Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Disposições Comuns Aos Crimes Contra A Honra Apostila%
Disposições Comuns Aos Crimes Contra A Honra Apostila%
141)
Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial
de computadores, APLICA-SE EM TRIPLO A PENA (art. 141, §2º do CP, após a derrubada do veto
presidencial em 19 de abril de 2021).
Com relação ao 1º, em virtude da elevada função que ocupa, qualquer mácula à honra individual do
Presidente da República pode representar desprestígio na sua vida política e, por conseguinte, afetar as
diretrizes políticas da nação.
OBS: Se a calúnia e a difamação tiverem MOTIVAÇÃO POLÍTICA, aplica-se a Lei 7.170/84 (art. 26).
Constitui delito contra Segurança Nacional, caluniar ou difamar o Presidente da República,
Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF. Ausente essa motivação, aplicam-se as
disposições do CP.
Deve-se observar que não se trata de ofensa praticada NA PRESENÇA do funcionário que
desempenha suas funções ou motivada por elas, pois neste caso, há crime mais grave de DESACATO
(art. 331). Neste, também é necessário que a ofensa diga respeito à função pública. CAPEZ: Ao
contrário da forma majorada dos crimes contra a honra, prescinde-se que a ofensa diga respeito
ao exercício da função pública.
Para ocorrer esta majorante não é necessário que a divulgação tenha efetivamente
ocorrido; basta o emprego de meio utilizado que tenha condições de facilitar a
divulgação, ou seja, criar o perigo da divulgação. O meio deve ser IDÔNEO;
Qualquer meio que facilite a divulgação, tais como cartazes, alto-falante, jornais, revistas,
internet.
Conceito de rede social: Considera-se rede social todos os sítios da internet, plataformas digitais e
aplicativos de computador ou dispositivo eletrônico móvel voltados à interação pública e social, que
possibilitem a comunicação, a criação ou o compartilhamento de mensagens, de arquivos ou de
informações de qualquer natureza (Art. 2º, parágrafo único, da Resolução nº 305 do CNJ).
Apesar da divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que o art. 142 elenca causas
excludentes de ilicitude (Damásio), de maneira que haveria o fato típico difamação ou injúria, mas tal
fato não seria antijurídico. No entanto, ainda há mais duas correntes minoritárias: causa excludente de
punibilidade (Noronha) e causa de exclusão do elemento subjetivo do tipo, representado pelo
propósito de ofender - animus injuriandi vel diffamandi (Fragoso).
a) Ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Aos litigantes e aos acusados, em geral, é constitucionalmente garantido o direito à ampla defesa, que
se consubstancia na autodefesa (defesa pessoal) e defesa técnica (efetuada por procurador). Nesse
contexto, as ofensas relacionadas à causa posta em discussão, embora típicas, não podem configurar
conduta antijurídica, sob pena de inibir a ampla defesa, funcionando como uma amarra jurídica do
exercício de um direito constitucionalmente assegurado
Requisitos:
1. Que a ofensa seja irrogada EM JUÍZO – pode ser verbal (ex: alegações em audiência) ou por
escrito (ex: contestação). Em processo judicial ou administrativo. Entretanto, não pode ser
proferida fora do processo ou da discussão da causa. Ex: No recinto do fórum ➔ nesse
caso, haverá crime.
Considera-se parte o autor, o réu, o litisconsorte, o Procurador é a pessoa legalmente habilitada para postular
interveniente, etc. em juízo em nome da parte.
OBS: Os demais sujeitos processuais tais como os juízes, serventuários da justiça, testemunhas,
peritos assistentes técnicos não são beneficiados pela imunidade judiciária. Contudo, qualquer ofensa
por eles proferida no transcurso do processo poderá ser acobertada pela causa excludente de
criminalidade do art. 142, III (o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento do dever de ofício), ou ainda, pelo art. 123, III (1ª parte), desde
que atuem no estrito cumprimento do dever legal.
OBS: Quando o membro do MP for parte, as ofensas irrogadas pela outra parte ou procurador contra
ele estão acobertadas pela imunidade. Contudo, quando o MP atua como custus legis, não estará
protegido pela imunidade judiciária (não é parte, logo, a ofensa proferida contra ele não é
acobertada pela imunidade penal). Porém, a Lei Orgânica do Ministério Público (Lei 8.625/93), em
seu art. 41, V, reconhece aos seus membros a inviolabilidade pelas opiniões externadas ou pelo teor
de suas manifestações processuais ou procedimentais, nos limites de sua independência funcional;
OBS: Com relação ao juiz, a jurisprudência majoritária afirma que a imunidade judiciária não acoberta
as ofensas irrogadas pela parte ou procurador contra o magistrado. Posição contrária – Bitencourt,
citando Heleno Fragoso; Rogério Greco. Pode constituir, ainda, desacato, se ocorrer em audiência
aberta, na sua presença; bem como injúria ou difamação qualificada, se se tratar de ofensa
escrita.
OBS: O texto legal não diz que a injúria ou difamação deve ser dirigida somente contra a parte contrária
ou seu procurador, não excluindo a imunidade mesmo quando a ofensa é dirigida contra alguém
estranho à relação processual (testemunha, perito, litisconsorte, assistente), desde que haja conexão
com a causa em discussão.
b) A opinião desfavorável da crítica literária, artística, científica, salvo quando inequívoca a
intenção de injuriar ou difamar;
Aquele que expõe sua obra ao público está sujeito ao risco da crítica ➔ é o denominado
risco profissional;
O CP autoriza a crítica literária, artística ou científica, ainda que em termos severos;
Há, contudo, limites à liberdade de crítica e aquele que cometer excessos, deverá
responder por ele. Assim, o próprio dispositivo legal afasta a imunidade quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.
Ressalve-se que o agente responderá pela difamação ou injúria se presente a intenção de ofender.
Até o magistrado pode responder se agir com excessos.
Com relação aos parlamentares, há imunidade penal, que abrange os crimes contra a honra, e a partir
da EC 35/2001, ampliou-se a imunidade para que, além da penal, se tornasse civil, o que significa que o
parlamentar não pode ser processado por perdas e danos materiais e morais, em virtude de suas
opiniões, palavras e votos, no exercício de suas funções.
A CF/88 ampliou a imunidade parlamentar para Deputados Estaduais e Vereadores; porém, no caso
destes últimos, devem estar nos limites do município para obter a imunidade.
d) Nos casos dos incisos I e III, responde pela difamação ou injúria quem lhe dá publicidade.
Dessa forma, ainda que as ofensas irrogadas em juízo, nas circunstâncias dos incisos I e III sejam
acobertadas pela causa de exclusão do crime, não constituindo difamação ou injúria, aquele que as
divulga por elas responderá criminalmente. Porém, para a configuração do crime é necessário que o
agente, ao divulgar as ofensas, deve fazê-la com animus de injuriar ou difamar.
RETRATAÇÃO
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena.
OBS: Negar o fato não é retratar-se, pois a retratação tem como pressuposto o reconhecimento de uma
afirmação falsa, inverídica.
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Art. 144 – Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação e injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatória, responde pelas ofensas.
Trata-se de medida concedida àquele que se julga ofendido em sua honra de ir a juízo e
solicitar esclarecimento do indivíduo acerca de situação, expressões ou frase equívoca,
que podem constituir eventual crime de calúnia, difamação ou injúria. Desse modo, a lei
autoriza que, na dúvida, a eventual vítima interpele o indivíduo a fim de que este
explicite, torne clara as imputações. Ex: Se a equivocidade da ofensa resulta do duplo
sentido da palavra.
A lei não fixa prazo para pedir explicações, entretanto, como a decadência do direito de
queixa ou de representação ocorre em 6 meses, contados do dia em que souber quem é o autor
do fato, o pedido de explicações deve ser feito antes do decurso deste prazo;
Não há previsão do rito de pedido de explicações no CP nem no CPP, tendo sido adotado o
procedimento das notificações ou interpelações judiciais, previsto no CPC;
Não prestar explicações em juízo ou não prestá-las de forma satisfatória não enseja a
condenação do ofensor, mas tão somente o recebimento da inicial da acusação;
O juiz que recebeu o pedido de explicações é o competente para receber a inicial (prevenção -
CPP, art. 83). Este não poderá emitir nenhum juízo de valor com relação ao pedido de
explicações, além de não poder indeferir o pedido liminarmente;
Por ausência de previsão legal, o pedido de explicações não suspende e nem interrompe o
prazo decadencial para o oferecimento da queixa-crime ou representação.
AÇÃO PENAL
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
§ 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
➔ REGRA: Ação penal PRIVADA nos três crimes contra a honra. O ofendido ou seu
representante legal poderão exercer o direito de queixa dentro do prazo de 6 meses, contados
do dia em que vier a saber quem foi o autor do crime (CPP, art. 38). Tal prazo é decadencial,
computando-se o dia do começo e excluindo o dia final.
➔ EXCEÇÕES:
Súmula 714 STF – É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público,
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções.
OBS: Se a ofensa não disser respeito ao exercício de suas funções. Não basta que a ofensa seja
irrogada contra funcionário público ou no seu lugar de trabalho, sendo necessário que o fato
imputado tenha vinculação com a sua especial condição funcional.
OBS: Porém antes da Lei 12.033/09, era crime de ação penal privada.