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Na introdução da carta,

o emissor, além de Carta aberta aos dirigentes do shopping


apontar o motivo de
tal manifestação (o
problema de interesse Nós, como pais de adolescentes cuja faixa etária está entre 12 e 17 anos, externamos nosso repúdio à decisão da equipe diretiva
coletivo), deve fazer 1
também uma breve
apresentação, isto é, do shopping (a qual os senhores integram) de exigir o acompanhamento do pai ou da mãe com a devida documentação para que
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esclarecer quem são
o(s) remetente(s) e os menores ingressem no interior desses centros comerciais. Tal recurso não só dificulta o acesso desses clientes ao local, como
o(s) interlocutor(es). 3
Observe que a tese se – sobretudo – interfere abusivamente nas relações familiares pelo fato de exigir autorização registrada em cartório para que os
estabelece por meio 4
de palavras, como
“repúdio”, “dificulta”, adolescentes possam ingressar em tais estabelecimentos com outro adulto, mesmo que este seja avô, tio, primo do menor.
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“abusivamente”.
Embora estejamos cientes das dificuldades encontradas pelos senhores para conter violações cometidas pelos chamados “rolez-
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No parágrafo anterior,
ficou claro o problema inhos” nesse local, generalizar a medida a todos os adolescentes constitui atitude extremada e desrespeitosa ao direito de ir e vir.
de interesse coletivo 7
a ser explorado. No Cabe ressaltar que nosso país permite que jovens de 16 anos participem das eleições, isso implica reconhecer que são capazes de
desenvolvimento, 8 Ao longo do texto,
espera-se que, entre as inclusive na conclusão,
estratégias empregadas discernir, refletir sobre o que é melhor para eles e demais cidadãos. Nesse contexto, ver barrada a entrada de um filho, cuja edu- pode-se apresentar
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para defender o ponto proposta para o
de vista apresentado, cação e acompanhamento foram bem trabalhados e constantes justamente para que adquirissem independência, demonstra-se – destinatário da carta.
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o aluno empregue Tal recurso revela-se
recursos como “previsão além de constrangedor – revoltante. Restringir a circulação, a presença desses adolescentes, implica ainda privá-los de atividades salutar e coerente,
de argumento(s) do 11 pois, uma vez que se
oponente e contra- aponta um problema,
argumentação”.
culturais como cinema, exposições artísticas promovidas em tal espaço. deve-se contribuir para
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A tese continua a que seja solucionado.
ser corroborada a Além disso, os “rolezinhos”, na maioria dos casos, são adolescentes que já se sentem marginalizados, excluí-los de tal área seria pe- Neste parágrafo,
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partir de palavras, implicitamente, os
como “extremada”, nalizá-los duplamente. Eis a “cegueira branca” (bem definida pelo escritor português José Saramago) que acomete muitos cidadãos receptores da carta
“desrespeitosa”, 14 estão sendo criticados
“constrangedor”, “privá- por eleger solução
los”. O contraponto de
e parece estar ofuscando meios melhores e mais eficazes de garantir o bom funcionamento do local pelos senhores administrado. As- frágil e discriminatória
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ideias é estabelecido para o problema
a partir da conjunção sim, sugestionamos que, como bons coordenadores, criem pequenas oficinas no “hall” de entrada, em que monitores (bem treinados e encontrado. A voz
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concessiva ‘embora’, logo do prêmio Nobel
no início do parágrafo. polidos) acolham os adolescentes (independente de classe, etnia e grupo a que pertençam) e esclareçam sobre as normas de conduta de literatura José
A conjugação verbal 17 Saramago auxilia
na primeira pessoa do que regem tal espaço as quais primam pelo livre exercício da profissão, a segurança pública, o respeito à propriedade alheia e, in- a amparar tal
plural (nós) e a passagem 18 perspectiva. Assim,
“pelos senhores” avalia-se como
constituem marcas clusive, o direito de ir e vir. Uma vez feito isso (verdadeira aula de cidadania), caso o adolescente cometa alguma infração deve ser melhor e mais eficaz a
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linguísticas que mantêm proposta apresentada,
a interlocução. penalizado, não antes. Afinal, mesmo sob a bandeira de medida preventiva, limitar o acesso revela-se injusto. mais coerente
20 com ações de bons
Nostalgicamente nos recordamos de quando éramos jovens e com a “turma” nos reuníamos também nesses locais para nos coordenadores.
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descontrair em meio a risadas saudáveis, livres e conscientes. Demonstrávamos ser capazes de, em consonância com as ideias de
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Como já foi
Kant, balizar nossas ações de modo que pudessem se tornar universais. Em decorrência dessa conduta, lográvamos ir ao shop- apresentada ao longo
Para reforçar a 23
argumentação, inclui- do texto uma proposta
se a experiência como ping mais vezes, uma vez que se instaurava confiança. Tal ciclo virtuoso, gostaríamos de propiciar a nossos filhos também. para a solução do
24 problema, cabe
modo de, no contraste
entre passado e presente, Assim, nós – pais – esperamos que os senhores, após refletirem sobre a arbitrariedade da medida tomada e compará-la com concluir a análise
expressar os benefícios 25 com uma síntese do
perdidos. Cita-se o que foi apresentado.
outras mais pertinentes, reavaliem seu posicionamento e permitam que esse espaço privilegiado que é o shopping possa ser usu- A coerência precisa
imperativo categórico 26
kantiano como meio de ser mantida ao longo
ressaltar que não se pode fruído por todos. Tal cuidado restituirá a nós o direito pleno e incontestável de – junto com nossos próprios filhos adolescentes – de todo o texto.
27 Assim, reiterou-se
tolher experiência capaz
de viabilizar a construção decidirmos onde podem ir, quanto tempo permanecer no local, se sozinhos ou acompanhados. Certos de sua compreensão, aguar- o posicionamento
da autonomia respaldada 28 defendido pelos
remetentes e
na liberdade consciente. damos notícias mais animadoras. interpelou-se
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os receptores a
Pais zelosos modificarem sua ação.
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