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Cada vez mais as redes sociais aproximam pessoas que compartilham a mesma
opinião, embora esse fenômeno seja muito positivo pois reúne pessoas distantes e de diversas
culturas, quando alguém compartilha ou se posiciona diferentemente do que os comuns
pensam ou fazem, o cancelamento é inevitável. Por outro lado, o cancelamento fortalece a
2ª Unidade: PROTAGONISMO DIGITAL
ideia de convivência por tribos, onde as pessoas praticamente pensam iguais e não são
confrontadas por opiniões diferentes.
O “cancelamento” pode ser visto como termo contemporâneo que tem ganhado força
nos últimos anos através das mídias digitais, porém algumas características que acompanham a
prática do “cancelamento” já são bem conhecidas ao longo da história, afinal você já deve ter
visto exemplos de linchamentos, apedrejamentos e até mesmo fogueiras públicas para
queimar mulheres consideradas bruxas. Muitas dessas práticas eram consideradas formas de
punição e serviam de “corretivos”, para que membros da sociedade não repetissem os
mesmos atos de quem estava sendo punido (seja por ter manifestado uma opinião ou por ter
realizado uma conduta considerada imprópria).
Na internet o que vai para fogueira, para o apedrejamento (através de opiniões) e para
o linchamento são as reputações. Uma pessoa pode passar de amada a odiada, de
invisível/desconhecido a explicitamente odiado. E aí entra uma questão bastante pertinente: o
que fazer quando as “sentenças” forem equivocadas, quando a pessoa não tiver cometido
determinado ato ou proferido determinada opinião pela qual foi julgada? Essa situação, por
exemplo, tem se tornado corriqueira onde pessoas são vitimadas por Fake News, agravando
mais ainda a problemática do “cancelamento”, tendo em vista que o palco para julgamento e
cancelamento é bem maior que o palco da absolvição e retratação.
Protagonismo Juvenil Página
91
Liz Bessa trouxe, por meio do portal Politize, um artigo sobre o que é a cultura do
cancelamento, do qual separamos alguns trechos que problematizam as consequências do
comportamento de cancelamento na internet.
Nessa prisão idealizada, os prisioneiros ficariam instalados em celas separadas, sem nenhuma
comunicação, enquanto apenas um único vigilante observaria todos os prisioneiros em um
espaço no centro, sem que estes soubessem se estariam ou não sendo observados. Como
consequência, os presos demonstrariam um bom comportamento, já que teriam a sensação de
estarem sendo vigiados constantemente.
Posteriormente, Michel Foucault, filósofo francês, utilizou o mesmo termo em sua obra “Vigiar
e Punir” (1975), ao tratar da sociedade disciplinar. Nas sociedades disciplinares, que tiveram
seu apogeu no século XX, as instituições sociais adotam uma postura de extrema vigilância, em
que o poder é exercido cuidadosamente para impor condutas aos indivíduos. Nessa lógica,
Foucault alegou em sua obra que o indivíduo se desloca de um “meio de confinamento” para
outro: a família, a escola, a prisão, a fábrica, o exército. Na contemporaneidade, pode-se dizer
que surge mais um meio de confinamento: a internet.
Dado que um número cada vez maior de indivíduos, principalmente pessoas públicas, sentem
medo de serem cancelados e vítimas do julgamento online, é esperável que optem por se
comportar de uma maneira que agrade ao público, já que estão sendo observados
continuamente. Em outras palavras, o receio de ser cancelado pode inibir comportamentos
naturais dos indivíduos e fazê-los agir por conveniência.
Como foi dito anteriormente, não podemos negar que o cancelamento também possui uma
função pedagógica, especialmente em casos em que o indivíduo tenha cometido uma atitude
grave. Porém, o cancelamento apenas por cancelar não proporciona nenhuma melhoria social,
já que a pessoa vítima do cancelamento não possui sequer a chance de se retratar. Ou seja,
quando essa conduta é utilizada como forma de agressão, ela deve ser combatida. Mas, como
podemos combater essa atitude?
É crucial entendermos que todos somos suscetíveis a erros, mas também temos a chance de
melhorar como indivíduos. Ter essa compreensão é fundamental para não excluir outras
pessoas, para estar aberto ao diálogo saudável e para a construção de um mundo mais
inclusivo, em que as pessoas se respeitem.
Se por um lado o comportamento de “cancelar” pode ser visto como uma atitude de
defesa ou de repelir aquilo que não é aceitável socialmente (racismo, xenofobia, violência ou
assédio, etc.), por outro lado temos a banalização dessa atitude, onde o pilar da convivência é
deixado de lado. Pequenas atitudes do cotidiano também têm entrado no menu do
cancelamento. Experimente, por exemplo, perguntar aos(as) estudantes se eles(as) já ouviram
falar na expressão “criei ranço”, que remete ao comportamento de criar aversão a
determinada pessoa por motivos banais como um sotaque, uma forma de agir, uma forma de
se vestir, de se portar num determinado ambiente, etc.
Diante disso, propomos através da atividade 1, a realização da dinâmica intitulada “Nem tudo é
o que parece”, onde os(as) estudantes, de forma coletiva, serão estimulados(as) a observar
duas imagens e opinar sobre uma situação-problema apresentada pelo(a) professor”. A ideia é
apresentar de forma lúdica como as opiniões podem mudar caso a informação seja
tendenciosa. Depois desse momento, sugerimos como atividade a realização ANÁLISE CRÍTICA
DA MÚSICA “A QUEDA” que corresponde a atividade 2, onde os estudantes serão estimulados a
responder a situação-problema apresentada pelo(a) professor(a), a fim de testar o olhar crítico
e sensibilidade diante de uma letra de música que retrata a cultura do cancelamento. Espera-se
que, essa atividade estimule reflexões sobre os pilares Aprender a Ser e Aprender a Conviver. A
culminância deste encontro formativo será por meio do preenchimento do diário de bordo
do(a) estudante, instrumento já utilizado nos bimestres anteriores.
DICA
Professor(a), torna-se essencial a apresentação das habilidades e
!
competências (cognitivas e socioemocionais), valores trabalhados e possíveis
articulações com as demais disciplinas, informações expostas no início da unidade,
como também os pilares da educação movimentados, apresentados em cada
Encontro Educativo, proporcionando aos(as) estudantes conhecimento significado
acerca das atividades que serão realizadas, bem como possibilitará a eles(as) uma
base para o preenchimento do seu Diário de Bordo.
Página Sequências Didáticas
94
Desenvolvimento:
Professores(as),
Após esse primeiro momento, o(a) professor(a) deverá compartilhar a 2ª imagem, onde
a cena estará completa e totalmente diferente da 1ª imagem. Após a circulação da imagem
o(a) professor(a) deve reabrir o debate e observar qual a atitude dos(as) estudantes. A ideia é
fortalecer o Pilar da Convivência, e levá-los(as) a refletir sobre como atitudes impulsivas
podem ser prejudiciais e se desdobrar em comportamentos nocivos. É importante observar,
2ª Unidade: PROTAGONISMO DIGITAL
Anexo 1 - Atividade 1
Anexo 2 - Atividade 1
2ª Unidade: PROTAGONISMO DIGITAL
Legenda da foto: Como é possível ver nas imagens, o soldado não está apontando a
arma diretamente para os civis indefesos, está apenas repassando instruções! E a criança da 2ª
imagem não foi obrigada a enterrar os próprios pais, ela na verdade está participando de um
ensaio fotográfico.
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Desenvolvimento:
Passo a
passo:
1. Professor(a) inicia a atividade lendo a reportagem: Gloria Groove aborda
cancelamento em seu novo trabalho “A Queda” (emdiaes.com.br).
Anexo 1 - Atividade 2
CONCLUSÃO E DESAFIO
PROTAGONISTA
5 minutos
Diante disso, serão convidados(as) a inserir estas discussões nas reuniões com os Líderes de
Turma, bem como nas atividades dos Clubes de Protagonismo, a partir do monitoramento do
Plano de Ação dos mesmos. Para tanto, sugerimos algumas reflexões que poderão ser inseridas
na pauta desses encontros: É possível abordar/conectar esse tema às atividades dos nossos
clubes? É possível abordar/conectar nos Acolhimentos Diários? Enquanto Protagonistas,
podemos articular outras disciplinas ações de conscientização sobre a temática da cultura do
cancelamento? Enquanto Protagonistas podemos nos aprofundar sobre as consequências da
cultura do cancelamento em relação ao Pilar do Aprender a Conviver? Propomos para os
próximos quinze dias, o desafio de realizar e divulgar uma prática sustentável sobre as
precauções em relação a cultura do cancelamento, a mesma poderá ser feita de forma
individual ou coletiva.
REGISTRANDO CONHECIMENTOS