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TABELA 3: DADOS DEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS

PAC SEXO COR IDADE EVOL CASO ASPECTOS CLÍNICOS HIPÓTESE CLÍNICA DIAG. HISTOPAT
A ERITRODERMIA,LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS,PRURIDO PSO, ECZEMA, FOTODERMATITE C/C PSORÍASE
B ERITRODERMIA PSORIASE,ECZEMA,FARM,MF PSORÍASE
1 M PD 56 2 ANOS C QUADRO DE ECZEMA ATÓPICO PSO,MF,ECZEMA,RETIC ACTINICA C/C PSORÍASE
D QUADRO DE ECZEMA ATÓPICO PSO,MF,ECZEMA, RETIC ACTINICA C/C PSORÍASE
E ERITRODERMIA,LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS MICOSE FUNGÓIDE MICOSE FUNGÓIDE
A PRURIDO,LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS ECZEMA? D ESPONG SUBAGUDA
2 M N 59 2 ANOS
B LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS DIFUSA ECZEMA,MICOSE FUNGÓIDE MICOSE FUNGÓIDE
A ERITEMA HÁ 10 ANOS LE,ATROFIA POR CORTICÓIDE DESCRITIVO
B LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS,TRONCO,MSS,MIs,RAIZ DA COXA PSORIASE,LEA,LE,MF? DESCRITIVO
3 F B 72 5 ANOS
C LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS,TRONCO PSORIASE,LEA,LE,MF? MICOSE FUNGÓIDE
D LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS,TRONCO,MSS PSORIASE,LEA,LE,MF? MICOSE FUNGÓIDE
A RESSECAMENTO DA PELE,PRURIDO,QUADRO DE PÊLOS,LESÕES HIPOCROMICAS DESCRITIVO
4 F B 56 1 ANO
B MANCHAS AVERMELHADAS E RESSECAMENTO MIs,Mss MICOSE FUNGÓIDE? MICOSE FUNGÓIDE
A HÁ 4 ANOS MANCHAS HIPOCs OU ERITs,Mss,MIs,TRONCO,ABDÔMEN,REGIÃO CERVICAL ECZEMA,MF,LÍQUEN NÍTIDO DESCRITIVO
5 F N 23 < 1ANO
B HÁ 4 ANOS MANCHAS HIPOCs OU ERITs,MSS,MIs,TRONCO,ABDÔMEN,REGIÃO CERVICAL MF,LÍQ NIT,POROC ACT SUP,PRP MICOSE FUNGÓIDE
A HÁ 20 DIAS LESÕES COM ERITRODERMIA FARMACODERMIA? C/C PSORÍASE
6 F N 49 20 DIAS B ERITRODERMIA EXFOLIATIVA DERM ATÓPICA,FARMACODERMIA C/C MICOSE FUNGÓIDE
C HÁ 8 MESES LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS,EVOLUINDO PARA ERITRODERMIA MICOSE FUNGÓIDE MICOSE FUNGÓIDE
A HÁ 2 ANOS LESÕES HIPOCROMICAS ERITEMATODESCAMATIVAS,POUCO PRURIDO MF?,PARAPSORIASE C/C MICOSE FUNGÓIDE
7 F N 64 2 ANOS
B LESÕES DESCAMATIVAS DORSO,ABDOME,Mss,MIs,LEVE PRURIDO MICOSE FUNGÓIDE MICOSE FUNGÓIDE
A LESÕES HIPOCROMICAS MF?,LEA,ECZEMA ATÓPICA,FARM C/C MICOSE FUNGÓIDE
8 F B 60 3 MESES
B LESÕES HIPOCROMICAS MF?,LEA,ECZEMA ATÓPICA,FARM MICOSE FUNGÓIDE
A LESÃO ERITEMATODESCAMATIVA NA MAMA EF,ECZEMA,FARMACODERMIA CONSIDERAR MF
9 F 67 8 MESES
B LESÕES ERITEMATODESCAMATIVAS NAS MAMAS MICOSE FUNGÓIDE? MICOSE FUNGÓIDE
A HÁ 3 MESES LESÕES ERITDESCs DISSEMINADAS POUPANDO FACE ECZEMA,PSO,FOTOD,ERIT ESF PSORÍASE
B LESÕES ACRÔMICAS,OUTRAS ERITEMATODESCAMATIVAS MF?,COLAGENOSE,FARM C/C MICOSE FUNGÓIDE
10 M B 55 3 MESES
C LESÕES ACRÔMICAS,OUTRAS ERITEMATODESCAMATIVAS MICOSE FUNGÓIDE? MICOSE FUNGÓIDE
D MICOSE FUNGÓIDE? MICOSE FUNGÓIDE
DIAG-DIAGNÓSTICO, HISTOPAT- HISTOPATOLÓGICO, M-MASCULINO, F-FEMININO, PD-PARDO, N-NEGRO, B-BRANCO, MSS-MEMBROS SUPERIORES, MIS-MEMBROS INFERIORES, HIPOCs-HIPOCRÔMICAS, ERITs-ERITEMATOSAS, PSO-PSORÍASE
FARM-FARMACODERMIA, MF-MICOSE FUNGÓIDE, RETIC-RETICULOIDE, LE-LUPUS ERITEMATOSO, LEA-LÍQUEN ESCLEROATRÓFICO, LÍQ NIT-LÍQUEN NÍTIDO, POROC ACT SUP-POROCERATOSE ACTÍNICA SUPERFICIAL, PRP-PITÍRIASE RUBRA PILAR
D-DERMATITE, EF-ERITEMA FIXO, FOTOD-FOTODERMATITE, ERIT ESF-ERITRODERMIA ESFOLIATIVA, D ESPONG-DERMATITE ESPONGIÓTICA, C/C-COMPÁTIVEL COM, COR VERDE-GRUPO BP, COR AMARELA-GRUPO MF

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96

7. CONCLUSÕES

A imunomarcação do CD7 avaliada dos casos de MF precoce mostrou perda

estatística altamente significativa da sua expressão na epiderme e derme, quando

comparada aos casos controle representados por doenças inflamatórias, enquanto

esta diferença foi apenas significativa entre MF bem estabelecida e o grupo controle.

A perda de expressão do CD5 na epiderme nas fases precoce e bem

estabelecidas da MF teve relevância estatística altamente significativa quando

comparadas com o grupo controle.

A expressão do conjunto de marcadores, CD3, CD4, CD7 CD8 CD20, na

epiderme e derme e do CD5 na derme foi equivalente entre MF precoce e MF bem

desenvolvida.

A imunomarcação pelo CD3 é importante para a visualização do número dos

linfócitos presentes dentro da epiderme, demonstrando um maior número de células

que os cortes corados pela H&E.


97

O diagnóstico de psoríase foi, ao lado de compatibilidade com micose fungóide,

o mais freqüententemente observado entre os casos de MF precoce.

A avaliação pelo CD7 é um critério auxiliar na diferenciação diagnóstica entre

a psoríase e a micose fungóide precoce e bem estabelecida.


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7. CONCLUSÕES

A imunomarcação do CD7 avaliada dos casos de MF precoce mostrou perda

estatística altamente significativa da sua expressão na epiderme e derme, quando

comparada aos casos controle representados por doenças inflamatórias, enquanto

esta diferença foi apenas significativa entre MF bem estabelecida e o grupo controle.

A perda de expressão do CD5 na epiderme nas fases precoce e bem

estabelecidas da MF teve relevância estatística altamente significativa quando

comparadas com o grupo controle.

A expressão do conjunto de marcadores, CD3, CD4, CD7 CD8 CD20, na

epiderme e derme e do CD5 na derme foi equivalente entre MF precoce e MF bem

desenvolvida.

A imunomarcação pelo CD3 é importante para a visualização do número dos

linfócitos presentes dentro da epiderme, demonstrando um maior número de células

que os cortes corados pela H&E.


97

O diagnóstico de psoríase foi, ao lado de compatibilidade com micose fungóide,

o mais freqüententemente observado entre os casos de MF precoce.

A avaliação pelo CD7 é um critério auxiliar na diferenciação diagnóstica entre

a psoríase e a micose fungóide precoce e bem estabelecida.


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1- INTRODUÇÃO

Os linfomas cutâneos representam um grupo heterogêneo de neoplasias, um

complexo de desordens com várias manifestações e cursos clínicos, onde são

reconhecidas três categorias principais de neoplasia linfóide; aquelas de células T

maduras e células Natural Killer, células B maduras e neoplasias imaturas

hematopoéticas, assim denominadas pela nova classificação WHO/EORTC para

desordens linfoproliferativas da pele (Burg 2005; Willemze, 2006).

A maior parte dos linfomas de células T cutâneos (LCCT) é caracterizada por

expansão de linfócitos T auxiliar, CD4+ malignos, não constituindo uma única

doença, mas sim de um grupo delas, relacionadas entre si devido a características

em comum, que comprometem inicialmente a pele e posteriormente linfonodos,

sangue periférico e órgãos internos (BURG,2005).

A MF e a Síndrome de Sézary representam a maioria dos casos dos LCCT

(Burg,2005).
21

Micose fungóide (MF) é um linfoma não-Hodgkin relativamente raro,

representando porém o mais frequente subtipo dos linfomas cutâneos primários de

células T maduras, com curso indolente, crônico e evolução passando por máculas,

placas e tumores (Harris,1994; Foss, 2004). Os seus dois últimos estágios na pele e a

fase tardia das máculas têm representação com critérios histopatológicos estabelecidos

que diagnosticam a doença (Leboit,1997). No entanto, a fase inicial das máculas da

micose fungóide, entretanto constitui um problema a ser resolvido dentro da

Dermatologia e Dermatopatologia por não apresentar elementos histológicos

diagnósticos definidos da doença. A sua histopatologia é inespecífica ou simula

algumas dermatites nesta fase precoce, por superposição de achados clínicos e

histopatológicos, levando a diagnóstico errôneo e retardando o início do tratamento do

paciente (Zackheim,1999). A avaliação do perfil imunológico dos linfomas muitas vezes

ajuda a definir ou orientar o seu diagnóstico.

O estudo imuno-histoquímico através dos imunomarcadores para linfócitos T

maduros, anticorpo anti-CD5 e anti-CD7 é realizado neste trabalho, para avaliar sua

eficácia como exame complementar ao exame histopatológico na definição diagnóstica

da fase de máculas da micose fungóide. O estudo do perfil imuno-histoquímico da

micose fungóide pode trazer implementação na avaliação diagnóstica da micose

fungóide.

Torna-se importante, portanto, a identificação de critérios teciduais e/ou celulares

que permitam o diagnóstico de micose fungóide na sua fase mais precoce,

possibilitando a instituição de tratamento nessa etapa inicial, com o objetivo de se


22

prolongar o tempo livre de doença para os pacientes. Essa é a contribuição a que se

propõe este trabalho.


111

ANEXO I

PROCESSAMENTO DA IMUNO-HISTOQUIMÍCA

Desparafinizacão: colocação das lâminas filmadas com os cortes na estufa a

60 ºC por 10 minutos;

Hidratação: xilol (4x), álcool absoluto (2x), álcool a 90% (2x) e água destilada

(1x), por 5 minutos cada banho, temperatura ambiente;

Bloqueio da peroxidase endógena: água oxigenada a 30% P A diluída em água

destilada (3%), por 20 minutos, temperatura ambiente;

Recuperação antigênica:

anticorpos anti CD3, anti CD5, anti CD7, anti CD8, anti CD20: banho maria 96º-

98oC em tampão citrato (Isofar, código 304), 0,01mM, pH 6.0, por 30 minutos; deixar

esfriar, lavar em água destilada para tirar o excesso e colocar em tampão TBS-

tween (TRIS + NACl + tween 20) pH 7,4-7,6

anticorpo anti CD4: imersão em solução com EDTA pH 8.0, em banho maria por 30

minutos;
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Incubação do anticorpo primário:

para os anticorpos CD4 e CD7 over night (cerca de 18 horas) na geladeira , a 4 C;

para os CD3, CD5, CD8 e CD20 o tempo foi de 30 minutos;

Incubação do anticorpo secundário biotinilado:

Utilização do kit LSAB+ contendo anticorpo secundário, por 30 minutos, e

conjugado de steptavidina e peroxidase por 30 minutos, com uma etapa de lavagem em

TBS entre estas etapas;

Revelação com substrato cromógeno: kit DAB+ marca DAKO, 1 gota de DAB para 2

ml do tampão diluente do kit, por 1 a 3 minutos;

Contracoloração com Hematoxilina de Harris (Merk) por 30”- 3’;

Desidratação dos cortes:

-água destilada, álcool 90% :1’-2), álcool 99% : 1’-2’, xilol: 3x, 1’-2’ cada banho;

Montar em entelan;
98

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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89

6. DISCUSSÃO

Na última metade do século passado foram propostos mais de 20 esquemas

de classificação para linfomas não-Hodgkin, refletindo a complexidade

clinicopatológica para seu entendimento.

Os linfomas de células T primário cutâneo que constituem cerca de 1/3 dos

linfomas extranodais, não representam uma conceituação meramente anatômica

mas apresentam implicações biológicas específicas. Além deste aspecto, eles são

um desafio para anátomopatologistas e clínicos, em especial na distinção do estágio

inicial da MF seja pelo diagnóstico indefinido seja por receber freqüentemente o

diagnóstico de algumas dermatites simuladoras de MF (Ackerman,1974;

Issackon,1994; Shapiro,1994; Smoller,1995; Glusac, 2001; Massone,2005).

MF representa um dos mais difíceis diagnósticos em Dermatopatologia, com

uma ampla variação de padrões histopatológicos e a falta de uma ou mais

características, principalmente para a sua fase inicial, cria dificuldades para se

alcançar um diagnóstico específico e reprodutível. Por causa destas dificuldades,

análises de imunofenótipo têm sido usadas para distinção entre de MF e lesões de

doenças inflamatórias que


90

mimetizam a fase precoce da MF (Santucci,2000ª; Santucci,2000b; Guitart,2001;

Murphy 2002).

Antes de estabelecer-se uma definição mais precisa (Sanchez,1979;

Santucci,2000a), os aspectos histopatológicos eram considerados inespecíficos, e o

diagnóstico de MF era feito apenas quando da presença de linfócitos cerebriformes

constituindo os microabcessos de Pautrier, na fase mais adiantada da doença (Sanchez

e Ackerman, 1979), cujas características são já, há muito, definidas (Massone, 2005).

Nos últimos anos, diversos pesquisadores avaliando os achados histopatológicos,

imuno-histoquímicos e genéticos, têm direcionado suas preocupações para a

identificação de alguns elementos para o diagnóstico das lesões precoces da MF e

proposto a padronização dos critérios diagnósticos com vistas à sua reprodutibilidade

(Nickloff,1988; King-Ismael, 1992; Shapiro, 1994; Santucci, 2000b; Guitart,2001).

Entretanto, o diagnóstico de MF precoce continua sendo um problema a ser

solucionado e os critérios utilizados à microscopia ótica permanecem sendo o padrão

convencional.(Nickoloff,1998; Santucci, 2000; Massone, 2000) Estes dados foram

colocados em evidência por Massone (2000), ao destacar a necessidade da definição

de melhores critérios diagnósticos de MF inicial, já que dados coletados na literatura,

mostram resultados com até 40% de diagnósticos falsos negativos e 44% de falsos

positivos.
91

Estudos histomorfológicos, imuno-histoquímicos e por PCR têm mostrado uma

interessante distribuição das células T no compartimento microanatômico cutâneo, na

MF inicial. Infiltrados de células T reativas estão presentes principalmente na derme

papilar, enquanto células tumorais estão mais confinadas a epiderme. (Nickoloff1988;

Ralfkiaer, 1991; Isaackon, 1994) Segundo Gellrich (2000), linfócitos T neoplásicos e

reacionais, dependendo do estágio da doença, infiltram preferencialmente

compartimentos micro-anatômicos distintos na pele, sugerindo que a ausência de

contato direto entre células tumorais e linfócitos de defesa contribua para persistência e

propagação dessas células bem como para a lenta evolução da doença.

No estudo do nosso material, a avaliação imuno-histoquímica dos grupos BP e o

grupo MF apresentaram equivalência estatística para os marcadores CD3,CD4,CD7,

CD8 e CD20 na epiderme e derme permitindo serem tratados como grupo único na

discussão para estes marcadores, assim como CD5, porém este, apenas na derme. A

imuno-expressão de CD5 na epiderme para os grupos BP e MF será comentada em

separado.

Na análise das nossas biopsias observamos que a imunomarcação positiva pelo


CD3 nas células linfóides presentes na derme caracteriza diferença estatistística entre
os grupos BP e MF e o controle (entre os grupos BP MF sendo maior nestes quando
comparados ao grupo controle), representando um primeiro passo, ainda que não
definitivo na diferenciação entre MF e doenças inflamatórias. Além disso, a marcação
dos linfócitos pelo CD3 serviu como padrão do número de linfócitos presentes nas
biópsias, para comparar com o número deles presentes à coloração pelo H&E e
92

auxiliando na sua quantificação observada à imuno-histoquímica nos demais


marcadores.

Isto não valeu para a expressão do CD3 na epiderme não foi útil na diferenciação

dos grupos, porém serviu para visualização quantitativa e comparativa entre o número

de linfócitos presentes nesse compartimento cutâneo e também na derme, quando

comparados com as células observadas nos cortes corados pela coloração da H&E. A

imunomarcação do CD3 foi útil também na observação, por comparação, da supressão

nos demais marcadores.

Os achados da avaliação do CD4 na derme acompanharam os achados já

conhecidos para MF precoce e plenamente estabelecida, por tratar-se de linfoma de

células T CD4 positivas, as quais não foram diferentes quando comparadas com o PLC.

Estes grupos (micose fungóide precoce, plenamente estabelecida e PLC), todavia,

tiveram um menor percentual de células linfóides coradas pelo CD4 que a psoríase.

Este dado torna-se importante na medida em que psoríase aparece entre as doenças

simuladoras de MF e pode ser útil no seu diagnóstico diferencial. No nosso material o

diagnóstico de psoríase e compatibilidade com psoríase foi o diagnóstico mais

freqüente, com 31,25% dos casos, ao lado de compatibilidade com MF no diagnóstico

dado nas biópsias prévias.

O grupo MF e BP apresentaram expressão do CD8 intra-epidérmica e dérmica

maior que a psoríase, porém menor que a PLC.


93

Portanto, nas lesões onde o diagnóstico diferencial entre micose fungóide precoce

e psoríase se faz presente, a imuno-expressão de CD4 e CD8 pode ser de auxílio.

Imunoexpressão variando entre 60%-90% para CD4 na derme, entre 20%-40% para

CD8 na derme, pode representar o primeiro passo para a suspeição de MF e não

psoríase. Esta no nosso material, mostrou perfil imunohistoquímico com valor abaixo

de10% para expressão de CD8 na derme associada a expressão do CD4 na derme em

torno dos 90%.

Referente ao anticorpo anti-CD8, diferentemente da literatura, a maioria dos casos

de PLC examinados, que compõem parte dos casos do grupo controle, apresentaram

marcação para este anticorpo tanto na epiderme quanto na derme, sendo necessário

estudo com maior número de casos para confirmar este achado já que este padrão de

marcação é observado na pitiríase liquenóide aguda ao contrário da PLC onde a

expressao seria predominantemente de CD4. .Segundo Gellrich (2000), os linfócitos

neoplásicos habitam preferencialmente a epiderme na fase precoce da MF, enquanto

os reacionais estariam na derme. Nos nossos resultados temos a presença de alguns

linfócitos CD8 positivos, na epiderme das biópsias.

Acreditamos que estes linfócitos CD8 positivos estando presentes na epiderme

nesta etapa inicial da MF, sejam representantes da reação imunológica às células

neoplásicas, e talvez não possam ser responsabilizados, como sugere Gellrich (2000),

pela evolução indolente da doença.


94

A diferença altamente significativa encontrada para o marcador CD5 entre os

grupos BP e controle no nosso material não encontra respaldo na literatura,

possivelmente pela não avaliação, em separado, do infiltrado na epiderme e na derme.

Sendo assim, acreditamos que este marcador possa ser considerado na distinção da

MF com doenças inflamatórias e mesmo nos casos onde MF configure no diagnóstico

clínico. Na literatura há relato de que estes linfomas são CD5+ (Sanches, 2006) entre

outras imunomarcações no seu perfil imuno-histoquímico. Entretanto, são necessários

estudos com maior número de casos para ratificar este achado. Diferença

estatísticamente significativa foi observada entre os grupos BP e MF na epiderme para

o CD5, com os casos das BP apresentando menor marcação da população linfocitária

que os da MF. O achado de maior número de células CD5+ neste estágio mais evoluído

da doença, supostamente com mais alterações genéticas, e com maior número de

perdas de expressões moleculares, poderia ser atribuído ao pequeno número de casos

estudados. Entretanto, com o uso de testes não paramétricos na sua avaliação, esta

interpretação não é a mais provável já que a tendência observada seria a de reproduzir

os mesmos resultados em uma casuística maior.

Nossos achados relacionados à imunomarcação na epiderme e derme pelo CD7

quando comparados os casos de MF com o grupo controle foram altamente

significativos, mostrando uma redução expressiva na população linfocitária do primeiro

grupo em detrimento do segundo. A expressividade deste mesmo marcador, agora nas

células linfóides presentes na derme, caracterizou-se por ser altamente significativa na

psoríase em relação aos demais grupos, manifestando uma perda importante pelos

linfócitos presentes deste marcador, nos grupos das biópsias prévias e micose fungóide
95

e não PLC. Podemos considerar este marcador indispensável na avaliação do

imunófenotipo de casos suspeitos de MF bem como na sua diferenciação da psoríase.

Ralfkiaer, (1991); Sanches, (2006) consideram a falta de expressão de CD7 de valor

limitado no diagnóstico da MF, mesmo estando ausente em todos os estágios da MF,

por ser visto em lesões linfóides benignas.

Ao contrário desses autores, Murphy e cols (2002) consideram que a expressão

mínima de CD7 é um achado especifico para MF e apesar de presente na também em

dermatite espongiótica (doença simuladora de MF) não atinge o seu nível de expressão

da fase de máculas, já que podem ser vistas em estágios avançados (Ralfkiaer,1991).

Acreditamos poder estar oferecendo uma contribuição ao processo de

investigação diagnóstica da MF, onde em um painel para identificação do perfil

imunológico do caso a ser estudado, os marcadores CD5 e especialmente o CD7 teriam

papel de destaque ao lado do CD3, CD20, CD4, CD8.

No nosso entendimento é aconselhável na investigação diagnóstica da MF,

associar-se ao estudo pelo H&E um painel mínimo formado pelos marcadores CD3,

CD20, CD4 e CD7, dando enfoque ao estudo comparativo entre a expressão destes

marcadores, detalhando-os em cada compartimento do tecido cutâneo.


60

5 - RESULTADOS

5.1 DIAGNÓSTICO DAS BIOPSIAS PRÉVIAS

Na avaliação dos diagnósticos histopatológicos recebidos pelas16

biópsias do grupo das BP, observamos que 31,25% dos casos eram

representados pelo diagnóstico de compatibilidade com MF (c/cMF), 25%

tiveram laudos descritivos, 18,75% correspondiam ao diagnóstico de

compatibilidade com psoríase (c/c psoríase), ao lado de 12,50%, concluídos

como psoríase, além de 6,25% representados por dermatite espongiótica

subaguda (DSSA) e os 6,25% restantes cuja conclusão sugeriu afastar MF

(tabela 6).

Foram necessárias entre uma a quatro biopsias para o diagnóstico de MF.


61

TABELA – 6 Diagnósticos das biópsias prévias

Diagnóstico das BP Número de casos Percent ual

AFAST AR M F 1 6,2 5
C/C MF 5 31 ,25
C/C PSORIASE 3 18 ,75
PSORIASE 2 12 ,50
DE SCRI T IVO 4 25 ,00
DSSA 1 6,2 5
T o tal 16 10 0,00

5.2 ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA

5.2.1 ANÁLISE DO PERCENTUAL DOS RESULTADOS IMUNO-

HISTOQUÍMICOS

Os resultados da análise percentual da imunorreatividade para os anticorpos

anti-CD3, anti-CD4, anti-CD5, anti-CD7, anti-CD8 e anti-CD20, na epiderme (E) e

derme (D) separadamente, estão representados a seguir, para os grupos BP e MF

no Quadro 1 e para o grupo controle – psoríase e PLC – no Quadro 2.

Quadro 1: RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DOS LINFÓCITOS NAS BP E MF


62

Branco: casos biopsias prévias; Amarelo: casos MF; PAC: paciente; B,MB: biopsia; 01..:.ano; E: epiderme; D:

ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO DOS LINFOCÍTOS T NOS GRUPOS BP E MP (em percentuais)


PAC. NºCASO CD3E CD3D CD4E CD4D CD5E CD5D CD7E CD7D CD8E CD8D CD20E CD20D DIAG. HISTOL.
B01-4223 100 100 10 45 20 60 10 10 30 50 5 10 C/C PSORIASE
B01-4440 100 100 70 20 65 10 10 5 30 0 10 PSORIASE
1 B02-1045 100 100 80 20 40 10 5 20 20 0 0 C/C PSORIASE
B02-1047 100 90 80 10 20 0 10 20 20 0 10 C/C MF
B02-2026 100 100 - 70 20 30 0 10 20 0 0 0 MF
B02-3496 100 100 - 80 20 40 0 20 0 20 0 5 DSSA
2 B02-3755 100 100 - 80 20 10 0 0 10 10 5 0 MF
B01-2225 100 100 - 80 30 70 10 10 0 20 0 0 DESCRITIVO
B01-4739-3 100 100 - 90 10 30 10 10 0 30 0 0 DESCRITIVO
B01-4739-1 100 100 - 70 20 40 0 10 20 0 0 0 MF
3 B01-4739-2 100 100 - 70 20 40 10 0 20 25 0 0 MF
B86-2327 0 100 - 70 0 85 0 0 0 30 0 5 DESCRITIVO
4 B01-2015 100 100 - 80 35 65 0 30 15 20 0 0 MF
B01-376 100 100 100 70 20 40 0 0 20 30 0 0 DESCRITIVO
5 B01-4818 100 100 - 90 40 50 50 30 50 40 0 0 MF
B04-5006 100 90 - 80 0 70 20 30 0 20 0 5 C/C PSORIASE
B05-199 100 90 - 80 20 35 30 30 80 30 0 0 C/C MF
6 B05-2095 100 100 - 90 0 20 0 40 0 10 0 5 MF
B99-2636 100 90 - - - 20 0 20 20 10 0 0 C/C MF
7
B01-1967 100 100 - 80 30 30 40 30 0 20 10 10 MF
B02-2985-1 60 70 0 90 - 60 0 0 0 20 0 0 C/C MF
8
B02-2985-2 60 70 90 90 - 60 0 0 0 20 0 0 MF
MB05-185 50 70 - 20 0 30 0 20 0 30 0 0 AFASTAR MF
9 MB05-772 90 90 60 80 0 20 0 5 0 20 0 0 MF
B97-5030 55 90 80 60 10 45 25 30 50 40 0 0 PSORIASE
B04-1841-1 100 90 80 90 10 40 5 10 0 10 0 0 C/C MF
B04-4022-1 80 90 60 80 30 60 30 40 30 40 0 0 MF
10 B04-4022-2 80 90 60 80 30 60 20 40 30 40 0 0 MF
derme; C/C: compatível com; (-): exame prejudicado; MF: micose fungóide; DSSA: dermatite espongiótica
subaguda;
63

Quadro 2: RESULTADOS DA AVALIAÇÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DOS LINFÓCITOS NO


GRUPO CONTROLE

PSORÍASE

NºCASO CD3E CD3D CD4E CD4D CD5E CD5D CD7E CD7D CD8E CD8D CD20E CD20D

B05-3921 90 80 - 100 50 80 50 50 0 10 0 0

B05-5782 50 80 - 90 30 50 40 60 0 10 5 20

B05-5876 90 90 - 90 50 50 60 60 0 0 0 10

B05-7014 90 90 - 100 20 50 10 40 0 0 0 10

B05-6065 90 90 - 90 20 70 40 60 0 0 0 0

B02-1265 100 90 - 90 30 50 60 70 0 10 0 0

B02-3801 100 90 - 90 20 50 60 70 0 10 0 0
PITÍRÍASE LIQUENÓIDE CRÔNICA
B01-3411 75 75 20 20 50 50 50 50 45 45 0 0
B02-3763 85 85 20 20 70 70 27 27 75 75 0 0
B03-4744 90 90 25 80 50 50 30 30 80 80 0 0
B03-3709 90 90 50 50 20 50 20 20 50 50 10 10
B02-3314 100 95 - 90 40 50 20 20 5 10 0 5
B:biópsia; E: epiderme; D:derme; (-): prejudicado

5.2.2 PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO DO GRUPO CONTROLE

Inicialmente foi realizado estudo comparativo entre as expressões de

diversos marcadores imunológicos (CD3, CD20, CD8, CD5 e CD7) na epiderme e

na derme e CD4 na derme, do conjunto de biópsias de pacientes portadores de

psoríase e das PLC que constituem o grupo controle. O marcador CD4 na

epiderme não foi incluído no conjunto da avaliação, para não diminuir o número de

casos pareados, por ser representado por baixo número de casos avaliáveis, pois

vários casos tiveram seu estudo comprometido, o que prejudicaria a visão do

conjunto dos marcadores.


64

Verificou-se que os marcadores CD3, CD5 e CD20 na epiderme e derme e

CD7 na epiderme, apresentam percentual estatisticamente equivalente nessas

duas doenças (p> 0,05), indicado pelo teste de Mann-Whitney, ao nível de 5% de

significância, permitindo, desta forma, serem considerados em conjunto quando

comparados com os casos de BP e MF. Para os demais marcadores CD4, CD7 na

derme e CD8 na epiderme e derme, a mesma comparação (teste de Mann-

Whitney) foi realizada separadamente para cada doença inflamatória do grupo

controle, por terem expressões estatisticamente diferentes no tecido.

O gráfico 1 ilustra através de diagramas de hastes e caixas (Box plot) a

distribuição dos percentuais observados para os vários marcadores.


65

100

Marcadores
80
CD3E

CD3D

CD4D
60
Percentual

CD5E

CD5D

40 CD7E

CD7D

CD8E
20
CD8D

CD20E

0 CD20D
N= 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

Psoríase PLC

Grupos

Gráfico 1 – Representativo da distribuição dos percentuais dos diversos marcadores na epiderme e

derme dos casos de psoríase e PLC.

5.2.3 ANÁLISE DOS IMUNOFENÓTIPOS CD3 E CD 20

5.2.3.1 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD3

As imuno-avaliações demonstraram, pelo marcador CD3, predomínio de

linfócitos com imunofenótipo T em todos os grupos selecionados, com mediana de

100% para marcações na epiderme dos grupos MF e BP e na derme dos casos de

MF e 95% nos casos de BP na derme (Fig.6 B; Fig.8 B,C), caracterizando

equivalência estatística entre estes dois grupos (teste do sinal, p> 0,05). Na

comparação destes dois grupos com o grupo controle, nota-se diferença


66

estatisticamente significativa (p<0,05) menor para o grupo controle no marcador

CD3 na derme determinada pelo teste de Mann-Whitney. Na epiderme, as

expressões do CD3 são equivalentes (teste de Mann-Whitney - p>0,05); (Fig.1 B;

Fig.2 A; Fig.3 B)

O gráfico 2 apresenta distribuição dos percentuais observados para o

marcador CD3 na epiderme e derme para os grupos estudados.

5.2.3.2 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD20

O teste de Kruskal-Wallis ao nível de significância de 5%, evidencia

inexistência de diferença estatisticamente significativa (p>0,05) entre os grupos

BP, MF e controle, para a marcação pelo CD20 nas células linfóides presentes

tanto na epiderme quanto na derme.

A distribuição dos percentuais correspondentes ao marcador CD20 pode ser

visualizada no gráfico 2.
67

100

80

60
Percentual

40 Marcadores

CD3E

20 CD3D

CD20E

0 CD20D
N= 16 16 16 16 12 12 12 12 12 12 12 12
BP MF Controle

Grupos

Gráfico 2 – Representativo da distribuição dos percentuais entre os grupos BP, MF e Controle (


Psoríase + PLC) para os marcadores CD3 e CD20, na epiderme e derme.

5.2.4 ANÁLISE DOS IMUNOFENÓTIPOS CD4 E CD8

O grupo controle para análise dos marcadores CD4 e CD8 foi desmembrado

em dois grupos (psoríase e PLC), em virtude de apresentarem expressões

estatisticamente diferentes, conforme resultados do item 5.2.2. A presente análise

incorporou os casos do marcador CD4 expressos na epiderme que não haviam

sido considerados nos resultados do item 5.2.2.

O teste de Kruskal-Wallis, ao nível de significância 5%, demonstra diferença

estatisticamente significativa (p<0.05) entre os grupos para cada um dos


68

marcadores (CD4 e CD8) tanto na epiderme quanto na derme. A identificação das

diferenças encontra-se nos subitens 5.4.1 e 5.4.2.

O gráfico 3 apresenta a distribuição das expressões percentuais dos

marcadores nos quatro grupos estudados.

Gráfico 3 – Representativo da distribuição percentual dos marcadores (CD4 e CD8) na epiderme e


derme entre os grupos BP, MF e controle (psoríase+PLC).
69

5.2.4.1 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD4

Os quadros I e II apresentam as diferenças e semelhanças estatisticamente

significativas entre as expressões do marcador segundo o teste de Mann-Whitney,

ao nível de significância de 5%.

Quadro I: CD4 NA EPIDERME


Grupo MF PSORÍASE PLC
BP Não Sim > Não
MF Sim > Sim >
PSORÍASE Sim <

Obs: não – não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p >0,05)


Sim – há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whiteney, p<0,05)
> - o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo indicado na
linha menor do que o grupo indicado na coluna.

QUADRO II: CD4 NA DERME


Grupo MF PSORÍASE PLC
BP Não Sim < Não
MF Sim < Não
PSORÍASE Sim >

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
> - o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo indicado na
linha menor do que o grupo indicado na coluna

Observou-se representação predominante de células T CD4 auxiliares, na

epiderme e derme, entre as células presentes dos grupos BP e MF (Fig.6 C; Fig.8

D), onde os valores não representam diferença estatística entre os dois grupos.

Por outro lado, quando estes dois grupos são comparados com os grupos
70

constitutivo do controle, observa-se diferença estatisticamente significativa apenas

entre eles e os casos de psoríase (Fig.1 C; Fig.3 C).

5.2.4.2 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD8

Os quadros III e IV demonstram, segundo o teste de Mann-Whitney, ao nível

de significância de 5%, as diferenças e semelhanças estatisticamente

significativas entre as expressões do marcador CD8.

QUADRO III: CD8 NA EPIDERME


Grupo MF PSORÍASE PLC
BP Não Sim > Sim <
MF Sim > Sim <
PSORÍASE Sim <

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
> - o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo indicado na
linha menor do que o grupo indicado na coluna

QUADRO IV: CD8 NA DERME


Grupo MF PSORÍASE PLC
BP Não Sim > Sim <
MF Sim > Sim <
PSORÍASE Sim <

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
> - o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo indicado na
linha menor do que o grupo indicado na coluna.
71

Os grupos BP e MF não apresentam diferença estatisticamente significativa

para a marcação na epiderme e derme (p>0,05) para este marcador.

Os grupos BP e MF têm maior percentual de células imunomarcadas pelo

CD8 na epiderme e derme que o da psoríase, ao contrário casos do PLC para o

qual essas expressões são menores (Fig.7 E; Fig.9 C).

5.2.5 ANÁLISE DOS IMUNOFENÓTIPOS CD5 E CD7

O teste de Kruskal-Wallis, ao nível de significância 5%, evidencia a diferença

estatisticamente significativa (p<0.05) entre os grupos para o marcador CD7 tanto

na epiderme quanto na derme e para o marcador CD5 apenas na epiderme. A

identificação das diferenças encontra-se nos subitens 5.2.5.1 e 5.2.5.2.

O gráfico 4 apresenta a distribuição das expressões percentuais dos

marcadores nos três grupos estudados.


72

100

80

60
Percentual

40
Marcadores

CD5E

20
CD5D

CD7E

0 CD7D
N= 15 15 15 15 11 11 11 11 12 12 12 12
BP MF Controle

Grupos

Gráfico 4 – Representativo da distribuição percentual dos marcadores CD5 e CD7 nos grupos BP,
MF e controle na epiderme e derme.

5.2.5.1 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD5

O quadro V apresenta as diferenças e semelhanças estatisticamente

significativas entre as expressões do marcador CD5 na epiderme nos três grupos

estudados segundo o teste de Mann-Whitney, ao nível de significância de 5% .

Observou-se diferença percentual estatisticamente significativa (p<0,05) da

imunoexpressão do CD5 na epiderme menor no grupo BP que no MF (Fig.7 A,B;

Fig.9 A) e este menor que no controle (Fig.1 D,E; Fig.3 D,E) distinguindo diferença

altamente significativa (p<0,001) entre o grupo BP e o controle, com expressão do


73

grupo BP menor que no grupo controle. Observou-se equivalência na marcação

pelo CD5 no componente linfocitário localizado na derme nos três grupos

estudados.

Quadro V- CD5 NA EPIDERME


Grupo MF CONTROLE
BP SIM < SIM <
MF SIM <
CONTROLE

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
>- o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo
indicado na linha menor do que o grupo indicado na coluna

5.2.5.2 EQUIVALÊNCIA DAS MARCAÇÕES DO CD7

Os quadros VI e VII demonstram, segundo o teste de Mann-Whitney, ao nível

de significância de 5%, as diferenças e semelhanças estatisticamente

significativas entre as expressões do marcador CD7 nas células linfóides

presentes na epiderme e derme nos grupos BP, MF e controle.


74

QUADRO VI – CD7 NA EPIDERME

Grupo MF CONTROLE
BP NÃO SIM <
MF SIM <
CONTROLE

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
>- o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo
indicado na linha menor do que o grupo indicado na coluna

QUADRO VII – CD7 NA DERME

Grupo MF CONTROLE
BP NÃO SIM <
MF SIM <
CONTROLE

Obs: não - não há diferença estatisticamente significativa (teste de Mann-Whitney, p> 0,05)
Sim – há diferença estatisticamente significativa ( teste de Mann-Whitney, p<0,05)
>- o grupo indicado na linha maior do que o grupo indicado na coluna ; < - o grupo
indicado na linha menor do que o grupo indicado na coluna

Equivalência entre as marcações do CD7 na epiderme nos grupos BP e MF

(Fig.7 C,D; Fig.9 B) foi observada.Todavia existiu diferença estatística altamente

significativa (p< 0,01) entre a marcação do grupo controle (Fig.2 B; Fig.4)

comparado com aqueles dois grupos (BP e MF).

O gráfico 4 representa os percentuais do marcador CD7 na epiderme nos

grupos BP,MF e controle.


75

Para observação geral do percentual da imuno-expressão do CD7 na derme

entre os diversos grupos(Fig.2 B; Fig.4; Fig.7 C,D; Fig.9 B), foi realizada

comparação considerando o conjunto dos casos do grupo controle (gráfico 4).

Entretanto, posto que psoríase e PLC na derme não são equivalentes para este

marcador (vide item 5.2.2 e gráfico 1), este conjunto é detalhado no gráfico 5, para

se ter uma visão específica do percentual de cada doença que o compõe e sua

relação com os demais grupos (BP,MF).

O gráfico 5 ilustra as distribuições de percentuais nos grupos considerados.

100

80
Percentual - CD7D

60

40

20

0
N= 16 12 7 5
BP MF Psoríase PLC

Grupos

Gráfico 5 – Representativo da comparação entre os grupos BP, MF e controle (psoríase e PLC)

para o marcador CD7 na derme.


76

O teste de Mann-Whitney, ao nível de significância de 0,05, evidencia maior

marcação entre as células linfóides da derme nos casos de psoríase e PLC que

no grupo BP e MF, caracterizando diferenças estatisticamente significativas.

Destaca-se diferença substancialmente maior (diferença estatística altamente

significativa -p<0,05) na psoríase em relação aos grupos BP, MF e PLC. O mesmo

teste de Mann-Whitney, ao nível de significância de 5%, indica a inexistência de

diferença significativa ( U = 78,5; valor-p = 0,423) entre o percentual de marcação

entre os casos de BP e MF. Não há tampouco diferença estatística (p>0,05) para

este marcador entre MF e PLC.

5.2.6 EQUIVALÊNCIA DAS DIVERSAS IMUNOMARCAÇÕES NO GRUPO BP

Resultado comparativo da expressão dos diversos marcadores, na epiderme,

dentro do grupo BP é demonstrada no gráfico 6.


77

100

80
Percentual

60

40

20

0
N= 15 15 15 15 15 15 15 15

CD3E CD3D CD5E CD5D CD7E CD7D CD8E CD8D

Marcadores
Gráfico 6 – Representativo da diferença percentual da expressão na epiderme e na derme para os
diversos marcadores no grupo BP. Obs: não foi incluído o CD4 em função da alta quantidade de
casos prejudicados

Ali verifica-se marcação pelo CD3 na totalidade dos linfócitos presentes na

epiderme em todos os casos que constituem o grupo BP, enquanto o marcador

CD8 tem pequena expressão entre os linfócitos deste compartimento. Ao

contrário, os anticorpos CD5 e CD7 marcam conjunto reduzido de células T, sendo

CD7 menos expressivo que CD5, com diferença significativa (p<0,05) entre os

dois marcadores. O teste de Friedman, ao nível de significância de 5 %, evidencia

diferença estatisticamente significativa entre os percentuais de marcação dos

diversos marcadores na epiderme ( 2r = 28,038; g.l. = 3; valor-p = 3,610-6). O

teste do sinal permite evidenciar quais os marcadores que diferem dos demais.

Assim, o teste do sinal indica as seguintes diferenças estatísticas altamente

significativas:
78

CD3 difere do CD5 (p<0,001) (valor-p = 0,00012)

CD3 difere do CD7 (p<0,0001) (valor-p = 0,00006)

CD3 difere do CD8 (p<0,0001) (valor-p = 0,00006)

Os demais marcadores não apresentam diferença estatisticamente

significativa (p >0,05) entre si quanto ao percentual de marcação.

Quando analisados, os linfócitos na derme do mesmo grupo (gráfico 6),

mostram a totalidade marcada pelo CD3. Com o anticorpo anti-CD5 a

imunorreação nestes linfócitos tem mediana de 40%, enquanto o anticorpo anti-

CD7 tem expressão mais baixa, com mediana em torno dos 10%. O teste de

Friedman, ao nível de significância de 5%,evidencia diferença estatisticamente

significativa entre os percentuais de marcação dos diversos marcadores ( 2r =

50,973; g.l. = 4; valor-p = 2,310-10). O teste do sinal permite evidenciar quais

marcadores diferem dos demais. Assim, o teste do sinal indica que todos os pares

de marcadores são diferentes entre si (p < 0,05), valendo a seguinte ordem do

percentual de marcação: CD3 > CD4 > CD5 > CD8 > CD7 (Fig.6 B,C; Fig.7

A,B,C,D,E).

Há diferença estatística altamente significativa (teste do sinal, p<0,001) na

marcação do compartimento epiderme para o compartimento derme apenas para

o marcador CD5, sendo a expressividade maior no percentual da derme do que no

da epiderme.
79

5.2.7 EQUIVALÊNCIA DAS DIVERSAS IMUNOMARCAÇÕES NO GRUPO MF

Os dados percentuais referentes ao comportamento das reações no grupo

com o diagnóstico definido de MF, presentes no gráfico 7, demonstram diferença

significativa (p<0,05) entre as células marcadas para os anticorpos anti-CD5, anti-

CD7 e anti-CD8 e aquelas marcadas pelo anti-CD3, tanto na epiderme quanto na

derme. Poucas células reagem positivamente à marcação para CD8, assim como

para CD7 e pouco mais para CD5, ao contrário da reação ao CD3 que tem

expressão maciça.

100

80
Percentual

60

40

20

0
N= 11 11 11 11 11 11 11 11

CD3E CD3D CD5E CD5D CD7E CD7D CD8E CD8D

Marcadores
Gráfico 7 – Representativo da distribuição da diferença percentual dos marcadores na epiderme e
na derme nos casos de MF. Obs: não foi incluído CD4 em função da alta taxa de casos
prejudicados
80

Há diferença estatísticamente significativa (teste do sinal, p<0,05) na

marcação do compartimento epiderme para o compartimento derme apenas para

o marcador CD5, sendo a expressividade maior no percentual da derme do que no

da epiderme. O teste de Friedman, ao nível de significância de 5%, evidencia

diferença estatisticamente significativa entre os percentuais de marcação dos

diversos marcadores (2r = 25,452; g.l. = 3; valor-p = 0,00001). O teste do sinal

permite evidenciar quais os marcadores que diferem dos demais. Assim, o teste

do sinal indica as seguintes diferenças estatísticas altamente significativas:

CD3 difere do CD5 (p<0,001) (valor-p = 0,001)


CD3 difere do CD7 (p<0,001) (valor-p = 0,0005)
CD3 difere do CD8 (p<0,001) (valor-p = 0,0005)

Os demais marcadores não apresentam diferença estatisticamente

significativa (p > 0,05) entre si quanto ao percentual de marcação. O teste de

Friedman, ao nível de significância de 5%, evidencia diferença estatisticamente

significativa entre os percentuais de marcação dos diversos marcadores ( 2r =

43,081; g.l. = 4; valor-p = 1,010-8 O teste do sinal permite evidenciar quais os

marcadores que diferem dos demais. Assim, o teste do sinal indica que todos os

pares de marcadores são diferentes entre si (p < 0,05), exceto para o par

(CD7,CD8) (p > 0,05), valendo a seguinte ordem do percentual de marcação: CD3

> CD4 > CD5 > CD7  CD8 (Fig. 8 B,C,D; Fig.9 A,B,C).
54

4.2 - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram adotados no presente estudo os seguintes critérios de inclusão de

casos:

- pacientes com diagnóstico de MF firmado através de correlação clínico-

patológica com biopsias prévias não conclusivas ou com diagnóstico de dermatite;

- pacientes não submetidos a tratamento específico;

- acesso às lâminas e aos blocos do material correspondente;

- possibilidade de revisão do prontuário.

4.3 - GRUPO CONTROLE

Adotamos como método comparativo o estudo de grupo controle.

Doze casos de doenças inflamatórias – 5 casos de pitiríase liquenóide crônica (PLC)

e 7 casos de psoríase (tabela 4) – constituíram esse grupo controle. O critério de

elegibilidade destas dermatites fundamentou-se na sua semelhança clínica e/ou

histopatológica com aquelas descritas na fase precoce da micose fungóide. (leBoit,

1997) e também por terem sido “psoríase” e “compatibilidade com psoríase” os

diagnósticos mais freqüentes entre os casos do grupo de BP (tabela 6).

Os casos de PLC apresentavam quadro clínico próprio da doença de acordo

com o pedido médico.

Os casos de psoríase tinham descrição clássica com lesões eritemato-

descamativas, simétricas, com limites definidos, tamanhos variados, não

pruriginosas. Os grupos ficaram compostos de acordo com a tabela 4.


55

TABELA 4: COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS


Diagnóstico Nº pacientes
biopsias

GRUPO I BP 10 Pacs 16 biopsias

GRUPO II MF 10 Pacs 12 biopsias

05 Pacs 05 biopsias
PLC
GRUPO III
Psoríase 07 Pacs 07 biopsias

*Grupo II composto pelos mesmos pacientes do grupo I; BP biopsias prévias


dos pacientes do grupo ll ; MF: micose fungóide;PLC: pitiríase liquenóide
crônica; pacs: pacientes

4.4 - MÉTODOS

Todas as biópsias dos três grupos foram fixadas em formalina a 10%,

processadas de acordo com a rotina própria de Laboratório de Histotecnologia,

incluídas em parafina e coradas pela H&E.

4.4.1 ESTUDO HISTOPATOLÓGICO

4.4.1.1 MICOSE FUNGÓIDE

Os casos de MF foram avaliados em concordância com padrões descritos por

LeBoit (1997).

Segundo LeBoit (1997), o diagnóstico da fase de máculas da micose fungóide

é baseado na arquitetura e não na citologia. A fase mais inicial da mácula apresenta

linfócitos típicos esparsos e dispersos na epiderme, raramente com leve atipia

(núcleo hipercromático e/ou irregular) que podem estar presentes também na derme

papilar, onde o infiltrado é reacional e neoplásico. Os linfócitos da epiderme podem

ser um pouco maiores que os da derme papilar e podem haver linfócitos alinhados
56

entre ceratinócitos da camada basal (aspecto “colar de pérolas”). A espongiose

(mínima) na epiderme, se presente, é desproporcional. Pouca degeneração vacuolar

da camada basal está presente. Fibroplasia geralmente com disposição paralela à

epiderme na derme papilar (diretamente proporcional à idade da lesão) é sutil. A

epiderme é quase normal entretanto pode apresentar leve hiperplasia psoriasiforme

e raros são os ceratinócitos necróticos. Microabcessos de Pautrier são muito raros.

Na fase tardia das máculas, a fibrose da derme papilar é grosseira e tem todos

os elementos da fase macular inicial.

O estágio de placas tem o aspecto da fase de máculas com fibrose grosseira

da derme papilar acrescido de infiltrado de linfócitos em faixa, além de leve

hiperplasia psoriaseforme da epiderme, regular. Este padrão também pode ser visto

na fase tardia das máculas. Associa-se infiltrado perivascular superficial e profundo

na derme reticular ou infiltrado quase difuso de linfócitos. Nesta fase a atipia dos

linfócitos da epiderme é evidente. Pode haver mucinose folicular.

Foi dada ênfase à presença, ao número, distribuição e aspecto dos linfócitos na

epiderme e derme para revisão do diagnóstico e seleção dos casos.

4.4.1.2 PITIRÍASE LIQUENÓIDE CRÔNICA

Foi avaliada para PLC a presença dos seguintes parâmetros.

1) epiderme: hiperceratose, paraceratose, presença de neutrófilos na camada

córnea, acantose, degeneração vacuolar, necrose de ceratinócitos, espongiose,

exocitose de linfócitos e extravasamento de hemácias;

2) derme: infiltrado inflamatório linfocitário superficial e extravasamento de

hemácias.
57

4.4.1.3 PSORÍASE

Os critérios para o diagnóstico de psoríase foram:

1) epiderme: hiper e paraceratose, neutrófilos na camada córnea e/ou nas

demais camadas da epiderme, linfócitos, diminuição ou ausência da camada

granulosa, acantose psoriasiforme, adelgaçamento suprapapilar;

2) derme papilar: quantidade e tipo do infiltrado inflamatório, edema, dilatação e

tortuosidade vascular.

4.4.2 - ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO

O estudo imuno-histoquímico foi realizado por dois observadores com

avaliação subjetiva do percentual de células linfóides, epidérmicas e dérmicas,

imunomarcadas em cada um dos grupos.

Para o estudo imuno-histoquímico foram utilizados os mesmos marcadores para

todos os grupos.

Cortes seriados com espessura de 5µm após desparafinados e reidratados em

soluções alcoólicas em graus variados, foram submetidos ao protocolo do

Laboratório de imuno-histoquímica do Departamento de Patologia do Hospital

Universitário Antonio Pedro, em lâminas de vidro previamente tratadas com solução

de silano (Sigma, código A3648), para garantir maior aderência do material durante

o processamento, detalhado no anexo I.

Foram utilizados os anticorpos CD3,CD4,CD5, CD7, CD8 e CD20 marcadores

de distintos tipos de linfócitos. (tabela 5)


58

Tabela 5: Anticorpos primários utilizados na reação imuno-histoquímica.


Código Reatividade especificidade
Anticorpo Marca
Clone Diluição, Diluição
anti classe tampão

Linfócitos T maduros (pan-T), timócitos,


natural killer. Padrão de
CD3 Policlonal DAKO A0452 1:600 imunomarcação citoplasmático em
células precursoras e, na membrana
celular.
Timócitos e linfócitos T periféricos,
subpopulação de linfócitos B, linfoma
linfocítico de pequenas células B,
CD5 CD5/54/F6
DAKO M7194 1:200 linfoma da zona do manto. Padrão de
imunomarcação na membrana
celular.Diminuição da sua expressão
em LT neoplásicos.
Subpopulação de precursores de
L26 linfócitos B, todos linfócitos B maduros
CD20 Biogenex M0755 1:300
(pan-B). Padrão de imunomarcação na
membrana celular e citoplasma.
Linfócitos T supressor/citotóxico,
timócitos, natural killer. Subpopulação
de linfócitos B e linfoma linfocítico /
CD8 C8/144B Biogenex 1:400
LLC; monócitos, eosinófilos e células
dendríticas. Padrão de imunomarcação
citoplasmático.
Subpopulação de linfócitos ativados,
células de Reed-Sternberg, linfoma
anaplásico de grandes células T,
alguns linfomas T periféricos e
ocasionais linfomas de grandes células
CD7 CBC.37 Biogenex M7225 1:50
B difusos.Diminuição da sua expressão
em LT neoplásicos. Padrão de
imunomarcação na membrana celular e
em “dot” paranuclear (aparelho de
Golgi).
Linfócitos T auxiliares. Padrão de
MU421
CD4 4B 12 Biogenex 1:20 imunomarcação na membrana celular e
-UC
citoplasma.

4.5 - SISTEMA DE DOCUMENTAÇÃO MICROSCÓPICA DIGITAL


59

A documentação das imagens foi realizada no microscópio tri-ocular marca

Olympus modelo CH30, ao qual foi acoplado a máquina digital marca NIKON,

modelo COOLPIX 5000.

4.6 – ANÁLISE ESTATÍSTICA

A variável base da análise estatística é o percentual de linfócitos T submetidos

ao estudo imuno-histoquímico.

Em virtude da pequena quantidade de casos, os métodos de análise estatística

utilizados foram não-paramétricos.

Comparação envolvendo mais de dois grupos foi realizada pelo teste de

Kruskal-Wallis e pelo teste de Friedman quando os casos eram, respectivamente

independentes ou pareados.

Para a identificação dos grupos responsáveis por diferença estatisticamente

significante nesses dois testes, foram utilizados o teste de Mann-Whitney e o teste

do sinal, respectivamente.

Todas as decisões estatísticas foram tomadas ao nível de significância de 0,05 (5%).


51

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CASUÍSTICA

Foi realizado estudo retrospectivo baseado na análise de 28 biópsias cutâneas

de 10 pacientes (tabela 3), 12 das quais correspondem à fase em que o diagnóstico

de MF foi firmado através deste exame e da correlação clínicopatológica; as demais

(16 biópsias) correspondem a biópsias realizadas previamente (BP) ao diagnóstico

da doença nesses pacientes, biópsias estas realizadas durante o acompanhamento

para investigação diagnóstica, e que representaram o início do quadro clínico-

patológico (tabela 3). Estas biópsias não foram conclusivas ou foram diagnosticadas

como dermatites.

Os pacientes foram selecionados entre os casos de MF identificados entre

1999 e 2006 que tinham além do diagnóstico de MF, sido submetidos a biopsias

cutâneas prévias. Nove casos (pacientes) foram provenientes do Serviço de

Anatomia Patológica do Hospital Universitário Antonio Pedro da Universidade

Federal Fluminense, e um caso foi cedido pela Dra. Maria Elisa Lenzi, proveniente

de sua clínica privada. Foram necessárias entre 1 a 4 biopsias antes que o

diagnóstico de MF pudesse ser estabelecido.


52

Em todos os casos procedeu-se à revisão do prontuário para coleta dos dados

demográficos e revisão dos aspectos clínicos, além de revisão do diagnóstico

histopatológico dos casos de MF (tabela 3), adotando-se os critérios estabelecidos por

LeBoit e McCalmont (1997).


50

3. OBJETIVOS

3.1 - GERAL

Avaliar o papel dos antígenos de linfócitos T maduros CD5 e CD7 no diagnóstico da

fase precoce da micose fungóide através do estudo imuno-histoquímico.

3.2 - ESPECÍFICOS

1 - Estudar o perfil imuno-histoquímico do infiltrado linfocitário das fases precoce e

plenamente estabelecida da micose fungóide utilizando os anticorpos anti-CD3,

CD4, CD5, CD7, CD8 e CD20, comparando os resultados das duas fases.

2 - Estudar o perfil imuno-histoquímico dos linfócitos do grupo controle - psoríase e

pitiríase liquenóide crônica - utilizando os mesmos anticorpos.

3 - Comparar os achados imuno-histoquímicos entre os dois grupos: micose

fungóide e grupo controle representado pelas doenças inflamatórias (psoríase e

pitiríase liquenóide crônica).


23

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HISTÓRICO

Micose fungóide é um linfoma não-Hodgkin de células T maduras (periférico),

de baixo grau de malignidade que se inicia na pele, considerado o protótipo dos

linfomas de células T cutâneo (CTCL) por ser o mais comum e melhor estudado

deles. Apresenta curso indolente, crônico, baixo risco, (Harris,1994) com

característica de infiltrar a pele, com manifestações cutâneas evolutivas, nas formas

de máculas, placas finas e espessas e posteriormente tumores, com potencial para

envolvimento extra-cutâneo e alterações imuno-histopatológicas que incluem

infiltração da epiderme por células CD3+, CD4+, CLA+, CD7-, CD26- e CD8- ( Kim,

1996; Wojnowska, 2001; Kim, 2003; Foss, 2004; Kim, 2005).

A Micose fungóide foi originalmente descrita e assim denominada por Alibert

em 1806, para caracterizar lesões de um paciente, constituídas por nódulos

semelhantes à cogumelos observados no estágio tumor da doença que se

desenvolviam de placas descamativas amarronzadas (Issacson,1994).


24

Tal descrição foi seguida do reconhecimento da sua progressão com mácula,

placa e tumor em 1870 por Bazin (Issaacson, 1994). Em 1885, Vidal e Brocq

descreveram uma forma com manifestação inicial com tumores denominada micose

fungóide d’emble, hoje reconhecida como uma apresentação de outros linfomas

cutâneos (Issaacson, 1994).

A forma eritrodérmica da MF foi observada por Besnier e Hallopeau em 1897 e a

Síndrome de Sézary em 1938 por Sézary e Bouvrain a partir de um paciente com

eritrodermia, prurido, adenomegalia que apresentava células caracterizadas como

monstras hiperconvolutas no sangue periférico.

Cannon em 1955 relatou os primeiros achados clínico e patológicos de micose

fungóide com evolução de 14 anos caracterizando seu curso crônico, indolente.

Células neoplásicas com núcleo com aspecto cerebriforme foram descritas em 1971 por

Lutzner e cols.

Em 1974, Long e Mihm relataram 15 casos onde destacam o achado histológico

de infiltrado em faixa na derme superficial com envolvimento da epiderme por células

atípicas.

Ackerman e cols, neste mesmo ano, identificaram dois casos de dermatite

espongiótica simulando MF e enfatizaram a importância da espongiose sem

microvesiculação na MF.
25

Em 1976, Samman reviu 123 casos de micose fungóide, chamando a atenção

para o infiltrado misto na derme, destacando células de núcleos escuros e contorno

crenado, além da presença de linfócitos atípicos na epiderme.

Em 1977, Winkelman e Caro concluíram que não havia critérios histopatológicos

para diagnosticar o estágio macular da micose fungóide. Ressaltaram que o estágio de

placa infiltrativa caracteriza-se por infiltrado celular intenso em faixa, composto por

vários tipos de células, ressaltando uma célula mononuclear com aspecto anormal, do

tamanho de um linfócito médio ou grande; consideraram epidermotropismo essencial

para o diagnóstico de MF e microabcessos de Pautrier pode ser encontrados nas

biopsias de lesões em placas, entretanto, muitas vezes necessitando de cortes seriados

da biópsia.

No mesmo ano, Reed propõe uma classificação de displasias de linfócitos T que

incluiu: (1) liquenóide, fase de crescimento radial; (2) psoriasiforme, fase de

crescimento radial; (3) difuso, adventicial, fase de crescimento radial; (4) reticulose de

células T malignas in situ, fase de crescimento radial e (5) reticulose de células T

malignas, fase de crescimento vertical.

Rappaport e Thomas (1977), na revisão de 45 casos de MF, enfatizam o infiltrado

celular em faixa, geralmente em contato com a epiderme, onde predomina linfócitos

atípicos, com núcleo irregular, presentes também na epiderme, por vezes agrupados

(microabcessos de Pautrier). Faz parte deste infiltrado de características polimorfas,

além de linfócitos atípicos, uma variedade de células inflamatórias não-especificas,


26

como linfócitos de aspecto normal, plasmócitos, histiócitos e eosinófilos, que não são

considerados essenciais para o diagnóstico da micose fungóide.

Sanchez e Ackerman (1979) estudaram 46 casos das fases inicial e tardia do

estágio macular da MF e caracterizaram como achado histológico essencial para o

diagnóstico da fase macular inicial, a presença de células mononucleares, não

necessariamente atípicas ou formando coleções dentro da epiderme. Definiram que os

microabcessos de Pautrier não são encontrados neste momento da MF, sendo

incomuns na fase nodular e que a MF é uma entidade por si, expressando-se no tempo

com lesões constituídas por máculas, placas, nódulos e cicatrizes.

Sanchez e Ackerman (1979), entendem que os achados da parapsoríase em

grandes placas são na realidade MF no estágio inicial. King-Ismael e Ackerman (1992),

Ackerman (1996), Hibrich e Ackerman (1997) subseqüentemente descreveram casos

de parapsoríase de pequenas placas como sendo MF.

Lefeber e cols em 1981 no estudo de 10 casos de MF consideraram que

intensidade, composição e características citológicas do infiltrado na derme papilar não

podem ser usada para estabelecer diferença entre processo inflamatório e MF.

O padrão histológico mais uma vez é alvo de atenção, em detrimento das

características citológicas, relacionadas à fase precoce da MF, segundo observações

de Everett (1985) que tem na dermatite de interface padrão vacuolar, com infiltrado de

células mononucleares na junção derme-epidérmica o seu principal achado.


27

Nickoloff em 1988, reviu os critérios histopatológicos para o diagnóstico de MF no

estágios mácula/placa em 100 casos da doença, avaliando 12 diferentes parâmetros

para o seu diagnóstico: paraceratose, acantose, densidade de células inflamatórias

mononucleares na derme superior, grau de atipia nos linfócitos, grau de

epidermotropismo, formação de microabcessos de Pautrier, infiltrado com padrão em

faixa, presença de degeneração hidrópica na camada basal, espongiose, fibrose da

derme papilar, presença de eosinófilos e /ou plasmócitos. Em acordo com os achados

observados por Sanchez e Ackerman (1979), definiu como características mais

relevantes na MF, nestes dois estágios, os linfócitos na epiderme com pouca atipia, em

geral isolados e intimamente dispostos entre os ceratinócitos na zona da camada basal,

numa configuração linear na epiderme. Estes ceratinócitos não apresentam

degeneração hidrópica ou apoptose. A presença de espongiose não exclui MF, a

menos que se acompanhe de vesiculação. O infiltrado na derme papilar tem densidade

variável com mononucleares, com eosinófilos e plasmócitos além de fibrose na derme

papilar. Os microabcessos de Pautrier estão presentes em poucos casos.

Edelson (1985) caracterizou as células do infiltrado da MF como sendo linfócitos

com fenótipo do tipo T auxiliar maduros, na maioria dos casos.

O termo micose fungóide apresenta a mesma sinonímia nas diversas

classificações para linfomas, como REAL (1997), EORTC (1997) e WHO (2001) e é

também assim denominada pela nova classificação WHO/EORTC (Organização


28

Mundial de Saúde) para desordens linfoproliferativas da pele (BURG 2005), observada

na tabela 1.

Tabela1. CLASSIFICAÇÃO WHO/EORTC PARA LINFOMAS CUTÂNEOS

NEOPLASIAS DE CÉLULAS T MADURAS E CÉLULAS NK Linf oma c el T angio-imunoblástic o


Micos e fungóide (MF) NEOPLASIAS DE CÉLULAS B MADURAS
Variantes da MF Linf oma c el B zona mar ginal cutâneo (tipo MALT)
Reticulose pagetóide (doença localizada)
Linf oma c entr o f olic ular pr imár io c utâneo
Variantes foliculotrópica,siringotrópica,
granulomatosa Padrões de crescimento
Subtipos da MF Folicular
Granulomatous slack skin Folicular e difuso
Difuso
Síndr ome de Sézar y Linf oma c el B gr andes difus o cutâneo, tipo “ leg”
Desordens linfoproliferativas cutâneas de cel-T CD30+ Linf oma c el B gr andes difus o cutâneo, outr os
Papulose linfomatóide Linf oma c el B gr andes intr avascular
Linfoma de grandes células anaplásico primário
cutâneo Gr anulomatos e linf omatóide
Leuc os e linfocític a cr ônic a
Linf oma c el T tipo panic ulite s ubcutâneo*
Linf oma c el T per if éric o pr imário cutâneo (PTL) , não Linf oma c élulas do manto
es pecific ado
Linf oma Burkitt 
Subtipos de PTL
Linfoma cel T CD8+ epidermotrópico agressivo MALIGNIDADES HEMATOPOIÉTICAS IMATURAS
primário cutâneo (provisório)
N eoplas ia hematodér mic a CD 4+/CD 56+ Linf oma c el
Linfoma cel T gamma/delta positivo cutâneo
(provisório) NK blástic a++
Linfoma cel T pequeno/médio tamanho pleomórfico
CD4+ primário cutâneo (provisório) Linf oma/leuc os e linf oblás tic a pr ec us or
Linfoma linfoblástico T
Linf oma c el T/NK extr anodal, tipo nas al Linfoma linfoblástico B
Linfoma tipo Hidroa vacciniforme (variante) Leuc os es mielóide e monocític a
LINFOMA HODGKIN
Linf oma/leuc os e c el T do adulto

* Definição restrita para linfomas de origem cel. alfa/beta.


Esta tabela também contém entidades de linfomas extracutâneas freqüentemente envolvendo secundariamente a pele.
Evidência recente sugere origem de precursor de célula dendrítica. Pela histogênese incerta o termo neoplasia hematodérmica
CD4+/CD56+ é preferido. Modificada de Burg, 2005

Aproximadamente duzentos anos após a primeira descrição de MF, a patogênese

da doença permanece desconhecida.

Agentes infecciosos, exposições ocupacionais (industrias petroquímica, têxtil e

engenharia pesada) e mutações genéticas têm sido investigados como possíveis


29

agentes etiológicos para MF, não sendo, entretanto, substanciado por estudos

(Morales-Suarez-Varela, 2000).

Enquanto a etiologia por vírus está estabelecida para linfoma-leucemia de células

T do adulto (vírus linfotrópico células T humano) e para linfoma de células T natural

killer nasal (vírus Epstein-Baar), dois dos tipos de linfomas cutâneos, nenhuma relação

etiológica foi encontrada para MF (Pankake, 2001).

Entretanto, foi demonstrada soropositividade para citomegalovírus em 97% dos

pacientes com MF no estágio tardio (Síndrome de Sézary) enquanto nos doadores

saudáveis de medula óssea a positividade é de 54% (Leboit, 1997). Uma participação

do HTLV-1, pela identificação de seqüências provirais similares para tax e/ou pol, foi

identificada por PCR, mas ao contrário daqueles com linfoma/leucemia de células T do

adulto, não se observam proteínas estruturais do HTLV-1 na MF. É possível que alguns

casos estejam associados à doença ou a um evento secundário (Pancake,1995).

O desenvolvimento de doenças cutâneas associadas à infecção pelo HTLV-I é um

evento raro, estando entre essas, infiltrados linfóides sugestivos de linfomas, com

alterações histopatológicas e imunofenótipo similares à MF (Lenzi, 2003a,b).

Outra hipótese relacionada à etiologia da MF seria o papel de uma estimulação

antigênica crônica, possivelmente retrovírus sobre as células T auxiliares pelas células

de Langerhans intra-epidérmicas (Thiers, 1982).

Mehrany e cols (2003) avaliaram a prevalência de atopia em 157 casos de síndrome

de Sézary ou Síndrome pré-Sézary e 102 casos de micose fungóide. Neste estudo

foram encontrados 18 e12 indivíduos respectivamente, com história de dermatite


30

atópica, asma ou rinite alérgica, o que não caracterizou prevalência significativa de tal

patologia nestes linfomas comparada com a população em geral.

Estes vários achados permanecerão presentes até serem integrados em uma teoria

unitária da patogênese da MF.

2.2 CLÍNICA

2.2.1 APRESENTAÇÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA

A MF é representada por uma gama de manifestações clínicas e histopatológicas

(Kazakov,2004; Kim, 2005), porém a forma clássica (Doença de Alibert-Bazin)

corresponde à expressão mais freqüente de apresentação. Esta passa por três estágios

evolutivos - mácula, placa e tumor - sugerindo que as fases refletem mutações

cumulativas nos vários genes envolvidos na gênese do processo neoplásico.

(Burg,1996; Burg, 2002).

A expressão clínica no início da doença caracteriza-se pela presença de máculas

planas, mal definidas, assimétricas, róseas ou eritematosas, freqüentemente

descamativas, quadro que pode lembrar e confundir-se com infecções fúngicas e

psoríase, podendo ainda mostrar hiper ou hipopigmentação, atrofia e petéquias.

As máculas podem ser bem demarcadas, com número, espessura e descamação

variáveis e prurido geralmente intenso, sintoma este que pode preceder o

reconhecimento das lesões. Este estágio, via de regra, evolui por anos ou décadas para

placas finas que podem tornar-se espessas (T1- tabela 2), envolvendo geralmente
31

áreas fotoprotegidas como extremidades, tronco e nádegas (Isaackson, 1994; Kim,

1996; Kim 2003; Girardi, 2004;Burg, 2005).

Eventualmente a apresentação pode ocorrer com configurações pouco usuais,

apresentando-se como forma anular, semilunar ou serpiginosa, por conta de remissão

espontânea, parcial ou associada ao seu crescimento periférico. As lesões são em

número variável, ora constituindo quadro com poucas, ora com numerosas máculas,

difusamente distribuídas (Smoller, 1995).

MF pode se manisfestar infrequentemente com lesão única podendo ser

confundida com lesão fixa por droga, eczema, líquen simples crônico, eritema crônico

migrans e tinea corporis (Oliver, 1989; Heald, 2000; Hodak, 2000).

Uma forma leucêmica da doença pode ser observada - a denominada Síndrome

de Sézary (SS) - e é caracterizada por eritema difuso, prurítico (eritrodermia), infiltração

em aspecto de “pele de couro” e edema da pele, envolvimento da pele da cabeça e

pescoço, hiperceratose palmoplantar, alterações de hiper e hipopigmentacão. Ocorrem

alopecia, linfadenomegalia generalizada freqüente e presença de células linfóides

pleomórficas com núcleo cerebriforme, hiperconvoluto, circulantes, conhecidas como

células de Sézary, similares àquelas que infiltram a pele, além de irregularidade da

temperatura, causada pelo comprometimento do tegumento (LeBoit, 1997; Foss, 2004).

A síndrome de Sézary e a MF juntas compreendem 45% de todos os linfomas

cutâneos (Foss, 2004), com sobrevida em torno de 33% em cinco anos, em contraste

com 87% na MF isolada.

O envolvimento de membranas mucosas na MF é excepcional (Burg, 2005).


32

O achado de prurido é uma constante e freqüentemente intenso. (Kazakov, 2004)

Embora a MF afete mais o sexo masculino - numa proporção de 2:1 - e

preferencialmente adultos na faixa correspondente à quinta e à sexta décadas,

qualquer faixa etária pode ser acometida (Isaackson, 1994; Kim, 1999; kazakov, 2004).

Micose fungóide em crianças é rara, representando cerca de 4-5% dos casos de MF

abaixo de 20 anos, porém geralmente tem aspectos clínico-patológicos típicos da forma

adulta.Tem sido relatada uma forma não usual de MF juvenil de bom prognóstico,

mimetizando eritema anular centrífugo (Zackeim, 1997; Cogrel, 2005).

2.2.2 EVOLUÇÃO CLÍNICA

A evolução da MF tem curso tipicamente indolente, especialmente nas fases

iniciais, com apresentação de máculas e placas, com predileção por áreas não

expostas ao sol (nádegas, face interna das coxas e mamas), embora outras áreas

possam ser afetadas. Podem transcorrer anos ou décadas até que estas fases possam

progredir para placas espessas e eventualmente para tumores, que algumas vezes se

apresentam com ulcerações (van Doorn, 2000; Kazakov, 2004).

A proporção de pacientes no estágio de máculas que evoluirão para placas não é

conhecido com precisão, porém parece ser baixa (Bervermann, 1991).

Em um grupo pequeno de pacientes a doença pode progredir para fase de tumor

(fase tardia) e então envolver sítios extracutâneos como linfonodos, sangue e órgãos

internos como fígado, baço, medula óssea, mama ou sistema nervoso central,

assumindo um curso agressivo, implicando em maior morbidade e mortalidade e

requerendo tratamento mais agressivo. Este aspecto pode estar relacionado à perda da

aparente dependência das células T no meio ambiente cutâneo, por alteração na sua
33

superfície (Rappaport, 1977; Burg, 1996; Diamandidou, 1996; Diamandidou, 1998;

Girardi, 2004; Burg, 2005 ;Kim, 2005).

Como sua apresentação inicial é freqüentemente insidiosa, não é incomum para

esta forma da doença passar anos sem ser reconhecida. Assim podem ser necessárias

três a quatro biopsias simultâneas, em locais diferentes, quando da suspeição de

micose fungóide, na tentativa de elucidar o diagnóstico pois as células neoplásicas, em

particular na fase precoce do estágio inicial da doença, podem não mostrar achados

histopatológicos plenamente desenvolvidos por não apresentarem aberrações

fenotípicas (Issacson, 1994; Girardi, 2004). Em caso negativo sugere-se

acompanhamento do paciente de seis em seis meses ou na ocorrência de mudança no

quadro clínico, realização de novas biópsias (Smoller, 1997; Kazakov, 2004).

Além das lesões que mimetizam as várias dermatoses inflamatórias, o espectro

clínico-patológico da micose fungóide é largo e extenso, variando de lesões com um

bem definido aspecto deste linfoma para sutis modificações. Muitas das formas

variantes da MF – eritrodérmica, folicular, siringotrópica, bolhosa, granulomatosa,

poiquilodermica, hipo e hiperpigmentar, unilesional, palmoplantar, verrucosa,

papilomatosa, ictiosiforme, pigmentada, pustular e mucosa - diferem substancialmente

da forma “clássica” da doença de Alibert-Bazin, e são algumas vezes denominadas de

formas “atípicas” da doença. Essa diversidade transforma algumas vezes o diagnóstico

da MF, especialmente suas formas atípicas em um quadro desafiador. Não existe um

critério único para o diagnóstico clínico definitivo da MF. Até mesmo uma integrada

avaliação de todos os dados disponíveis – clínicos, histopatológicos, imunofenotípico e


34

de biologia molecular, pode algumas vezes, não ser suficiente para um correto

diagnóstico. Em alguns casos, somente o acompanhamento pode ser decisivo para o

diagnóstico e este fato deve ser sempre considerado. Embora existam controvérsias a

respeito de todas as variantes da MF merecerem ser classificadas separadamente na

entidade dos linfomas, o reconhecimento dessas formas atípicas torna-se importante

em decorrência da similaridade das mesmas com as dermatoses inflamatórias, o que

ocasiona diferentes propostas terapêuticas e diferentes prognósticos para cada caso

(Kazakov, 2004).

Das várias formas atípicas de apresentação da micose fungóide, a forma folicular

tem comportamento refratário a tratamento e mostra pior prognóstico que a MF clássica

(Van Doorn, 2002).

Segundo LeBoit (1997), termos como “parapsoríase em placas”, “parapsoríase em

grandes placas,” ”poiquiloderma vasculare atrophicans,” “poiquiloderma vasculare

atrophicans,” “poiquiloderma prereticulotica,” “dermatite crônica superficial,”

“xanthoerythtodermia perstans” e “parapsoríase variegata” devem ser reclassificados

como MF.

Embora descrita por alguns autores, a associação de MF com dermatose

neutrofílica é uma condição excepcional, podendo portanto estar presente associada a

formas clínicas e histológicas e deve ser incluída entre as suas associações, estando

nesta circunstância relacionada a resistência ao tratamento e pior prognóstico

(Franck,2005).
35

Os indicadores prognósticos importantes na MF/SS estão geralmente relacionados

ao sistema TNM - tecido, nódulo, metástase - tabela 2, estágio clínico, presença de

doença extracutânea e a idade do paciente. Contagem de células de Sézary elevada,

nível elevado de desidrogenase lática e eosinofília periférica também influem em pior

prognóstico.

Em um estudo de correlação de estágio da doença x sobrevida, Zackheim e cols

(1999) avaliaram o prognóstico nos linfomas T cutâneos em 439 pacientes nos quatro

estágios e apuraram que no estagio T1 (menos de 10% de pele envolvida), a sobrevida

foi a mesma esperada na população em geral, ao contrário, para as outras três fases

onde a sobrevida foi menor, na T2 (10% ou mais de área envolvida) foi de 67,4% em 10

anos, 39,2% para T3 (estágio tumoral) e 41.0% para eritrodermia generalizada.

Linfanedomegalia contribuiu para um prognóstico desfavorável e 18,8% dos pacientes

morrem pelo linfoma ou complicações relacionadas (tabela 2).

Muitos estudos têm demonstrado que pacientes com MF na fase inicial com

poucas máculas e placas, que receberam tratamento local, têm sobrevida média

semelhante à daqueles da população controle (Kim, 2005). A sobrevida diminui nos

estágios mais avançados para os quais 10% de todos os pacientes evoluirão

(Kim,1996). A SS é sem dúvida o estágio com pior prognóstico, onde apenas 30% dos

casos sobrevivem além de cinco anos após ser feito o diagnóstico (Diamandidou,

1996).
36

Entre os achados histopatológicos de pior prognóstico estão a presença de

número significativo de células atípicas CD30+, sugestivo de transformação para

linfoma de grandes células ( Diamandidou,1998; Vergier, 2000).

A presença de linfócitos CD8+ infiltrando o tumor indica um prognóstico mais

favorável (Hoppe,1995; Gellrich, 2000; Kim, 2005), sendo marcador da progressão da

MF quando diminui em número (Hoppe, 1995 ).

Outro indicador de prognóstico mais favorável é a variedade de tropismos nos

quais as células malignas acumulam-se em locais especializados na epiderme, tais

como folículos pilosos ou glândulas écrinas (Girardi, 2004). Pacientes com doença

limitada e nos estágios iniciais geralmente têm excelente prognóstico, com sobrevida

similar à população geral (Toro, 1997; Willenze, 1997; Diamandidou, 1999; Kim,1999;

van Doorn, 2000) No estágio mais avançado (tardio) o prognóstico é pior, em particular

nos pacientes com tumores cutâneos e/ou disseminação extracutânea e idade acima de

60 anos (Willenze, 1997; Kim, 1999; Van Doorn, 2000).

A presença de acometimento extracutâneo ou o surgimento de intercorrências na

evolução com uma transformação para linfoma de alto grau, leva a um pior prognóstico

clínico, observando-se nestes casos uma sobrevida menor do que um ano

(Diamandidou, 1998; Vergier 2000).

O comportamento das células malignas residentes na pele na MF tem muitas

implicações para a abordagem da doença e o grau de envolvimento cutâneo é um

elemento extremamente importante para seu estadiamento (tabela 2). O prognóstico do


37

paciente piora, implicando em diminuição da sobrevida, com o aumento do estágio da

doença, extensão de superfície corpórea envolvida dentro de um determinado estágio,

e detecção de clone neoplásico no sangue.

Tabela 2. TNM Classificação dos linfomas T cutâneos (CTCL)*


______________________________________________________________________________________

T: Pele

T1 Máculas, pápulas ou placas envolvendo < 10% da pele

T2 Máculas, pápulas ou placas envolvendo 10% ou mais da pele

T3 Ttumores (um ou mais)

T4 Eritrodermia generalizada

N: Linfonodos

N0 Linfonodos periféricos sem anormalidades clínicas, patologia negativa para CTCL (em caso de biopsia)

N1 Linfonodos periféricos anormais (clínica), patologia negativa para CTCL (em caso de biópsia)

N2 Linfonodos periféricos sem anormalidades clínicas, patologia positiva para CTCL


N3 Linfonodos periféricos clinicamente anormais, patologia positiva para CTCL

B: Sangue

B0 sem evidência de aumento no número de células atípicas circulantes

B1 evidência de aumento no número de células atípicas circulantes

M: Órgãos víscerais

M0 sem evidência de envolvimento de vísceras

MI envolvimento de vísceras confirmado pela patologia


______________________________________________________________________________________
Modificado de Bunn e Lamberg, 1979

Os mais importantes fatores preditivos da sobrevida dos pacientes residem na

idade do paciente e extensão da pele envolvida (Bunn,1979), que refletem o estágio da

doença, além da presença ou ausência de doença extracutânea ( Kim, 2003).


38

Sausville (1988) demonstrou que o estágio cutâneo se correlaciona com o grau

de envolvimento do linfonodo; desta forma pacientes com mácula/placa não tem

envolvimento de linfonodo.

2.3 HISTOPATOLOGIA

Não é incomum para a MF na fase inicial passar anos sem ser reconhecida. (Kim

1996; Kim 2003; Girardi 2004). A doença no estágio muito precoce (estágio pré-

micótico) não tem histologia especifica, caracterizando-se por infiltrado leve de linfócitos

típicos na derme superior, de distribuição perivascular e sem epidermotropismo

(Sanchez, 1979; Shapiro,1994; Kazakov, 2004).

LeBoit (1997) argumenta que o aspecto poiquilodérmico da MF poderia

corresponder a uma regressão incompleta, como vista no melanoma.

Na fase precoce da MF há uma superposição de achados histológicos com quase todos

os padrões diagnósticos utilizados para caracterizar lesões inflamatórias. (Shapiro

1994; Smoller, 1995).

Os achados histológicos tornam-se diagnósticos nos estágios de mácula tardia e

inicial de placas (placas finas) com infiltrado intenso de linfócitos alinhando-se na

interface derme/epiderme e epidermotropismo de células isoladas (Burg,1996;

Kazakov,2004) Muitos são linfócitos pequenos, diferenciados ou com núcleo levemente

cerebriforme, podendo conter eosinófilos, plasmócitos, macrófagos e células

dendríticas. Acantose leve, hiperceratose, sinais de dano da camada basal


39

(melanófagos), edema, fibrose e/ou espessamento de fibras colágenas no derme

papilar (a qual é proporcional à idade da lesão) e moderada proliferação de vênulas

pós-capilares podem estar associados (Shapiro,1994; Burg,1995; LeBoit,1997;

Guitart,2001; Kazakov, 2004).

Segundo Burg (2005), na fase inicial de mácula geralmente podem faltar

eosinófilos ou plasmócitos. Infiltrado linfocitário de células T CD4+ atípicas na derme

superficial, com linfócitos isolados migrando entre ceratinócitos da epiderme, define o

denominado epidermotropismo, constituindo o quadro imuno-histológico que caracteriza

este linfoma ( Shapiro,1994; Willemze, 1997).

A fase tardia do estágio de placa da MF (placa espessa) é tipificada por denso

infiltrado, com arranjo em faixa, subepidérmico, com grande número de células

cerebriformes hiperconvolutas, epidermotropismo acentuado, pequenos grupamentos

intraepiteliais de dois a três linfócitos, acompanhado de edema do colágeno, eosinófilos

e plasmócitos. Microabcessos de Pautrier grandes são raros. (Shapiro, 1994; Burg,

1995; Guitart 2001).

O estágio de tumor se estabelece a partir do momento que o infiltrado assume

padrão nodular ou difuso na derme, com predomínio de células cerebriformes pequenas

e número variável de imunoblastos, linfoblastos e células de pequeno e médio tamanho

com núcleo hipercromático. Neste momento, o epidermotropismo se encontra escasso

ou ausente, supostamente explicado pela perda de expressão das integrinas,

(Simonitsch,1995; kazakov, 2004).


40

Segundo Santucci (2000b) é típica – embora não característica específica da MF -

a presença na epiderme de células cerebriformes hiperconvolutas, de tamanho médio

ou grande, maiores que os linfócitos da derme, mostrando halo claro perinuclear ou a

presença de grupos de linfócitos na derme, além de linfócitos alinhados dentro da

camada basal, são típicos mas não características específicas da MF.

Os microabcessos de Pautrier, ao contrário, são formados por células T clonais ao

redor de células de Langerhans, ilustrando a aparente dependência das células T na

interação com essas células dendríticas, em particular nas fases inicias desta patologia

(Girardi 2004).

Santucci e cols (2000), Guitart e cols (2001) relatam resolução do European

Organization for Research and Treatment of Câncer que tem critério de avaliação

diagnóstica baseado em pontuação integrada. Este reflete o grau de certeza

diagnóstica do patologista baseado em uma seqüência de avaliação de critérios

denominados maiores e menores. Os critérios são considerados maiores de acordo

com: densidade do infiltrado, natureza e extensão do epidermotropismo, e o grau de

atipia linfocitária, com score variando de 0-3 pontos para o grau de suas presenças. Os

critérios são considerados menores pela presença de atipia nos linfócitos intraepiteliais,

e sendo assim pontuados: grau baixo de atipia:1 ponto; alto grau: 2 pontos; falta de

alterações inflamatórias associadas: 1 ponto, fibroplasia na derme papilar: 1 ponto. O

diagnóstico correspondia ao somatório dos componentes e especificados como: 1-

dermatite linfocítica perivascular/ interface (score total: 0-2 pontos); 2- infiltrado

linfocítico atípico com a MF não podendo ser excluída (score total: 3-4 pontos); 3-

infiltrado linfocitário atípico sugestivo de MF (score total : 5-6 pontos) e MF (score total

7).
41

Lisboa em seu estudo apresentado em 2001 sobre revisão e atualização dos

critérios para ao diagnóstico de MF, concluiu que os mais relevantes para a fase inicial

e eritrodérmica eram o epidermotropismo desproporcional ao grau de espongiose,

linfócitos convolutos na epiderme e derme, linfócitos envoltos por halo e infiltrado

dérmico de mononucleares de padrão variável , associado a eosinófilos.

Pimpinelli e cols (2005) descrevem os critérios padronizados para o diagnóstico

precoce da MF definidos pela Sociedade Internacional para Linfomas Cutâneos (ISCL)

que desenvolveu um algoritmo, integrando aspectos histopatológicos, imunopatológicos

e de biologia molecular, que terá que ser validado por múltiplos centros nos próximos

anos. Esta padronização do diagnóstico precoce da MF visa beneficiar a avaliação

clínica, epidemiológica e o tratamento, além de proporcionar uma visão mais apurada

da incidência da MF e avançar no entendimento dos fatores envolvidos na sua

patogênese, influenciando no desenvolvimento de tratamentos diferenciados para

melhorar a remissão e sobrevida. A presença de contorno nuclear irregular e/ou

características nuclear e citoplasmática variável é de valor diagnóstico, tendo

sensibilidade de 53.3% e especificidade de 88,9%.

O refinamento dos critérios diagnósticos da MF precoce tem resultado em

aumento do seu diagnóstico, às vezes interpretado como aumento na sua incidência

(LeBoit,!997).

Massone e cols (2005) analisaram 745 biópsias de 427 pacientes de MF na fase

inicial, enfatizaram a importância da correlação clínico-patológica para a caracterização

do diagnóstico. Em 50% deste material observava-se infiltrado com padrão liquenóide,

associado a fibras colágenas grosseiras localizados na derme superficial, sendo

freqüente a combinação de padrão liquenóide e psoriasiforme. Epidermotropismo de


42

linfócitos esteve em quase todos casos, exceto em 4% das biópsias estudadas. Estes

linfócitos apresentavam uma ou mais das formas a seguir: (1) isolados - 22%,(2) na

porção basal do epitélio ( pelo menos 4 linfócitos alinhados ao longo da camada basal) -

23%, (3) como microabcessos de Pautrier (pelo menos 3 linfócitos agrupados na

epiderme) -19%, linfócitos com halo ao seu redor - 40%, (5) exocitose desproporcional a

espongiose - 17% (6) epidermotropismo pagetóide - 3% . Linfócitos atípicos estavam

presentes em 9% dos casos. Destacaram ainda a falta usual de eosinófilos ou

plasmócitos nas máculas iniciais. Outro ponto relevante foi a constatação da realização

de duas ou mais biópsias simultâneas de lesões em locais diferentes do tegumento

para a caracterização da doença, além de, em 40 % dos pacientes, mais de uma

biópsia foi avaliada. Em associação ao exame histopatológico de rotina, a investigação

diagnóstica com um painel de marcadores linfocitários é usada para ajudar a definir a

subclassificação do clone maligno (Glusac,1999; Bekkenk, 2003; Santucci, 2003), o que

pode ter implicação diagnóstica importante.

2.4 IMUNOPATOLOGIA DA MICOSE FUNGÓIDE

É aceito que a MF representa uma desordem clonal neoplásica de linhagem de

células T auxiliares.

Os linfócitos junto com células apresentadoras de antígenos que trafegam entre a

pele e tecido linfóide periférico, via vasos linfáticos e sanguíneos, fazem parte do SALT,

sendo esta associação identificada pela co-expressão CCR4 e CLA (antígeno

leucocitário cutâneo) nestes linfócitos T das moléculas de residência na pele (Ferenczi

2002).
43

A secreção de citocinas e quimiocinas pelos ceratinócitos provavelmente tem

papel importante na iniciação ou perpetuação da lesão cutânea da MF (Girardi, 2004).

As células desta desordem podem expressar moléculas de adesão integrinas (ex. 7)

e receptores quimoquinas (ex. CCR4), que podem ligar-se às células endoteliais,

ceratinócitos e células de Langerhans, aumentando a migração para epiderme. (Girardi,

2004).

Interações moleculares como a expressão dos fenótipos CLA+, CCR4+, que

reagem com seus ligantes - CC17 e CCL22- expressos por células residentes na pele,

pelo clone de células T malignas - têm sido demonstradas em altos níveis nas lesões

cutâneas, explicando porque células malignas migram e residem na pele (Ferenczi

2002; Girardi, 2004).

Muitas técnicas coadjuvantes podem auxiliar no diagnóstico da MF precoce. Entre

elas, avaliação do imunofenótipo dos subtipos das células T é o mais acessível e mais

comumente usada (Santucci, 2003) e seu valor como ferramenta diagnóstica para o

infiltrado linfocítico tem sido alvo de discussão.

A caracterização do imunofenótipo das células da MF, envolve a identificação da

expressão dos antígenos linfóides usando anticorpos monoclonais nos tecidos. Seu

imunofenótipo típico indica um linfoma de células T (CD3+), composto de células T

maduras, auxiliar (Th2), de memória (CD45RO), pertencentes ao “tecido linfóide

associado à pele” (SALT) (Wood, 2003).


44

A simples observação da relação de linfócitos CD4:CD8 positiva no infiltrado

linfocitário T cutâneo pode ser usada para o diagnóstico de MF com alto nível de

sensibilidade e especificidade é defendida por Izban e cols (1998) e Nuckols e cols

(1999). Na MF em fase de placas e tumores, a relação entre linfócitos CD4 /CD8+ na

pele pode tornar-se elevada (>4:1) é relatada por Kim (2005).

Ao contrário, Glusac e cols (1999) ponderam que a predominância de células

CD4+ é observada em uma variedade de condições não neoplásicas, não podendo ser

usada para separar linfoma de células T cutâneos de dermatites, corroborado por

Rijlaarsdam (1995).

LeBoit &McCalmon (1997) afirmam que a expressão de CD4 e CD8,

simultaneamente pela mesma célula, sugere infiltrado neoplásico.

O antígeno de diferenciação leucocitária CD5 é uma glicoproteína de superfície

celular presente em mais 95% das células T, marcador de linfócitos maduros, que reage

com o anticorpo anti-CD5 (Stein,1984; Reiter,1989).

A expressão de CD2, CD3 e CD5 reflete a natureza bem diferenciada, madura,

deste linfoma, enquanto que a marcação CD4 corresponde ao subtipo auxiliar da célula

T. A expressão de CD45RO representa célula T de memória e sugere que estas células

já interagiram com seu antígeno anteriormente para transformação maligna (Wood,

2003).
45

Em um número pequeno de casos a MF não apresenta expressão para CD2, CD3

e/ou CD5. Os linfócitos T CD4+ malignos freqüentemente perdem a expressão de

alguns marcadores de superfície presentes nas células T maduras. Comparadas às

células T normais, as células da MF têm uma menor densidade de expressão de CD3

resultando em um fenótipo “CD3-dim”, além de muitos casos serem negativos para

CD7. (Rappl, 2001; Wood, 2003).

O anticorpo anti-CD7, uma glicoproteína, é expresso pela maioria das células T

periféricas, células NK e timócitos. Um aumento da negatividade do CD7 nas células T

pode ser visto em algumas doenças inflamatórias, embora sua ausência seja

substancial em parte das neoplasias de células T, especialmente as do tipo cutâneo

primário (Al Saati, 2001; Murphy, 2002)

O marcador CD7 tem envolvimento na proliferação celular, adesão celular e na

transdução de sinais que alteram o genoma e está ausente precocemente nas células

da MF (Burg, 1996; Burg, 2005; KIM, 2005).

A falta de expressão de CD7 é freqüente em todos os estágios da doença, contudo

seria de valor limitado do ponto de vista diagnóstico, pois pode ser vista em lesões

linfóides benignas cutâneas (Ralfkier,1991; Issacson, 1994)

O trabalho (1992) de Bogat e cols, apresenta a perda da expressão do antígeno

CD7 em 13 de 14 casos de MF, enquanto a perda de expressão de CD5 é observada

em dois, sem entretanto relacionar ao estágio da doença. Demonstraram ainda a

afinidade das células T em abrigar-se na epiderme em um dos casos, este sim


46

identificado como MF inicial. Perda da imunomarcação, foi observada, restrita à parte

do infiltrado da epiderme, sugerindo haver clone de células T malignas da MF na

epiderme.

Cotta e cols (2004),Cotta (2005) encontraram perda da marcação do CD7 nas

biopsias de MF. Consideram que este marcador pode ser usado no material de rotina e

enfermidades benignas, associadas à reduzida expressão do CD7, que devem ser

consideradas no diagnóstico diferencial da MF.

Gellrich (2000), com estudo pela avaliação molecular por PCR de rearranjo do gene

receptor da célula T, identificou que: 1- há uma baixa freqüência de células T clonais

nos vários compartimentos microanatômicos cutâneos do estágio de mácula da MF; 2-a

fase inicial de placa é o momento evolutivo em que se encontra o maior número de

linfócitos T clonais dentro da epiderme; 3- os linfócitos clonais estão presentes

preferencialmente na epiderme e os reacionais mais na derme papilar nos estágios de

mácula e placa da MF, fato que talvez contribua para a persistência e progressão

destas células tumorais na epiderme, sangue periférico e derme profunda pela falta de

contato direto entre estes dois tipos de linfócitos T.

A localização das células malignas pode dever-se à expressão tecido-específica

pelas células tumorais de moléculas de adesão ou citocinas (Asadullah 1997), reagindo

a antígeno desconhecido ou um mecanismo de escape das células tumorais,

localizadas estritamente dentro da epiderme (Gellrich, 2000).


47

Os linfócitos de defesa anti-tumor localizados na derme papilar, por não expressarem

CLA+, não podem alcançar rapidamente as células da MF no micro-compartimento da

epiderme, possivelmente constituindo uma barreira a sua ação (Gellrich, 2000).

Gene do receptor de célula T (TRC)-ß ou γ cadeia gene são monoclonalmente

rearranjados em muitos casos, incluindo estágio de mácula da doença (Bakels, 1992).

Muitas alterações sistêmicas associadas à MF devem-se à produção de um padrão

citocina TH2 especifico (interleucina (IL)-4, IL-5, IL-10 e outras), proveniente da função

dos linfócitos neoplásicos da doença, os quais expressam fenótipo Thelper tipo 2 (TH2)

onde se destacam a eosinofilia, aumento de imunoglobulina IG E e IGA e prejuízo da

reatividade tipo retardada (Volwels,1994; Rook ,1995). Este conjunto de alterações

imunes é observado predominantemente nos estágios avançados da MF.

Na fase inicial da doença, a produção de IL-2 e interferon- gama pela maioria da

população de células TH1 reativas inibe a expansão de linfócitos neoplásicos

TH2.(Volwels,1994; Rook ,1995).

No estágio tardio, a população clonal é encontrada somente na derme, não mais

na epiderme (Gellrich, 2000).

Com o tempo, entretanto, as células malignas na MF podem perder sua aparente

dependência do meio ambiente cutâneo, alterar sua superfície, e expandir-se dentro da

derme, sangue periférico e linfonodos para então evoluir para uma forma mais letal

(SS), requerendo um tratamento mais agressivo (Girardi, 2004).


48

Avaliação genética da MF inclue a análise biológica molecular de rearranjo do gene do

receptor da célula T (TCR) e translocação cromossômica, principalmente como meio de

detectar a clonalidade dominante, usando reação de cadeia polimerase (PCR) baseada

em técnicas de ampliação de gene (Navas, 2000).

A MF positiva para receptor célula T (gama/delta) está associada à doença com

comportamento mais agressivo que aquela sem rearranjo do receptor (Toro, 2003).

Pimpinelli e cols (2005) relatam discussão e critérios padronizados para o

diagnóstico precoce da MF definidos pela Sociedade Internacional para linfomas

Cutâneos (ISCL). O algoritmo com achados característicos de MF precoce (clínicos,

histopatológicos, imunopatológicos e de biologia molecular) que quando presentes

integradamente são úteis no diagnóstico, terá que ser validado por múltiplos centros

nos próximos anos. Esta padronização do diagnóstico precoce da MF visa beneficiar a

avaliação clínica, epidemiológica e o tratamento além de uma visão mais apurada da

incidência da MF e avançar no entendimento dos fatores envolvidos na sua patogênese

e influenciar no desenvolvimento de tratamentos diferenciados para melhorar a

remissão e sobrevida. Entre os parâmetros destacados está a identificação na história,

de lesões persistentes independente de número ou tamanho, história para reação

medicamentosa, por ter semelhança clinicapatológica de uma delas com MF. Alteração

no tamanho, forma e cor das lesões com progressão e às vezes regressão e

poiquilodermia que é uma característica relativamente especifica da MF inicial, são

destacadas dentro da morfologia. Máculas poiquilodérmicas persistentes nas áreas não

foto-exposta particularmente na região glútea devem ser consideradas MF e

biopsiadas. No aspecto histopatológico, biopsias múltiplas de lesões variadas, antigas


49

e novas, devem ser realizadas, observando-se o cuidado da suspensão de

medicamentos tópicos por pelo menos duas a quatro semanas antes da biopsia.
20

1- INTRODUÇÃO

Os linfomas cutâneos representam um grupo heterogêneo de neoplasias, um

complexo de desordens com várias manifestações e cursos clínicos, onde são

reconhecidas três categorias principais de neoplasia linfóide; aquelas de células T

maduras e células Natural Killer, células B maduras e neoplasias imaturas

hematopoéticas, assim denominadas pela nova classificação WHO/EORTC para

desordens linfoproliferativas da pele (Burg 2005; Willemze, 2006).

A maior parte dos linfomas de células T cutâneos (LCCT) é caracterizada por

expansão de linfócitos T auxiliar, CD4+ malignos, não constituindo uma única

doença, mas sim de um grupo delas, relacionadas entre si devido a características

em comum, que comprometem inicialmente a pele e posteriormente linfonodos,

sangue periférico e órgãos internos (BURG,2005).

A MF e a Síndrome de Sézary representam a maioria dos casos dos LCCT

(Burg,2005).
21

Micose fungóide (MF) é um linfoma não-Hodgkin relativamente raro,

representando porém o mais frequente subtipo dos linfomas cutâneos primários de

células T maduras, com curso indolente, crônico e evolução passando por máculas,

placas e tumores (Harris,1994; Foss, 2004). Os seus dois últimos estágios na pele e a

fase tardia das máculas têm representação com critérios histopatológicos estabelecidos

que diagnosticam a doença (Leboit,1997). No entanto, a fase inicial das máculas da

micose fungóide, entretanto constitui um problema a ser resolvido dentro da

Dermatologia e Dermatopatologia por não apresentar elementos histológicos

diagnósticos definidos da doença. A sua histopatologia é inespecífica ou simula

algumas dermatites nesta fase precoce, por superposição de achados clínicos e

histopatológicos, levando a diagnóstico errôneo e retardando o início do tratamento do

paciente (Zackheim,1999). A avaliação do perfil imunológico dos linfomas muitas vezes

ajuda a definir ou orientar o seu diagnóstico.

O estudo imuno-histoquímico através dos imunomarcadores para linfócitos T

maduros, anticorpo anti-CD5 e anti-CD7 é realizado neste trabalho, para avaliar sua

eficácia como exame complementar ao exame histopatológico na definição diagnóstica

da fase de máculas da micose fungóide. O estudo do perfil imuno-histoquímico da

micose fungóide pode trazer implementação na avaliação diagnóstica da micose

fungóide.

Torna-se importante, portanto, a identificação de critérios teciduais e/ou celulares

que permitam o diagnóstico de micose fungóide na sua fase mais precoce,

possibilitando a instituição de tratamento nessa etapa inicial, com o objetivo de se


22

prolongar o tempo livre de doença para os pacientes. Essa é a contribuição a que se

propõe este trabalho.


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ENOÏ GUEDES VILAR

ESTUDO ANALÍTICO DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO


LINFOCITÁRIO DA FASE PRECOCE
DA MICOSE FUNGÓIDE

NITERÓI
2006
ENOÏ GUEDES VILAR

ESTUDO ANALÍTICO DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO


LINFOCITÁRIO DA FASE PRECOCE DA MICOSE FUNGÓIDE

Tese de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Medicina (Patologia), Faculdade de
Medicina da Universidade Federal Fluminense, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título
de Mestre em Medicina (Patologia).

Orientadora: Profa. Dra. Mayra Carrijo Rochael

Niterói
2006
FICHA CATALOGRÁFICA
Vilar, Enoï Guedes
Estudo analítico do perfil imuno-histoquímico linfocitário da fase precoce da micose
fungóide/Enoï Guedes Vilar----Niterói: UFF/Faculdade de Medicina , 2006.
112f.
Dissertação de Mestrado (Anatomia Patológica – Programa de Pós-graduação em Patologia)
– Universidade Federal Fluminense
Orientador: Profa Dra Mayra Carrijo Rochael
Referências bibliográficas: f.98 à 110.
1. Pele – Micose Fungóide. 2. Linfoma cutâneo. 3. Imunoperoxidase 4. Antígenos CD5,
anti-CD7
I. Universidade Federal Fluminense II. Estudo analítico do perfil imuno-histoquímico da
fase precoce da micose fungóide.
ENOI GUEDES VILAR

ESTUDO ANALÍTICO DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO LINFOCITÁRIO DA FASE


PRECOCE DA MICOSE FUNGÓIDE

Tese de Mestrado submetida ao Programa de Pós-


graduação em Medicina (Patologia), Faculdade de
Medicina, da Universidade Federal Fluminense – UFF,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Medicina (Patologia).

Aprovada em ________________de 2006

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Maria Elisa Ribeiro Lenzi (examinadora prévia)


Faculdade de Medicina de Valença

Prof. Dra. Jane Marcy Neffá Pinto


Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Juan Manuel Piñeiro Maceira


Universidade Federal do Rio de Janeiro
“A Educação deve ser subversiva. Exercer um papel de contestação e de

permanente indução ao repensar das verdades estabelecidas”

Bertrand Russel
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Manoel Barreto Netto, exemplo de determinação e dedicação ao ensino


universitário e por sua profunda crença na educação pública, acessível e universal.

Ao meu marido Prof. Dr. Josier Marques Vilar, homem ético e competente, que
dissemina conhecimento e carinho, agradeço pelo amor, compreensão, tolerância e
incentivo constante.

Ao Rodrigo e Mariana, meus filhos, pela compreensão e tolerância com as muitas horas
subtraídas de nosso convívio.

Aos meus pais, pela minha formação e incentivo em todos os momentos desta longa
caminhada.

À minha orientadora Profa. Dra. Mayra C. Rochael, pelo estímulo e observações


constantes durante a realização deste trabalho e pelo apoio e incentivos nas atividades
do Setor de Dermatopatologia.

À Profa. Dra. Maria Elisa Ribeiro Lenzi pelo apoio e indispensável ajuda na obtenção de
parte do material estudado.

À Profa. Dra. Maria Lucia Ribeiro Caldas, sempre disponível e generosa, agradeço pelo
incentivo, solidariedade e fornecimento da documentação fotográfica.

Às Profas. Dras. Anelise Hagen Ferrari e Tisuko Myagui, pela demonstração de


amizade, incentivo, ajuda e críticas colaborativas, além de grande apoio, indispensáveis
na realização deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Licínio Esmeraldo da Silva, pela competência, desprendimento e imensa


colaboração na análise estatística, o que permitiu uma melhor compreensão dos
resultados analisados.

Ao Prof. Dr. Beni Olej, pelo apoio dispensado no entendimento da imunopatologia.


À Profa. Dra. Eliene Carvalho da Fonseca, Chefe do Laboratório de Imuno-histoqímica,
pela disponibilidade e realização dos exames imuno-histoquímicos.

À Profa. Dra. Andréa Rodrigues, pelo apoio na realização e discussão dos exames
imuno-histoquímicos.

Aos Profs. Drs. Phorphirio José Soares Filho, Vânia Glória Silami Lopes, Regina
Alcântara Granato, pelo estímulo e apoio na disciplina de Patologia Geral.

À Dra. Yara de Figueiredo Rocha pela colaboração fundamental ao desenvolvimento


deste trabalho.

À Doutoranda Silvia Elena Navas Alfaro pela colaboração e disponibilidade na


realização da documentação fotográfica.

Ao técnico Antonio Carlos Santos cuja boa vontade, disponibilidade e ajuda na


realização da técnica histológica muito contribuiu para este trabalho.

Às técnicas do Laboratório de Imuno-histoquímica Leila Márcia Peres Marques, Kátia


Ferrera e Rita de Cássia da Costa Cunha, pelo suporte e colaboração indispensáveis
para um melhor estudo dos casos.

À secretária Fabiana M. Pavão pela indispensável ajuda na organização final do


trabalho.

À secretária do curso de Pós-graduação em Thereza Christina Fontana pelo apoio


sempre presente.

À Marisa Hoirisch, amiga que nos momentos mais difíceis sempre ofereceu uma
palavra de estímulo e solidariedade.

À todos os colegas, amigos e residentes do Serviço de Anatomia Patológica pelo


incentivo e colaboração para a realização deste trabalho.
Aos colegas do Serviço de Dermatologia que liderados pela Prof a. Dra. Neyde Kalil
Gaspar muito contribuíram para meu interesse no tema deste trabalho.

À todos os funcionários do Serviço de Patologia pela ajuda e colaboração.

“Last but not least”, agradeço aos pacientes, cujos exames anônimos permitem que o
ensino e a pesquisa avancem pela estrada do conhecimento.
RESUMO

Micose fungóide é um linfoma de linfócitos T (LCCT) auxiliar CD4+ cutâneo, de baixo


grau de malignidade, que se manifesta acometendo a pele primariamente, onde se
destaca por ser o subtipo mais freqüente e ter curso indolente. Na maioria dos casos, a
doença evolui clinicamente através de três estágios - mácula, placa e tumor. O ínicio
dá-se pela presença de lesões na forma de máculas evoluindo para placas,
posteriormente para tumores, podendo então envolver sítios extracutâneos. Seu
diagnóstico é baseado na clínica com confirmação pela histopatologia, geralmente na
fase tardia da mácula, na placa ou tumor, para as quais critérios histopatológicos são
bem estabelecidos. Na fase de mácula muito precoce, as lesões clínicas e
histopatológicas apresentam características não específicas e muitas vezes são
interpretadas como uma das dermatites que constituem seu diagnóstico diferencial,
sendo necessário acompanhamento do paciente, de preferência com novas biópsias,
até que se estabeleça o diagnóstico. O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância
dos marcadores de linfócitos T maduros CD5 e CD7 no diagnóstico da micose fungóide,
através da comparação desses marcadores nas etapas inicial (não específica) e
plenamente estabelecida (com critérios específicos para diagnóstico). Para tanto,
utilizou-se a técnica da imunoperoxidase, em 16 biopsias de 10 pacientes na fase
precoce da doença e 12 biopsias dos mesmos pacientes na fase plenamente
estabelecida. Como controles, foram utilizadas biopsias de psoríase (7casos) e de
pitiríase liquenóide crônica (5 casos), ambas representando doenças cutâneas
inflamatórias. Os resultados foram avaliados através de estudo semiquantitativo e a
relevância estatística através dos testes não-paramétricos de Kruskal-Wallis, Friedman,
Mann-Whitney e do Sinal. Os resultados demonstraram diferença estatisticamente
significativa na quantidade de células marcadas por CD5 e CD7, quando comparados
os dois grupos de micose fungóide (precoce e plenamente estabelecida) com os
controles, sendo que para CD7 a quantidade de células CD7+ foi menor nos dois
grupos de micose fungóide que nas doenças inflamatórias, tanto na epiderme quanto
na derme, enquanto para CD5 tal diferença restringiu-se à epiderme. Concluiu-se que a
presença dos anticorpos anti-CD5 e anti-CD7 representa importante critério auxiliar no
diagnóstico diferencial entre a fase precoce da micose fungóide e doenças inflamatórias
cutâneas, particularmente psoríase e pitiríase liquenóide crônica. Entretanto, o número
de casos estudados deve ser ampliado para confirmação dos achados.

Palavras chave: Micose fungóide, linfoma, imunoperoxidase, antígeno CD5 e antígeno


CD7.
ABSTRACT
Mycosis Fungoides is a low-grade cutaneous CD4+ ancillary T-lymphocyte lymphoma

(CTCL) that primarily affects the skin, where it is the most prevalent subtype and known

for its indolent course. In most of the cases, the disease evolves through three clinical

stages - patch, plaque and tumor. The onset is characterized by the presence of patch-

shaped lesions, which evolve into plaques and later into tumors, when it can involve

non-cutaneous sites.

The diagnosis is based on the clinical presentation, with confirmation via histopathology,

usually during the late patch stage or at the plaque or tumor stages, when

histopathological criteria are well-established. During the very early patch stage, clinical

and histopathological lesions have unspecific characteristics and are often

misdiagnosed for one of the forms of dermatitis that represent the disease’s differential

diagnosis. During that stage the patient should be closely monitored and preferably new

biopsies should be performed until a diagnosis can be established.

The goal of this work was to evaluate the importance of mature CD5 and CD7 T-

lymphocyte markers in the diagnosis of mycosis fungoides, through a comparison of

those markers during the initial (unspecific) stage and the full-scale stage (with specific

criteria for the diagnosis). The technique used was immunoperoxidase, in 16 biopsies of

10 patients at the early stage of the disease and 12 biopsies of the same patients at the

full-scale stage. Psoriasis (7 cases) and chronic pityriasis lichenoides (5 cases) biopsies

were used as control, both of which are inflammatory skin conditions.


The results were evaluated via a semi-quantitative study and the statistical relevance

was evaluated through the non-parametric Kruskal-Wallis, Friedman, Mann-Whitney and

Signal tests. The results showed a statistically important difference in the number of

CD5 and CD7-marked cells, when both groups of mycosis fungoides (early and full-

scale) were compared with the control group, and in the case of CD7 the number of

CD7+ cells was lower in MF than in the inflammatory conditions, both in the epidermis

and in the dermis, while in the case of CD5, such difference was restricted to the

epidermis.

The conclusion was that the presence of anti-CD5 and CD7 antibodies represents an

important ancillary criterion in the differential diagnosis between the early stage of

mycosis fungoides and inflammatory skin conditions, particularly psoriasis and chronic

pityriasis lichenoides. However, the number of research cases must be increased in

order to enable a confirmation of such conclusions.

Keywords: Mycosis Fungoides, lymphoma, immunoperoxidase, CD5 antigen and CD7

antigen.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação WHO/EORTC para linfomas cutâneos .............................. 28

Tabela 2 -TNM Classificação dos linfomas T cutâneos ........................................... 37

Tabela 3 – Dados demográficos, clínicos e histopatológicos ............................... 53

Tabela 4 – Composição dos grupos .......................................................................... 55

Tabela 5 – Anticorpos primários utilizados na reação imuno-histoquímica ......... 58

Tabela 6 – Diagnósticos das biópsias prévias ......................................................... 61


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADROS

Quadro 1- Resultados da avaliação imuno-histoquímica dos linfócitos nas BP e

MF................................................................................................................................ 62

Quadro 2 – Resultados da avaliação imunohistoquímica dos linfócitos no grupo

controle ..................................................................................................................... 63

Quadro I – Expressão do CD4 na epiderme.......................................................... 69

Quadro II - Expressão do CD4 na derme................................................................ 69

Quadro III – Expressão do CD8 na epiderme........................................................... 70

Quadro IV - Expressão do CD8 na derme................................................................ 70

Quadro V – Expressão do CD5 na epiderme........................................................... 73

Quadro VI – Expressão do CD7 na epiderme.......................................................... 74

Quadro VII – Expressão do CD7 na derme.............................................................. 74

Gráfico 1 – Percentuais dos marcadores na psoríase e PLC................................ 65

Gráfico 2 – Percentuais de CD3 e CD20 nos grupos BP, MF e controle.............. 67

Gráfico 3 – Percentuais de CD4 e CD8 nos grupos BP, MF e controle ................ 68

Gráfico 4 – Percentuais de CD5 e CD7 nos grupos BP, MF e controle................ 72

Gráfico 5 – Comparação do percentual de CD7 na derme nos grupos BP, MF e

controle ..................................................................................................................... 75

Gráfico 6 – Distribuição dos percentuais dos marcadores no grupo BP ........... 77

Gráfico 7 – Distribuição dos percentuais dos marcadores no grupo MF .......... 79


ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS

Prancha 1 PLC Fig. 1 A,B,C,D,E

Prancha 2 PLC Fig. 2 A,B,C

Prancha 3 PSORÍASE Fig. 3 A,B,C,D,E

Prancha 4 PSORÍASE Fig. 4

Fig. 5

Prancha 5 MF PRECOCE Fig. 6 A,B,C

Prancha 6 MF PRECOCE Fig. 7 A,B,C,D,E

Prancha 7 MF BEM ESTABELECIDA Fig. 8 A,B,C,D

Prancha 8 MF BEM ESTABELECIDA Fig. 9 A,B,C


LISTA DE ABREVIATURAS

CTCL Cells T Cutaneous Lymphoma


CD Designação de agrupamento (“cluster differentiation”)
Cols Colaboradores
MF Micose Fungóide
EORTC Organização Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer –
“European Organization for Research and Treatment of Cancer”
REF Referências
PCR Reação em cadeia da polimerase
HTLV-I Human T-cell leukemia virus type I
REAL “Revised European-American Classification of Lymphoid Neoplasms
WHO “World Health Organization”
SS Síndrome de Sézary
ISCL International Society Cutaneous Lymphoma
SALT Tecido Linfóide associado a pele (“Skin-associated lymphoid tissue”)
CCR4 CC Chemkine receptor 4
CLA Cutaneous lymphocyte antigen
EX Exemplo
CC17 CC skin-associated chemokine 17
CCL22 CC skin-associated chemokine 22
TH T Helper
IL Interleucina
IGE imunoglobulina E
TCR T Receptor cell
LCCT Linfomas cutâneos de células T
C/C Compatível com
DSSA Dermatite espongiótica subaguda
E Epiderme
D Derme
BP Biopsia prvia
PLC Pitiríase Liquenóide Crônica
Fig Figura
H&E Hematoxilina e Eosina
Box Plot Diagramas de hastes e caixas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 20
2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... 23
2.1 Histórico .................................................................................................................. 23
2.2 Clínica .................................................................................................................... 30
2.2.1 Apresentação Clinico-patológica.......................................................................... 30
2.2.2 Evolução Clínica ……………………………………………………………………..... 32
2.3 Histopatologia ……………………………………………………………………………. 38
2.4 Imunopatologia da Micose Fungóide …………………………………………….……. 42
3 OBJETIVOS ………………………………………………………………………………. 50
3.1 Geral ........................................................................................................................ 50
3.2 Específicos ............................................................................................................. 50
4 MATERIAL E MÉTODOS …………………………………………………………..……. 51
4.1 Casuística …………………………………………………………………………...……. 51
4.2 Critérios de inclusão …………………………………………………………………….. 54
4.3 Grupo controle ………………………………………………………………………….... 54
4.4 Métodos …………………………………………………………………………………... 55
4.4.1 Estudo Histopatológico ………………………………………………………….....…. 55
4.4.1.1 Micose fungóide ……………………………………………………………………... 55
4.4.1.2 Pitiríase liquenóide crônica ……………………………………………………….... 56
4.4.1.3 Psoríase …………………………………………………………………………….... 57
4.4.2 Estudo Imuno-histoquímico ………………………………………………………….. .57
4.5 Sistema de documentação microscópica digital …………………………………....... 59
4.6 Análise Estatística ……………………………………………………………....……..... 59
5 RESULTADOS ……………………………………………………………………….…..... 60
5.1 Diagnóstico das biopsias prévias …………………………………………………....... 60
5.2 Análise Imuno-histoquímica …………………………………………………………..... 61
5.2.1 Análise do percentual dos resultados imuno-histoquímicos……………………..... 61
5.2.2 Perfil imuno-histoquímico do grupo controle ……………………........................... 63
5.2.3 Análise dos imunofenótipos CD3 e CD20 …………………………........................ 65
5.2.3.1. Equivalência das marcações do CD3 ………………………………................... 65
5.2.3.2 Equivalência das marcações do CD20. ………………………………................ 66
5.2.4 Análise dos imunofenótipos CD4 e CD8. …………………………………............ 67
5.2.4.1 Equivalência das marcações do CD4 ………………………………................... 69
5.2.4.2 Equivalência das marcações do CD8 ……………………………...................... 70
5.2.5 Análise dos imunofenótipos CD5 e CD7 …………………………………….......... 71
5.2.5.1 Equivalência das marcações do CD5 ……………………………………............ 72
5.2.5.2 Equivalência das marcações do CD7 ……………………………....................... 73
5.2.6 Equivalência das imunomarcações no grupo biopsias prévias (BP) ……........... 76
5.2.7 Equivalência das imunomarcações no grupo micose fungóide ………............... 79
5.2.8 Documentação fotográfica das imuno marcações .............................................. 81
6 DISCUSSÃO …………………………………………………………………................... 89
7 CONCLUSÕES ……………………………………………………………...................... 96
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………….......................... 98
9 ANEXOS…………………………………………………………………………............... 111

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