digital do AN Digital e
como é feito o registro de usuários do repositório e restrições de acesso; as
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

formas de consulta e visualização tanto dos documentos digitais originais quanto


de suas cópias.
O Arquivo Nacional do Brasil também publicou, em 2019, um
documento apresentando alguns pontos considerados fundamentais a serem
observados na elaboração de políticas de preservação de documentos
arquivísticos digitais (ARQUIVO NACIONAL, 2019).

3.2 A política de preservação digital do Arquivo Geral da Nação da


Colômbia

O documento “FUNDAMENTOS DE PRESERVACIÓN DIGITAL A LARGO


PLAZO” (ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA, 2018), do
Arquivo Geral da Nação (AGN) da Colômbia tem como objetivo oferecer um
instrumento para apoiar entidades no âmbito da Lei Geral de Arquivos e para
estabelecer ações de preservação digital a longo prazo em conformidade com a
política de arquivos e normativa vigente relacionada à gestão documental. O
documento fornece uma estrutura conceitual para a preservação digital, que
permite compreender os fundamentos da preservação digital de longo prazo no
âmbito do Programa de Gestão Documental da Colômbia, além de proporcionar
as bases conceituais, normativas e técnicas para a formulação da política de
preservação digital e planos de preservação digital a longo prazo dentro do
conceito de arquivo digital. Diferentemente do Arquivo Nacional do Brasil, que
apresenta um documento específico para sua Política de Preservação Digital, o
documento colombiano é mais geral, apresentando outros elementos, que são: 1)
Introdução; 2) Preservação Digital; 3) Política de Preservação Digital; 4) Ações
de Preservação Digital; 5) Estratégias e Técnicas de Preservação digital; 6)
Ações a nível cultural para assegurar a Preservação digital.
A Política de Preservação Digital do AGN da Colômbia tem como
objetivo identificar e descrever as razões que motivaram a instituição a criar o
arquivo digital e a desenvolver a política de preservação digital, os benefícios da
política, escopo, as problemáticas mais importantes discutidas, as estratégias e
limitações da instituição e outros aspectos específicos e relevantes relacionados
com a preservação digital. As principais referências da política são o Modelo de
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Referência OAIS (Open File Information System), o quadro normativo


relacionado com a preservação digital, tendo como instrumento para seu
desenvolvimento o plano de preservação digital de longo prazo (ARCHIVO
GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA, 2018). A seguir apresentam-se os
quatro (04) elementos do item 3) Política de Preservação Digital:
1. Modelo de Referência OAIS: apresenta o Modelo de Referência
OAIS, apresentando os atores produtor, direção e usuário; o modelo funcional e
suas entidades funcionais: módulo de admissão, módulo de armazenamento,
módulo de gestão de dados, módulo de administração, módulo de planejamento
de preservação e módulo de acesso; o modelo de informação apresentando a
estrutura de pacotes de informação de transferência, de arquivo e de consulta.
2. A Preservação Digital no Quadro Jurídico Colombiano: apresenta o
marco legal colombiano e as referências relacionadas ao processo de
preservação a longo prazo vigentes.
3. Plano de Preservação Digital a longo prazo: apresenta o Plano de
Preservação Digital a longo prazo, que é uma declaração por escrito e autorizada
pela mais alta administração da entidade. O plano define o conjunto de ações a
curto, médio e longo prazo que implementam os programas, estratégias,
processos e procedimentos que visam garantir a preservação a longo prazo dos
documentos eletrônicos do arquivo. O plano é formulado de acordo com a
política de preservação digital da entidade e com instrumentos de arquivo, tal
como o diagnóstico abrangente.
4. A Política Preservação Digital dentro da Gestão do Estado: apresenta a
importância da política de preservação no contexto da gestão do Estado, que é
contribuir para o desenvolvimento dos deveres e políticas do Estado, fornecer as
garantias para a salvaguarda dos direitos dos cidadãos, apoiar a gestão
administrativa do Estado e garantir a continuidade do patrimônio documental
digital da nação.
O documento (ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA,
2018) também apresenta um anexo (Anexo I) com a estrutura para a elaboração
de Políticas de Preservação Digital, tendo como referência sua própria política
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

de gestão documental. Segundo o documento, a estrutura de uma política de


preservação digital deve conter os seguintes itens:
1. Introdução ou Propósito: Contextualização e articulação da
necessidade da política. Levantamento da responsabilidade assumida pela
preservação dos documentos digitais.
2. Mandato: Declaração da missão ou estatutos da organização que
abordam legalmente, institucionalmente e tecnicamente a responsabilidade da
preservação digital de uma forma explícita, bem como os requisitos para a
preservação dos objetos digitais.
3. Objetivos: Descrição das intenções da instituição ou de um programa
de preservação digital de uma organização.
4. Escopo: Declaração que estabelece limites quanto ao que a entidade
vai preservar, estabelecendo prioridades entre os diversos documentos digitais.
5. Benefícios: Identificação e articulação dos desafios e riscos associados
ao processo de preservação digital.
6. Princípios: Declaração que se refere aos valores e filosofia que a
organização se baseia para executar seu programa de preservação digital.
7. Funções e Responsabilidades: Identificação dos diferentes papéis no
processo de preservação digital. Se é possível acumular papéis em uma entidade
ou dentro de uma mesma área, bem como estabelecer papéis de grupo ou
individuais. A descrição deve ser feita de acordo com a estrutura orgânico-
funcional da entidade.
8. Colaboração: Declaração que reconhece que a preservação digital é
uma responsabilidade compartilhada da comunidade designada, identificando
medidas que devem ser tomadas para a cooperação e colaboração.
9. Seleção e Aquisição: Gestão administrativa realizada de acordo com
os requisitos estabelecidos para a gestão de uma coleção ou conjunto de
documentos digitais de um arquivo digital;
10. Acesso e Uso: Declaração que aborda o conceito de acesso aberto,
bem como os níveis de restrição de acesso.
11. Referências: Descrição do conjunto de padrões e identificação de
outras normas e políticas mencionadas no documento de política.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

12. Estrutura Conceitual: Criação de uma lista de termos usados no


documento com base nas definições de padrões técnicos, bem como das
diretrizes e normativas sobre arquivos gerados pelo Arquivo Geral da Nação.
Em relação à Colômbia, nota-se que os itens do Anexo I do documento
geral apresentando os fundamentos da preservação digital a longo prazo
(ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA, 2018), que dá um
exemplo dos aspectos que deveriam contemplar uma política de preservação
digital de uma entidade, é mais completo do que os elementos propriamente
ditos no item 3) Política de Preservação Digital do documento, que contempla
apenas quatro (4) elementos, conforme apresentado no início desta seção: 1)
Modelo de Referência OAIS; 2) A Preservação Digital no Quadro Jurídico
Colombiano; 3) Plano de Preservação Digital a longo prazo; e 4) A Política
Preservação Digital dentro da Gestão do Estado. Uma possibilidade é que o
AGN da Colômbia tenha considerado o documento geral como sua política de
preservação digital, sendo talvez um equívoco conceitual ou terminológico.

3.3 A política de preservação digital do Arquivo Nacional da Austrália

Os Arquivos Nacionais da Austrália (National Archives of Australia - NAA)


possuem diversas políticas, dentre elas uma Política de Preservação Digital6, que
desde junho de 2020 está na versão 1.4. A Política de Preservação Digital
australiana é dividida nos seguintes itens:
1. Declaração de Política: declaração de que os Arquivos Nacionais da
Austrália protegerão, preservarão e fornecerão acesso a documentos digitais de
valor duradouro.
2. Objetivos da Política: apresentam os riscos de preservação digital que
serão abordados; descreve os princípios e abordagens de arquivamento digital
adotados pelos Arquivos Nacionais da Austrália para mitigar esses riscos tanto
quanto possível; outros documentos, procedimentos, normas e orientações que
serão desenvolvidos no futuro para tratar de aspectos específicos da política e
grupos-alvo que serão atingidos.
3. Documentos Relacionados: apresentam outras políticas e estratégias
importantes às quais a Política de Preservação da Austrália está relacionada.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

4. Alcance: apresenta o escopo da política, que se aplica a documentos


digitais de valor duradouro, os quais incluem: 1) documentos nato digitais; 2)
documentos digitalizados que foram criados na forma analógica, mas foram
posteriormente convertidos para a forma digital por uma dos seguintes razões:
Negócio: Criado por uma agência; Preservação: Criado por uma agência ou
Arquivo para padrão de preservação; Acesso: Criado por agência ou Arquivo;
General Records Authority 31 e Destinação de documentos sob Custódia do
Arquivo, seguindo a Digitalização: Criado por uma agência ou Arquivo para
padrão de preservação e subsequente eliminação dos documentos analógicos.
5. Padrões: apresentam modelos e padrões conceituais (que inclui o
Modelo OAIS - ISO 14721:2012) e um Modelo de Performance; padrões de
metadados; padrões de formato de arquivo; padrões internos para digitalização,
formatos de preservação, transferência, armazenamento e recuperação.
6. Princípios: apresentam os princípios no qual a política se baseia, que
são: autenticidade; integridade; acesso contínuo e uso dos documentos;
estratégias de preservação e direito autoral.
7. Requisitos de Política: apresentam os requisitos da política que
incluem: Captação de documentos digitais; gerenciamento de armazenamento;
abordagens de preservação digital; metadados de preservação e entrega de
documentos digitais.
8. Habilidades e Treinamento: declaração de que o NAA assegurarão que
suas atividades de preservação digital serão realizadas por pessoal suficiente
com as habilidades adequadas.
9. Pesquisa e Colaboração: declaração de que o NAA manterão relações
profissionais com a comunidade internacional e local de preservação digital e
que, quando apropriado, poderá participar ativamente de iniciativas, por meio de
parcerias e colaboração com outras organizações.
10. Papéis e Responsabilidades: apresentam os papéis envolvidos e suas
responsabilidades, incluindo a infraestrutura de TIC (Tecnologia da Informação
e Comunicação) e diferentes áreas do Arquivo.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

11. Arquivamento Digital e outros padrões: apresentam os padrões com


as quais a política está alinhada ou faz referência, que inclui a Legislação
nacional e padrões nacionais e internacionais.

3.4 Uma análise da política do Brasil em relação às políticas da Colômbia e


Austrália

O Quadro 2 apresenta uma análise dos principais elementos das políticas do


AGN da Colômbia e da NAA da Austrália comparadas com a política de
preservação digital do AN do Brasil.
Quadro 2 - Análise das políticas do Brasil, Colômbia e Austrália
Brasil Colômbia Austrália
Contexto A Preservação Digital no Declaração de Política
Quadro Jurídico Colombiano Objetivos da Política
Documentos Relacionados
Alcance
Padrões
Princípios
Arquivo Digital e outros
padrões
Papéis e Responsabilidades

Entrada dos Documentos Modelo de Referência OAIS Padrões


Digitais
Preservação Requisitos de Política
Acesso

Não contemplado Não contemplado Pesquisa e Colaboração


Não contemplado Não contemplado Habilidades e Treinamento

Não contemplado Plano de Preservação Digital Não contemplado


a longo prazo
Não contemplado A Política Preservação Não contemplado
Digital dentro da Gestão do
Estado

Fonte: Elaborado pelos autores.

Observando a Tabela 2, vê-se que o item Contexto da política de


Preservação Digital do Brasil apresenta o Arquivo Nacional e os objetivos e
âmbito de atuação do Programa de Preservação Digital no qual a política de
preservação digital está inserida, bem como o objetivo da política, princípios,
contexto jurídico e normativo, plano de sucessão e responsabilidades, que não
estão associadas a papéis, mas a coordenações dentro do Arquivo Nacional.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Comparando esse item com a política de preservação digital da Colômbia, vê-se


que ele está associado ao item A Preservação Digital no Quadro Jurídico
Colombiano. Já em relação à política australiana, ele está associado aos itens:
Declaração de Política; Objetivos da Política; Documentos Relacionados;
Alcance; Padrões; Princípios; Arquivo Digital e outros padrões; e Papéis e
Responsabilidades. Já os itens Entrada dos Documentos Digitais, Preservação e
Acesso da política brasileira estão associados ao item Modelo de Referência
OAIS da política colombiana, pois o modelo apresenta uma estrutura conceitual
relacionada à admissão, administração, gestão de dados, planejamento de
preservação, armazenamento e acesso dos documentos digitais. Em relação à
política australiana, o item está associado aos itens: Padrões e Requisitos de
Política. Vê-se também que o item Pesquisa e Colaboração e Habilidades e
Treinamento só são contemplados na política de preservação australiana; e que
os itens Plano de Preservação Digital a longo prazo e A Política de Preservação
Digital dentro da Gestão do Estado só são contemplados na política de
preservação colombiana. Embora o item A Política de Preservação Digital
dentro da Gestão do Estado não esteja contemplado na política brasileira, ou
seja, a política não faz menção a uma política pública de gestão arquivística, que
ainda está em análise no contexto brasileiro, a política de preservação digital
brasileira apresenta o Programa de Preservação Digital (AN Digital) no qual ela
está inserida.

4 Considerações finais

Esse artigo teve como objetivo discutir sobre as políticas de preservação digital
para documentos arquivísticos digitais, apresentando inicialmente os conceitos
de política, política pública de gestão arquivística e políticas de preservação
digital para documentos arquivísticos digitais. O artigo também apresenta que ao
se estabelecer uma política de preservação, há de se verificar um conjunto
mínimo de critérios para o devido funcionamento de uma estrutura
organizacional que faz a gestão dos objetos digitais. Apresenta também a
importância de uma política de preservação digital no contexto dos Repositórios
Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq), que define aspectos mais teóricos
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

e gerais da preservação digital, prevendo o desenvolvimento de planos de


preservação digital, que devem especificar aspectos mais técnicos e específicos.
Além disso, o artigo destaca a necessidade de se estabelecer níveis para uma
política de preservação digital, a fim de que cada organização possa se adequar
aos critérios estabelecidos de forma gradual, uma vez que a preservação digital é
um tema complexo, que exige altos e contínuos investimentos em infraestrutura
física e tecnológica e de recursos humanos especializados.
O artigo também analisa a estrutura da política de preservação digital do
Arquivo Nacional do Brasil com as políticas de preservação digital do Arquivo
Geral da Nação da Colômbia e do Arquivo Nacional da Austrália. Em relação à
política de preservação digital da Colômbia, vê-se que esta é muito mais
compacta, provavelmente por estar associada a um documento muito mais
amplo que apresenta aspectos da preservação digital (conceitualização, alcance e
princípios), bem como ações, estratégias e técnicas de preservação digital e
ações de nível cultural para assegurar a preservação digital. No entanto, embora
esses aspectos não apareçam de forma explícita na política de preservação
digital colombiana, nota-se que eles são de alguma forma contemplados na
estrutura proposta para a elaboração da política de preservação digital de uma
dada entidade. Esse pode ser um indício de que o Arquivo Geral da Colômbia
tenha considerado o documento mais amplo, que apresenta os fundamentos de
preservação digital a longo prazo, como a própria política de preservação, sendo
talvez um equívoco conceitual/terminológico. Já em relação à política
australiana, observou-se que ela se mostrou mais completa que a política
brasileira, abordando todos os seus aspectos, e trazendo dois itens a mais,
relacionados à Pesquisa e Colaboração; e Habilidades e Treinamento, não
contemplados na política brasileira.
Ressalta-se, portanto, o papel das políticas, em especial da política de
preservação digital, como um instrumento de apoio à transformação digital em
seu cenário ideal, ou seja, orientada por uma inovação sustentada, e não como
uma disruptura que se afasta de normas, modelos, padrões, requisitos e
princípios arquivísticos, e que inevitavelmente requer, em curto ou médio prazo,
algum tipo de adequação de custos e riscos não planejados previamente.
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

Referências

ARQUIVO NACIONAL. AN Digital: Política de Preservação Digital. Rio de


Janeiro, 2016. 37 p. 2 v. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-
br/canais_atendimento/imprensa/noticias/programa-an-digital. Acesso em: 18
mail. 2021.

ARQUIVO NACIONAL. Recomendações para elaboração de Política de


Preservação Digital. Rio de Janeiro, 2019. 24 p. Disponível em:
https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/servicos/gestao-de-
documentos/orientacao-tecnica-1/recomendacoes-tecnicas-1/recomendacoes-
tecnicas. Acesso em: 19 mai. 2021.

ARCHIVO GENERAL DE LA NACIÓN COLOMBIA. Fundamentos de la


Preservación Digital a largo plazo. Bogotá, 2018. 55 p. Disponível em:
https://www.archivogeneral.gov.co/el-agn-presenta-el-manual-fundamentos-de-
preservacion-digital-largo-plazo. Acesso em: 28 mai. 2021.

BLATTMANN, Ursula; BORGES, Ilma; BERNARDES, Lúcia de Lourdes


Rutkowski. Mudança organizacional e o local de trabalho: reflexões.
Organization changes and working place: discussions. p. 240-250. Revista
ACB, [S.l.], v. 7, n. 2, p. 240-250, ago. 2005. ISSN 1414-0594. Disponível em:
https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/396/492. Acesso em: 05 mai. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Carta para preservação do


patrimônio arquivístico digital. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
Disponível em:
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/Carta_preserva
cao.pdf. Acesso em: 14 ago. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Diretrizes para a


Implementação de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis – RDC-
Arq. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2015. 31 p. Disponível em:
http://conarq.gov.br/images/publicacoes_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf. Acesso
em: 04 nov. 2019.

DIGITAL PRESERVATION COALITION. Digital preservation handbook.


2th ed. [Glasgow], c2015. Disponível em: https://www.dpconline.org/handbook.
Acesso em: 05 mai. 2021.

FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital: Conceitos,


estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da
Universidade do Minho, 2006. Disponível em:
http://eprints.rclis.org/8524/1/livro.pdf. Acesso em: 05 mai. 2021
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos


digitais confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em
um ambiente de gestão arquivística. Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n.
2, p. 74-99, jul. 2020. ISSN 1981-8920. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/38411. Acesso
em: 13 out. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n2p74.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.

GRÁCIO, José Carlos Abbud. Preservação Digital na gestão da informação:


um modelo processual para as instituições de ensino superior. São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/113727.
Acesso em: 04 ago. 2021.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival


Terminology. Disponível em: http://www.ciscra.org/mat/. Acesso em: 04 mar.
2021.

JARDIM, José Maria. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e


processos. Arquivo & Administração, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 5-16, 2006.

MÁRDERO ARELLANO, Miguel Ángel. Critérios para a preservação


digital da informação científica. 2008. Tese (Doutorado em Ciência da
Informação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1518/1/2008_MiguelAngelMarderoA
rellano.pdf. Acesso em: 28 ago. 2021.

NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Digital Preservation Policy.


Kingston, 2020. v. 1.4, 9 p. Disponível em: https://www.naa.gov.au/about-
us/our-organisation/accountability-and-reporting/archival-policy-and-
planning/digital-preservation-policy. Acesso em: 28 mai. 2021.

SILVA JÚNIOR, L. P. da; MOTA, V. G. da. Políticas de preservação digital no


Brasil: características e implementações. Ciência da Informação, [S. l.], v. 41, n.
1, p. 51-64, 2014. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1351.
Acesso em: 24 nov. 2021.

Digital Preservation Policies: National Archives of Brazil Case in


relation to Colombia And Australia

Abstract: The article aims to discuss digital preservation policies for digital
archival documents: what they are, criteria for their elaboration, levels for a
digital preservation policy and their context in the TDAR (Trusted Digital
Archival Repositories), comparing the digital preservation policy structure of
Título do artigo
Primeiro Autor, Segundo Autor ,Terceiro Autor

E-ISSN 1808-5245

the National Archives of Brazil with the General Archives of the Nation of
Colombia and the National Archives of Australia policies. The adopted
methodology was the exploratory bibliographical and documentary research.
The article brings, as results, the main preservation policy elements of the
National Archives of Brazil, Colombia and Australia, as well as a comparison of
the Brazil’s policy with the Colombia and Australia’s policies. We conclude that
Colombian policy is much more compact, probably because it is associated with
a much broader document that presents aspects of digital preservation, digital
preservation actions, strategies and techniques, and cultural-level actions to
ensure digital preservation. In relation to Australian policy, it was observed that
it was more complete than Brazilian policy, addressing all its aspects, and
bringing two more items: Research and Collaboration; Skills and Training, not
covered by Brazilian policies.

Keywords: Digital Preservation; Digital Preservation Policy; Digital


Preservation Plan; Criteria for designing digital preservation policies.

1Modelo de Trusted Digital Repository (TDR) da Research Library Group (RLG) e da Online
Computer Library Center (OCLC)
2
O Archivematica é um sistema de preservação digital de código aberto desenvolvido pela
Artefactual Systems Inc. (https://www.archivematica.org/pt-br/ ).
3
https://www.statearchivists.org/
4
https://www.statearchivists.org/electronic-records/serp-framework
5
https://www.statearchivists.org/electronic-records/serp-framework/policy/
Semana do Arquivista

O Arquivista no cenário da Preservação Digital


Sistêmica

Universidade Federal do Espírito Santo


Profª Drª Tânia Barbosa Salles Gava
Docente do Departamento de Arquivologia
Pós-Doutoranda do PPGCI – UFF

2021
Agradecimentos
✓ Departamento de Arquivologia
✓ Profª Dra. Margarete Farias de Moraes
✓ Chefia de Departamento: Profas Dra. Juliana Sabino / Maira Grigoleto
✓ Coordenação de Curso: Profs. Dr. Luiz Carlos da Silva / Tiago Braga

✓ PPGCI – UFF – Prof. Dr. Daniel Flores

✓ Cooperação Técnica
✓ Depto Arquivologia – Profa. Dra. Luciana Ferrari
✓ APEES – Wagner Bianchi e Juliana Oliveira
✓ Prodest – Jussara Teixeira e José Márcio Dorigueto
Agenda

01 02
Transformação Preservação
Digital Digital
Sistêmica

03 04
Evolução dos O Arquivista na
conceitos Preservação
Digital Sistêmica
01
Transformação
Digital
Transformação Digital
✓ Principalmente a partir da década de 1990, com a popularização dos computadores
pessoais e a rede internet

Ambiente Analógico Documento Analógico Antigos conceitos

Ambiente Digital Conceitos


Documento Digital Ressignificados
Autenticidade no analógico x digital
- No ambiente analógico garantir a integridade do documento é garantir sua
autenticidade.

- No ambiente analógico, a transferência física e legal dos documentos de uma


instituição produtora para uma instituição arquivística custodiadora, ou seja,
do produtor para um custodiador confiável (sucessor preservador legítimo)
assegurava uma cadeia de custódia ininterrupta, o que não é mais verdade no
ambiente digital. (Peter Hirtle, 2001)

- “Não é possível preservar os nato-digitais: só podemos preservar a


capacidade de reproduzi-los ou recriá-los”. (Luciana Duranti, Palestra,
2021)
Autenticidade no analógico x digital
❑ A melhor forma de garantir a autenticidade dos documentos digitais é
supervisionar a forma como eles são criados, geridos e preservados
❑ Isso é feito por meio de registros de metadados ao longo de todo o ciclo de
vida dos documentos
❑ Para isso deve-se manter uma cadeia de preservação e uma Cadeia de
Custódia Digital Arquivística ao longo dos ambientes envolvidos nas 3
entidades do Modelo OAIS:
▪ Ambiente de Gestão de documentos
▪ Ambiente de Preservação
▪ Ambiente de Acesso e Difusão
02
Evolução dos conceitos
Evolução dos conceitos

Cadeia de Linha contínua de custodiadores de documentos


Custódia arquivísticos (desde o seu produtor até o seu
legitimo sucessor) pela qual se assegura que esses
documentos são os mesmos desde o início, não
sofreram nenhum processo de alteração e, portanto,
são autênticos (CONARQ, 2020).
Evolução dos conceitos

“Sistema de controles que se estende por todo o ciclo de vida dos


documentos, a fim de assegurar sua autenticidade ao longo do tempo.”
Cadeia de (ICA Multilingual Archival Terminology).

Preservação A cadeia de preservação, como o próprio nome diz, tem como objetivo
garantir a preservação dos documentos arquivísticos digitais a longo
prazo, e deve ser observada em todo o ciclo de vida dos documentos.
Cadeia de Preservação x Cadeia de Custódia
• Ambos os processos devem ocorrer concomitantemente buscando a
manutenção da autenticidade dos documentos.
• A Cadeia de Preservação se apresenta de forma muito mais computacional,
já que está focada em registrar, por meio de metadados e modelos
computacionais, a sua implementação. Trata-se de uma abordagem mais
técnica e tecnológica;
• Já a Cadeia de Custódia, não está focada num modelo computacional, e sim
na ideia de um princípio arquivístico, de cuidado, de manter uma linha
ininterrupta de custodiadores;
• A Cadeia de Preservação pode ser vista como a implementação tecnológica da
Cadeia de Custódia que precisou ser ressignificada para o ambiente digital
tornando-se uma Cadeia de Custódia Digital Arquivística.
Evolução dos conceitos
Uma definição de Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA) deve
Cadeia de trazer a ideia de que a cadeia de custódia em um ambiente digital não
Custódia pode ser interrompida, e deve ser auditada pela cadeia de preservação ou
Digital outro procedimento capaz dessa garantia no ambiente digital. Além disso,
Arquivística que a presunção de autenticidade deve ser mantida quando acontece a
mudança de custódia de um ambiente digital, que por si só é
extremamente vulnerável, para outro ambiente digital (GAVA; FLORES,
2020)
03
Preservação Digital
Sistêmica
Preservação Digital Sistêmica

01 02 03

Não mais focada no Deve perpassar todos os Deve manter a presunção de


armazenamento dos ambientes envolvidos no ciclo autenticidade sempre que
documentos digitais em de vida dos documentos acontece a mudança de
mídias externas e na digitais (3 entidades externas custódia dos documentos
obsolescência dos suportes, do Modelo OAIS): o ambiente digitais entre esses ambientes.
mas exige uma Cadeia de de gestão de documentos, o
Custódia Digital Arquivística ambiente de preservação e o
(CCDA) em ambientes ambiente de acesso e difusão.
seguros
04
O Arquivista na
Preservação Digital
Sistêmica
Na PDS o arquivista deve atuar:

01 02 03

Ambiente de Gestão de Ambiente de Ambiente de Acesso e


Documentos Preservação Difusão
O arquivista no
Ambiente de
Gestão de
Documentos
O Arquivista no Ambiente de Gestão de Documentos

▪ Observância dos requisitos do e-ARQ Brasil/MoReq-Jus


(Desenvolvimento de SIGAD/GestãoDoc e contratação de sistemas)
▪ Garantir que a fixidez dos documentos (forma fixa e conteúdo
estável)
▪ Como fazer uma digitalização que garanta a presunção de
autenticidade dos documentos (Decreto n.º 10.278 – 18/03/20)
O arquivista no
Ambiente de
Preservação
O Arquivista no Ambiente de Preservação
✓ Dois papéis importantes:
▪ O Administrador de Preservação ▪ O Administrador de TI
● Papel desempenhado pela pessoa ou pessoas ● Papel desempenhado pela pessoa ou
que têm como responsabilidade tratar as pessoas que têm como responsabilidade
questões arquivísticas da preservação digital. tratar das questões tecnológicas da
● É função desse papel replicar e reavaliar, ao longo preservação digital.
do tempo, os aspectos arquivísticos definidos na ● É função desse papel replicar e reavaliar, ao
política de preservação digital adotada pela longo do tempo, os aspectos tecnológicos
instituição. Isso inclui a definição dos planos de definidos na política e planos de
preservação digital, que envolve o processo de preservação digital, que envolve o
admissão, armazenamento, preservação, acesso e arquivamento em storages dos documentos
difusão dos documentos digitais no ambiente de digitais no ambiente de armazenamento da
gestão da plataforma de preservação adotada. plataforma de preservação, analisando e
definindo as tecnologias mais adequadas
para cada uma das demandas tecnológicas
da preservação digital.
O arquivista no
Ambiente de
Acesso e Difusão
O Arquivista no Ambiente de Acesso e Difusão

▪ Instituições arquivísticas deveriam dar acesso aos documentos apenas por meio de
plataformas de acesso e difusão desenvolvidos com base nos modelos da Ciência da
Informação e Arquivologia.
▪ Não se deveria dar acesso aos documentos arquivísticos:
▪ Por meio de websites ou plataformas de e-mails, construídos sem requisitos
arquivísticos
▪ Por meio de mídias externas, discos rígidos ou bancos de dados, sem contemplar
uma cadeia de preservação e uma cadeia de custódia digital arquivística.
▪ Uso de Plataformas Arquivísticas de Descrição, Acesso, Difusão/ Transparência Ativa de
Informações e Documentos com base em um modelo de requisitos amplamente discutido
pela comunidade de interesse.
▪ O uso de modelos visa medir a confiabilidade do ambiente e o atendimento ao modelo
adotado.
▪ Interoperabilidade com a plataforma de Preservação para continuar mantendo a
presunção de autenticidade dos documentos - (entidades externas do Modelo OAIS)
O Arquivista no Ambiente de Acesso e Difusão

● Alguns requisitos arquivísticos considerados importantes na especificação de um modelo


de requisitos para um ambiente de acesso e difusão.

1) Navegação Multinível dentro de níveis hierárquicos (fundos, séries,


dossiês/processos, itens documentais)
2) Geração automática de instrumentos de pesquisa
3) Manter a relação orgânica dos documentos arquivísticos digitais
4) Importação/exportação amigável e em formatos padronizados:
5) Suporte a padrões de metadados e normas arquivísticas
6) Acessibilidade - eMAG - Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico)
7) Multilíngue
8) Multirepositório – interoperabilidade com qualquer Repositório OAIS
9) Permitir repopulação automática e imediata do ambiente em caso de algum
problema (Exemplo: uma invasão maliciosa)
Sugestões

▪ Criação de uma comissão permanente de Preservação Digital;


▪ Participação de pessoas que desempenham pelo menos dois
papéis:
▪ Administrador de Preservação – Profissional do Arquivo
▪ Administrador de TI – Profissional da TI
▪ Elaboração de uma Política de PD e de planos de PD;
▪ Política de PD – mais geral, aspectos mais teóricos
▪ Planos de PD – mais específicos, aspectos mais tecnológicos
Orientações para o Desenvolvimento da PPD – AN

▪ Roteiro para a Elaboração da Política de Preservação Digital


1) Instituição de grupo de trabalho
2) Análise de contexto
3) Estabelecimento de requisitos
4) Elaboração e análise da versão preliminar da política de preservação
Orientações para elaboração do documento de PPD

▪ Roteiro para o Documento de Política de Preservação Digital


1) Introdução e objetivos
2) Escopo
3) Atribuição de responsabilidades
4) Princípios
5) Estratégias de preservação
6) Atualização da política
7) Referências
Referências Bibliográficas
ARQUIVO NACIONAL. Recomendações para elaboração de Política de Preservação Digital. Rio de Janeiro, 2019. 24
p. Disponível em: <https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/servicos/gestao-de-documentos/orientacao-tecnica-
1/recomendacoes-tecnicas-1/recomendacoes-tecnicas>. Acesso em: 19 mai. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Glossário: Documentos Arquivísticos Digitais. Versão 8.0. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2020. 54 p. Disponível em:
<http://antigo.conarq.gov.br/images/ctde/Glossario/glosctde_2020_08_07.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2021.

HIRTLE, P. B. Archival authenticity in a digital age. Páginas A&B, Arquivos e Bibliotecas (Portugal), n. 6, p. 73-90,
2001. Disponível em: <https://ojs.letras.up.pt/index.php/paginasaeb/article/view/136/128 >. Acesso em: 29 jun. 2021.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival Terminology. Disponível em:


<http://www.ciscra.org/mat/>. Acesso em: 14 ago. 2019.
Obrigada!

tania.gava@ufes.br
Seminário de Encerramento de Estágio Pós-Doutoral

Título da Pesquisa:

Preservação Digital Sistêmica

Prof. Dr. Daniel Flores – PPGCI/UFF


Supervisor
Profª. Drª. Brenda Rocco – UNIRIO/Prof. Dr. Josemar Henrique de Melo – UEPB
Debatedores

2022
Agradecimentos

✓ PPGCI/UFF – Prof. Dr. Daniel Flores


✓ Departamento de Arquivologia - UFES
✓ Profs. Dr. Brenda Rocco – UNIRIO e Josemar Henrique de Melo – UEPB
✓ Todos os presentes!
Formação e Experiência …

✓ Graduação em Matemática Aplicada e Computacional - UFES


✓ Graduação em Ciência da Computação - UFES
✓ Mestrado em Informática - UFES
✓ Doutora em Engenharia Elétrica – Área Inteligência Artificial Aplicada
– PPGEE – UFES
✓ Pesquisa em Informática na Educação, Ambientes Virtuais de
Aprendizagem e Educação a Distância por mais de 20 anos ...
✓ Docente do Depto de Arquivologia desde 2010:
✓ Reforma curricular do curso (2017/2) – 2015 a 2017;
✓ Disciplinas: Repositórios Arquivísticos Digitais, Preservação Digital, Software
para Descrição Arquivística, Organização e Representação do Conhecimento ...
✓ Outras: SIGAD, Documentos Arquivísticos Eletrônicos, Raciocínio Lógico,
SGBD, Arquitetura da informação, Comunicação na sociedade da informação.
Estágio Pós-Doutoral

• Programa de Programa de Pós-Graduação em Ciência da


Informação -Universidade Federal Fluminense (PPGCI/UFF)
• Supervisor: Prof. Dr. Daniel Flores
• Título da Pesquisa: Preservação Digital Sistêmica
• Período: 01/02/2021 a 31/01/2022
• Linha de pesquisa: Linha 2: Fluxos e Mediações Sócio-Técnicas
da Informação
• Título da Pesquisa: Preservação Digital Sistêmica
Atividades desenvolvidas
• Atividades de Pesquisa
• Participação em eventos, cursos e minicursos
• Participação em bancas de mestrado e qualificação de mestrado
• Apresentação da palestra “O arquivista no contexto da Preservação Digital
Sistêmica” em comemoração ao dia do Arquivista – Depto. Arquivologia/UFES

• Atividades de Ensino
• Atividades de mapas conceituais nas disciplinas de “Gestão de Documentos” e
“Reprodução de Documentos” - curso de graduação em Arquivologia da UFF -
semestre letivo de 2021/1

• Outras atividades
• Cooperação Técnica UFES/PRODEST/APEES – desenvolvimento de minuta de
política de preservação digital para o governo do ES
• Pareceres para Periódicos
• Membro de comissão avaliadora de trabalhos científicos
• Coordenação de Seminário Temático para a VII REPARQ 2022 juntamente com
Prof. Dr. Daniel Flores
Sobre a Pesquisa

01 02
Motivação Ressignificação
de conceitos

03 04
A Cadeia de Preservação
Custódia Digital Sistêmica
Digital
Arquivística
(CCDA)
01
Motivação
Transformação Digital
✓ Principalmente a partir da década de 1990, com a popularização dos
computadores pessoais e da rede internet;
✓ Ressignificação de conceitos antigos para uma nova realidade.

Documento Cadeia de Custódia Preservação Digital


Autenticidade em
Analógico de documentos (mídias +
suporte analógico
tradicionais estratégias)

Documento Cadeia de Custódia Autenticidade no Preservação Digital


Digital Digital Arquivística ambiente digital Sistêmica
02
Ressiginificação dos
conceitos …
Evolução dos conceitos …
Componente analógico, ou grupo de Documento codificado em dígitos

Documento
Documento
analógico

Digital
componentes, que é fixado em um binários, acessível por meio de sistema
suporte analógico, além de ser tratado computacional.
e gerenciado como um documento. - Tratado em níveis: conceitual, lógico
e físico.

“Linha contínua de custodiadores de Deve trazer a ideia de que a cadeia de

Cadeia de Custódia
Digital Arquivística
Cadeia de
Custódia

documentos arquivísticos (desde o seu custódia em um ambiente digital não


produtor até o seu legítimo sucessor) pode ser interrompida, e deve ser
pela qual se assegura que esses auditada pela cadeia de preservação
documentos são os mesmos desde o ou outro procedimento capaz dessa
início, não sofreram nenhum processo garantia no ambiente digital (GAVA;
de alteração e, portanto, são FLORES, 2020)
autênticos.” (CONARQ, 2020)
Autenticidade no analógico x digital
- No ambiente analógico garantir a integridade do documento é garantir sua
autenticidade;
- No ambiente analógico, a transferência física e legal dos documentos de uma
instituição produtora para uma instituição arquivística custodiadora, ou seja, do
produtor para um custodiador confiável (sucessor preservador legítimo)
assegurava uma cadeia de custódia ininterrupta, o que não é mais verdade no
ambiente digital. (Peter Hirtle, 2001);
- “Não é possível preservar os nato-digitais: só podemos preservar a
capacidade de reproduzi-los ou recriá-los”. (Luciana Duranti, Palestra, 2021);
- No analógico não mudar era garantia de autenticidade x no digital a mudança é
que garante a autenticidade;
- Essas mudanças precisam ser sempre implementadas e monitoradas pelo
Ambiente de Preservação Digital;
- Como garantir a autenticidade no ambiente digital?
Autenticidade no analógico x digital
❑ A melhor forma de garantir a autenticidade dos documentos digitais
é monitorar a forma como eles são criados, geridos e preservados;
❑ Isso é feito por meio de registros de metadados ao longo de todo o
ciclo de vida dos documentos;
❑ Para isso deve-se manter uma Cadeia de Preservação e uma
Cadeia de Custódia Digital Arquivística ao longo dos ambientes
envolvidos nas três entidades externas do Modelo OAIS (produtor,
administrador e consumidor):
▪ Ambiente de Gestão de documentos;
▪ Ambiente de Preservação;
▪ Ambiente de Acesso e Difusão.
Cadeia de Preservação x Cadeia de Custódia
• Ambos os processos devem ocorrer concomitantemente buscando a
manutenção da autenticidade dos documentos.
• A Cadeia de Preservação se apresenta de forma muito mais computacional,
já que está focada em registrar, por meio de metadados e modelos
computacionais, a sua implementação. Trata-se de uma abordagem mais
técnica e tecnológica.
• Já a Cadeia de Custódia, não está focada num modelo computacional, e sim
na ideia de um princípio arquivístico, de cuidado, de manter uma linha
ininterrupta de custodiadores.
• A Cadeia de Preservação pode ser vista como um conjunto de requisitos
(implementação tecnológica) da Cadeia de Custódia que precisou ser
ressignificada para o ambiente digital tornando-se uma Cadeia de Custódia
Digital Arquivística.
Preservação Digital x Preservação Digital Sistêmica
“Conjunto de ações gerenciais e técnicas exigidas para superar as
mudanças tecnológicas e a fragilidade dos suportes, garantindo o
acesso e a interpretação de documentos digitais pelo tempo que for
Preservação necessário” (INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES).
Digital “Processo específico de manutenção de materiais digitais ao longo
do tempo e através de diferentes gerações de tecnologia,
independentemente do local de armazenamento.” (ICA, 2021)

- “Conjunto de ações” e o ”Processo” devem:


• Visão holística;
• Baseadas em normas, modelos, padrões nacionais e internacionais validados pela
comunidade de interesse;
• Cadeia de Custódia Digital Arquivística e Cadeia de Preservação;
• CCDA auditada, certificada, compartilhada e distribuída;
• Ou seja, deve ser uma Preservação Digital Sistêmica ...
03
A Cadeia de Custódia
Digital Arquivística
(CCDA)
Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA)
Deve ser uma cadeia de custódia
ressignificada para o ambiente digital
(CCDA) que paralelamente à cadeia de
Deve trazer a ideia de que preservação, deve perpassar todos os
a cadeia de custódia em ambientes envolvidos no ciclo de vida
um ambiente digital não dos documentos (relacionados às três
pode ser interrompida, e entidades externas do Modelo OAIS:
deve ser auditada pela produtor, administrador e
cadeia de preservação ou consumidor), que são o ambiente de
outro procedimento gestão de documentos, o ambiente
capaz dessa garantia no de preservação e o ambiente de
ambiente digital (GAVA; acesso e difusão. Deve prever a
FLORES, 2020) cooperação entre a área arquivística e
a área tecnológica diante de uma
CCDA auditada, certificada,
compartilhada e distribuída
CCDA Auditada e Certificada
• O Processo de auditoria e certificação externa deveria ocorrer
em todos os ambientes envolvidos no ciclo de vida dos
documentos:
• Ambiente de Gestão de documentos;
• Ambiente de Preservação;
• Ambiente de Acesso e Difusão.
• Fizemos um estudo desses ambientes no cenário brasileiro ...
O Ambiente de
Gestão de
Documentos
O Ambiente de Gestão de Documentos
▪ Baseado em modelos:
▪ Poder Executivo e Legislativo - SIGAD (Sistemas informatizados de
Gestão Arquivística de Documentos) - e-ARQ Brasil (Conarq);
▪ Poder Judiciário - GestãoDoc (Sistema Informatizado de Gestão de
Processos e Documentos) - MoReq-Jus (CNJ).
▪ Desenvolvimento de SIGAD/GestãoDoc e contratação de
sistemas;
▪ Integração de Sistemas de negócio com requisitos arquivísticos
▪ Especificação de requisitos para sistemas de gestão de
documentos bem estabelecida no cenário brasileiro, mas ainda
não existem normativas no Brasil para a auditoria e certificação
de sistemas de gestão de documentos.
O Ambiente de
Preservação
O Ambiente de Preservação

▪ Resolução n.º 43 do Conarq veio como uma resposta para a


necessidade da criação do Arquivo Permanente Digital –
apresenta diretrizes para a implementação de um Repositório
Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq).
▪ Teve como base várias normas, modelos e padrões internacionais
(Norma ISO 16363: 2012, Modelo OAIS ; TRAC; ISO 16919: 2014,
dentre outros).
▪ Orientação técnica n.º 3 do CONARQ - cenários com algumas
possibilidades de implantação de um RDC-Arq integrado a um
SIGAD.
O Ambiente de Preservação

▪ Resolução n.º 43 incorpora requisitos de auditoria e certificação


(ISO 16363:2012).
▪ No Brasil ainda não existe um modelo de execução que apoie as
instituições arquivísticas, de maneira efetiva:
▪ No processo de auditoria e certificação de um RDC-Arq - 2020 o Conarq
estabeleceu uma câmara técnica consultiva com o objetivo de elaborar
requisitos de certificação e regras de auditoria para os RDC-Arq;
▪ No processo de definição de níveis que permitam que as instituições
arquivísticas se adequem à resolução de maneira gradual.
O Ambiente de Preservação

▪ CoSA (Council of State Archivists) - Organização sem fins lucrativos


que oferece suporte aos arquivos estaduais e territoriais para
preservação e acesso dos documentos governamentais dos EUA;
▪ Framework SERP (State Electronic Records Preservation) - fornece
informações e orientações sobre quinze (15) diferentes áreas
associadas à preservação digital, e como avançar nessas áreas;
▪ política, estratégia, governança, colaboração, conhecimento técnico,
padrões abertos/formatos neutros, comunidade designada, pesquisa de
registros eletrônicos, ingestão, armazenamento, renovação de
dispositivos/mídias, integridade, segurança, metadados de preservação
e acesso.
O Ambiente de
Acesso e Difusão
Ambiente de Acesso e Difusão
▪ Instituições arquivísticas deveriam dar acesso aos documentos
apenas por meio de plataformas de acesso e difusão desenvolvidos
com base nos modelos da Ciência da Informação e Arquivologia.
▪ Não se deveria dar acesso aos documentos arquivísticos:
▪ Por meio de websites ou plataformas de e-mails, construídos sem
requisitos arquivísticos;
▪ Por meio de mídias externas, discos rígidos ou bancos de dados, sem
contemplar uma cadeia de preservação e uma cadeia de custódia
digital arquivística.
Ambiente de Acesso e Difusão
▪ Uso de Plataformas Arquivísticas de Descrição, Acesso, Difusão/
Transparência Ativa de Informações e Documentos com base em um
modelo de requisitos amplamente discutido pela comunidade de
interesse.
▪ O uso de modelos visa medir a confiabilidade do ambiente e o
atendimento ao modelo adotado.
▪ Interoperabilidade com a plataforma de Preservação para continuar
mantendo a presunção de autenticidade dos documentos -
(entidades externas do Modelo OAIS).
▪ O ambiente de acesso e difusão deve estar sempre sob a
observação, administração e inferência política da Preservação
Digital Sistêmica de forma contínua.
Ambiente de Acesso e Difusão
● Alguns requisitos arquivísticos considerados importantes na
especificação de um modelo de requisitos para um ambiente de acesso
e difusão.
1) Navegação Multinível dentro de níveis hierárquicos (fundos, séries,
dossiês/processos, itens documentais)
2) Geração automática de instrumentos de pesquisa
3) Manter a relação orgânica dos documentos arquivísticos digitais
4) Importação/exportação amigável e em formatos padronizados
5) Suporte a padrões de metadados e normas arquivísticas
6) Acessibilidade - eMAG - Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico
7) Multilíngue
8) Multirepositório – interoperabilidade com qualquer Repositório OAIS
9) Permitir repopulação automática e imediata do ambiente em caso de
algum problema (Exemplo: uma invasão maliciosa)
Resumindo ...
● No cenário brasileiro ...
○ Há modelos de requisitos para o ambiente de gestão
dos documentos, mas não estabelece requisitos de
auditoria e certificação;
○ O ambiente de preservação apresenta tanto requisitos
funcionais, não funcionais e regras de negócio, quanto
requisitos de auditoria e certificação;
○ O ambiente de acesso e difusão dos documentos
ainda não possui diretrizes estabelecidas.
CCDA Compartilhada
● Por pelos menos dois papéis:
● O Administrador de Preservação
○ Papel desempenhado pela pessoa ou pessoas que têm como
responsabilidade tratar as questões arquivísticas da preservação
digital;
○ Atua no ambiente de gestão da plataforma de preservação adotada.

● O Administrador de TI
○ Papel desempenhado pela pessoa ou pessoas que têm como
responsabilidade tratar das questões tecnológicas da preservação
digital;
○ Atua no ambiente de armazenamento da plataforma de preservação;
CCDA Distribuída
● O Modelo OAIS possui uma seção que trata da interoperabilidade entre
Arquivos OAIS (OAIS Archives), onde apresenta que o sistema pode ser
distribuído geograficamente, desde que as partes estejam sob o mesmo
gerenciamento;
● A custódia agora pode ser distribuída, buscando refletir os novos
modelos da computação, que preveem o armazenamento em
diferentes locais e com diferentes tipos de armazenamento, como o
armazenamento em nuvem, respeitando o princípio arquivístico da
Territorialidade;
● O armazenamento em nuvem está respaldado, por exemplo, pela
instrução normativa n.º 01 (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2019) que em
seu art. 4 descreve sobre a contratação de serviços em nuvem.
04
Preservação Digital
Sistêmica
Preservação Digital Sistêmica

01 02 03

Não mais focada no Deve perpassar todos os Deve manter a presunção de


armazenamento dos ambientes envolvidos no ciclo autenticidade sempre que
documentos digitais em de vida dos documentos acontece a mudança de
mídias externas e na digitais (três entidades custódia dos documentos
obsolescência dos suportes, externas do Modelo OAIS): o digitais entre esses ambientes.
mas exige uma Cadeia de ambiente de gestão de
Custódia Digital Arquivística documentos, o ambiente de
(CCDA) em ambientes preservação e o ambiente de
seguros acesso e difusão.
Resumindo ...
A Preservação Digital Sistêmica dever ver a Preservação Digital em uma visão
holística, requerendo uma cadeia de custódia ressignificada para o ambiente
digital (CCDA), que paralelamente à cadeia de preservação deve perpassar todos
os ambientes envolvidos no ciclo de vida dos documentos (três entidades externas
do Modelo OAIS: produtor, administrador e consumidor), que são o ambiente
de gestão de documentos, o ambiente de preservação e o ambiente de acesso
e difusão. Além disso, deve prever a cooperação entre a área arquivística e a
tecnológica diante de uma CCDA auditada e certificada, por normas, modelos e
padrões bem estabelecidos, compartilhada, entre pelo menos dois tipos de papéis:
1) O administrador de preservação e 2) O administrador de TI, que atuam em
dois ambientes diferentes de uma plataforma de preservação (Ambiente de gestão
e ambiente de armazenamento) e distribuída, onde os documentos digitais podem
não estar mais exclusivamente armazenados dentro de um Arquivo - Entidade
Custodiadora, Instituição Arquivística ou Setor de TI, mas sim, em nuvem, em
diversos servidores, em instituições que firmaram acordo de compartilhamento e
descentralização de custódia, e respeitando o princípio arquivístico da
territorialidade.
Concluindo ...
● Grande oportunidade de aprendizagem
● A pesquisa não esgota o assunto, mas apresenta
elementos necessários a uma Preservação Digital
Sistêmica - a pesquisa continua
● Disseminar o conhecimento na comunidade
acadêmica, entre os discentes etc.
● Aplicação da teoria na prática ...
Artigos desenvolvidos (Publicados)
• GAVA, TÂNIA BARBOSA SALLES; FLORES, Daniel. CADEIA DE CUSTÓDIA DIGITAL ARQUIVÍSTICA
- CCDA. In: Arquivo, documento e informação em cenários híbridos: anais do Simpósio
Internacional de Arquivos. Anais...São Paulo (SP) Eventus, 8, 2021. Disponível em:
https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336974-cadeia-de-custodia-
digital-arquivistica---ccda/. Acesso em: 09/07/2021

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA. In: Arquivo,
documento e informação em cenários híbridos: anais do Simpósio Internacional de Arquivos.
Anais...Sao Paulo (SP) Eventus, 8, 2021. Disponível em:
<https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/336975-preservacao-digital-
sistemica/>.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. O papel do Archivematica no RDC-Arq e possíveis
cenários de uso. ÁGORA: Arquivologia em debate, [S. l.], v. 31, n. 63, p. 1–21, 2021. Disponível em:
https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/1018. Acesso em: 21 set. 2021.
Artigos desenvolvidos (Aceitos para publicação)
• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Políticas de Preservação Digital: o caso dos Arquivos
Nacionais do Brasil em relação à Colômbia e Austrália. Em Questão (ISSN 1807-8893) – Qualis
A2.

• GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Auditoria e certificação ao longo da cadeia de
custódia digital arquivística. Informação & Informação (ISSN 1981-8920) – Qualis A2.

• Mais 2 artigos – Um em avaliação em Revista Científica e outro finalizado para


submissão.
Referências Bibliográficas
ARQUIVO NACIONAL. Recomendações para elaboração de Política de Preservação Digital. Rio de Janeiro, 2019. 24
p. Disponível em: <https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/servicos/gestao-de-documentos/orientacao-tecnica-
1/recomendacoes-tecnicas-1/recomendacoes-tecnicas>. Acesso em: 19 mai. 2021.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Glossário: Documentos Arquivísticos Digitais. Versão 8.0. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2020. 54 p. Disponível em:
<http://antigo.conarq.gov.br/images/ctde/Glossario/glosctde_2020_08_07.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2021.

GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de
preservação digital em um ambiente de gestão arquivística. Informação & Informação, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 74-99, jul.
2020.

HIRTLE, P. B. Archival authenticity in a digital age. Páginas A&B, Arquivos e Bibliotecas (Portugal), n. 6, p. 73-90,
2001. Disponível em: <https://ojs.letras.up.pt/index.php/paginasaeb/article/view/136/128 >. Acesso em: 29 jun. 2021.

INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Multilingual Archival Terminology. Disponível em:


<http://www.ciscra.org/mat/>. Acesso em: 14 ago. 2019.
taniagava@gmail.com
tania.gava@ufes.br

Você também pode gostar