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Publicações da Revista Sankofa – Revista de História da África e de Estudos da Diáspora
Africana podem subsidiar este trabalho, disponível em: www.revistas.usp.br/sankofa.
peito ao acesso a bens (como energia elétrica e infraestrutura) e ser-
viços públicos (como alimentação, saúde, educação, moradia e trans-
porte), além dos aspectos físicos e da formação territorial da região
nordestina (como as políticas de desenvolvimento regional no Brasil,
problematizando seus enfoques setoriais), buscando compreender o
quadro de desigualdades regionais no Brasil e as possíveis motivações
à emigração da região; 2) contrapor com o reconhecimento dos di-
reitos e cidadania do imigrante os fatores que geram discriminação
e preconceito desta população – como discursos (verbais e visuais) e
práticas –, que invocam o imigrante como “causador” do inchaço das
cidades, de problemas nos transportes, do aumento de violência; e 3)
apresentar conhecimentos e elementos referentes à integração social
desta população, buscando como desenvolver atitudes não de assimi-
lação cultural a padrões homogêneos tradicionais ou de aculturação,
em relação ao imigrante nordestino, mas de respeito, preservação e
valorização de suas referências culturais.
Os movimentos migratórios entre países também estão presen-
52 tes nos livros. Podemos observar que, em alguns livros, principal-
mente os destinados ao 9° ano, são apresentados conhecimentos so-
bre as causas da imigração para a Europa, a imigração ilegal e política
de imigração restritiva europeia, mas falta ressaltar que é justamente
esta política que torna a condição de milhares de imigrantes ilegal,
resultando em problemas de diversas naturezas enfrentados por esses
nos países europeus. Geralmente, tratam de xenofobia e racismo no
continente europeu, apontando que eles podem gerar intolerância
social. No entanto, rebatem estes posicionamentos intolerantes uti-
lizando justificativa econômica para a Europa, considerando o imi-
grante como mão de obra barata importante para vários setores da
economia do Velho Mundo. Entendemos que o livro precisa apontar
elementos positivos e de contribuição do imigrante ao país onde se
fixou, para justificar o confronto aos posicionamentos intolerantes de
xenofobia e racismo.
Análise e escolha do manual do professor
Partindo da premissa que o Livro Didático é o material de apoio
mais presente nas escolas e, muitas vezes, o único recurso do profes-
sor para o planejamento de suas aulas, a escolha do Livro Didático e
também do manual do professor é de fundamental importância para
o processo de ensino e aprendizagem e deve ser apropriada para a
realidade da instituição em que atua. Cabe ao professor explorar as
potencialidades contidas nos Livros Didáticos, como também nos
manuais do professor, de maneira que estes sejam um instrumento
facilitador em sala de aula, tal como destaca Tonini (2003, p. 36):
Considerações finais
Os Livros Didáticos apresentam um papel primordial na sala de
aula e sua escolha pelo professor precisa partir de uma análise refi-
nada, em que sejam consideradas as suas potencialidades e também
ponderados os seus limites. Contudo, é necessário um chamamento
ao professorado para assumir essa tarefa, pois é um tipo de participa-
ção docente que tem sido pouco incentivada. Assim, reconhecemos
a relevância da participação dos professores nos processos decisórios
que envolvem o Livro Didático.
Cabe ao(à) professor(a) um olhar criterioso no que diz respeito
a conhecimentos voltados para a formação cidadã dos alunos pre-
sentes nos Livros Didáticos. O Livro Didático vem cada vez mais
sendo avaliado quanto ao cumprimento aos preceitos estabelecidos
na legislação educacional do país. Contudo, caberá ao professor o
trabalho de análise e seleção de livros que o auxiliem a problematizar
os fatos e situações para o enfrentamento de preconceitos de classe,
gênero, raça, etnia e geração; a desnaturalização da pobreza de grupos
sociais; o reconhecimento e valorização das diferenças socioculturais
e das ações afirmativas manifestadas por movimentos sociais.
É importante atentar-se à análise e escolha do manual do pro-
fessor, pois esse instrumento de suporte pode possibilitar novas me-
todologias em sala de aula, bem como aborda de forma mais clara as 57
orientações de trabalhos, sejam eles em grupo, individual ou interdis-
ciplinar, as atividades complementares e sugestões de leitura.
A partir da observação de diferentes coleções de Livros Didáti-
cos, entendemos que tanto a escolha de livros mais adequados quanto
a efetivação de um processo de ensino-aprendizagem de Geografia
eficaz dependem essencialmente do trabalho do professor.
Por fim, é preciso incentivar e garantir o trabalho do(a)
professor(a) da educação básica nos processos de análise dos Livros
Didáticos e fornecer condições para que tenham autonomia no pro-
cesso de escolha. Mais coerente, ainda, seria garantir a participação
de professores da educação básica em todos os processos avaliativos
do PNLD pelo MEC.
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