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O que é humildade?

A HUMILDADE

Um dia perguntei, com sincero desejo de aprender, paciência para esperar a resposta,
coragem para receber a resposta e perseverança para manter a pergunta, até ela ser
respondida:

O que é humildade?

A primeira parcela da resposta foi:

Humildade é quando entre


a vida que quero e
o que a vida quer de mim,
escolho o que a vida quer de mim.

Medite sobre essa resposta, ela é bem abrangente e profunda.

A seguir vou exemplificar um pouco do que ela diz, mas tudo o que será apresentado é
menos que essa resposta ensina.

Em um nível mais superficial (bem mais superficial), é invés de agir como eu acredito
que devo agir para conseguir o que quero, agir conforme o que está consagrado que funciona
para se conseguir o que quero.

Ao receber essa primeira parcela da resposta, passei a observar muitas coisas sob esse
prisma, e percebi que:
- Muitos querem um bom emprego, mas não querem fazer o que já se sabe que é preciso
fazer para consegui-lo;
- muitos querem ser rico, mas não querem fazer o que é preciso para ser rico;
- muitos querem ser respeitados, mas não fazem o que é preciso;
- muitos querem ser prósperos, mas não fazem o que é preciso;
- muitos querem ser saudáveis, mas não fazem...
- muitos querem ser amados, mas não fazem...
- muitos querem paz, mas não...
- muitos querem ser feliz, mas...
- muitos querem... mas...

E então percebi, em primeiro lugar, tanta coisa que eu quero, mas... por falta de
humildade, não consigo, pois não faço o que é preciso.
Percebi então quanta falta de humildade há em mim e nas pessoas, independentemente
de classe social, raça, gênero, idade, nacionalidade ou credo.

Essas compreensões foram frutos da primeira parcela da resposta, e foram importantes


para abrir-me a uma compreensão mais aprofundada (que veio posteriormente).

E essa primeira resposta gerou-me outra pergunta:


O que a vida quer de mim?

Mas por enquanto permaneçamos focados na humildade.

A primeira resposta ampliou meu entendimento e mudou minha forma de ver as coisas,
mas eu sentia que ainda não era tudo, então mantive a pergunta:

O que é humildade?

Na busca pela resposta às perguntas:

Como é ser humilde?

O que é humildade?

A vida me conduziu para viver entre pobres, pessoas com pouco estudo e religiosos,
tornando-me como eles (cheguei a “descartar”, à medida do possível, meus conhecimentos).
Sempre observando, esforçando-me para ser útil e buscando aprender.
Várias vezes amigos me procuraram para compartilhar dificuldades que estavam
passando. Eu apresentava soluções que já tinha comprovado que funcionavam (e funcionam,
até hoje!), e me oferecia para ajuda-los, e ajuda-las, havia mulheres, também. Muitas vezes fui
ignorado e muitas vezes fui até repreendido. Normalmente diziam “eu sei...”, ou “não, mas...”,
ou ainda, “não, isso aí é...”
Eu ouvia o que diziam e tentava me corrigir.
Após alguns anos nessa situação, passando por várias humilhações, eu ainda ouvia que
“tinha que ser humilde”.

Afinal! O que é humildade?

Aprendi então que a palavra “humilde” tem vários significados, assim como muitas
outras. Boia pode ser uma coisa que flutua na água ou uma refeição. Duas coisas que não têm
nada a ver uma com a outra, mas a palavra é a mesma. Assim também humilde pode significar
pobre, pessoa sem estudo ou pessoa que tem humildade.
Eu conheci muitos pobres orgulhosos, ou seja, humildes sem humildade.
Conheci muitas pessoas sem estudo, mas prepotentes; humildes sem humildade.
E conheci ricos e doutores com humildade.
Vou dar um exemplo, mas antes vou citar um outro fato ocorrido em minha vida, para
preparar melhor você para captar a mensagem que me esforçarei para transmitir no exemplo
que darei.

Era uma aula de Gestão da Produção, no mestrado (na UFAM, Manaus-AM). O professor
fez toda uma explanação, muito bem preparada, sobre uma determinada organização da
produção, mostrou numa dinâmica que representou muito bem a realidade, e para indicar o
tanto que aquela organização era fácil para os operadores, citou a frase: “até um macaco
consegue fazer”.
Neste momento uma aluna interrompeu a aula com a seguinte frase: “Desde criança
minha mãe sempre me ensinou a nunca falar mal dos animais”. E iniciou um longo discurso
repreendendo o professor pelo que ele disse
O que aconteceu? Ela não estava entendendo, ou acompanhando a aula, ignorou tudo
o que havia sido apresentado antes (e foi muita coisa boa), não teve a humildade de dizer ao
professor que não estava entendendo e, então, pegou uma frase dele, tirou do contexto (ela
provavelmente fez isso inconscientemente), e a partir daí desmereceu o professor e todo seu
ensinamento.
Eu a compreendo e reconheço que há milênios essa atitude é muito comum nas pessoas
(e eu me incluo nessas pessoas), mas é importante que você que está com interesse em aprender,
seja alertado, para que não tome atitude semelhante e, assim, perca o ensinamento e ainda
agrida, de alguma forma, o ensinador.

Entendeu? Não se prenda a um pedacinho do que é apresentado, não se prenda a


algumas palavras, busque compreender a mensagem completa.
Se você compreendeu as palavras do exemplo acima, mas não entendeu a mensagem,
volte a ele novamente, antes de prosseguir.
~"~
Vou dar agora o exemplo, um fato verídico, também, para que você entenda a
mensagem, não apenas as palavras em si. Entenda a informação que estou compartilhando
sobre humildes sem humildade.

Eu trabalhava numa campanha eleitoral quando um homem pobre chegou cabisbaixo,


olhar sofrido, falando manso, timidamente contou sua situação e pediu dinheiro para pôr
gasolina na moto para voltar a sua casa, a 90 km de distância, alegando também ser eleitor dali.
Cordialmente perguntei: “Você veio passear aqui, sem gasolina para voltar, nem
dinheiro para abastecer? Por que você não passeou por lá, hoje, e deixou para vir aqui quando
tivesse gasolina suficiente? Você sabe que dar dinheiro a eleitor pode se caracterizar como
compra de voto, é crime?”
Imediatamente o rosto dele tornou-se perverso e ameaçador, a postura, de afronta e
com arrogância ele respondeu: “Desse jeito vocês não querem ganhar a campanha”.

Naquele pobre cabisbaixo, sofrido, manso e tímido, naquele momento, não havia
humildade, havia muita hipocrisia e “sem vergonhice”, lobo em pele de cordeiro.

Conseguiu entender a informação quando digo que há “humilde sem humildade”?

Um esclarecimento quanto ao que é informação:

Considero assim:

Informação = in + formação = in(terior) + formação = formação do interior


Formação do meu interior, ou seja, informação é aquilo
que torna a mim uma pessoa melhor.

formação = forma + ação = forma ação


Informação gera nova forma de agir. Informação muda
para melhor minhas ações.
O que não contribui para eu me tornar uma pessoa melhor, com melhores ações, é
fofoca, mexerico, dado irrelevante, notícia sem importância (por mais impressionante
que seja).
E o que contribui para eu me tornar uma pessoa pior, com ações piores, é
desinformação. Exemplo, as “informações” que geram medo, ódio, revolta, desânimo,
desesperança em mim, na verdade são desinformação. Quando isso ocorre, busco um
outro ponto de vista, que me dê forças, ânimo, esperança no bem, que é paz, saúde,
sabedoria e união.

Cuidado! Há uma quantidade absurda de desinformação disfarçada de informação.


Estão entregando muitos doces recheados com escorpiões. Lobos em pele de cordeiro.

Voltando à humildade.
Por muito tempo busquei identificar a humildade por alguma imagem: um pobrezinho,
alguém sem estudos, um doutor que teve a humildade de ver o objeto do estudo como ele é,
um rico que teve a humildade de fazer o que precisava para enriquecer, idosos, mulheres,
religiosos, filantropos, políticos, criancinhas, e não encontrei a imagem da humildade.
Hoje aprendi que:

A humildade não tem uma imagem em si.


A humildade é algo que, quando está presente, o mais gigantesco
aterrorizador torna-se algo pequeno e inofensivo, o inadmissível
torna-se compreensível, o complexo torna-se simples.

Novamente, medite sobre essa resposta, ela é bem específica e esclarecedora.

A seguir vou exemplificar um pouco do que ela diz, mas tudo o que será apresentado é
menos que essa resposta ensina.

Aprendi que a humildade é algo que, quando estou com ela, consigo ouvir o que o outro
está dizendo, com interesse sincero em entender, mesmo que a opinião dele seja contrária à
minha.
A humildade não tem um estereótipo em si, ela não está exclusivamente em um
determinado tipo de gente, ou condição social, ela está disponível em todas as pessoas, de
miseráveis a bilionários, de analfabetos a pós doutores, em mulheres e homens, de criancinhas
a anciãos.
A humildade não tem uma imagem em si, quando estou com humildade, a imagem é a
que vejo, com todos os detalhes, conforme se apresenta, com o mínimo, ou nenhuma (se isso
for possível), distorção, generalização e omissão.
Aprendi que a humildade não tem uma definição em si, mas é algo que, quando estou
com ela, o complexo torna-se compreensível. Não confunda com simplificar as coisas. O
complexo torna-se compreensível com toda sua complexidade. O assustador torna-se passível;
o grandioso, acessível; todo poder, disponível; o oculto, óbvio.
Quando se está com humildade consegue-se aprender qualquer coisa. Aliás, sem
humildade não se aprende nada.
Há vários “graus” de humildade e todo mundo já experimentou um tanto, em maior ou
menor grau.
Quando digo que a humildade é algo que, quando estou com ela, o complexo torna-se
compreensível, é provável que isso gere uma falsa interpretação de que a humildade é um
estado passivo. Não, a humildade é um estado ativo, no qual mantenho grande atenção,
ampliada, esforço sincero para compreender, num diálogo faço perguntas com o interesse
sincero em entender melhor o que a outra pessoa está querendo me dizer (quando estou com
hipocrisia, faço perguntas, mas com o interesse de “encurralar” a outra pessoa e, assim, por
exemplo, conduzi-la a concordar com minha opinião).

Compreendeu até aqui? Se compreendeu, agora busque entender. Entender é sentir,


ver, ouvir, experimentar, vivenciar e, então, incorporar o que entendeu, em todo seu ser, corpo,
mente e espírito.

Vou avançar mais um tanto, porém, encarecidamente peço que se você ainda não
entendeu o que foi explanado até aqui, volte e estude mais um tanto. Só depois de entender,
siga adiante.

ATENÇÃO: Por que insisto que você só siga adiante após entender o que já foi
apresentado? É para que você crie base sólida para suportar conhecimento maior. Se não, é
como entrar na escola diretamente no ensino médio, sem passar pelo fundamental.

~"~

Tenha humildade para ler, compreender e estudar o que será apresentado a seguir.

Uma característica essencial da humildade é a razão, a lógica.

A humildade é racional e intuitiva.

Vamos primeiramente apresentar a humildade racional, para depois entrarmos na


humildade intuitiva.

Imagino-me sendo Isaac Newton observando a maçã cair.


A imagem que vejo é a da paisagem com a maçã caindo.
O que sinto é que não há vento, tudo está impressionantemente parado, exceto a maçã.
Sinto uma curiosidade e pergunto: Por que a maçã cai?
Observo e medito na pergunta. Dentro de mim não encontro explicação em minha
memória, então, muita informação passa a ser processada, enquanto continuo observando e
meditando na pergunta.
Não há a quem perguntar, mas quero a resposta, quero saber.
Concluo que alguma coisa motivou a queda da maçã, se nada tivesse motivado, a maçã
não cairia. Continuo observando e meditando na pergunta.
Observando com abrangência concluo que há uma força atuando em todas as coisas e,
quando nada mais segura as coisas, elas caem diretamente ao solo.
Faço testes, experimentos, solto coisas no ar, jogo coisas para o ar, seguro coisas
penduradas, vou observando o que acontece, e faço medições para saber exatamente o que
acontece.
E compreendo que há uma força que vem da Terra, essa força atua em todas as coisas
sobre ela e puxa tudo em direção ao centro da Terra.
Mas ninguém nunca falou disso antes, será que estou certo, ou isso é imaginação, ilusão
da minha cabeça?
Então continuo observando as coisas, experimentando, testando até que, sim, concluo
que há uma força na Terra que está permanentemente puxando tudo para seu centro. Dou a
essa força o nome de força da gravidade.

Toda a relação lógica, racional, dos dados observados e coletados por Isaac Newton
provam que sua teoria é verdadeira.
Obs.: Não confunda teoria com suposição. Toda teoria é verdadeira, ela é a transcrição
de como algo acontece de fato. Suposição é aquilo que não está comprovado. Por exemplo:
Quando a maçã caiu, Newton supôs que havia algo que motivou sua queda, suposição. Após
estudar, ele formulou, transcreveu a lei da gravidade, teoria que é comprovada até hoje.
Qualquer pessoa que discorde da lei da gravidade, está sem humildade.
Com a física quântica descobriu-se que as leis de Newton não se aplicam às partículas
energéticas, que se movimentam em velocidades próximas à da luz.
Conseguiu compreender até aqui? Concorda que quem discorda do que é lógico, ou não
está com humildade ou sua intuição está discordando de algo?
Vamos então à humildade intuitiva?
Não confunda intuitiva com instintiva, emotiva, ou impulsiva. A intuição é
extremamente lógica, contemplando muito mais fatores que o consciente é capaz de processar.
A intuição processa logicamente informações em todos os níveis, do mais superficial ao mais
profundo, do mais consciente ao mais inconsciente.
E é importante salientar que, indo além do consciente, a intuição não se comunica
verbalmente, ela não se comunica por palavras, comunica-se por canais mais amplos.
Quando a intuição nos alerta quanto a uma argumentação lógica, certamente ela está
incluindo fatores relevantes que não foram considerados na argumentação apresentada.
Exemplo:

Três amigos foram à pizzaria.


A conta deu R$ 30,00.
Cada um entregou R$ 10,00 à garçonete.
10 + 10 + 10 = 30
Chegando no caixa, ele percebeu que cobrou R$ 5,00 a mais, ou seja, a conta tinha dado
R$ 25,00, então o caixa devolveu R$ 5,00, e a garçonete voltou à mesa e devolveu R$
5,00 aos amigos.
Como R$ 5,00 não são divisíveis por 3.
Cada um ficou com R$ 1,00 e deram R$ 2,00 de gorjeta à garçonete.
Então cada amigo pagou, na verdade, R$ 9,00, já que deu R$ 10,00 e recebeu
R$ 1,00 de volta.
Então,
9 + 9 + 9 = 27
27 + 2 (gorjeta) = 29
Está faltando R$ 1,00? Mas a lógica provou que na verdade o total pago foi R$ 29,00.

Quando lemos, ou ouvimos esse conto, é comum concordarmos com todo o raciocínio,
porém fica uma sensação estranha, certo? Essa sensação estranha pode ser chamada de uma
manifestação da intuição. Com essa manifestação achamos que tem algo errado, embora todo
o raciocínio esteja bem lógico. Pois é, a intuição computa muito mais informações, e percebe
que a argumentação lógica não foi montada adequadamente, embora nosso consciente não
perceba. E a intuição está sendo plenamente lógica, racional.
Colocando a questão na lógica correta, temos:
Cada um entregou R$ 10,00. => 10 + 10 + 10 = 30
A garçonete devolveu R$ 5,00. => 30 – 5 = 25
Deram R$ 2,00 de gorjeta. => 25 + 2 = 27.
Então o total pago foi R$ 27,00. => 27/3 = 9
No final das contas, cada um pagou R$ 9,00.

O que sua intuição diz, agora?

É provável que, quem não entendeu o que já foi apresentado sobre humildade, aqui,
talvez pense: Os humildes “cairiam” no conto. Essa afirmação é correta quando se emprega a
palavra humilde no sentido de pessoa sem estudo.
Se considerarmos o humilde que tem humildade, ele ouviria o conto, com atenção, diria
que não entendeu e pediria para explicar novamente. E faria isso até conseguir esclarecer a
questão. Se não conseguisse esclarecer por si próprio, pediria ajuda. Assim age quem tem
humildade. O humilde que tem humildade.
Consegue compreender que a humildade é racional e intuitiva? Se compreendeu, agora
busque entender. Entender é sentir, ver, ouvir, experimentar, vivenciar e, então, incorporar o
que entendeu em todo seu ser; corpo, mente e espírito.

Tenho certeza que a humildade pode ser apresentada de forma muito mais clara e
suscinta (preciso aumentar meu grau de humildade para chegar nisso), então, dedico-me a pôr
em prática o que compreendi até aqui para, quando merecer, alcançar uma compreensão mais
clara e suscinta.

O que é humildade?

André Luiz Rocha

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