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Neste capitulo, o autor afirma logo no iníci que a pesquisa do tempo livre em contexto rurais
antes dos anos 1950 é vão. O estudo é limitado duma parte pela inexistência do lazer na
civilização rural no campo e duma outra parte pela escassez de pesquisa sobre esta tema.
No entanto, o autor trata do caso da francês pelo interesse que a diversidade territorial traz.
O capítulo trata então das pistas de investigação existentes e das modificações da
sociedade rural ao longo do período escolhido, e finalmente traz explicações a estas
modificações.
A primeira ideia desenvolvida é o apego que os camponeses têm com seu trabalho. A
natureza das tarefas que realizam no cotidiano é necessária para entender a abordagem
que eles têm do tempo livre. Por eles, o tempo não é sinônimo de alienação como pode ser
vivido no caso dos operários. Na época, a subsistência era ainda difícil, o que justifica os
sacrifícios no trabalho dos camponeses que procuram apenas ter uma colheita suficiente
para sustentar-se. Porém, a tipologia do trabalho permite o acompanhamento do trabalho
realizado, por exemplo, na safra o camponês segue as etapas e consegue ver os ganhos
dos seus esforços. Neste tipo de atividades, não existe divisão do trabalho e as tarefas
variam ao longo do ano, da estação e até durante o dia. Portanto, o trabalhador agrícola não
se sente alienado da mesma maneira que o operário. A vida dos trabalhadores do setor
secundário é de servitude : ao patrão, aos horários, à repetitividade das máquinas. A divisão
do trabalho é também responsável pelo sentimento de adstrição dos operários. Do outro
lado, apesar do trabalho de camponês parecer mais limitante (há sempre algo para fazer),
não sentem o peso e a necessidade de exprimir a liberdade depois do trabalho. São livres
na organização, e repartem as tarefas no dia ou na semana como entendem e as próprias
tarefas não são repetitivas, variam muito e cada uma delas tem um impacto visível. Cada
gesto tem sua importância.
No entanto, é importante salientar que o trabalho pelos camponeses é tampouco uma mera
diversão, ao contrário, a dedicação é constante e é muitas vezes uma necessidade extrema
que leva a ter uma vida de “doido”. O ritmo que têm é comparado a um “trabalho forçado
perpétuo" segundo alguns testemunhos da época.
O “fazer nada” é portanto um conceito abstrato pelos camponeses e, ainda por cima, a
concentração destes tempos livres em períodos curtos (fim-de-semana ou férias) é ainda
menos entendível. As necessidades dos camponeses são cíclicas e a repartição do trabalho
varia segundo às estações, entre tempo de repouso no inverno, e de atividade intensa no
verão.
O verão, apesar da importante carga de trabalho, comporta muitas festas sazonais que se
celebram em função do trabalho realizado. Estas celebrações marcam uma ruptura com o
ano agricolo, por exemplo celebrando a entrada no período mais intenso de atividade. Numa
sociedade tradicional, as festas profanas ainda têm muita importância, e a mais de todas é
sem dúvida carnaval. E provavelmente a festa mais comprida sendo celebrada durante o
inverno e assim com menos tarefas e mais tempo livre.
As festas religiosas não são muito seguidas no mundo rural com a excepção da festa do
santo padroeiro.
Umas das festas mais importante do ano e na vida das pessoas são as festas familiares
como o casamento e o batizado. O casamento é no entanto mais celebrado por seu caráter
único na vida da pessoa.
O tempo livre aproveita-se também de forma informal. No inverno onde o trabalho é menos,
é difícil estar fora por causa do tempo e dos dias que são curtos, portanto a comunidade
camponesa reúne-se durante os serões. Estas reuniões de povoado ou de bairro
representam um elemento da sociabilidade rural. São organizadas pelas mulheres várias
vezes por semana e são momentos privilegiados tanto para o convívio como para os
trabalhos artesanais e manuais.
Os tempos livres são, portanto, raramente apenas de lazer como entendemos hoje em dia.
Inserem-se através de pausas durante o trabalho, de visita a família e amigos próximos ou
até na volta dos campos para a casa de noite. A missa pode também ser considerada um
tempo livre, pois representa uma hora onde pode não se fazer nada. Pode até ser vista,
numa certa medida, como uma diversão. Os rituais da igreja tem por muitos uma dimensão
espectacular. A preparação do hábito para ir à missa é também um momento de dedicação
para as mulheres a sua aparência, que é raro no cotidiano. Enfim, a saída da missa é um
importante momento de laço social tanto pelos homens como pelas mulheres.
Ha também uma distincção de como se goza o tempo livre dependendo da idade e do sexo.
Os jovens têm um papel determinante na animação das festas e contribuem para firmar os
laços da comunidade. São geralmente designados a comissão das festas e ajudam a
introduzir os momentos de puro lazer. O uso do tempo livre também varia conforme ao sexo,
a sociedade rural é normalmente oposta ao lazymo
Ha também uma distincção de como se goza o tempo livre dependendo da idade e do sexo.
Os jovens têm um papel determinante na animação das festas e contribuem para firmar os
laços da comunidade. São geralmente designados a comissão das festas e ajudam a
introduzir os momentos de puro lazer. O uso do tempo livre também varia conforme ao sexo,
a sociedade rural é normalmente oposta ao lazer feminino por crência que é sinonimo de
sedução. As mulheres aproveitam portanto dos encontros em lugares de sociabilidade
informais onde podem discutir livremente.
3/ Novos tempos nos anos 30
A partir dos anos 30, observa-se uma grande mudança na civilização rural : integra-se
progressivamente no conjunto nacional e acontece uma grande transformação social e
econômica. Porém a aculturação do mundo rural significa também uma dissolução da
cultura ancestral.
Mas outras formas de lazer, sem dúvidas mais individuais do que comunitárias, emergem e
difundem-se no início do século XX. No meio rural, o sucesso das tabernas entre outros nas
camadas populares, é fulgurante. Torna-se o centro das relações sociais, é um lugar aberto
todos os dias, acessoriamente de negócios que concentra os lazeres.
Do lado dos mais novos, como já mencionado, a bicicleta teve um papel emancipador e
passam a escolher os lazeres onde podem escapar ao controle social. Os cafés passam a
organizar bailes que se separam do calendário festivo e passam a ser um prazer individual
em vez de uma expressão da comunidade. Já não são mais danças tradicionais de roda,
mas danças sociais coreografadas com células mais restritas que resultam em dança de
relação entre indivíduos e de pares. Os jovens procuram tanto o prazer da dança como do
encontro.
Uma das sociedades que passa a ser mais importante nas aldeias é dos antigos
combatentes que passa a representar a coesão da comunidade mas também de
desempenhar o papel de comissão de festas.
Uma grande mudança na sociedade rural é a aparição do lazer individual. A leitura, além da
falta de interesse inicial progride com a escolarização e alfabetização gradual no campo.
A transformação da vida no mundo rural modifica como se usa o tempo livre mas não o
aumenta. As modas exteriores chegam ao campo via os emigrantes que voltam a casa para
as férias e são vetores dos modelos citadinos. A integração na economia de mercado e a
pressão das normas da sociedade causa a desagregação da comunidade rural e o
individualismo da sociedade. Os tempos de lazer deixam de ter o papel de unificação /
consolidação da sociedade e desaparecem os serões, as festas sazonais e as danças
colectivas. As festas do santo padroeiro tornam-se um espaço para o desenvolvimento do
comércio.
Conclusão
A primeira guerra mundial é uma ruptura na “civilização rural tradicional”. As transformações
iniciadas no século XIX aceleram-se e o substrato comunitário das aldeias é grandemente
afetado pela integração à economia de mercado e as pressões das normas da sociedade.
Várias tendências causam a desagregação da comunidade e a afirmação do individualismo.
O lazer é afetado pelas transformações das sociedades e não vai ser mais um fator de
consolidação dos laços comunitários, e ao contrário caminha para ser cada vez mais
individual. A afirmação do tempo realmente livre, seja individual ou comunitário, aparece
com progresso das técnicas que introduzem a autonomia da força humana e traz uma
plasticidade aos limites do ciclo sazonal.