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SIMULADO DE PORTUGUÊS UECE

Feminicídio

01. Quanto ao gênero textual, o texto 1 é
1. Neste final de semana, esta Folha publicou classificado como
2. editorial criticando a proposta de ampliar a pena
3. daqueles que assassinam mulheres por "razões A) artigo de opinião, porque nele há a defesa de um

4. de gênero". O texto alega que tal "populismo" ponto de vista, de alguém ou de um grupo, por meio de

5. jurídico seria extravagância, já que todas as argumentos.


6. circunstâncias agravantes que poderiam
7. particularizar o homicídio contra mulheres (motivo B) crônica, porque nele há a narrativa de um
8. fútil, crueldade, dificuldade de defesa) estariam acontecimento corriqueiro do cotidiano com
9. contempladas pela legislação vigente. Neste personagens e um enredo.
10. sentido, criar a categoria jurídica "razões de
11. gênero" de nada serviria, a não ser quebrar o C) notícia, porque nele há informações sobre
12. quadro universalista que deveria ser o fundamento acontecimentos e demonstra imparcialidade dos fatos.
13. da lei.
14. No entanto, é difícil concordar com o argumento D) relato, porque nele há uma narrativa de alguém

15. geral. Primeiro porque não é correta a ideia de que discorrendo sobre a violência contra a mulher.
16. dispositivos jurídicos que particularizam a
17. violência de grupos historicamente vulneráveis 02. No texto o autor
18. sejam ineficazes, A Lei Maria da Penha, só para
19. ficar em um exemplo, mostra o contrário. Pois, ao A) mostra que a punição para quem pratica violência

20. particularizar, o direito dá visibilidade a algo que a oculta contra as mulheres no país seja branda.
21. sociedade teima em não reconhecer. Ele indica a
22. especificidade para um tipo de violência que só B) critica o fato de a justiça demorar a punir pessoas

23. pode ser combatido quando nomeado. Neste que preconceituosas e mosógenas.
24. contexto, apagar o nome é uma forma brutal de
25. perpetuação da violência. Estudo do Ipea estima C) defende que a justiça precisa nomear a violência

26. anualmente, no Brasil, algo em torno de 527 mil contra a mulher, uma vez que o o estágio que se

27. tentativas e casos de estupros, sendo que 88,5% encontra a violência contra ela no país é grave.
28. das vítimas são mulheres e mais da metade tem
29. menos de 13 anos. Só em 2011, foram notificados D) concorda em nomear a violência contra as mulheres

30. no Sinan 33 casos de estupro por dia, ou seja, esse e defende promover penalidades brandas para quem

31. foi o número de vítimas que procuraram o serviço praticá-la no país.


32. médico. Diante de números aterradores, é difícil
33. não reconhecer que existe uma violência específica
34. contra as mulheres, assim como há específicas 03. A locução conjuntiva "No entanto" (linha 14) pode

35. contra homossexuais, travestis, entre outros. Que o ser substituída, sem prejuízo semântico, por
36. direito sirva-se de sua capacidade de particularizar
37. sofrimentos para lutar contra tais especificidades, A) consoante
38. eis uma de suas funções mais decisivas em
39. sociedades em luta para criar um conceito B) embora
40. substantivo de democracia.
41. Nesse sentido, há de se lembrar que não se C) não obstante
42. justifica usar o argumento da necessidade de
43. respeitar a natureza universalista da lei em D) desse modo
44. situações sociais nas quais tal universalidade
45. mascara desigualdades reais. O direito deve usar, 04. As expressões "razões de gênero" (Linha 03 e 04) e

46. de forma estratégica e provisória, a "populismo" (linha 04) estão acompanhadas do uso da

47. particularização a fim de evidenciar o vínculo entre aspas (""). Identifique nos itens o porquê disso
48. violência e certas formas de identidade,
49. impulsionando com isto a criação de um A) assinalam expressões populares.
50. universalismo real.
51. Se a sociedade brasileira chegou a este estágio de B) indicam citações textuais.
52. violência contra a mulher é porque há coisas que
53. ela nunca quis ver e continuará não vendo C) citam nomes de livros.
54. enquanto o direito não nomeá-las. Quando tal
55. violência passar, podemos voltar ao quadro legal D) realçam expressões impróprias.
56. generalista. Desta forma, ao menos desta vez, o
57. governo agiu de maneira correta.
SAFATLE,Vladimir. Feminicidio. Folha de S.Paulo, São

Paulo, 10 mar. 2015. p. A2.

@ALANIAMARA
SIMULADO DE PORTUGUÊS UECE
UMA ESPERANÇA
SÁBADO, JULHO 05, 2008

61. Meu outro filho, que estava vendo televisão,
1. Aqui em casa pousou uma esperança. Não a 62.ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a

2. clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, 63.esperança pousara em casa, alma e corpo.
3. embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a 64.Mas como é bonito o inseto: mais pousa que

4. outra, bem concreta e verde: o inseto. Houve um 65.vive, é um esqueletinho verde, e tem uma

5. grito abafado de um de meus filhos: 66.forma tão delicada que isso explica por que

6. - Uma esperança! e na parede, bem em cima de 67.eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca

7. sua cadeira! Emoção dele também que unia em 68.tentei pegá-la.


8. uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. 69.Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma

9. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e 70.esperança bem menor que esta, pousara no

10. costuma pousar diretamente em mim, sem 71.meu braço. Não senti nada, de tão leve que

11. ninguém saber, e não acima de minha cabeça 72.era, foi só visualmente que tomei consciência

12. numa parede. Pequeno rebuliço: mas era 73.de sua presença. Encabulei com a delicadeza.

13. indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não 74.Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora?

14. poderia ser. 75.que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei

15. - Ela quase não tem corpo, queixei-me. 76.extremamente quieta como se uma flor

16. - Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos 77.tivesse nascido em mim. Depois não me

17. são uma surpresa para nós, descobri com surpresa 78.lembro mais o que aconteceu. E, acho que
18. que ele falava das duas esperanças. 79. não aconteceu nada.
19. Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas
20. pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes LISPECTPOR, Clarice. Uma esperança. Pesquisado em

<claricelispector.blogspot.com/2008/07/uma-

21. tentou renitente uma saída entre dois quadros, esperana.html> às 17:30 do dia 20 de abril de 2022
22. três vezes teve que retroceder caminho. Custava a

aprender.
23. - Ela é burrinha, comentou o menino. 05. Quanto ao gênero textual, o texto 2 é
24. - Sei disso, respondi um pouco trágica. classificado como
25. - Está agora procurando outro caminho, olhe,
26. coitada, como ela hesita. A) crônica, porque nele há a narrativa de um
27. - Sei, é assim mesmo. acontecimento corriqueiro do cotidiano com
28. - Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é personagens e um enredo.
29. guiada pelas antenas.
30. - Sei, continuei mais infeliz ainda. B) conto popular, porque nele há uma narrativa

31. Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. ficcional de crença adaptada a um novo contexto

32. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma cultura.


33. o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
34. - Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e C) conto psicológico, porque nele um evento

35. pensa que só pode andar devagar assim. trivial leva o personagem a refletir sobre sua

36. Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? existência.


37. Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria
38. sangue, tem sido sempre assim comigo. D) diálogo, porque duas ou mais pessoas trocam

39. Foi então que farejando o mundo que é comível, palavras e ideias sobre determinado assunto.
40. saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma
41. aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela
42. sua teia invisível, parecia transladar-se 06. No excerto "Aqui em casa pousou uma

43. maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós esperança." (Linha 01) a palavra em destaque

44. também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos não tem o mesmo sentido que a do item
45. que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu
46. disse fracamente, confusa, sem saber se chegara A) "- Uma esperança! e na parede, bem em cima

47. infelizmente a hora certa de perder a esperança: de sua cadeira! (Linha 06 a 07)
48. - É que não se mata aranha, me disseram que traz
49. sorte... B) " Antes surpresa minha: esperança é coisa

50. - Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o secreta e costuma pousar diretamente em mim,

51. menino com ferocidade. sem ninguém saber, e não acima de minha

52. - Preciso falar com a empregada para limpar atrás cabeça (...)" (Linha 09 a 11)
53. dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e
54. ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. C) "- Ela quase não tem corpo, queixei-me."

55. Depois devaneei um pouco de como eu seria (Linha 15)


56. sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria
57. apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da D) "Ela queria a esperança." (Linha 43)
58. esperança.
59. O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com
60. o inseto e a nossa esperança.

@ALANIAMARA
SIMULADO DE PORTUGUÊS UECE
07. O conto de Clarice Lispector é construído em
10. A forma do diminutivo esqueletinho usado

torno do duplo sentido da palavra esperança, a


no contexto do "é um esqueletinho verde"

qual ora é um substantivo concreto, ora


(Linha 65), sugere o sentido de
abstrato.
A) indício de ironia e preconceito.
I. " Mas ela vai esmigalhar a esperança! (Linha

50), a personagem está refere-se ao substantivo


B) forma afetuosa.
abstrato.
C) marcação de exagero de admiração.
II. A palavra esperança, muitas vezes utilizada no

texto, foi propositalmente aplicada de maneira


D) atitude de depreciação do inseto.
polissêmica para ampliar o sentido da narrativa.
III. O presente texto apresenta o fenômeno
11. No excerto "Encabulei com a delicadeza."

epifania, pois elementos aparentemente triviais


(Linha 73) tem-se
desencadeiam nos personagens reflexão e

tomada de consciência da própria existência. A) Sujeito simples "eu" assim como na linha 68.
Está correto o que se afirma em: B) Sujeito desinencial identificado pelo final do

verbo.
A) I e II apenas
C) Sujeito indeterminado, pois ele não está

B) II e III apenas expresso.


C) III apenas D) Oração sem sujeito.
D) I, II e III
12. Em "Ela se esqueceu de que pode voar (...)"
(Linha 34), a oração em destaque calssifica-se

08. Clarice Lispecto trás em seus contos e


como
romances, em geral, predomínio de elementos

da vida interior, que mostram um turbilhão de


A) Oração subordinada subjetiva
sentimentos, sensações e reflexes das

personagens. Essa grande escritora é referência


B) Oração subordinada adverbial de modo
de qual escola literária?
C) Oração subordinada objetiva direta
A) Romantismo D) Oração subordinada objetiva indireta
B) Realismo
C) Modernismo
D) Pós-modernismo

09. No trecho " a esperança pousara em casa

(...)" (Linha 63). O verbo em destaque pode ser

substituído sem prejuízo semântico por

A) Tem pousado
B) Tinha pousado
C) Terá pousado
D) Teria pousado

@ALANIAMARA

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