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Morfofisiologia Humana

Fundamentos em Anatomia e Fisiologia Humana

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Janaína Simões

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Fundamentos em Anatomia
e Fisiologia Humana

• Introdução
• Definição e Organização Estrutural do Corpo
• Terminologia Anatômica
• Posição Anatômica
• Termos Direcionais
• Anatomia Microscópica

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer conceitos introdutórios em anatomia e fisiologia humana.
UNIDADE Fundamentos em Anatomia e Fisiologia Humana

Introdução
Ao se comparar os primeiros estudos em Anatomia com os dias atuais, observamos que
o conhecimento nessa Área se desenvolveu consideravelmente, partindo do conhecimento
baseado em Teorias sobre como o corpo funciona até casos em que não havia evidências
reais e, hoje, há possibilidade de proporcionar às pessoas a obtenção de conhecimento de
grande parte dos Sistemas que compõem na totalidade o corpo humano, graças aos estu-
diosos da Área, que desenvolvem e aprofundam pesquisas anatômicas, fazendo-a penetrar
na história de diferentes culturas e contribuir para o que agora serve como um guia para
esses estudos.

Compreender profundamente o corpo humano, seus menores detalhes, suas respec-


tivas cavidades e seu funcionamento é fundamental e ponto chave para todo profissional
de saúde desenvolver seu trabalho com excelência.

Ao conhecer sobre o que são anatômica e fisiologicamente as estruturas microscópicas


e macroscópicas que compõem o corpo humano, você estará apto a dar sequência a seus
estudos, facilitando seu entendimento na identificação do patológico e/ou disfuncional.

Para o optometrista, além de compreender a linguagem que descreve os métodos


iniciais de pesquisa no corpo humano e suas partes, você também compreenderá a
importância da anatomia humana e sua especialização para o estudo da anatômico e
de fundamental importância para a compreensão de aspectos envolvidos na visão e na
interação das estruturas corporais que sofrem influência ou que até mesmo influenciam
no sistema visual.

A compreensão da composição corporal, da organização estrutural do corpo huma-


no, desde estruturas microscópicas até a representatividade de órgãos e Sistemas, servirá
de base para a construção de um conhecimento mais aprofundado do Sistema Visual,
que será ofertado a você no decorrer da Graduação.

Contudo, é impossível ter domínio do sistema visual sem preceder de uma base concei-
tual em Anatomia e Fisiologia humanas, vez que a integralidade do corpo humano também
deve ser considerada e respeitada na nossa prática clínica.

Dessa forma, você se tornará apto a atuar preventivamente no combate a doenças e


a melhorar, além dos níveis de saúde, propiciar condições melhores com o objetivo do
aumento da expectativa de vida.

Definição e Organização
Estrutural do Corpo
Definimos Anatomia como o estudo da estrutura, sua forma e organização do
corpo humano. Diferente da Fisiologia, que é definida como o estudo das funções e
dos métodos de ação de várias partes do corpo estudadas isoladamente e de maneira
integral (RIZZO, 2012).

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Essas áreas organizacionais do corpo estão tão intimamente relacionadas, sendo neces-
sário que você já saiba de antemão que é difícil separá-las.

Características anatômicas de um órgão se justificam para proporcionar a função e


o trabalho fisiológico que aquele órgão executa. Por exemplo, se você tem um coração
com 4 cavidades ocas, é para que nelas se acumule a quantidade de sangue suficiente
que, numa contração cardíaca, possa ser bombardeado e fluir para outras áreas do seu
corpo que necessitam de aporte sanguíneo.

Seus ossos do crânio têm articulações fixas e rígidas o suficientes para abrigar com
segurança e servir como proteção a um órgão vital denominado encéfalo.

Uma publicação denominada Exercitatio Anatomica de Motu et Sanguinis realizada por


Willian, em 1628, descreveu um estudo anatômico do coração e do movimento sanguíneo
dos animais. Pode-se dizer que esse livro explora o Sistema Circulatório porque mostra
como o sangue é bombeado para o circuito intravascular fechado, no qual começa e termina
no mesmo ponto do coração.

É possível estudar o corpo humano por meio de várias abordagens, mas é fundamen-
tal que seja considerado o nível organizacional, a nomenclatura específica, inclusive as
nomenclaturas que utilizamos para descrever a abordagem introdutória do corpo huma-
no e sua composição por partes.

Considerando do menor para o maior, os componentes do corpo humano são organi-


zados da seguinte forma contendo categorias organizacionais como:
• Categoria química: Compostos por moléculas e átomos que interagem entre si;
• Categoria celular: Compostos pelas unidades básicas celulares, na qual as células
representam a unidade básica do corpo;
• Categoria tecidual: Compostos por tecidos que atuam em funções determinadas, e
são compostos por células. Eles se diferenciam entre tecido nervoso e tecido epitelial
dentre outros;
• Categoria orgânica: Compostos por órgãos que por associações de diferentes
tipos de tecidos estão aptos a desempenhar funções especiais e únicas;
• Categoria sistêmica: Composto por órgãos que mantêm relação entre si de acordo
com a função determinada, exemplo o sistema respiratório é composto por mais de
um órgão como pulmão e a traqueia;
• Categoria organismo humano: Composta pela atuação em conjunto de todos os
órgãos e Sistemas em funcionamento.

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Figura 1 – Níveis de categorias organizacionais do corpo


Fonte: RIZZO, 2012

Figura 2 – Níveis de categorias organizacionais do corpo


Fonte: RIZZO, 2012

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Terminologia Anatômica
As terminologias anatômicas, embora possam te parecer num primeiro momento
de pouca utilidade, é fundamental para que todo profissional da saúde se oriente e
estabeleça nomenclaturas entendíveis em todo âmbito profissional. Ela é a base para o
aprofundamento necessário que você necessita ter na área de atuação a qual pertence.

No caso do Optometrista, as terminologias são extremamente úteis para o entendi-


mento mais aprofundado das estruturas anatômicas da visão e, assim como estruturas
corporais, além da visão que mantém relação direta ou indireta com o sistema visual.

Posição Anatômica
A posição anatômica é a principal referência inicial para os estudos em Anatomia.
Trata-se de uma descrição universal de posicionamento específico que o corpo assume
e a partir dele estudiosos, anatomistas, profissionais da saúde relacionam postura, movi-
mentos, descrição de estrutura individual ou em grupos e a orientação.

Para a posição anatômica, considera-se o corpo posicionado em ortostatismo (em


pé), braços ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para a frente, e pernas
esticados paralelas com os dedos alinhados e voltadas para frente simetricamente, cabeça
alinhada e olhar ao horizonte.

Figura 3 – Posição Anatômica


Fonte: Fotolia

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Planos Anatômicos
O planos anatômicos são cortes imaginários que dividem o corpo em duas partes.
Em cada parte, podem ser identificadas infinitas porções paralelas ao plano em questão
(TORTORA; DERRIKSSON, 2016).

São eles:
• Plano sagital: também conhecido como plano mediano ou sagital mediano. No sen-
tido de anterior para posterior (anteroposterior – AP) dividindo em partes simétricas
em direita e esquerda. Quando o plano sagital divide em laterais direita e esquerda
não simétrica denominamos plano paramediano ou parassagital;
• Plano frontal: também conhecido como plano coronal este plano divide no sentido
latero-lateral em partes anterior ou ventral e posterior ou dorsal;
• Plano transverso: também conhecido como axial ou horizontal, este plano divide
em sentido anteroposterior em parte superior ou cefálica e inferior ou caudal;
• Plano diagonal: também conhecido como oblíquo este plano é resultado da combi-
nação de mais de um tipo de plano.

Figura 4 – Planos anatômicos


Fonte: TORTORA; DERRIKSSON, 2016

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Termos Direcionais
São utilizados para descrever uma estrutura em relação à outra, embora você pode
achar óbvio utilizarmos o termo “anterior” para descrever o que está localizado na porção
da frente do corpo é fundamental você ao utilizar o termo buscar em qual relação você
está comparando para definir se a estrutura é realmente anterior.

Um exemplo, observe na Figura 5, podemos classificar o osso esterno como anterior,


no entanto, se compararmos a mama ao esterno, ele deixa de receber a nomenclatura 12.

Figura 5 – Vista anterior do tronco e termos direcionais


Fonte: TORTORA; DERRIKSSON, 2016

Tabela 1 – Termos Direcionais


Termos direcionais Definição Exemplo
Superior (cefálico Em direção à cabeça ou na parte de O coração encontra-se superior
ou cranial) cima de uma estrutura. ao fígado.
Distante da cabeça ou na parte de O estômago encontra-se inferior
Inferior (caudal) baixo de uma estrutura aos pulmões.
Próximo da parte frontal ou na O esterno encontra-se anterior
Anterior (ventral) frente do corpo. ao coração.

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Termos direcionais Definição Exemplo


O esôfago encontra-se poste-
Posterior (dorsal) Próximo ou na parte de trás do corpo.
rior à traqueia.
Próximo ao plano mediano (um plano
Medial imaginário vertical que divide o corpo A ulna encontra-se medial ao rádio.
em lados iguais direito e esquerdo).
Os pulmões encontram-se late-
Lateral Mais afastado do plano mediano.
rais ao coração.
O colo transverso encontra-se
em posição intermediária aos
Intermediário Entre duas estruturas.
colos ascendente e descendente
do intestino grosso.
No mesmo lado do corpo, em rela- A vesícula biliar e o colo ascendente
Ipsilateral ção à outra estrutura. do intestino grosso são ipsilaterais.
Os colos ascendente e descen-
No lado oposto do corpo, em rela-
Contralateral ção à outra estrutura.
dente do intestino grosso são
contralaterais.
Próximo à ligação entre um mem-
O úmero encontra-se proximal
Proximal bro e o tronco, próximo à origem de
ao rádio.
uma estrutura.
Distante da ligação entre um mem-
As falanges (ossos dos dedos da
Distal bro e o tronco, distante da origem
mão) são distais aos ossos carpais.
de uma estrutura.
Superficial Na direção ou na superfície As costelas encontram-se super-
(externo) do corpo. ficiais aos pulmões.
As costelas encontram-se pro-
Profundo (interno) Distante da superfície do corpo. fundas em relação à pele do
tórax e do dorso.

Fonte: TORTORA; DERRIKSSON, 2016

Termos Direcionais e Planos Corporais. Disponível em: https://bit.ly/3tfgKps

Anatomia Microscópica
Os estudos em ANATOMIA HUMANA podem ser divididos também em anatomia
macroscópica, a qual se relaciona a estruturas que podem ser visualizadas sem o auxílio
de objetos de aumento, ou seja, podem ser analisadas e estudadas a olho nu.

A anatomia microscópica já se relaciona ao contrário da macroscópica ao estudo de


estruturas que necessitam de equipamentos de aumento para a identificação, visualização
e estudo como por exemplo o uso de microscópios associados ou não de técnicas de
colorações específicas para cada tipo de tecido ou célula.

Dentro do estudo da anatomia microscópica, podemos dividir em histologia, como a


Área que estuda os tecidos, e a citologia como a área que estuda as células.

O estudo da anatomia microscópica, embora complexo, é fundamental para entender-


mos a relação existente entre a estrutura e sua função. Ao analisarmos macroscopicamente

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um fígado, iremos observar uma massa de densidade mediana, de coloração marrom aver-
melhada e superfície lisa.

Se olharmos do ponto de vista microscópico, veremos um emaranhado de células e teci-


dos altamente especializados e complexos que desempenham inclusive, funções diferentes.

As células são definidas como a unidade básica funcional do corpo humano e apre-
sentam uma série de estruturas internas típicas, conforme você pode observar na Figura
a seguir:

Figura 6 – Componentes celulares


Fonte: TORTORA; DERRIKSSON, 2016

A célula é dividida de forma didática em 3 partes principais:


• Membrana plasmática: que forma a superfície externa flexível da unidade celular,
sendo responsável por separar o ambiente interno e todo o conteúdo dentro da
unidade do ambiente externo e todo seu conteúdo pertencente de fora da unidade
celular. É definida como uma barreira seletiva que tem poder de ajustar o fluxo de
materiais para dentro e para fora da célula. Essa seletividade ajuda a estabelecer e
manter o ambiente correto para a atividade normal da célula, sendo essencial para
a comunicação entre as células e seu ambiente externo;
• Citoplasma: que consiste no conteúdo celular presente entre a membrana plasmá-
tica e o núcleo. Ele tem dois componentes: o citosol e as organelas. O citosol é a
parte líquida do citoplasma, também denominado líquido intracelular, possui água,
solutos dissolvidos e partículas em suspensão. No citosol, encontram-se vários tipos
diferentes de organelas. Cada tipo de organela tem uma função específica e um
formato característico. Exemplos de organelas abrangem os ribossomos, o citoes-
queleto, o retículo endoplasmático, os lisossomos, o complexo de Golgi, os peroxis-
somos e as mitocôndrias;

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• Núcleo: refere-se a uma grande organela e nele está presente a maior parte do
DNA de uma célula. No núcleo, cada cromossomo possui uma única molécula de
DNA relacionada a várias proteínas, contendo genes que são milhares de unidades
hereditárias, que possuem a função de controlar os principais aspectos da estrutura
e da função celular.

Os tecidos são definidos como um agrupamento celular, pois, raramente, a célula


como unidade funcional do corpo, trabalha sozinha. Ela necessita deste agrupamento e,
através dele, é formado o tecido que normalmente possui origem embrionária comum e,
por isso, executa atividades especializadas.

Sua estrutura e propriedade específica são influenciadas por elementos como o con-
teúdo e a origem do material extracelular que realiza o envolvimento das células do
tecido e as ligações entre as células que constituem este tecido.

Tipos de tecido podem ser definidos por características relativas à sua composição
como o tecido ósseo (duro), tecido gorduroso (semissólido) e tecido sanguíneo (líquido).
Ele está relacionado, também, quanto ao tipo de células existentes, presença ou não de
fibras e quanto a sua forma de organização.

Histologia: visão geral. Disponível em: https://bit.ly/32dPhsp

A classificação conforme características estruturais e funcionais podem ser realizadas


da seguinte forma:

Figura 7 – Tipos de tecido


Fonte: TORTORA; DERRIKSSON, 2016

• Tecido epitelial: presente nas superfícies corporais e cavidades, responsável pela


cobertura e pelo revestimento, também é capaz de formar glândulas nas quais re-
presenta uma função secretora.
Através desse tecido, o corpo tem a possibilidade de interagir entre o meio externo
e o interno, pois suas células possuem união firme, muito próximas e organizadas
garantindo firmeza e eficiência na proteção, sendo assim classificadas como dois
tipos: de revestimento e glandular.
Veja a Figura a seguir e entenda mais sobre os tipos de tecidos epiteliais:

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Figura 8 – Tipos de tecidos epitelial
Fonte: sabiocaldas.edu.co

• Tecido conjuntivo: possui função protetora e de sustentação do corpo e de seus


órgãos. É um tecido de conexão e a associação de vários tecidos conjuntivos é res-
ponsável pela manutenção e pela união entre os órgãos além do armazenamento
de reservas de energia em forma de gordura que ajuda no fornecimento ao corpo
de imunidade e contra agressores. Os tipos especiais de tecido conjuntivo existentes
representam a funcionalidade específica de cada um deles e possui relação direta
com a matriz e o tipo de célula presente;

Veja no link a seguir uma Figura com os Tipos de Tecido Conjuntivo.


Disponível em: https://bit.ly/3wMHUq1

Tecido Conjuntivo. Disponível em: https://youtu.be/6ogIdKytj5k

• Tecido muscular: neste tecido, encontramos células denominadas miócitos, espe-


cializadas na geração de força através da contração que proporciona a locomoção
e a movimentação corporal, procedimento no qual ocorre a produção de calor,
contribuindo no aquecimento corporal. Esse tecido é classificado em três formas:
estriado esquelético, estriado cardíaco e liso.

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Veja os 3 tipos na imagem a seguir:

Figura 9 – Tipos de tecidos muscular


Fonte: trezetilias.sc.gov.br

• Tecido nervoso: responsável por conduzir impulsos elétricos, denominados poten-


ciais de ação, que são capazes de ativar contrações musculares, secreções glandulares
e de transmitir informação sensorial. Ele é caracterizado por sua habilidade em rea-
lizar comunicação e processar informações tanto na receptividade, na interpretação
quanto na resposta aos estímulos recebidos. Possui dois constituintes: os neurônios
e as células da glia.

Componentes do tecido nervoso: neurônio e células da glia.


Disponível em: https://bit.ly/3uN9tNQ

Correlação clínica: A lipoaspiração é um dos procedimentos estéticos mais realizados no


mundo. Realizada em áreas como abdome, coxas, braços e nádegas por meio da inserção
de uma cânula de aço inoxidável acoplada a um dispositivo gerador de vácuo é inserida
em pequenos orifícios na pele capaz de sugar o tecido adiposo presente com o objetivo de
remodelamento corporal, modificando contorno e a proporção da gordura.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Fisiologia Humana das Células aos Sistemas
Leitura do Capítulo 1 – Introdução à Fisiologia e à Homeostase.

Vídeos
Termos direcionais e planos corporais
https://bit.ly/3dd7ywc
Terminologia anatômica
https://bit.ly/3sdXx6m
Atlas de Movimentos do Corpo Humano
https://bit.ly/3tetWuB

Leitura
O cadáver no ensino da anatomia humana: uma visão metodológica e Bioética
https://bit.ly/3seSsuj

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Referências
RIZZO, D. C. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. São Paulo: Cengage Learning,
2012.

TORTORA, G. J.; DERRIKSSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14.ed. São


Paulo: Guanabara Koogan, 2016.

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