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sobre crimes contra a honra
Calúnia, Difamação e Injúria: Resumo Completo
sobre crimes contra a honra
Prof. Rafael Lisbôa • Abril 18, 2024 • Simplificando Direito Penal • 11 Min Read

Introdução
Muitos alunos me perguntam quais são as diferenças entre injúria, calúnia e difamação.
Os crimes contra a honra, que encontram-se na parte especial do Código Penal, são
delitos que costumeiramente caem em provas de concursos públicos. Já te adianto
aqui, agora, uma super recomendação: caso você queira aprender toda a parte geral
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Já se perguntou o porquê de calúnia, por exemplo, configurar crime? A sua resposta
jurídica mais acertada deve ser: em razão de a Constituição Federal considerar a
HONRA um bem jurídico de extrema relevância. E realmente, é. Ninguém gosta de ter a
sua honra violada por terceiros. Levamos uma vida inteira para construir uma imagem
social digna, aceitável para a sociedade, e muitas vezes um crime contra a honra causa
danos irreversíveis à vítima, porque a ofensa injusta é propalada em um número
extremamente maior do que uma eventual reparação ou pedido de desculpas do
agente.
A honra é dividida em SUBJETIVA e OBJETIVA. Honra SUBJETIVA, querido
criminalista, é o sentimento de apreço pessoal que a pessoa tem de si mesma.
Consiste, portanto, no que a pessoa pensa acerca de si própria em relação aos seus
atributos físicos, psíquicos e pessoais. É a própria autoestima da vítima, e se subdivide
em honra dignidade (ligada aos atributos morais) e honra decoro (ligada aos atributos
físicos e intelectuais). Por outro lado, honra OBJETIVA é aquela em que terceiros
pensam acerca dos atributos e qualidades de outra pessoa. É ligada à imagem da
pessoa perante o corpo social, consistindo na reputação social da pessoa.
Resumidamente, saiba o seguinte:
Calúnia → viola a honra OBJETIVA;
Difamação → viola a honra OBJETIVA;
Injúria → viola a honra SUBJETIVA;
Se você é estudante de Direito, concurseiro, advogado ou vai prestar Exame de Ordem,
leia este conteúdo até o final. Vai valer a pena aprender com detalhes todos os crimes
contra a honra.
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Calúnia
A calúnia é a imputação falsa de fato definido como crime. Está prevista no art. 138
do CP. Vejamos:
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Muita coisa importante devemos extrair do art. 138. A primeira delas é que na calúnia,
imputa-se um FATO. Isso significa que, necessariamente, o agente deve imputar um
fato contextualizado e determinado. Mas não só isso: exige-se que a imputação de
fato determinado seja FALSA, ou seja, o agente deve saber que aquilo não aconteceu,
ou se aconteceu, a vítima não foi a autora do crime.
Exemplo nº 1: Mévio, sabendo que é mentira, fala para toda a turma que Tício furtou
seu celular durante a aula. Exemplo nº 2: Houve um crime de homicídio em uma
pequena vila. Mévio, sabendo que Tício era inocente mas com a intenção de macular
sua honra, falou para os vizinhos que o autor do homicídio era o Tício.
Nos dois exemplos acima, houve o crime de calúnia, mesmo que no primeiro exemplo o
crime fora inventado, enquanto no segundo, houve crime, mas a autoria fora inventada
falsamente. A calúnia fere a honra objetiva da vítima, portanto, a consumação do crime
de calúnia ocorre quando terceiro toma conhecimento do fato. Não precisam ser
várias pessoas, basta uma só (que não seja a vítima). Repito: a vítima do fato NÃO
precisa tomar conhecimento para a consumação do crime de calúnia.
A calúnia é crime FORMAL ou de resultado cortado, portanto, dispensa a ocorrência do
resultado naturalístico para a consumação do delito. Exemplo: Mévio fala para amigos
de Tício que este importunou sua vizinha durante uma festa da firma. Os amigos que
ouviram, no entanto, não acreditam no caluniador, pois sabem da retidão e da lisura do
ofendido. Perceba que o resultado naturalístico não ocorreu, mas mesmo assim houve
a consumação do crime de calúnia.
Importante reflexão: pessoa jurídica pode ser vítima do crime de calúnia? Sim, pois é
dotada de honra objetiva. Basta pensarmos na hipótese de alguém imputar a uma
empresa a prática de um crime ambiental.
Ressalto um ponto importante único entre os crimes contra a honra: apenas a calúnia
admite sua punição contra os mortos. Porém, já que o morto não é sujeito de direitos,
o sujeito passivo seriam os familiares do falecido.
A calúnia admite a exceção da verdade, ou seja, possibilita o direito de o suposto
caluniador de provar que o que ele falou realmente é verdade. Em outras palavras, ele
se defende da sua fala PROVANDO a veracidade. Há exceções! Não se admite prova da
verdade:
▪ No caso de crime de de ação penal privada, se não houve ainda sentença irrecorrível
– Assim, se o
ofendido ainda está respondendo a processo criminal, não pode o caluniador alegar a
exceção da verdade;
▪ No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro;
▪ No caso de crime de ação penal pública, caso o caluniado já tenha sido absolvido por
sentença
transitada em julgado.

Difamação
Difamar é imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputação. A intenção do agente é
desacreditar publicamente alguém.
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Para fins de prova, sabia que a difamação é um crime comum, de forma livre,
instantâneo, unissubjetivo, de dano, comissivo e formal. Trata-se de uma infração penal
de menor potencial ofensivo. Ponto crucial de você entender, criminalista, é que a
difamação pode ser tanto de fato VERDADEIRO quanto FALSO. Exemplo de
difamação: Mévio fala para amigos da firma que Tício foi trabalhar bêbado no turno da
noite.
ATENÇÃO: e se a imputação for de fato definido como contravenção penal? Como o
crime de calúnia é taxativo em afirmar que só configura esse crime havendo imputação
de fato definido como CRIME, se o agente imputar uma contravenção penal à vítima,
incidirá o crime de DIFAMAÇÃO. Exemplo: Mévio publica post nas redes sociais
afirmando que Tício pratica jogo do bicho toda sexta-feira na praça.
Assim como a calúnia, a difamação também viola a honra objetiva da vítima. Portanto,
consuma-se quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à vítima.
Vale lembrar que a depender da execução do crime, pode admitir a tentativa, a
exemplo de um bilhete contendo imputação ofensiva à honra alheia que acaba sendo
extraviada.
E cabe exceção da verdade o crime de difamação? Sim, excepcionalmente. A exceção
da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções. O fundamento repousa no fato de haver um
interesse da coletividade em fiscalizar e criticar o correto exercício da Administração
Pública. Exemplo: Mévio alega que o magistrado de determinada vara foi trabalhar
bêbado e fez uma farra com as secretárias. Acaso o magistrado ajuíze ação penal por
difamação, Mévio terá o direito de se defender por meio da exceção da verdade,
provando que aquilo de fato tenha ocorrido.
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Injúria
Dos crimes contra a honra, a injúria é o mais diferente de todos. A injúria NÃO admite
exceção da verdade em nenhuma hipótese, NÃO admite retratação e NÃO viola a honra
objetiva, mas sim subjetiva.
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
O crime de injúria é comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), de forma livre,
instantâneo, unissubjetivo, de dano e formal. A sua forma simples, do caput, é infração
de menor potencial ofensivo. A injúria real (que consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes) é crime de
menor potencial ofensivo também, ao passo que a injúria qualificada (elementos
ligados à religião, condição de pessoa idosa ou com deficiência) é de médio potencial
ofensivo.
A injúria ocorre quando o agente ofende a vítima, violando sua dignidade ou decoro.
Agora, você vai aprender de uma vez por todas a diferença entre a injúria e a calúnia.
Vimos no início deste conteúdo que a calúnia consiste na imputação de um FATO
sabidamente falso, ou seja, imputa-se à vítima uma contextualização determinada
acerca de um fato criminoso. Na injúria, NÃO HÁ IMPUTAÇÃO DE FATO
DETERMINADO. A injúria se caracteriza com a simples ofensa, mediante xingamento
ou atribuição de uma qualidade negativa. Portanto, o pulo do gato para concursos é o
seguinte: se Mévio chamar o Tício de “ladrão”, configura-se injúria ou calúnia?
INJÚRIA! Não é calúnia, criminalista, porque não houve fato determinado, por mais que
o termo “ladrão” remeta a furtos e roubos. Expressões descontextualizadas do tipo
“corrupto”, “assediador”, “estelionatário”, configuram o crime de injúria. Se restou
alguma dúvida, assista essa minha videoaula para te esclarecer.
A injúria viola a honra subjetiva, portanto, a consumação da injúria ocorre quando a
própria vítima toma conhecimento da ofensa. Sobre o assunto, cabe trazer um julgado
do STJ importante: O crime de injúria praticado na internet, por meio de mensagem
privada que só é vista pelo remetente e pelo destinatário, é consumado no local em
que a vítima toma conhecimento do conteúdo ofensivo (CC 184.269.)
Qual a diferença entre injúria racial e racismo?
A injúria qualificada está prevista no art. 140, §3º do Código Penal: § 3º Se a injúria
consiste na utilização de elementos referentes a religião ou à condição de pessoa idosa
ou com deficiência: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. A injúria
qualificada obriga que a ofensa seja dirigida a pessoa ou pessoas determinadas. Antes
da Lei 14.532/23, a injúria consistente na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência
configurava o crime de injúria qualificada por preconceito. Portanto, antes, a injúria
qualificada por preconceito abarcava, inclusive, a injúria racial, que é a consistente em
uso de elementos ligados a raça, cor, etnia, religião e origem. Depois do advento da Lei
14.532/24, somente incide a qualificadora do §3º do art. 140 do CP se a injúria
consistir na utilização de elementos referentes a RELIGIÃO ou condição de PESSOA
IDOSA ou portadora de DEFICIÊNCIA.
Reitero aqui porque é importante, criminalista: a injúria racial, agora, é aquela injúria em
razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. Houve manifestação do princípio da
continuidade normativo-típica, já que essas condutas migraram do art. 140, §3º do
Código Penal para o novo tipo penal do art. 2º-A da Lei 7.716/89.
Dito isso, o questionamento fica: qual a diferença entre a injúria racial, prevista no art.
2º-A da Lei 7.716/89, e outros crimes e racismo previstos na mesma Lei? A injúria
racial é crime contra a honra subjetiva, consiste em ofensa destinada a uma ou mais
pessoas certas e determinadas, valendo-se o agente de elementos relacionados a
raça, cor, etnia ou procedência nacional. Clássicos exemplos lamentáveis são os que
comumente ocorrem em estádios de futebol, a exemplo de um torcedor chamar um
jogador de macaco. Por outro viés, os outros crimes de racismo previstos na Lei
7.716/89 consistem em manifestação preconceituosa GENERALIZADA, contra TODOS
de determinada cor, raça, etnia, religião ou procedência nacional, de modo que atinja
um número indeterminado de pessoas. Exemplo: escola que impede criança negras de
se matricularem.
ATENÇÃO: O crime de injúria racial é espécie do gênero racismo. Portanto, é
imprescritível e inafiançável, conforme o artigo 5º, XLII, da Constituição. Esse foi o
entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Resumo de crimes contra a honra:
CALÚNIA → viola a honra objetiva; imputação falsa de fato definido como crime;
consumação quando terceiro toma ciência; admite exceção da verdade; admite
retratação; exemplo: “você foi o autor do roubo naquela quitanda, na semana passada”;
DIFAMAÇÃO → viola a honra objetiva; imputação falsa ou verdadeira de fato ofensivo à
reputação da vítima; consumação quando terceiro toma ciência; via de regra, não
admite exceção da verdade, salvo em caso de funcionário público no exercício de suas
funções; admite retratação; exemplo: “Maria é bicheira e além disso trabalha
embriagada todos os dias”;
INJÚRIA → viola a honra subjetiva; atribuição de ofensa à dignidade ou decoro,
xingamento ou qualidade negativa; consumação quando a própria vítima toma ciência;
não admite exceção da verdade; não admite retratação; exemplo: “Tício, você não
passa de um lixo de pessoa”.
Professor Rafael Lisbôa
ARGUMENTOS DE DEFESA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA CALÚNIA CALÚNIA É CRIME

CAPACITAÇÃO JURÍDICA CRIMES CONTRA A HONRA DEFESA PENAL DIFAMAÇÃO

DIFERENÇA ENTRE CALÚNIA DIFERENÇA ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO DIREITO PENAL

DIREITOS CONSTITUCIONAIS DIREITOS DO ACUSADO DIREITOS FUNDAMENTAIS INJÚRIA

INJÚRIA É CRIME O QUE É DIFAMAÇÃO

Prof. Rafael Lisbôa


https://simplificandodireitopenal.com.br
O Prof. Rafael Lisbôa, fundador do "Simplificando Direito Penal", é uma autoridade em descomplicar o universo do
Direito Penal para estudantes, concurseiros e profissionais da área jurídica. Com uma paixão incansável pelo ensino
e uma abordagem inovadora, ele transforma os conceitos mais complexos em lições acessíveis e engajadoras.
Através do "Simplificando Direito Penal", Rafael oferece cursos, materiais didáticos e uma comunidade de suporte,
visando a excelência e o sucesso dos seus alunos. Com quase 400 mil seguidores no Instagram e uma vasta
audiência no YouTube, ele é hoje uma referência no ensino de Direito Penal no Brasil, provando que é possível
alcançar grandes resultados com dedicação e a metodologia certa.

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