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CAIXA DE FERRAMENTAS

Após seu renascimento simbólico para a vida, todo maçom recebe do Grande Arquiteto do Universo
uma bela Caixa de Ferramentas.
Em princípio, essa caixa encontra-se vazia e, como é de se esperar, o Aprendiz ansioso por
conhecimento logo quer encher esta caixa, pensando erroneamente que isso lhe trará a sabedoria e o
transformará em um ser humano melhor.
Do que adianta o Aprendiz ter em suas mãos ferramentas formidáveis se seu coração e suas mãos
não estão preparados para usá-las?
As três primeiras ferramentas que serão guardadas dentro desta caixa são a régua de 24 polegadas,
o maço e o cinzel.
Ouso dizer que a régua de 24 polegadas representa para nós, maçons, homens livres, pensantes e
formadores de opinião, a retidão que devemos ter em nossas vidas durante as 24 horas do dia, medindo
milimetricamente nossas ações, reações e decisões para sermos o mais justo possível com nossos
semelhantes, profanos ou iniciados, mas acima de tudo, filhos do Grande Arquiteto do Universo.
O maço e o cinzel são as melhores ferramentas que o Aprendiz Maçom recebe, pois, junto com elas
vem um grande desafio, que é simbolicamente desbastar a pedra bruta de nosso coração, que consiste em
livrar-nos de tudo aquilo que é prejudicial a humanidade: vícios, inveja, preguiça, indiferença, ignorância (em
todos os sentidos), acomodação e intolerância.
Ficaríamos a noite toda aqui listando estas asperezas e não as terminaríamos.
Daí minha conclusão da importância destas ferramentas.
Ainda sobre o maço e o cinzel, estas ferramentas nos acompanharão pela vida toda, a cada degrau
que subirmos na Escada de Jacó, a cada grau, a cada cargo, insígnia ou decisão, só seremos justos e perfeitos
se tivermos usado o maço e o cinzel desde o dia que eles nos foram apresentados pelo Irmão Segundo
Vigilante.
Sendo seres humanos, herdamos a dualidade, a opção entre o bem e o mal, o certo e o errado,
qualidades formidáveis e defeitos terríveis, e somos colocados à prova disso toda hora, mas aquele que
realmente trabalhou com o maço e o cinzel a vida toda, saberá adoçar suas palavras, colocar suas opiniões
de maneira que não firam a honra de seus semelhantes, mesmo quando as opiniões tomam rumos e
caminhos diferentes. É totalmente saldável ao maçom expor seus pontos de vista, inclusive é uma de nossas
obrigações maçônicas, não devemos nos acovardar em nossas opiniões, mas, repito, mais importante que
nosso ego e nossas opiniões é realmente a harmonia, a paz e a busca por conhecimento que nos motiva a
deixar nossa família, o aconchego de nosso lar, para encontrarmos a família que escolhemos em nossas
oficinas. Junto com esta formidável caixa de ferramentas, o Grande Arquiteto do Universo nos dá um cadeado
inquebrável feito do material mais resistente que existe, dificílimo de ser encontrado: o caráter.
Este cadeado trancará a caixa de ferramentas, quando as mesmas não estejam sendo usadas. Para
este cadeado, uma chave nos é confiada e com ela o maçom, dentro da oficina, o abrirá, utilizará as
ferramentas da caixa, aprenderá a pensar, agir e falar de forma maçônica, medindo palavras, colocando o
ego em último lugar, procurando sempre ser democrático, agindo de maneira que a loja não perca a
harmonia e seja preferencialmente unânime em suas decisões.
É importante lembrar que a quebra da harmonia, da justiça e da perfeição da Loja não deve ser
medida com base em debates, decisões, opiniões, discussões e votações, pois maçons verdadeiros sabem
que isso pode ser feito de maneira elegante, cortes e salutar.
Nossos belos rituais simbólicos não devem ser quebrados baseados em atos e palavras proferidas sem antes
serem medidas.
Voltando à chave, o maçom deverá guardá-la em segredo, num lugar de difícil acesso, lugar íntimo e puro,
situado no lado esquerdo do peito, o coração.
É ali que o verdadeiro maçom guarda sua chave e só revela àqueles que pertencem à Ordem.
Somente os resultados dos ensinamentos adquiridos com a Arte Real, de utilizar os instrumentos e
ferramentas, deverão ser repassados ao mundo profano, na forma de bons exemplos, atos e decisões justas
no dia-a-dia.
Desta forma, trabalharemos para que num futuro próximo possamos ser pessoas melhores e nosso
mundo ser melhor do que o dia em que nele chegamos, pois essa é a obrigação de todo aquele que ousou
ser reconhecido maçom.

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