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SUMÁRIO

SOBRE ESSA DISCIPLINA ..................................................................................... 3

O QUE É A ANATOMIA .......................................................................................... 4

SISTEMA RESPIRATÓRIO ..................................................................................... 6

SISTEMA DIGESTÓRIO .......................................................................................... 7

SISTEMA ENDÓCRINO ........................................................................................ 10

SISTEMA MUSCULAR ......................................................................................... 20

SISTEMA URINÁRIO ............................................................................................ 22

SISTEMA REPRODUTOR ..................................................................................... 24

SISTEMA LINFÁTICO ........................................................................................... 25

SISTEMA NERVOSO............................................................................................. 31

NEUROFISIOLOGIA .............................................................................................. 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 42

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SOBRE ESSA DISCIPLINA

O objetivo desta disciplina é aprofundar sobre os conceitos de anatomia e


neurofisiologia e informações sobre o modo de funcionamento de estruturas neurais
mais diretamente relacionados à atividade motora. Serão abordadas inicialmente as
características das vias aferentes e eferentes, porém a ênfase maior será colocada na
informação sobre estruturas corticais e subcorticais que possuam funções sensoriais e
perceptivas importantes para o controle motor; áreas de associação com funções
relacionadas ao planejamento, avaliação e execução de ações bem como transmitir
conceitos e informações sobre estruturas e funções do sistema nervoso relacionadas
diretamente ao controle motor voluntário e reflexivo.

Docentes:

Professor Antônio Teixeira de CarvalhoFilho


Professor Alessandro Euzébio

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Olá, seja bem vindo/a a Disciplina Anatomia e Neurofisiologia Humana

O QUE É A ANATOMIA
Considerações gerais

A anatomia é uma área da ciência cujo objetivo é o estudo, macroscópico e


microscópico, da constituição e desenvolvimento dos seres vivos, analisando a partir daí,
sua composição e estruturação, bem como os Sistemas que se relacionam entre si.

Por ser o objeto específico de nosso estudo a anatomia humana, e sendo ele
(estudo) direcionado ao oferecimento de uma visão mais geral das estruturas e
funcionamento biofisiológico dos seres humanos, optamos pela introdução nesse
campo do conhecimento através da apresentação de seus Sistemas, pois conhecendo-
os, torna-se perfeitamente possível identificar uma permanente inter-relação de cada
estrutura neles agrupadas (Sistemas) e a interdependência existente entre todos os
Sistemas para a vida, saúde e bem estar dos/as seres humanos/as – inclusive a influência
e repercussões de desarmonias na mente e emoções como causas de potenciais
disfunções biofisiológicas.

A grande dificuldade inicial encontrada no estudo da anatomia são as


terminologias utilizadas - pouco comum aos neófitos - sua localização no corpo humano
e a inter-relação de cada estrutura em relação às outras.

O objetivo de nosso estudo, portanto, não é o aprofundamento de cada estrutura


anatômica, e sim oferecer uma visão geral do funcionamento dos Sistemas que
oferecem suporte à vida dos/as seres humanos/as e suas inter-relações; na forma como
pretendemos apresentar, acreditamos será esse estudo bem absorvido e fixado;
entretanto, ao estudar anatomia, não podemos deixar de conhecer algumas referências
terminológicas de localização que são universais, na medida em que elas, de rotina, são
citadas em exames e apresentações do segmento da saúde.

Os estudiosos de anatomia, objetivando facilitar a correta localização espacial das partes


do corpo, definiram esses referenciais a partir de planos anatômicos. Cada um desses
planos representa um corte espacial do corpo, facilitando sua visualização/fixação a partir
do todo em partes. Importante nesse processo é o entendimento de que podem ser feitos
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diferentes cortes num mesmo plano, mantendo-os, no todo, o paralelismo de uns aos
outros. Segue imagem ilustrativa dos planos anatômicos:

Imagem 1: Planos anatômicos

Fonte: todamateria.com.br

Ocorre que, além dos planos anatômicos acima visualizados, ainda existem
nomenclaturas indicativas da direção em que você está olhando o todo da estrutura
corporal. Esse direcionamento é oferecido a partir da inter-relação dos três planos
anatômicos a eixos: coronal (frontal), sagital e transverso (axial), os quais, ampliam a visão
do corpo em outras dimensões, conforme a seguir apresentamos:

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Imagem 2: Inter-relação de planos anatômicos

Fonte: kenhub.com

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Em sua essência biofisiológica, o sistema respiratório é responsável pela absorção e


condução até os pulmões, no ato da inspiração, do oxigênio (O²) presente na natureza, e
pela eliminação, através da expiração, do gás carbônico (CO²) resultante do processo de
oxidação das células.

O sistema respiratório, tem no órgão pulmão, sua referência. Porém o sistema é formado,
a grosso modo, por um conjunto de específicos caminhos de circulação para a condução
do O² absorvido e o CO² expelido, os quais os caminhos se vêem estruturados, de modo
integrado pelas fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, pleura e
diafragma.

Os movimentos da respiração - inspiração e expiração - são cíclicos e permanentes,


vendo-se realizados, em grande medida, de modo automático (involuntário) - apesar de

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também poderem ser realizados de forma consciente/voluntária. Por ser a respiração
essencial à manutenção da vida, seu funcionamento independe de qualquer atuação do
pensamento ou ação, sendo o funcionamento comandado pelo Sistema Nervoso Central.

Estruturas do sistema respiratório:

● Fossas nasais: dois condutos paralelos, revestidos de mucosa, separados por


um septo cartilaginoso - esses condutos começam nas narinas e terminam na
faringe.
● Faringe: tubo que serve de passagem tanto para os alimentos quanto para o ar
- a faringe, portanto, faz parte do sistema respiratório como do sistema
digestório.

● Laringe: estrutura de ligação entre a faringe e a traqueia - na parte superior da


laringe está a epiglote, que é a válvula que se fecha quando do ato de
deglutição, impedindo que o alimento vá para os pulmões.
● Traqueia: tubo situado abaixo da laringe, é formado por quinze a vinte anéis
cartilaginosos, cuja função é mantê-la aberta.

● Brônquios: são ramificações da traqueia e, como ela, são também formados


por anéis até os alvéolos pulmonares, local onde ocorre a hematose
(processo de trocas gasosas); o conjunto formado pelo brônquios, bronquíolos,
ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos é chamado de árvore brônquica
- unidade fundamental para o funcionamento do sistema respiratório.

SISTEMA DIGESTÓRIO

O sistema digestório humano é responsável por tirar dos alimentos que são ingeridos,
todos os nutrientes necessários para manutenção de nossos sistemas vitais. Sua principal
função é “partir” o alimento em pedaços cada vez menores, até que eles possam ser
absorvidos e transformados pelo organismo - o que não é considerado útil, ele envia ao
órgão excretor para que seja eliminado (intestino grosso).

Existem várias estruturas que participam da digestão: elas vão desde a boca até o
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intestino grosso/ânus. Cada uma delas possui um nome e uma função específica no
sistema, porém seu funcionamento é interdependente, pois nenhuma delas consegue
funcionar corretamente sozinha.

A anatomia do sistema digestório segue em uma sequência de fluxo que se inicia na boca e se conclui
no ânus.

● Boca - a função da boca no sistema digestório é bem maior do que o simples


“ingerir do alimento”. Ao contrário do que muitos/as pensam, a digestão de alguns
alimentos já começa na boca, mais precisamente daqueles alimentos formados por
amido (pão, macarrão etc.) - participam desse processo os dentes, a saliva e a
língua.
● Os dentes ajudam a fazer a transformação física do alimento (corte e trituração),
de modo que o alimento, então menor, possa chegar ao estômago com mais
facilidade - já que precisa passar por um tubo estreito.
● A saliva, além de ajudar a umedecer o alimento para formar o bolo alimentar,
também possui algumas enzimas que vão iniciar a digestão do amido,
transformando-o em maltose - além de também neutralizar a acidez própria de
outros alimentos, para que não agridam ao estômago.
● A língua tem uma importante função, que é a de captar os sabores do alimento,
estimulando a produção de saliva, controlando a sua diluição e auxiliando no
processo da deglutição.
● Faringe e Esôfago - depois de mastigado o alimento, ele é engolido. Neste
momento, ele passa pela faringe e de lá é mandado para o esôfago; o esôfago é
uma espécie de tubo por onde o alimento vai descer até chegar ao estômago; por
ser bastante estreito, o bolo alimentar tenderia a ficar “preso” em suas

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paredes, ao que é necessário que ocorram contínuos movimentos de
contração e relaxamento para gerar os chamados “movimentos peristálticos”,
que vão ajudar o alimento a seguir seu caminho até o estômago.

● Estômago - é uma espécie de recipiente vazio, que vai armazenar todo o


alimento que a ele chega; nele, o bolo alimentar será misturado com o suco
gástrico, que é formado por várias enzimas como a lipase, a pepsina, a renina
e o ácido clorídrico; a partir desse composto - alimento + suco gástrico - é que
o digerir dos alimentos começa a se processar - o alimento passa cerca de três
horas para ser processado no estômago; as partes que não podem nele ser
diretamente digeridas, são enviadas para o intestino delgado, agora com o
nome de “quimo”.
● Intestino Delgado - é nele que ocorre a maior parte da absorção de nutrientes
pelo organismo; com a bile, o suco pancreático e o suco intestinal, o quimo
enviado pelo estômago vai sendo processado e absorvido; o suco intestinal,
também chamado de entérico, é uma secreção da mucosa do intestino
delgado, ajudando ele na digestão dos alimentos - é composto por várias
enzimas, carboxipeptidase, aminopeptidase, dipeptidase, maltase, sacarase,
lactase, lipase… ao fim desse processamento, sobra uma substância aquosa e
esbranquiçada, que é chamada de “quilo”, a qual é enviada para o intestino
grosso para uma última parte do processo digestório.
● Intestino Grosso - assim que nele chega o “quilo”, a água e os sais minerais são
absorvidos, e o que sobra é considerado como excreta, pois não possui
utilidade para o organismo, sendo por isso enviado para o reto, e de lá é
eliminado do corpo através do ânus; no intestino grosso também existem
várias bactérias da flora intestinal que ajudam na produção de vitaminas, como
a K e a B12.

Existem uma série de órgãos considerados anexos do sistema digestivo, pois participam
indiretamente da digestão. Esses órgãos trabalham na produção das enzimas e sucos
digestivos para envio aos intestinos, e assim favorecem a digestão dos alimentos. Esses
órgãos são:

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● Fígado - produz a bile, uma substância importantíssima para a digestão.
● Vesícula Biliar - armazena a bile produzida no fígado, para a liberar no
estômago, quando nele houver alimento.
● Pâncreas - produz o suco pancreático, também muito importante na digestão,
mas só entra em ação no intestino delgado.

SISTEMA ENDÓCRINO

O sistema endócrino, apesar de sua silenciosa atuação, precisa ser reconhecido e


valorizado como um dos que maior importância tem para a homeostase dos/as
indivíduos/as. Ele é constituído por um conjunto de glândulas, cuja função é a produção
dos hormônios, os quais são lançados na corrente sanguínea e percorrem o corpo até
chegar aos órgãos/tecidos alvo sobre os quais atuam.

De semelhante forma como atua o sistema nervoso, o sistema endócrino exerce, direta
ou transversalmente, uma função coordenadora especializada sobre todas as estruturas
do nosso corpo físico. O hipotálamo, um grupo de células nervosas localizadas na base do
encéfalo, é a estrutura responsável pela integração desses dois sistemas. Em texto
apresentado por Vieira (2021) encontramos uma tabela sinótica, que de modo bastante
didático, sintetiza os aspectos anatômicos e funcionais do sistema endócrino.

Tabela 1: Aspectos anatômicos e funcionais do sistema endócrino

Hipotálamo Limites: anteriormente - comissura anterior, lâmina


terminal; póstero-inferiormente - substância perfurada
posterior; inferiormente - haste infundibular;
superiormente - sulco hipotalâmico e base do terceiro
ventrículo.
Estrutura: região quiasmática, região tubular, corpos
mamilares.
Função: produz hormônios liberadores e inibidores que
afetam a hipófise.
Hormônios: antidiurética (ADH), liberador de
corticotrofinas (CRH), liberador de gonadotrofinas
(GnRH), liberadora e inibidor do hormônio do crescimento

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(GHRH e GHIH), oxitocina, liberador e inibidor de
prolactina (PRH e PIH), liberador de tireotrofina (TRH).

Hipófise Localização: fossa hipofisária, ligada ao hipotálamo pelo


infundíbulo.
Estrutura: adeno-hipófise, neuro-hipófise.
Função: produz hormônios estimulantes que afetam as
glândulas endócrinas do corpo.
Hormônios da adeno-hipófise: hormônio do crescimento
(hGH), estimulante da tireoide (TSH), estimulante
folicular (FSH), luteinizante (LH), prolactina (PRL),
adenocorticotrófica (ACTH), estimulante melanocítica
(MSH).
Hormônios da neuro-hipófise: oxitocina, hormônio
antidiurético (ADH).

Glândula pineal Localização: entre os colículos superiores


Função: regula o ciclo do sono
Hormônio: melatonina

Glândula Tireóide Localização: face anterior do pescoço, ao nível de C5-T1


Estrutura: lobo esquerdo, lobo direito, istmo (liga os
lobos)
Função: regula o metabolismo (aumentando-o)
Hormônios: tiroxina (T4), triiodotironina (T3), calcitonina

Glândulas Paratireoides Localização: posteriormente aos lobos da glândula


tireóide.
Função: regula os níveis sanguíneos de cálcio
(aumentando-o)
Hormônio: hormônio paratireóideo (PTH)

Pâncreas endócrino e Localização: Ilhéus de Langerhans do tecido pancreático,


mucosa gástrica mucosa gástrica
Função: regula os níveis sanguíneos de glicose, regula a
digestão
Hormônios: insulina, glucagon (glicagina), gastrina,
secretina, grelina, motilina, colecistocinina, polipeptídeo
inibitório gástrico

Glândulas Supra Renais Localização: polo superior dos rins


Estrutura: córtex supra renal (secreta glicocorticoides e
mineralocorticoides), medula supra renal (secreta
aminas biogênicas)
Função: regula a pressão arterial, equilíbrio eletrolítico,
resposta de estresse
Hormônios: glicocorticóides - cortisol, corticosterona;
mineralocorticóide - aldosterona; aminas biogênicas -

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adrenalina, noradrenalina, dopamina

Gónadas Função: regula o desenvolvimento, comportamento e


características sexuais; regula a gametogênese
Hormônios dos testículos: testosterona
Hormônios dos ovários: estrogênio, progesterona

Clínica Hiperfunção, hipofunção, adenoma, carcinoma.

Fonte: Vieira (2022) - https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-endocrino

As glândulas que constituem o sistema endócrino estão localizadas em diferentes partes


do corpo, sendo elas: pineal, hipotálamo, hipófise, tireoide e paratireoides, timo, supra
renais, pâncreas e as glândulas sexuais.

● Pineal - localizada no diencéfalo, próximo ao centro do cérebro, mede em torno de


5/8 mm, pesando cerca de 150 mg; contém a serotonina, que é precursora do
hormônio produzido pela ação da enzima hidroxi- indol-O-metiltransferase, e a
melatonina.

Por senso comum, a melatonina se vê normalmente relacionada com pigmentação da


pele; entretanto, sua ação, bem como a da glândula pineal, transcendem a essa limitada
percepção, pois ela coordena o chamado “relógio biológico” de todos os seres humanos
(período de aproximadamente 24 horas, sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase
todos os seres vivos, sendo influenciado principalmente pela variação de luz, temperatura,
marés e ventos, dia e noite); a melatonina também influencia no processo de crescimento
e, de modo muito especial, regula e modula a qualiquantidade do sono - a produção de
melatonina somente ocorre a noite, sendo sua produção dependente da ausência de luz.

Em função dessa especificidade - produção noturna/ausência de luz - sua liberação é


dependente do controle de um grupo de neurônios presente no hipotálamo, que sensíveis
à luz da retina, somente disparam comandos de produção quando o ambiente e o tempo
são percebidos como favoráveis (noite - ausência de luz); assim, é válido afirmar ser essa
glândula um transdutor neuroendócrino, na medida que converte impulsos nervosos em
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descargas hormonais.

● Hipotálamo - ele é o centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo
um dos principais responsáveis pela homeostase corporal, fazendo ligação entre o
sistema nervoso e o sistema endócrino - atuando na ativação de diversas glândulas
endócrinas, tem ele, dentre suas principais funções, o controle: da temperatura
corporal; regulação do apetite; regulação do sono; ação sobre as emoções e no
comportamento sexual; conexões com as áreas do prosencéfalo e com o
mesencéfalo.

Cumpre destacar o papel desempenhado pelo hipotálamo nas emoções, muito


especialmente em relação a manifestações como as de prazer, raiva, aversão, desprazer e
tendências ao riso incontrolável.

O hipotálamo atua produzindo hormonas estimuladoras ou inibidoras, conhecidas como


neuro-hormonas, atuando essas hormonas sobre a hipófise. Segundo apresenta Vieira
(2022), as neuro-hormonas produzidas pelo hipotálamo para manipular a produção de
hormonas pela hipófise, são:

● Hormona antidiurética (ADH) ou vasopressina: aumenta a absorção de água nos


rins.

● Hormona liberadora de corticotrofinas (CRH): estimula a liberação de


corticosteróides pelas glândulas suprarrenais, regulando o metabolismo e a
resposta imunológica.
● Hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH): A GnRH estimula a produção da
hormona folículo estimulante (FSH) e da hormona luteinizante (LH), que, em
conjunto, mantêm o funcionamento dos ovários e testículos.
● Hormona libertadora da hormona de crescimento (GHRH) e hormona inibidora do
hormônio do crescimento (GHIH): A GHRH estimula a libertação da hormona de
crescimento (GH), enquanto a GHIH tem o efeito oposto; em crianças, a GH é
essencial para manter uma composição corporal saudável. Em adultos, assegura
ossos saudáveis e massa muscular e está envolvido na distribuição de gordura.
● Oxitocina: está envolvida na libertação do leite materno, orgasmo e contração
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muscular lisa. Também regula a temperatura corporal ajudando a redistribuir o
calor, e regula os ciclos de sono, já que se acredita que níveis crescentes de
oxitocina ajudem a induzir o sono.
● Hormona libertadora de prolactina (PRH) e hormona inibidora de prolactina (PIH):
A PRH estimula a produção de leite materno, e a PIH inibe-a. Isto também pode ser
visto em homens, embora seja um sinal de problemas de saúde significativos.
● Hormona libertadora de tireotrofina (TRH): A TRH desencadeia a libertação da
hormona estimulante da tireoide (TSH), causando a libertação de hormonas
tiroideias que regulam o metabolismo, energia, crescimento e desenvolvimento.

A Hipófise está localizada no centro da cabeça, logo abaixo do cérebro; produz os


hormônios acima citados, através de estímulos e inibições comandadas pelo hipotálamo,
objetivando a manutenção da homeostase dos indivíduos - por essa razão é considerada
como a glândula mestre de nosso corpo físico, pois é ela que estimula o funcionamento
de outras glândulas, como exemplo, tireoide e glândulas sexuais; ela tem o tamanho
aproximado de uma ervilha, porém apesar de ser muito pequena, a hipófise exerce papel
fundamental, na medida que regula uma série de mecanismos essenciais à saúde.

Para que a hipófise funcione de forma a bem cumprir seu papel, precisa estar
convenientemente suprida de nutrientes como magnésio e zinco, ou seja, havendo
carências nutricionais, a produção dos mais de 10 hormônio por ela liberados ficará
prejudicada - intoxicação por metais pesados, consumo de gordura hidrogenada e/ou
gorduras oxidadas também reduzem as funções da hipófise; uma das consequências do
mal funcionamento da hipótese, é o desequilíbrio na produção do TSH, o qual induz a
produção de T3 e T4 pela tireoide.

Já a tireoide é localizada na porção médio-inferior do pescoço, tem o formato semelhante


ao de uma pequena borboleta, pesando entre 15 e 25 gramas e aproximadamente 5 cm
de diâmetro, os hormônios tireoidianos - T3 e T4 - afetam muitas funções vitais do corpo,
como a frequência cardíaca, o ritmo com que as calorias são queimadas pelo organismo, a
manutenção da pele, o crescimento, a produção de calor, a fertilidade e a digestão; o T4,
principal hormônio produzido pela tireoide, tem um leve efeito na velocidade da taxa
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metabólica do corpo, ao passo que, ao ser convertido em T3, o hormônio torna-se mais
ativo - essa conversão de T4 em T3 ocorre no fígado e em outros tecidos.

O sistema endócrino possui uma inteligência inegável na regulação da homeostase


orgânica dos indivíduos, pois as hormonas produzidas pelas glândulas endócrinas são
realizadas na exata medida das necessidades do corpo, ao longo de toda sua existência,
autocorrigindo sua produção hormonal, enquanto estímulo ou inibição, de acordo com a
percepção de necessidade - na presença ou ausência de doenças.

Interessante mecanismo ocorre nessa glândula: a tireoide, para produção dos hormônios
tireoidianos, necessidade do iodo - elemento encontrado em alimentos e na água; através
de mecanismos próprios, ela transforma o iodo em seus específicos hormônios, os quais
são carreados através do sangue para os órgãos-tecidos alvo - o inusitado é que, após
utilizados esses hormônios, uma parte do iodo neles contido é liberada, voltando para a
tireoide, onde é reciclada para produzir mais hormônios tireoidianos.

A glândula tireóide também produz calcitonina, que é um antagonista da hormona


paratiróide (PTH); as glândulas paratireoides - que normalmente são em número de 4 -
são estruturas pequenas, localizadas na face posterior de cada lobo da glândula tireoide;
a função dessas glândulas é a manutenção dos níveis de cálcio no sangue - através da
produção do hormônio supracitado (PTH); essa hormona, juntamente com a calcitonina,
mantém os níveis íons de cálcio no sangue - condição de grande importância para a saúde
dos ossos, funções musculares e sistema nervoso.

O Timo é uma glândula linfoide primária e especializada do sistema imunológico; mais


ativo nos períodos neonatal e pré-adolescente, ao início da adolescência começa a
diminuir em tamanho e atividade, quando então tem seu tecido constituinte
gradualmente substituído por um tecido adiposo (gordura) - entretanto, a linfopoiese
residual T continua ao longo da vida adulta (linfopoiese é o processo de produção de
linfócitos, como exemplo, as células B, células T e células natural killer, na medula óssea);
sua atuação é de grande importância para o chamado sistema imunológico adaptativo, ou
seja, serve para ajudar o indivíduo a se adaptar e combater invasores externos.
Anatomicamente o timo é composto por dois lobos idênticos e está localizado no
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mediastino anterior superior, na frente do coração e atrás do esterno.

Os linfócitos têm por função realizar a defesa do organismo contra agentes infecciosos
(vírus, bactérias, substâncias alergênicas e outros corpos hostis que podem penetrar no
corpo humano); interessante citar que, uma pessoa quando estressada ou deprimida, o
número de linfócitos no sangue tende a cair, enfraquecendo seu sistema imunológico, ao
passo que, quando diante, p. ex., de uma infecção, o número de linfócitos cresce, indício
de que o sistema imunológico está combatendo vírus ou bactérias dela causadora
(infecção); existem três tipos de linfócitos e suas funções, respectivamente, são:

● Linfócito T - possuem a função de fabricar os anticorpos do sangue, atuando


também na imunidade celular.
● Linfócito B - são responsáveis pelo reconhecimento dos antígenos (corpos
estranhos que entram no corpo humano), produzindo os anticorpos contra os
antígenos.
● Células NK (Natural Killers) - totalizam cerca de 10% dos linfócitos presentes no
sangue, tendo por função atacar e destruir células hostis ao corpo humano.
● Supra renais - também conhecidas como adrenais, as glândulas suprarrenais
localizam-se acima de cada rim, pesam cerca de 10 g e tem cerca de 5 cm de altura.

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Os hormônios produzidos pelas glândulas supra renais participam da regulação dos níveis
de sódio, potássio e água do organismo, do metabolismo dos carboidratos e nas
respostas do corpo humano quando em situações de estresse; os principais hormônios
produzidos e liberados pelas glândulas suprarrenais são:

● Aldosterona - Atua no equilíbrio dos líquidos, especialmente de sódio e potássio


no plasma sanguíneo.
● Cortisol - conhecido como “hormônio do estresse”, é responsável por controlar o
estresse, atuando também na manutenção dos níveis de açúcar no sangue e da
pressão arterial.
● Adrenalina - atua como um mecanismo de autopreservação dos/as indivíduos/as,
preparando-os/as para se defender quando diante de uma emergência -
especialmente em situações de estresse;
● Noradrenalina - Contribui na preparação do corpo para uma determinada ação em
momentos de sustos, surpresas ou fortes emoções.
● Glândulas sexuais - também conhecidas como gônadas; os ovários, glândulas
sexuais femininas, produzem diversos tipos de hormônios, inclusive a progesterona
e os estrógenos, responsáveis pela ovulação, menstruação e desenvolvimento do
corpo feminino; já as glândulas sexuais masculinas são os testículos, produzindo a
testosterona, hormônio responsável pelo desenvolvimento de características
secundárias masculinas, como a barba e a voz grave - tanto os ovários quanto os
testículos são estimulados por hormônios produzidos pela hipófise.

● Pâncreas - ele é considerado uma glândula mista, visto tanto possuir funções
endócrinas quanto exócrinas - a função endócrina do pâncreas é realizada por
diversos conjuntos de células chamadas de ilhotas de Langerhans, as quais
produzem os hormônios insulina e o glucagon (ambos relacionados ao controle da
concentração de glicose no sangue), ao passo que sua função exócrina é a
síntese do suco pancreático, que contém enzimas que atuam na digestão de
carboidratos (amilase pancreático), lipídios (lipasa pancreática) e proteínas
(proteases: quimiotripsina e carboxipeptidase).
As funções dos hormônios produzidos pelo pâncreas são: insulina e glucagon; a insulina
estimula a absorção da glicose presente no sangue e o seu armazenamento no fígado, na
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forma de glicogênio, enquanto o glucagon estimula o aumento da concentração de glicose
no sangue e a quebra do glicogênio; havendo deficiência de insulina, surge uma doença
conhecida como diabetes mellitus, visto que a baixa concentração de insulina dificulta a
absorção de glicose, afetando o metabolismo celular e, consequentemente, provocando
um aumento dessa substância no sangue.

SISTEMA CIRCULATÓRIO

Também conhecido como sistema cardiovascular, é formado pelo coração e vasos


sanguíneos (artérias, veias e capilares), sendo ele responsável pelo transporte de
nutrientes e oxigênio para todo o organismo, e o retorno, para excreta, dos nutrientes
metabolizados e do gás carbónico.

O coração é um órgão muscular elástico, formado por quatro câmaras: dois átrios e dois
ventrículos. Essas estruturas são responsáveis pelo recebimento e bombeamento do
sangue: as câmaras dos átrios cumprem o papel de recebimento do sangue no coração,
enquanto as câmaras dos ventrículos são responsáveis por garantir o bombeamento do
sangue para fora do coração; no coração, há ainda a presença de quatro válvulas, cuja
função é impedir o refluxo do sangue ao órgão, o que favorece o contínuo fluxo de sangue
do sistema - nesse ciclo contínuo, o sangue, ao longo de 24 horas, por duas vezes passa
pelo coração.

Ao longo desses contínuos ciclos, o caminho percorrido pelo sangue obedece a dois
distintos circuitos: pequena e grande circulação.

● Pequena circulação - também chamada como circulação pulmonar, é o caminho


que o sangue percorre do coração aos pulmões, e vice-versa. Nesse circuito, o
sangue venoso é bombeado do ventrículo direito para a artéria pulmonar, que se
ramifica de maneira que uma segue para o pulmão direito e outra para o pulmão
esquerdo; chegando aos pulmões, o sangue presente nos capilares dos alvéolos
libera o gás carbônico e absorve o gás oxigênio; agora oxigenado, o sangue arterial
retorna dos pulmões para coração, através das veias pulmonares, que se conectam
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no átrio esquerdo.
● Grande circulação - também chamada de circulação sistêmica, é referenciada
como o duplo caminho percorrido pelo sangue, ou seja, o sangue oxigenado
bombeado pelo coração até cada célula do corpo, e seu retorno ao coração,
trazendo sangue carregado pelo gás carbônico resultante do processo de oxidação
das células (o chamado sangue venoso).

O coração é autossuficiente em seu funcionamento, ou seja, é capaz de,


autonomamente, produzir os seus movimentos de contração e relaxamento – o
movimento de contração do coração é chamado de sístole, enquanto que o de
relaxamento é denominado como diástole; quando o coração se contrai, bombeia
sangue, ao passo que, quando relaxa, enche-se de sangue; a região do coração
responsável pelos batimentos cardíacos - sístole e diástole - é chamada de nó sinoatrial,
caracterizando-se por ser constituída por um aglomerado de células especializadas,
responsáveis por produzir impulsos elétricos.

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SISTEMA MUSCULAR

O sistema muscular é constituído por uma grande variedade de músculos, os quais


apresentam tamanhos, formas e funções diversas - a literatura relatada como
existindo
cerca de 600 músculos no corpo físico, respondendo eles por algo em torno de 40 a 50%
do peso dos indivíduos.

Os músculos são formados por fibras musculares constituídas por células especializadas,
capazes de produzir ações de relaxamento ou contração a partir de impulsos de energia
controlados pelo sistema nervoso. A coloração avermelhada, característica dos músculos,
tem como razão a presença de mioglobina nas fibras musculares - proteína semelhante à
hemoglobina, cuja função é armazenar e transportar oxigênio, elemento fundamental
para geração das elevadas quantidades de energia demandadas pelas ações de contração
muscular e movimento dos indivíduos.

O corpo humano, segundo a visão funcional prevalecente, funciona como se fosse uma
espécie de máquina; e para que essa máquina funcione de modo funcional, se faz
necessário que os vários sistemas que nela operam trabalhem de forma ordenada e
interdependente. O sistema muscular, de modo direto ou transverso, tem atuação nos
batimentos cardíacos, nos movimentos respiratórios, nos movimentos da língua, olhos e
tantas outras funções desenvolvidas pelos músculos - eles estão presentes e atuam em
praticamente todas estruturas do corpo e sistemas. O sistema muscular, além de sua
principal função (preencher e sustentar o corpo e os órgãos), também é responsável por
produzir a movimentação do corpo - seja ela, externamente, nos deslocamentos do corpo
físico, seja internamente na movimentação fisiológica dos órgãos; auxilia também na
manutenção da temperatura corporal, além de contribuir com outros sistemas, como por
exemplo, no sistema cardiovascular, diretamente contribuindo para o contínuo fluxo
sanguíneo do corpo, com movimentos de contração e relaxamento do coração e vias de
circulação que a ele estão integradas.

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Existem três tipos de músculos:

● Músculos lisos – também conhecidos como viscerais, têm eles como característica
a movimentação involuntária - regem em função de impulsos oriundos de outras
células ou hormônios; são eles encontrados nas paredes de estruturas ocas do
organismo (na MTC denominadas como vísceras), como p. ex. no estômago,
intestinos e vasos sanguíneos, tendo por função neles promover o melhor fluxo de
líquidos e substância.
● Músculo estriado cardíaco - é formado por uma rede de fibras estriadas e
ramificadas, compondo a musculatura do coração; muito embora a musculatura
cardíaca seja composta por fibras estriadas, possuem elas uma contração
involuntária, a qual é dependente de sinais enviados pelo sistema nervoso
vegetativo - sua função é realizar contrações involuntárias, garantidoras dos
contínuos batimentos cardíacos.
● Músculo estriado esquelético - é formado por fibras musculares ligadas aos ossos
e tendões do corpo, tendo como característica possuírem específicas terminações
nervosas; constituído por células alongadas e multinucleadas, possuem elas
intensa atividade metabólica, respondendo suas contrações, que voluntária,
demandam comando de sinais enviados pelo cérebro - esses músculos estão
diretamente relacionados com a movimentação e postura corporal.

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SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é basicamente composto pelos rins e vias urinárias - estas


constituídas pelo ureter, bexiga e uretra. A urina, composta por cerca de 95% de água,
é a excreta eliminada por esse sistema - conforme já citado, como resultado da
captação, transformação, assimilação e distribuição de substâncias nutritivas pelos/as
indivíduos/as (aí também incluída a água e, mesmo, o oxigênio), ao seu final, uma
quantidade dos elementos resultantes desse processamento é considerada, pelo
organismo, como inservível (uma excreta dos processos orgânico-celulares que precisa
ser eliminada, seja através do dos pulmões (gás carbônico), do intestino grosso (fezes)
ou pelo sistema urinário (urina); através do sistema urinário, as principais excretas
eliminadas são a uréia, o cloreto de sódio e o ácido úrico.

O aparelho urinário tem uma importante função filtrante, separando do sangue que
chega aos rins, as substâncias nocivas nele contidas, eliminando-as do organismo sob a
forma de urina. Os rins filtram o sangue, sendo eles o executor do trabalho de seleção
das substâncias de rejeição - nosso sangue contém muitas substâncias que não
necessitamos e/ou são potencialmente perigosas de nele serem mantidas, como
exemplo, água em excesso, sais minerais, células mortas/alteradas, resíduos das
atividades celulares; a partir dessa filtragem, através dos ureteres, são essas excretas
conduzidas, na forma de urina, até a bexiga; nela, que em verdade se constitui um
reservatório de urina, fica depositada, até que, através da uretra, é finalmente
eliminada.

Em paralelo a esse processo de eliminação de excretas, os rins também filtram e


eliminam água - e isso ocorre, seja pelo fato de as excretas estarem dissolvidas no plasma
(que é constituído, em grande parte, de água) seja porque parte da água ingerida precisa
ser eliminada, visto que a quantidade de água presente no sangue e nos tecidos precisa
ser mantida constantemente.

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● Rins: em número de dois, são eles as principais estruturas do sistema urinário;
anatomicamente situados na região lombar, um de cada lado da coluna vertebral,
tem a forma aproximada de um caroço de feijão A filtragem do sangue nos rins é
realizada através de pequenos filtros, denominados néfrons - são eles as unidades
funcionais dos rins; cada néfron apresenta duas partes principais: a cápsula de
Bowman e os túbulos renais.
● Ureter: Os ureteres (2) são estruturas musculares tubulares, responsáveis cada
uma por levar a urina de cada um dos rins até a bexiga urinária para
armazenamento e posterior excreção. Sobre os ureteres, interessante quadro
sinótico foi desenvolvido por Lourenço (2020), que de modo sintético, os
descreve:

“A uretra é um conduto muscular-membranoso, cuja função é conduzir


a urina desde a bexiga até o exterior; essa estrutura possui um esfíncter,
o qual permite aos indivíduos o controle consciente do esvaziamento da
bexiga; no homem, a uretra, além da condução da urina, serve também
de passagem para esperma, durante a ejaculação, medindo cerca de 16
cm, pois se estende, desde a bexiga, passando pela próstata, até chegar
ao fim do pênis; na mulher, este é um órgão exclusivamente do aparelho
urinário, medindo cerca de 4 cm”.

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SISTEMA REPRODUTOR

Também chamado de genital, esse sistema é responsável pela reprodução da vida


humana. Diferindo em forma e funções, esse sistema é bem característico, possuindo o
homem e a mulher diferentes órgãos - internos e externos.

● Sistema reprodutor masculino - os principais órgãos reprodutores masculinos são


os testículos - possuem formato oval e ficam situados atrás do pênis, na chamada
bolsa escrotal; produzem as células sexuais masculinas; essas células são
chamadas de espermatozóides, chegando ao pênis através da uretra, através de
um líquido denominado de sêmen ou esperma, o qual é liberado, através da
ejaculação, no interior do corpo da mulher, durante o ato sexual.
● Sistema reprodutor feminino - os principais órgãos reprodutores da mulher são os
ovários; com o formato de amêndoas, ficam localizados na parte inferior do
abdômen; dois canais, chamados de tubas uterinas, unem os ovários ao útero,
sendo o útero o órgão muscular onde o bebê se desenvolve.

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SISTEMA LINFÁTICO

Esse sistema de transporte funciona, em certa medida, de modo semelhante ao sistema


circulatório, tendo como diferença não ser um sistema fechado - ele começa nos tecidos
do corpo, continua através dos vasos linfáticos e esvazia no sangue, criando um caminho
de mão única.

O Sistema Linfático é constituído por uma complexa rede de vasos e pequenas estruturas,
conhecidas como nódulos linfáticos, as quais funcionam transportando o tecido linfático
dos tecidos - que é denominado como linfa - de volta para o sistema circulatório; esse
sistema é de grande importância para o equilíbrio hídrico do organismo, exercendo
relevante papel no sistema imunológico na medida em que colabora com glóbulos
brancos para a proteção do corpo físico contra agentes patógenos. Três são as funções
do sistema linfático:

● Remoção do excesso de fluidos dos tecidos.


● Absorção dos ácidos graxos e consequente transporte da gordura para o
sistema circulatório.
● Produção de células imunes (linfócitos, monócitos e células produtoras de
anticorpos conhecidas, como plasmócitos).

O sistema linfático é composto por linfa, vasos linfáticos e gânglios linfáticos:

● Linfa - líquido incolor, composto de glóbulos brancos, proteínas, gorduras e sais -


esse líquido é transportado dos tecidos para o sangue através dos vasos linfáticos;
diferente do sistema circulatório, no sistema linfático inexiste uma bomba para
impulsionar a linfa, movendo-se e aproveitando as contrações musculares - e isso
é possível porque os vasos linfáticos estão localizados entre o tecido muscular e
quando o corpo realiza movimentos diários ou comuns a circulação linfática é
ativada, sendo, portanto, muito mais lenta que a circulação do sangue.
● Vasos linfáticos - são os condutos através dos quais a linfa circula e são muito
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semelhantes as veias, pois são constituídos por tecido conjuntivo e válvulas nas
paredes que impedem o recuo da linfa; os vasos linfáticos, a medida que penetram
nos tecidos do corpo, tornam-se menores e mais finos até se tornarem capilares
linfáticos - e nesse ponto que as substâncias que não podem passar pelo sangue
são coletadas, porque o seu tamanho as impede de atravessar a parede do vaso
sanguíneo, sendo transportadas através dos vasos linfáticos que se tornam cada
vez maiores à medida que se aproximam do final da viagem; os vasos linfáticos
convergem em dois troncos principais: duto linfático direito, que coleta toda a linfa
da parte superior do corpo; duto linfático torácico, que coleta a linfa do lado
esquerdo do corpo; esses dutos, eventualmente, esvaziam a corrente sanguínea,
especialmente a veia cava superior e a veia subclávia esquerda.
● Gânglios linfáticos: são pequenos nódulos em forma de feijão, com menos de 1 cm,
que não podem ser sentidos em condições normais. Eles são encontrados em
grupos em várias áreas do corpo, como pescoço, axilas, virilha, tórax e abdome. A
função dos gânglios linfáticos é filtrar a linfa de substâncias estranhas, como
bactérias e células cancerígenas, e destruí-las, bem como produzir glóbulos
brancos, como linfócitos, monócitos e células plasmáticas, responsáveis pela
destruição de substâncias. Quando há uma infecção no corpo, os linfonodos
aumentam de tamanho devido à produção adicional de glóbulos brancos para lidar
com isso. É quando ficam maiores que podem ser sentidos e é um indicador de
que nosso corpo está respondendo. Se após algum tempo o nó não voltar ao
normal ou aumentar ainda mais de tamanho, o médico deverá ser consultado.

Finalmente, comentando que o sistema linfático constitui uma parte muito importante do
sistema imunológico, é responsável por nos defender de agressões externas, devido à
função dos órgãos linfóides.

Do sistema linfático, estão incluídas as seguintes estruturas:

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● Amídalas - também chamadas de tonsilas palatinas, são estruturas constituídas
por aglomerados de tecido linfático; esses dois órgãos, localizados na parte oral
da faringe, trajeto comum do sistema respiratório e digestório; cada amígdala
possui cerca de 20 invaginações chamadas como criptas, nas quais, em certos
momentos, podem acumular microorganismos, linfócitos e células epiteliais,
condição que pode gerar quadros de amidalites.

● Adenóides - estrutura formada por dois pequenos aglomerados de tecido linfóide,


localizadas entre a parte de trás do nariz e acima da garganta, na região conhecida
como rinofaringe; sua função é realizar uma espécie de proteção-defesa do
organismo contra elementos nocivos vindos através de partículas aéreas - vírus e
bactérias que se acumulam no nariz e na garganta.
● Baço - órgão pertencente ao sistema linfático, cuja função é defesa do organismo,
atuando no processo de circulação do sangue; medindo cerca de 13 cm, pesa
aproximadamente 200g; anatomicamente, se localiza na parte superior esquerda
do abdômen, atrás do estômago e debaixo do diafragma. Dentre as principais
funções do baço estão: filtrar microrganismos e partículas estranhas do sangue,
como vírus e bactérias, ele atua, mais ou menos, como uma “esponja”; produzir
linfócitos e plasmócitos que sintetizam anticorpos; reservar sangue para o caso de
hemorragia intensa - ele tem capacidade para armazenar até 250 mg de sangue;
remover as hemáceas danificadas ou envelhecidas.
● Timo - glândula linfóide cuja função é produzir linfócitos T, estrutura de
importância na resposta imunitária do organismo; tende a evoluir a partir da
puberdade, quando as suas funções passam a ser desenvolvidas por outras
estruturas. Anatomicamente, está situado no tórax, no mediastino superior,
posicionando-se frente à traquéia, anteriormente aos grandes vasos que emergem
do coração. Estruturalmente, apresenta-se através de dois lobos que surgem no
embrião como primórdios separados de cada lado da linha média, mas que mais
tarde, se tornam intimamente ligados por tecido conjuntivo.

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SISTEMA TEGUMENTAR

O Sistema Tegumentar, principal barreira protetora do corpo físico, é composto pela


pele e suas estruturas anexas - glândulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais.
Desenvolve esse sistema importantes funções no inter-relacionamento ativo com os
outros sistemas, seja protegendo o corpo contra a invasão de microrganismos -
evitando/prevenindo doenças - seja protegendo do previsível processo de perda de água
para o meio externo e a desidratação do indivíduo - consequentemente, evitando
o ressecamento da pele e estruturas anexas. A pele é estruturada em três diferentes
camadas:

● A estrutura mais externa da pele é denominada como epiderme; é constituída de


tecido epitelial cujas células apresentam diferentes formatos e funções; elas são
originadas na camada basal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas à
medida que sobem; quando chegam na camada mais superficial (camada
córnea) as células estão mortas (e sem núcleo) e são compostas em grande parte
por queratina; entre a camada basal (mais interna) e a córnea (mais externa), há a
camada granulosa, onde as células estão repletas de grânulos de queratina e a
espinhosa, na qual as células possuem prolongamentos que as mantêm juntas,
dando-lhe um determinado aspecto.
● A camada intermediária da estrutura da pele é a derme; é constituída de tecido
conjuntivo fibroso, vasos sanguíneos e linfáticos, terminações nervosas e fibras
musculares lisas; a derme afigura-se uma camada de espessura variável,
intermediária entre a epiderme e a hipoderme; sua superfície é irregular com
saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias da epiderme.
● A estrutura mais profunda da pele é conhecida como hipoderme; também
conhecida como tecido subcutâneo, localiza-se abaixo da derme, sendo ela,
portanto, a camada mais profunda da estrutura tegumentar; formada por tecido
conjuntivo, em média representa entre 15% a 30% do peso corporal dos
indivíduos; sua ligação com a derme é realizada através de fibras de elastina e
colágeno.
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Dentre as funções do hipoderme, segundo propõe Magalhães (2020), temos:

● Reserva de energia: o tecido adiposo armazena energia que pode ser utilizada pelo
corpo em momentos de necessidade. Em casos de jejuns prolongados, por
exemplo, o organismo utilizará a energia acumulada no tecido adiposo.
● Defesa contra choques físicos: protege os órgãos e ossos, servindo para
"acolchoar" essas estruturas e amortecer contra traumas físicos. Ao mesmo
tempo, também modela o corpo.
● Isolante térmico: a camada de tecido subcutâneo contribui para regular a
temperatura corporal. Por exemplo, uma camada de tecido adiposo protege o
corpo contra o frio. Esse processo é conhecido por termorregulação.
● Conexão: o hipoderme conecta a derme aos músculos e ossos. Portanto, é
responsável por fixar a pele a estruturas adjacentes. O Sistema Tegumentar
apresenta ainda os chamados “apêndices da pele”: unhas, cabelos e pelos.
● As unhas são constituídas por placas de queratina, localizadas nas pontas dos
dedos, cuja função é ajudar a agarrar objetos; os pelos, espalhados por todo o
corpo - exceção apenas encontrada na palma das mãos, sola dos pés e em certas
áreas da região genital - são formados de queratina e restos de células epidérmicas
mortas compactadas, as quais se formam no interior do folículo piloso.

● Os cabelos, presentes na região da cabeça, de igual maneira aos pêlos, são


formados a partir de células mortas queratinizadas produzidas no fundo do
folículo.

Temos ainda nesse sistema os chamados “receptores sensoriais”, que são ramificações de
fibras nervosas - algumas encapsuladas formando corpúsculos, enquanto outras são
encontradas soltas (como as que se enrolam em torno do folículo piloso) - tendo esses
receptores por função receber estímulo mecânico, de pressão, de temperatura ou de dor.
Como última estrutura do Sistema Tegumentar, temos as glândulas, as quais com função
exócrinas são responsáveis pela liberação de secreções para fora do corpo. Temos nessa
estrutura as glândulas sebáceas - bolsas que secretam o sebo (substância oleosa) junto aos
folículos pilosos para lubrificá-los - e as glândulas sudoríparas - com forma tubular
enovelada, secretam o suor através de poros na superfície da pele (fluido corporal
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constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto, entre outros elementos); vale
lembrar que é através do suor que a temperatura corporal é controlada.

SISTEMA ESQUELÉTICO

O Sistema Esquelético é constituído por um conjunto de ossos e estruturas formadas a


partir de cartilagem, tendões e ligamentos, tendo ele por função permitir a
movimentação do corpo, promover sua sustentação, oferecer apoio para músculos, e
proteção para os órgãos vitais - além, é claro, de servir como local de armazenamento
para determinadas substâncias, como o cálcio e fósforo e, assim, produzir células
sanguíneas.

O corpo dos seres humanos é estruturado por 206 ossos, os quais se veem perfeitamente
unidos através de articulações, formando o esqueleto. Os ossos que compõem essa
estrutura podem ser classificados de acordo com seu formato em:

● Longos: são aqueles que apresentam comprimento maior que a largura, como
fêmur e tíbia.
● Curtos: são aqueles que apresentam comprimento, largura e espessura
equivalentes. Exemplo: carpos e tarsos.
● Planos: apresentam um comprimento e largura maiores que a espessura. Exemplo:
costela e escápula.
● Irregulares: como o próprio nome indica, apresentam formatos variados. Exemplo:
vértebras e ossículos da orelha.
● Sesamoides: são pequenos e arredondados, além de estarem presentes em
tendões e ligamentos. Exemplo: patela.

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Convencionalmente, a estrutura do esqueleto humano se vê dividida em duas grandes
porções: o esqueleto axial e o apendicular. O esqueleto axial é aquele que forma o eixo
principal do corpo e é constituído pelo crânio, vértebras, costelas e esterno. O esqueleto
apendicular, por sua vez, é constituído pelos membros (braços e pernas).

Essas duas porções são unidas por meio das chamadas cinturas pélvicas e escapular. A
primeira é formada pelos ossos do quadril, enquanto a segunda é formada pela escápula
e clavícula. Os locais onde dois diferentes ossos entram em contato, dizemos que aí
existe uma articulação - essas articulações podem realizar ou não movimentos. As
articulações ditas móveis são aquelas que permitem a movimentação. Nesse caso, na
extremidade desses ossos móveis, existe a presença de cartilagem, a qual, aliada com o
chamado líquido sinovial, impede que haja desgaste desses ossos, permitindo que eles
deslizem uns sobre os outros, sem atrito e maiores complicações.

SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é a parte do organismo que integra, através da transmissão/recepção


de sinais, suas diferentes estruturas-funções, coordenando as ações voluntárias e
involuntárias do organismo. O chamado sistema nervoso é constituído por 2 grandes
sistemas: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP).

● Sistema Nervoso Central - é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal.


● Encéfalo - formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico, possui em torno de
35 bilhões de neurônios, pesando cerca de 1,4 kg.
● Cérebro – é ele responsável por comandar as ações motoras, estímulos sensoriais
e atividades neurológicas, como a memória, a aprendizagem, o pensamento e a
fala; é formado por duas metades (hemisfério direito e esquerdo) - as quais são
separadas por uma fissura longitudinal; o hemisfério direito tem relação com a
interpretação de imagens, habilidades manuais não verbais, intuições, espaços em
três dimensões e percepção de músicas, enquanto que o hemisfério esquerdo está
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ligado à linguagem, processamento de cálculos, memórias, resolução de problemas
e fala.

Os hemisférios cerebrais são divididos em 4 lobos:

● Lobo frontal - tem relação com trabalhos criativos, raciocínio, personalidade,


tomada de decisões, movimentação dos músculos esqueléticos, entre outras
funções.
● Lobo temporal - está relacionado, de modo prevalente, com a comunicação - fala,
audição e escrita.
● Lobo parietal – preponderantemente tem relação com as percepções de dor, frio,
calor e toques.
● Lobo occipital - processamento das informações visuais.
● Cerebelo – também conhecido como "pequeno cérebro", é a parte mais interior e
posterior do encéfalo; tem a aparência enrugada como a do cérebro, que acima
dele se localiza - suas reentrâncias e saliências, entretanto, são mais finas e
organizadas em padrões mais regulares; como o cérebro, possui dois lobos. A
principal função do cerebelo é a coordenação dos movimentos corporais por meio
do controle integrado dos músculos, incluindo equilíbrio e postura.
● Tronco encefálico - é a região do encéfalo responsável por fazer a ligação entre a
medula espinhal e o cérebro. O tronco encefálico é constituído por três partes:
mesencéfalo, ponte e bulbo. Essas partes são responsáveis pelas funções básicas
de manutenção da vida: respiração, o batimento cardíaco e pressão arterial.

Vamos ver com mais detalhes as três partes do tronco encefálico:

● Mesencéfalo - estrutura situada entre a ponte e o cerebelo, sendo responsável


pelas funções da visão, audição, movimento dos olhos e movimento do corpo.
● Ponte - localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, sendo ela responsável pela
transmissão de impulsos nervosos para o cerebelo; serve a ponte também de
passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula, participando
ainda de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da respiração.
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● Bulbo - também conhecido como medula alongada, é uma estrutura em forma de
cone, nele estando localizado o centro respiratório (regulação do ritmo
respiratório), o centro vasomotor (regulação da frequência cardíaca) e o centro do
vômito (controla o ato de vomitar).

Outro ponto importante:

● Medula espinhal - ela tem início no bulbo do tronco encefálico, na altura do forame
magno; ocupando toda extensão do canal vertebral, mede pouco mais de 43 cm,
estende-se até a altura do L1/L2 (vértebra lombar) - da ponta da medula espinhal
sai um filamento terminal, que vai até o cóccix. A medula espinhal é dividida em
segmentos, os quais recebem a mesma denominação das vértebras: cervical,
torácica, lombar, sacral e coccígea; em cada um dos segmentos da medula
espinhal, através dos forames intervertebrais, saem pares de nervos espinhais: 8
pares de nervos espinhais cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo
(31 nervos espinhais).

De modo semelhante a como é estruturada outras partes do sistema nervoso central, na


medula espinhal tanto é encontrada substância cinzenta quanto substância branca - a
cinzenta é encontrada na parte central da medula espinhal, possuindo uma forma que
lembra a de uma borboleta, sendo composta por corpos celulares neuronais; quanto a
substância branca, ela envolve a substância cinzenta, sendo composta por axônios.

Estruturalmente, a medula espinhal (bem como as raízes nervosas espinhais) é envolvida


por três camadas de proteção, chamadas de meninges - a mais externa é a dura-máter,
embaixo dela vem a aracnóide, sendo a camada mais profunda denominada de pia-máter.
Em razão de abrigar múltiplas estruturas nervosas, a medula espinhal tem diversas
funções, as quais, de modo resumido, podem ser assim definidas:

● Transmissão e processamento de informações sensoriais dos membros e tronco.


● Envolvimento na transmissão e regulação de sinais de vísceras.
● Controle dos movimentos do corpo, através dos circuitos com os músculos.
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● Sistema Nervoso Periférico: esse sistema é responsável por fazer ligações entre o
SNC e diferentes estruturas do corpo físico; os nervos que compõem esse sistema
podem ser formados por dendritos ou axônios, podendo eles, em função do tipo
de neurônio que apresentam, ser classificados em: nervos sensitivos, nervos
motores e nervos mistos.

Tipos de nervos:

● Sensoriais - também conhecidos como aferentes, eles recebem estímulos do


organismo ou do ambiente.
● Motores - também conhecidos como eferentes, controlam órgãos efetores, como
glândulas e fibras musculares.
● Interneurônios - estabelecem conexões com outros neurônios, formando circuitos
complexos.

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NEUROFISIOLOGIA

A neurofisiologia constitui-se ramo da fisiologia, e tem como objeto específico o estudo


do funcionamento do sistema nervoso – a neurofisiologia faz parte do campo científico
denominado neurociência.

Para melhor entendimento do funcionamento do sistema nervoso, é importante que se


veja mais bem detalhado os neurônios e seus mecanismos de comunicação. Os
neurônios - também chamados de células nervosas - são as células do sistema nervoso,
e estão diretamente relacionadas com a propagação do impulso nervoso, ou seja, são os
neurônios considerados unidades básicas desse sistema.

Os neurônios são estruturados a partir de três partes básicas: os dendritos, o axônio e o


corpo celular.

● Dendritos - são prolongamentos do neurônio, garantindo-lhe a recepção dos


estímulos, ou seja, é através deles que o impulso nervoso é levado em direção ao
corpo celular; a maioria dos neurônios apresenta uma grande quantidade de
dendritos.
● Axônio - prolongamento que garante a condução do impulso nervoso; cada
neurônio possui apenas um axônio, o qual, geralmente, é bem mais longo que os
dendritos; o axônio é envolvido por uma espécie de isolante elétrico, o qual é
denominado por bainha de mielina, sendo ela formada por dois tipos celulares:
oligodendrócitos, no sistema nervoso central, e células de Schwann, no sistema
nervoso periférico.
● Corpo celular - local do neurônio onde está presente seu núcleo, grande parte das
organelas celulares e de onde partem os prolongamentos dessa célula.

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A comunicação entre os milhões de neurônios existentes em cada indivíduo é realizada
através de um processo denominado como sinapses. A sinapse é o “mecanismo” através
do qual se estabelece a comunicação entre os neurônios, entre neurônios e músculos e
entre neurônios e as glândulas de nosso corpo.

Na grande maioria das sinapses, a transmissão de informação é possível graças à


presença de neurotransmissores, que são mensageiros químicos. Nesse tipo de sinapse
- chamada de sinapse química - o impulso nervoso (sinal elétrico) de um neurônio pré-
sináptico é transformado em sinal químico, que atua na célula pós-sináptica. É
importante salientar que existem ainda as chamadas sinapses elétricas. Nessas sinapses,
as correntes elétricas fluem diretamente de um neurônio para o outro.

Os neurônios são células especializadas, responsáveis pela transmissão dos impulsos


nervosos; e assim o são, por serem eles excitáveis, ou seja, conseguem responder a
estímulos a partir de modificações na diferença do potencial elétrico da membrana
celular - a modificação desse potencial permite com que o impulso se propague pela
membrana, fenômeno conhecido como impulso nervoso. É através do impulso nervoso
que os neurônios conseguem transmitir informações de um neurônio para o outro, para
uma glândula ou músculo, ou seja, garante ao neurônio a recepção e transmissão de
informações.

O impulso nervoso tem como start deflagrador um estímulo suficientemente forte para
desencadeá-lo, e isso ocorre quando uma membrana está em potencial de repouso -
condição em que a superfície interna da membrana possui carga negativa em relação à
superfície externa - nessa condição, há uma diferença de potencial entre o interior e o
exterior de aproximadamente -70 mV. Isso ocorre em razão das concentrações de Na+
(sódio) fora da célula serem muito maiores do que as concentrações existentes em sua
parte interior. O K+ (potássio), por sua vez, é encontrado em maior quantidade dentro
do que fora da célula. Essa concentração é mantida pelo transporte ativo de íons, que
ocorre através da membrana por meio da chamada “bomba de sódio e potássio”.
Quando o neurônio é estimulado, há a abertura dos canais de Na+ e uma entrada rápida
desse íon para o interior da célula. Nesse momento, a diferença de potencial passa a ser
+20 mV. O Na+ difunde-se para outras partes da membrana, e os canais de Na+ abrem-
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se ao longo da membrana do neurônio - a entrada de Na+ desencadeia a mudança de
potencial, o fechamento dos canais de Na+ e a saída dos íons K+ em razão das
modificações nas proteínas da membrana, o que facilita a saída desse íon. Tudo isso
ocorre de maneira bastante rápida para que a condição de repouso seja restabelecida,
ou seja, a membrana é repolarizada.

O Arco Reflexo

O maior exemplo do significado da inter-relação estabelecida entre os Sistemas que


constituem a dimensão física dos seres humanos - e por extensão, a inter-relação dessa
dimensão física com as dimensões mentais e emocionais - bem esclarecendo o que
podemos chamar de “trabalho em equipe”, é o modo de como os neurônios se
comunicam, quando por alguma razão são estimulados, fazendo lembrar a passagem de
bastões numa corrida de revezamento.

O entendimento do funcionamento desse processo - denominado arco reflexo - é muito


relevante para a Psicanálise, pois foi a partir de sua lógica limitada ao funcionamento
biofisiológico que Freud apresentou, ainda em sua primeira tópica, uma diferenciada e
bem mais ampliada organização do aparelho psíquico - o consciente (Cs), o Pré-
consciente (PCs) e o Inconsciente (Ics).

Para entender o mecanismo do funcionamento do arco reflexo, nada melhor do que um


exemplo prático: imaginemos que recebemos uma pancada na região do joelho. Essa
pancada, que em verdade é reconhecida como um estímulo, é captada através de um
receptor, acionando os dendritos de um neurônio sensorial - aferente - que o encaminha
ao seu corpo celular e, dele, ao axônio; a mensagem recebida por esse axônio do
neurônio sensorial, através de uma sinapse, é enviada a um neurônio motor - eferente -
iniciando-se aí um processo de resposta.

Nesse caso, o axônio do neurônio motor, que é conectado ao músculo quadríceps, produz
como resposta, a contração do citado músculo, que se contrai e movimenta a perna;
ocorre que, ao mesmo tempo em que essa resposta é dada, o axônio do neurônio
sensorial estabelece com um interneurônio, facilitando este a comunicação com um
segundo neurônio motor, o qual comanda a inibição da inicial contração produzida,
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restabelecendo a “normalização” do músculo, voltando o mesmo ao estado de repouso.

Esse processo, entretanto, envolve um processamento bem mais ampliado de trocas


sinápticas e estímulos aferentes e respostas eferentes, envolvendo um processamento
reflexo que vai e vem até o cérebro.

Acidente Vascular Encefálico

O AVE – acidente vascular encefálico, também conhecido como AVC - acidente vascular
cerebral - popularmente conhecido como “derrame cerebral”- ocorre em razão da
interrupção repentina do fluxo de sangue em alguma região do cérebro, causando
sintomas como paralisia de uma parte do corpo, dificuldade na fala, desmaio, tontura e
dor de cabeça. O AVE pode ser de dois tipos:

● Tipo isquêmico - o mais comum, acontecendo quando há perda/interrupção


do fluxo de sangue em alguma região do cérebro, consequente, por exemplo,
de um coágulo.
● Tipo hemorrágico - quando um vaso se rompe e provoca sangramento dentro
do cérebro ou nas meninges, que são as películas que envolvem o cérebro.

Principais sintomas:

AVE - Tipo isquêmico:

● Perda repentina da força muscular e/ou da visão.


● Dificuldade de comunicação oral.
● Tonturas.
● Formigamento num dos lados do corpo.
● Alterações da memória.

OBS: Algumas vezes, esses sintomas podem ser transitórios - ataque isquêmico
transitório (AIT) – porém, mesmo sendo temporário, o AIT não deixa de exigir cuidados
médicos imediatos.

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AVE – Tipo hemorrágico

● Dor de cabeça.
● Edema cerebral.
● Aumento da pressão intracraniana.
● Náuseas e vômitos.

OBS.: Os déficits neurológicos do tipo hemorrágico são semelhantes aos provocados pelo
acidente vascular isquêmico.

Fatores de risco:

Os fatores de risco para AVC são os mesmos que provocam ataques cardíacos:
● hipertensão arterial.
● colesterol elevado.
● fumo.
● diabetes.
● histórico familiar.
● ingestão de álcool.
● vida sedentária.
● excesso de peso,

● estresse.

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Doenças degenerativas do sistema nervoso

Diversos são os fatores que podem levar, em maior ou menor escala, a morte celular e
sua degeneração no sistema nervoso. Esses fatores podem ser mutações genéticas,
infecções virais, drogas psicotrópicas, intoxicação por metais pesados etc. Muitas são as
doenças nervosas degenerativas, porém aqui nos limitaremos a apresentar algumas
considerações sobre a esclerose múltipla e a doença de Parkinson.

Esclerose múltipla

A esclerose múltipla constitui-se distúrbio no qual ocorre desmielinização de áreas


isoladas dos nervos dos olhos, do cérebro e da medula espinhal. O termo “esclerose
múltipla” está relacionado ao fato de existirem múltiplas áreas de cicatrização
(esclerose), os quais representam muitos focos de desmielinização no sistema nervoso.

Os sinais e sintomas neurológicos da esclerose múltipla são tão diversos que, de modo
muito comum, o médico tem dificuldade de diagnosticar tal distúrbio, quando os
primeiros sintomas aparecem. Como, por frequente, essa doença piora lentamente, os
indivíduos afetados apresentam períodos de saúde relativamente boa (remissões)
alternados com períodos de fraqueza (exacerbações).

Causas:

Ainda hoje é desconhecida a causa da esclerose múltipla, mas suspeita-se de que um vírus
ou algum antígeno desconhecido sejam os responsáveis que desencadeiam, de alguma
maneira, um processo autoimune, geralmente no início da vida. Em seguida, o corpo, por
alguma razão também desconhecida, produz anticorpos contra sua própria mielina. Os
anticorpos produzem inflamação e lesam a bainha de mielina. A hereditariedade parece
ter um papel importante na esclerose múltipla. Cerca de 5% dos indivíduos afetados
possuem uma irmã ou irmão que também apresenta a doença e aproximadamente 15%

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deles possuem um parente próximo afetado.

OBS.: Um dado interessante, estatisticamente comprovado, porém, ainda não


cientificamente, é a influência dos fatores ambientais na esclerose múltipla; a esclerose
afeta 1 em cada 2.000 indivíduos que passam a primeira década de sua vida em climas
temperados, mas ela afeta somente 1 em cada 10.000 indivíduos nascidos em regiões
tropicais.

Doença de Parkinson

A doença de Parkinson é uma afecção do sistema nervoso central que acomete


principalmente o sistema motor, constituindo-se uma condição neurológica das mais
frequentes e sua causa permanece desconhecida. As estatísticas disponíveis revelam que
a prevalência da doença de Parkinson na população é de 150 a 200 casos por 100.000
habitantes e a cada ano surgem 20 novos casos por 100.000 habitantes.

Os sintomas motores mais comuns são: tremor, rigidez muscular, acinesia (perda de
movimentos) e alterações posturais. Entretanto, manifestações não motoras também
podem ocorrer, tais como: comprometimento da memória, depressão, alterações do sono
e distúrbios do sistema nervoso autônomo.

A doença de Parkinson é uma condição crônica, de evolução lenta - em suas manifestações


de sintomas - apesar de ser variável essa evolução em cada caso. A doença de Parkinson é
a forma mais frequente de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo
de doenças que podem ter várias causas e que apresentam em comum os sintomas
descritos acima em combinações variáveis, associadas ou não a outras manifestações
neurológicas.

A doença de Parkinson é também chamada de parkinsonismo primário porque é uma


doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que
um parkinsonismo é secundário naqueles casos em que uma causa pode ser identificada.
Cerca de 75% de todas as formas de parkinsonismo correspondem à forma primária.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONORS, B. et al. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre,
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SCHMIDT, R.F. Neurofisiologia. São Paulo, EPU, 1979.

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