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ECONOMIA E GESTÃO

Economia como ciência

Economia é o estudo da forma como as pessoas fazem escolhas em condições de escassez e das
consequências dessas escolhas para a sociedade.

• A escassez exige que se façam escolhas


• Quaisquer escolhas, esteja em causa dinheiro ou não

-O que justifica esta ciência é o facto de os recursos serem escassos, seja a que nível for; as pessoas lidam com
necessidades infinitas (as necessidades não param) e temos que satisfazer essas necessidades com recursos
que são sempre escassos- recursos de todo o tipo (seja recursos humanos, financeiros, naturais, tecnológicos,
etc- são sempre escassos) e, pelo contrário, as necessidades que as sociedades, que as pessoas têm, são
infinitas.

-Os recursos serem escassos significa que nós não podemos ter tudo aquilo que queremos, tudo aquilo que
necessitamos, pq os recursos são escassos. Se os recursos fossem ilimitados, podíamos ter o que quiséssemos-
não iriamos precisar da economia, uma vez que se os recursos fossem ilimitados não teríamos que fazer
escolhas, não tínhamos que tomar opções nem fazer decisões; eu não iria dizer: vou comprar isto, o que
significa que vou deixar de comprar aquilo.

-Mas, como não posso, por exemplo, comprar tudo, vou ter de fazer escolhas, decisões.

-Se alguém tem um ordenado de 100€, terá que decidir, com esses 100€, o que vai comprar, tem que fazer
escolhas, opções; tem de pensar: com esses 100€, que necessidades vou satisfazer? O que é que vou comprar?

-Quando decidimos o que vamos comprar, ou quando decidimos que necessidade vamos satisfazer, estas
simultaneamente a decidir aquilo que não vamos comprar, uma vez que não posso fazer as duas coisas.

Princípio da escassez

• As necessidades e os desejos são potencialmente infinitos


• Os recursos são escassos (dinheiro, tempo, recursos naturais, tecnológicos, etc)
• Para termos alguma coisa é sempre necessário abdicar de outra- são as tais escolhas que temo de
fazer- Isso tem consequências
o Por exemplo, temos uma mesada e a dada altura temos 20€; com 20€ ou vamos jantar fora
ou vamos a um concerto- Não podemos fazer as duas coisas (o custo de ambos é o mesmo-
de 20€)
o Vamos ter de fazer uma decisão
o Como o custo é o mesmo, vamos ter de optar pela alternativa que nos dá mais prazer, mais
satisfação
o Ao decidir fazer uma coisa, estamos a decidir não fazer a outra
o Se eu decido ir ao concerto, decido não ir jantar fora
o Há sempre o conceito de custo de oportunidade- Devemos ter sempre presente que quando
fazemos alguma cisa, tiramos um benefício desta coisa; supondo que isto nos vai satisfazer
uma necessidade e, portanto, vou tirar determinada satisfação do consumo deste bem ou
deste serviço.
o MAS para tomarmos estas decisões tenho sempre que ter presente que para ter feito alguma
coisa, para ter tomado uma certa decisão, houve outra coisa que ficou por fazer.
o Se decidirmos ir ao concerto, vamos ter a satisfação de ir ao concerto, mas isto vai ter um
custo (um contra)- um custo de oportunidade- vamos deixar de ter a satisfação que teríamos
s fôssemos jantar fora

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o O custo é possível medir- o concerto custa 20€ e o jantar custa 20€; se fosse possível medir a
satisfação e supondo que a satisfação que teria em ir a um concerto seria de 50 e a
satisfação de ir jantar fora era 30, teríamos ido ao concerto pq a satisfação de ir ao concerto
era maior do que a de ir jantar fora
o Mas a nossa satisfação não foi de 50! Temos de pensar que a satisfação de ir ao concerto é
50, mas perdemos 30 de satisfação que poderíamos ter se fôssemos jantar fora. Ou seja, o
nosso ganho de satisfação seria apenas de 20 (50-30=20)
o Isto é, aquilo que deixamos de fazer é um custo- é o custo de oportunidade
o Em tudo na vida há um custo de oportunidade, uma vez que há sempre algo que fica por
fazer, uma vez que os recursos são escassos e não dá para fazer tudo- ESSÊNCIA DO
PRINCÍPIO DA ESCASSEZ

Macroeconomia e Microeconomia

Microeconomia analisa os problemas económicos ao nível do decidir individual, do “agente económico”


(consumidor, produtor, como funcionam os mercados).

Macroeconomia analisa os problemas económicos ao nível agregado de uma região, país ou conjunto de
países (estuda-se a economia como um todo e não ao nível do agente económico).

Capítulo 1
Microeconomia

Princípio do custo-benefício

• Comparação custo-benefício é a base das escolhas racionais


o Tendo em conta o exemplo anterior: quando estou a decidir se faço uma coisa ou outra,
analisamos qual o benefício que tiro de uma coisa ou de outra
o Tenho sempre de ter a ideia que aquilo que não vou fazer é um custo (a satisfação que vou
deixar de ter do jantar é um custo)
o Mas o benefício (do concerto) é superior ao custo- Tomei a decisão correta
o TEMOS SEMPRE DE FAZER A ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO
▪ Qual é o benefício que recebo daquilo que vou fazer e qual é o custo que suporto
por aquilo que não vou fazer
▪ Se ambos são monetários, a comparação é fácil
▪ Acontece que muitas vezes comparamos custos e benefícios que não são medidos
na mesma unidade de medida, por exemplo, não são medidos em euros (em
moeda, dinheiro) e isso vai dificultar a comparação custo-benefício
▪ Quando temos de comparar alternativas que não são medidas na mesma unidade
de medida, ou seja, que não têm tradução monetária, podemos tentar conseguir
uma tradução
▪ Podemos perguntar: Quanto estamos dispostos a pagar para conseguir o
benefício? (Aquilo que se chama preço de reserva) OU Quanto estamos dispostos a
pagar para evitar um custo? - Com isto vamos tentar quantificar uma coisa que, à
partida, não está quantificada
▪ Nota: Se quer o benefício quer o custo não forem imediatamente quantificáveis em
termos monetários, devemos tentar monetarizar ambos, nomeadamente fazendo

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as perguntas anteriores. (Se estamos dispostos a pagar uma certa quantia pelo
benefício, passa a ser esse o valor monetário do benefício- O mesmo se aplica aos
custos)
▪ Mesmo que, quer o benefício, quer o custo, não sejam imediatamente
quantificáveis, através destas duas perguntas podemos traduzir num preço, num
valor, aquilo que, à partida, não era quantificável.
▪ Por exemplo: Alguém vai abrir uma empresa perto de um rio e isso vai trazer
grandes benefícios para uma região (vai criar riqueza, emprego, vai ser bom para a
família, vai pagar impostos nesse local, etc); Tenho um problema: a empresa vai
poluir o rio, ou seja, vamos ter um custo. Quem tem de tomar a decisão de construir
ou não a empresa vai ter de analisar o benefício-custo. Quais são os benefícios
desta empresa? Os referidos anteriormente: cria riqueza, emprego, etc. E o custo?
Vai poluir! Agora, temos de medir. Como é que se mede a poluição do rio? NÃO É
IMEDIATAMENTE QUANTIFICÁVEL !! Neste caso os benefícios não são também
imediatamente quantificáveis, o entanto são muito mais rapidamente quantificáveis
(ex: cria 100 empregos, o que vai levar a x ordenados, pagar x impostos, etc). Apesar
de não ser extremamente rigoroso estimarmos um benefício, a médio-longo prazo
pode-se estimar a evolução da empresa, etc e ter uma ideia do valor que a empresa
vai criar. Já a poluição do rio é muito mais subjetiva. Naquelas perguntas que nós
fizemos anteriormente, há uma forma de tentarmos quantificar o custo da poluição
do rio, nomeadamente quanto é que estamos dispostos a pagar para evitar o custo,
isto é: quanto estamos dispostos a pagar para evitar que a empresa polua o rio. (No
fundo é perguntar: quanto custa construir lá uma estação de tratamento de águas
residuais, por ex, de forma a que os resíduos da empresa vão limpos para o rio)-
Teremos aqui a quantificação do custo!
▪ Qual é o custo das pessoas não serem vacinadas? Qual o custo das pessoas não
usarem máscara? É difícil de quantificar, MAS não é por as coisas serem difíceis de
quantificar que não as vamos quantificar, nem que seja aproximado. As pessoas não
irem trabalhar implica, por exemplo, ficarem de baixa e receberem subsídios de
doença. O que poupamos em subsídios de doença, em baixas das pessoas, será um
dos lucros, por ex, da vacinação.
▪ Devemos sempre tentar arranjar maneira de traduzir, em termos monetários, seja
o benefício, seja o custo.

• Quando falamos de custos, devemos sempre racionar em termos deste princípio do custo-benefício,
pq já sabemos que quando vamos optar por fazer uma coisa e ter um benefício, há outra coisa que
fica por favor e temos um custo.
o Por exemplo: Num hospital, quando decidimos comprar 10 ventiladores, já sabemos que,
como os recursos não dão para tudo, vai haver outro hospital que vai ficar sem um
equipamento de ressonância magnética, por ex. Portanto, há custos!
▪ Qual é o custo de pôr aqui 10 ventiladores? É não ter um equipamento de
ressonância magnética.
▪ Qual é o benefício dos 10 ventiladores? (Qual o custo de não ter a ressonância
magnética?)
▪ Benefício superior ao custo → Tomei decisão correta

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Os custos não são todos iguais

• Quando comparamos custos, é muito comum cometer erros


• 3 erros comuns na comparação de custos
1. Ignorar os custos de oportunidade
▪ Pensarmos que não existem custos (Mas tudo aquilo que eu deixei de fazer é um
custo, uma vez que é um benefício que eu deixei de retirar)
2. Considerar os custos afundados
3. Confundir custos médios e custos marginais

1.Ignorar custos de oportunidade

• Escolher alguma coisa é abdicar de outras


o É fundamental identificar de que é que se abdica
• Custo de oportunidade de uma atividade: Valor da melhor alternativa de que se abdica para a levar a
cabo (para fazer isto tive que abdicar daquilo) → Custo da atividade que ignorou
• O valor temporal do dinheiro é um bom exemplo
o Se emprestarmos dinheiro a um amigo (sem juros) abdicamos do juro que podíamos receber
no banco- então, emprestar o nosso dinheiro tem um custo
o Se emprestamos dinheiro a um amigo sem juros, deixamos de receber os juros que
poderíamos receber se, em vez de emprestar o dinheiro, o colocássemos num banco e
recebêssemos juros.
o Neste caso, tanto é custo aquilo que eu tenho de pagar, nomeadamente se falarmos, por ex,
do dinheiro de um empréstimo, como é um custo os juros que eu deixo de receber.
o Se for o mesmo montante é indiferente: se eu tiver e pagar 3% de juros mas deixei de
receber 3% de juro, é indiferente- uma coisa é igual à outra, o custo é o mesmo (tanto é
custo para mim eu ter de pagar 10 como deixar de receber 10)- Tenho de considerar custo de
oportunidade
o Qual é o custo de eu emprestar dinheiro a um amigo sem juros? Os juros que eu deixo de
receber por tirar o dinheiro do banco
o Temos sempre de ter em conta que há custo
o Por exemplo: quando vamos comprar um carro; estou indecisa de peço um empréstimo ao
banco para o carro e tenho de pagar juros, mas eu até tenho o dinheiro para comprar o
carro. Então penso: peço empréstimo ou uso logo o meu dinheiro? Se usarmos o nosso
próprio dinheiro vai ter um custo: o que eu deixo de receber por tirar o dinheiro no banco
que me rendia juros.
▪ Supondo que eu a pedir um empréstimo ao banco ia pagar, por ex, % de juros ao
banco. Supondo que eu tenho o meu dinheiro aplicado em qualquer investimento
que me dá 8% de juros. Que decisão deveria de tomar? Usar o meu dinheiro ou
pedir um empréstimo? Se eu pedir emprestado vou ter um custo de 5, se eu usar o
meu dinheiro vou ter um custo de 8, o que eu vou deixar de ganhar. Então, vou
pedir dinheiro emprestado. Vale a pena pagar 5 do que deixar de receber
▪ NUNCA IGNORAR CUSTOS DE OPORTUNIDADE

2.Considerar custos afundados

• Aqui, um erro comum é o contrário: considerar custos afundados (nos custos de oportunidade é
ignorá-los)
• Custos afundados ou irreversíveis: custos que já suportamos e que não podem ser recuperados,
independentemente da escolha que se faça
o Ou seja, já suportei alguns custos e vou ter de tomar agora uma decisão

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o O que estamos a dizer é que os custos que já suportei anteriormente eu não os consigo
eliminar, recuperar, seja a minha decisão sim ou não- os custos não são alterados- não os
posso aumentar nem diminuir- São independentes da decisão que tomo
o Assim, não devo considerar esses custos para a minha decisão; a minha decisão não deve ser
função desses custos, pq eu já não os altero, são irreversíveis- Não tenho de condicionar a
minha decisão pelo facto de haver aqueles custos
▪ Tome eu a decisão que tomar, aqueles custos são um dado adquirido
o Os custos afundados NÃO dependem da decisão
▪ Logo, são irrelevantes para a decisão
▪ Os custos (e benefícios) relevantes são os que dependem da decisão (de eu dizer
sim ou não)
▪ Por exemplo: o túnel do Marão; quando estivemos na época da crise de 2008/2009,
a construção do túnel foi interrompida (já com muitos custos suportados, com o
que se tinha feito até aí). Anos mais tarde, teve de se decidir se se ia ou não acabar
o túnel. O que é que eles tiveram de ter em conta para tomarem a decisão? Eles não
tinham de ter em conta o que já estava gasto no túnel. O que tinha sido gasto até
2008 não influenciou a decisão que foram tomar. Decidissem eles, vamos acabar o
túnel, ou não vamos acabar o túnel, os custos antigos não eram nada afetados-
independentes da decisão. Quais eram então os custos que eles tiveram de ter em
conta? Os custos relativos à parte que faltava para acabar o túnel. E os benefícios?
Os benefícios do próprio túnel, da abertura do túnel (pode não ser as portagens.
Mesmo que não haja portagens, os benefícios de haver o túnel do Marão excedem
largamente o preço das potagens; o túnel é importante, por exemplo, para as
empresas de Trás-os-Montes, para as pessoas que lá moram, para os alunos da
Universidade de lá, etc.). Os benefícios do túnel excedem largamente as portagens
que se pagam. – O que estamos aqui a analisar é que se se considerar que os
benefícios do túnel são superiores aos custos que faltavam para acabar o túnel (que
são os únicos que são relevantes), era motivo para acabarem o túnel. Mesmo que
os benefícios não fossem maiores que os custos totais- os afundados e os que estão
para vir- isso não devia de levar a deixar de acabar o túnel, uma vez que os únicos
custos relevantes seriam os custos que faltam para acabar o túnel- são esses custos
que devem ser comparados com os benefícios, porque os outros já não dependem
da minha decisão- temos apenas de considerar os custos que não estão afundados,
que não são irreversíveis; os irreversíveis não contam, serão ignorados.

3.Confundir custo médio com custo marginal

• Esta possível confusão resulta, em grande medida, da existência de custos fixos e custos variáveis
o Custo fixo: não varia com a atividade (produção)
▪ Isto é, uma empresa produza muito, tenha muita atividade ou pouca atividade, o
custo é sempre o mesmo, não varia
▪ Exemplo: renda
▪ Por exemplo: vamos abrir o nosso próprio laboratório de análises e vamos alugar
um espaço para a empresa e vamos pagar uma renda ao senhorio- CUSTO FIXO-
façamos muita ou poucas análises, pagamos sempre o mesmo ao senhorio

o Custo variável: varia com a atividade (com a produção da empresa)


▪ Se a empresa produz muito- Custo aumenta
▪ Se produz pouco- Custo diminui
▪ Não produz nada- Custo é 0
▪ Exemplo: materiais a usar

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▪ Por exemplo: dependendo do reagente a usar ou da quantidade de reagente a usar,
o custo das análises irá variar
▪ +análises----- + reagente------- +caras as análises

• Exemplo (de confundir custo médio e marginal):


o Uma empresa vende ao preço unitário de 7€
o Se produzir 5 unidades, os custos são de 30€
o Será que deve produzir a 5ª unidade?
▪ Custo médio por unidade: 6€ (30€/5=6€)
▪ Se ele vender por 7€ quando o custo é de 6€, dá ideia que vale a pena
▪ Á primeira vista dá ideia que vale a pena produzir e vender a 5ª unidade- ainda
ganha 1€- vende por 7€ uma coisa que custa 6€ - tem lucro
▪ MAS a resposta certa é DEPENDE
▪ Depende de quê?
o Agora dizemos: Suponhamos que, se produzir só 4 unidades, os custos da empresa são 20€
▪ Será que compensava à empresa vender a 5ª unidade?
▪ A 5º unidade passava a custar 10€ à empresa
▪ Se 4 custam 20€ e 5 custam 30€, quer dizer que a 5ª unidade iria custar 10€
▪ Então, a empresa ia vender por 7€
▪ Então isto dá lucro à empresa? Vender por 7€ uma coisa que lhe custa 10€ ?
▪ NÃO. Ia haver um prejuízo de 3€
▪ Se assim for, quando a empresa aumenta a produção de 4 para 5, a receita cresce
7€ (é a venda da 5ª unidade) e o custo cresce 10€ (de 20€ para 30€ quando a
empresa produz a 5ª unidade)
▪ Como o custo cresce mais que a receita o lucro diminui
o O ERRO É CONFUNDIR CUSTO MÉDIO COM CUSTO MARGINAL
▪ Quando dividimos 30€ por 5, estamos a calcular o custo médio- em média quando é
que custa cada unidade
▪ A questão é que as unidades deste produto podem não custar todas o mesmo!!!
▪ A 3ªpeçapode custar mais que a 2ª; a 4ª pode custar mais que a 3ª; a 5ª pode custar
mais que a 4ª; etc
▪ O que significa que usar o preço médio é, normalmente, um erro (e um erro
comum)
o Não devemos analisar, nesta comparação de benefício-custo, o custo médio
o DEVEMOS USAR O CUSTO MARGINAL
▪ Quanto é que custa a última que vamos produzir
▪ Quanto é que custa a 5ª e quanto é que vamos receber da 5ª
▪ Aqui, o que me interessa para eu saber se vendo a 5ª unidade ou não, não é calcular
em média quanto é que custa cada. O que me interessa é quanto é que custa a 5ª.
▪ Supondo que a 5ª custa 10€ e vendo por 7€. Então não me interessa- O meu lucro
vai baixar 3€ !
o O que importa é a variação do benefício no custo que decorrem da decisão- o BENEFÍCIO
MARGINAL
o O que importa é a variação no benefício e no custo que decorrem na decisão:
▪ O benefício marginal e o custo marginal (e NÃO média)
• se neste caso tomasse decisão com base no custo médio, o meu lucro is
descer 3€
• Teria mais lucro se produzisse apenas 4 unidades!
• Se me ficar pelas 4 unidades vou receber 28€ e vou ter de custo 20€

Curva e possibilidades de produção

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• Vamos pegar numa economia individual, a economia da Ana que tem determinados recursos
escassos, tem um limite de recursos para utilizar
• Com esses recursos ela pode-se dedicar à produção ou de nozes ou de café- supondo que ela só se
pode dedicar a esses 2 produtos
• Temos várias combinações que a Ana pode fazer
• A Ana pode decidir dedicar todos os seus recursos à produção de nozes, produzindo 24 quilos de
nozes e 0 quilos de café
• Por outro lado, noutro extremo, podia dedicar todos os recursos à produção de café, produzindo 12
quilos de café e 0 quilos de nozes
• No gráfico, esses dois pontos, opções são os extremos da linha
• No meio, ela tinha infinitas possibilidades, utilizando os recursos todos, fazer uma combinação das
duas produções, por ex, produzir 18 de nozes e 3 de café, etc, que correspondem aos restantes
pontos do gráfico
• Para já, temos uma linha no gráfico, uma linha de possibilidades de produção
• Em todos os pontos desta linha a Ana está a utilizar recursos, não desperdiça recursos
• Ela estando num dos pontos da linha, se ela estiver no ponto a e quiser passar para o b, continua a
ser eficiente, porque continua a usar todos os seus recursos, mas ou sacrifica café ou alguma
quantidade de café
• Uma vez que usa todos os recurso o longo da linha, ela não consegue ter mais de uma coisa sem
sacrificar a outra, ou seja, sem ter um custo de oportunidade (é o que ela deixa de fazer para ter mais
de uma coisa e menos de outra)- ela para ter mais nozes tem de sacrificar café- é o custo de
oportunidade das nozes
• Em todos os pontos da linha, a Ana está a ser
eficiente
o Todos os pontos desta linha são
pontos eficientes que se
caracterizam por serem, em termos
matemáticos, ótimos de pareto
▪ Isto é, para termos mis uma
coisa, temos menos de
outra- princípio de escassez- os recursos são escassos, ela só tem estes recursos;
não pode ter mais das duas, quando está situada num dos pontos da linha- são
pontos eficientes
• O ponto amarelo à esquerda da linha de produção, é um ponto que, se a Ana quiser, pode-o passar
para o lado direito
o Isto é, ela pode ter mais de nozes e, simultaneamente, ter mais café- mais das duas coisas-
era o que aconteceria se ela se deslocasse ara a direita
o Isto significa que no ponto amarelo da esquerda a Ana não estava as ser eficiente, não estava
a usar todos os seus recursos
• Abaixo da linha, isto é, para a esquerda, é sempre um ponto em que para ter mais de uma coisa não
precisa de sacrificar outra- pode ter mais das duas
o Se isto acontece, é porque ela não estava a usar todos os seus recursos- são assim recursos
ineficientes (à esquerda da linha)
o ou seja, está a ser ineficiente à esquerda da linha, porque não há sacrifício de nada

• Os pontos à direita da linha, como o ponto amarelo, são pontos que com os recursos que a Ana tem,
nunca consegue atingir
o Ela para passar para o ponto a amarelo da direita,
Nota: pontos eficientes- relacionados
para ter mais de uma coisa e mais de outra, teria de
com os custos de oportunidade (para
ter mais recursos- linha e possibilidades de produção-
termos mais de uma coisa temos
com os recursos atuais ao dispor da Ana, nunca
sempre de abdicar de outra)- o custo
de eu ter mais uma coisa é eu
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sacrificar outra
atinge o ponto à direita porque os recursos são escassos
o Por isso é que se chama uma linha de possibilidade de produção (há quem chame de linha
limite de possibilidades de produção)

Curva de possibilidades de produção e custo de oportunidade

• Se a Ana só produzir nozes, ou seja, 24 de nozes e 0 de café, qual é custo de produzir 24 quilos de
nozes? Qual o custo de oportunidade disso?
o 12 quilos de café, é o que ela sacrifica
o Para a Ana produzir 24 quilos de nozes, tem um custo de oportunidade de 12 quilos de café
(custo de oportunidade)
• Então quanto custa à Ana cada quilo de nozes?
o Meio quilo de café (12/24=0.5)
• E produzir 1 quilo de café?
o 2 quilos de nozes- é o inverso

Vantagem absoluta e vantagem comparativa

• Vamos introduzir a economia da teresa, uma nova economia


• Economia mais pequena que a da Ana
o Se dedicar todos os seus recursos à produção de nozes
consegue produzir 2 quilos (e 0 de café)
o Se dedicar todos os seus recursos à produção de café
consegue produzir 6 quilos de café e 0 de nozes
• Nestes casos dizemos que a Ana tem vantagem absoluta sobre a
Teresa, quer no café, quer nas nozes- produz mais quer de café
quer de nozes
• Vantagem comparativa
o Começando pelas nozes: para a Ana produzir um quilo de nozes custa lhe meio quilo de café
o Para a teresa produzir um quilo de nozes, custa-lhe um quilo de café
▪ Ou seja, a Ana é mais eficiente a produzir um kilo de nozes
▪ A Ana produz um quilo de nozes a um custo de meio quilo de café, enquanto que a
Teresa suporta um quilo de café
o A Ana produz de forma mais eficiente o mesmo produto, ou seja, de forma mais barata o
mesmo produto
o Para o café: para a Ana um quilo de café custa 2 quilos de nozes. Cada kilo de café para a
teresa custa 1 quilo de nozes
▪ Ou seja, a teresa produz cada quilo de café mais barato do que a Ana
▪ A Ana suporta um custo de 2 Kg; a Teresa suporta um custo de 1 Kg de nozes
▪ Assim, a teresa tem vantagem comparativa sobre a Ana no café e a Ana tem
vantagem comparativa sobre a teresa nas nozes
o A Ana tem vantagem absoluta sobre a teresa em ambos os produtos
o Em termos de vantagem comparativa, a Ana tem vantagem comparativa nas nozes, mas a
teresa tem vantagem comparativa sobre a ANA Na produção de café
o REFERIMO-NOS SEMPRE AO CUSTO
▪ Os produtos são iguais
▪ Então, quem produzir a um custo menor, mais barato, está a ser mais eficiente
▪ A preços de venda iguais, a Ana ia ter vantagem
▪ Se o preço de venda do café for igual para as duas, a Teresa vai ganhar mais
dinheiro que a Ana

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▪ Aqui estamos a analisar os custos e estamos a ver o custo de oportunidade de cada
uma delas produzir cada um dos
produtos Nota: quando estamos a dizer “é
▪ Chegamos à conclusão: a Ana é mais mais eficiente” referimo-nos ao
eficiente a produzir nozes e Teresa é facto de produzir mais barato
mais eficiente a produzir café

Princípio de vantagem comparativa

• Quando diferentes pessoas têm diferentes custos de oportunidade, podem melhorar a sua situação
trocando o produto em que têm vantagem comparativa por aquele que não a têm
• Como é que isto pode ser feito?
• Supondo que cada uma delas vai-se
especializar naquilo que faz bem, cada
uma se especializa naquilo que tem
vantagem comparativa- a Ana nas
nozes e a teresa no café
• A Ana dedica todos os seus recursos à
produção de nozes (vai produzir 24 Kg
de nozes) e a teresa de café (vai
produzir 6 Kg de café)
• Depois, a Ana vai querer tomar uns cafés e a teresa comer umas nozes
o Podem então trocar
o Cada uma produz uma coisa, mas depois podem trocar os produtos entre elas a um preço
compatível com os custos de oportunidade
• Supondo que a Ana compra à teresa 4 quilos de café pagando 6 quilos de nozes
o Ao fazer esta troca, quanto ia custar à Ana cada quilo de café que ela está a dar a teresa? A
Ana está a pagar 6 kilos de nozes para comprar a teresa 4 quilos de café. Quando custa cada
kilo de café a Ana ?
▪ 6/4=1.5
o A Ana consegue comprar café ao preço de 1.5 cada kg
o Se fosse a Ana a produzir café, custava-lhe 2 kg
▪ Ou seja, comprando a teresa (nesta relação de troca), compra a um preço mais
barato que se fosse ela a produzir as nozes
• Pela perspetiva da teresa
o Ela compra 6 kg de nozes, pagando com 4 kg de café que ela produz
▪ Cada kg de noz está a sair à Teresa a 4/6=0.6
o Custaria 1 kilo de café à Teresa se fosse ela a produzir nozes
▪ Também consegue comprar as nozes mais baratas do que se fosse ela a produzi-las
• Ficam as duas a ganhar
• Ambas ficam melhor do que estavam se estivessem sozinhas
• A Ana começou por produzir 24 kg de nozes, mas depois deu 6 kg para comprar 4 de café
o Então, a Ana ia ficar cm 18kilos de nozes e 4 de café
• A teresa ia ficar com 6 kg de nozes que comprou a Ana e 2 kg de café
o Tinha 6, mas como pagou com 4, ficou com 2
• Então, o que e que a Ana e a teresa conseguiram recorrendo a este principio da vantagem
comparativa, ou seja, cada uma especializar-se na coisas que faziam bem e depois trocar?
o Conseguiram o que não conseguiriam sozinhas
o Conseguiram os valores que eram considerados inatingíveis- os pontos à direita das curvas

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o Vimos anteriormente que apenas com os recursos de cada uma, nunca chegavam aos pontos
a direita e assim, com este princípio, conseguiram- estão ambas melhor do que estariam
sozinhas
▪ A Teresa fica à direita da sua linha limite- atinge um ponto que nunca conseguiria
atingir sozinha- e a Ana a mesma coisa
o Ambas melhoraram a situação das suas economias

Especialização

• A especialização permite que os recursos ao dispor de cada um sejam aplicados naquilo que são mais
produtivos
• Além disso, permite desenvolver as capacidades de cada um
o Especialização permite aprendizagem, evita perdas de tempo nas mudanças de tarefa, etc
• Quando nos especializamos numa coisa, cada vez ficamos melhor
• Se nos especializarmos muito nessa área, seremos muito bons nisso, mas especialização excessiva
pode ser, por vezes, desmotivante
o Por exemplo, um professor pode saber um pouco de tudo, mas não nos dá todas as cadeiras,
cada professor sabe mais de uma coisa do que de outra
▪ Cada especialista que sabe muito sobre uma área dá-nos uma cadeira diferente

• Isto é um princípio económico muito importante, mas temos de pensar bem


• Por exemplo, quando transpomos isto da economia da Ana e da Teresa para países, a economia da
Ana pode ser a Alemanha e a economia da Teresa pode ser Portugal
o A Alemanha tem praticamente vantagens absolutas em tudo sobre Portugal, consegue
produzir mais de tudo em relação a Portugal
o Se houver alguma coisa que Portugal, apesar de mais pequeno, faça melhor que a Alemanha,
os Alemães não têm de disponibilizar recursos- utilizam os seus recursos
▪ Usam os seus recursos para produzir os automóveis, por exemplo, que é nisso que
eles são bons e compram-nos a nós aquilo que fazemos melhor que eles
• Portanto, quando transpomos para países, um país não se pode especializar só numa coisa, têm de
ter alguma autossuficiência em tudo!- isto ficou evidente com a pandemia
o Por exemplo, a certa altura, nenhum país do ocidente tinha nada do que era preciso e a
China é que tinha tudo que era preciso
▪ Por exemplo, Portugal já não produzia máscaras, porque achava que não
interessava, enquanto que a China continuou sempre a produzir e a fornecer para
todo o mundo; o mesmo aconteceu com os ventiladores, etc
o A certa altura, os países não têm nenhuma autossuficiência em algumas coisas- muitas vezes
por força deste princípio de especialização
• Mesmo a nível de uma cidade, ela não se especializa só numa coisa, tem na mesma de ter alguma
autossuficiência
• Mesmo quando descemos a um nível menor, por ex, ao nível de uma universidade, mesmo aí, não há
só uma especialização, elas são muito diversificadas
• O mesmo acontece numa empresa, até a nível de uma pessoa, por exemplo, um advogado é muito
bom como advogado, um arquiteto é muito bom como arquiteto, etc
• Temos de ver em que âmbito se faz a especialização (se é ao nível de uma cidade, de uma empresa,
de uma escola, etc)
• A nível dos países é mais complicado, ma não deixa de ser por isso que este princípio é, não só muito
importante, porque quando falamos em países e falamos de trocas, estas trocas da Ana e da Teresa, a
nível de países estamos a falar do comércio internacional
o Globalização- muito importante

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o Quando dizemos que a Ana dá nozes e recebe café dizemos: a Ana exporta nozes e importa
café
o E a Teresa vice-versa

Curva de possibilidades de produção

• Até aqui era uma linha


• Se calculamos as duas linhas juntas, a linha de possibilidades de
produção da Ana e da Teresa conjunta, obtemos a curva a
azul
o Em que as duas juntas conseguiriam produzir 18 de
café (12+6) e 30 de café (24+6)
• Como a curva é conjunta, chega aos 24 e inclina mais
o Porque se ambas a Ana e a Teresa quisessem
produzir 30 de nozes, não chegava a produção da
Ana
o Embora tenha sido a Ana que produziu melhor, que tenha tido a taxa comparativa, não
chegava- no entanto, as 24 primeiras seria a Ana a produzir
o Mas se fossem precisos 30 kg, não chegava apenas a produção da Ana
o Se fossem precisos 30 kg, teríamos de recorrer às 6 que a teresa produz e a teresa é menos
eficiente a produzir, comparativamente com a Ana
o A eficiência ou não (a maior ou menor eficiência) traduz-se na inclinação, no declive da linha
▪ O declive da linha da Teresa é maior- a linha é mais inclinada
o Declive da linha- eficiência- por isso a da teresa e mais
inclinada, menos eficiente
o se não tivéssemos apenas a Ana e a Teresa, se
tivéssemos várias pessoas, cada uma tinha um custo de
oportunidade e assim a linha passava a ter mais
quebras, mais inclinações
▪ Esta linha com várias quebras vira uma curva
▪ Por isso é que se fala na curva de possibilidades de
produção (CPP) de uma economia

Conclusão

Vantagens comparativas e comércio internacional

• Se diferentes países têm vantagens comparativas em diferentes produtos, o comércio internacional


permite eu todos fiquem a ganhar
o Tal como no exemplo com pessoas individuais, permite passar além da CPP (curva de
possibilidades de produção)
• Mesmo que um país tivesse vantagens absolutas na produção de todos os produtos, não seria do seu
interesse fabricar todos os produtos:
o É preferível especializar-se naqueles em que tem vantagem comparativa e comprar os outros
a quem faz melhor- ia ficar, de certeza, a ganhar

• É evidente que um país, uma economia, para poder beneficiar disto, desde logo tem de ter algumas
vantagens comparativas
o Uma economia que não tem nenhuma vantagem comparativa estava condenado apenas a
importar e não exportava nada, ninguém lhe vinha comprar nada- estava condenada ao
insucesso

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• Este princípio esteve na base (em termos de fundamentação económica) da criação daquilo que hoje
é a união europeia

• A comunidade económica europeia (atual união europeia) foi formada também com motivações
económicas- passava pela criação de um mercado, um espaço comum único
o Onde há mobilidade de todos os fatores, liberdade de circulação de tudo (pessoas, bens,
capitais, mercadorias, etc), sem haver impostos
o A ideia era baseada no princípio das vantagens comparativas e de fomentar o comércio
internacional
▪ Isto é, criar um espaço comum com tocas livres
▪ Então, cada país se especializava no que era melhor e depois trocavam- ficavam
todos a ganhar- a união europeia ficava a ganhar
• Assim, o princípio esteve na base para criar espaços de livre troca
o Cada um se especializa naquilo que faz bem e depois trocam uns com os outros
▪ Para que todos fiquem melhor

Eficiência na afetação de recursos

• Cada país tem uma certa autossuficiência


• Por ex: o leite
o Quando entramos, a CEE dizia: não têm condições para produzir leite
o Assim, a holanda, bélgica e frança produzem também leite e nós vamos comprar lá, vamo-
nos dedicar a outras coisas e compramos o leite, por ex, à holanda
▪ Os outros países produzem leite com um custo de oportunidade muito menor que
nós
o Assim, vieram subsídios para os agricultores portugueses abandonarem as produções
leiteiras
• O mesmo aconteceu na pesca
o Haviam outros que pescavam melhor que nós
o A nossa frota pesqueira foi quase arrasada
• Etc
• Por isso é que quando entra um país para a união europeia tem que haver critérios de convergência
o Isto é, não pode haver uma grande diferença entre os países
o Porque se um país entra e é muito subdesenvolvido, não dá benefícios, se for muito fraco,
não tem vantagem comparativa em nada
o Mesmo agora, nesta crise que estamos a viver devido ao covid, estamos muito dependentes
de outros países
▪ Existem muito pouca coisas em que somos competitivos, em que temos vantagem
comparativa
• Por ex, Portugal tem vantagem comparativa :
o No turismo- porque etemos um clima muito bom, praias boas, etc
o Mesmo nos queijos da serra já há muitas concorrências!
o Os países têm de ter sempre alguma vantagem comparativa, porque senão ninguém lhes
importa nada, ninguém lhes compra nada
• Era o que falávamos de os países terem ou não alguma autossuficiência e em que âmbito, e
diversificação na sua economia, porque se não tiverem, a certa altura ficam dependentes de tudo,
seja de máscaras, ventiladores, etc
• Por ex, angola, é uma economia muito dependente do petróleo, mas depois não desenvolvem mais e
têm de importar tudo! Estão dependentes de tudo o resto!

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o Como não se come e bebe petróleo, têm de importar tudo; e quando há crises mundiais de
petróleo, o preço baixa muito e estes países ficam sem dinheiro sequer para importar
▪ E como não produzem nada, por exemplo a sua dependência dos outros países de
medicamentos é gigante! Não há recursos para importar!
• Assim, as economias têm de manter alguma autossuficiência
• Temos sempre de ter alguma especialização (mantendo sempre alguma autossuficiência dos países) e
fomentar o comércio internacional- todos ganham com isso!

-Todo o comércio internacional se baseia no exemplo simples da Ana e da Teresa

Em suma

• Uma economia deve situar-se sobre a CPP


• Mas em que ponto da CPP?
o Os pontos a CPP são todos eficientes em termos de produção
o Mas não garantem todos a mesma satisfação aos membros da sociedade
• Eficiência na afetação dos recursos
o Situação em que não é possível aumentar a satisfação de alguém sem diminuir a de outra
pessoa (ótimo de Pareto)
• Há várias formas de tentar conseguir a eficiência na afetação dos recursos:
o Exercício da autoridade
o Livre negociação (mercado)

• Dissemos que todos os pontos desta curva são autossuficientes- não


desperdiço recursos (estou a ser eficiente)
• Todos estes pontos são ótimos de Pareto- não consigo ter mais de
uma coisa sem sacrificar outra
• Temos de pensar que este limite não consegue ser ultrapassado só por
uma economia sozinha
• Esta curva não é um imite absoluto!
o Temos de procurar cada vez mais que a curva se
desloque para a direita (na direção da seta)- a política económica passa muito por aqui
▪ Para isso preciso de ter mais recursos!
• Como e que uma economia pode ter mais recursos?
o Claro que pode ter mais recursos naturais, como por exemplo minas de ouro ou poços de
petróleo
o Mas os recursos naturais não são os únicos recursos!

o Os recursos mais importantes são as pessoas, os recursos humanos


▪ A aposta nos recursos humanos, sobretudo nas pessoas (educação, formação,
especialização), termos pessoas melhor formadas, faz com que a curva se possa
deslocar, porque pessoas mais competentes, com mais capacidades, terão mais
produtividade- poderão até produzir a coisas mais baratas em menos tempo

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• Um dos aspetos fundamentais para aumentar a produtividade (quanto cada um de nós consegue
contribuir para o produto) será a formação das pessoas
o Por ex, a grande diferença entre a produtividade entre Portugal e a Alemanha é a formação
das pessoas
• O progresso tecnológico é evidente que também ajuda
• Se aumentar ou melhorar os meus recursos, posso deslocar a curva para a direita

Em suma

• Com muitas pessoas, com custos de oportunidade diferentes, a CPP torna-se uma curva regular
• A CPP não é um limite absoluto. A economia pode deslocar a CPP:
o Pelo investimento
o Pela descoberta/absorção de novos recursos
o Pelo progresso tecnológico

• Outro aspeto que também temos de olhar


o Os pontos da curva são todos pontos eficientes- no sentido económico em que não estamos
a desperdiçar recursos- pontos ótimos de Pareto
o A pergunta que se faz é: é indiferente a economia estar em qualquer ponto desta curva?
Será indiferente produzir 15 café e 0 de nozes ou produzir 24 de nozes e 0 de café?
▪ Se calhar não é
▪ Em teros de eficiência economia é, porque não estrago recursos (sou eficiente em
qualquer ponto da curva)
▪ Mas para a pulação pode não ser indiferente!
• É indiferente ter só nozes e não ter nada de café ?
• Em vez de nozes podemos ter pão e em vez de café termos ogivas nucleares
o Um país, uma economia, esta a ser tão eficiente a dedicar todos os seus recursos à produção
de pão ou a dedicar só à produção de ogivas nucleares
▪ É obvio que a população não será feliz em qualquer dos pontos
▪ Se não houver pão, a população morre à fome
▪ Claro que pode haver alguma elite que não seja afetada
▪ Para o povo não é indiferente
• Podemos ter em vez de nozes a poluição
o Também não é indiferente

• O problema que se coloca é: quem é que decide o que é eficiente?


o Sabemos que uma economia se deve situar sobre a CPP (curva de possibilidades de
produção)
o Mas em que ponto da CPP?

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▪ Os pontos são todos eficientes em termos de produção, mas obviamente que não
há a mesma satisfação para todos
• Há várias formas de tentar conseguir a eficiência na afetação de recursos
o Através do exercício da autoridade
o Livre negociação (mercado)
▪ O que se verifica é que, na maioria, um misto destas duas coisas
o Claro que há países onde a autoridade do estado se faz sentir mais ou menos

Mecanismos de afetação dos recursos

- No fundo é dizer: em que ponto da curva é que nos devemos situar? - Devemos ser eficientes, mas onde é
que está o equilíbrio que proporciona o máximo de bem-estar e satisfação às pessoas.

• Como é que uma economia decide as questões fundamentais de “o quê”, “como” e “para quem”
produzir?
• Temos 2 mecanismos básicos:
o Autoridade
▪ Em que alguém, uma elite, decide por todos a utilização a dar aos recursos
o Mercado
▪ Em que os interessados em utilizar um recurso (compradores) e os seus detentores
(vendedores) interagem para determinar a quantidade do recurso que será
transacionada e o preço a que isso acontece
▪ Ninguém impõe- deixa-se isso à liberdade dos agentes económicos
▪ Quem quer utilizar um recurso, os compradores e os seus detentores, interagem de
determinada quantidade de recurso que será transacionada e o preço a que isso
acontece
• As pessoas têm necessidades e, portanto, querem serviços e produtos para
satisfazerem as suas necessidades
• Os produtores tentam satisfazer essas necessidades, essa procura e,
portanto, constitui a oferta
• O mercado não é mais do que isso: é a oferta e a procura encontrarem-se e
associarem livremente aquilo que querem comprar, consumir e vender e
chegarem a acordo
• No fundo é cada um saber de si e não alguém decidir o que todos querem!

Tipos de economias

• Toda as economias conjugam, nalguma medida, mercado e autoridade


• Há sempre autoridade do Estado sobre os cidadãos, autoridade dentro de uma empresa, etc

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• Mas as economias podem variar muito quanto aos problemas de afetação dos recursos que são
deixados à livre negociação das partes
o Isto é, hoje em dia, quase todas as economias combinam, não há extremos
o Isto depois depende muito da forma de se ver o mundo
▪ Aqui entra muito a política ou a ideologia
▪ Uns vêm de uma certa forma e acham que é de uma forma que se consegue o bem
estar de uma população e outros acham que é de outra forma
o Por isso é que aparecem varias ideologias: umas mias liberais, outras mais democratas, etc,
que têm diferentes formas de ver o mundo e, portanto, a economia e que procuram atingir o
bem-estar da sociedade da forma que eles acham ser a ideal

Economia de mercado

• Numa economia de mercado, as decisões sobre o que é que é produzido e para quem é que é
produzido são deixadas, maioritariamente, à livre interação entre os detentores dos recursos e
aqueles que pretendem utilizá-los.
o se alguém quer alguma coisa ou a produz tenta comprar
o os preços asseguram a coordenação da atividade dos agentes económicos
• Nestas economias, o estado intervém, sobretudo, para fixar o enquadramento legal em que decorrem
as transações e não para decidir o que deve ser produzido
o O estado tem um papel sobretudo de arbitro, de regulador
o Não deixa o mercado funcionar de forma completamente livre
• Há funções que nem os mais liberais põem em causa- essas funções devem ser comandadas pelo
estado
o Por ex: defesa das fronteiras, defesa externa (forças armadas) e a administração da justiça
o São as 3 funções que devem ser asseguradas pelo estado
o E a educação e a saúde?
▪ Devem ser privadas ou deve ser o estado a regular?
o E depois vamos caminhando para outras áreas
▪ E a banca?
▪ Os bancos devem ser privados?
o E entramos numa geometria que depende muito da visão que se tem do mundo
o A verdade é que a experiência é o grande laboratório da economia
o Nós olhamos para a história e não vemos grandes sucessos em economias planificadas

Economia planificada

• É o estado que assume a função de planificar a afetação a dar a muitos recursos, nomeadamente nas
atividades produtivas mais significativas, decidindo o que é produzido, como e para quem

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• Há uma elite que diz o que as pessoas dizem o que as pessoas devem comer, vestir, etc
o Isto é a negação da liberdade
• normalmente a liberdade económica esta ligada à liberdade política e social
• Na segunda metade do século XX, muitas economias funcionaram desta forma
o Na união soviética, na europa de leste, em muitos países africano, etc
• Hoje em dia, já só quase na Albânia e na Coreia do Norte existem economias neste extremo
• Depois todas as outras, mesmo a Rússia e a china, de certa forma conjugam economia com o mercado

Vantagens do mercado

• Requisitos informativos
o Numa economia planificada alguém deveria conhecer as preferências de todos; numa
economia de mercado basta que cada um conheça as suas
• Flexibilidade
o O mercado reage mais rapidamente do que estruturas burocráticas pesadas (que não têm
nenhuma capacidade de se adaptar à mudança)
• Incentivos mais justos
o Numa economia de mercado, as consequências das más decisões prejudicam quem as toma
e os benefícios das boas decisões beneficiam-no

O mercado: elementos básicos da oferta e procura

• Função procura: relação entre a quantidade procurada de um bem e os fatores que a determinam,
num dado período de tempo
o Pegando no exemplo que temos, temos a noção que a procura de qualquer bem, por ex de
automóveis, essa procura depende de vários fatores, de varias variáveis explicatieveis: preço
carros, dos rendimentos deas pessoasquilómetros, nos carros elétricos dos postes d
abastecimento para os carros serem recarregados, etc
o Há várias variáveis explicativas
o Podemos definir a quantidade procurada de um dado bem ser função de um conjunto de
variáveis que, umas mais, outras menos, podem afetar essa procura:

o Vai, portanto, dar origem a um modelo, em que, quando uma variável varia, vamos pode
estudar o que está a acontecer

• Sabemos que a procura de um bem e função de uma série de variáveis

• Mas, muitas vezes, interessa-nos em particular a relação entre a quantidade procurada e uma dessas
variáveis, como por exemplo o preço do próprio bem (normalmente esta variável é a mais explicativa)

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• Se formos ver a alteração que houveram na procura de automóveis, podemos atribuir este conjunto d
variáveis
o Porque é que as venda de automóveis baixaram?
▪ Porque houve pandemia, as pessoas não podiam sair de casa, as pessoas perderam
rendimentos, era proibido circular entre concelhos, etc
• Isto é, todas as variáveis contribuíram, de certa forma, para que a procura
de um bem tivesse variado (neste exemplo, para que tivesse diminuído)

• Mas se queremos saber o efeito da procura apenas numa das variáveis, na economia, fazemos uma
simplificação em que apenas varia uma das variáveis, como por exemplo o preço, e consideram-se
todas as outras constantes- chama-se a isto ceteris paribus- significa “e tudo o resto constante”
o Por exemplo, se considerarmos que todas as outras variáveis são constantes, o que é que
acontece à procura de carros se o preço variar?
▪ Aqui é evidente que as alterações na procura que ocorrerem se devem ao preço,
uma vez que foi a única variável que variou
• Vamos então ter uma curva da procura

Curva da procura

• Vamos supor que aqui temos o preço (P) que um dado produto pode assumir e a quantidade
procurada desse produto (QD)
o Nota: o D vem do inglês “demand”- procura
• A procura é, naturalmente, decrescente
o ou seja, à medida que o preço de um bem sobe, a quantidade procurada desse bem tende a
baixar
o é isso que dá, graficamente, a inclinação, o formato típico de uma curva da procura, que tem
uma inclinação negativa- decresce da esquerda para a direita
• A curva da procura resulta da Lei da Procura

Lei da procura

• A Lei da procura diz: quanto maior o preço de um bem, menos a quantidade procurada pelos
consumidores

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o Lei = regularidade empírica
o Uma lei que resulta da regularidade empírica
o Na esmagadora maioria dos produtos é isto que acontece
▪ Por exemplo, quando o preço das casas sobe, a procura diminui, e vice-versa;
quando o preço dos casos sobe, a procura diminui, e vice-versa, etc.

Variação da procura vs. a variação da quantidade procurada

• Quando falamos em variação de procura temos de distinguir o que é, de facto, uma variação da
procura e o que é uma variação da quantidade procurada
• Quando temos uma curva da procura, podemos dize que se o preço do bem muda, a quantidade
procurada também muda
o Por exemplo, neste caso, se o preço baixar de 50 para 30, a
quantidade procurada aumenta de 10 para 20
o Esta variação da procura, de 10 para 20, resultou da variação
do preço do próprio bem- deslocação ocorre ao longo da
curva da procura
▪ Chama-se a isto variação da quantidade procurada
(variação da procura que resulta da variação do
preço do próprio bem)
▪ Ocorre ao longo da cura, porque como a curva
relaciona preço e quantidade, quando o preço baixa, a quantidade procurada sobe;
ou podemos fazer ao contrário: quando o preço sobe de 30 para 50, a quantidade
procura desce de 20 para 10 (temos o inverso)
• Uma coisa diferente é não uma deslocação ao longo da curva, mas a deslocação da curva
o Isto é, a curva de procura, esta curva D, pode deslocar-se
para a curva D’
o A esta deslocação chama-se uma variação da procura
o Supondo que o preço vem a 40, não se alterou, mas a
procura, que inicialmente na curva D era de
aproximadamente 15, na curva D’ vai passar a ser de
aproximadamente 30
▪ Ou seja, mesmo não se alterando o preço do
bem, a procura aumentou
▪ Neste caso, esta deslocação da curva para a
direita correspondeu a um aumento da procura
▪ Não foi o preço do bem que fez com que a procura aumentasse, foram as tais
outras variáveis, que também influenciam a procura, e que variaram! Foram os
tais outros fatores! (como por exemplo o rendimento das pessoas- as pessoas
passaram a ter mais rendimento- passaram a comprar mais, mesmo que o preço do
bem não se altere)
▪ Por exemplo, a procura de carros elétricos aumentou não porque o preço dos carros
elétricos tenha alterado, mas porque passou a haver, por exemplo, mais postos de
abastecimento par carregar os carros- isso fez aumentar a procura

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Em suma:

• Variação da quantidade procurada: variação na procura que NÃO resulta do preço do próprio
bem; é ao longo da curva
• Variação da procura: corresponde a uma deslocação da curva (para a direita ou para a esquerda-
a procura podia-se deslocar para a esquerda; a curva podia-se deslocar para a esquerda e haver
assim uma diminuição da procura)

Função oferta

• O mercado é a procura e a oferta!


• Então, a função oferta será a relação entre a quantidade oferecida de um bem (quantidade que os
produtores gostariam de vender) e o respetivo preço
o QS = f(p)
• É evidente que também há outras variáveis que influenciam a oferta, mas vamos considerar a tal
situação de ceteris paribus, tudo o resto constante, e vamos ver como varia a oferta quando varia o
preço do próprio bem

Curva da oferta

• Temos os preços que um produto pode assumir e a quantidade que as empresas os produtores, estão
dispostos a oferecer
• Ao contrário do que acontece com a procura, em que há medida que o preço sobe, a quantidade
procurada baixa, aqui à medida que o preço sobe, a quantidade oferecida tende também a subir- dá
outra forma à curva de oferta- temos uma curva com inclinação positiva- ascendente da esquerda
para a direita

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A lei da oferta

• Se o preço de um bem sobe, a quantidade oferecida tende a aumentar


• Porque os custos de produção tendem a aumentar coma quantidade
o Para produzir mais, em princípio, cada unidade sai mais cara, o que significa que o produtor
só é interessado em oferecer se aumentar o preço
o Era como um dos exemplos que já vimos, do custo médio e do
custo marginal, isto é, o custo médio era 6, para produzir a 5ª
unidade custava 10; então, o produtor só está disposto a oferecer
essa 5ª, oferecer mais, se o preço subir, se preço fosse superior a
10.
• Princípio do custo de oportunidade crescente
o Por isso é que esta curva é crescente; vai crescendo à medida que
se produz mais (por norma)

Variação da oferta vs. variação da quantidade oferecida

• Também na oferta temos de distinguir o que é uma variação de oferta e o


que é uma variação da quantidade oferecida
• Simultaneamente ao que vimos para a procura, quando o preço de um bem
muda, a quantidade oferecida muda
o Preço sobe de 30 para 40, a quantidade oferecida aumenta de 20
para 40
o Lá está, os produtores com um preço maior estão dispostos a
oferecer mais
▪ Temos então uma variação ao longo da curva- é uma variação da quantidade
oferecida- é a variação que acontece que decorre da variação do preço do próprio
bem
• Variação de oferta
o Deslocação da curva (em vez de ser ao longo da curva)
o Neste gráfico temos o exemplo de uma diminuição de oferta-
deslocação para a esquerda da oferta
▪ Ao mesmo preço de 40, a oferta era 30 e passou a ser
de 12 mais ou menos- a variação não resulta da
variação do preço do produto, porque para qualquer
preço que se considere agora a oferta é maior
o Esta variação resulta das tais outras variáveis que podem
influenciar a oferta- NÃO o preço do próprio bem!
▪ Por exemplo, a alteração no preço dos fatores de produção
▪ Por exemplo, o aumento de salários aumenta o custo das empresas, logo a
empresas estão dispostas a oferecer menos
▪ Ou alteração na tecnologia, que faz com que uma empresa produza mais e mais
barato- pode levar com que a curva se desloque para a direita- há uma diminuição
dos custos de produção
▪ Deslocação da curva de oferta- variação de oferta (resulta das variações das outras
variáveis que não o preço)

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Em suma:

• Variação da quantidade oferecida: deslocação ao longo da curva


• Variação da oferta: deslocação da própria curva de oferta

Situações de desequilíbrio no mercado

• O mercado é nós juntarmos a oferta e a procura


• Temos vários preços para os quais não há equilíbrio entre oferta e a procura
• Por exemplo, se o preço for 10, a quantidade procurada seria 30 (os consumidores estariam dispostos
a adquirir 30 ), mas as empresas e este preço não estão dispostas a oferecer nada
o isto é, vai haver escassez de produto: -30(a quantidade procurada excede a quantidade
oferecida)

• Ao preço de 20, a quantidade procurada seria 25, desce, e a quantidade oferecida sobe, seria 10, mas
mesmo assim havia uma escassez de produto- os consumidores queriam comprar 25, mas os
consumidores só oferecem 10
o A procura ainda excede a oferta- ainda há escassez do produto

• Ao preço de 40 (o preço subiu), a quantidade procurada diminui (os consumidores estariam dispostos
a comprar 15) e a oferta aumentou (os produtores estriam dispostos a oferecer 30)
o Aqui já há um excedente de procura- os produtores queriam vender 30, mas só há procura
para 15, portanto só conseguem vender 15 e sobra-lhes 15
o A quantidade oferecida excede procura

• Ao preço de 50 ainda há mais excedente- os consumidores só estariam dispostos a comprar 10,


porque o preço subiu e a procura baixou, mas a oferta aumentou, os produtores até estão dispostos a
oferecer 40
o Ainda se acentuou mais o excedente de produto: +30 (a quantidade oferecida excede a
quantidade procurada- há um excesso de produto que os produtores não conseguem
vender)

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• Mas há um preço, que é o preço de 30, que faz com que a quantidade procurada seja igual à
quantidade oferecida- não há nem escassez nem excesso de produto (iguala)- preço que equilibra o
mercado

Analisando graficamente

• Aquele ponto de equilíbrio, se juntarmos a curva da oferta e a curva


da procura, é o ponto de interseção das 2 curvas
o Ao preço de 30, quer a quantidade procurada quer a
oferecida são 20
o É um equilíbrio de mercado
o oferta=procura (para este nível de preço)

• Supondo que num dado momento, vamos ter uma situação de


desequilíbrio, que o preço é 50, por exemplo
o Temos uma situação em que a oferta é superior à procura- procura de 10 e oferta de 40
o Temos um excesso de oferta- os produtores têm aqui uma situação de excedente, temos um
excesso de 30 que os produtores queriam vender, mas não vendem porque não há procura
o O que é que era natural acontecer no mercado perante esta situação de desequilíbrio?
▪ Que os produtores baixem os preços!
▪ Se eles àquele preço só vendem 10, mas querem vender 40, baixam os preços de
produção para tentarem vender este excesso de produção, para que a procura
aumente e consigam vender
▪ Assim, no mercado, o preço ia baixando cada vez mais, a procura aumentando, até
atingir o preço de equilíbrio, onde a oferta e a procura estão de acordo

• Agora ao contrário, supondo que o mercado está em desequilíbrio porque o preço está mais baixo
que o mercado. O preço é, por exemplo, de 10. Qual é a situação que há no mercado?
o Ao preço de 10, os consumidores queriam comprar 30, mas a este preço os produtores
oferecem 0- há escassez de produto
▪ Nesta situação era natural que os consumidores pagassem mais por esse produto!
▪ Então o preço subia para aumentar a oferta (a oferta está a subir, porque como o
preço está a subir, os produtores já estão interessados em oferecer um bocadinho
mais) até atingir o preço de equilíbrio- até não haver nem excesso nem escassez

• Supondo que uma banda ia dar um concerto e temos 60 mil bilhetes à venda
o A procura para o concerto é 600 mil pessoas
o A procura é muito maior que a oferta
o Só 60 é que tiveram bilhete
o Os que não conseguiram bilhete e querem muito ir ao concerto, estão dispostos a pagar mais
▪ Vão para as redes sociais e oferecer mais pelo bilhete do que o preço original

• Nos outros mercados é igual, só há negócio quando, transação, quando o comprador e vendedor
chegam a acordo
o Por exemplo, numa feira, quando há menos couves, se houver mais procura de couves, os
consumidores tendem a aumentar o preço
o Por isso é que conforme as unidades disponíveis, o preço varia (menos unidades, preço
aumenta e vice-versa)

• Processo é igual seja o mercado!

23
Em suma:

• Preço baixo
o Consumidores querem comprar muito e produtores querem vender pouco
o Há escassez (excesso de procura)
o A pressão dos consumidores tende a fazer subir o preço
• Preço alto
o Produtores querem vender muito e consumidores compram pouco
o Há excesso de oferta
o Produtores, para se libertarem da produção excessiva, tendem a descer o preço

Equilíbrio do mercado

• O mercado está em equilíbrio quando, ao preço vigente, a quantidade


oferecida é igual à quantidade procurada- situação dos 30:

Estática comparada

• O equilíbrio de mercado pode variar, porque podem haver variações da oferta e da procura, isto é,
podem haver deslocações da curva
o É isso que normalmente se refere a estática comparada

• Alterações da oferta e da procura alteram o equilíbrio do mercado- é isto que faz a estática
comparada!
• A “estática comparada” compara a situação anterior e posterior à alteração
• Não nos indica como, nem a que velocidade, se dá o ajustamento entre as duas

Aumento da procura

• Vamos começar então por analisar um aumento da procura


o Traduz-se na deslocação da curva da procura para a direita- de
D para D’ (NÃO confundir com a variação da quantidade
procurada!!!)
o Isto provocou um novo equilíbrio d mercado

24
▪ Inicialmente, o equilíbrio de mercado era na primeira interseção, com a reta D- ao
preço de 30, a quantidade procurada e oferecida era 20
▪ Houve um aumento da procura, por exemplo, os consumidores passaram a ter mais
rendimentos
▪ Originou uma subida de preço, de 30 para 40, e um aumento da quantidade
transacionada de 20 para 30
• É evidente que, por exemplo, vem o Inverno no Algarve, a procura vai-se deslocar para a esquerda,
vai diminuir
o Vai haver um novo ponto de equilíbrio, com descida de preço e com descida na quantidade
procurada- o inverso
o Vai haver menos procura

Em suma:

Aumento da procura

• Possíveis causas
o Aumento do preço de bons substitutos
o Aumento de rendimento
o Aumento de população- é o que acontece, por exemplo, no Algarve no verão
▪ No verão, a população do Algarve mais que duplica e, portanto, a procura no
Algarve sofre uma deslocação para a direita de tudo quanto é produtos (lojas,
restaurantes, etc)
▪ Vai originar uma nova situação de equilíbrio
o Etc

• Efeitos
o Aumento do preço
o Aumento da quantidade transacionada

Aumento da oferta

• Deslocação da curva de oferta- de S passa a ser S‘


• Por exemplo: diminuíram os custos de produção; ou então o desenvolvimento tecnológico permitiu
que estes produtores produzissem mais barato- a oferta aumentou

• Possíveis causas
o Redução do custo dos fatores
o Progresso tecnológico

• Efeitos
o Diminuição do preço
o Aumento da quantidade transacionada

• Pode haver uma variação da procura e uma variação da oferta

25
• Vamos ver o que é que pode acontecer:
o S: oferta
o D: procura

• Vamos supor que há uma diminuição da procura e uma


diminuição da oferta
• O que aconteceria ao preço deste produto e à quantidade
transacionada?
o vai depender da dimensão das descidas
• Supondo que a procura se vai deslocar para a esquerda e passa a D’
o No novo ponto de equilíbrio, o preço, de facto, descia e a
quantidade transacionada também

• Agora reparem: a curva de oferta também vai descer, passando


Para S’ (porque há uma diminuição da oferta)
o O que significa que afinal, o ponto de equilíbrio fica no ponto 1

• Assim, temos que o preço é o mesmo e a quantidade transacionada ainda baixou mais

• Assim, se diminuir a procura e também diminuir a oferta, há uma coisa que é certa:
o A quantidade transacionada vai ser menor
• Já o preço vai depender da dimensão, da amplitude das duas variações!
o Porque supondo que a oferta até tinha diminuído bem mais do que a diminuição da procura
▪ O novo ponto de equilíbrio seria o ponto 2
o O que é que tinha acontecido?
▪ A quantidade transacionada tinha descido,
não há dúvidas
▪ Mas o preço até subiu, porque a diminuição
da oferta foi superior à diminuição da procura

• O que podemos dizer é: se diminuir a procura e diminuir a oferta,


é a situação que se está a passar agora com a pandemia
o A crise pandémica o que é que provocou?
▪ A oferta diminuiu, muitas coisas fecharam,
nomeadamente cabeleireiros, restaurantes, ginásios,
etc, por isso a oferta diminuiu
▪ Mas a procura também diminuiu, porque as pessoas
estão em casa, não podem consumir, não podem sair
para fazer nada
o Isto significa que passamos do ponto 1 para o ponto 2, ou se a
diminuição da oferta é superior à diminuição da procura,
passamos para um ponto 3
o Uma coisa é certa: a quantidade cai
• Quando há duas diminuições, a quantidade transacionada ainda é menor!
o Há uma crise da procura e uma crise de oferta, diminuíram as duas

• O vice-versa também é válido

26
• Vamos supor que aumenta a procura e aumenta a oferta
o Quando ambas aumentam, a quantidade transacionada
aumenta de certeza
o O preço, se aumenta ou não, depende da dimensão dos
Aumentos
▪ Se a procura fosse para D’’, o novo ponto de
equilíbrio passava a ser o ponto 3
▪ Ia haver um aumento da quantidade e um aumento dos preços
▪ Se a procura aumentasse menos que D’, a quantidade, como aumenta sempre, ia
aumentar, mas o preço ia baixar (ponto 4)- porque o aumento da oferta foi superior
ao aumento da procura

Em suma:

• Há uma diminuição das duas curvas, de oferta e de procura, a quantidade baixa e o preço
depende
o O preço pode subir, descer ou ficar igual, dependendo da dimensão das diminuições
• Quando há um aumento das duas curvas, quando há um aumento da oferta e da procura
o A quantidade aumenta sempre- isso é certo
o O preço pode subir, descer ou ficar igual, conforme a dimensão das variações

• Assim, o que acontece ao preço depende da dimensão da variação


• Noa depende do sentido- o sentido da variação, que é por exemplo, diminui nas duas, isso
provoca uma diminuição na quantidade transacionaria, de certeza, ma só preço pode não
diminuir, pode ficar, por exemplo, igual
• As quantidades dependem dos sentidos das variações- isso é certo; já a variação do preço não
é certa, uma vez que depende do sentido, mas também da dimensão

Fundamentos da procura: comportamento do consumidor

• Vamos então ver qual é a lógica dos consumidores, como é que raciocinam os consumidores para
justificar o formato da curva da procura, para justificar a lei da procura

A “lei da procura”

27
• Quando o preço de um bem sobe, a quantidade procurada diminui, e
vice-versa
• Esta lei da procura fundamenta a inclinação negativa da curva da procura
• Esta lei baseia-se no princípio do custo-benefício
o Isto é, pessoas diferentes têm preços de reserva (benefícios)
diferentes, do mesmo produto
▪ É o mesmo que dizer que retiram utilidade diferente do
consumo de um bem
▪ Na economia, utilidade significa a satisfação do consumidor
▪ Nós adquirimos um bem ou um serviço com o objetivo de satisfazer uma
necessidade
▪ Para satisfazer essas necessidades, das duas uma: ou resolvemos nós o problema,
portanto, ou produzimos nós, ou então compramos
▪ Numa economia livre, cada um tem as suas necessidades e procura satisfazê-las
▪ Portanto, tudo o que consumimos é porque temos necessidades
▪ Como as necessidades são diferentes de pessoa para pessoa, os produtos, os bens,
também dão satisfação diferente de pessoa para pessoa (por exemplo, uma pessoa
pode gostar mais de iogurtes do que outra- é obvio que o iogurte vai dar uma maio
satisfação a quem gosta muito do que a quem gosta um bocadinho menos)

• Portanto, os consumidores tiram diferentes satisfações do mesmo produto, porque tiram benefícios
diferentes, o tal preço de reserva diferente
• Mas o problema é que, no mercado, os produtos noa têm um preço para cada um dos consumidores,
para cada um de nós
o Quando vamos ao supermercado um iogurte custa o mesmo para todos
o Ou seja, o preço que cada um esta disposto a dar por um produto, depende deste preço de
reserva, depende da satisfação que tira do produto

• Supondo que conseguíamos quantificar a nossa satisfação, em moeda, em euros (na mesma unidade
em que está o preço)
o Então, na análise custo-benefício, dizemos: estou disposto a pagar 80 cêntimos por um
iogurte, se esse iogurte nos der uma satisfação de 80 (no mínimo) ou mais
▪ Porque só aí fico a ganhar- benefício é superior ao custo
o Se só gostasse 70 do iogurte, não estava disposto a comprar um iogurte de 80 cêntimos,
porque não trazia lucro
o As pessoas, racionalmente, pensam assim: só estou disposto a dar 80 cêntimos por uma
coisa, se a satisfação compensar
▪ E se compensa, é porque, no mínimo, a satisfação é de 80 cêntimos ou mais (neste
caso)
o Ninguém quer receber menos do que aquilo que paga

• Quando o preço (custo) de um produto sobe, os que têm um preço de reserva (benefício) mais baixo
se calhar deixam de consumir, porque fazem esta análise custo-benefício

• Quando olhamos para a curva de procura, vemos que ao preço de 60 há


alguns consumidores dispostos a comprar 8 unidades
• Ao preço de 50, 12 estão dispostos a comprar o produto- mas os 12 na
são todos iguais- os 8 primeiros até estão dispostos a dar 60, mas os
outros 4, só estão dispostos a dar 50
o O que significa que se o preço subir, por exemplo, para 55, só
estes 8 é que compram, os 4 deixam de comprar, porque o
plafon de benefício do preço de reserva, para eles, é 50

28
o É assim que os consumidores raciocinam

Utilidade

• Utilidade: medida da satisfação do consumidor


• A utilidade total tende a crescer com a quantidade
consumida
o No quadro temos as quantidades de um produto
que podemos ir consumindo
o Supondo que o produto é cerveja, finos
o Se eu beber um fino, tiro uma satisfação (utilidade)
de 100
o Se beber 2 finos tenho uma satisfação total de 150
▪ Significa que o 2º fino me deu de satisfação de 50
▪ O 2º deu me menos satisfação que o 1º fino
▪ Por exemplo, quando bebi o 1º fino estava cheio de sede e quando bebi o 2º já
tinha menos sede, deu-me assim menos satisfação (mas ainda me deu satisfação)
▪ 0 3º fino deu-me 25 de satisfação- menos que o 2º
▪ O 4º fino ainda me deu menos- 12 de satisfação
▪ No 5º, a minha satisfação é de -3; temos uma satisfação negativa, “vomitou”- não só
não me aumentou a satisfação, como me diminuiu, ou seja, não devia ter bebido o
5º fino, porque o meu objetivo é maximizar a minha satisfação- eu estou melhor
com 187 do que com 184

Nota:

Mesmo só tirando 25 de satisfação do 3º fino, mesmo assim a minha satisfação total


aumentou, e o meu objetivo é maximizar a minha satisfação.

Agora, é evidente que, a certa altura, vamos ter de entrar em linha de conta com
quanto custa o fino.

Mas para já, eu estou a repara que a minha satisfação total está a aumentar, tirando
no 5º fino, em que noa há dúvida nenhuma que diminui, e por isso não o devo
consumir. Mas nas outras, apesar da satisfação que cada fino me dá estar a diminuir,
a satisfação total está a crescer.

• Ou seja, aqui, o que nós vemos é que a utilidade total vai


aumentando, mas vai aumentando cada vez menos, até depois
diminuir

Utilidade marginal (satisfação marginal)

• Utilidade total: acréscimo na utilidade total, resultante de consumir mais uma unidade

29
o O acréscimo que uma unidade do produto de má (neste caso de um fino) chamamos de
utilidade marginal
o É este conceito que vamos comparar com o custo marginal

• A lei da utilidade marginal é decrescente- a partir de certo


nível de consumo temos cada vez menores acréscimos de
utilidade total, até eventualmente ela ser zero e negativa,
como é o caso
• Utilidade marginal é decrescente

• Então, o que é relevante para as decisões é a utilidade


marginal

• Vamos introduzir o preço


o Se o preço do bem que estamos a falar for de 20, quantas unidades do produto devia
consumir?
▪ 3, porque a nossa utilidade marginal aos 3 é 25 e aos 4 já é menor que 20 (é 12)
o O que o consumidor faz é então comparar o custo marginal (quanto me custa mais uma
unidade, quanto me custa comprar) com a utilidade marginal

• Se eu consumir 1, tenho uma utilidade de 100 e vou pagar 20, tenho um lucro de 80
• Se eu consumir a 2ª, ainda tenho uma utilidade de 50; como pago 20, ainda me compensa
• A 3ª ainda me compensa- dá-me 25 e pago 20 ainda me compensa
• Na 4ª já não. Apesar de me aumentar a utilidade total, faz com que eu, na 4ª, tenha só uma satisfação
marginal de 12,mas que pague por isso 20, isto é, vai contribuir com -8 para o meu prejuízo
o Não me interessa pagar 20 para receber 12
• Se o preço for 24, era igual, íamos consumir na mesma 3, à justa- pagava 24 , se o preço fosse 24, e
consumia 25
• Se o preço fosse 75, só consumia 1, porque só o 1º é que dava uma satisfação superior ao preço; o 2º
já só me dava 50- não pago 75 para receber 50

• Enquanto a utilidade marginal for igual ao preço, eu devo consumir

• Por exemplo, se eu pudesse fracionar a quantidade e se eu consumisse 3.1, a satisfação, se calhar, era
de 24
o Portanto, se o preço fosse 24, era aí que eu devia ficar, porque imediatamente antes eu
ainda não estou a satisfazer o máximo
o Eu até o preço igualar à utilidade marginal, interessa-me ir, porque estou a aumentar a
satisfação que eu tiro, ainda tiro lucro disso
• Supondo que ia consumir 3.2 e que a minha satisfação era de 23, ainda me ia interessar, porque se o
preço fosse 20, ia receber 23
• Devo ir sempre, enquanto a utilidade marginal for superior ao custo
• Ora, em contínuo, isto é na margem, é imediatamente antes, ainda me interessa esse, portanto, só
paro quando for igual

Restrição orçamental

• Se o preço de uma unidade de um bem excede a respetiva utilidade marginal, o consumidor não a
compra

30
• Mas mesmo que isso não aconteça, o consumidor pode não a comprar, porque, com o mesmo
dinheiro, pode conseguir maior utilidade marginal comprando outro bem
o Como o orçamento do consumidor não é infinito, ele tem que escolher em que bens gasta o
seu dinheiro, de forma a obter o máximo de utilidade

Despensa racional

• Tem 1€ para gastar, ou em cerveja ou em tremoços


o 1€ de cerveja faz aumentar a utilidade em 10 (dá-lhe uma utilidade de 10)
o 1€ de tremoços, ao mesmo preço da cerveja, faz aumentar a utilidade para 12
• Em que bem deve gastar o euro?
o Não há dúvida nenhuma que vai gastar o euro no prato de tremoços; deve gastar o euro no
bem e que se consiga uma maior utilidade marginal (acréscimo na utilidade, de satisfação)
o Custa o mesmo e a satisfação é maior
• Mas como nós sabemos, a utilidade marginal dos bens é decrescente
o À medida que vamos consumindo mais tremoços, a sua utilidade marginal diminui
• De modo que, se eu tivesse um segundo euro, eu ia pensar: agora o que faço? Como outro prato de
tremoços ou outra cerveja?
o Vou ter de ver quanto é que me dá o 2º prato de tremoços, porque se o 2º prato de
tremoços me der 11, eu ainda como um segundo prato de tremoços antes de beber mais um
fino
o Agora se, de facto, a utilidade do segundo prato de tremoços (a utilidade marginal dos
tremoços) for de 8 para o 2º prato, eu não como o 2º prato de tremoços, vou antes beber
mais uma cerveja

Regra da despesa racional

• Para gastarmos o dinheiro de forma racional (com os recursos que temos, maximizarmos a utilidade,
a nossa satisfação), devemos distribuí-lo pelos vários bens, de forma a que gastar um euro adicional
em qualquer um deles proporcione a mesma utilidade marginal:

o Isto é, devemos de dividir entre a cerveja e os tremoços


o Devemos consumir cerveja até que a utilidade marginal da cerveja sobre o preço da cerveja
seja igual à atividade marginal dos tremoços sobre o preço dos tremoços

• Exemplo 1

31
o No quadro temos a utilidade total proporcionada pelo bem A, à medida que eu vou
consumindo mais unidades do bem A, e o mesmo para o bem B
o O consumidor tem 12 para gastar (rendimento do consumidor)
o Preço A é 2 e do B é 1
o Queremos saber o consumo ótimo deste consumidor

• Olhando para a segunda tabela (a da direita)


o O meu rendimento, o que eu tenho para gastar é 12
o Bem A=2 e bem B=1
o Eu posso, gastando o meu rendimento de 12, obter uma destas combinações entre A e B
o Posso, por exemplo, consumir 12 unidades do bem B
▪ O preço era 12 (12*1=12) e não consumia nada do A e tinha uma utilidade total de,
por exemplo, 20 (não aparece na 1ª tabela já)
o Ou posso consumir 6 unidades de A (6*2=12) e 0 de B
▪ Consumia na mesma 12
▪ Se consumisse 6 unidades de A tinha uma utilidade total de 10, porque não
consumia nada de B e, por isso, era 10
o Podia consumir 5 de A (5*2=10) e 2 de B (2*1=2)
▪ Consumia 12 na mesma
▪ A utilidade total de A era 10 e de B seria 14
▪ 10+14=24
o Podia consumir 4 de A e 4 de B (4*2+4*1=12)
▪ A utilidade total de A seria 10 e a de B 21, sendo a soma da duas 31
o Podia consumir 3 de A e 6 e B
▪ 9+24=33
o E o mesmo para 2 de A e 8 de B

• Isto é, eu consumindo todo o meu rendimento, onde obtenho a satisfação máxima?


o Consumindo 3 unidades do bem A e 6 do bem B, obtendo a utilidade máxima de 33

32
o O um objetivo é sempre maximizar a minha satisfação

• Chegamos lá através da nossa análise da utilidade marginal- da tabela da esquerda


o Temos a utilidade marginal que é dada à medida que vamos consumindo cada um dos bens
o De acordo com a regra que vimos anteriormente, quanto é que eu devo consumir do bem A?
▪ Até a utilidade marginal igualar ao preço (consumindo 3 unidades)
o E no bem B?
▪ Vamos consumir até a utilidade marginal igualar o preço (consumindo 6 unidades)
• Para maximizar a minha satisfação, devo distribuir o meu orçamento pelos vários bens, de forma a
que a utilidade marginal de A sobre o preço de A seja igual à utilidade marginal de B sobre o peço de
B, ambos iguais a 1:

• Isto é, eu vou consumir de cada um dos bens, até que a utilidade marginal iguale o preço
o Portanto, eu tiro o máximo de satisfação, consumindo cada coisa até que a utilidade
marginal iguale o preço de cada um dos bens

Curva da procura de mercado

• A procura de mercado é a soma horizontal das procuras individuais


o A cada preço, a quantidade procurada total é a soma das
procuras por cada indivíduo

• Na última aula acabamos a ver o comportamento do consumidor, a forma como um consumidor toma
decisões racionais, no sentido de maximizar a satisfação que tira dos recursos que tem, de um
orçamento que tem
• No fundo, são essas decisões e esse comportamento que justifica a inclinação tradicional da curva da
procura

Elasticidade-preço da procura

• Conceito que é traduzido pela própria inclinação da curva da procura


• Isto é, se tivermos a curva da procura com a inclinação tradicional, esta
inclinação da curva, o declive, é o que nos vai dar a elasticidade
• Elasticidade: medida de sensibilidade que traduz a sensibilidade da procura
de um produto, a variações do seu preço- depende do declive da curva
o Por exemplo, se o preço for 10€ a quantidade 50, e se o preço
baixar de 10 para 5, a quantidade procurada aumentaria, por
exemplo, de 50 para 70, de acordo com a curva da procura
o Procura aumenta 020 quando o preço baixa de 10 para 5- isto é válido para esta curva
da procura, com esta inclinação
• Se a curva da procura tivesse outra inclinação (curva D’), se não fosse tao inclinada como a 1ª
o É uma curva menos inclinada que a primeira

33
o Por ser menos inclinada (por ser mais horizontal), se o preço baixasse de 10 para 5, a procura
aumentaria de 50 para 100
o A procura aumentava muito mais em relação à curva anterior, do que se o preço baixasse de
10 para 5, que a procura apenas aumentava de 50 para 70
• A sensibilidade da procura de um bem a variações do preço corresponde à elasticidade
• A elasticidade mede a sensibilidade da quantidade procurada perante variações do preço do seu
produto
o No fundo, dá-nos a seguinte interpretação:
▪ Se o preço, por exemplo, variar 1%, em que percentagem varia a quantidade
procurada?
▪ Se o preço variar 1% e a quantidade procurada variar mais que 1%, isto significa que
a elasticidade de preço da procura é superior a 1, e, portanto, dizemos que este
produto tem uma procura elástica

▪ Se quando o preço varia 1%, a procura varia exatamente 1%, a elasticidade de preço
da procura é igual a 1, e dizemos que temos uma elasticidade unitária

▪ Se quando o preço varia 1% a quantidade procurada varia menos que 1%, a


elasticidade de preço da procura é menor que 1, e temos uma procura inelástica

▪ Ou seja:

• Em termos formais, a elasticidade de preço-procura de um bem é variação relativa da quantidade


(∆Q/Q) sobre a variação relativa do preço (∆P/P), ou seja, temos:

• Variação relativa:
o Se eu tenho um preço de 50 e aumento para 60, se quiser calcular variação relativa, se
quiser calcular percentualmente como subiu este preço, faço:
▪ (Em termos absolutos aumentou 10%)
▪ Em termos relativos, se queremos o valor relativo, fazemos:

• Teríamos o valor de 0,2 ou em percentagem 20% (um aumento de 20%,


aumentou 20%)
• Ora na expressão da elasticidade temos a variação relativa da quantidade (∆Q/Q) sobre a variação
relativa do preço (∆P/P)
• Neste caso, temos (60/50)-1=0.2*100=20%
• Ora, a elasticidade do preço da procura é igual à variação da quantidade sobre a quantidade sobre a
variação do preço sobre preço

34
• Vamos supor que para o preço de 50 temos uma quantidade procurada de 200 e ao preço de 60
temos uma quantidade de 170

o É a lei da procura tradicional- o preço subiu e a quantidade procurada desceu


o Vamos então calcular a elasticidade preço da procura deste produto:

o Na elasticidade do preço da procura de um bem, a elasticidade é sempre negativa- porque


preço e quantidade variam em sentido contrário- lei da procura normal
▪ A lei da procura diz-nos que quando o preço sobe, a quantidade procurada desce, e
vice-versa
o Ou seja, quando o denominador é positivo, sabemos que o denominador vai ser negativo- a
fração vai ser sempre negativa- a elasticidade de preço da procura é sempre negativa

o Teríamos então -0.15 / 1.2 = - 0.75


o Dizíamos que a elasticidade de preço de procura deste bem seria - 0.75

• Como é que lemos este -0.75?


o Se o preço deste produto variar 1 ponto percentual, a quantidade procurada varia 0.75 em
sentido contrário
o Ou seja, se o preço sobe 1%, a quantidade procurada vai baixar 0.75%
o Ou, se quisermos, se o preço subir 10%, a quantidade procurada desce 7,5%
o Temos então uma medida de sensibilidade, a elasticidade, para perceber o que pode
acontecer à procura perante variações de preço

35
• Exemplo

o Considerar que temos 2 produtos: A e B


o No produto A, se o preço for 4 euros, a quantidade procurada é 120; se o preço for 5, a
quantidade procurada é 60
▪ O que temos aqui é a curva da procura- para cada preço temos a quantidade
procurada
o Para o produto B, se o preço for 3 euros, a quantidade procurada seria 100; se o preço
subisse 6 euros, a quantidade procurada descia para 60
o Com base nestes dados, vamos calcular a elasticidade preço da procura para cada um destes
bens (tal como fizemos à bocado):

• Ou seja, a elasticidade do produto A é de -2 e a do produto B é de -0.4

• Isto quer dizer que o produto A, por exemplo, se o preço subir 10%, a quantidade procurada desce
20%, e vice-versa
• No produto B, se o preço subir 10%, a quantidade procurada só vai descer 4%

• Isto é, são as medidas de sensibilidade, a elasticidade preço da procura, de cada um dos produtos

• Vejam como é importante o gestor de um produto ter a noção do que pode acontecer às suas vendas,
à procura do seu produto, se ele fizer variar o preço do seu produto
o Se o seu produto tiver uma procura elástica, em modulo superior a 1, como a do produto A,
se ele aumentar, por exemplo, o preço 10%, vai ter uma queda nas vendas de 20%
o Portanto, vende 10% mais caro, vai vender mais caro, mas por outro lado vai vender menos
20% do que o que vendia antes
o Temos um efeito de preço e quantidade que podem fazer com que ganhe mais ou menos

36
• Temos uma curva da procura, o rendimento que um produtor tira
• Vamos supor que ia vender a um preço de 10
• A este preço de 10 vendia 100 unidade do produto
o Isto é, o meu rendimento (preço*quantidade= 10*100) ia ser
de 1000 (RT1)
• Se eu baixasse o meu preço para 8, vamos supor que a quantidade
procurada era de 150
o Agora, o meu rendimento, depois de baixar o preço, seria de 8*150,
que seria 1200 (RT2)
• Isto é, como tenho uma elasticidade maior que 1, tenho uma procura
elástica, compensa-me baixar o preço de 10 para 8, porque como vou
vender mais, vou ganhar mais
• Baixo o preço e ganho mais
• Se calculássemos a elasticidade de preço da procura deste bem seria:

o Teríamos uma elasticidade de -2.5


o Uma elasticidade, em modulo, superior a 1, portanto teríamos uma procura elástica
o Este valor quer dizer que: se o preço variar 1 pondo percentual, a procura vai variar, em
sentido contrário, 2.5 pontos percentuais
▪ Isto é, eu baixo o preço 1% e a quantidade procurada aumentou 2.5%
o Isto significa que me compensa baixar o preço, neste caso
o Noutras circunstâncias não

• Se tivéssemos uma curva da procura mais inclinada, com maior declive:


o Supondo que, agora, para o preço de 10 a quantidade procurada era
de 100 e para o preço de 8 era de 110
o Então, no início, o meu rendimento total seria 1000 (RT1)
o O meu rendimento total linha (RT’) seria 880
o Agora perdi, não lucrei com a baixa de preço
▪ Porque a elasticidade de preço da procura é menor que 1,
é muito baixa
▪ Portanto, baixei o preço, mas a quantidade procurada não
subiu muito
▪ Vamos até calcular a elasticidade de preço da procura:

▪ A elasticidade de preço da procura seria -0.5, seria menor que 1; teríamos uma
procura inelástica
▪ Neste caso, se diminuísse o preço, não lucrava nada com isso

• Se eu subir o preço e a procura não baixar muito, posso até lucrar, ganhar com a subida de preço

37
• Para um gestor de produto, dá-lhe então muito jeito saber a elasticidade preço da procura, ou seja,
ter esta medida de sensibilidade de quanto é que varia a procura do nosso produto, para saber o que
podemos vender perante variações de preço

• Por exemplo, quando entramos num supermercado e vemos uma promoção de um produto, como
por exemplo pague 2 leve 3 ou então 20% de desconto num produto

o Qual é o objetivo das marcas a fazer isto?


o Temos 2 objetivos
▪ 1-baixo o preço, dou um incentivo às pessoas para experimentarem o meu produto
e experimentando até podem gostar e ficar clientes; para quem já conhece o
produto, pode ser que até compre mais porque o preço baixou
▪ 2-há também o objetivo de ter esta medida de sensibilidade- a elasticidade de preço
de procura do meu bem- eu baixo 20% o preço e vejo o que acontece à procura, às
vendas, durante um período de tempo- estou a testar, a tentar medir a elasticidade
de preço da procura do meu produto, para ter uma noção do que me pode esperar
• Alguém pode querer testar, por exemplo, o que aconteceria se subisse o
preço, quais seriam as consequências para isso a nível da procura
• Já sei que se subir o preço a procura desce, mas quanto é que desce?
• Porque já vimos que eu posso subir o preço, a quantidade procurada
descer, mas eu até ganhar mais, porque o efeito do preço do que eu ganho
a mais em cada um compensa o que eu deixo de ganhar pela perda de
vendas
• Depende, lá está, do declive da curva da procura do meu produto e,
portanto, depende da elasticidade do preço de procura

• Elasticidade de preço na procura, no fundo, traduz o declive da curva da procura

• Nós dizemos que, regra geral, a curva da procura tem uma inclinação que
temos visto, declive negativo, decresce da esquerda para a direta:
(isto na esmagadora maioria das situações)

• No entanto, há casos extremos de certo tipo de produtos, cuja curva da procura foge a esta regra do
declive negativo da curva da procura, são produtos que são exceção à regra

• Há produtos em que o declive da curva é perpendicular ao eixo das quantidades

o Tem elasticidade de preço da procura nula

38
• Olhando graficamente para esta curva, como interpretamos esta curva vertical?
o Independente do preço, a quantidade procurada é sempre a mesma
o Ou seja, os consumidores são insensíveis ao preço
o Por isso é que a elasticidade é nula

• De que tipos de produtos estamos a falar, que produtos excecionais são esses? Que produtos têm
uma curva vertical?
• A que tipo de produtos os consumidores são completamente insensíveis ao preço?
o São produtos que são mais do que 1ª necessidade, são produtos vitais, são produtos de vida
ou de morte
▪ Por exemplo, seja qual for o preço da insulina, o diabéticos continuam a precisar de
insulina e vão continuar sempre a comprar
▪ O preço da insulina vai depender do número de diabéticos que existirem
▪ Se há 20 diabéticos, a procura de insulina vai ser de 20
▪ Não depende do preço, é algo vital, os diabéticos não vivem sem insulina

• Quem é que não pagava uma fortuna, fosse o que fosse, por uma vacina do covid?
o Pagava o que fosse preciso

• Por exemplo, em Portugal, havia um bebé com uma doença rara e o medicamento era muito caro
o O medicamento era tão caro, porque o laboratório não podia produzir o medicamento em
massa, porque haviam muito poucas pessoas com essa doença
o Como não há muitos doentes, este laboratório nunca vai vender muito, porque
simplesmente não há doentes, nunca podia compensar via quantidade baixar o preço
o É sempre relação preço e quantidade

• No caso das vacinas do covid é ao contrário, é a população toda que tem de ser vacinada, é em massa
o Portanto, o preço não tem de ser caro
o Porque via quantidade, eu posso produzir em massa e ganhar via quantidade
o Mesmo que a vacina seja barata, como vou vender mais, vender melhor, o preço vezes a
quantidade (o retângulo da curva da procura) vai ser maior, posso praticar preços baixos

• Estamos a ver casos limite, casos excecionais- casos vitais, de vida ou de morte

• No outro extremo, temos uma outra exceção, outros produtos, que têm uma curva de procura
horizontal, paralela ao eixo das quantidades- neste caso, a elasticidade do preço da procura é infinita

39
o Lemos a curva: ao preço x vendo o que eu quiser, mas se quiser subir um bocadinho o preço,
se quiser vender mais 0.1 %, já noa vendo nada
o Qualquer subida do preço leva os consumidores a não comprarem nada, os consumidores
deixariam de comprar o produto
o Se vendesse a 30 vendo infinitamente; se vender a 30.1 já não vendo nada
o Raciocínio contrário ao anterior
▪ Os consumidores são, no que diz respeito à quantidade procurada, totalmente
sensíveis ao preço
o A mais pequena variação de preço faz com que eu não compre

• De que tipo de produtos falamos agora?


o São produtos (ou marcas) que têm muitos substitutos, facilmente substituo este produto
o Quando o produto em causa é facilmente substituído por outro, como o caso do arroz
o As pessoas não são fiéis a nenhuma marca de arroz
o Uma coisa é o tipo de arroz, mas agora a marca não importa!
o Há determinados produtos que as pessoas não têm grande fidelidade a uma marca em
específico
o Nestes casso, se uma marca aumenta de preço, as pessoas deixam de comprar a essa marca
e vão comprar de outra

• Isto é, a uma mais pequena subida de preço, as pessoas deixam de comprar


o Por isso é que a curva da procura é horizontal

• É evidente que na maior parte dos produtos isto não acontece, as pessoas acabam por ser fiéis às
marcas, como é o caso do vestuário, em que as pessoas são fiéis às marcas de roupa, como por
exemplo, se gosto muito de umas calças da levi´s, se ela subir um pouco de preço, vou continuar na
mesma a comprar; o mesmo ocorre nos perfumes, por exemplo- nestes casos as curvas NÃO são
horizontais

• Por exemplo, no caso dos iogurtes, as pessoas querem saber se um iogurte é com açúcar ou sem, com
ou sem pedaços, etc, agora de que marca é não interessa, portanto, se o preço aumenta, vão a outra
marca comprar iogurtes com as mesmas características- curvas horizontais

• Então:
o Curva vertical- produtos vitais
o Curva horizontal- há tantos substitutos que eu facilmente passo sem esse produto, compro
outro de outra marca, porque só um é que subiu o preço

• Nós temos falado da elasticidade da curva da procura, que tem a ver com o declive da curva da
procura, com a inclinação

40
o Tem, portanto, a ver com a sensibilidade da quantidade procurada de um produto a
variações do preço do próprio bem
o Tem a ver com a tal analise ao longo da curva da procura

Determinantes da elasticidade-preço

• Possibilidades de substituição
o Quantos mais bens semelhantes existirem, mais fácil é os consumidores reagirem a subidas
de preço
• Preço no orçamento
o Os consumidores tendem a reagir mais a subidas do preço de bens caros
▪ Até porque os bens caros, normalmente, são supérfluos, posso passar bem sem eles
▪ Por exemplo, um spa que eu frequento, se a mensalidade aumentar, pesa-me no
orçamento, deixo de ir ao spa, porque passo bem sem ir lá
▪ Passo muito melhor sem estes bens supérfluos do que passo sem carne, por
exemplo
• Tempo
o Os consumidores reagem mais a longo prazo do que no imediato
▪ Isto porque é com dificuldade que as pessoas alteram os seus hábitos de consumo
▪ As pessoas habituam-se a um padrão de consumo e depois é difícil deixar esses
hábitos
▪ Mesmo que fique desempregado, mesmo assim não altero imediatamente, posso,
por exemplo, ter dinheiro arrecadado, guardado e tenho também sempre a opção
de aceder a crédito
▪ As pessoa tendem a reagir com algum delay, porque é com alguma dificuldade que
se lateram padrões de consumo

Outras elasticidades

• Não existe só elasticidade de preço de procura


• Preço não é o único determinante da procura
• Quando começamos a analisar a curva da procura, começamos por dizer que existem várias variáveis
que influenciam a procura
• O preço do bem é uma delas, talvez da mais importantes, e é o que leva à curva da procura e à analise
ao longo da curva da procura, à variação da quantidade procurada, como nós definimos
• Mas já vimos que a procura pode variar porque há deslocações da curva da procura (porque há
variações na procura)
o Isto ocorre quando varia uma ou mais das outras variáveis explicativas, nomeadamente o
rendimento das pessoas, por exemplo
o Se o meu rendimento baixar, se calhar consumo menos carne , ou menos peixe, do que o
que consumia, apesar do preço da carne e do peixe ser o mesmo

• Também podemos falar de uma elasticidade de rendimento da procura


o O que íamos fazer aqui?
o Qual foi a variação relativa da quantidade procurada em função de variações relativas do
meu rendimento- o denominador, em vez de estar a variação relativa do preço, estaria do
rendimento (R):

41
o E a leitura que fazíamos desta elasticidade era: se o meu rendimento variar 1%, quanto é que
varia a quantidade procurada
• Esta elasticidade de rendimento da procura é negativa, como a elasticidade de preço da procura de à
pouco, ou é positiva? A fração acima escrita é positiva ou negativa?
o Olhando para a curva:

• Se as pessoas passarem a ter mais rendimento, vão procurar mais de tudo, em princípio
• Por isso é que a curva da procura que vimos anteriormente se desloca para a direita (reta D’)
• O meu rendimento diminui, a curva da procura desloca-se para a esquerda (reta D’’)
• O que significa que esta fração:

• Se o rendimento aumenta, por isso, o denominador é positivo, varia positivamente, eu vou procurar
mais, sendo assim o numerador também positivo
• Se o rendimento diminui, vou procurar menos

• Isto é numerador e denominador têm sempre o mesmo sinal e agora o resultado, a elasticidade, vai
ser sempre positiva

o Tenho mais rendimento, se calhar como mais vezes fora


o E o mesmo para o inverso, tenho menos rendimento, faço menos coisas

• Portanto, a elasticidade de rendimento da procura é sempre positiva


o Isto em condições normais, para a esmagadora maioria dos bens

• Claro que aqui também há exceções, também há produtos com elasticidade negativa
o Há produtos que quando tenho mais rendimento, consumo menos
▪ Como por exemplo produtos de primeiríssima necessidade
▪ Pensem no pão, por exemplo
▪ Há pessoas que consomem determinada quantidade de pão, porque não têm
rendimentos para comer outra coisa
▪ Se essa pessoa tiver mais rendimentos, é capaz de começar a comer menos pão e,
por exemplo, mais croissants
▪ São bens básicos

42
▪ São bens que são exceções à regra da elasticidade de rendimento da procura

o Há determinados bens que as pessoas consomem porque são muito pobres, têm muito
pouco rendimento, e se o seu rendimento aumenta, deixam de comprar esses bens, porque
eram “obrigadas a adquirir” e compram outros melhores

• Elasticidade cruzada da procura

o Agora temos: se o preço de um bem variar, quanto e que varia a quantidade procurada de
um outro bem
o Agora tenho na elasticidade a variação relativa da quantidade procurada, por exemplo, do
bem A, perante variações relativas do preço do bem B

o Ou seja, é uma elasticidade de preço da procura, mas cruzada


o Isto é, eu estou a comparar a variação da quantidade procurada de um bem com a variação
do preço de um outro bem

o Aqui é muito importante vermos de que tipo de bem estamos a falar


o Se os bens A e B forem bens substitutos, que forem bens que se substituem um ao outro
(são muito semelhantes, são praticamente indiferentes), esta elasticidade será positiva
▪ Por exemplo, vamos considerar que estamos a falar de manteiga e margarina e
vamos considerar que são substitutos
▪ Tanto cozinho com uma ou com outra
▪ Manteiga é o produto B que temos na expressão acima e a margarina é o produto A
▪ Sobe o preço da manteiga
▪ O que acontece à procura da margarina?
▪ Aumenta
▪ Como eles são substitutos, como tanto faz um ou outro, as pessoas deixam de
consumir manteiga e passam para a margarina
▪ Então o consumo da margarina sobe
▪ Ou seja, na expressão acima, se o denominador subir, o numerador sobe-
elasticidade positiva
▪ ISTO PARA BENS SUBSTITUTOS

• Se em vez de substitutos, os bens forem complementares


o Supondo, por exemplo, o preço da eletricidade e a procura de carros elétricos
o Supondo que a eletricidade é o B e os carros elétricos é o A
o Se o preço da eletricidade sobe, a procura dos carros elétricos vai diminuir
o E aqui a elasticidade volta a ser negativa, como vimos inicialmente

• Na elasticidade cruzada, o sinal da elasticidade depende dos bens que estamos a analisar, se são
bens substituto ou complementares

43
o Assim, se os bens são substitutos têm elasticidade cruzada positiva
o Se os bens são complementares, têm elasticidade cruzada negativa

Fundamentos da oferta: comportamentos das empresas

Concorrência perfeita

• Vamos começar por ver o comportamento das empresas em concorrência perfeita, em mercados
perfeitos

• Quando falamos em mercados de concorrência perfeita, na realidade, na vida real, não há mercados
perfeitos
• Há uns que se aproximam um bocadinho mais deste conceito de mercado de concorrência perfeita,
mas depois na prática não há nenhum mercado que reúna as condições que vamos ver e que
correspondem a este conceito de mercado de concorrência perfeita

• Todos os mercados são mais ou menos imperfeitos

Mercado de concorrência perfeita

• É um mercado em que existem muito vendedores e compradores


o Porque existem muitos vendedores e compradores nesse mercado, cada um só por si,
representa uma fração muito pequena da quantidade transacionada no mercado
o Cada empresa, cada produtor, individualmente, é pequeno demais para ter influência no
mercado, só ele sozinho, apenas por si só
• Produto homogéneo, os produtos que os vendedores/produtores oferecem são todos iguais
o Ao mesmo preço, os consumidores noa têm preferência por nenhum vendedor

• Por exemplo
o No caso do mercado das ações, a bolsa de ações, é considerado o mercado que mais se
aproxima deste conceito de mercado perfeito
▪ Se virmos bem, o que esses mercados estão a transacionar são as ações das
empresas
▪ Nesses mercados, há muitos vendedores e muitos compradores- há muita agente
que oferece ações e há muitas pessoas que querem comprar essas ações
▪ Portanto, a 1ª característica esta satisfeita- muitos vendedores e muitos
compradores
▪ 2ª característica- produto homogéneo
• Toda a gente que oferece ações, oferece as mesmas ações
• Há homogeneidade naquilo que estão a vender- as ações que estão a ser
oferecidas são todas as mesmas

44
• Portanto, quem compra, é lhe indiferente a quem compra, uma vez que as
ações são todas iguais

• Depois temos uma 3ª característica: deverá existir uma informação perfeita


o Isto é, todos, quer compradores que vendedores, sabem tudo o que é relevante para decidir
comprar ou vender
o Ou seja, o conhecimento é total
o Isto é uma característica muito exigente, mas também é por isto que uma empresa que
esteja cotada na bolsa tem uma série de exigências de prestação de informações ao mercado
o Embora também não exista esta informação perfeita, as empresas têm de dar muita
informação para o mercado, no fundo para as pessoas tomarem decisões fundamentadas,
seja de compra, seja de venda

o Temos depois aqui um problema: obrigatoriedade de dar uma informação importante ao


mercado e conciliar isto com “o segredo é a alma do negócio”
▪ Temos um problema conflituoso entre gerir uma empresa e manter o sigilo de
algumas informações
o A informação acaba por nunca ser perfeita
▪ Embora, se calhar não há nenhum mercado como o da bolsa, onde esta informação
se aproxima mais da perfeição, precisamente pela exigência de prestação de
informação que é exigida às empresas que têm ações

• Finalmente, temos uma 4ª característica, que é a perfeita mobilidade de fatores em período longo
o Ou seja, num determinado mercado, seja de vestuário, seja financeiro, etc, se as empresas
não estiverem satisfeitas num mercado, conseguem sair e dedicar todos os seus recursos a
outra atividade, e vice-versa, isto é, qualquer empresa que esteja fora deste mercado, pode
entrar no mercado
o Não há barreiras à entrada e à saída no mercado- isto obviamente no período longo, porque
a curto prazo, as empresas têm dificuldades em livrar-se dos custos fixos
o Podemos pensar, por exemplo, num hotel
▪ Veio uma crise no turismo por causa da pandemia e eu vou transformar o hotel num
hospital
▪ Mas no curto prazo, um hotel não se consegue transformar num hospital
▪ No longo prazo, isto já é possível

Curva da procura da empresa

• No gráfico da esquerda temos o que temos visto até agora, vamos supor que temos o mercado de um
determinado produto, a oferta, e a procura, com este preço de equilíbrio, P*, e a quantidade de
equilíbrio, Q*, sendo o ponto de equilíbrio o cruzamento de todas as retas

45
• No mercado de concorrência perfeita, onde há muitos compradores e muitos vendedores, uma
empresa só por si é pequena demais para influenciar o preço do mercado
o Assim, uma empresa destas é tomadora de preço
o Ou seja, só consegue vender os seus produto ao preço de mercado, ao preço que o mercado
fizer para um certo procuto
• No lado direito temos a curva da procura dos produtos da empresa, a curva da procura da empresa e
NÃO do mercado

• Supondo que temos um mercado de laranjas


• Na esquerda temos todo o mercado de laranjas, onde estão todos os produtores e vendedores, e a
própria empresa está incluída
• Na direita temos a curva da procura das laranjas, do produto, da própria empresa
o Já não é a curva da procura do mercado
o NÃO CONFUNDIR
o A curva da procura do mercado é a curva D do lado esquerdo!!!
o A curva da procura da empresa deste produtor de laranjas é a curva Di, do lado direito

• Ele sabe que é pequeno demais para influenciar o preço das laranjas
• Se ele quiser as laranjas, vai ter de vender ao preço de mercado, ao preço que o mercado estabelece
• E a este preço, ao preço da curva da direita, ele consegue vender a sua produção
• Se subir o preço, já não vende nada
o Ele se quiser vender, tem de vender ao preço de mercado

• Também não lhe interessa vender mais baixo do que o preço que consegue, mas acima do preço do
gráfico 2 já não consegue vender
o Acima desse preço ninguém lhe compra nada, porque ele é pequeno demais e não pesa nada
nas transações do mercado

• Se quiser vender, sujeita-se ao preço que o mercado faz, ao preço a que o mercado chega

• De tal forma a que a curva da procura dos produtos da empresa é horizontal- não consegue fazer o
seu próprio preço- é tomadora de preço

A produção

• Produzir é transformar fatores de produção num produto ou serviço


• Fatores de produção:
o Trabalho
o Recursos naturais……
o Matérias-primas
o Capital
o Recursos tecnológicos

• Ou seja, é pegar numa série de recursos e afetá-los à produção de algo

46
Período curto e período longo

• No curto prazo, no período curto


o A empresa não pode mudar a quantidade utilizada de certos fatores de produção
▪ Eu não consigo mudar os fatores que são fixos
o A empresa tem dois tipos de custos
▪ Custos variáveis- dependem da quantidade produzida
▪ Custos fixos- não dependem da quantidade produzida
• No longo prazo
o A empresa pode escolher livremente a quantidade de todos os fatores de produção
▪ Nomeadamente, pode-se desfazer deles todos, quer dos fixos, quer dos variáveis, e
tem um horizonte de planeamento

Produção total

• Vamos ver o que ocorre numa empresa que tem determinados fatores fixos (custos fixo) e outros
variáveis (custos variáveis) e que, num dado momento, a empresa tem estes dados fixos e vai usando
esta quantidade, é o fator variável- vai utilizando cada vez mais unidades do fator variável, para uma
determinada quantidade de fator fixo:

o Vamos então supor que à medida que aumenta o fator variável, um certo fator fixo, ele
consegue este acréscimo da produção total
o Logo à partida, olhando pata a tabela, vemos que quando ele vai utilizando mais unidades do
fator variável, ou seja, quando o fator variável aumenta, a produção total vai crescendo, mas
a partir de certa altura vai crescendo cada vez menos, até deixar de crescer e até,
eventualmente, diminuir

o Como se explica isto?


▪ Supondo que o custo fixo é uma máquina, que tem uma máquina, e que o fator
variável são os trabalhadores

▪ Se eu tiver 1 trabalhador a trabalhar com a maquina produza 10, se tiver 2


trabalhadores consigo produzir 24 (até melhorei, porque o 2º trabalhador permitiu
que eu acrescentasse 14 à produção total), quando meto o 3º trabalhador a
produção aumenta para 39 (aumenta em 15, ainda aumenta mais); quando pomos
o 4º trabalhador a trabalhar com a máquina, a produção total aumenta, mas o
acréscimo já foi só de 13, no 5º o acréscimo foi só de 9, no 6º foi de 5, quando meto
o 7º trabalhador não acrescento nada à produção e no 8º a produção vai baixar

47
▪ Podemos dizer que o rendimento que cada um destes trabalhadores vai dando é
cada vez menor- é um rendimento decrescente
▪ Até ao 3º até cresce, mas a partir do 4º cada um deles começa a ter um rendimento
menor
▪ Porque só há uma máquina e eles começam-se a atrapalhar uns aos outros, por
exemplo
▪ Ao fim de alguns trabalhadores, o rendimento de cada um deles é cada vez menos
▪ O 8º trabalhador atrapalha tanto que até faz com que a produção diminua

o Portanto, quando um produtor vai acrescentando fator variável, custos variáveis em cima de
um custo fixo, o rendimento vai diminuindo, ou seja, vão contribuindo cada vez menos para
a produção total

• Graficamente, temos:

o A produção começa por crescer, e até crescer cada vez mais, para depois inverter (de
côncavo para convexo), ou seja, começa a crescer, mas a crescer cada vez menos, até a
função atingir um máximo e começar a decrescer
▪ Isto à medida que se acrescenta quantidade de fator variável (eixo dos xx)

• Similarmente ao que vimos no comportamento do consumidor, com a utilidade marginal, a satisfação


marginal, aqui podemos falar de produção, ou produtividade, marginal
o Que é o que tivemos a fazer acima
o É o acréscimo que a utilização de uma unidade do fator variável provoca na produção total

Produtividade marginal

• É o acréscimo que a utilização de uma unidade do fator variável provoca na produção total
• É o acréscimo na produção resultante da utilização de uma unidade adicional de um determinado
fator
o Estando a quantidade dos outros fixa

48
• É a lei dos rendimentos decrescentes
o Quando há fatores fixos, aumentar sucessivamente a quantidade utilizada do fator variável
acabará por provocar acréscimos cada vez menores na produção

Produção total, média e marginal

• Temos aqui a produção total à medida que vou usando 1 unidade de fator variável e depois temos a
produção marginal
• Temos ainda a produção média, que é dividir a produção total pela quantidade de fator
o Vemos que a produção média também começa a crescer e depois também começa a
diminuir
• Aqui o que nos interessa é a produção marginal
o Vai diminuindo até atingir 0 e, eventualmente, torna-se negativa

Custo total

• Um produtor usa fatores, o que significa que para produzir suporta custos
• Para as mesmas produções que falamos à pouco temos:

• À medida que aumenta a produção, o custo total aumenta cada vez mais, por força dos rendimentos
decrescentes
o O custo total
• Isto é, o aumentar cada vez mais, significa que o custo, o delta, à medida que vou aumentando a
minha produção, o custo total vai sendo cada vez maior, a partir de certa altura

Custo marginal

• Aumento no custo provocado pela produção de mais uma unidade


• Devido aos rendimentos decrescentes, o custo marginal tende a ser crescente

49
o Conseguir uma unidade adicional de produto exige quantidades cada vez maiores do fator
variável e, portanto, acréscimos cada vez maiores no custo total
o Isto é, o custo marginal vai subindo
o Temos então a curva do custo marginal de uma empresa:

• E temos as conta que fizemos à pouco aqui sistematizadas na seguinte tabela:

Maximização do lucro

• No fundo, quanto é que uma empresa deve produzir, deve oferecer no mercado?
• O objetivo de um empresário é sempre a maximização do lucro (tal como o objetivo do consumidor é
maximizar a satisfação)
• Olhando para a tabela anterior e pensando que o empresário quer maximizar o lucro, quanto é que
ele deve produzir? Quanto é que ele deveria oferecer no mercado? Que quantidade de produto?
Onde é que ele maximiza o seu lucro?
o Ele deve oferecer todas as unidades que impliquem um custo marginal inferior ao preço de
venda
o Agora, num mercado de concorrência perfeita, que é o que estamos a ver, um empresário
não tem capacidade para influenciar o preço- é a tomadora de
preço
o Se ele quiser vender a sua produção, terá de vender ao preço do
mercado
o Portanto, o preço está definido- P* (é este o preço do mercado)
• Ele tem esta curva do custo marginal que diz: à mediada que vai
produzindo mais, qual é o custo marginal que suporta
• Então, quanto é que ele está interessado em oferecer?
o Está interessado em oferecer, enquanto o custo marginal for inferior ao preço a que ele vai
vender

50
o Ele está interessado em oferecer todas as unidades com o custo marginal inferior ao preço

• Por exemplo, se ele produzir esta quantidade q1, ele terá este custo marginal CMg1:

• E por quanto é
que vai vender este produto, esta unidade?
o Pelo
preço P*
• Então, se
fizermos a diferença entre o custo que ele teve (o custo
marginal) e o preço que ele vende, teremos o lucro

• Por analogia com o consumidor, para o consumidor saber quantos finos ou pratos de tremoços vai
comer ele vai comparar o custo marginal, ou seja, o custo que ele paga pelo fino ou pelo prato de
tremoços, e a satisfação que tira
o Nós vimos que enquanto a utilidade que ele tira de mais uma, a utilidade marginal, for
superior ao preço, isto é, ao custo, ele vai consumindo

• Por analogia, o produtor raciocina da mesma forma


o Enquanto o custo marginal de eu produzir mais uma unidade for inferior ao preço a que eu
vou vender, interessa-me produzir

• E esta quantidade q2, interessa-me produzir?


o Sim, porque ainda estou a ter um custo marginal inferior ao preço de venda
o Ainda estou a ter lucro
o E sempre assim
• Então até onde deve produzir?
o Até ao preço igualar ao custo marginal

• Porque é que não lhe interessa produzir a q3, a uma quantidade a seguir a q*?
o Porque aqui ele suporta este custo c2 e vende por este P*
Vai ter prejuízo!

• Portanto, ele quer ir até à linha tracejada- até o preço igualar o custo marginal-não ultrapassar
o Todas as unidades com o custo marginal inferior ao preço
• Portanto, a quantidade que está disposto a oferecer, depende do preço a que pode vender
o Se o preço for maior (P1), deve oferecer mais (q4)
o Se o preço for menor, deve oferecer menos

• A curva do custo marginal diz para cada preço, a quantidade que o produtor está disposto a oferecer

51
• Quando começamos a ver, a curva de oferta dizia-nos a mesma coisa, dizia para cada preço a
quantidade que que o produtor está disposto a oferecer

• Temos enão aqui o fundamento de oferta


o Isto é, a curva de oferta não é mais do que a curva do custo marginal da empresa, do
produtor

• É o que temos aqui:

A curva da oferta da empresa

• A curva da oferta da empresa diz-nos quanto é que a empresa vende a cada preço
• Mas isso é o que nos diz a curva do custo marginal
• Então, a curva de oferta de uma empresa é a sua curva de custo
marginal, mas não é toda, porque uma parte corresponde a um preço
superior ao custo marginal
• Ou seja, a curva deste gráfico será então a curva da empresa, mas não
continua, como o gráfico anterior, porque para depois desta curva ele
não está interessado!
o Pelos motivos que já vimos
o Porque se ele oferecer uma quantidade maior que q *, vai ter
um custo marginal superior ao preço a que ele vai vender
• Portanto, a curva da empresa é a curva do custo marginal da empresa até ao preço igualar o custo
marginal
• Enquanto o preço for superior ao custo marginal, como vimos atrás, interessa-lhe produzir e,
portanto, a curva de oferta da empresa é apenas este bocado aqui

• Estamos a dizer que o objetivo de um empresário é maximizar o lucro


• E o lucro a empresa é igual ao rendimento total que a empresa tira menos o custo total:

o É isto, o lucro, que ele quer maximizar, quer o lucro máximo

• Rendimento total é o preço vezes a quantidade:

o Se o preço for 10 e eu vender 100, vou ter um rendimento de 1000 (10*100)

52
• O rendimento que ele tira é função da curva da procura desse produto, como vimos à pouco:
o Eu tenho a minha curva da procura
o Se eu vender a este preço de 10 e a quantidade de 100, o
meu rendimento total é o preço vezes a quantidade, que neste
caso seria 1000:

o É este retângulo

• O rendimento total do empresário vai depender da curva da procura, porque é essa curva que me diz
para cada preço, quanto consigo vender
o Por exemplo: e se o preço for 5?
o Se calhar já consigo vender 200
o O rendimento total aqui já seria:

• O rendimento total que eu tiro é função, é dependente, da curva da procura

• Tal significa que o produtor:


o Se fixar o preço de venda, fica sujeito às quantidades que lhes correspondem na curva da
procura
o Se fixar as quantidades, fica sujeito ao preço que lhe corresponde na curva da procura. Por
outras palavras, fixar um preço significa fixar as quantidade, e vice-versa
▪ Mais a mais quando um produtor sabe que, num mercado de concorrência perfeita,
ele nunca pode fixar o preço, porque é tomador de preço, está sujeito ao preço de
mercado

• Portanto, um empresário, uma empresa, o seu grande objetivo, o objetivo principal da sua gestão a
sua principal função é atuar ao nível dos custos e ser o mais eficiente possível a produzir, isto é,
produzir ao menor custo possível- uma vez que não consegue mexer nos preços

• Por exemplo:

53
o Temos no quadro da esquerda a curva da procura
▪ Para cada preço, temos a quantidade procurada
o Isto é a curva da procura do mercado, deste produto
o Se o preço for 15, a quantidade procurada seria 1
▪ Então qual era o rendimento total- preço*quantidade?
▪ Seria 15
▪ Ao preço de 15 vendia 1 e tinha um rendimento total de 15
o Se o preço fosse 12.5, conseguia vender 2 e tirava um rendimento de 25
o E assim sucessivamente
o O objetivo do empresário é maximizar o seu lucro
o O rendimento total dele, pela tabela da esquerda, está sempre a crescer, embora o
rendimento marginal seja cada vez menor
▪ O rendimento que ele tira por vender mais uma unidade está a ser cada vez menor

o Vamos agora considerar que este produtor suportaria estes custos


▪ Portanto, à medida que ele vai produzindo mais, vai suportando este custo total

o Custo vai crescendo cada vez mais, como podemos ver pelo custo marginal
o Custo marginal cresce e cresce cada vez mais
o Então, sabemos que o lucro total é igual ao rendimento total menos o custo total:

54
o Vamos então confrontar o rendimento total com o custo total e calcular o lucro total, para
ver onde é que o empresário tem o lucro máximo
▪ Não esquecer que o objetivo dele é sempre maximizar o lucro total

o Então:
▪ Se produzir 1, tem um rendimento de 15, um custo total de 9 e um lucro total de 6
▪ Se oferecer 2, tem um RT de 25, um CT de 14 e um LT de 11
▪ Se produzir 3, tem um RT de 33, um CT de 21 e um LC de 12
▪ Etc

o Onde é que este empresário maximiza o seu lucro?


▪ Terá um lucro maior se produzir apenas 3 unidades

o Olhando para o lucro marginal, isto é, o lucro que ele acrescenta pelo facto de ele produzir
mais uma unidade, o lucro que ele obtém
o O produtor maximiza o lucro oferecendo 3 unidades do produto
o O produtor aumentará a sua produção enquanto o lucro marginal for positivo
▪ Reparem que ele aqui, produzindo a 3ª, ainda aumenta 1 ao lucro, tem um lucro
marginal de 1
▪ A produzir a 4ª unidade, o lucro total desce, o lucro marginal é de -4
o Enquanto o lucro marginal for positivo- interessa-lhe produzir
o Quando o lucro marginal passar a negativo, não lhe interessa produzir
▪ Significa que ele está a descer o lucro total

• Trabalhando aqui só com o rendimento marginal e com o custo marginal, interessa-lhe produzir
enquanto o rendimento marginal for superior ao custo
• Mais uma vez, por analogia com o consumidor e a utilidade marginal, o produtor maximiza o lucro,
isto tendencialmente, quando o rendimento marginal iguala o custo marginal

55
o Neste caso estamos a falar em 1, 2, 3, 4, etc, não há fracionamento
o Mas é fácil de perceber que, se houvesse fracionamento, poderia haver uma produção
(quantidade procurada) de 3.1 em que o rendimento marginal ia ser igual ao custo marginal
o E, portanto, caso fossem iguais, o lucro marginal seria 0
o E é aqui que ele deve parar
o Ele deve produzir até o rendimento marginal igualar o custo marginal

A curva de oferta do mercado

• A curva da oferta de mercado (de um produto) é a soma horizontal de todas as curvas da oferta
individuais (de cada produtor)
o Para cada preço, qual a quantidade oferecida por cada empresa?
o Somando essa quantidades, temos a informação necessária para construir a curva da oferta
de mercado
• Tal como a curva da procura de mercado é a soma horizontal das curvas da procura individuais

Determinantes da oferta

• O que determina esta curva de oferta?


• Uma vez que no mercado de concorrência perfeita o preço não é controlado pela empresa, porque é
tomadora de preços, o grande objetivo é o controle de custos
• Quanto a mais baixos custos conseguir produzir, mais interessado está em oferecer
• Isto depende de:
o Tecnologia
o Preços dos fatores produtivos
o Número de empresas
▪ Expectativas
▪ Preços de outros produtos
• Portanto, é isto que vai determinar a curva de oferta

Equilíbrio de período curto

• Entra aqui outra vez o que falamos à pouco: a mobilidade das empresas poderem sair ou entrar
quando quiserem, não haver barreiras à entrada
• Temos de falar outra vez em curto e longo prazo
• No curto prazo, com fatores fixos, o preço de equilíbrio do mercado tanto pode gerar lucro como
prejuízo para a empresa
• Se gera prejuízo, a empresa pode optar entre produzir a quantidade de equilíbrio ou encerrar
o Encerrando, a empresa só tem custos fixos
o Trabalhando, tem custos fixos e custos variáveis
o Só vale a pena trabalhar se a receita obtida chegar para pagar, pelo menos, os custos
variáveis

• Por exemplo:

56
o Supondo que uma empresa tem 30 de custos fixos e 50 de custos variáveis, tendo um custo
total de 80
o Supondo que esta empresa tem um rendimento total de 100
o Vai ter um lucro de 20 (100-80)
o Supondo que estamos a falar de um restaurante, nos tempos que correm
o Veio a pandemia e a situação passou a ser: custos fixos mantêm-se de 30, vai ter uma quebra
e o rendimento passa a 60. Custos variáveis baixam para 40
o Tinha um custo total de 70 e lucro total de -10 (60-70= -10)- vai haver um prejuízo de 10
o Então, em tempos de pandemia, tem prejuízo e este empresário vai pensar: se calhar vou
fechar por algum tempo, para não ter prejuízo
o Se ele fechasse por algum tempo, vamos ver o que acontecia:
▪ Rendimento ia ser de 0
▪ Ia suportar os custos fixos de 30 na mesma e não terá custos variáveis, vão ser 0,
porque como está fechado não vende nada
▪ Custo total é 30
▪ Lucro será de -30

o Então é preferível a situação 3 ou 2?


▪ A 2! A situação 2 será melhor que a 3, porque apesar de ambas terem prejuízo, é
melhor ter um prejuízo de 10 do que um prejuízo de 30
▪ Isto é, na situação 2, apesar de ter resultados negativos, de ter prejuízo, se ele
conseguir um rendimento que, pelo menos, seja superior aos custos variáveis, deve
manter o restaurante aberto, uma vez que se fechar (situação 3) terá um prejuízo
ainda maior do que se se manter aberto

• Era o que dizia atrás: só vale a pena trabalhar se a receita obtida, se os rendimentos obtidos, chegar
para pagar, pelos menos, os custos variáveis
• Que é o que temos na situação 2, em que as receitas obtidas ultrapassam o custo variável, o que
significa que já não suporta o custo fixo todo (ele suporta os custos todos na situação 3)
o Poderíamos dizer: mantenha pelo menos o take-away aberto
o Terá algum prejuízo, mas ao menos tem algum rendimento
▪ Se o rendimento que ele espera do take-away for, pelo menos, superior aos custos
variáveis, já não vai suportar os custos fixos todos; vai recuperar 20 daqueles 30 e só
vai ter um prejuízo de 10 (na situação 2)
o Ao paço que fechar as portas terá um prejuízo maior

• Claro que mesmo na situação 2 não é sustentável a longo prazo

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o Uma empresa não pode estar muito tempo a ter prejuízo
▪ Só se põe esta dúvida de manter aberto ou fechar a curto prazo!

Equilíbrio de período longo

• Em período longo todos os fatores são variáveis


o Ou seja, a longo prazo, eu tanto me posso livrar do custos variáveis como dos custos fixos
• Se uma empresa se mantém com prejuízos a longo prazo, isto não é sustentável e, por isso, vamos
fechar a empresa
• Então, se a empresa tem prejuízo, reduz todos os fatores a 0 (encerra) e passa a ter lucro 0
o Logo, o lucro de equilíbrio, a longo prazo, nunca é negativo
▪ Porque no longo prazo eu fecho a empresa e o lucro é 0
• Mas se as empresas têm lucro supranormal, isso atrai novas empresas para a indústria

• Então vamos ver o que ocorre a longo prazo, se houver mobilidade das empresas, se elas entrarem e
saírem de um determinado mercado, se não houverem barreiras

• No longo prazo, se as empresas manterem prejuízo, vão ter de fechar- leva


a encerramentos
o Se as empresas fecham, a oferta diminui, curva de oferta desloca-
se para a esquerda- curva passa de S’ para S- vai haver menos
oferta
o Diminuição de oferta- o preço sobe, temos novo ponto de
equilíbrio
o Ou seja, as empresas que noa fecharam, podem…
o Significa que as que não encerraram vão beneficiar disso, porque o preço vai subir e vão
puder vender mais caro

• Outra situação: Supondo que no mercado, num dado momento, temos lucro excessivo, o lucro das
empresas é excessivo
o Se não há barriras à entrada, isso vai atrair novas empresas, novos
empresários, atraídos por esse lucro alto
o Se entram novas empresas para o mercado, a oferta vai aumentar,
a curva da oferta vai para a direita, temos um novo equilíbrio e os
preços baixam
▪ Oferta aumenta e preço desce - lucro das empresas
diminui

• Para que o número de empresas seja estável o lucro tem de ser 0


o Quando se fala de lucro 0 não é as empresas não terem lucro!
o O que se considera lucro 0, lucro nulo económico é:
▪ O que as empresas ganham, e ganham alguma coisa, portanto, têm lucro, mas o
lucro é o lucro normal, ou seja, é o estritamente suficiente para terem interesse em
desenvolver a sua atividade
▪ Isto é, eles conseguem remunerar o investimento que fizeram, mas não tem lucros
acimo do normal

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• Portanto, no longo prazo, no mercado de concorrência perfeita, as empresas estão a maximizar o
lucro quando o preço iguala ao custo marginal: P=CM g
o Isto é, os consumidores pagam por cada unidade do produto exatamente o que custa
produzir a última unidade
• Os custos são os mais baixos possíveis
o Para tentarem ter o máximo de lucro, a empresas utilizam as soluções mais eficientes- para
conseguir baixar os custos (porque o preço é o do mercado)
• O lucro é nulo
o Isto é, o que as empresas ganham é o estritamente suficiente para terem interesse em
desenvolver a sua atividade
o Isto é, têm o lucro normal

• Se, por acaso, como vimos à pouco, num dado momento, as empresas tiverem um lucro supra-normal
o Como não há barreiras à entrada, este mercado está com um lucro muito alto
o É assim atrativo para as outras empresas
o As empresas ao entrar no mercado vão aumentar a oferta
o Aumenta oferta- diminui preço
o Lucro vem outra vez para o normal

• Portanto, no longo prazo, não há lucros excessivos, não há lucros que resultam de preços
especulativos por parte dos empresários

• O contrário do mercado de concorrência perfeita é, por exemplo, o monopólio


o Por exemplo, em Portugal, não é bem um monopólio, mas a EDP é quase monopolista na
produção de energia
o Ora, se eu sou o único que produzo o produto, não e reúnem as tais condições do mercado
perfeito, que é haver muitos produtores, em que nenhum deles, só por si, tem poder de
mercado para impor preço
o No monopólio, certa empresa impõe o preço
▪ Se sou o único que produzo o medicamento para a hepatite C, por exemplo,
imponho o preço que quero, sou monopolista

• Ou às vezes, no mercado, não há só 1 produtor, mas há poucos produtores (chama-se a isso


oligopólio- tal como acontece a nível mundial com o petróleo)
o Como são poucos produtores, formam um cartel, é mais fácil de chegar a um acordo e eles
em conjunto definem um preço
o São fazedores de preços
o Isto é o contrário do mercado perfeito
o É por isso que quando há mercados assim, o estado tem de intervir, porque o mercado não
gera situações de eficiência
▪ Isto é, o mercado não pratica o preço mais baixo- o preço já não é igual ao custo
marginal- isso é em mercados perfeitos
▪ Em mercados destes, o estado tem de intervir- para saber se os preços que estão a
ser impostos são ou não razoáveis- para defesa dos consumidores

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• O que muitas vezes acontece, na prática, é o que se chama um mercado de coocorrência monopolista
o Um mercado em que há muitos produtores
o Supondo que estamos a falar, por exemplo, do mercado de iogurtes
o Há muitos produtores de iogurtes
▪ Por essa característica, até se aproxima do mercado de concorrência perfeita
o Trata-se de um produto mais ou menos homogéneo, ou próximo disso, em que os produtos
são muito substitutos uns dos outros
o Nestes casos, cada produtor tenta diferenciar o seu produto da concorrência
o Para se diferenciar da concorrência, para, no fundo, fazer com que tenha um preço superior
aos outros, este produtor tenta-se dedicar noa ao mercado todo, mas apenas a uma parte do
mercado
▪ Por exemplo, produzir iogurtes para diabéticos
▪ Ele especializa-se em determinado tipo de iogurtes, de tal forma que, num
segmento do mercado, que é o mercado doa diabéticos, ele vai ser praticamente
monopolista
▪ No mercado de iogurtes ele não é monopolista, visto que há milhares de iogurtes
▪ Mas neste segmento do diabéticos só existe ele (ou ele e mais 2 ou 3)
▪ No fundo é um monopólio, se for o único, ou um oligopólio, se forem 2 ou 3, num
segmento de mercado
▪ É o que se chama de concorrência monopolística
▪ Isto é, há muitos concorrentes, mas como eu divido o mercado em partes e dedico-
me a uma das partes, por exemplo
▪ Nesse segmento de mercado já é fazedor de preço, já pode impor o próprio preço
▪ Já não tenho de ser tomador de preço, que é o que acontece quando há milhares de
produtores, em que cada um individualmente não tem a capacidade de influenciar o
preço

Capítulo 2
Noções fundamentais do Cálculo Financeiro

• Quando falamos de calculo financeiro, o elemento central deste tema é o juro

• Tecnicamente, o juro é o aumento que um capital (C) sofre quando aplicado durante um determinado
período de tempo (t), quando aplicada uma taxa de juro i
o Daí dizermos que o juro é função destas 3 variáveis
▪ De um capital inicial que se empresta
▪ Tempo
▪ Constante de proporcionalidade- taxa de juro

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• Em cada momento, em cada período de tempo (n), o juro obtém-se multiplicando o Capital do início
do período (C0) por uma constante de proporcionalidade positiva (in), isto é, multiplicando por uma
taxa de juro

• Vamos assumir que a taxa de juro é sempre positiva na nossa abordagem (por muito pequena que
seja será sempre maior que 0)
o É o que se verifica na maior parte das vezes

• Por exemplo, se fizermos um depósito a prazo num banco de 1000 € (C0=1000€), à taxa de juro de
10% (i=10%), vamos chegar ao final do ano e vamos produzir 100€ de juros:

o Este 100 resulta de multiplicar o C0 pelo i


o Houve um capital inicial, num decurso de tempo (neste caso de 1 ano), e sobre este capital
incidiu uma taxa, uma taxa anual de 10%, que produziu 100€ de juros
o De tal forma que o nosso capital, que era de 1000€ no início, passa a ser de 1100€ no fim
o No fim, como temos o capital mais os juros, temos um aumento de capital

Abordagem macro dos juros

• Juros- forma de rendimento (para quem recebe) que se juntam a todo um conjunto de formas de
rendimento que, no seu conjunto, e, por exemplo, a nível macro de um país denominamos
rendimento nacional
• O rendimento nacional é a soma dos rendimentos de todas as pessoas, de uma economia; pessoas,
empresas, etc

• Que tipo de rendimentos temos?


o Do trabalho- salários
o Rendas- quem tem uma casa ou equipamentos e aluga recebe uma renda
o Lucros- das empresas
o Direitos de autor- para os artistas, escritores, etc
o Juros

• Dizemos que temos 2 grandes tipos de rendimentos


o Rendimentos de trabalho (salários)
o Rendimentos que são da empresa (todo os outros que estávamos a falar)

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• Sobre o rendimento, por exemplo, recebemos um salário, esse rendimento, e parte disso vai para
impostos ou contribuições para a saúde social- fiscalidade
o A fiscalidade é o que pagamos dos nossos rendimentos, seja sob a forma de impostos seja
sob forma de contribuições para a segurança social

• Temos o nosso rendimento, como por exemplo, o salário bruto- depois fazemos os descontos e
ficamos com o salário líquido
• Em termos globais, se ao rendimento retiramos a fiscalidade teremos o rendimento disponível, que é
a parte do rendimento com a qual nós fazemos o que nos parece- parte que fica livre com a qual
fazemos o que entendemos

• O que podemos entender fazer com este rendimento disponível?


o Ou consumimos- compramos bens e serviços
o Ou poupamos- não consumimos- vamos renunciar um consumo presente para consumir
mais tarde, ou alguém por nós- adiamos o consumo

• Consumir é uma coisa boa, toda a gente gosta e consumir


• Ora, se é bom consumir, não consumir é um sacrifício- poupar implica sacrifício, estamos a adiar fazer
uma coisa boa
• Para sacrificar precisamos de um incentivo para poupar
o Esse incentivo pode ser uma taxa de juro
o Temos mais incentivos se receber juros de uma aplicação que faço no banco
o Quanto mais altos os juros que possa receber, maior o incentivo que eu tenho a poupar e,
portanto, a não consumir
• Se os juros estão muito baixos, os bancos pagam pouco, as pessoas têm pouco incentivo para poupar

• Se juntarmos não haver incentivo de poupar às preocupações das pessoas por terem um futuro
incerto, por não saberem o que futuro espera, como no tempo que vivemos agora, perante esse
receio, as pessoas tendem a poupar mais- motivo de precaução

• Isto é circunstancial, porque, por norma, Portugal tem baixos níveis de poupança- isto é muito
preocupante

• Supondo que numa sociedade as pessoas consomem praticamente todo o seu rendimento disponível
o Isto é, não poupam- ou têm níveis baixíssimos de poupança
• Se, para além disso, essa sociedade quer investir, isto é, construir pontes, hospitais, etc, com o que é
que faz?
o Se consumirmos tudo o que temos, como podemos investir?
o A nível de uma família, se gastarmos tudo, se consumirmos todo o nosso rendimento, como
podemos depois comprar um carro?

62
o Que recurso nos resta se consumir todo o rendimento disponível? Se depois quiser investir,
qual é a alternativa que lhe resta?
o Se depois quiser investir, temos de pedir empréstimos, endividamo-nos
▪ Se não consumimos menos e temos poupanças, só nos resta endividamento
▪ É por isso que Portugal tem um brutal endividamento! Precisamente porque,
tradicionalmente, poupamos muito pouco

• Portanto, com o nosso rendimento disponível, ou consumimos, ou poupamos

• Quando poupamos, das 2 uma: ou investimos ou entesouramos


o Entesourar- não fazer nada com o dinheiro, guardamos o dinheiro
▪ Isso não é muito saudável, porque aí o dinheiro não serve a ninguém

• O que é saudável é que a poupança seja canalisada para o investimento


o Ou seja, quem tem e num dado momento não precisa, possa canalizar, para quem precisa e
num dado momento não tem, que são os investidores- é esse o papel fundamental dos
bancos, do sistema financeiro

• A atividade fundamental dos bancos


o Quem poupa faz depósitos no banco, canaliza as poupanças para o banco, e depois o banco
se encarrega de emprestar, via crédito, às empresas, ou aos particulares, para financiar os
investimentos

• Isso é que é saudável numa economia, que haja poupança e que a poupança seja canalisada para
investimento, tendo os bancos um papal muito importante nisso

• Isto às vezes não acontecem e as pessoas tendem a entesourar mais

• Por exemplo, na crise de 2008/2009, a última grande crise, só mesmo batida por esta da pandemia,
quando isso aconteceu, teve várias consequências e uma delas foi vários bancos irem à falência
• Ora, quando os bancos voa a falência, as pessoas que têm as suas poupanças nos bancos, começam a
ter medo dos bancos, a desconfiar e começam a retirar o dinheiro dos bancos, aumentando o
entesouramento
o Isto, perante uma crise, agrava mais a crise, porque menos dinheiro os bancos têm para
emprestar- a economia recente isso

• É muito importante esta canalização, porque é a poupança que financia o investimento


o É do investimento que vem a criação de riqueza, de emprego, o bem estar em geral

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• Mas também, quando investimos, das duas uma:
o Ou fazemos investimentos reais
o Ou investimentos financeiros

• Ou seja, ou fazemos um investimento real- investimos num tereno, numa obra de arte, em muro, etc,
real, ou então fazemos um investimento financeiro- um depósito a prazo num banco, de onde saem
os juros, que são uma da formas que geram rendimento, pagam impostos, e o ciclo volta

• Só há juros se houver poupança, investimento e investimento financeiro

• Vamos agora ver o que é que está em causa quando falamos do valor do dinheiro no tempo

• Há 2 conceitos a reter:
o Capitalização
o Atualização ou desconto

• Capitalização é o processo pelo qual um determinado capital inicial produz juro, ao fim de um certo
período de tempo
o Isto é, é um bocado a situação que vimos à pouco, o exemplo do depósito a prazo
o Na capitalização andamos para a direita na reta do tempo
o Isto é, temos um capital inicial, que produz juros durante um período de tempo e chegamos
a um momento n, em que vamos ter um capital 1, que é maior que o anterior- há um
incremento de capital

64
o No exemplo que vimos à pouco, no depósito a prazo por 1 ano, ele tinha 1000 euros, durante
1 ano produziu juros- produziu de juros C0*i- produziu 100 de juros, isto é, passamos a ter
1100- C1=1100----capital incrementou-se (quando andamos para a direita na reta do tempo,
capitalizamos)

o O capital incrementou-se
o Quando capitalizamos- há incremento de capital

• A atualização ou desconto é o inverso da capitalização, andamos para a esquerda na reta do tempo-


descontamos os juros do capital no tempo
o Se o capital em C1 produziu juros, se eu quero saber quando é que ele vale em C0, tenho que
lhe descontar os juros- operação inversa da capitalização
o Andamos para a esquerda na reta do tempo- temos redução de capital
o Era vir de 1100 para 1000- tenho de descontar os juros que tinham sido produzidos
• Agora, o tempo não volta para trás, mas muitas vezes temos de raciocinar à esquerda na reta do
tempo
o Muitas vezes temos de descontar, porque temos de racionar para a esquerda

• Exemplo:
o No momento 0, hoje, temos 100 euros
o Vamos supor que um ano depois temos outros 100 euros
o Se eu pergunta: se pudéssemos escolher preferíamos ter 100 euros hoje ou daqui a um ano?
▪ Hoje, porque se o tivermos hoje, podemos aplicá-los de tal forma a que os 100
euros daqui a um ano valem mais que 100 euros
▪ Portanto, é melhor ter hoje do que só receber daqui a um ano, porque os 100 euros
hoje permitem ter mais do que 100 daqui a um ano
▪ Também podíamos raciocinar de frente para trás- da mesma forma que 100 euros
daqui a um ano valem mais de 100 euros, podemos dizer que os 100 euros que vou
receber daqui a um ano, há um ano atrás valem menos que 100 euros
▪ A conclusão é a mesma
▪ Para ter 100 euros daqui a um ano, teria de ter hoje um capital que com os juros
desse 100 euros; esse capital seria sempre menor que 100, como por exemplo, 80,
90, para que com os juros desse 100
• Seria um capital qualquer que, com juros, seria 100
• Se eu descontasse esses juros ao 100, hoje seria um valor menor que 100
▪ Assim, em qualquer circunstância prefiro ter hoje 100 euros

o E se houvesse inflação e o euro valia menos?


▪ Também preferia ter 100 euros hoje, porque daqui a um ano o euro alinda podia
valer menos- isto não alterava a nossa resposta
▪ Mesmo pensando que o dinheiro podia perder valor (inflação), preferia ter os 100
euros hoje, viso que os 100 euros daqui a um ano podia ainda valer menos

65
o Só havia uma situação em que isto podia inverter, se em vez de inflação houvesse deflação,
se dinheiro aumentasse de valor (voltaremos a isto mais tarde)

• Reparem:
o Há pouco dissemos:
o Se fizer um deposito a prazo de 1000 euros
▪ Portanto, tenho um capital C0 de 1000 euros
o A uma taxa de juros de 10%
o No final do ano vai-se produzir 100 de juros
o No final do ano vou ter 1100 euros
o Então, o juro, em cada momento, é calculado como: multiplicamos o C0 pela taxa, i
▪ Fizemos 1000*10% e temos 100 de juros
o O C1, o capital daqui a um ano vai ser igual ao C0 mais os juro
o Os juros é a expressão C0*i
o Então, no final do ano, C1, será C0*(1+i)
o Ou seja, temos que:

• É o que temos aqui:

• Se a taxa de juro fosse 10%, 1 ano depois, os 100 euros valiam 110
o Isto é a capitalização
o Andarmos para a direita na reta do tempo

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• Agora reparem, a operação inversa, a atualização/desconto, fazemos a operação inversa
o É resolver a equação anterior em ordem a C0 !!!
o Nós agora sabemos C1 e queremos é saber C0
o Os 100 euros passavam a valer 90.90 euros
o Isto é, os 100 euros daqui a um ano, hoje valem 90.90
o Se aplicar 90.90 no momento 0, à taxa de 10%, daqui a um ano tenho 100

• Podíamos fazer o raciocínio:


o Prefiro ter 100 euros hoje, porque 100 daqui a 1 ano valem 110, que é mais que 100
• Ou o raciocínio contrário:
o Prefiro ter 100 euros hoje, porque 100 euros daqui a 1 ano, hoje só valem 90.90

• Seja qual a perspetiva, prefiro ter os 100 euros hoje, sem mais especulações
o Pensando só em termos financeiros, prefiro sempre ter hoje os 100 euros, baste que para
isso a taxa de juros seja positiva e que haja produção de juros

• E se, sem mais informações, perguntasse se prefiro ter 100 euros hoje ou 110 daqui a um ano?
o A única resposta possível é: depende
o Depende do quê? Do que é que depende a comparação destes 2 montantes?
▪ Das taxas de juro (i)
o Se, por exemplo, a taxa de juro for 10%, qual
destes valores é maior?
▪ É o mesmo!
▪ Será, portando, indiferente
▪ Há pouco vimos que 100 euros daqui a
um ano valem 110
• Porque 100*(1+10%)=110
o Se a taxa de juro for 20%, o que preferimos?
▪ Os 100 euros hoje, porque 100*(1+20%)=120
e 120 é maior que 110; então eu prefiro ter 100 euros hoje do que ter 110 daqui a
um ano
o E se a taxa de juro fosse 5%?
▪ Prefiro ter 110 daqui a um ano, porque 100*(1+5%)=105 e 105 é menor que 110

• Isto é, para compararmos valores, nem que seja o mesmo valor, mas quando estão diferidos no
tempo (um está hoje e outro está daqui a 1 ano), só os podemos comparar, nomeadamente dizer
este é mais do que aquele, ou este é menos que aquele, depois de os homogeneizarmos no tempo

• Reparem noutra situação:


o Agora a pergunta não é se queremos ter isto ou aquilo
o Temos 100 euros para receber hoje e outros 100
euros para receber daqui a um ano
o Quanto dinheiro temos para receber?
▪ 200 euros mais os juros dos primeiros
100 euros; se a taxa de juros for 10%, daqui a um
ano recebemos 210

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• Daqui a 1 ano vamos receber os 100 que já
estava previsto recebermos, mais o quanto os
primeiros 100 euros valem daqui a um ano- que
é os 100 com os juros, que é 110
▪ Posso dizer que isto equivale a ter 210 para receber
daqui a um ano
▪ Mas, também equivale a dizer que recebo hoje 190
euros, no momento zero- que são os 100 a dividir por 1+10%,
que dá os 90.90 mais os 100 que já tinha no momento 0
▪ É o mesmo que dizer tenho 190.90 para receber hoje ou
210 daqui a um ano
▪ NÃO É VALIDO dizer que tenho 200 para rebe hoje, uma vez que os 100 euros no
momentos 0 e no momento 1 não são ambos iguais- PORQUE ESTÃO DIFERDOS NO
TEMPO- um é hoje e outro daqui a 1 ano

• Isto é, para somarmos, subtrairmos, para comparar dois capitais que estão diferidos no tempo,
temos sempre de homogeneizar os capitais no mesmo momento do tempo
o Isto é, qualquer operação matemática sobre dois ou mais capitais requer a sua
homogeneização no tempo

• Eu dizer que tenho um C e um C’- 2 capitais


• Se eu somar ou subtrair os dois e dizer que um é maior ou menor que o outro, só faz sentido se C e C’
estiverem referidos ao mesmo período de tempo

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• Como vimos, das duas uma: ou capitalizamos os 100 euros de C para C’, ou então descontamos os 100
euros de C’ para o momento 0
o Assim os 2 capitais estarão homogeneizados no tempo e já podemos somá-los, ou subtraí-
los, compará-los, etc

• Isto é a essência do valor do dinheiro no tempo

• O valor do dinheiro depende do momento em que o estamos a considerar

Regime de juros simples

• Vamos ver como calculamos os juros e vamos ver o que se passa na capitalização, andar para a direita
na reta do tempo, porque depois á sabemos que o desconto/atualização é o inverso

• Então, os juros podem ser produzidos de 2 regimes/formas diferentes


o O 1º é em regime de juros simples
o Ou, então regime de juros compostos

• O regime de juros simples caracteriza-se pelo facto de que os juros que vão sendo produzidos, que se
vão vencendo em cada período, são excluídos do processo
o De forma a que o capital que vence juros, em cada um dos períodos, é sempre constante ao
longo do processo, é sempre o mesmo

• Vamos perceber melhor através de um exemplo:


o Supondo que vamos fazer um depósito a prazo
num banco pelo prazo de 3 anos
o Vamos fazer um depósito a prazo de 1000 euros-
C0=1000
o E taxa de juro i=10%
o Estamos em regime de juros simples
o No final do primeiro ao iam vencer juros de 100
euros----1000*10%
o Acontece que estes juros saem do processo

▪ Na vida real, como isto é um depósito a prazo,


mal se venceram estes 100 euros de juros, o
banco tirava-os do depósito a prazo e ia pô-los
à ordem
o Qual vai ser o capital que vai vencer os juros no 2º ano?
▪ Na mesma 1000 e no final do ano temos juros de
100 na mesma
o No terceiro ano temos 1000 na mesma que vence 100 de

69
juros na mesma
o Como o capital noa muda
o No final dos 3 anos, qual é o total de juros produzidos?
▪ 300
o Em cada um dos períodos 100 euros---C0*i
o Como temos 3 períodos, temos 300
o Se ao nº de períodos lhe chamarmos n, temos uma
expressão genérica para os juros totais: Jt=C0*i*n
▪ Seja qual for o n, i C0
▪ Permite-nos calcular os juros totais num processo
de capitalização de regime simples
o Se tivéssemos poupado estes juros todos que vencemos,
íamos chegar ao momento 3 e tínhamos acumulado 1300 euros
o Isto é, o C3, o capital final, será igual ao inicial, mais os juros
produzidos durante os 3 anos
o Partimos de um C0 e queremos saber quando vai dar em Cn

• Agra vamos supor que até sei o Cn, sabia que era 1300 e queria saber quanto é que os 1300 valem em
C0, ou seja, qual foi o depósito que tive de fazer, nestas condições e no prazo de 3 anos, para juntar
1300 euros
o Temos que pegar na expressão e resolver em ordem a C0
o É O INVERSO
o Obtínhamos então os 1000 euros

• Em suma:

70
Regime de juros compostos

• Agora nos juros compostos os juros produzidos não são excluídos do processo
• Os juros são adicionamos no capital, vencendo juros no período seguinte
• O que significa que o capital que vence juros no início de cada período agora já não é sempre o
mesmo
• O capital vai aumentando sucessivamente ao logo do tempo

• Pegando no mesmo exemplo:


o Deposito a prazo 3 anos
o C0 de 1000 euros
o Taxa de juros anual i de 10%
o Como temos um regime composto, temos:
▪ Ao fim do 1º ao temos 100 de juros na mesa, só que agora, no regime composto,
não vamos excluir os juros, vamos adicionar ao capital
▪ No próximos ano temos assim um capital de 1100
▪ O capital de juros que vai vencer será de 110
▪ No final do 3º ano temos um capital de 121
o Isto é, o total de juros agora produzido foi de 331 (Jt)
• Há pouco, no regime simples, tínhamos 300 juros
• Em regime composto produziram-se mais 31 euros de juros do que no regime simples
• Para já, estamos a comparar os juros compostos com os simples em situação de igualdade, só se
muda o regime de juros

• Que juros são estes?


o São os 10 e os 21 e são os juros que os próprios juros produziram
o Estes 10 são os 10% vezes os juros do 1º ano, ou seja, são os 10%*100=10
o Estes 21 são os 10%*210=21 (juros do 2º ano)
o No fundo, isto são os juros que os próprios juros produzem, porque não são excluídos e
transformam-se me capital (são, no nosso exemplo, os 31 euros- 10+21)

• Vamos então tentar deduzir expressões, tal como nos juros simples

71
• Podemos escrever a expressão do desconto da seguinte forma:

o Esta expressão assim escrita tem vantagens


o Assim as expressões da capitalização e do desconto ficam muito mais parecidas:

• As expressões ficam mais parecidas


o Sempre que virmos o expoente positivo já sabemos que estamos a capitalizar (andar para a
direita na reta do tempo)
o Expoente negativo estamos a descontar (andar para a esquerda na reta do tempo)

• Em suma:

72
Taxas equivalentes

• Vamos pegar no exemplo com que começamos


• Temos um deposito a prazo de 1 ano de 1000 euros
• E uma taxa de juros de 10%, i=10%
• Os 1000 euros vão valer 1100 em C1

• Mas vamos supor agora que o banco vai fazer uma alteração neste seu produto

• Continuamos com um depósito de 1 ano


• C0 continua o mesmo, 1000
• i=10%

• Mas o banco vai dizer: não lhe vou pagar os juros todos no final do ano, vou pagar metade dos juros a
meio do ano e a outra metade no final do ano

• É como se o banco disser que o período de vencimentos de juros é semestral


o Já não pago juros só 1 vez ao ano
o O período de vencimento de juros agora é semestral
o Os juros vencem-se de 6 em 6 meses

• Então quanto é que se iam vencer e juros a meio do ano?


o Assim, no final do 1º semestre tínhamos juros de 50 euros, metade dos juros de há pouco

• Porque é que dizemos que é 50?


o Houve um raciocínio de proporcionalidade
▪ Se num ano se produzem 100 de juros, em metade do ano produzem-se metade dos
juros
o Este raciocino podia ser feito de uma outra forma:
▪ Se a taxa de juro anual é de 10%, a taxa de juro semestral, i2, será 5%
▪ 5%*1000=50
o É a mesma coisa, mas raciocinando pela via da taxa de juro

73
• Então dizemos que a taxa de juro anual e semestral são proporcionais
• Uma é metade da outra, mas o período de vencimento de i2 é metade do período de vencimento de i
• São por isso taxas proporcionais

• Agora repare, se raciocinarmos em termos de regime composto, capitalização composta de juros,


podemos dizer que aqueles 50 já se venceram
• Então qual era o capital que ia vencer juros no 2º semestre?
o Seria 1050
o C1/2 = 1050
o No final do ano, iam-se vencer de
juros 52.5, isto é, 5%*1050=52.5
o No final do ano, ia receber 102.5 de
juros totais (em sistema semestral)
o Por oposição aos juros anuais, que só ia
receber 100
• Aqui praticamente nada se alterou, o capital inicial é na
mesma de 1000 euros, o prazo é de 1 ano, a taxa de juro
anual é na mesma de 10%
• O que alterou foi o período de vencimento de juros
o Em vez de anual passou a semestral
o Tivemos mais 2.5 (5% de 50)
o Origina a que haja mais juros de juros- juros sobre juros

• Agora vamos supor que voltamos ao depósito a prazo inicial, em que o vencimento de juros é anual- o
banco paga os juros uma vez no fim do ano
o Quanto terá de ser a taxa de juro anual, de tal forma a que só no final do ano, só no final do
vencimento anual, produzisse 102.5 de juros?
o É 10,25%
• Mas vamos supor que não saiamos que era 10,25
o Por um lado, dizemos que semestralmente (1 ano com 2 semestres):

o Agora, neste último cenário, estamos a dizer que 100 euros vezes uma taxa qualquer anual
que não sei, i, elevado a um, um ano, tinha que dar na mesma 1102,5:
▪ Qual seria a taxa de juro, i2, que durante 1 só período (elevado a 1) daria também
1102.5
▪ Íamos calcular i2

74
Taxa de juro equivalente

• Duas taxas de juros dizem-se equivalentes se geraram o mesmo capital acumulado quando aplicadas
ao mesmo capital inicial durante o mesmo prazo, independentemente dos deus períodos de
referência ou dos períodos de capitalização

o Ou seja, é como temos no último exemplo!


o Mesmo capital inicial
o Mesmo capital acumulado
o São ambos durante 1 ano (independentemente do período de vencimento ser o semestre ou
o ano)
o Se o capital inicial é igual e se o capital acumulado e igual, não há dúvidas que (1+5%)^2 e o
(1+i2)^1 vão ser iguais

• Isto é:

o Ou seja, se aplicarmos 1000 euros à taxa anual de 10.25% durante 1 ano, vamos chegar ao
fim e temos 1102.5, tal qual teríamos se aplicássemos 1000 euros, à taxa de 5% ao semestre,
durante 2 semestres. IA SER IGUAL
• Dizemos, portanto, que a taxa de 5% ao semestre e a taxa de 10.25% ao ano são taxas equivalentes
o São taxas equivalentes, exatamente no sentido em que estamos aqui a dizer
o É indiferente eu ter durante 1 ano 5% ao semestre, ou ter 10.25% ao ano
o Vai dar ao mesmo e por isso é que são taxas equivalentes

• Esta taxa de 10% que o banco nomeia é a taxa anual nominal (TAN)
• Esta taxa de 10.25% é a taxa anual efetiva (TAE)-é equivalente à taxa de 5% semestral; é uma taxa
efetiva, no sentido em que o banco paga-nos, efetivamente, à taxa de 5% ao semestre; a taxa anual
que lhe é equivalente, os tais 10.25%, como é equivalente à efetiva, também ela será efetiva

• TAN é uma “taxa falsa” e a TAE é uma “taxa verdadeira” (por isso é que se chama efetiva à TAE)
o Porque efetivamente pagamos 5% ao semestre, não pagamos efetivamente 10% ao ano
o Pagando 5% ao semestre, nós efetivamente estamos a pagar ao banco a 10.25% ao ano
o Portanto, a TAE é que é verdade

75
• Neste meso exemplo, e se o banco dissesse que o período de vencimento de juros era trimestral
o No final do 1º trimestre, recebíamos de juros 25 euros
o Pela mesma lógica de proporcionalidade
o Se ao ano a taxa é 10, ao trimestre será de 10/4

UM ANO TEM 4 TRIMESTRES !!!!!! (e cada trimestre tem 3 meses)

• E se o vencimento fosse anual, só 1 vez ao ano, para dar o mesmo juro qual seria a taxa?
o Íamos à relação de equivalência de taxas, só que agora teríamos:

o Será maior do que os 10.25% semestrais de há pouco, uma vez que vão haver mais juros de
juros- agora ao fim do 1º trimestre já ia receber alguns juros
o 10.38% é um bocadinho superior a 10.25%
o O capital que vai vencer juros no 2º semestre será de 1025 e assim sucessivamente
o Vai haver mais juros de juros

• Se houvesse um vencimento de juros mensal:

76
• Quanto mais pequeno o período de vencimento de juros, mais produção de juros há e, portanto,
maior é o capital final

• Até aqui, temos, naquele exemplo que já usamos, fazer um deposito a prazo por um ano, por
exemplo, de 1000 euros, com uma taxa de juro de 10% ao ano
o Neste caso não interessa se é TAN ou TAE, porque como temos só 1 período não há esse
problema
o Porque não há juros de juros
o Só há juros de juros quando o vencimento de juros é menor que 1 ano (mensal, trimestral,
semestral, etc)
• Neste caso vencíamos 100 de juros e no final teríamos 1100 euros

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• Neste exemplo que temos visto desta forma até aqui, vemos que há um incremento de capital, que é
como se define capitalização, o capital incrementa-se
• Quase que posso dizer que ao fim de 1 ano fiquei “mais rico” 100 euros
o Tinha 1000 e passei a ter 1100

Valor real do dinheiro

• Vamos agora introduzir o conceito de inflação


• Só é rigoroso dizer que fiquei mais rico 100 euros se a taxa de inflação for 0, ou seja, se o nível de
preços for igual a 0

• Por exemplo

78
o Temos 100 euros no momento 0 e 100 euros no momento 1
▪ Temos o mesmo valor nominal do dinheiro
o Só que há um ano atrás, no momento 0, os 100 euros davam para comprar o cabaz da
esquerda
o Um ano depois, com os mesmos 100 euros, só conseguimos comprar o cabaz da direita,
muito mais pequeno
o Como o valor é o mesmo, isto só é possível acontecer se o preço dos produtos tiverem
subido, que é o que chamamos de inflação

• Inflação: subida sustentada e continuada do nível geral de preços


• Deflação (inflação negativa): descida sustentada e continuada do nível geral dos preços

• Neste caso, o exemplo só pode ser justificado porque os preços que estão no cabaz da esquerda
subiram, ou seja, a mesma quantidade de dinheiro passou a comprar menos do que comprava antes
o Dizemos que o dinheiro desvalorizou, perdeu valor
o O valor real do dinheiro diminuiu
o O seu poder aquisitivo diminui

• Naturalmente que seria ao contrário se o cabaz da direita fosse maior


o Significava que os preços tinham baixado
o Tinha havido deflação
o O que significa que a mesma quantidade de dinheiro agora comprava mais do que há 1 ano
atras

• Isto é muito importante, porque se nós, no nosso exemplo, pensarmos que durante este período
houve uma taxa de inflação p de 10%- quer dizer que, em média, os preços subiram 10% (os preços
dos produtos no seu conjunto)

• Em Portugal, a taxa de inflação é calculada pelo INE, precisamente por um cabaz representativo do
consumo médio de uma família média portuguesa
o O que o INE faz é, ao longo do tempo, acompanhar o valor deste cabaz
o Supondo que o cabaz era inicialmente 100 e passado algum tempo passou a ser 110 euros-
houve uma variação de +10% dos preços do cabaz
o Isto é o índice de preço no consumidor (IPC) e é através disso que é medida a taxa de
inflação em Portugal
o Na união europeia, será da mesma forma, mas agora, o cabaz representativo será de uma
família representativa de um família europeia

• Percebe-se assim porque é que a taxa de inflação em Portugal é diferente da taxa de inflação da união
europeia

79
o Porque obviamente que o consumo medio em Portugal não é o mesmo que o consumo
medio na união europeia
o Aliás, este cabaz é diferente de país para país, porque os hábitos de consumos são diferentes

• Vamos supor que esta taxa de inflação, durante o tempo que durou o deposito, durante 1 ano, foi
10%

• Em termos reais, o meu capital incrementou-se ou não?


o Eu tinha 1000 euros e passado 1 ano tenho 1100
▪ Porque recebi 10% de juros
o Mas em simultâneo, a taxa de inflação (o índice de preço dos consumidores) foi de 10%
o Será que ficamos mais ricos, mais pobres ou iguais?
▪ Ficamos iguais
▪ Ficamos iguais porque, durante este período, os preços também subiram 10%
o O que significa que com estes 1100 compro exatamente o mesmo que comprava há um ano
atrás com 1000
▪ Os preços subiram 10%, o que significa que o poder aquisitivo do dinheiro diminuiu
▪ A mesma quantidade de dinheiro compra menos
▪ 1100 compra o mesmo que 1000 comprava há 1 ano atrás, porque os preços eram
mais baratos há 1 ano atrás
o Estas duas quantidade de dinheiro, quer os 1000 quer os 10100, compram o mesmo cabaz
de produtos
o Afinal não fiquei mais rico, não fiquei a ganhar nada
o Em termos reais, de poder aquisitivo do meu dinheiro, fiquei exatamente igual ao que estava
o É certo que ganhei 100 de juros, mas perdi 100 de poder de compra, de poder aquisitivo do
dinheiro
o Portanto, o poder de compra de 1100 é igual ao poder de compra de 1000 há 1 ano atrás

• O que significa que temos de ter cuidado!!


• Devemos raciocinar sempre desta forma
• Temos de ter sempre em conta o poder aquisitivo do dinheiro, o valor real do dinheiro
o Que é ter em conta a subida ou a descida dos preços

• Isto significa que neste exemplo que vimos podemos dizer que a taxa de juro de 10% é uma taxa
corrente, no sentido em que não entra em linha de conta com o poder aquisitivo do dinheiro
• Taxa corrente é a taxa convencionada para uma aplicação/empréstimo de capital durante um
determinado período de tempo
• Portanto, determina o incremento que o capital vai ter (10% diz-nos que os 1000 vão passar a ser
1100, porque vão produzir 100 de juros), independentemente do seu poder de conta, do poder real
o Determina o valor desse capital no final do período independentemente do seu poder de
compra

80
• Quando temos em conta o poder de compra, o poder aquisitivo do dinheiro, que é o que devemos
fazer sempre, devemos falar de taxa real, taxa de juro real
• Taxa real é a constante de proporcionalidade entre o valor real de um capital acumulado e o valor do
capital inicial durante uma unidade de tempo
o É a taxa de juro que já vai refletir o ganho ou a perda de poder aquisitivo do dinheiro (é a
taxa que vai ter em conta a inflação)

• Vamos perceber esta expressão através de um exemplo:


o Supondo que vamos emprestar a alguém um certo capital C0 e passado 1 ano, o nosso
devedor, a pessoa a quem vamos emprestar o dinheiro, vai-nos devolver passado 1 ano um
determinado capital C1, com os juro que lhe vamos cobrar
o Supondo que vamos querer receber 3% de juro

o Queremos realmente cobrar e ganhar 3% com


este empréstimo

o De tal forma que, por exemplo, se emprestássemos


a essa pessoa 1000 euros, ele daqui a 1 ano ia-nos
devolver um capital de 1300 euros C0*(1+3%)=1300€

o Agora supondo que durante este ano está previsto, nós


prevemos, que vai haver uma inflação de 2% (p=2%)

o Se isto se se confirmar, se de facto houver 2% de inflação


ao longo deste ano, será que íamos realmente ganhar estes 30€?
o Será que recebendo 1030€ do devedor a quem nós emprestamos, daqui a um ano íamos
receber os 3% que queríamos ganhar?
▪ Não, porque o poder de compra ia baixar, porque os preços subiam 2%
▪ O que significa que estes 1030 realmente não correspondem para mim a um ganho
de 30

▪ Corresponderiam a um ganho de 30, ganhava realmente 30, seria uma valorização


real de 30, se a taxa de inflação fosse 0%
• Se a inflação fosse 0%, se os preços se mantivessem constantes, não
haveria dúvida nenhuma que se ele me pagasse 1030 corresponderia a eu
ter ganho, realmente, 3%
• Eu com 1030 ia de facto, comprar mais 3% de produtos, se os preços dos
produtos não se tivessem alterado

o Se houver uma inflação de 2%, quanto é que realmente ganhei?


▪ 10€
▪ Porque 2% de 1000 é 20
▪ Os preços subiram 20 e eu passei a ter 1030
▪ Só tive um acréscimo de 10 (1030-1020=10)
▪ O aumento real era de 10

81
o Vamos ver agora que noa é rigorosamente assim!
o Porquê?
o Porque não podemos fazer isto tal e qual estamos a fazer

o Eu, para ganhar realmente os 3 que quero ganhar, tenho que cobrar mais que 3% ao meu
devedor


o Ele passado um ano, terá que me dar um capital C1, que vai ser igual ao que eu lhe
emprestei, C0, vezes 1 mais uma determinada taxa, uma taxa que há de englobar estas duas
taxas, o r e o p
o Tenho que lhe cobrar uma taxa que, mesmo com uma inflação de 2% me permita ganhar
3%
o Assim, isto vai ser igual a C0*(1+3%)- e ficávamos por aqui se a taxa de inflação fosse de 0%-
mas como eu tenho que lhe cobrar estes 3%, como vai haver uma inflação de 2%, tenho que
ainda multiplicar a expressão por (1+2%)
o Vamos ter: C0*(1+3%)*(1+2%)
o Tenho que inflacionar, aumentar 2% àquela divida
o 2%*3% não é 5%!
o Porque estamos a capitalizar, ou a inflacionar, a dívida
o Esta expressão, o que acabamos de fazer é esta expressão :

• Ou seja, ele vai-me pagar daqui a um ano, C1, o que eu lhe emprestei, C0, vezes 1 mais uma
determinada taxa
• Esta taxa há de corresponder ao capital inicial vezes 1+r, o que eu realmente quero ganhar, e depois
multiplicado por 1+p, isto é, ainda tenho que aumentar 2% a isto

• Se eu tirar os parêntesis e cortar o C0, vamos ter:

• Onde:
o r- taxa de juros real
o i- taxa de juro corrente (taxa que eu tenho de cobrar ao cliente)
o p- taxa de inflação

• E vamos ter a expressão:

82
o Expressão para o cálculo da taxa real de um empréstimo

• Vamos supor que o banco nos paga no depósito uma


taxa de juro de 5%
• Vamos fazer um depósito a prazo e o banco paga-nos a
taxa de juros de 5%
• i=5%
• Não vamos entrar nem com juros compostos nem simples,
vamos pôr só um período de 1 ano com vencimentos de
juros anual
• Com vencimento de juros anual
• Temos uma inflação de 2% (p=2%)

• Quanto é que realmente este deposito me ia dar ?


o Se a inflação fosse 0, no final do ano, C1 seria:

o Em termos correntes, ou seja, não tendo em conta o poder aquisitivo do dinheiro, os 1050
são válidos, mas se eu quiser saber realmente quanto é que eu “fiquei mais rico”, se houve
uma inflação de 2%, tenho de calcular esta expressão utilizando a taxa de juros real e não
esta de 5%
• Então íamos calcular a taxa de juro real:

o r=2.94%
o Temos então a taxa de juro real de 2.94
o Esta é a taxa a que realmente vai ser remunerado o meu depósito
o Vai me dar qual vai ser o incremento de real de capital que eu vou ter
o Na expressão de há pouco, da taxa de juro real: r=i-p-r*p
o Por isso é que se a taxa fosse apenas 1-p, tínhamos que r era 5-2, que dava 3%

83
o Mas a taxa de juro real ainda é um bocadinho mais baixa que 5%, porque temos de
considerar ainda aquele fator, o fator multiplicador r*p
o Claro que, quando temos taxas de juro muito baixas e taxas de inflação muito baixas, este
fator r*p é muito pequeno e por isso não se comete um erro muito grande dizer que é 3%
o Agora, se tivermos, por exemplo, na Venezuela, com taxas de juro altíssimas, este fator é
relevante, e já se pode cometer um erro grande não ter em conta o fator multiplicador r*p

o Agora, se quisesse saber quanto e que este deposito me deu realmente:

o O que realmente este deposito me deu, o que realmente este capital se incrementou foi 29 e
não 50 como o que sucede se eu não tiver em conta a perda de poder de compra do dinheiro
o Ganhei realmente 1029 e NÃO 1050

o E reparem que me estava a enganar a mim próprio: pensava que tinha ficado mais rica 50%,
mas tendo em conta a perda de poder aquisitivo, estes 50 euros 1 ano depois só valem 29
euros

▪ O que significa que perdi 21 de poder de compra

• Se tivermos um capital C1, sabemos calcular quanto é que ele vale no momento 0, através do
desconto, podemos dizer que o valor atual de C1 (é como se fosse o C0) seria:

Fig 1

• Ora, em muitas situações, como na avaliação de projetos, empresas, etc, temos de saber quanto é
que vale no momento 0, isto é, atualmente, não 1, mas um conjunto de capitais
• Nesse caso, temos de fazer para todos eles aquilo que fazemos para um
• NÃO OS PODEMOS SOMAR TODOS
• TEMOS QUE OS HOMOGENEIZAR NO TEMPO
• Neste caso, vamos homogeneizá-los no momento 0, que é onde queremos calcular o valor deles
todos, o valor atual deles
• Para isso, temos que descontar cada um deles para o momento 0
o Descontar o capital 1 para o momento 0
o O capital 2 descontá-lo 2 períodos
o O capital 3 descontá-lo 3 períodos
o Etc

84
o Vamos descontar até n períodos

• Então, temos a expressão para o cálculo do valor atual do conjunto destes capitais todos:

o Ou seja, temos o 1º capital vezes 1+i elevado a -1, portanto, descontá-lo 1 período, mais o 2º
capital vezes 1+i elevado a -2, descontamos 2 períodos, etc

o Ou seja, o valor atual de um conjunto de captais é o somatório desses capacitais, mas todos
eles atualizados para o momento zero

• Ora, também podemos ter situações em que queremos saber quanto é que valem todos esses
capitais, não no momento zero, não no seu valor atual, mas quanto valem no final, em n → qual é o
seu valor final, qual o seu valor futuro
o Nesse caso, temos de fazer ao contrário → capitalizar todos estes capitais para o momento n

• Depois de estarem todos capitalizados para o momento n, já o podemos somar, de tal forma que, se
eu quiser saber quanto é que vale o capital CF1 no momento n, como faço? Qual é o valor futuro, em
n, do CF1 ?

85
o É elevado a n-1 !!!
o Se o capital estivesse no momento 0, ele teria de ser capitalizado n períodos, mas como ele
já está no momento 1, ele terá de ser capitalizado n-1 períodos
o Por exemplo: se o n fosse 20, quantos períodos teríamos de capitalizar este capital para n ?
▪ Teria de ser 19 → 20-1=19

• Assim, como é que vamos calcular os capitais todos ?

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• E o último capital? Como é que o trato CFn?
o Será apenas o seu valor
o Porque ele já está onde nós o queremos
o Nós já estamos no momento em que os queremos homogeneizar todos, que é no momento
n
o Formalmente, o CFn seria:

• Mas como este valor já cá está, não o precisamos nem de descontar, nem de o capitalizar → ele já
está onde o queremos
• Assim, na fórmula do valor futuro, VF, temos a soma de todos estes capitais, capitalizados no
momento n → valor futuro do conjunto de capitais

• Vamos agora introduzir o conceito financeiro de rendas


• Um caso particular do valor atual e futuro de um cash-flow são as rendas
• Não é muito diferente do conceito de renda que temos do senso comum, como o de renda de uma
casa
• Renda: conjunto de pagamentos ou recebimentos em dinheiro, equidistantes no tempo
o Nota: sempre que há uma pagamento há um recebimento
• Isto é, vamos ter um conjunto de capitais, como vimos até agora, seja pagamento, seja recebimento,
que são chamamos de termo de renda e temos o período da renda, porque estes capitais acontecem
equidistantes no tempo – o período da renda pode ser o ano, o mês, o trimestre, etc – é regular →
estes pagamentos ou recebimentos acontecem equidistantes no tempo

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• Num caso particular, em que temos um conjunto de capitais e queremos calcular o valor atual deles,
no momento 0, ou o valor final deles, em n. Mas, neste caso particular, os capitais são todos iguais →
por exemplo, o capital é sempre 500 → renda constante
• Quando estamos perante capitais constantes, todos iguais, é possível encontrarmos 2 expressões que
nos permitem calcular, ou o valor atual, ou o valor final, de um conjunto de capitais, quando os
capitais são sempre constantes, são sempre iguais a C

• No caso do valor atual, vamos multiplicar o valor desse capital, C, que é constante, por esta
expressão a n|i → esta expressão só depende da taxa de desconto que estivermos a
considerar (i) e do nº de capitais (n)
o Esta expressão veio facilitar muito
• Repare: há situações em que vamos encontrar o n e o n pode ser 80, 120, 200, etc → com a
expressão que tínhamos visto anteriormente (do slide 20), nunca mais saímos daqui → a
expressão era muito longa para calcular

• Agora, quando os capitais são constantes – C é sempre o mesmo – podemos calcular, seja o
valor atual, seja o valor final, através destas expressões acima

o Se queremos o VA, multiplicamos a constante (o valor do capital) por a n|i


o Se queremos o VF, multiplicamos o valor dessa constante por s n|i

→ Quer uma expressão, quer outra, só dependem da taxa (i) e do nº de capitais (n)

• Então, temos que:

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• Vamos supor que este C é todo igual a 500

• Isto facilita, porque se tivermos a falar de outro conjunto de capitais, mas constante na mesma,
supondo que, por exemplo, C=5000, basta multiplicar o 5000 ou por a n|i ou por s n|i
o Seja qual for o C, desde que se mantenha o n e o i, uso a mesma expressão e só tenho de
mudar o valor da constante
• Estas expressões permitem-no, eu conhecendo o C, calcular qual é o valor atual desse conjunto de
capitais, ou calcular qual é o valor futuro desse conjunto de capitais

• Há situações em que é ao contrario, ou seja, eu sei o valor atual ou o valor futuro (final) de um
conjunto de capitais, e o que quero é saber qual é o C → basta resolver esta equação em ordem a C:

• Vamos ver um exemplo concreto de cada uma das situações para ver a utilidade disto
• Por exemplo, em tudo o que é avaliação de ativos, vamos usar estes conceitos, nomeadamente o de
valor atual e também temos muitas situações em que é necessário usar o conceito de valor final

• Mas vamos começar pelo valor atual


• Vamos supor que eu sei qual é o valor atual de um conjunto de capitais, eu sei quanto é que uma
serie de capitais valem no momento 0, sei o VA, e quero saber o C
• Para isto, vamos dar o exemplo do crédito de habitação

• Num credito de habitação, os mais vulgares são a taxa fixa, em que a taxa, i, é a mesma, pagamos
uma mensalidade ao banco (normalmente é de mês a mês) e essa mensalidade é sempre constante e
cada uma dessas mensalidades que pagamos ao banco tem 2 componentes:

89
o Uma parte é de reembolso do capital (estamos a amortizar o empréstimo)
o A outra parte é de juros
• Se nós atualizássemos todas estas mensalidades do empréstimo para o momento 0, descontamos a
uma taxa, que seria a taxa a que o banco nos cobra de juros

• Se descontássemos cada uma destas mensalidades para o momento 0 e se as descontássemos à


mesma taxa que o banco nos cobra de juros, a soma do valor atual deste conjunto de capitais, destas
prestações, seria:
• Nós ao descontarmos todas estas prestações à mesma taxa de juro do banco, no fundo estamos a
descontar os juros e, portanto, fica a soma dos capitais
• O capital é uma parte da amortização que eu estou a amortizar ao banco, que o banco me emprestou
• Então, a soma destes capitais é igual ao valor do empréstimo (que pedimos emprestado)

Em suma:

• Estas mensalidades têm uma parte de capital e uma parte de juros


• A parte do capital é a parte que estamos a reembolsar ao banco o empréstimo que ele nos fez
• E a outra parte são os juros que o banco nos cobra
• Ora, o total das mensalidades de um empréstimo, todas as mensalidades que vamos pagar ao banco,
cada uma delas tem uma parte de capital → a soma de todos estes capitais é igual ao valor do
empréstimo → porque só reembolsamos ao banco o que o banco nos empestou e, para além disso,
pagamos juros, que é a outra parte das mensalidades
• Mas nós ao descontarmos estamos mensalidades todas para o momento 0, à mesma taxa que o
banco me cobra, o que estamos a fazer é a descontar os juros dessas mensalidades → então só fico
com os capitais
• Ora, a soma dos capitais é o valor do empréstimo
• Quando nós chegarmos à última mensalidade, que também tem uma parte de capital e uma pate de
juros → os juros, no desconto, saem e fica só o capital → em cada uma das mensalidades fica só o
capital
• Se isto é para reembolsar o empréstimo, a soma destes capitais é igual ao empréstimo

Então, temos que:

• Se o prazo do empréstimo for de 30 anos e se eu pagar em meses, n=30*12 → n=360


• Se o i=2%

90
• Então, sabemos o n e o i, sabemos o valor atual (valor do empréstimo)
• Conseguimos descobrir o C, sabemos a mensalidade → prestação que vamos pagar ao banco todos
os meses

Exemplo:

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SIMULAÇÃO DE UM CRÉDITO DE HABITAÇÃO
V empréstimo= 100,000.00 €
Prazo= 40
TAN= 1.500%
n= 480
i12= 0.125%
a n|i= 360.786
C= 277.17 €

• Por exemplo, se eu dissesse que só tinha até 300 euros mensais para dar ao banco, como a
mensalidade C era de 277.17 euros, conseguia pagar
• Mas se, por exemplo, no Excel se mudasse o valor do empréstimo para 120000 euros, a mensalidade,
C, já ia dar 332.61 euros → já não conseguia pagar
• Mas se para além de mudarmos o valor do empréstimo para 120000, também mudarmos o prazo
para 50, já ficamos com um C de 284.41 euros → já conseguimos pagar
o E se ainda mudarmos o TAN para 2%, a prestação vai aumentar para 316.55 → já não
conseguimos pagar
• Etc
• Podemos jogar com isto tudo !
• Vamos agora ver outra situação → sabemos o valor futuro/final

92
93
• Vamos agora ver uma situação muito comum nomeadamente em finanças quando, por exemplo, se
tem de avaliar uma empresa, um projeto de investimento – quando se avalia qualquer ativo (em
termos económico e financeiros)
o Muitas vezes, estamos numa situação em que, nas expressões que deduzimos, seja para
calcular o valor atual, ou o valor futuro, podemos estar perante situações em que não
conhecemos o n
o Ou porque o n não existe mesmo, ou porque ele é suficientemente grande e desconhecido
para o usarmos nestas expressões do a n|i e do s n|i
• Isto é, estamos a lidar com perpetuidades
o Isto é, temos um conjunto de capitais, só que infinito, não acaba num n, continua sempre por
aí fora a reta

• Ora nestas situações, a que denominamos de perpetuidade, são então situações em que não existe
mesmo n, ou ele é suficientemente grande e desconhecido e, nessa altura, tratamo-lo na mesma
como desconhecido

94
• Por exemplo, ainda a propósito das rendas constantes
o Supondo que as rendas eram constantes, todas iguais a 500 (C=500)
o Por exemplo, a renda de uma loja
o Estou a pensar investir numa loja, comprá-la, alugá-la e depois receber 500 euros de renda
todos os meses
o Mas durante quantos meses vou receber esta renda ? quanto tempo dura a loja?
o Não sei ! Há lojas que até duram 200 anos
o Não sei quantas rendas vou receber
o Tenho a certeza que são muitas, tenho a certeza que a loja dura muito tempo
o Agora, não sei se ela dura 20, 30, 40, 100 anos
o NÃO CONHEÇO O n

• Se eu estou, por exemplo, a avaliar uma empresa e tenho o cash-flow (CF) que prevejo que a empresa
me vá dar ao longo dos anos:

o Qual é o n ?
o Quanto tempo é que vai durar a empresa?
o NÃO SE SABE
o Não conheço o n

• Ora, nestas situações, em que temos um conjunto de capitais constante, mas infinito, em que não
conhecemos o n, as nossas expressões para calcular o valor atual (VA) deste conjunto de capitais, ou
valor futuro (VF) desse conjunto de capitais vão ser diferentes
• O VALOR FUTURO NUNCA CONSEGUIMOS CALCULAR, caso estejamos perante uma perpetuidade
o Porque não podemos calcular quanto é que todos estes capitais vão valer no infinito, porque
isso não existe → não é possível calcular quanto é que no fim, no infinito, vale este conjunto
de capitais !!!
• MAS O CÁLCULO DO VALOR ATUAL CONTINUA A SER POSSÍVEL !
o Mesmo perante uma perpetuidade, o valor atual é na mesma possível de calcular, porque não
é mais do que aquilo que já vimos
o Vimos que o valor atual de uma renda constante era:

95
o Ora, quando n tende para infinito, seria o mesmo que calcular o limite da expressão do a n|i,
quando n tende para infinito:

• Reparem: o n só aparece na potência, no (1 + 𝑖)−𝑛


• Sabemos que:

• No denominador desta fração temos uma potência, cuja base e superior a 1, porque 1+i é sempre
superior a 1 → por mais pequena que seja a taxa, é sempre 1 mais qualquer coisa; e o n, o expoente,
tende para infinito
• Então, se no denominador a base da potência é maior que 1 e se o expoente tende para infinito, este
denominador vai tender para infinito
o Isto é, este denominador, no limite, tende para mais infinito
• Ora, o limite de 1 a dividir por infinito tende para 0 → é cada vez mais pequeno
• Ou seja, no limite, (1 + 𝑖)−𝑛 é zero
• Ou seja, significa que o nosso a n|i, no caso de uma perpetuidade, fica limitado a 1 sobre i

• Isto significa que calcular o valor atual de um conjunto de capitais constantes, quando n tende para
infinito vai ser:

o Ou seja, é dividir esse capital constante por i

• Isto é, quando temos um conjunto de capitais cujo n é desconhecido e constitui uma perpetuidade, o
processo de cálculo do valor atual ainda é mais simplificado

• Isto é muito usado, porque em muitas situações o n é desconhecido

96
• Por exemplo, vamos fazer um investimento na plantação de vinha no Douro, vamos plantar vinha no
Douro
o Vamos analisar o nosso investimento e vamos ver o que eu espero todos os anos receber disso
o Vamos esperar, por exemplo, 20 pipas de vinho
o Durante quanto tempo? Qual é o ano ? NÃO SEI
o Quanto tempo dura uma vinha? NÃO SE SABE
o Trata-se como perpetuidade !!!

• Por outro lado, a teoria financeira considera que o valor de um ativo é o valor atual dos benefícios
económicos que se esperam obter desse ativo
o Isto é, perante um ativo, temos uma perspetiva dos benefícios económicos que ele me vai dar
no futuro, como é o caso de um projeto de investimento, em que temos de fazer previsões
sobre o que esperamos obter deste investimento no futuro
o Ora, se conseguirmos ter uma noção desses benefícios económicos futuros que o ativo me vai
proporcionar no futuro, se descontarmos, atualizarmos, todos esses benefícios económicos
futuros para a data de hoje, a soma desses valores atualizados é o valor desse ativo

• Então agora vamos pensar que estamos a pensar comprar uma loja para investimento
• Quanto é que eu hei de dar por essa loja?
• Então é assim:
o Vamos supor que do investimento que fizermos queremos uma rendibilidade de 6%
o Ou seja, i=6% → rendibilidade que exigimos
o Sabemos que vamos arrendar essa casa por 500 euros por mês → 6000 euros por ano
o Temos uma perspetiva de rendimentos futuros desta casa de 6000 euros por ano, é o nosso C
o Rendibilidade de 6%
o Quanto é que estamos dispostos a dar por aquela loja?
o É o mesmo que dizer: qual o valor atual destes benefícios económicos todos atualizados?
𝐶
o É igual a → porque eu não conheço o n → PERPETUIDADE
𝑖
o Neste caso, o C ia ser igual a 6000 a dividir por 6%
o C = 6000/6% = 100000 euros
o Assim, estávamos dispostos a dar por aquela loja 100000 euros
o Porque, de facto, se dermos 100000 euros pela loja e todos os anos recebermos 6000, temos
uma rentabilidade de 6% → nunca estaríamos dispostos a dar mais que 100000
o Se déssemos mais que 100000 → teríamos uma rentabilidade menor que 6%
o Isto é a base, o fundamento, na avaliação de ativos (avaliação de uma loja, empresa,
investimento, etc) → fundamento disto: conceito de perpetuidade

97
Portanto:

• Se uma renda é constante, mas é perpétua → não é possível calcular o valor final, mas o seu valor
𝐶
atual é possível de calcular e a sua expressão vem muito mais simplificada → VA =
𝑖

• Mas há situações em que temos um conjunto de capitais, finito ou infinito, mas em que os capitais
(pagamentos ou recebimentos) não são todos constantes → capitais variam
• Nessa altura, pode acontecer que esse conjunto de capitais, apesar de variarem, apesar dos capitais
ser todo diferente, esse conjunto de capitais possa variar de acordo com uma regra conhecida
o Isto, é, temos um conjunto de capitais, equidistantes no tempo (conceito de renda), e vamos
ter capitais todos diferentes:

• Mas vamos supor que estes captais podem variar de acordo com uma regra conhecida de variação
• Ou seja, vamos considerar que, por exemplo, estes capitais podem variar em progressão aritmética
o Progressão aritmética era termos, por exemplo: 2, 4, 6, 8, 10, etc → cada termo da progressão
é igual ao anterior, somado de 2
• Então, os capitais eram todos diferentes, mas conhecíamos a regra da variação
• Ou então, podemos ter outro caso, que é o que nos vamos focar em tudo o que é finanças e avaliação
de ativos, que é a progressão geométrica (a progressão aritmética é menos usada e, por isso, vamos
deixá-la)
o Ou seja, era termos uma progressão do género de: 2, 4, 8, 16, 32, etc → em que cada membro
é igual ao anterior, multiplicado por 2

98
• Por exemplo, quando estamos a analisar um projeto de investimento, a avaliar uma empresa, em que
estamos a fazer projetos para o futuro, se quisermos ver o que esperar com as vendas da empresa,
aos proveitos ou custos de um projeto de investimento que vamos ter, em que estamos a prever o
futuro, é muito normal dizer: vamos considerar que as vendas da empresa, de um ano para o outro,
vão crescer à taxa de 2% (por exemplo), de tal forma a que, por exemplo, as vendas do 1º ano seriam
100, e, portanto, no 2º ano, as vendas seriam 102, porque iriam crescer 2%; no momento 3, as vendas
seriam 102*1.02 e sempre assim

• Reparem que quando nós estamos a dizer isso, por exemplo, as vendas ou o cash-flow de uma
empresa vai todos os anos aumentar 2%, estamos a lidar com uma progressão geométrica
o Isto porque as vendas da empresa de um ano são iguais às vendas do ano anterior, vezes 1.02,
isto é, o crescimento de 2%
o O termo a seguir será igual ao anterior vezes 1.02
o E assim sucessivamente
o É nós supormos que as nossas vendas vão crescer à taxa de 2% ao ano, por exemplo

• Ora, quando temos um conjunto de capitais, neste caso finitos, em que conhecemos o n, e que
evoluem em progressão geométrica, é possível, igualmente, deduzirmos expressões para calcular,
quer o valor atual, quer o valor futuro ou final, de um conjunto de capitais que evoluem por
progressão geométrica

Nota: o g é para assinalar que há uma progressão geométrica

g → taxa do crescimento dos termos desta renda → eles crescem todos à taxa g

99
• Para além do n e do i, que já apareciam antes, aparece ainda o g e o r
o r → razão da progressão
o r = (1+g)
▪ Como vimos à pouco no exemplo: o cash-flow de uma empresa vai crescer à taxa de
2% ao ano → significa que g=2% e o r=1.02 → o que significa que cada termo é igual
ao anterior, multiplicado por 1.02 → é a razão da progressão

• Portanto, temos duas expressões que, mesmo os termos sendo diferentes, mas que variam de acordo
com uma regra conhecida, neste caso de acordo com uma progressão geométrica, é possível deduzir
expressões para calcular quanto é que aquele conjunto de capitais vale hoje, no presente – valor
atual- e quanto é que esse conjunto de capitais vale no futuro – valor final

• Mas que C é este que aparece nas expressões?


• Isto é, uma vez que os capitais são todos diferentes, visto que cada valor seguinte é igual ao anterior
vezes a razão r (r=1+g)
• Como os C são todos diferentes, qual é este C que temos de usar na expressão?
o O C é o 1º termo da progressão
o Porque depois os outros vão ser todos diferentes, vão todos crescer à taxa g
• NÃO VAMOS FAZER EXERCÍCIOS COM ISTO !!!
• MAS vamos usar a situação em que estamos perante uma renda que evolui em progressão
geométrica, mas que, simultaneamente, corresponde a uma perpetuidade
o Isto é, noa conhecemos o n → ou o n não existe, ou ele é suficientemente grande para o
podermos considerar como tendendo para o infinito
• Ora, nestes casos, tal como vimos anteriormente, quando estamos perante uma perpetuidade, noa é
possível calcular o seu valor final (noa se pode calcular uma coisa no infinito)
• Mas, mais uma vez, tal como vimos nas rendas constantes, aqui, caso tenhamos uma perpetuidade,
também é possível calcular o valor atual de uma perpetuidade que evolui em progressão geométrica
através da expressão:

Nota: C → 1º termo da progressão

100
• Por exemplo, quando estamos a fazer um projeto de investimento e o temos de avaliar em termos
económico-financeiros
o Supondo que vamos fazer um investimento qualquer, em que vamos prever que, por exemplo,
a partir do ano 5, os cash-flows deste investimento vão evoluir, vão crescer, por exemplo, à
taxa de 2%

o Agora, quanto tempo vai durar este investimento que vamos fazer?
o NÃO SE SABE → vamos tratar como uma perpetuidade → n vai tender para infinito
o Portanto, como é que vamos tratar esta perpetuidade que acontece depois do ano 5?
o Qual é o valor atual deste cash-flow que vai evoluir a partir do ano 5, em progressão
geométrica, à taxa de 2%?
▪ O valor atual vai ser igual a:

o E calculamos este cash-flow que está daqui para a frente


• Como já foi dito, a propósito das rendas constantes, estamos, na maior parte das situações, a analisar
investimentos em que não conhecemos o n
o Já demos o exemplo de que se formos fazer um investimento numa vinha no douro, não
sabemos quanto tempo vai durar a vinha → tratamos como perpetuidade

101
Capítulo 3

Noções fundamentais de contabilidade

• Vamos abordar a contabilidade numa perspetiva que se trata de um sistema de informação de apoio
à gestão que tem várias peças
• É um sistema com vários módulos, onde se regista toda a atividade de uma empresa, de uma
organização em geral (como um hospital, por exemplo)

• Contabilidade → regista a atividade de uma empresa

• A atividade de uma empresa relaciona-se com o exterior- com os seus stakeholders, os seus vários
públicos, clientes, fornecedores, bancos, estado, etc
• Essa sua atividade gera relações
• A sua atividade, as relações com esse publico, é registada na contabilidade, nesse sistema de
informação
• Isso significa, por exemplo, que uma empresa se relaciona com os seus clientes
o Uma empresa vende os seus produtos aos clientes → há fluxo real de saída (saem produtos
da empresa)
o E os clientes pagam à empresa → fluxo de entrada

• Os fornecedores é ao contrario
o Os fornecedores fornecem matéria prima à empresa → fluxo real de entrada
o A empresa paga aos fornecedores → fluxo financeiro de saída

• Com os bancos a mesma coisa (embora que com os bancos os fluxos sejam de origem financeira)

102
o Empresa faz depósitos dos bancos e pede empréstimos aos bancos → gera fluxos
financeiros com os bancos

• Com o estado é a mesma coisa


o Há fluxos que podem ser financeiros ou reais (pagamento de impostos, recebimento de
subsídios, etc)

• Com os sócios é a mesma coisa


o Os sócios metem dinheiro na empresa e recebem dinheiro da empresa, nomeadamente os
lucros, o dividendos, movimentos financeiros de entrada e saída

• É toda esta atividade de uma organização que é registada na contabilidade


• É na contabilidade que percebemos a situação patrimonial de uma empresa, é na contabilidade onde
se registam os proveitos e os custos de uma empresa e no final o resultado (se é positivo é lucro, se é
negativo é prejuízo), é na contabilidade que se vê os fluxos monetários ou financeiros- dinheiro que
sai e entra na empresa, etc
o Vamos ver mais tarde que +e diferente um proveito de uma receita e um custo é diferente
de uma despesa
o O resultado é apurado com base em proveitos e custos e não em entradas e saídas de
dinheiros, que são coisas diferentes
• É na contabilidade que vemos a performance económica, em termos de resultados, e monetária de
uma empresa, em termos de entradas e saídas de dinheiro

• Esta informação contida neste sistema (na imagem acima) não interessa só ao gestor da empresa,
esta informação não é apensas para apoiar decisões de gestão dos seus gestores da empresa

• Claro que ajuda, claro que apoia a gestão, porque a informação está toda lá contida, mas também é
importante para os outros públicos que se relacionam com a empresa, como por exemplo, para os
bancos
o Quando os bancos estão a pensar se dão ou não crédito a uma empresa, têm de analisar o
risco que a empresa apresenta
• Ora, uma das formas de avaliar o risco da empresa, de o banco decidir se empresta ou não dinheiro à
empresa e quanto empresta, é baseado na contabilidade, nos registos, na informação, que está
contida nas peças contabilísticas

• Também é importante para o estado


o O estado cobra impostos à empresa, cobra impostos sobre os lucros, e os lucros da empresa
são apurados na contabilidade
o O estão também se interessa por a informação que está aqui contida
▪ A questão do IVA, descontos dos trabalhadores para a segurança social, etc, tudo
isso é registado na contabilidade – informação que interessa ao estado

• Interessa aos acionistas, aos clientes, aos fornecedores, etc


• Isto é, a informação que está aqui contida não interessa só à própria empresa, interessa a todos os
públicos que se relacionam com a empresa

103
• Contabilidade rege-se por princípios, normas e tem determinada metodologia de registar os factos
que acontecem numa empresa
o Devem ser registados de uma determinada forma, por um determinado valor
o Há critérios, princípios de valorimetria
o Essas normas costumam ser normas internacionais, que fazem com que a contabilidade seja
normalizada
• É possível olhar para determinada peça contabilística (por exemplo, para o balanço, ou para a
demonstração de resultados), seja em que país for, e estas coisas são comparáveis, percebe-se o que
lá está, porque estas normas são internacionais, há um standard
• Em todo o lugar se seguem estes princípios e normas e método contabilístico

• Vamos falar essencialmente de:


o Balanço – dá-nos a situação financeira e patrimonial da empresa
o Demonstração de resultados – dá-nos a performance económica da empresa – é aqui que
são apurados os resultados das empresas – se a empresa tem lucros ou prejuízos
o Demonstração de fluxos de caixa – perspetiva monetária que, no fundo, é olhar a todos os
fatores da empresa que levaram a que houvessem entradas e saída de dinheiro
▪ É a demonstração do cash-flow dos fluxos de caixa da empresa
▪ Porque é que saiu dinheiro e quanto saiu; Porque é que entrou dinheiro e quanto
entrou
• São as 3 peças fundamentais da contabilidade

• Os anexos são, no fundo, um documento da contabilidade, mas mais de natureza qualitativa,


explicativa
o São mapas de apoio às outras peças e que explicam de forma mais detalhada e qualitativa os
números das empresas

104
Balanço

• Vai-nos dar a situação patrimonial/ financeira da empresa


• Podemos olhar para este balanço e imaginar que temos um t
o Um t que tem um lado esquerdo e um lado direito
o O lado esquerdo é igual ao lado direito → por isso é que se chama balanço

• Do lado esquerdo do balanço temos o ativo


o No fundo é constituído por todos os bens e/ou direitos que a empresa dispõe para
desenvolver a sua atividade
o Todo o património da empresa é o ativo, tudo – edifícios, armazéns, maquinas,
computadores, mesas, cadeiras, etc
o Ou que não sejam bens, que sejam direitos, também é o ativo
o Por exemplo, uma patente
o Uma empresa que tenha uma patente; uma patente é, no fundo, o direito que a empresa
tem de, por exemplo, usar a exclusividade de um certo produto- é o único que pode produzir
e vender um produto (como acontece com os medicamentos e com as vacinas) – é um
direito que a empresa tem
o Sejam bens materiais ou direitos, faz tudo parte do património da empresa → tudo isso
constitui o ativo da empresa

• Do lado direito, estão as obrigações da empresa


o Aqui está a forma como a empresa conseguiu obter tudo o que está do lado esquerdo
o Como é que consegui obter tudo isto que tenho ? Estes edifícios, estes computadores, estas
mesas, etc ?
o De 2 formas → que são estas 2 componentes do lado direito:
▪ Ou assumindo dívidas - pedimos emprestado (tendo obtido crédito)→ passivo ou
capitais alheios
• Isto é, posso ter um carro, mas comprei-o em leasing
• Ou seja, assumi um passivo de idêntico valor para comprar o carro

▪ Ou posso ter obtido as coisas com os capitais próprios ou situação liquida → em que
quem mete dinheiro são os sócios (os donos da empresa) ou os acionistas da
empresa → por isso é que se chamam capitais próprios

105
• Embora tudo isto se chamem obrigações da empresa
• Apesar de serem sócios da empresa, de serem os donos da empresa,
podemos considerar que o dinheiro que os sócios metem na empresa é
uma obrigação que a empresa tem para com os sócios
• Mas os que os sócios metem na empresa são os capitais próprios e o que
não são os sócios a meter na empresa, quando são empréstimos, outro
tipo de obrigações, são os capitais alheios ou passivo

• Como os dois lados são iguais:


o Ativo = Passivo + Situação Líquida
o Ativo – Passivo = Situação Líquida
→ Equação fundamental do balanço, porque o lado esquerdo é igual ao lado direito

• Numa perspetiva já não tão patrimonial, mas mais financeira:


o Do lado esquerdo é onde aplicamos os fundos
o Do lado direito é onde vamos buscar os fundos
▪ Neste lado temos a origem de fundos próprios (dos sócios) ou então alheios (como
por exemplo dos bancos, leasings, fornecedores que nos dão credito)
• Estas duas origens aplicamos naquilo que precisamos (na aplicação de fundos)
o Podemos dizer que do lado direito é onde vamos buscar o dinheiro e aplicamo-lo do lado
esquerdo, naquilo que precisamos para a nossa atividade
• Assim, o balanço também pode ser visto como um mapa de origem e aplicação de fundos
o Onde é que vamos buscar os fundos para os aplicar naquilo que temos necessidade

• Olhando para o balanço de uma empresa, dá-nos a situação patrimonial, diz-nos qual é o património
da empresa e diz-nos também quanto é que a empresa deve

106
• Supondo que:
o Temos o balanço de uma empresa
o Vamos comprar esta empresa
o Que valor é que íamos dar por esta empresa, quanto é
que íamos pagar por esta empresa?
▪ Íamos pagar por ela o valor do ativo
▪ O ativo é o património da empresa
▪ Quem comprar a empresa compra este
património
o Esta empresa tem dividas – o passivou ou os capitais
próprios é o que a empresa deve
o Podemos comprar a empresa de 2 formas, em 2
cenários:
▪ 1. Podemos comprar a empresa, este ativo/património, mas antes disso digo aos
atuais donos/proprietários que só compro depois de eles pagarem as dividas
• Neste cenário, ia comprar a empresa pela situação liquida da empresa; se
comprasse a empresa com o passivo = 0 ia estar a comprar o ativo na
mesma, porque o ativo era só a situação líquida
• Neste cenário, se comprasse a empresa com passivo liquidado, ou seja,
com passivo = 0, todo o lado direito ia ser situação liquida (e, portanto,
igual ao ativo)
• Ou seja, comprava o ativo, pagando o valor do ativo que, simultaneamente,
é o valor dos capitais próprios (ou da situação líquida)
▪ 2. Se eu comprar esta empresa tal e qual ela está, assumindo as suas dividas e sou
eu que pago as suas dividas (agora vou comprar uma coisa cujo passivo já não é
zero; no fundo também vou comprar as dividas, já vou ter que pagar as dividas)
• Neste caso comprava a empresa, mas descontava o valor das dividas
• Nessa altura, ia pagar pela empresa o valor do ativo, descontando o valor
das dividas
• Uma vez que vou ser eu que pago as dividas, dizia aos donos da empresa
que vou comprar o valor deste ativo, mas como vou assumir as dividas que
o dono da empresa tem, só lhe vou pagar a diferença – ou seja, só pago a
situação liquida ou os capitais próprios (ativo – passivo ou capitais alheios =
situação liquida ou capitais próprios)
o Ou seja, em qualquer circunstancia, quando compramos uma empresa, pagamos pela
empresa o valor da situação liquida dos capitais próprios
▪ Que é igual ao valor do ativo, se o passivo for 0 (isto é, se eu não comprar a dívida)
▪ Se eu assumir a divida, só pago o valor da situação liquida

o Só por este bocadinho ficamos com uma ideia do valor contabilístico da empresa
▪ Quanto é que eu hei de dar pela empresa ? O valor dos capitais próprios !
▪ Se eu assumo o passivo, compro este ativo todo, pagando apenas a situação liquida
ou capitais próprios, porque o resto vou assumir
▪ Se assumir que o passivo ou capitais alheios é 0, vou, de facto, pagar o valor do
ativo, mas que corresponde ao valor da situação líquida

o Em qualquer caso, o valor contabilístico da empresa é o valor da situação liquida ou dos


capitais próprios

107
• Por exemplo o caso da TAP
o Muita gente ficou espantada pelo facto do estado
ter vendido a TAP por muito pouco, quase de graça
o Claro que a TAP tem um valioso ativo – no seu ativo
estão incluídos vários aviões que custam milhões
o A TAP tinha este ativo, MAS também tinha uma
monstruosa divida, tinha um enorme passivo !!!
o Quem comprou a TAP assumiu as dividas – comprou
a TAP e comprou também as dividas da TAP
o Pagou pela TAP o valor da situação liquida que, neste
caso, era muito pequeno
o Tendo em conta as dividas da empresa, pagou esse valor,
porque assumiu as dividas
o Se dissesse aos estado para pagar as dividas e ficava com um passivo = 0, aí pagava o valor da
situação líquida, mas passava a ser igual ao ativo – nesse caso tinha que pagar milhões pela
TAP
o A situação da TAP é que os seus capitais próprios são muito pequenos – a TAP, em termos
contabilísticos, vale pouco, porque tem uma dívida gigantesca
o Por a TAP ter uma divida gigante, quem a comprou pagou menos

• Quando a situação liquida de uma empresa é zero (passivo = ativo) (temos uma falência técnica)
o Situação liquida, capitais próprios são iguais a 0
o Quem comprar esta empresa não compra nada por ela
o Uma empresa estava tecnicamente falida, quando a sua situação líquida é igual a 0, não vale
a nada

• Por exemplo, uma empresa que vai fechar


• Quando passamos por uma loja e vemos liquidação total – loja vai fechar
• Quando uma empresa vai fechar, tem o seu ativo
• Liquidação é vender todos os seus ativos, para com o dinheiro pagar o passivo, as dividas
• Se sobrar alguma coisa, muito bem – significava que havia uma situação líquida maior que 0
• Se não sobrar nada, significa que vendi tudo, deu para pagar as dividas e não sobrou nada – ficamos
com situação líquida igual a 0
• Mas pior – há situações em que o passivo é superior ao ativo
o Significa que a situação liquida é negativa (SL<0)
o Isto é, é o mesmo que passar para o outro lado, para o lado do ativo:
o Quer dizer que se eu vender todos os meus bens, todo o meu ativo,
não chegar sequer para pagar todo o meu passivo
o Vendia todo o meu ativo e isso não chegava para pagar todo o meu
Passivo – faltava a situação líquida

• É isto que acontece a muitas empresas


o Tenho uma divida tal em que os seus ativos desvalorizaram, não têm valor, e, portanto, não
dá sequer para pagar as dividas

108
• Por isso é que há as falências
o Muitas vezes nas dividas, no passivo, quando as empresas estão com dificuldades, nas
dividas estão, por exemplo, as dividas aos próprios trabalhadores
o Há dividas aos trabalhadores da própria empresa
o Por exemplo, salários em atraso – isto é uma dívida
o Muitas vezes, nestas empresas, os trabalhadores ficam à porta da empresa para não deixar
os patrões tirarem as maquinas e tudo que está dentro da fábrica, isto é, os ativos, porque a
única esperança de eles receberem os salários em atraso, estas dividas que a empresa tem
para com eles, é produto da venda do que a empresa tenha dentro da fabrica – quer sejam
maquinas, viaturas, stocks de roupa, etc
o Os trabalhadores vão impedir que tirem isso da fábrica, para ver se, com o produto da venda,
conseguem receber alguns dos salários em atraso
o Muitas vezes as empresas não valem 0, valem negativamente ! (eu tenho de pôr dinheiro
para a pessoa ficar com uma determinada coisa)
▪ É o caso do novo banco, por exemplo – o estado teve de meter lá dinheiro para que
alguém o comprasse, porque senão ninguém o comprava
▪ Há empresas em que temos de pagar para que alguém fique com ela, porque senão
ninguém as quer

Balanço: principais elementos constitutivos

• Vamos olhar pra o balanço numa perspetiva sintética


• Vamos ver os componentes mais importantes do balanço, de cada um dos elementos do balanço –
quer do ativo, quer da situação líquida ou dos capitais próprios, quer do passivo

• Vamos começar por dividir o ativo em 2


grandes grupos
o Ativo não corrente
o Ativo corrente
o Nota: tesouraria e caixa está
alinhado com a exportação !!! –
há, no fundo, o ativo corrente de
exploração e o ativo corrente de
tesouraria

• O que distingue estes 2 grupos (os ativos


correntes dos não correntes) ?
o Os ativos não correntes são os bens que a empresa tem e que duram vários anos na vida
empresa, estão vários anos ao serviço da empresa (normalmente mais de 1 ano)
▪ São todos os bens que contribuem para a atividade da empresa no médio a longa
prazo
o Os ativos correntes são queles que, em principio, não estão muito tempo na vida da
empresa, saem rapidamente da empresa; por norma estão menos de 1 ano na vida da
empresa

109
• Ou seja:
o Ativos não correntes → são ativos de médio a longo prazo
o Ativos correntes → são ativos de curto prazo

ATIVOS

• Ativos não correntes:


o Fixos tangíveis → são ativos, de médio a longo prazo, e que têm corpo, são materiais, são
palpáveis
▪ Ex: um edifício, a sede de uma empresa, é um fixo tangível; as viaturas – carros,
camiões, etc; computadores, mesas, cadeiras, tudo isto são fixos tangíveis
▪ Tudo isto são bens que estão vários anos a contribuir para a atividade da empresa,
que duram vários anos na vida da empresa e são palpáveis, são tangíveis

o Também há bens que, contribuindo vários anos para a vida da empresa, não são, no entanto,
tangíveis, não têm corpo, não são palpáveis – são ativos intangíveis (bens intangíveis) –
muitas vezes são os mais importantes ativos de uma empresa
▪ Ex: software – não conseguimos tocar num software
▪ Ou seja, o computador, o hardware propriamente dito é um fixo tangível, mas o
software que está lá dentro é intangível
▪ No entanto, há quem considere que o software base necessário para o computador
funcionar é um fixo tangível – caso do Windows, por exemplo
▪ Mas, por exemplo, já o teams ou o zoom, que não são essenciais para que o
computador funcione, já se considera ativo intangível
▪ Uma patente – direito que uma empresa tem de usar um produto – também é um
ativo intangível – não se toca numa patente; uma patente é um direito que me dá
exclusividade de um determinado bem
▪ Outro exemplo são as marcas – por exemplo, não tocamos na marca ZARA

→ Portanto, os ativos intangíveis são bens que duram muito tempo na vida das
empresas, mas que não têm corpo, não tem existência física, mas são muito importantes

o Outro exemplo de ativos não correntes são os ativos biológicos


▪ Ex: árvores, um pomar, vinha, animais
▪ Por exemplo, numa exploração leiteira, as vacas são um ativo biológico – isto
porque as vacas (parte biológica) estão vários anos ao serviço da empresa, elas dão
anos durante vários anos
▪ Por exemplo, se as vacas não tivessem vida, seriam um fixo tangível, uma vez que
são palpáveis e estão vários anos ao serviço da empresa, mas como são seres vivos,
são ativos biológicos
▪ Já, por exemplo, os leitões da bairrada, que têm um tempo de vida de 3 meses, não
são um ativo não corrente
▪ Portanto, os ativos biológicos são ativos que estão muitos anos ao serviço a
empresa e que têm a particularidade de terem vida

o Participações financeiras → significa, por exemplo, que uma empresa pode deter ações de
uma outra empresa, investir numa outra empresa ações, ter participações numa outra
empresa, é dona de uma outra empresa e, portanto, estas ações que a empresa detém de

110
uma outra empresa são um ativo não corrente, no sentido em que uma empresa detém
outra empresa, mas com carácter de longo prazo, no sentido de ter o controlo da empresa e
ter a gestão da empresa
▪ Isto acontece muito e na altura vai para o ativo não corrente, como participação
financeira
▪ Se eu compro uma empresa, compro ações de outra empresa por 1 milhão de
euros, registo esse 1 milhão de euros, por parte do meu ativo, a participação que eu
tenho na empresa (participação financeira)

o Supondo que uma empresa tem 2 edifícios iguais


o Num desses edifícios está a sede da empresa, os escritórios da empresa, onde a empresa
tem as suas instalações
o O edifício do lado, vai ser igual ao anterior, mas a empresa tem-no todo arrendado
o Ora, o 1º edifício, onde estão as instalações da empresa, vai ser um fixo tangível – tem corpo,
vai estar vários anos ao serviço da empresa, faz parte da atividade da empresa
o O outro edifico, embora seja igual ao 1º, não está ao serviço da empresa, a empresa não
precisa dele para a sua atividade, mas sim para ter rendimento, para arrendar – nessa altura
insere-se na parte das propriedades de investimento

Nota:

Às vezes, o mesmo bem, dependendo da utilização que se faz dele, pode ter diferentes
classificações

• Ativos correntes → ativos que, em regra, não estão na empresa mais que 1 ano
o Exploração
▪ Clientes → é o que os clientes da empresa nos devem; posso vender aos meus
clientes, mas posso dar crédito aos clientes – podemos dizer: pode-me comprar que
eu dou-lhe 60 dias para o senhor me pagar – durante esses 60 dias, o que o cliente
me deve são registados no ativo corrente, na parte da exploração – não é um bem,
mas um direito – é um direito que eu tenho a receber esta importância do cliente a
quem vendi; é um direito que tenho, faz parte do meu património que os clientes
me devem
▪ Inventários = stocks → o que eu tenho em armazém – seja de produtos acabados,
semiacabados, matérias primas, mercadorias, etc

→ Quer os clientes, quer o inventário, em principio, não estão muito tempo na vida das
empresas; isto é, o crédito que dou aos clientes para os clientes me pagarem,
normalmente é a 30 dias, 60 dias, por exemplo – é a curto prazo → noa duram muito
tempo na vida da empresa → por isso é que se inserem na parte do ativo corrente; o
mesmo acontece com os inventários – em principio, os stocks que eu tenho em
armazém, a ideia não é eles ficarem lá muito tempo – o que eu quero é vender os stocks
que tenho rapidamente (pouco demorar mais ou menos a vendê-los, mas a ideia é que
eles fiquem pouco tempo, de preferência nenhum)

▪ Estado → por vezes o estado deve-nos dinheiro


▪ Etc
o Tesouraria → dinheiro/cash que a empresa tem
▪ Seja em caixa, seja em depósito à ordem (que é a mesma coisa)
▪ É o dinheiro que a empresa dispõe

111
• Liquidez → muitas vezes chama-se liquidez ao dinheiro
• MAS LIQUIDEZ NÃO QUER BEM DIZER DINHEIRO
• Liquidez é o grau que qualquer ativo tem de se transformar em dinheiro
• Podemos dizer: a capacidade que um qualquer bem/ ativo tem de se transformar em dinheiro é alta
ou baixa
o E por isso dizemos que um bem é de elevada liquidez ou de baixa liquidez
• É evidente que, o dinheiro propriamente diro, como já é dinheiro, é o grau máximo da liquidez
• Por exemplo:
o Se tenho ações de uma empresa; ações de uma empresa cotada na bolsa (tenho, por
exemplo, ações da EDP)
o Se eu quiser vender essas ações, se a quiser transformar em dinheiro, dou a ordem ao meu
banco e 5 minutos depois este ativo, que são ações, transformou-se em dinheiro – demorou
5 min a transformar-se em dinheiro
o Isto é, as ações têm elevada liquidez
• Outro exemplo:
o Tenho uma mota, ou um carro
o Este bem já não tem tanta liquidez como as ações
o Pode demorar um bocadinho mais, mas mesmo assim, demoro mais ou menos 3 ou 4 meses
a vender o carro, mas vendo-o → transformei o carro em dinheiro → um carro tem uma
liquides razoável (não é tão imediata como as ações, mas a sua liquidez é razoável)
• Outro exemplo:
o Tenho um terreno agrícola
o Ele também tem liquidez → MAS é muito pouca → se calhar vou demorar muito tempo a
conseguir que alguém me compre aquele terreno
o Mas um dia vou vendê-lo → tem capacidade de, eventualmente, se transformar em dinheiro

→ A ideia da liquidez é a capacidade de um bem se transformar em dinheiro

• Há bens que têm mais capacidade → liquidez mais imediata


o No dinheiro a liquidez é imediata → o dinheiro já é dinheiro (já está transformado em
dinheiro)

• A ordem pela qual os bens são dispostos no ativo

de uma empresa é uma ordem de liquidez

o Estão dispostos do menos líquido para

o mais líquido → grau crescente de

liquidez

o No fundo (a caída/DO) está a liquidez


por excelência, que é o dinheiro
o Na parte da exploração estão ativos
que demoram 30, 60, 90 dias a
transformar-se em dinheiro
o No topo estão coisas mais de longo prazo, como edifícios, equipamentos, máquinas, viaturas,
etc, que podem demorar mais tempo a transformarem-se em dinheiro

112
→ Vendo agora algumas das principais rúbricas do lado direito do balanço

PASSIVO → divide-se em passivos correntes e passivos não correntes → isto é, divide-se nas dividas que eu
tenho de médio a longo prazo (passivo não corrente) e as dividas que eu tenho de curto prazo (passivo
corrente)

• Passivo não corrente


o Financiamentos obtidos de média a longo prazo → empréstimos bancários que eu peço a 5
anos ou a 10 anos – são uma obrigação que eu assumo a vários anos – obrigação que eu
tenho de médio a longo prazo (por exemplo, uma leasing)
o Provisões

• Passivo corrente (dívidas de curto prazo) → São dividas que, em principio, não têm faturação
superior a 1 ano
o Passivo corrente de exploração
▪ Fornecedores → aquilo que devemos aos fornecedores → podemos dizer que é o
simétrico da conta “clientes” do lado do ativo → do lado do ativo, os “clientes” é o
crédito que eu dou aos clientes quando vendo; do lado do passivo, os
“fornecedores” é o crédito que os fornecedores me dão quando eu lhes compro,
por exemplo, matéria prima – os fornecedores permitem-me que eu lhes pague a 30
dias ou a 60 dias – registo aqui esta minha dívida a fornecedores

▪ Estado → posso dever ao estado – por exemplo, tenho de entregar o IVA, etc

▪ Outros → isto é, tudo dívidas, mas que, em principio, não passam de 1 ano (em
termos de atividade)

o Passivo corrente de tesouraria → são os empréstimos bancários obtidos de curto prazo →


empréstimos que peço ao banco e que são até 1 ano (são empréstimos, por exemplo, de 3
meses)

• Ativo – Passivo = Situação Líquida (capitais próprios)

113
CAPITAIS PRÓPRIOS (também chamados de situação líquida) → dinheiro que os sócios ou metem ou deixam
ficar cá dentro

• Capital social → todas as empresas começam com determinado capital social


o Supondo que amanhã vamos constituir uma empresa e 4 de nós vamo-nos juntar numa
sociedade e formar numa empresa e consideramos que para começar a empresa precisamos
de 20 000 euros
▪ Como somos 4 e supondo que cada um de nós tem cotas iguais, cada um de nós vai
pôr 5000 euros
▪ Portanto, juntamos os 20 000 euros e vamos meter esses 20 000 euros na empresa
▪ Ora, esses 20 000 euros são metidos na empresa como capital social
▪ Neste caso os 20 000 euros são o capital social de início de atividade – dinheiro que
os sócios meteram na empresa
o Capital social são recursos metidos pelos sócios na empresa (temos uma conta de depósito à
ordem aberta em nome da empresa e vamos ter uma origem/captação de fundos pela
empresa detida pelos sócios, por isso faz parte dos capitais próprios)
o MAS o capital social tem ainda uma outra virtualidade → ele traduz a cota parte de
propriedade de cada sócio
▪ Por exemplo, no exemplo que o prof deu, em que 4 de nós somos sócios e que cada
um meter 5000 euros
▪ É evidente que se o capital social são 20 000 euros, quem detém 5000 dos 20 000,
detém, é dono 25% da empresa
▪ Cada sócio é dono, em partes iguais, de 25% da empresa

• Resultado líquido do período


o DR → demonstração de resultados → é aqui onde vamos apurar o resultado – normalmente
é feito anualmente e é onde são registados os proveitos e os custos da empresa ao logo do
ano; no final, se os proveitos são superiores aos custos, a empresa tem um resultado positivo
→ tem lucro
o O saldo dessa conta, que depois vai ser apurado na demonstração de resultados, esse saldo é
transferido para o balanço, para os capitais próprios – resultado líquido do período
o Chegando ao final do ano, a empresa teve o resultado de 40 000 euros de lucro (de resultado
positivo)
▪ Então, no inicio do ano seguinte, os sócios reúnem-se em assembleia geral para
decidir o que vão fazer com o lucro
▪ A empresa teve um lucro de 40 000 – no balanço, na demonstração de resultados, o
saldo da conta foi esse
▪ É transferido para o resultado líquido do período
▪ Mas essa conta de demonstração de resultados, ao contrario do balanço, que é um
continuo, isto é, é o património da empresa, é um contínuo, nunca vai a zero
▪ A conta de demonstração de resultados, exatamente como todos os anos se apura o
resultado, chega ao final do ano, apura o resultado e vai a zeros → isto é o
resultado sai dali e começa a partir do dia 1 de janeiro do ano seguinte a registar, de
novo, proveitos e custos, a apurar resultados do ano seguinte
▪ Portanto, este resultado tem de ir a zero → ou seja, significa que estes 40 000, que
foram apurados neste ano, têm de sair daqui
▪ E é isso que os sócios vão decidir, em assembleia geral → vão decidir para onde vão
estes 40 000 euros de lucro, que têm de sair da conta de resultados líquidos
▪ Podem decidir o quê ?
▪ Podem decidir que, por exemplo, parte destes resultados é para distribuir pelos
sócios → supondo que 20 000 é para isto – é uma remuneração pelos sócios terem
posto lá dinheiro (dava 5000 euros de remuneração a cada um)

114
▪ Podem decidir também, por exemplo, que como a empresa está numa fase inicial,
vai precisar de mais investimentos – precisa de mais computadores, por exemplo –
e então vamos deixar ficar na empresa os outros 20 000
▪ Então saem dos resultados e vão para as reservas

• Reservas → resultados que não são distribuídos pela empresa aos sócios; são os resultados que ficam
retidos na empresa
o No fundo, as reservas são na mesma dos sócios, por isso é que estão nos capitais próprios,
mas os sócios entendem que não devem retirar esse dinheiro para eles e deixam esse
dinheiro na empresa – chama-se a isso de reservas
o Reservas → resultados que os sócios não tiram da empresa e que deixam ficar lá para
reforçar os capitais próprios da empresa

• Resultados transitados → é transitório


o Supondo que essa assembleia geral onde os sócios vão decidir o que vão fazer com os
resultados, os sócios ainda noa têm a certeza do que querem fazer com os resultados – não
sabem se não devem mexer neles e deixá-los como reservas, ou ficarem para eles, ou até
mesmo distribuir parte desses dinheiro pelos trabalhadores, etc
o Como ainda não têm a certeza do que vão fazer, esses vão sair dos resultados líquidos e vão
para os resultados transitados → é uma conta transitória
o Ou seja, os 40 000 euros saem dos resultados líquidos e vão para os resultados transitados
até que os sócios decidam o que vão fazer com eles → é uma conta transitória
o Serve ainda para outra coisa → se este resultado da empresa, empresa de ter sido de 40 000
euros, tivesse sido de prejuízo, por exemplo, um resultado negativo de – 5000 euros, os
sócios tinham obrigatoriamente de tirar este resultado negativo do resultado liquido e passá-
lo para os resultados transitados (obviamente com o menos, porque ele é negativo)
▪ O resultado liquido tem que ir a zeros, porque a conta de demonstração de
resultados tem de começar no dia 1 de janeiro do ano seguinte a registar proveitos
e custos do ano seguinte
▪ O resultado foi negativo → sai do resultado líquido e vai para os resultados
transitados, com o sinal menos, porque é negativo
o É outro destino para os resultados transitados → é serem resultados negativos de anos
anteriores
▪ E pode até acumular de anos anteriores – uma empresa que tenha resultados
negativos durante vários anos, vai acumulando resultados negativos nos resultados
transitados
▪ É por isso que, a certa altura, os capitais próprios podem passar a ser zero, ou até
mesmo negativos
▪ Supondo que uma empresa tinha, nos capitais próprios, capital social de 20 000
euros
▪ Supondo que no 1º ano de atividade da empresa tínhamos tido um resultado de
-20000 euros (negativo) (RLP = - 20 000 euros)
▪ Assim, quais são os capitais próprios da empresa ? + 20 000 – 20 000 = 0
▪ Os capitais próprios de uma situação liquida da nossa empresa são de 0 (SL = 0)
▪ Passariam depois para resultados transitados,
uma vez que os RLP têm de ficar a zero, e os RLP
desapareciam e ficávamos à espera dos resultados
do ano seguinte:

115
▪ Supondo que, no ano seguinte, o resultado (RLP) ainda era negativo de -10 000
euros:

▪ A situação líquida, os capitais próprios, já estão negativos ! vão ser de -10 000 euros
▪ Assim, uma empresa que tenha resultados negativos durante vários anos, a acerta
altura fica com capitais próprios negativos → FICA COM O PASSIVO SUPERIOR AO
ATIVO
▪ É a empresa ter resultados negativos que faz com que os capitais próprios,
resultado, eventuais reservas que tenham aqui acumuladas, sejam comidas e
comidas por resultados negativos e, a certa altura, podem ir a zero, ou até passarem
a negativas

→ Estas são então as principais rúbricas de um balanço

→ Assim, as rúbricas que compõem um balanço são:

• Ativo
• Passivo (capitais alheios)
• Capital próprio (situação líquida)

116
Balanço: os ciclos financeiros

• Vamos agora olhar para o balanço numa outra perspetiva

• Ciclos financeiros do balanço:


o Ciclo de investimento
o Ciclo de exploração
o Ciclo de tesouraria

• Isto é na mesma um balanço, em que temos os recursos e as aplicações


• Agora não nos interessa tanto saber se os recursos são próprios ou alheios, isto é, se estamos a falar
de capitais próprios ou alheios
• Interessa-nos é a maturidade → se estes recursos são de médio ou de longo prazo

• Ciclo de investimento
o No lado as aplicações, temos o ativo não corrente
▪ Todos aqueles bens ou direitos de médio a longo prazo, que duram muito tempo na
vida da empresa
o No lado dos recursos, temos os recursos que temos de ter para adquirir o ativo não corrente
▪ Recursos → é a origem dos fundos → são os recursos que eu tenho para financiar
o Ora estes ativos não correntes que, no fundo, estamos a falar dos bens de investimento (por
isso é que isto é um ciclo de investimento), que podem ser máquinas, equipamentos,
viaturas, edifícios, etc – é um investimento da empresa
o Este ativo não corrente deve ser financiado por que tipo de recursos ?
▪ Pelos capitais permanentes
o Capitais permanente = capitais próprios + passivo não corrente
▪ Capitais próprios → capitais da empresa
▪ Passivo não corrente → capitais alheios de médio e longo prazo
o Deve ser com estes capitas permanentes que devemos adquirir os ativos não correntes

117
▪ Por outras palavras: deve ser com recursos de médio a longo prazo que devemos
comprar bens de médio a longo prazo (que são os bens de investimento - ativo não
corrente)

o Por exemplo
▪ Quando vamos comprar um carro a um vendedor, que faz parte do ativo não
corrente, é um fixo tangível
▪ Vamos comprar e pedimos um leasing por 4 ou 5 anos
▪ Ao fazer isso, o que é que estamos a fazer ?
▪ Estamos a tentar adaptar o tempo que temos para pagar, ao tempo que dura o
ativo
▪ Uma viatura dura 4 a 5 anos na vida da empresa → então vamos pedir um
empréstimo a 4/5 anos
o Exemplo:
▪ Quando vamos comprar uma casa vamos pedir um crédito de habitação
▪ Por que prazo pedimos um crédito de habitação ? Por que prazo se pede um
empréstimo para se comprar uma casa ?
• Vamos pedir um crédito de habitação a longo prazo (durante um longo
período de tempo)
▪ Se tivéssemos um balanço familiar, a casa seria
o fixo tangível
▪ Supondo que isto era o nosso ativo, a nossa casa
▪ Vamos comprar um fixo tangível por 120 000 euros
▪ Vamos pedir um crédito de habitação → vamos
assumir um passivo de médio a longo prazo – um
passivo não corrente – empréstimos obtido de
120 000 euros
▪ Esta casa é de médio a longo prazo – a casa vai-nos
servir durante 20, 30, 40 anos → é por isso que
vamos pedir um empréstimo por 20, 30 ou 40 anos
▪ Isto é, vamos adaptar o prazo do empréstimo à
duração da casa
▪ Não vamos pedir um empréstimo a 6 meses para comprar uma casa → em 6 meses
não conseguimos arranjar 120 000 euros

o Ora, o mesmo se passa para as empresas → devemos de fazer um match das maturidades
o Isto é, se estou a comprar um bem que vai durar 10 anos na vida da empresa, devo financiá-
lo com recursos que só tenha que os pagar daqui a 10 anos
o É isto que queremos dizer com ciclo de investimento – é com estes capitais permanentes que
devemos financiar estes ativos não correntes

118
• Ciclo de exploração
o Os ativos são mais de curto prazo
o Então devemos tentar financiar estes
ativos correntes de exploração com os
passivos correntes de exploração
o Também aqui fazer um match das
maturidades
o No ativo corrente de exploração, já
vimos que uma das contas são os
clientes
o Eu tenho 1000 de crédito a conceder a clientes, os clientes devem 1000 euros
o Era bom que eu do outro lado conseguisse credito de fornecedores, também de 1000 euros
o Isto é, o cliente demorava, vamos supor, 6 meses a pagar estes 1000 uros; se eu conseguir
pagar a estes fornecedores também em 6 meses era bom → estou a obter crédito de
fornecedores que me permite dar crédito aos clientes
▪ Se eu conseguir fazer isto, só vou pagar aos fornecedores depois de ter recebido dos
clientes → praticamente estou a trabalhar com o dinheiro dos fornecedores, não
preciso de ter dinheiro meu, no sentido em que já recebi do cliente e só depois é
que pago ao fornecedor → ciclo de exploração

→ Dependendo do que acontece no ciclo de investimento e no ciclo de exploração, temos um ciclo de


tesouraria, que se traduz no seguinte:

• Ciclo de tesouraria → ou me sobra dinheiro – tesouraria ativa – ou me falta dinheiro e tesouraria é


passiva e tenho de ir pedir empréstimos de curto prazo ao banco, para equilibrar

119
Exemplo

• Uma empresa tem 800 de ativos não correntes e tem de capitais permanentes 1000
o Capitais permanentes são capitais próprios e o passivo de médio a longo prazo – passivo não
corrente
• Ora, isto é o ciclo de investimento
• Temos capitais permanentes de 1000 para financiar ativos não correntes de 800
• Até me sobram 200
• A isto que me sobra, ao nível do ciclo de investimento, chama-se de fundo de maneio (FM)

Capitais permanente – Ativos não correntes = Fundo de maneio (FM)

• É o que temos acima → se aos capitais permanentes de 1000 retirarmos o ativo não corrente de 800,
ficamos com o fundo de maneio de 200 (1000 – 800 = 200) – neste caso o FM é positivo de 200
• Isto é, esta empresa está como deve de ser → está a financiar os seus ativos de médio a longo prazo
com os capitais que são exigidos a médio a longo prazo
o Porque é que eu digo que estes capitais permanentes são exigidos à empresa no médio a
longo prazo ?
▪ Porque o passivo é de médio a longo prazo – tenho vários anos para pagar
▪ E os capitais próprios pertencem aos sócios, de modo que só temos de dar aos
sócios quando eles exigirem, mas os sócios são os primeiros interessados a gerir a
empresa, por isso é quando eles quiserem; ninguém pode exigir isto a não ser os
próprios sócios
▪ Portanto, esta empresa está bem financiada
• Vamos analisar o ciclo de exploração
o A empresa tem de passivo corrente 900
o Mas tem de ativos correntes 1400
o Isto é, o ciclo de exploração é deficitário → estes recursos não chegam para financiar as
aplicações → faltam 500 (1400 – 900 = 500) → são as necessidades do fundo de maneio
(NFM)

Ativo corrente de exploração – Passivo corrente de exploração = Necessidades FM

o Isto é, se a empresa está bem ao nível do ciclo de investimento, já não está tão bem no ciclo
de exploração

120
o Significa, por exemplo, que esta empresa não consegue obter crédito de fornecedores
suficiente para dar crédito aos clientes
▪ Já vimos que as principais rúbricas do ativo corrente de exploração são os clientes e
os inventários, os stocks
o Ora, a empresa deve tentar obter nos recursos, para poder que os clientes lhe fiquem a
dever dinheiro e para financiar os stocks que tem em armazém → neste caso não chega
o Se o fundo de maneio fosse maior,
o O que temos de confrontar agora na empresa é o fundo de maneio com as necessidades do
fundo de maneio
▪ Neste caso: Fundo de maneio – Necessidades de fundo de maneio = - 300
▪ 200 menos 500 dá uma tesouraria negativa – leia-se passiva
▪ Temos então uma tesouraria passiva → esta empresa tinha de pedir empréstimos
bancários de tesouraria, de curto prazo

• Balanço desta empresa:


o Do lado esquerdo:
▪ Ativos não corrente: 800
▪ Ativo corrente de exploração: 1400
▪ Total do ativo: 2200
o Do lado direito:
▪ Capitais permanente: 1000
▪ Passivo corrente de exploração: 900

→ Se o lado esquerdo tem de ser igual ao lado direito, tinha de ir pedir 300 de
empréstimos de curto prazo para o balanço ficar equilibrado – tinha de ir pedir
empréstimos aos bancos – é uma situação que se diz que a tesouraria é passiva – isto
porque as necessidades do fundo de maneio (500) são superiores ao fundo de maneio
(200)

• FM > NFM → tesouraria ativa → significa que sobra dinheiro na empresa


• FM < NFM → tesouraria passiva → tenho de pedir financiamento a curto prazo aos bancos

• Então, no exemplo da empresa anterior temos uma tesouraria passiva


o Porque esta empresa está mal financiada
o O ciclo de investimento está bem financiado → os capitais permanentes até são superiores
ao ativo corrente, até sobra em fundo de maneio
o O ciclo de exploração é que é muito deficitário → não tem passivos, recursos suficientes,
para financiar os ativos que tem → é uma empresa que tem necessidades de fundo de
maneio

121
Exemplo

• Vamos supor que esta empresa tem o ciclo de investimento equilibrado


o Os capitais permanentes são de 800, que financiam bem os ativos não correntes de 800
• FM = 0
o Não tem FM, mas está equilibrado
• A nível do ciclo de exploração, tem um passivo correntes de exploração de 1600 e tem um ativo
corrente de exploração de 400
o Isto é, as necessidades do fundo de maneio são negativas
o É bom !
o Tenho um ciclo de exploração muito bom !
o Tem recursos no passivo corrente de exploração que mais que financiam as necessidades dos
ativos correntes de exploração que têm
• Isto origina uma tesouraria ativa e sobram 1200
• Balanço desta empresa:
o Do lado esquerdo:
▪ Ativos não correntes: 800
▪ Ativos correntes de exploração: 400
o Do lado direito:
▪ Capitais permanentes: 800
▪ Passivo corrente de exploração: 1600
• A soma do lado direito dava 2400
• No lado esquerdo, para dar na mesma os 2400, porque o lado esquerdo tem de ser igual ao lado
direito, é porque tinha uma tesouraria de 1200
• Isto é, sobrou-lhe dinheiro
• Estes 1200 era o depósito à ordem ou caixa
o Sobrou-lhe este dinheiro → Porque tem um ciclo de exploração muito favorável

• Existe alguma atividade em que a situação das empresas, o modelo de negócio, se aproxime deste
que aqui temos ?
o Neste caso, a empresa tem um ativo corrente de exploração baixinho, de 400
o Isto significa que a sua conta de clientes não é muito grande; os inventários também não são
muito grandes (clientes ficam pouco a dever, inventários baixos)
o E na parte dos passivos corrente de exploração significa que consegue muito crédito de
fornecedores, tem muito crédito de fornecedores – pode ficar a dever aos fornecedores e

122
noa precisa de dar credito aos clientes, nem precisa de manter stocks de inventários muito
altos
o Por isso é que não tem necessidades de fundo de maneio – pelo contrário, elas até são
negativas
o É um negócio em que não tenho grandes stocks – eles mal entram saem – vendo-os logo
o Se eu não dou crédito aos clientes, significa que os clientes pagam a pronto
o Tenho um grande poder negocial para pagar aos fornecedores – consigo obter muito crédito
aos fornecedores, consigo pagar tarde aos fornecedores
• Assim, um exemplo de um negócio que pode funcionar assim são os hipermercados
o Eles recebem a pronto dos clientes – vamos a um hipermercado e pagamos a pronto – a
conta clientes praticamente não existe – não dão crédito aos clientes, é muito baixo
o Os inventários são muito baixos – há grande rotação de stocks – as coisas entram e saem
logo (a maior parte das coisas até tem prazo de validade – há grande rotação, não há
grandes stocks)
o Obviamente que o ativo corrente de exploração dos hipermercados é muito baixo
o Depois, do outro lado, os hipermercados têm um grande poder negocial sobre os seus
fornecedores – a montante, a comprar os produtos, as grande superfícies têm um enorme
poder negocial
▪ Portanto, conseguem não só baixar preços, como conseguem prazos de pagamento
excecionais
▪ Por exemplo, um pequeno produtor de caramelos – vou dizer que se ele quiser
vender os seus caramelos no continente, pode vender se fornecer e se eu lhe pagar
daqui a 90 dias, por exemplo
▪ Isto significa que eles têm, na principal rubrica do passivo corrente de exploração,
que são os fornecedores, têm uma conta enorme (que é o que ficam a dever aos
fornecedores)
o Ora, como só pagam aos fornecedores muito tarde e recebem muito tarde, sobra-lhes
dinheiro – têm uma enorme tesouraria ativa
o Grande negócio dos hipermercados é financeiro → eles recebem a pronto dos clientes e se
pagarem a 90 dias aos fornecedores, estão 90 dias com o dinheiro à sua disposição,
financiado pelos fornecedores – têm um ciclo de exploração altamente favorável
o Se tiverem um ciclo de investimento equilibrado, como é o caso do exemplo acima, a
tesouraria vai ser altamente ativa
o Agora aqui nem é uma questão de ter muito fundo de maneio; agora as necessidades de
fundo de maneio é que são negativas → não tenho necessidades de fundo de maneio, até
pelo contrário → o ciclo de exploração liberta-me dinheiro

• Balanço da empresa dos caramelos que fornece o continente


o Vamos supor que eles também têm um ciclo de investimento equilibrado
▪ Temos o ativo não corrente do lado esquerdo e do lado direito os capitais
permanentes
• Estão equilibrados → fundo de maneio igual a 0 → FM = 0
o Ciclo de exploração
▪ Tem de ser o inverso dos hipermercados
▪ Esta empresa de caramelos é uma empresa pequena e os hipermercados são uns
dos principais clientes deles → a empresa de caramelos não pode viver sem os
hipermercados, porque os hipermercados compram-lhes muito
▪ Já vimos que a empresa de caramelos não tem poder negocial junto do continente
▪ Assim, a conta clientes da empresa de caramelos vai ser muito alta – os clientes vão
ficar a dever dinheiro à empresa de caramelos durante muito tempo, porque vão
pagar só, por exemplo, a 90 dias

123
▪ O que significa que vão ter um ativo corrente de exploração muito alto
▪ Do lado dos fornecedores (lado direito), a empresa de caramelos, como é pequena,
não tem grande poder negocial sobre os seus fornecedores → vai ter um passivo
corrente de exploração muito baixo
▪ Se tem um ativo corrente de exploração muito alto e um passivo corrente de
exploração muito baixo, o seu ciclo de exploração vai ser muito desfavorável → vai
ser o contrário dos hipermercados
▪ Ou seja, a empresa de caramelos vai ter uma tesouraria negativa → para equilibrar
o balanço vai ter de pedir empréstimos bancários de curto prazo (isto envolve juros
– ou seja, estas empresas estão “a trabalhar para os bancos”)
▪ Esta é a situação de um pequeno fornecedor das grandes superfícies
▪ Para isto não ser assim, esta empresas devem reforçar os seus capitais
permanentes, ou seja, obter um fundo de maneio maior que zero, a fazer face a
estas necessidades de funco de maneio, que obrigam a empresa de caramelos a
pedir empréstimos
▪ Se houver fundo de maneio na parte de cima, se aumentarem a parte dos capitais
permanentes, pode ser que consigam equilibrar o balanço e que não sejam precisos
empréstimos de curto prazo → significa que, provavelmente, para os capitais
permanentes subirem, os sócios têm de meter mais dinheiro na empresa

Rever:

• Balanço: peça contabilística que é uma fotografia da situação patrimonial e financeira de uma
empresa

124
A demonstração de resultados

• Demonstração de resultados: peça contabilística onde se vai apurar o resultado da empresa – se a


empresa tem lucro, prejuízo, etc
• Também aqui podemos imaginar um T, em que do lado esquerdo temos os gastos (custos) e do lado
direito temos os rendimentos (proveitos)

• Tipo de custos que uma empresa suporta:


o Custo das mercadorias vendidas e as matérias consumidas (CMVMC) – que abrange:
▪ Custo das matérias primas (MP) consumidas
▪ Custo das mercadorias vendidas

→ Estes custos dão uma informação importante que, no fundo, traduzem a diferença
entre comércio e indústria; por isso é que se fala de custo das mercadorias vendidas –
normalmente isto corresponde à atividade comercial

Por exemplo, uma mercearia compra aos seus fornecedores iogurtes e vende os
mesmos iogurtes, sem fazer nada aos iogurtes, sem os transformar. Ora, neste caso, o
iogurte é uma mercadoria – se eu o vendo mercadorias e se vendo, tenho um
rendimento, que está do lado direito, do lado esquerdo vou registar quanto é que me
custaram as mercadorias → vou registar quanto é que paguei por elas e por quanto é
que as vendi.

→ Já as meterias primas traduzem uma atividade industrial. Nós temos o custo das
matérias primas consumidas, o custo das meterias primas consumidas → porque uma
empresa industrial compra matérias primas e depois vai transformar essas matérias
primas, há um processo de transformação, um processo produtivo/industrial e
transforma as matérias primas em produtos e o que vende são produtos

→ No comércio não há processo produtivo, não há processo de transformação – compro


mercadorias e vendo mercadorias

→ Na indústria, eu compro matérias primas, registo do lado direito o custo das matérias
primas e do lado direito a venda do produto

Estes são então os primeiros custos que temos aqui que, tradicionalmente, uma
empresa suporta

125
o Fornecimentos e serviços externos → é tudo o que a empresa vai buscar fora, tudo o que a
empresa manda fazer fora
▪ Por exemplo: outsourcing – o que uma empresa manda fazer fora está no
fornecimento de serviços externos
▪ Mas também se inserem aqui coisas como a eletricidade, a internet, etc – vários
consumíveis que a empresa vai comprar fora, não é ela que produz, manda fazer
fora
▪ Insere-se aqui, por exemplo, uma avença que a empresa paga todos os meses ao
contabilista
▪ São os bens ou os serviços que a empresa não produz, que vai buscar fora

o Gastos com pessoal → são os salários, os descontos para a segurança social, os seguros de
acidentes de trabalho, etc
▪ São todos os custos que uma empresa suporta com os seus trabalhadores

o Depois temos mais 4 tipos de custos que vamos falar mais à frente
▪ Imparidades
▪ Provisões
▪ Gastos de depreciações
▪ Amortização

o Outros gastos operacionais

o Gastos de natureza financeira → juros e gastos similares suportados


▪ Isto é, se, por exemplo, uma empresa pedir um empréstimo, vai ter de pagar juros e
isto é um custo financeiro
▪ Ou gastos similares – por exemplo, uma empresa que funcione com várias moedas,
que exporte e que importe, a contagem de câmbio pode ter uma perda
▪ São gastos que têm a ver com a forma como a empresa se financia

• Vamos agora ver o que se quer dizer quando se fala de imparidades, provisões, gastos de
depreciações e amortizações

126
• Depreciação → reconhecimento do desgaste de um ativo fixo tangível, de uma propriedade de
investimento ou de um ativo intangível (amortização)
o Quando se trata de um ativo intangível diz-se amortização ou depreciação
o Isto não é um custo que tínhamos de pagar, não é dinheiro que sai da empresa
o É o contrário – não sai dinheiro da empresa, mas tenho um ativo, por exemplo, uma viatura,
que, com o seu uso, vai desgastando – ao desgastar-se perde valor
o Ora, essa perda de valor que um ativo sofre pelo uso é uma depreciação ou amortização
o A perda de valor é tratada como um custo
o Por exemplo, eu tenho um ativo que vale 20 000 euros, mas passado um ano ele já não vale
20 000 euros – já só vale, por exemplo, 15 000 euros
o Vamos corrigir o valor do ativo
o Isto tem de ser encarado como um custo → porque o meu património, no fundo, baixa
o Eu vou corrigir o valor de 20 000 e passá-lo para 15 000 → é como se fosse uma perda → a
empresa fica mais “pobre” porque tem um ativo mais gasto, que vale menos
o Este conceito de depreciação está intimamente ligado à noção de “vida útil” de um bem
o É um gasto, mas não é uma siada de caixa
o Supondo o exemplo de uma viatura
▪ Supondo que uma viatura tem uma vida economia, uma vida útil na empresa de 4
anos
▪ Se tratarmos o seu desgaste de forma linear durante estes 4 anos – que é como é
tratado, em regra geral, as depreciações – isto significa que o carro se vai desgastar
25% todos os anos
▪ Se eu o comprei por 20 000 euros, ao fim de um ano ele desvaloriza-se 25%
▪ Não é bem 25%, porque a depreciação é calculada por:

127
Exemplo (depreciação)

• Uma empresa comprou uma viatura por 20 000 euros


• O seu tempo de vida útil são 4 anos
• Estima-se que o seu valor residual é de 10% do seu valor → ou seja, 10% de 20 000
o O seu valor residual vai ser de 2000
• Isto é, entende-se que mesmo no fim da sua vida útil, o bem, o ativo, tem sempre algum valor (nem
que seja para troca, para peças, para a sucata) – é esse valor que ele tem no final que se chama de
valor residual
• Então, a depreciação anual, todos os anos, vai-se desvalorizar o bem, a viatura, 4500 euros
• Vamos considerar que esta viatura, que este ativo fixo tangível, ao fim do primeiro ano, vai perder
4500 euros de valor
o Portanto, se ele estava no balanço por 20 000 → 20 000 – 4 500 = 15 500
o Vai passar a valer no balanço 15 500
o Esta diferença significa que o meu ativo, que o meu património, ficou mais pobre
o Esta diferença, esta depreciação é assim tratada como se fosse um custo, uma perda
o Daí nós registarmos, na demonstração de resultados, no balanço desta empresa, vamos
apontar que as depreciações, na parte dos gastos (custos) são de 4 500 euros → significa que
aumentamos os custos; é como se fosse uma perda, um custo → assim, o resultado, o saldo,
vai diminuir
o Assim, no final dos 4 anos, fizemos 4 depreciações de 4 500 euros → isto é, 18 000 euros nos
4 anos → de tal forma que o valor pelo qual que esta viatura passava a entrar no balanço da
empresa era só de 2 000 euros (20 000 – 18 000 = 2 000) → corresponde ao seu valor
residual
o Ou seja, no final dos 4 anos, o valor de Balanço desta viatura será igual ao VR, isto é, a 2 000
euros (10% * Valor aquisição) → porque entretanto, desvalorizamos a viatura 18 000 euros
→ consideramos que ele perdeu valor pela sua utilização
o Simultaneamente, como o dinheiro não sai da empresa, estes 4 500 não se paga a ninguém –
no fundo o que estamos a considerar é que o meu ativo vale menos
o Mas ao retirar este valor dos resultados, do lucro que a empresa poderia ter, vou considerar
que isto é um prejuízo, que contribui para baixar o resultado
o Mas como o dinheiro não sai, isto funciona como uma espécie de poupança → isto é, se
estamos a abater os 4 500 euros aos resultados, se estamos a retirar aos resultados estes
4500 euros todos os anos, significa que ao fim de 4 anos, a empresa vai estar em condições
de substituir este bem e manter a sua capacidade produtiva → vai poder comprar um outro
carro (neste caso), para poder substituir a viatura que já não serve para as funções –
degastou-se

128
o Portanto, isto é, simultaneamente, uma espécie de poupança que as empresas fazem para,
mais tarde, repor a capacidade produtiva, para substituir o bem

• Imparidade → reconhecimento da diminuição do valor de um ativo (excluindo os ativos fixos


tangíveis e os intangíveis). O objetivo é de refletir nos resultados, como gasto, perda de valor de um
ativo e, consequentemente, a variação patrimonial negativa da empresa
o Mas de que ativo estamos a falar ?
o Vamos considerar o exemplo de uma imparidade em dívidas a receber
▪ Vamos supor que uma empresa tem dividas a receber dos seus clientes
▪ Já vimos que os clientes fazem parte do balanço de uma empresa – o que os clientes
me devem
▪ Supondo que a empresa tinha na conta clientes 10 000 euros e que um dos clientes
que devia 5 000 destes 10 000 foi à falência – não tem como pagar, não tem bens
em seu nome – a empresa não tem maneira nenhuma de receber estes 5000 euros
▪ Sendo assim, o que é que me adiante dizer que eu tenho aqui um ativo,
nomeadamente na conta clientes, que vale 10 000 euros, quando eu sei que eu não
recebi 10 000 euros – já só vou receber 5000, porque 5000 já não vou receber
▪ Então, vou constituir uma imparidade
▪ Uma imparidade é isto → é reconhecer que este ativo que aqui tenho, os créditos
que tenho sobre clientes, já valem aquilo que valem, porque eu nunca mais vou
receber 5000 euros de um cliente que faliu e, portanto, vou constituir uma
imparidade
▪ Uma imparidade é eu baixar 5000 à conta cliente, considerar que só tenho lá 5000,
que só me devem 5000 e que o outros 5000, esta imparidade, vou registá-la na
conta de demonstração de resultados, na parte das imparidades, como se fosse um
custo, uma perda (e de facto é uma perda, porque eu não vou receber) (não vou
receber mais do que 5000, porque houve um cliente que faliu) → então, ciro uma
imparidade, corrigindo o valor que tenho no ativo e, portanto, considerando que
tive um prejuízo

• Provisão → é um custo mas que não é corrigir o valor de um ativo; é o reconhecimento de uma perda
provável ou certa, mas com data e valor ainda incertos
o Exemplo: provisão para processos judiciais em curso
▪ Supondo que temos uma empresa que produz determinado alimento e que os
nossos alimentos provocaram uma intoxicação nos alimentos
▪ Por exemplo, uma empresa de catering que fez um casamento e houve uma
intoxicação
▪ Essas pessoas pediram uma indeminização à empresa e a empresa foi condenada a
pagar uma indeminização, vamos supor, de 40 000 aos clientes
▪ Ora, a empresa não aceita essa decisão e até vai recorrer para a relação
▪ Reparem no conceito de provisão → reconhecimento de uma perda provável ou
certa, mas com data ou valor ainda incertos
▪ Ou seja, ainda não sei quando é que vou ter de pagar os 40 000 e nem sequer sei se
vão ser mesmo 40 000, porque depois, ao recorrer, o tribunal pode dizer que não
são 40 000, mas sim 30 000 euros a pagar de indeminização
▪ Agora, não tendo a certeza se vou ter de pagar ou quando vou pagar, a empresa,
por prudência, vai considerar que, como já tem a condenação, vai considerar que
deve estes 40 000 → por isso é que quando falamos no balanço, estava no passivo

129
não corrente as provisões – no fundo isto é um passivo; vou considerar que devo
estes 40 000
▪ Depois se o tribunal disser que não são os 40 000, ainda melhor, mas eu, por
prudência, vou considerar que devo estes 40 000 → é o que se chama criar uma
provisão → vou colocar esses 40 000 coo passivo e considerar que esses 40 000 são
um custo, ou uma perda, que eu vou ter e que vai prejudicar o resultado

• Rendimentos (proveitos) de uma empresa:


o Os proveitos que a empresa pode ter resultam, fundamentalmente, das vendas
▪ Das vendas de mercadorias ou de produtos
▪ Ou da prestação de serviços – há empresas que só prestam serviços
• Por exemplo, um escritório de advogados presta serviços
• Se amanhã formarmos uma empresa que faz estudos ambientais, isto é um
serviço, não é um produto
o Portanto, os rendimentos que uma empresa pode obter vêm fundamentalmente daquilo que
ela vende – seja um produto de mercadorias, seja de prestação de serviços

o Depois, como nos custos consideramos que haviam outros gastos operacionais, aqui nos
rendimentos também há outros rendimentos operacionais
▪ Pegando no exemplo que há bocado vimos do carro
▪ Supondo que ao final de 4 anos este caro, que como vimos estava no balanço por
2000 euros, o seu valor residual, porque entretanto tínhamos amortizado os 18 000
e o carro estava no balanço pelos 2000 euros, ao fim de 4 anos
▪ Quando a empresa vai vender o carro, quando o vai trocar por um novo, conseguiu
vendê-lo por 3000 euros → isto é, vendeu por 3000 um ativo, neste caso um carro,
que estava pelo valor de 2000 no seu balanço
▪ Isto é, ganhou aqui uma mais-valia → ganhou uma mais-valia na venda do carro,
porque o valor deste ativo no balanço era de 2000 e se o conseguiu vender por
3000, ganhou 1000 (∆ = 1000)
▪ Ora, isto é um exemplo de um rendimento operacional
▪ Registávamos então do lado esquerdo estes 1000 como outro rendimento
operacional
▪ Isto porque aqui não é uma venda de produtos, a empresa não vende carros – a
empresa no exemplo acima era uma empresa de iogurtes
▪ A venda dos iogurtes regista nas vendas; já a venda deste carro é um resultado que
não tem a ver com atividade da empresa, mas onde ela teve este rendimento de
1000 → regista estes 1000 nos outros rendimentos operacionais
▪ No mesmo exemplo, se em vez vendermos a viatura ao fim de 4 anos por 3000, se a
vendermos por 1000, como ela valia 2000, íamos ter o contrário, íamos ter uma
perda de 1000 (∆ = -1000) → e estávamos nos gastos, nos outros gastos
operacionais ! – porque tínhamos perdido 1000 euros (menos-valia)
▪ É um exemplo que tanto dá para obter tanto um novo rendimento, como um gasto
– dependendo se eu realizei uma mais-valia ou uma menos-valia

130
o Juros e rendimentos similares obtidos
▪ Por exemplo, se eu fizer uma aplicação num banco, por exemplo, quando eu tenho
excesso de tesouraria – tesouraria ativa – e faço uma aplicação num banco, o banco
recebe os juros e é um rendimento que eu tenho – registo na parte dos juros e
rendimentos similares obtidos → rendimento de origem financeira – não é um
rendimento que resulta que resulta da minha atividade “principal”
▪ Banco pagou-me juros → é na mesma um rendimento, só que é um rendimento de
origem financeira, não é um rendimento normal, operacional, porque esses são os
rendimentos que têm a ver com a minha atividade core
▪ Também pode ser um ganho cambial
▪ Aqui recebo juros ou ganho dinheiro numa taxa de câmbio, por exemplo

• São estas as principais rúbricas da demonstração de resultados → portanto, de proveitos e de custos


• O saldo desta conta é o resultado da empresa

• Se os rendimentos (proveitos) são superiores aos gastos (custos) → resultado positivo → empresa
teve lucro
• Se os rendimentos (proveitos) são inferiores aos gastos (custos) → resultado negativo → temos
prejuízo

• É este saldo desta conta, o resultado, que, quando vimos o balanço, que tem reflexo nos capitais
próprios no balanço

• Na demonstração de resultados temos, do lado esquerdo, os custos mais relevantes que uma
empresa suporta
• Podemos classificar estes custos de 2 formas

131
Classificação dos gastos

• Podemos classificar estes custos de 2 formas


o Seja na forma como eles se relacionam com o objeto de custeiro
o Ou na forma como eles se relacionam com a produção

Exemplo

• Isto é uma empresa que produz iogurtes


• Eu, que sou o gestor da empresa, quero saber quanto é que custa 1 iogurte
• Tenho que saber isso até para saber o preço que vou cobrar pelo meu produto (pelo iogurte)
• Para saber a que preço devo cobrar o iogurte, tenho de ter em conta 2 coisas fundamentais:
o Qual o custo do meu produto; quanto é que custa o meu produto
▪ O preço que eu vou cobrar tem de ser superior a isso
o Quanto é que cobram os meus concorrentes, os outros produtores de iogurtes, no mercado,
pelos seus iogurtes
▪ Só posso cobrar pelo meu iogurte um preço superior aos da concorrência, se tiver a
certeza de que o mercado reconhece que o meu produto é diferente e melhor – se
tiver uma vantagem, uma diferenciação qualquer positiva

• Como é que calculo o custo do produto ? O custo unitário de produção


o Para eu calcular este custo de 1 iogurte, eu suporto custos, os custos que eu suporto são os
anteriores que vimos (na tabela de demonstração de resultados)
o Há alguns destes custos que os devo considerar como custos diretos
▪ São custos que eu imediatamente imputo ao custo do iogurte que, neste caso, é o
objeto de custeiro
▪ Por exemplo, cada copo de plástico que a empresa vai comprar fora para pôr lá o
iogurte vai custar 1 cêntimo → este 1 cêntimo é imediatamente imputado ao custo
do iogurte
▪ Depois compramos também aquela tampa do iogurte que se põe fora – essa tampa
custa x → tenho que pôr isso, mais uma vez, no custo do iogurte
▪ Depois, na empresa, tenho uma máquina de embalar os iogurtes, onde trabalham 4
trabalhadores, que só trabalham nos iogurtes
• Tenho de imputar os salários desses trabalhadores aos iogurtes
• Supondo que esses trabalhadores ganham 20 000 euros
• Divido esses 20 000 pelo nº de iogurtes e o que calha a cada iogurte faz
parte do custo – é um custo direto do iogurte

132
o Há outros custos em que eu não tenho tanta facilidade em imputar imediatamente a um
objeto custeiro – neste caso um iogurte
▪ Por exemplo, a conta da eletricidade – a empresa paga uma conta de eletricidade
▪ Mas é a eletricidade da empresa toda
▪ E eu não produzo só iogurtes – eu produzo iogurtes, queijo, manteiga, etc
▪ E a conta da eletricidade é para tudo
▪ Quanto da conta da eletricidade é que vou imputar aos iogurtes ?
▪ Vou ter de imputar de forma indireta
o A eletricidade é um custo indireto
▪ Ou, por exemplo, o que ganham os trabalhadores do departamento da
contabilidade
▪ Tenho 3 pessoas a trabalhar no departamento de contabilidade
▪ Ora, essas pessoas não trabalham só para os iogurtes – trabalham para o requeijão,
para o leite, para a manteiga, etc
▪ Quanto dos salários das pessoas que trabalham no departamento da contabilidade
é que vou imputar aos iogurtes ?
▪ Mais uma vez, esses salários seriam um custo indireto

o Por norma, vamos imputar de uma forma direta; pode ser uma forma mais elaborada ou
menos elaborada
▪ Por exemplo, é normal dizer: qual o peso dos iogurtes no total da produção, das
vendas da empresa ?
▪ É 20%
▪ Então 20% da eletricidade vamos pôr a afetar os iogurtes
▪ Dividimos 20% da conta da eletricidade pelo nº de iogurtes e temos quanto é que
cada iogurte consome de eletricidade
▪ Assim chegamos ao custo unitário do meu objeto de custeio (que neste caso era o
iogurte)
o Temos de ter esta noção de que, às vezes, o ótimo é inimigo do bom → às vezes, para
sermos muito rigorosos na gestão, neste caso na gestão dos custos, isso pode significar nós
incorrermos em mais custos
▪ Por exemplo, os gestores de um supermercado chegam à conclusão que 2% das
suas vendas são roubadas
▪ Significa que eu podia vender mais 2%, mas não vou, porque me roubaram
▪ Temos de resolver este problema: podemos pedir mais vigilantes, podemos reforçar
os alarmes dos produtos, podemos aumentar o nº de câmaras – aumentar a
segurança
▪ E o gestor pergunta: mas quanto é que isso me custa ?
▪ Respondem que isso custa 4% das vendas
▪ Decisão racional do gestor: deixar roubar
▪ Isto é, enquanto os roubos significarem para mim um custo de 2%, eu não vou, para
evitar esse custo de 2%, gastar 4% → a emenda é pior
▪ É melhor que me roubem do que eu estar a gastar uma fortuna para que não me
roubem

133
• Outra forma dos custos serem classificados é de acordo com a forma como eles se relacionam com a
atividade, com a produção das empresas
• Aí os custos podem ser:
o Variáveis → custos que variam com a atividade da empresa
▪ Isto é, se eu trabalhar mais, estes custos variáveis são maiores, se trabalhar menos
são menores e se não trabalhar nada noa tenho custo variável
o Fixos → custos que não variam com a atividade da empresa
▪ Quer trabalhe muito, tenha muita atividade, ou venda pouco, o custo é sempre o
mesmo
• Supondo que vamos criar uma empresa e vamos arrendar umas instalações para a nossa empresa e
vamos pagar uma renda ao senhorio
• A nossa empresa é de, por exemplo, estudos de impacto ambiental
• Faça a nossa empresa muitos ou poucos estudos ou nenhum estudo, a renda que pagamos ao
senhorio vai ser sempre a mesma → a renda é um custo fixo
• Agora supondo que para fazermos determinadas analises temos de comprar determinados reagentes
→ custo variável
o Se fizermos muitas análises, gastamos mais reagentes – gastamos menos dinheiro
o Se fizermos poucas análises, gastamos menos reagentes – gatamos mais dinheiro
o Se não fizermos análises nenhumas, não vamos gastar nenhum reagente – não gastamos
dinheiro

• Isto é como quando pensamos nos restaurantes, hotéis, cabeleireiros, etc, em tempo de pandemia,
que estiveram muito tempo fechados
o Tudo isso são empresas que suportam custos fixos e custos variáveis
o Se estão fechados, não têm custos variáveis → porque os custos variáveis dependem da
atividade → atividade = 0 → custo variável = 0
o O problema são os custos fixos → rendas que continuam a ter de pagar, salários fixos dos
trabalhadores, etc → custos que não dependem da atividade → custos fixos estão sempre
presentes, independentemente de os estabelecimentos estarem ou não a trabalhar
o Se eu tenho um restaurante fechado, não suporto custos variáveis – suporto apenas os
custos fixos

• Se tivéssemos uma empresa, preferíamos ter uma estrutura de custos fundamentalmente suportada
em custos fixos ou em custos variáveis ?
o Suportada por custos variáveis
o Supondo que tínhamos o seguinte gráfico:

o Supondo que a minha atividade/vendas varia como a reta do gráfico


o Temos as vendas/custos em função do tempo

134
o Seriam as minhas vendas, os meus proveitos, rendimentos
o Se eu tivesse uma estrutura de custos fixa → 100% de custos fixos (coisa que nunca existe –
uma empresa nunca tem 100% de custos fixos ou 100% de custos variáveis)
o Nos períodos acima da linhas dos custos fixos, nos períodos de alta (às riscas), até podia ser
útil
o O problema são os períodos baixos, os períodos abaixo da linha dos custos fixos (às bolinhas)
– quando eu vendo menos, as recessões
o Estes períodos de recessão podem ainda ser mais cavados e durar ainda mais (a tracejado) e,
entretanto, fui à falência, porque não aguentei tanto tempo
• Era o que aconteceria à maioria dos hotéis e restaurantes, em tempo de pandemia, se não
houvessem as ajudas do estado → não aguentariam estar 2 anos de crise pandémica com rendimento
0 e a suportar os custos fixos durante 2 anos
• Se eu tiver 100% de custos variáveis, os meus custos acompanham os meus rendimentos:

• O que significa que, no limite, até mantinha tudo pago


• E se a minha atividade fosse 0, os meus custos também eram 0 → nunca tinha prejuízo
• É evidente que ter uma estrutura de custos mais flexível, com custos variáveis, dá mais defesa aos
gestores de se defenderem/adaptarem dos períodos maus

• Quem respondeu à pouco que era preferível ter custos fixos em vez de custos variáveis, e que tipo de
custos é que estava a pensar ? Que aspeto positivo é que isto poderia ter ?
o Tínhamos conhecimento de exatamente quanto é que tínhamos de gastar por mês
o A vantagem de ter custos fixos é o planeamento
o É mais fácil se eu souber com o que conto
o Por exemplo, vimos que muitas vezes as pessoas compram um carro com recurso ao leasing
(leasing financeiro)
o Há muita gente que prefere comprar os carros em renting → no fundo é um leasing
operacional (NÃO É PRECISO SABER)
o O renting é nós comprarmos um carro, por exemplo, e para além da prestação que pagamos
para comprar o carro, a prestação ainda inclui as revisões do carro, as mudanças de óleo, as
mudanças de pneus, se eu tiver um acidente tenho o seguro pago, etc → isto é, eu pago uma
mensalidade e eu sei que é esta mensalidade que pago, é uma mensalidade certo → por isso
é que muitas pessoas preferem comprar em renting
o Porque se eu comprar em leasing, a prestação não vai englobar nada disto
o Isto é, com recurso ao renting pago uma mensalidade mais cara, mas que inclui tudo e em
que eu já sei com o que conto

• Agora, é bom saber com o que contamos, é bom haver estabilidade, quando estamos numa situação
boa → quando estamos numa situação má, não é bom haver estabilidade
• Ninguém quer estabilizar uma situação má → pelo ocntrário, queremos é instabilidade → queremos é
reverter essa situação

135
• Isto é, a estabilidade, o planeamento, o saber com o que conto, não é um fim em sim mesmo → é
cómodo, dá jeito, mas se calhar prejudica-me
• Prefiro ter uma estrutura de custos em que os custos possam baixar – adaptar os custos aos seus
proveitos → é assim preferível os custos variáveis
o Por isso é que algumas empresas preferem pagar aos seus trabalhadores uma parte do seu
salário fixa e a outra parte variável, em função do seu mérito, do seu trabalho (têm
prémios/percentagens sobre aquilo que vendem, por exemplo) → isto para as empresas é
melhor – porque é transformar custos fixos em custos variáveis → a parte do salário varável
eu só dou se o trabalhador vendeu, se a empresa teve atividade; não vendeu, não suporto
isso – só suporto a parte fixa (não suporto a parte variável)

• Vamos então à nossa demonstração de resultados e vamos olhar para os custos que aqui temos

• Destes custos que aqui temos, há aqui algum que seja, por definição, variável ? E há aqui algum custo
que seja, por definição, fixo ?
o Os CMVMC (custo das mercadorias vendidas e as matérias consumidas) são, por definição,
custos variáveis → porque é o custo do que eu vendi – tem a ver com a atividade
▪ Se é o custo do que eu vendi, se eu vender 0, estes custos são 0
▪ Se eu vender muito, estes custos aumentam, porque são os custos do que eu vendi
▪ Se vender pouco, os custos também diminuem

o Fornecimentos serviços externos → custos fixos e variáveis (misto)


▪ Por exemplo, a renda de um escritório → custos fixos
▪ Também pode estar aqui nestes custos o outsourcing, a subcontratação
▪ Por exemplo, os copinhos de iogurtes → se vendo menos iogurtes, vendo menos
copinhos → também há aqui custos variáveis
▪ Por exemplo, a eletricidade – se eu tiver mais maquinas a trabalhar consumo mais,
se tiver menos a trabalhar consumo menos → custos variáveis

136
o Gastos com pessoal → custos fixos e variáveis
▪ Dependem do tipo de empresa e do tipo de relação que tem com o colaborador
▪ No exemplo de há pouco, se há um trabalhador que tem um salario fixo, é um custo
fixo, mas se vai receber uma parte do seu salario em função daquilo que vai vender,
há também um custo variável → tem as duas componentes
▪ Trabalho extraordinário – por exemplo, nos hotéis do algarve, há alturas em que eu
tenho picos de trabalho (por exemplo em agosto, em que há um acréscimo de
trabalho), mas depois há alturas em que há um decréscimo de trabalho → ora, é um
custo variável

o Gastos de depreciações/amortização → 100% gastos fixos


▪ No exemplo que vimos à pouco do carro, vou considerar que o carro se
desvalorizou, durante 1 ano, 4500 euros, tenha a empresa vendido muito ou pouco
▪ Todo os aos vou considerar que suportei um custo, que é o desgaste deste carro –
que passou, portanto, a valer menos 4500, durante os 4 anos de vida útil do carro
→ é independente de eu ter vendido muito ou pouco; é independente de ter
trabalhado muito ou pouco; é independente do carro ter feito muitos ou poucos
quilómetros → porque nós linearizamos → consideramos que ele desvaloriza 25%
por ano
▪ Assim, as amortizações são, por definição, um custo fixo

• Ou seja
o Os CMVMC são custos variáveis
o Os gastos de depreciações/amortização são custos fixos
o Todos os outros custos são custos mistos – têm parte fixa e parte variável

137
• Com base nos conceitos de custos fixos e de custos variáveis, vamos voltar a ver a nossa
demonstração de resultados
• Vamos analisar a demonstração de resultados numa perspetiva vertical
• Vamos decompor os resultados da empresa em vários subresultados → de forma a que quando
olhamos para o resultado de uma empresa, analisar esse resultado, interpretar esse resultado, não
olhar só para o resultado final, mas sim ver como é que este resultado é composto, como chegamos a
ele
• Vamos então ter subresultados → são indicadores que nos ajudam a interpretar melhor os resultados
de uma empresa

• Vamos começar por ter os rendimentos ou proveitos operacionais de uma empresa


o Resulta essencialmente das venadas, mercadorias, produtos, prestação de serviços, etc

• Depois vamos retirar a esses rendimentos operacionais apenas os custos ou gastos variáveis
operacionais
o E obtemos aquilo que se chama de margem bruta

• Margem bruta → diferença entre os rendimentos operacionais e os custos variáveis operacionais

• Gastos fixos desembolsáveis – que são gastos fixos, mas que correspondem, de facto, a saídas de
dinheiro da empresa
o Por exemplo, já vimos que as depreciações e as amortizações são gastos/custos, mas que o
dinheiro não sai da empresa; não damos dinheiro a ninguém, pelo contrario – estamos a
considerar que o ativo se desgasta, perde valor, mas no fundo estamos a retirar esses valor
aos resultados, estamos a considerá-lo como custo, para que quando esse bem chegar ao fim
o possamos substituir e manter a nossa capacidade produtiva → assim, as depreciações
nunca são desembolsáveis

138
• Se retirarmos à margem bruta os gastos fixos desembolsáveis (parte dos custos fixos em que
efetivamente sai dinheiro), obtemos o EBITDA → Earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization → Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização → no fundo é o
resultado que a empresa teria antes de considerarmos estas coisas, antes de considerarmos os juros,
impostos e antes das amortizações → é um resultado de elevado interesse para os bancos quando
eles analisam o risco das empresas (EBI)
• Se ao EBITDA lhe retirarmos os gastos fixos não desembolsáveis – estamos a falar das depreciações e
das amortizações – se ao EBITDA lhe retirarmos as depreciações e as amortizações, temos o resultado
operacional da empresa
• Se acrescentarmos ao resultado operacional o resultado financeiro (proveitos que eu recebo – juros
financeiros ou outros rendimentos similares)
o Resultado financeiro = juros e rendimentos similares obtidos – juros e gastos similares
suportados
o O resultado financeiro resulta, não da atividade core da empresa (como por exemplo vender
iogurtes), mas da forma como ela financia – ou seja, resulta da parte financeira
• Assim, se ao resultado operacional lhe somarmos o resultado financeiro, obtemos o resultado antes
dos impostos (RAI)
o Se o RAI é positivo → a empresa vai pagar o IRC ao estado – vai pagar imposto sobre os
lucros
• RAI – IRC = RLP (resultado líquido do período)
o RLP → resultado final que é apurado na demonstração de resultados e que tem reflexo
também neste saldo do reflexo do balanço

• É uma forma de olharmos para a demonstração de resultados e termos aqui outros indicadores –
subresultados → margem bruta, resultado operacional, resultado financeiro e o resultado final
líquido
o E não só este, porque, por exemplo, uma empresa pode ter um resultado final, o
resultado liquido do período, positivo, porque teve resultados financeiros de, por
exemplo, 20 000, mas tinha tido um resultado operacional de -10 000
o Somando os dois dá um resultado positivo de 10 000
o MAS o resultado operacional é negativo
o E o resultado operacional é aquele que resulta da atividade core da empresa
o Por acaso este ano a empresa conseguiu ter um resultado financeiro positivo
o Mas isto não é a atividade da empresa – a atividade da empresa é vender iogurtes
o O resultado que ela tem da venda de iogurtes é o resultado operacional → e esse foi
negativo
o ATENÇÃO → apesar do resultado final ser positivo, devemos analisar isto com cuidado
o O resultado final é positivo, mas esta empresa está com dificuldades em vender
iogurtes
o Porque se não fosse a parte financeira, ela recebeu mais juros, porque, por acaso,
tinha um excesso de dinheiro e recebeu mais juros, se não fosse isso, ela tinha
resultados negativos
o Se calhar para o ano ela não vai conseguir isto, este resultado positivo, porque a
atividade dela é vender iogurtes e ela nesta atividade está com dificuldades
o Ou vice-versa → uma empresa ter um resultado operacional positivo de 40 000 – está a
vender muito bem iogurtes – e depois ter um resultado financeiro de -60 000 → então o
resultado final vai ser de -20 000 → vende bem, mas depois na parte financeira está muito

139
endividada, “come-lhe isto tudo”, paga muitos juros → a parte financeira “come” a parte
operacional
o É por isso que é bom ter vários subresultados, vários indicadores, e não apenas o final
o Só aqui com base no conceito de custos fixos e de custos variáveis, obtemos uma serie de
outros indicadores para analisar os resultados

• Outro aspeto importante que resulta dos conceitos de custo fixo e de custo variável é o break even
point → ponto critico operacional das vendas
o Ponto critico de vendas → volume critico a que corresponde uma Resultado operacional
igual a zero
• Isto é:
o Uma empresa suporta custos fixos e custos variáveis
o Uma empresa tem rendimentos, que vêm das vendas (V)
o Às vendas vai retirar os custos fixos (CF) e os custos variáveis (CV) e isto dá o resultado
operacional (RO)
V – CF – CV = RO

o Ora o ponto critico é, ao nível das vendas, quanto é que eu tenho de vender para, no
mínimo, o resultado operacional ser igual a zero
o Isto é, as vendas permitirem-me cobrir a totalidade dos custos, mas noa sobra nada →
resultado operacional igual a zero
• É muito importante analisar isto quando fazemos um investimento
• É importante conhecer o break even point → isto é, saber o nível a que tenho de chegar para, pelo
menos, não ter prejuízo
• Break even point → valor de fronteira
o Acima disso tenho resultados positivos
o Abaixo disso estou negativo
• Por exemplo
o Quando alguém vai abrir um restaurante, tem de ter um business plan, tem de ter um plano
de investimento
o E pode-se chegar à conclusão que, tendo em conta a estrutura que o restaurante vai ter, de
custos fixos e de custos variáveis, dizer que eu tenho de vender, por exemplo, 100 refeições
por dia a 12 euros cada refeição
o Significa que tenho de ter de vendas 1200 euros
o Se eu vender isso e se isto é um break even, significa que vou ter um resultado operacional
igual a zero
o Se vender mais que 100 refeições, o resultado operacional é positivo
o Se vender menos de 100, o resultado operacional é negativo

140
Nota: P - CVu pode-se chamar de
margem bruta unitária (MBu)

• É em quantidade
• Como o caso do exemplo anterior, que tínhamos um numero de refeições
• Então, temos que Q = CF / (P - CVu)
• O CVu será o custo variável de cada refeição
• Os custos fixos CF serão o número de empregados que tenho, o nº de mesas, a renda que pago pelo
espaço do restaurante, etc
• Se eu tenho de servir 100 refeições por dia, Q = 100
• Vou analisar o mercado e vejo que não consigo servir 100 refeições por dia
• E os 100 é o meu break even
• Então tenho de ir ao resto da expressão e alterar alguma variável
• Tenho que alterar este break even para 80, por exemplo
• Como é que faço isso ?
• BAIXANDO OS CUSTOS FIXOS
o Por exemplo, não posso ter empregados, só posso ter 3; em vez de 15 mesas só posso ter
10, etc
• OU ENTÃO AUMENTAR A MARGEM BRUTA UNITÁRIA – aumentar o preço de cada refeição
o Estava a pensar pedir 20 euros por refeição e passo a cobrar 25
o Ou então o custo de cada refeição não vai poder ser de 12 e vou ter de baixar para 8
o O bife não vai poder ter 200 g, só vai poder ter 150 g
• Assim, ou baixo o numerador da expressão, os custos fixos, ou subo o denominador, a margem bruta
unitária
• É importante saber isto quando estamos a fazer um projeto de investimento, quando estamos a gerir
uma empresa → saber calcular o break even – quer em quantidade, quer em valor

141
• Em qualquer momento da vida de uma empresa posso calcular o meu break-even (ponto
crítico) em valor → isto é, em volume de negócios, em vendas → no fundo é multiplicar a
quantidade pelo preço
• Para ter lucro, tenho que estar sempre acima deste valor Vc
• Se estiver abaixo deste valor tenho prejuízo (pelo menos resultado operacional negativo –
pode ser que depois o resultado financeiro me ajude)
• É um conceito muito importante a ter em conta e que resulta, mais uma vez, dos conceitos
de custo fixo e custo variável

142
A técnica contabilística: o método digráfico

• Vamos ver como se registam os acontecimentos na vida de uma empresa no balanço e na


demonstração de resultados que estivemos a ver
• Método que a contabilidade utiliza → método digráfico (= método de partidas dobradas)
• Método digráfico → cada acontecimento na vida da empresa é contabilizado através de dois ou mais
registos no Balanço e na Demonstração de Resultados
o Isto é, um acontecimento não é registado apenas por um registo; há sempre, no mínimo,
dois

Exemplo 1 : inicio de atividade

• Vamos criar uma empresa


• 4 pessoas juntam-se, vão ser sócios e consideramos que, para começar a atividade, 20 000 são
suficientes
• Cada pessoa entra com 5000 euros
• Vamos abrir uma conta em nome da empresa e o 1º registo na contabilidade que se vai fazer é deste
início de atividade, que passa pela criação da empresa

→ Balanço da empresa:

• Do lado esquerdo temos o ativo e do lado direito os capitais próprios e o passivo


• O 1º que se fazia era os sócios meterem dinheiro na empresa sob a forma de capital social
o No balanço já vimos que o capital social faz parte dos capitais próprios (da empresa) → é a
origem
• Lado direito → origens
• Lado esquerdo → aplicações
• Os sócios fazem um aumento do capital social, que neste caso é o 1º, porque a empresa está a ser
criada – é de 20 000
• E vão aplicar este capital social do lado esquerdo
• Vão aplicar do lado esquerdo, na conta à ordem da empresa, nos depósitos à ordem
• Há aqui 2 registos – digrafismo – que serve para saber sempre, na empresa, a causa e a consequência,
isto é, de onde vem e para onde foi o capital
• Como é que a empresa tem 20 000 euros à ordem ? Porque os sócios meteram 20 000 euros
• O dinheiro que os sócios metem na empresa não está no lado direito

143
• Podemos dizer que está no lado direito, mas foi aplicado ao lado esquerdo
• O dinheiro está na conta à ordem → é um ativo na empresa
• Aqui está a origem → isto é, a que é que se deve a empresa ter os 20 000 euros à ordem ? Deve-se
aos sócios terem cá metido, sob a forma de capital social de 20 000 euros
• Os dois registos – digrafismo – correspondem à origem e á aplicação do capital
• Isto é, os sócios meteram aqui 20 000 euros, que é o capital social da empresa, e, no dia em que foi
constituída a empresa, onde é que aplicaram esse dinheiro ?
o As aplicações são sempre do lado esquerdo
o Aplicaram esse dinheiro na conta à ordem da empresa
• TEMOS SEMPRE, NO MÍNIMO, 2 REGISTOS

• É evidente que ninguém cria uma empresa para ter dinheiro à ordem
• Se os sócios achavam que a empresa precisava de 20 000 euros, era para outra coisa
• Vamos agora ver outros acontecimentos na vida da empresa

144
Exemplo 2

• Portanto, tínhamos um capital social de 20 000 euros vindo dos sócios e aplicamos num depósito á
ordem 20 000 euros

• O balanço do lado esquerdo tem de ser sempre igual ao do lado direito

• Mas agora a empresa vai comprar 10 000 euros de mercadorias a pronto pagamento (paga
imediatamente aos fornecedores estas mercadorias que comprou)
• A empresa tem 20 000 à ordem e tem-nos porque os sócios meteram 20 000 euros em capital social
→ este foi o digrafismo – os 2 registos da criação da empresa

• E agora queremos contabilizar este movimento dos 10 000 euros

• Como é que íamos registar este acontecimento na contabilidade ?


o Tinha de ficar registado como tendo sido retirado da conta à ordem
o Se a empresa pagou as mercadorias a pronto, pagou com o dinheiro que tinha à ordem
o Então, os depósitos à ordem vão sair → -10 000
o TEM DE HAVER OUTRO REGISTO → há sempre no mínimo 2 registos !!!
o Estes 10 000 saíram da conta à ordem da empresa, porque a empresa pagou a mercadoria. E
o que é que entrou na empresa ? O que é que a empresa passou a ter no seu balanço, no seu
património ?

145
o A empresa passou a ter as mercadorias → são inventários – inventários de 10 000 euros
o O 1º registo assinalado com um 1, “casa” com o 2º registo assinalado com um 1
• Então, no património da empresa, saíram 10 000 euros da conta à ordem, porque a empresa pagou,
mas entraram mercadorias, inventários, para o armazém → 10 000 euros → fazem parte do
património da empresa
• Se somarmos o balanço do lado esquerdo, vemos que ficaram 20 000 euros, assim como do lado
direito
• Lado esquerdo igual ao lado direito → está tudo bem

• A seguir, no ponto 2, a empresa vendeu as mercadorias por 15 000 euros a pronto pagamento
• Como é que vamos registar isto ?
• Vendeu as mercadorias. Onde é que registamos as vendas das mercadorias ?
• Quando uma empresa vende, essa venda gera rendimentos → os rendimentos das vendas vêm
essencialmente das vendas
• Vendemos 15 000 euros de mercadoria → vamos registar isso na demonstração de resultados (DR)
• Qual é a contrapartida deste registo ? (Temos de ter em conta o digrafismo)
• Que outro registo vamos fazer ?
• Aqui tivemos este registo : vendemos mercadorias e registamos isso na demonstração de resultados
os 15 000
• O nosso cliente a quem vendemos pagou 15 000 euros a pronto → entraram 15 000 euros na
empresa
• Como é que registamos isso ?
• Qual é a contrapartida disto ?
• Vamos registar isso na conta à ordem
• Na conta à ordem entraram 15 000 euros (registar na 1ª tabela) → clientes pagaram a pronto →
entrou dinheiro na empresa
• As vendas e as mercadorias da tabela da demonstração de resultados assinaladas a 2 vai “casar” com
o que acrescentamos à conta à ordem na 1ª tabela, assinalado também a 2

• Neste caso não nos ficamos por aqui


• Preciso de fazer mais registos
• Temos de tirar os 10 000 do inventário
• Se vendemos as mercadorias, que estavam no inventário por 10 000, temos de retirar esse valor ao
inventário ( -10 000)
• Retiramos do armazém → como vendemos as mercadorias, elas saíram da empresa
• Quando registamos o rendimento de 15 000 na demonstração de resultados, no outro lado, do lado
direito, da demonstração de resultados, também temos o custo daquilo que vendemos
• Vamos ter de assinalar o custo das mercadorias vendidas no lado direito da tabela da demonstração d
resultados
• Então: custo das mercarias vendidas → 10 000 euros → este registo vai “casar” com os -10 000 que
registamos no inventário → assinalamos a 3

146
• Agora vamos somar, vamos ver qual é o ativo da empresa
o Os inventários são 0 (10 000 – 10 000 = 0)
o Ela tem à ordem 20 000 – 10 000 + 15 000 = 25 000
o O ativo é de 25 000 euros

• Como do outro lado do balanço só está 20 000, ele tem de igualar → tem de dar 25 000 de cada lado !

• Como é que vamos igualar isto ? o lado esquerdo tem de ser igual ao lado direito

• Vamos ver o que se passa na conta da demonstração de resultados


o Registamos um rendimento de 15 000 e um custo de 10 000
o Significa que o saldo desta conta, o saldo da demonstração de resultados, que é o resultado
da empresa, aumentou 5 000 euros → tivemos um resultado de 5 000
o 15 000 de rendimento menos 10 000 de custo dá um saldo de 5000 → o saldo desta conta
aumento 5000
o Vimos que o saldo desta conta tem sempre reflexo no balanço
o Assim, vamos acrescentar na tabela do balanço, do lado direito, o resultado da empresa de
5000 euros
• É a tal situação que vimos na tabela do balanço (slide 7) → o saldo da demonstração de resultados
tem de sempre reflexo nos capitais próprios da empresa (resultado líquido do período)
• O saldo daquela conta é sempre refletido no balanço
• O resultado liquido (RLP) tem sempre influência no balanço

• Assim, no balanço do ado direito, 20 000 + 5 000 = 25 000 euros

• O balanço já está certo !

• Temos 25 000 euros de cada lado !

• Os capitais próprios que começara quando constituímos a empresa com os 20 000, agora os capitais
próprios já são 25 000 → tudo o que está do lado direito do balanço são capitais próprios

• Não há passivo (P) → não temos dívida nenhuma

• Mas a empresa já vale mais do que o que valia


o Começou por valer 20 000 – dinheiro que os sócios lá puseram – e agora vale 25 000 –
porque já teve 5 000 de resultados, que é o saldo desta conta

147
• Vamos então ver a lógica disto
o Logo no inicio dissemos que a empresa comprou 10 000 de mercadorias, pagou a pronto
o E o que é que fizemos ?
▪ Os inventários aumentaram 10 000 (assinalamos 10 000) e a conta à ordem diminui
10 000 (assinalamos -10 000)
▪ Foi este movimento que fizemos quando compramos as mercadorias
o Seu au agora mudasse o facto 1 da tabela anterior e dissesse: compramos 10 000 euros de
mercadorias, mas não foi a pronto pagamento
o Isto é, o fornecedor a quem compramos deu-nos crédito e disse que lhe podíamos pagar
daqui a 3 meses
o O registo que fazíamos da contabilidade era este ?
▪ Os depósitos à ordem não têm alteração nenhuma → não colocamos nada dos
depósitos à ordem na tabela
▪ Se não pagamos, não saiu dinheiro !!!
▪ Mas as mercadorias entraram (assinalado a 1)
▪ No entanto, a contrapartida disto é que ficamos a dever, é uma dívida → tem que ir
para o passivo → ficamos a dever aos fornecedores → é uma conta do passivo
corrente de exploração
▪ Enato, do lado direito do balanço apontamos os 10 000 que ficamos a dever aos
fornecedores
o Portanto, o ativo do lado esquerdo variou 10 000 e o ativo do lado direito também variou
10000 → ficou tudo igual
o Por este movimento, noa fazíamos nenhum movimento na demonstração de resultados
o Quando compramos a mercadoria, não há nem rendimentos, nem gastos
o Aqui o meu ativo aumentou 10 000
o Mas como o meu passivo também aumentou 10 000 → de modo a que os meus capitais
próprios ficaram inalterados (CP = 0)
▪ Os meus capitais próprios só se alteram se se alterar o saldo desta conta
▪ Como não houve nenhum registo (na demonstração de resultados), não se alterou

o Agora vendo o acontecimento 2 → vendemos estar mercadorias por 15 000 euros e os


clientes pagaram a pronto
o À pouco, tínhamos acrescentado as vedas de mercadorias de 15 000 na tabela da
demonstração de resultados do lado direito
o Como ele nos pagaram, recebemos à ordem – acrescentamos também na tabela do balanço
na parte da esquerda
o Depois tiramos os 10 000 do inventário (-10 000) → deixamos de ter as mercadorias em
armazém → tínhamos 10 000 de inventário e ficamos a 0
o Por contrapartida, o custo das mercadorias vendidas (CMV) foi de 10 000
o Este saldo aumenta então para 5 000, com reflexo no balanço → o resultado líquido do
período (RLP) aumenta para 5000 → as contas ficavam iguais
• Agora, se quando vendemos estas mercadorias, em vez dos clientes me terem pago a pronto, a
empresa tenha dado crédito e tenha dito aos clientes que eles podem pagar daqui a 60 dias, qual é a
alteração que tínhamos de fazer ?
o Se isto não aconteceu, não houve depósito à ordem → estes 15 000 não entraram á ordem
o Então, a contrapartida destes 15 000, se os clientes tiverem tido crédito, se os clientes não
tivessem pago, se não tivesse entrado dinheiro na conta, os clientes ficaram a dever, vão
pagar mais tarde
o Há uma rúbrica no ativo que me diz onde eu registo o que os clientes me devem
o Vamos colocar no lado esquerdo dos balanços que os clientes me devem 15 000 euros
o E já ficava certo outra vez

148
• Ou seja, nesse caso, em vez do dinheiro entrar na conta à ordem → não entrou porque os clientes
não pagaram → clientes ficaram a dever
o Se ficaram a dever, é este ativo que eu registo → os clientes devem-me 15 000 euros
• Era a alteração que fazíamos se eu não tivesse vendido a pronto
o Se fosse a crédito, o dinheiro não entrava na conta → ficava registado que os clientes me
deviam 15 000 → mas isto é um ativo meu → era a contrapartida das vendas
o Fiquei com um credito sobre os clientes de 15 000 → vão-me pagar daqui a 3 meses
• Daqui a 3 meses, os clientes vão pagar estes 15 000 euros
• Que registo é que eu vou fazer na contabilidade ?
o Os clientes pagaram-me → os 15 000 euros entram na conta à ordem (depósito à ordem)
• Qual era a contrapartida disto ?
o Tínhamos de tirar a divida dos clientes → clientes deixaram de me dever → colocávamos
-15000 na coluna da esquerda do balanço
• Há sempre a causa e o efeito
o Porque é que eu tenho estes 15 000 euros na conta ? Porque os clientes me pagaram

→O digrafismo é para dar a causa das coisas → de onde vem e para onde vai e o que é que vende

149
Exemplo 3

• Há um outro tipo de imparidade muito comum → imparidade em inventário


• Imparidade em inventário → muito relacionado com os saldos das lojas
• Supondo que uma empresa de roupa tem inventários de 20 000 euros
• E comprou a roupa → vamos supor que a pagou a pronto → depósito à ordem de -20 000 euros
• Vamos supor que este stock de roupa que aqui tenho é de casacos de verão
• Passou o verão e não consegui vender- já não vendo neste verão – e se calhar para o ano também já
não vendo, porque passou de moda
• Tenho aqui 20 000 de roupa em stock que tenho a certeza que ao valem 20 000 euros → verão já
passou, a roupa já passou de moda, etc
• Temos aqui a filosofia dos saldos
• Se eu achar que esta roupa já não vale 20 000 euros, que já só vale 10 000
• Se as conseguirem vender por 10 000, já não vou ter no meu balanço um ativo de 20 000, quando já
só vale 10 000
• Então, vou constituir uma imparidade → vou considerar que este meu ativo perdeu valor → vamos
acrescentar na parte da esquerda do balanço a imparidade de -10 000 euros
• Ou seja, vou ficar só com 10 000 de inventários
• Vou considerar que este meu ativo de 20 000 perdeu valor
• Valia 20 000 e agora só vale 10 000 → constituí imparidade → isto é, abato 10 000 a este valor de
inventário, mas tenho uma contrapartida
• Contrapartida → vou considerar que tive uma perda, um prejuízo → vou escrever a imparidade de
10000 na tabela da demonstração de resultados no lado esquerdo
• O que é que aconteceu ao saldo desta conta ? → baixou 10 000 → saldo = RLP = -10 000 → tem efeito
no balanço
• No balanço, do lado esquerdo baixou 10 000 (∆ = -10 000) e no lado direito também baixou 10 000 (∆
= -10 000)
• O balanço está equilibrado

• Assim, quando tenho uma imparidade, abato o valor do ativo → de 20 000 passo para 10 000
• Mas tenho que levar isto a perdas → tenho de considerar que isto é um custo → e registo na
demonstração de resultados uma imparidade de 10 000
• Resultado baixa 10 000 e tem reflexo no balanço

150
• Já está tudo equilibrado

• Neste exemplo 3, era igual ao que vimos acima, só que os inventários eram de 10 000
o Tínhamos 10 000 em inventários
o Considerávamos que só valia metade → menos 5000 → inventários passam só a valer 5000
o Registamos a contrapartida na DR → imparidade de 5000
o Tem reflexo no saldo → saldo baixa 5000 → reflete-se no balanço → lado esquerdo e lado
direito do balanço baixam 5000
o Balanço está certo !

151
Exemplo 4

• A empresa comprou uma viatura


• Que registo fazemos na contabilidade ?
o Sai da conta à ordem 20 000 euros (D/O = -20 000) → contrapartida: fixo tangível (viatura)
passou a fazer parte do nosso património → + 20 000
o Passei a ter uma viatura no meu património → fixo tangível → fiquei sem menos 20 000
euros à ordem
o O meu património do lado esquerdo não se alterou → ∆ = 0 → variação é de 0 → só há uma
troca qualitativa
o Fiquei com um ativo menos líquido, que é a viatura, em troca com um ativo, líquido por
excelência, que é o dinheiro → tenho menos 20 000 euros em dinheiro, mas tenho mais uma
viatura de 20 000 euros
o Portanto, os capitais próprios não se alteraram → CP = 0
o Nem registo na DR nem rendimentos nem gastos → noa fiquei nem mais rico nem mais
pobre por comprar um carro → houve só uma alteração qualitativa no ativo → passei a ter
um carro e deixei de ter este dinheiro à ordem → o total fica igual
o O património fica igual → menos líquido, mas igual

152
Exemplo 5

• Se eu, em vez de ter comprado uma viatura a pronto, tivesse sido a crédito, com leasing
• Que registo fazíamos ?
o O carro está na mesma como fixo tangível – é um carro
o Agora, não paguei → não sai dinheiro nenhum da conta à ordem, porque eu não paguei
o Temos de pôr do lado direito do balanço, como passivo, como dívida → empréstimos obtidos
de 20 000
o O lado esquerdo aumentou 20 000 (∆ = 20 000), mas o meu passivo também aumentou (∆ =
20 000) → de modo que os capitais próprios ficaram inalterados
o Não houve nenhum rendimento nem nenhum gasto → Não fiquei nem mais rico nem mais
pobre
o É certo que fiquei a dever mais, mas também fiquei com mais um ativo
o Os meus capitais próprios ficaram iguais, ficaram inalterados → CP = 0

153
Exemplo 6

• Compramos uma viatura a pronto por 20 000


• Vamos apontar isso no lado esquerdo do balanço → fixo tangível viatura = 20 000
• E se pagamos a pronto → depósito à ordem de -20 000
• Ao fim de 1 ano, vamos fazer uma depreciação de 4 500 euros → esta viatura, ao fim de 1 ano,
desvalorizou-se 4 500 euros
• Como é que vamos registar esta depreciação ? Temos de fazer como a imparidade de há pouco
o Vamos apontar do lado esquerdo do balanço a depreciação de 4500 euros → escrevemos
-4500 → vamos baixar o valor do ativo -4500
o Em contrapartida, vamos pôr na DR, como custo, a depreciação de 4500
• O que é que aconteceu ao saldo desta conta, ao resultado ?
o Baixou 4500 euros → saldo = -4500 → tem reflexo do lado direito do balanço nos
CP+passivo
o Vamos então colocar que RLP = -4500 (resultado líquido do período)
• Assim, o lado esquerdo do balanço variou -4500 e o lado direito do balanço variou também -4500
• Está tudo certo → lado esquerdo = lado direito

154
Exemplo 7

• A empresa pediu um empréstimo bancário de 20 000 euros


• Como é que registamos ?
• Temos de pôr o empréstimo no passivo → escrevemos 20 000 no lado direito do balanço
• Contrapartida disto → depósito à ordem vai aumentar
• D/O = 20 000 → do lado esquerdo do balanço
• Os capitais próprios não se alteraram → CP = 0
• Por pedir um empréstimo, não suporto custo nenhum
• Passo a ter uma dívida de 20 000, mas tenho os 20 000 comigo

• Agora supondo que sobre este empréstimo vou pagar 2000 de juros ao banco
• Com registo este pagamento de juros ?
• Estamos a pagar os 2000 ao banco → temos de pôr os 2000 do lado esquerdo do balanço → do
depósito à ordem saem 2000 euros
• Contrapartida disto → apontar na DM, juros e outros e gastos similares = 2000 euros
• O que acontece ao saldo desta conta ? Desce 2000 euros → saldo = - 2000 → reflete-se no balanço →
resultado liquido do período baixou 2000 → RLP = - 2000
• Do lado esquerdo do balanço e do lado direito do balanço baixou 2000 → balanço continua
equilibrado
• Só quando eu pago juros é que suporto um custo; quando peço um empréstimo não !!
o Quando peço um empréstimo, registo o passivo, registo que o dinheiro está na minha conta
o Depois quando vou pagar os juros é que há custos → registo na demonstração de resultados
e aí sim fico mais pobre → capitais baixam 2000 (lado direito do balanço)

155
Exemplo 8

• Este exemplo acrescentamos à última parte do exemplo anterior

156
Mais exemplos:

1. Empresa prestou serviços aos clientes pagos a crédito, no valor de 10 000 euros
o Clientes ficaram a dever → dívida dos clientes
o Fica no balanço do lado dos ativos → é um ativo meu → ficaram-me a dever 10 000
o Contrapartida → eu prestei serviços, fiz uma venda → entra nos rendimentos da
demonstração de resultados → prestação de serviços = 10 000
o O que aconteceu ao saldo desta conta ? Aumentou 10000 → reflete-se no balanço
▪ RLP = 10 000
o Balanço fica certo → aumentou 10 000 de cada lado

157
2. Pagamento de salários de 16 000 euros
o Pagamos salários → D/O = -16 000
o Em contrapartida → apontar na demonstração dos resultados na parte dos gastos → gastos
com pessoal = 16 000
o Saldo da conta dos resultados → diminuiu 16 000 → saldo = RLP = -16 000 → reflete-se no
balanço, com o resultado liquido do período igual a -16 000 → RLP = -16 000
o Baixou 16 000 euros de cada lado do balanço → balanço equilibrado

3. Venda de uma viatura da empresa, com o valor de balanço de 4 500 euros; vendemos por 6000
o Tenho uma viatura no meu ativo que vale 4 500 e eu vendi-a por 6000
o Vamos ter um depósito à ordem de 6000
o Agora, a viatura sai da empresa → -4 500 euros
o Ou seja, no lado esquerdo do balanço, aumentou 6000, mas baixou 4 500 → ∆ = 1 500 →
ficamos sem a viatura → se a vendemos, ficamos sem ela
o Neste exemplo, tivemos uma mais-valia na venda da viatura → vendemos por 6000 uma
coisa que valia 4500 → então, na demonstração de resultados isto é classificado como
outros rendimentos operacionais → porque quando eu tenho uma venda na empresa, é algo
do core da atividade e isto não foi → vendi, por acaso → vendi um ativo que já não precisava
o Então, do lado direito da DR, do lado dos rendimentos → outros rendimentos operacionais =
1500 → é a mais-valia
o Assim, o saldo aumentou 1500 euros → reflete-se no lado direito do balanço → RLP = 1500
(resultado líquido do período)
o Balanço equilibrado !
o Obtivemos uma mais-valia na venda deste ativo

158
4. Pagamento da conta de eletricidade de 250 euros
o Se pagamos, da ordem saem 250 euros → D/O = -250
o Contrapartida disto → eletricidade é um gasto → fornecimento e serviços externos (FSE) =
250
o Saldo diminui 250 euros → reflete-se no balanço → RLP = -250
o Balanço está equilibrado !

5. Reembolso de um empréstimo bancário de 8 000 euros


o Reembolsamos um empréstimo de 8000
o D/O = -8000 euros
o Temos um empréstimo → não há juros → estamos a reembolsar o empréstimo
▪ Supondo que tínhamos um empréstimo de 20 000 e reembolsamos 8000
o Contrapartida → temos um passivo, que é um empréstimo bancário → abatemos 8000 ao
empréstimo → empréstimo = -8000
▪ Por exemplo, se devíamos 20 000 ao banco, já só vamos dever 12 000
o Passivo diminuiu e o dinheiro que tínhamos também diminuiu
o Os capitais próprios não se alteraram → noa fiquei nem mais rico nem mais pobre
o Fiquei sem o dinheiro no depósito à ordem, mas fiquei também sem este passivo → noa há
nem rendimentos nem gastos → passei a ter menos dívidas
o Passei a ter menos dinheiro, mas também menos dividas → os capitais próprios não se
alteraram → não há nenhum movimento na demonstração de resultados

159
6. Compra de matéria prima a um fornecedor, a crédito, de 22 500 euros
o Temos de registar os fornecedores no passivo → fornecedores = 22 500 → demos 22 500 aos
fornecedores
o Passamos a ter um inventario de 22 500 → passamos a ter matéria prima em inventário →
inventário = 22 500
o Mais uma vez não fiquei nem mais rico nem mais pobre
o Tenho mais este património (matéria prima), mas tenho mais esta dívida
o Os meus capitais próprios ficam iguais
o Não há nem rendimentos nem gastos

7. Os sócios fizeram um aumento do capital social da empresa de 50 000 euros. 50% por entrada de
dinheiro “fresco” (isto é, os sócios meteram lá dinheiro) e 50% por incorporação de reservas (isto é, já
estava em reservas na empresa, mas os sócios decidiram passar de reservas para capital social)
o O capital social aumentou 50 000 → à custa de 25 000 em depósito à ordem (sócios
meteram mais 25 000) e 25 000 que já estavam em reservas → reservas baixaram 25 000 →
25 000 euros saíram das reservas, para irem para capital social
o Lado esquerdo do balanço aumentou 25 000 e o lado direito também aumentou 25 000
o O capital social aumentou 50 000, mas, verdadeiramente, o capital próprio só aumentou
25000, porque estes 25 000 das reservas já cá estavam → as reservas já cá estavam, mas
passaram para capital social → tudo isto faz parte dos capitais próprios

160
Resultados ≠ Fluxos de caixa

• Quando olhamos para a demonstração de resultados de uma empresa, registamos do lado direito os
rendimentos e do lado esquerdo os gastos
• Ora, rendimentos e gasto não é o mesmo que receitas e despesas !
o Gastos não são o mesmo que despesas e rendimento não são o mesmo que receitas

• Receita → entrada de dinheiro na empresa


• Despesa → saída de dinheiro

• Em termos de fluxo de caixa, uma receita é um cash in (entrada de dinheiro) e uma despesa é um
cash out (saída de dinheiro)

• Nem todos os rendimentos podem imediatamente corresponder a uma receita


• Nem todos os gastos podem corresponder a uma despesa, a uma saída de dinheiro

• Olhando para os gastos do caso prático 1:

• Olhando para estes gastos – CMV, depreciações, FSE, Gastos com pessoal, juros e custos similares –
há aqui algum gasto que não seja uma despesa ? Que não corresponda a uma saída de dinheiro da
empresa ?
o As depreciações não correspondem a uma saída de dinheiro
o Quando registamos os movimentos e registamos as depreciações no balanço, baixamos o
valor do fixo tangível e consideramos que tivemos um gasto, mas não fixemos pagamento
nenhum – não registamos nenhuma saída de caixa, não saiu nenhum dinheiro da empresa
o Limitei-me a considerar que tinha um ativo que passou a valer menos 279.355 (-279.355)
o E consideramos que essa perda de valor do ativo é um gasto que eu tenho
o Embora seja uma saída de dinheiro, é um gasto, no sentido em que eu fiquei mais pobre,
porque eu tinha um ativo que valia 1.862.364 euros e agora vale menos 279.355
▪ Fiquei mais pobre e considero que o ficar mais pobre é um gasto
▪ É um prejuízo que eu tenho, baixa-me o resultado
▪ Saldo da conta diminui, etc

161
o Mas não há uma saída de dinheiro, eu não fiz uma transferência bancária para ninguém
o Estou a tirar isto aos resultados, por isso é que ponho m gasto, e como o dinheiro não sai, é
uma espécie de poupança para depois, quando este fixo este fixo tangível que se está a
depreciar, se está a desgastar, chegar ao fim da vida económica útil, eu entretanto tirei dos
resultados, o que significa considerar como gasto, tirei dos resultados, para poder, no final
de vida económica útil desse bem (por exemplo, de uma viatura), poder adquirir outro, para
manter a capacidade produtiva da empresa
▪ Por exemplo, se um computador perdeu o seu tempo de vida útil, vou pode
substituir por outro e manter a minha capacidade de trabalho

• Portanto, nem tudo o que está como gasto é uma saída de caixa
• Da mesma forma que nem tudo o que está aqui como rendimento corresponde a uma entrada de
caixa (entrada de dinheiro)

• Por exemplo, na parte dos rendimentos, a prestação de serviços corresponde às vendas da empresa
• Ela vendeu 3.126.589
• Ela durante o ano vendeu 3.126.589, mas este dinheiro não foi todo pago à empresa
o Isto correspondia ao acontecimento 1
o No acontecimento 1 dizia que apenas recebeu 95% (2.970.260 euros)
o O restante (156.329 euros) os clientes ficaram a dever
• Por isso é que registamos que prestamos serviços no valor de 3.126.589 euros; entrou mesmo
2.970.260 euros e o resto (156.329) os clientes ficaram-se a dever
• Isto é, estes 3.126.589 euros não correspondem todos à entrada de dinheiro
• Há aqui 156.329 euros que os clientes me ficaram a dever
• Não é um cash in → o dinheiro não entrou todo
• Portanto, nem todo este rendimento que está na conta de demonstração de resultados é entradas de
dinheiro

• Do lado dos gastos, temos como gasto o custo das mercadorias vendidas (CMV)
• Tínhamos que foram consumidas mercadorias na prestação de serviços no valor de 88.638 euros
• Registamos o custo das mercadorias vendidas e demos baixa das mercadorias nos inventários
• Mas eu estou a considerar que suportei um custo, porque vendi
• Porque supondo que a empresa é um hotel
o O hotel põe sabonetes no quarto, gel de banho, etc → põe produtos no quarto que são
consumíveis → ao prestar os serviços, também há algumas mercadorias que são consumidas
• Quando as mercadorias são consumidas, é o custo das mercadorias vendidas, nós vendemos isso nos
quartos de hotel → registamos como gasto
• Eu posso até ainda não ter pago essas mercadorias aos fornecedores → nós no balanço temos
dividias aos fornecedores de 16.958 euros
• Parte destas mercadorias que eu já estou a considerar como custo, porque já a vendi aos clientes na
venda dos quartos, mas se calhar ainda não as paguei – podem haver parte delas que ainda devo aos
fornecedores → portanto, isto é um gasto, mas não corresponde inteiramente a uma saída de
dinheiro (pelo menos não na sua totalidade) – porque ainda não paguei, o dinheiro ainda não saiu da
empresa → só quando pagar ao fornecedor é que isto passa a ser uma despesa → para já é só um
gasto

162
• Isto é, não é pela conta de demonstração de resultados que temos noção do dinheiro que entrou e
que saiu da empresa

• Por exemplo, os sócios meteram 400.000 euros na empresa quando fizeram um aumento do capital
real → isto não está registado na demonstração de resultados → isto não é nem um rendimento nem
um gasto → é dinheiro que entrou, mas que não corresponde a um rendimento, não são vendas
o Foi dinheiro que os sócios cá meteram
o O único movimento que fizemos foi aumentar o capital social e dissemos que os sócios
meteram 400.000 euros na empresa
o Mas isto não é registado na demonstração de resultados, não é rendimento → os
rendimentos vêm das vendas e isto não foi uma venda

• Logo, a demonstração de resultados não reflete todo o dinheiro que entra e todo o dinheiro que sai

• Para termos ideia de todo o dinheiro que entra e que sai da empresa, temos a 3ª peça contabilística
→ registo onde vamos registar tudo o que aconteceu na vida da empresa, seja a nível de atividade
operacional, seja a nível de atividades de investimento ou seja a nível de atividades de financiamento
→ tudo o que gerou entradas e saídas de caixa → Todos os acontecimentos na vida da empresa que
geraram entrada e saídas de dinheiro, estejam ou não da demonstração de resultados → porque nem
tudo está na demonstração de resultados

• O que queremos saber é o dinheiro que entrou e que saiu da empresa → Fluxos de caixa da empresa

• Então, vamos ter isso na demonstração de fluxos de caixa

• Vamos então ver isto aplicado ao caso prático 1

163
164
NF Análise de Investimentos

• Vamos utilizar conceitos como:

o Bens de investimento
▪ Fazer um investimento é adquirir bens de investimento → estamos a falar do ciclo
de investimentos do balanço que vimos
o Cash-flow → fluxos de caixa gerados por um investimento
▪ Fluxos de caixa, que vimos que é diferente de resultados
▪ Na DR registamos proveitos e custo e no cash-flow estamos a falar de receitas e de
despesas
o Resultados
o Proveitos e receitas
o Custos e despesas
o Fundo de maneio
o Inflação

• Na análise de um investimento, apenas o fluxo de tesouraria (cash-flow) é importante


o Temos então a previsão de um cash-flow, por exemplo, do que vamos vender, e isso também
tem custos associados → todo esse investimento vai gerar um cash-flow provisional
o Esses cash-flows provisionais vamos depois atualizá-los para o momento 0, porque não
podemos somá-los, estão diferidos no tempo
o Vai ser esse valor atualizado dos cash-flows que nos vai dizer se um investimento é bom ou
mau

• O cash-flow:
o Deve ser analisado numa base incremental
▪ Muitas vezes temos uma empresa já existente e que vai fazer um investimento para
aumentar as vendas, para explorar um novo mercado, etc
▪ Nestes casos, a empresa já tem o seu cash-flow normal, porque já está em
funcionamento
▪ O que significa que quando vamos fazer um investimento, encima, sobrepondo-se a
uma empresa que já de si gerava um cash-flow, a análise do investimento tem de
ser feita apenas numa base do incremento que o investimento vai proporcionar ao
cash-flow que a empresa já tinha
▪ Neste caso não vamos analisar o cash-flow da empresa, mas sim o incremento que
este investimento vai provocar nesse cash-flow que já existia (seja em termos de
fluxos de entrada, cash-ins, seja em termos de fluxos de saída, cash-outs)
▪ Temos de analisar a lógica incremental → analisar as entradas e saídas que resultam
exclusivamente do investimento e, portanto, expurgar as que já existiam antes do
investimento
▪ Claro que se se tratar de uma start-up, como é nova, tudo é incremento

165
o Tratando consistentemente a inflação
▪ Quando fazemos previsões para o futuro, por exemplo, a 4 anos, a 5 anos, a 6 anos,
etc, devemos tratar estas previsões que fazemos, por exemplo, dos recebimentos
de clientes e dos pagamentos que vamos ter de fazer aos fornecedores, temos de
ter em conta se contamos que haja inflação (subida de preços) neste intervalo de
tempo que estamos a considerar
▪ Porque se estou a prever vender 100 num ano e se no ano seguinte conto que haja
2% de inflação, a própria inflação ia fazer aumentar os preços em 2% → tinha de
considerar que ia vender 102
▪ Podemos abstrair a inflação, desde que consideremos que esta taxa de inflação
possa influenciar igualmente quer os cash-ins quer os cash-outs
▪ Temos é de ser coerentes → se pomos inflação nas receitas, também temos de pôr
nos custos, nas despesas; se não pomos nas recitas, também não pomos nas
despesas

→ Vamos ver quais são os indicadores mais usados para avaliar economicamente um projeto de investimento

Valor Atualizado Líquido – VAL (net present value - NPV)

• Valor atualizado líquido → traduz, no momento presente (hoje, no momento 0), o valor do
excedente de fundos gerados pelo projeto, uma vez remunerado o capital investido

• Estamos aqui a considerar a soma dos cash-flows previsionais do projeto mais VR vezes (1+i) elevado
a -n (atualizados para o momento 0), ao qual subtraímos o investimento que vamos fazer, que
aparece com sinal negativo, porque um investimento é sempre um cash-out, temos de pagar o
investimento

• Este conceito não é muito diferente do conceito que já conhecemos que é o valor atual (VA) de um
conjunto de capitais

166
Relembrar

• Supondo que tínhamos um conjunto de cash-flows (capitais)


• Se queremos saber o valor atual de um conjunto de capitais, o valor destes capitais todos no
momento 0, não os podemos somar, porque eles não estão homogeneizados no tempo (estão
desfasados no tempo) → temo de os atualizar todos para o momento 0
• Depois de eles estarem todos homogeneizados para o momento 0, podemos somá-los e temos o
valor atual deste conjunto de capitais
• E tínhamos que:

• O cálculo do VAL não é mais que pegarmos na expressão do VA e retirar o valor do investimento (sinal
negativo), vamos fazer um investimento no momento 0
• Portanto, o que vamos calcular é a diferença, a soma algébrica, entre o valor atual dos cash-flows
positivos que espero obter de um investimento e retirar-lhe o investimento, que não precisa de ser
atualizado neste caso, porque é feito no momento 0 – já está atualizado

• Esta é a expressão que vimos atrás


• A parte da expressão que é o valor residual do investimento vamos falar mais à frente

• Quem faz um investimento, tem de desembolsar para adquirir os bens de investimento


• O que é que espera alguém que faz um investimento ?
o Espera que, ao fazer agora, no momento 0, um investimento, que este investimento gere, no
futuro, fluxos positivos que sejam superiores ao fluxo negativo do investimento

• O que um investidor espera é que o VAL seja maior que 0 e que a soma destes cash-flows atualizados
seja maior que o I0
o Isto mostra que o investimento é bom
o Isto é, os fluxos positivos que eu espero que este projeto me gere, compensem, e até
excedam, o investimento inicial
• Se o VAL > 0, o investimento é bom; se VAL<0 o investimento é mau; se VAL = 0 está na fronteira

167
• Do que é que depende o VAL ?
o Do valor do investimento
o Do valor dos cash-flows (seja fluxo de saída, seja fluxo de entrada)
o Depende também do i

• Reparem:
o Eu estou a descontar estes valores do CF para o momento 0 (por isso é que é 1+i elevado a
menos 1)
o Isto é, quando descontamos estes capitais para o momento 0, eles diminuem de valor → o
valor vai ser menor no momento 0
o Isto significa que se o i for uma taxa de desconto alta, o desconto vai ser maior → o que
significa que, se eu usar um i alto, este cash-flow 1, no momento 0, vai valer ainda menos
o Se eu usar uma taxa de desconto (i) baixinha, o desconto vai ser menor, o que significa que o
valor atual, o valor no momento 0 deste cash-flow 1, vai ser maior

Exemplo

• Isto significa que eu vou utilizar o critério do valor atualizado líquido para ver se o investimento é bom
ou mau
o VAL > 0 → bom
o VAL > 0 → mau
o VAL = 0 → fronteira

168
• Se eu tenho um determinado cash-flow, posso manipular a taxa de desconto (i) → posso passar o i,
por exemplo, de 20% para 2% e o resultado do VAL passa a positivo
• Basta manipular a taxa para transformar um mau investimento num bom investimento

Exemplo

• Vamos supor que íamos fazer um investimento de 1000 euros → I0 = -1000 (0)
• Tinha previsto um cash-flow de 250 (1), de 350 (2) e de 450 (3)
• Taxa (i) =10%
• Qual seria o VAL deste investimento ?

• O VAL dava negativo → investimento era mau


o Os fluxos positivos gerados pelo projeto, atualizados para o momento 0, não compensam o
investimento que eu vou fazer
o Portanto, não faço este investimento, porque é mau

• Se em vez de 10% usar uma taxa de 1%, temos que VAL = 27 euros→ já era positivo

• MAS AS COISAS NÃO PODEM DFUNCIONAR ASSIM !!!


• Não é eu mexer na taxa e o investimento passa de mau a bom

• Significa que tem de haver algum critério para que a taxa que usamos, quando usamos o VAL, para
avaliar se o investimento é bom ou mau

• Supondo que vamos fazer um investimento, vamos criar uma empresa


• E vamos supor que não temos dinheiro para fazer este investimento → vamos financiar este
investimento exclusivamente com capitais alheios → isto é, com dívidas, com empréstimos bancários,
leasings, etc
• E que os juros que vamos pagar por essas dívidas, por esses empréstimo, é de 8%
o Vamos usar esses 8% como taxa de desconto (i = 8%) para calcular o VAL
o No fundo é o custo do capital com que vamos financiar o investimento
• Vamos supor que fazíamos isso e que o VAL dava maior que 0, era positivo

169
• Que conclusão tirávamos ?
o Que o investimento é bom
• Mas como é que justificaríamos que este investimento é bom ?
• Reparem que estamos a descontar estes fluxos positivos (CF) para o momento 0, e descontamos à
taxa de 8%, que é o que me custa em juros que vou pagar ao banco
• E o VAL, mesmo assim, dá positivo → significa que a soma destes CF é superior ao investimento (I0)
que vou fazer
• Então porque é que o investimento é bom ?
o Eu aos fluxos que vou receber do investimento, que o investimento vai gerar, já estou a
descontar os juros que vou pagar ao banco → mesmo assim o VAL é positivo
o Se eu aos fluxos que o projeto vai dar já estou a descontar, a diminuir, 8%, que é o que
vamos pagar ao banco, e se mesmo assim o VAL é positivo, significa que o investimento me
dá, dá-me para eu pagar ao banco, que eu já estou a descontar, e se o VAL é positivo, ainda
me sobra
o Dá-me para eu pagar aquilo que me custa os empréstimos, isto é, eu financiar o
investimento, e ainda me sobra
• Significa então que a rendabilidade deste investimento seria de superior a 8%
o Se aos fluxos que a empresa me vai gerar vamos descontar os 8% e ainda me sobra (e sobra
porque VAL é positivo), significa que a rendibilidade deste investimento é superior a 8% →
porque se não fosse superior a 8% não sobrava (descontava os 8% e não sobrava nada)

• Se o VAL desse negativo (VAL < 0), o investimento era mau → não podia fazer o investimento
o A rendabilidade deste investimento era inferior a 8% → não dava para pagar ao banco
o Se desconto os 8% e o VAL dá negativo → o meu rendimento nem para pagar ao banco me

o Neste caso a rendibilidade não tem de ser negativo, até podia ser 7.765% → é inferior a 8% e
certeza, porque se fosse superior a 8% sobrava-me → tinha excedente
o Neste caso é ao contrário → não só não tenho excedente, como me cria um défice → ficava
mais pobre se fizesse este investimento

• Se o VAL = 0 → não tínhamos qualquer lucro com o investimento, porque só dava para pagar ao
banco
o Significa que a rendibilidade do investimento seria de 8%
o Dava para pagar ao banco e na sobrava nada nem faltava nada

170
Taxa interna de rendibilidade – TIR (yield to matutity – YTM)

• Taxa interna de rendibilidade → taxa de atualização (de desconto) que anula o VAL (que faz com que
VAL = 0)

• No nosso exemplo, a TIR, a taxa interna de rendibilidade deste investimento era de 8% → porque era
a taxa que fazia com que o VAL = 0

• Assim, se quiser saber a TIR, igualo a expressão do VAL a zero e descobrimos a TIR (a incógnita passa a
ser a TIR)

• O VAL e a TIR são “duas faces da mesma moeda”


o VAL → valor atualizado líquido (em euros)
o TIR → é uma taxa, um valor relativo

171
• Se usar a TIR, tenho a vantagem de não exigir o conhecimento prévio da taxa de atualização
o Aqui noa preciso de saber, porque a TIR já é a própria incógnita, ao contrário do VAL, em que
tínhamos de saber o i !!!

• Por outro lado, fornece um valor relativo, uma taxa, o que permite a comparação com investimentos
alternativos
o Independentemente da dimensão do investimento, a TIR permite-me comparar
investimentos
o Por exemplo, um investimento que me dá uma rendibilidade de 20%, à partida, é melhor do
que um investimento que me dá um rendibilidade de 10%
o No caso do VAL, se ele der +100, depende do investimento que fiz → podemos ter todo um
investimento de 1 milhão e o VAL ser só de 100 positivos → não interessa nada, porque é
pouco → ia corresponder a uma rendibilidade muito baixa

Exemplo

• Preferimos ganhar 10% de 1000 ou 20% de 100 ?


o 10% de 1000
o Se ganharmos 10% de 1000 ganhamos 100
o Se ganharmos 20% de 100 ganhamos 20
o Preferimos então ter uma rendibilidade de 10% do que uma rendibilidade de 20% → se
estes 10% incidirem sobre um investimento muito maior
▪ Prefiro a taxa de 10%, porque incide sobre 1000, enquanto que a taxa de 20%
incide só sobre 100 → “ignoramos a taxa”
• Isto é a lógica do VAL e da TIR
• Mas se, por exemplo, pudéssemos fazer 10 investimentos iguais aos de 100 à taxa de 20%, passava a
ter 1000 de base e na mesma 20% sobre os 1000 → dava 200 → então preferia este investimento →
preferia fazer este investimento, se o pudesse replicar 10 vezes, caso contrário não o queria
• Mas na prática isto não acontece → não consigo replicar o investimento 10 vezes e manter a mesma
rendibilidade

Exemplo

• Supondo que temos um hotel com 20 quartos e que este hotel nos dá uma rendibilidade de 20%
• Investimos 100.000 euros neste hotel
• 20% * 100.000 = 20.000 → rendibilidade de 20.000 euros
• Posso fazer um hotel ao lado deste, igual ao anterior, na mesma com 20 quartos e vou investir mais
100.000 euros
• Se mante a rendibilidade de 20%, vou ter 20% sobre 200.000 → rendibilidade = 40.000
• MAS isto raramente acontece
o Para isto acontecer era preciso que, por exemplo, a taxa de ocupação que eu tenho no 1º
hotel se mantivesse no 2º → era preciso eu ter clientes para encher os 40 quartos
• Na vida real isto não acontece → não consigo fazer investimentos sucessivos iguais ao 1º e manter
sempre a rendibilidade
• Na prática, a rendibilidade deste 2º hotel ia ser só de 12%, por exemplo → porque não ia conseguir
encher estes quartos todos

• Temos então de ter esta noção de quanto é que fico mais rico, independentemente da taxa

172
• VAL e TIR → indicadores mais usados para avaliar economicamente um investimento

• Há situações, muito raras, em que podemos estar com um cash-flow provisional de um investimento
que, eventualmente, não seja possível calcular uma TIR
• Isto é, a equação do cálculo da TIR pode não ter solução → não haver nenhuma taxa que faça com
que o valor da equação d cálculo da TIR seja igual a 0
• Nesse caso não podemos calcular a TIR, só o VAL → porque o VAL posso sempre calcular
• Por exemplo, fluxos com alternância, em que num ano dá um resultado positivo e no ano seguinte dá
um negativo, vai gerar uma equação com 2 soluções, por exemplo → há equações que podem ter
múltiplas soluções → neste caso múltiplos valores da TIR → nesse caso não poderia usar a TIR

Portanto, situações (muito raras) em que não posso calcular a TIR:

• Há fluxos com múltiplas TIR’s


• Há fluxos que não apresentam nenhuma TIR
• Há fluxos em que o VAL aumenta com a taxa de atualização
• Estrutura temporal da taxa de juro não horizontal

→ Normalmente é indiferente calcular o VAL ou a TIR para avaliar economicamente um investimento

173
Período de recuperação (do investimento) – PR

• Período de recuperação → é o nº de períodos (tempo) necessários para que a soma dos fluxos
líquidos previsionais atualizados de um projeto igualem o montante inicial do investimento
o Ou seja, é o tempo que se demora até se recuperar o investimento que se fez

• Ou seja, a expressão é somarmos os fluxos positivos atualizados, até que eles igualem o investimento
o Ou seja, queremos que se subtrairmos o investimento à soma dos fluxos atualizados, que dê
igual a zero

Exemplo

1.

• Íamos investir 1000 euros (-1000 euros) em 2 períodos (em cada período investimos 500)
• Vamo-nos abstrair da atualização (porque estes CF tinham de ser atualizados para o momento 0 e só
depois é que fazíamos a subtração, para ver se dava igual a 0, mas vamos ignorar isso neste exemplo)

• Mas abstraindo da atualização, pegando só nos valores, qual seria o período de recuperação deste
investimento ? Quanto tempo é que ia demorar a recuperar o investimento que fiz ?
• Período de recuperação é de 2 anos → daqui a 2 anos, já angariei 1000, que foi aquilo que investi

2.

• Se tivéssemos outro investimento em que investia 1000, e depois tinha no momento 1 500 e nos
momentos 3 e 4 tinha 250 euros, qual era o período de recuperação deste investimento ?

• O PR seria de 3 anos
• Então dizia que o investimento de cima, o 1º investimento, era melhor que o 2º → porque eu o 1º
demoro 2 anos a recuperar o que investi, enquanto que no 2º investimento demoro 3 anos
• Neste caso dava para comparar

174
3.

• Agora supondo o investimento:

• PR = 3 anos
• Se compararmos este investimento com o 1º, qual é o melhor ?
o O 1º

• Só que agora supondo que este investimento, no 4º ano, tinha um cash-flow de 5000:

• E agora ? Qual o melhor investimento ? Este ou o 1º ?


• Que investimento preferíamos fazer ?
o O 3º → ficávamos mais ricos com o 3º investimento, embora o período de recuperação do 1º
investimento seja melhor que este, porque no 1º recuperava em 2 anos e neste recupero em
3
o Mas isso não interessa agora, porque no investimento 3 tenho um cash-flow no 4º ano de
5000 euros
• Isto é, se eu fosse calcular o VAL do projeto 3, o VAL do 3 era muito melhor que o VAL do 1º, e pelo
período de recuperação o 1º era o melhor

Assim:

• O PERÍODO DE RECUPERAÇÃO NUNCA PODE SER UM INDICADOR QUE ME FAÇA DECIDIR, EM 1ª


MÃO, QUAL É QUE É O MELHOR INVESTIMENTO
o Isto porque o melhor investimento não tem de ser aquele que recupera mais rápido
o Pode, em algumas circunstâncias, ser
o Mas também pode não ser → na maior parte das vezes não é

• Por exemplo, vamos fazer um investimento em vinha no Douro


o Durante os primeiros anos a vinha não dá nada, nem um enorme produto de carência
o Só começa a dar em pleno no 6º, 7º, 8º ano
o Ou seja, tem um período de recuperação muito mau, mas depois pode dar, por exemplo,
durante 1 século, durante muito tempo, um cash-flow de 5000
o E se formos calcular o VAL desse projeto, é muito superior a outros projetos que recuperam
ao fim de 2 ou 3 anos

• Assim, o PR nunca pode ser um indicador decisivo para eu dizer que um projeto é melhor ou pior que
outro → só o VAL e a TIR

175
• Por exemplo, nos casos em que sabemos que um investimento vale determinado período de tempo,
quando um investimento vale, por exemplo, 3 anos, o PR vai ser importante, porque vamos ter de
recuperar o investimento nesse período → no entanto, na maioria dos investimentos não é
importante, não é o critério principal, não é a partir do PR que devemos dizer se faço ou não o
investimento, ou se um investimento é melhor ou pior que outro
• Os principais critérios são o VAL e a TIR

• Voltando ao VAL

• À pouco tínhamos dito que não tínhamos dinheiro e que íamos pedir m empréstimo que me custou
8% e usamos essa taxa – tínhamos aí a taxa para usar na expressão, era o nosso i

• Supondo agora que vamos fazer um investimento I0 e que temos capitais próprios para isso → não
precisamos de pedir empréstimos (temos uma tesouraria ativa que podemos usar para financiar este
empréstimo)
• Neste caso, se tivéssemos de calcular o VAL do empréstimo, que taxa usávamos (que i usávamos)?
• Se eu quando pedi empréstimo usei a taxa que me custou o empréstimo, que era os 8%, agora que
vou usar os meus capitais próprios que taxa devo usar ?
o NÃO VAMOS USAR 0 → porque isso era pressupor que não tenho custo nenhum quando uso
o meu dinheiro, que não suporto nenhum custo → e isso noa é verdade
o Devemos usar como taxa de desconto o que nos custa financiar um investimento
o Se formos pedir um empréstimo que me custa 8%, uso os 8%
o Se estou a usar os meus capitais próprios, vou usar o custo de oportunidade

• Supondo que estes meus capitais próprios que eu vou usar para financiar este investimento estão no
banco aplicados a um depósito a prazo, que me dão 3% de juros; então eu a usar este meu dinheiro
para financiar um investimento não me traz um custo ? → tanto é custo o que eu tenho de pagar a
alguém, de pagar ao banco, como é custo o que eu deixo de receber do banco
• Portanto, se eu ia retirar o meu dinheiro do banco, onde ia receber 3%, e se aplicar esse dinheiro
neste investimento, há aqui um custo que eu tenho → um custo de oportunidade → que era o que eu
poderia receber se eu em vez de pôr o dinheiro neste investimento, ele continuasse no banco
• Assim, o tirar o meu dinheiro do banco para fazer este investimento, levou a que eu perdesse 3% →
não pago a ninguém, mas deixo de receber → custo de oportunidade
• Portando, O CUSTO DE EU USAR CAPITAIS PRÓPRIOS NUNCA É ZERO → é o que eu poderia receber
se em vez de tirar o dinheiro do banco para o investimento o tivesse deixado lá
• Portanto, devemos usar o custo de oportunidade dos capitais próprios

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• Ou seja
o Quando faço um empréstimo → uso o custo da dívida
o Quando uso os capitais próprios → uso o custo dos capitais próprios – custo de
oportunidade

• Supondo que tenho o meu dinheiro num depósito a prazo que me dá 3%


• Vou lá tirar o dinheiro para fazer o investimento
• Então vou usar o custo de oportunidade, o que eu perco, estes 3%, como taxa de desconto → i = 3%
• Supondo que a TIR desse investimento é de 3.2% (superior à taxa de desconto)
• Ia gerar um VAL positivo (pouco positivo)

• Fazíamos ou não o investimento ?


o Não faria

• Em que variável estava a pensar para dizer que não faria estes investimento ?
o Reparem → supondo que eu tinha o meu dinheiro no banco
o Corria muitos riscos, era arriscado ter lá o dinheiro ? Não
o Não estamos a correr risco praticamente nenhum
o É garantido que vamos receber dinheiro, os tais 3% → o risco que estamos a correr é quase
nulo
o E vamos trocar esse conforto, que é termos o dinheiro aplicado, sem corrermos riscos
nenhuns, por pegar nesse dinheiro e irmo-nos meter nestes investimento que tem um risco
muito maior
o Isto é, estamos a fazer previsões para o futuro → não é garantido que os cash-flows vão ser
estes
o Ou seja, corro mais riscos com o investimento do que se tivesse o dinheiro no banco
▪ Com o dinheiro no banco, posso não fazer nada que recebo sempre os 3%
▪ Com o investimento, vou ter trabalho, por exemplo, no caso da vinha, e não sei se é
garantido que ganhe os cash-flows previstos
o Para correr os riscos tenho de ter muito mais que 3%

• Ou seja, quando vou escolher um custo de oportunidade, quando vou ver a alternativa, o que eu
podia ter e vou deixar de ter para fazer o investimento, tenho de ter em conta que eu tenho de
comparar coisas comparáveis – coisas com risco idêntico

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Supondo que:

• Temos o ponto A, em que estamos a correr uma certa rendibilidade e um certo risco
• Interessa-me passar do ponto A para o ponto B ?
o Não
o Porque estaríamos a aumentar o risco para continuar a ter a mesma rendibilidade
• E passar de A para C ? Interessava-me ?
o Sim
o Porque tinha mais rendibilidade e o risco era o mesmo
o MAS ISTO NÃO EXISTE

• RENDIBILIDADE E RISCO NUNCA PODEM ESTAR DISSOCIADOS

• Ninguém consegue obter mais rendibilidade sem correr mais riscos

• Passar de A para B é uma estupidez; passar de A para C não existe

• A questão que se coloca é, por exemplo, de A para D


• Interessa passar de A para D ?
o Estou a correr mais risco, mas também estou a ter mais rendibilidade → chama-se a isto
prémio de risco
o Se este premio de risco é prémio o suficiente ara eu estar a correr mais risco, se este
aumento de rendibilidade é suficiente para este aumento de risco que estou a correr, isto vai
depender do perfil de risco de cada pessoa
o Todos nós temos perfis de risco diferentes
o Há pessoas que, para obterem mais um bocadinho de rendibilidade, estão dispostos a
arriscar muito
o Outras pessoas, pelo contrario, só estão dispostas a correr um bocadinho de risco, se tiverem
um grande aumento de rendibilidade

• Assim, quando financiamos um investimento com capitais próprios, a taxa de desconto deve ser o
custo de oportunidade dos capitais próprios
• MAS não é qualquer alternativa → é uma alternativa que seja de igual risco (idêntico prazo e risco)
• Eu podia dar uma alternativa ao meu dinheiro, mas essa alternativa deve ser de risco idêntico ao de
este investimento → assim já são coisas comparáveis
• Então é essa taxa que devo usar

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• Se financiarmos um investimento com parte de capitais próprios (CP) e parte de capitais alheios (CA)
• Supondo que foi financiar o investimento com 60% de capitais próprios e com 40% de capitais alheios
(investimento é financiado por um misto de capitais)
o Supondo que o investimento foi de 1000 euros → vou financiar com 600 euros de capitais
próprios e com 400 euros de capitais alheios
• Supondo ainda que o custo de oportunidade dos capitais próprios era de 10% e que o custo do
capitais alheios era de 8%
• Que taxa deveríamos de usar como taxa de desconto para calcular o VAL ? Qual deveria ser o i ?
o Se eu só usasse capitais alheios, usava os 8%
o Se eu só usasse capitais próprios, usava os 10%
o Se eu vou usar estes misto de 60% de CP e 40% de CA, o que devo usar ? → usamos a média
ponderada das taxas de desconto (seria a media normal se isto fosse 50% de cada)

Teríamos então:

• A média ponderada é que vai refletir o custo dos capitais todos investidos
• Ou seja, tendo capitais mistos, deveríamos de usar a taxa de 9.20%, neste caso
• Íamos usar a taxa de 9.20% → seria o i
• Íamos calcular o VAL usando esta taxa de desconto de 9.20%

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