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O CONCEITO CLÁSSICO

DE ECONOMIA:
ESCASSEZ, ALOCAÇÃO
DE RECURSOS
Profa Dra Angelica da Trindade
prof.angelica.trindade@frm.edu.br
CONCEITOS BÁSICOS
■ Há uma grande interação entre o direito e a economia que pode ser percebida, por
exemplo, na ampla utilização de contratos como forma de organizar a produção das
empresas em uma economia de mercado, viabilizar o financiamento de novos
investimentos e mesmo a atuação do Estado como regulador de atividades
econômicas.

■ Discutiremos os conceitos básicos de economia para que o profissional da área de


direito compreenda a realidade econômica que o cerca e encontre caminhos para
solucionar problemas econômicos que venha a enfrentar no exercício de sua
profissão.
■ CONCEITO
■ A economia é uma ciência social que estuda o processo de tomada de decisão pelos indivíduos
na produção e no consumo de bens capazes de atender a alguma necessidade humana e que
são limitados na natureza.

■ Em outras palavras, pode-se afirmar que o foco da análise econômica é a administração de


produtos e serviços escassos e úteis para a sociedade, seja por contribuírem para a
sobrevivência ou para a realização social do indivíduo.

■ Esses produtos e serviços são comumente denominados de bens econômicos, distintos dos bens
livres, que são aqueles úteis, porém não escassos, por exemplo, o ar que respiramos.

■ Os bens econômicos podem ser classificados como:


■ Produtos ou bens materiais: são aqueles bens que possuem características físicas de peso,
forma, dimensão (casa, automóvel, livro, roupa etc.);
■ Serviços ou bens imateriais: são os de natureza abstrata (uma consulta médica, uma palestra, o
serviço de um advogado etc.).
■ Podem, ainda, ser classificados conforme sua finalidade:
■ produtos ou bens de consumo: atendem de forma direta ou imediata as necessidades
humanas (alimentos, geladeira etc.);

■ produtos ou bens de produção: são empregados na produção dos bens de consumo


(máquinas e equipamentos).

■ Quando afirmamos que determinado bem é escasso, isso significa dizer que a quantidade
disponível desse bem é inferior àquela que desejaríamos possuir.

■ Assim, a escassez surge do pressuposto de que as necessidades humanas são infinitas, ao


passo que os bens ou os meios de satisfazê-las são sempre finitos.

■ Diante disso, sua utilização pela sociedade deve ocorrer de forma eficiente, obtendo o
máximo retorno possível em sua utilização.
■ Imagine agora que tenhamos de escolher entre dedicar parte de nosso dia a estudar para uma
prova ou trabalhar. É certo que não podemos realizar ambas as tarefas ao mesmo tempo.

■ Precisamos tomar uma decisão, fazer uma escolha entre tirar uma boa nota na prova ou ganhar
o salário referente a um dia de trabalho. Cada uma dessas escolhas representa ao mesmo tempo
um custo e um benefício;

■ dizemos então que há um trade-off no processo de escolha. Escolher algo significa ao mesmo
tempo um benefício e um custo.
■ Pode-se afirmar que o trade-off está associado a uma situação de escolha conflitiva, uma vez
que, a decisão por uma determinada ação econômica que visa à resolução de um determinado
problema acarreta inevitavelmente outros.
■ Assim, as ações dos indivíduos são afetadas pelos incentivos: as pessoas, tanto as
famílias como as empresas, tomam suas decisões baseadas nos custos e benefícios de
uma determinada conduta. Esse custo, o que deixamos de ganhar no momento em que
abrimos mão de algo, é definido como custo de oportunidade.

■ O conceito de custo de oportunidade representa, portanto, o benefício da segunda


melhor oportunidade não aproveitada.

■ Nesse nosso exemplo, a decisão de passar a tarde estudando para uma prova exclui a
possibilidade de trabalhar naquele mesmo dia.

■ Portanto, o custo de oportunidade de estudar para a prova é igual ao salário de um dia


de trabalho que deixaremos de receber.
❖ METODOLOGIA DA CIÊNCIA ECONÔMICA: CIÊNCIA POSITIVA (“SER”)

■ A teoria econômica se propõe a realizar uma análise objetiva e descritiva sobre o


mundo em que vivemos, sendo, portanto, definida como uma ciência social
positiva.

■ As avaliações que os economistas fazem, sobre o crescimento econômico de um


país devem se concentrar em entender as razões pelas quais um determinado
país obteve determinada taxa de crescimento econômico.

■ Exatamente essa é a visão positivista da economia, a análise dos fatos


econômicos como eles realmente são e não como deveriam ser, nem como
gostaríamos que fossem.
❖ METODOLOGIA DA CIÊNCIA ECONÔMICA: CIÊNCIA POSITIVA (“SER”)

■ É certo que taxas mais elevadas são, em geral, positivas para o país,
principalmente pelo aumento no nível geral de emprego.

■ No entanto, a função de um assessor econômico deve se restringir a apresentar


um conjunto de ferramentas, também denominado instrumentos
macroeconômicos, que poderá auxiliar o governo a aumentar as taxas de
crescimento econômico do país no futuro próximo.

■ Assim, pode-se considerar que a função desse profissional é analisar a realidade


econômica, explicar as razões pelas quais as variáveis econômicas têm
determinado valor e trajetória e realizar previsões econômicas.
■ Os economistas utilizam-se de modelos para analisar a realidade econômica em
que vivemos. Modelos econômicos podem ser definidos como simplificações da
realidade econômica que permitem a análise dos efeitos de alterações nas
variáveis econômicas.

■ podem ser definidos como construções abstratas de natureza matemática,


utilizadas com o objetivo de tentar explicar a realidade econômica. A
compreensão da interação entre as variáveis econômicas, suas relações internas
e suas evoluções, permite a previsão eventos futuros.

■ Trata-se, portanto, de uma visão teórica e deliberadamente simplificada da


realidade para fins de análise ou previsão.

■ Modelos têm natureza dedutiva, partindo do geral para o particular.


■ EXEMPLO
■ A decisão de adquirir um determinado produto, por exemplo a manteiga, é
fortemente influenciada por seu nível de preço.

■ Há, além do preço da manteiga, diversas outras variáveis que também afetam a
quantidade consumida desse produto, principalmente:
■ a renda do trabalhador;
■ o preço do pãozinho que é consumido com a manteiga, definido, nesse exemplo,
como um bem complementar;
■ o preço da margarina, que, nesse caso, é o produto considerado pelos
consumidores o mais próximo da manteiga e, assim, definido como um bem
substituto; e
■ a utilidade do produto (gosto).
■ Podemos analisar como a variação de cada uma dessas variáveis, afeta a decisão de um
indivíduo de adquirir determinado produto:

■ aumento do preço do próprio produto: afeta negativamente, quanto maior o preço da manteiga
menor será a quantidade consumida, seja porque as pessoas irão substituir a manteiga por
margarina, seja porque não terão renda suficiente para adquirir a manteiga a seu novo preço;

■ aumento da renda do trabalhador: afeta positivamente, quanto maior a renda (ou salário) maior
poderá ser a quantidade consumida de manteiga pelo individuo;

■ aumento do preço dos bens complementares: afeta negativamente, se o preço do pãozinho


aumentar, o individuo não terá renda suficiente para adquirir a mesma quantidade dos dois
produtos;

■ aumento do preço dos bens substitutos: afeta positivamente, pois a quantidade demandada de
manteiga irá aumentar (se o preço reduziu), em detrimento da quantidade demandada de
margarina, que ficou mais cara;
■ aumento da utilidade do produto (gosto): afeta positivamente, quanto mais as pessoas gostarem
de consumir manteiga, maior será a quantidade consumida desse produto.

■ É importante destacar que a utilidade consiste na capacidade que um bem tem de atender a uma
necessidade humana. O conceito de necessidade é subjetivo, sendo relacionado ao prazer ou à
satisfação que o individuo atribui ao consumo de um determinado produto.

■ Assim, por meio do modelo de demanda conseguimos prever como a variação de cada uma
dessas variáveis afeta a quantidade consumida de determinado produto.

■ Ocorre que, na realidade, as variáveis que afetam o comportamento do consumidor na decisão de


adquirir um determinado produto estão todas se modificando ao mesmo tempo.

■ Portanto, é bastante difícil prever o que ocorrerá com a quantidade consumida de manteiga se,
ao mesmo tempo, houver um aumento de seu preço e um aumento da renda do trabalhador uma
vez que as duas variáveis afetam a quantidade consumida de manteiga de maneira inversa.
■ Em virtude dessa complexidade são realizadas simplificações nos modelos econômicos
que nos permitem entender, por exemplo, de que maneira isoladamente cada uma das
variáveis afetará o resultado final.

■ Essa hipótese é denominada coeteris paribus e quer dizer que “tudo o mais está
constante”.

■ No exemplo usado, para analisar o impacto do aumento do preço da manteiga sobre a


quantidade consumida do produto, os economistas se valem da hipótese de que todas
as demais variáveis que afetam a decisão de adquirir o produto estão constantes.

■ Ou seja, tudo o mais permanece constante: renda, preço dos bens complementares,
preço dos bens substitutos e a utilidade.

■ O modelo, portanto, permite-nos prever que aumentos de preço significarão redução da


quantidade consumida.
■ vale destacar que as análises presentes nos modelos econômicos se concentram na avaliação
dos impactos de pequenas alterações nas variáveis econômicas.
■ Essa análise é denominada de variações marginais. Isso significa dizer que as análises
consideram os efeitos de pequenas alterações em seu plano de ação. E, é utilizado para analisar
o comportamento dos consumidores (utilidade marginal), e para estudar o comportamento das
empresas (produtividade marginal).

■ A utilidade marginal é a utilidade proporcionada quando consumimos uma unidade adicional do


produto. Em outras palavras, a utilidade marginal é aquela que decorre do consumo da última
unidade de um determinado produto ou serviço.

■ A água é um exemplo interessante para discutirmos a análise marginal. Muito embora seja
indispensável à vida (elevada utilidade total), como se trata de um bem abundante na natureza, e
havendo praticamente livre disponibilidade de unidades adicionais, sua utilidade marginal tende a
zero.
■ A utilidade marginal é igual a zero quando o indivíduo alcança seu ponto de saciedade, uma vez
que a satisfação que a última unidade consumida acrescenta à utilidade total, diminui à medida
que aumenta seu consumo.
■ Essa é a lei da utilidade marginal decrescente: à medida que se aumenta o consumo de
determinada mercadoria, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui.

■ Desse modo, é fácil perceber que esse conceito está relacionado ao princípio da
saturabilidade, isto é, à medida que se consome um bem, diminui a satisfação ou a
utilidade consumida de cada unidade adicional desse mesmo bem.

■ Em nosso exemplo, portanto, o valor máximo que o consumidor está disposto a pagar
por uma unidade adicional de um copo de água é pequeno.
❖ A utilização do ferramental matemático
■ A utilização da matemática, também denominada ferramental quantitativo, é bastante difundida
na análise econômica. Nosso objetivo aqui será entender de que forma essa notação pode ser útil
na apresentação de modelos econômicos, bem como nos familiarizar com a utilização de tabelas,
gráficos e equações. Esses recursos são muito úteis, permitindo a visualização imediata de ideias.

■ Uma análise comparativa entre os dados passa a ser possível, por exemplo: Dados de produto
interno bruto (PIB) entre países por meio de tabela.

Link: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/03/04/pib-do-brasil-em-2021.htm
■ Quando comparamos o valor do PIB brasileiro em anos consecutivos, obtemos a
taxa de variação anual, que é geralmente apresentada na forma percentual.
• Em valores monetários,
o PIB do Brasil
em 2021, por exemplo,
foi de R$ 8,9 trilhões.

• No último trimestre
divulgado (3º trimestre
de 2022), o valor foi de
R$ 2 543,6 bilhões.
• O Brasil foi o 24º país que mais
cresceu no 3º trimestre de 2022
em relação ao anterior. A lista é
da Austin Rating e contempla
50 nações.

• O Brasil cresceu menos que


China, Colômbia, México, EUA e
Peru no 3º trimestre. A
expansão foi maior do que
Alemanha, França, Reino Unido
e Chile.

• disponível:
(https://www.poder360.com.br
/economia/pib-do-brasil-
cresce-04-no-3o-trimestre-diz-
ibge/)
• O Brasil está em 12º no
ranking de maiores
economias do mundo no
acumulado do ano. Tem US$
1,89 trilhão em PIB nominal.

• Está atrás da Rússia, Itália e


Irã. Os Estados Unidos são o
1º colocado, com US$ 25,04
trilhões.
❖ Fluxo circular da renda
■ O fluxo circular da renda consiste em um modelo esquemático de como as famílias e empresas
interagem no mercado e como a renda circula em uma economia.
■ De um lado, há os fluxos de bens e serviços (força de trabalho vendida pelas famílias às
empresas e bens e serviços adquiridos pelas famílias) e, no sentido inverso, os fluxos monetários
existentes (remuneração paga pelos serviços prestados e bens e serviços adquiridos) na
economia.
■ Nesse modelo, toda a renda auferida pelas famílias é gasta na aquisição de bens e serviços
produzidos pelas empresas (produto bruto). De outro lado, com mesmo valor, tem-se a
remuneração paga pelas empresas às famílias em contrapartida aos serviços prestados (renda
nacional).
■ Nesse modelo podemos, também, incluir os desvios de renda e produto existentes em
uma economia de mercado, comumente denominados vazamentos:

■ Governo: a existência de impostos e gastos de governo faz com que a renda nacional
disponível seja igual à renda nacional menos os impostos diretos e que o governo
também adquira bens e serviços;

■ Sistema financeiro: a possibilidade de entesouramento de moeda, que consiste na


reserva de parte da renda que não é transformada em consumo imediato (poupança) e,
em contrapartida, recebe juros, prêmio por abster-se do consumo presente; e

■ Abertura econômica: com a realização de transações comerciais e financeiras entre dois


ou mais países, parte dos bens produzidos em um determinado país é comercializada
em outro (exportação), enquanto parte dos bens adquiridos internamente foi produzida
em outro país (importação).
ÍNDICE DE RETORNO DE BEM ESTAR À SOCIEDADE - IRBES

■ Quanto maior o valor deste índice, melhor é o retorno da


arrecadação dos tributos para a população.

■ O IRBES é decorrente da somatória do valor numérico relativo à


carga tributária do país, com uma ponderação de 15%, com o valor do
IDH, que recebeu uma ponderação de 85%, por entender-se que o
IDH elevado, independentemente da carga tributária do país, é muito
mais representativo e significante do que uma o percentual da carga
tributária, independentemente do IDH.
• Desde a primeira edição do estudo, o Brasil tem se mantido em 30º lugar, o que
demonstra que os tributos continuam sendo mal aplicados no país. Apesar de termos uma
carga tributária alta, digna de países desenvolvidos, como Reino Unido e Alemanha, o
IDH nacional reflete um desenvolvimento humano muito médio.
■ Em 2003, do seu rendimento bruto (RB) o contribuinte brasileiro teve que destinar em
média 36,98% para pagar a tributação sobre os rendimentos, consumo, patrimônio e
outros.

Ano % do RB para pagar


Tributos
2004 37,81
2005 38,35
2006 39,72
2007 40,01
Fonte: IBPT. Elaboração Própria

2008 40,51
2009 40,15
2010 40,54
2011 40,82
2012 40,98
2013 41,10
2014 e 2015 41,37
2016 e 2017 41,80
DIAS MÉDIOS TRABALHADOS POR ANO SOMENTE PARA PAGAR
TRIBUTOS:

Fonte: IBPT.
DIAS MÉDIOS TRABALHADOS POR ANO SOMENTE PARA PAGAR
TRIBUTOS:

Fonte: IBPT.
Comparação dos dias trabalhados em outros países
• Utilizando a mesma metodologia, os cidadãos de outros países trabalham os seguintes dias para pagar
tributos:

1. DINAMARCA =176 dias


2. FRANÇA = 171 dias
3. SUÉCIA = 163 dias
4. ITÁLIA= 163 dias
5. FINLANDIA= 161 dias
6. ÁUSTRIA= 158 dias
7. NORUEGA= 157 dias
8. BRASIL= 153 dias
9. HUNGRIA= 142 dias
10.ARGENTINA= 141 dias
11. BÉLGICA= 140 dias
12. ALEMANHA= 139 dias
13. ESPANHA = 138 dias
14. ISLÂNDIA= 135 dias
15. REINO UNIDO= 132 dias
Comparação dos dias trabalhados em outros países
• Utilizando-se a mesma metodologia, os cidadãos de outros países trabalham os seguintes
dias para pagar tributos:

16. ESLOVENIA= 131 dias


17. CANADÁ= 130 dias
18. NOVA ZELÂNDIA = 129 dias
19. ISRAEL= 125 dias
20. JAPÃO= 124 dias
21. IRLANDA= 122 dias
22. SUIÇA= 122 dias
23. COREIA DO SUL 109 dias
24. EUA= 98 dias
25. URUGUAI= 96 dias
26. CHILE = 94 dias
27. MÉXICO = 91 dias
■ FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO
■ A fronteira de possibilidade de produção (FPP) é um gráfico que mostra as diversas combinações
de dois produtos que potencialmente podem ser produzidas em uma economia.
■ Trata-se evidentemente de uma simplificação teórica considerar que uma economia produz
apenas dois produtos; esse resultado, por sua vez, pode ser estendido para toda a economia e
permite a apresentação dos seguintes conceitos econômicos:
I. pleno emprego;
II. custo de oportunidade;
III. capacidade ociosa/desemprego;
IV. crescimento econômico; e
V. recessão econômica.

■ Considerando que nossa economia produz, exclusivamente, televisores e camisas, isso significa
dizer que todos os fatores de produção (máquinas, equipamentos e mão-de-obra) estão sendo
utilizados exclusivamente na produção desses dois únicos produtos.
■ Nesse caso teríamos, no máximo:
■ Se forem produzidos apenas televisores: 90 aparelhos; Se todos os fatores de produção forem
utilizados para produzir apenas camisas: 100 unidades (ponto C).
■ Se forem produzidos televisores e camisas: qualquer quantidade limitada à direita pela fronteira
de possibilidade de produção.
■ Por exemplo, pontos A e B, em que serão produzidos, respectivamente, 50 e 60 televisores e 25 e
70 camisas;
■ As quantidades produzidas de televisores e camisas identificadas nos pontos A, B e C anteriores
são todos pontos factíveis de ser produzidos. Ocorre que apenas os pontos na fronteira de
possibilidade de produção (B e C) a economia está produzindo a pleno emprego.
■ Ou seja, são combinações de produção tecnicamente eficientes, s, desempreguma vez que se
está produzindo o máximo possível em uma economia e não há desperdícioo nem capacidade
ociosa das máquinas e equipamentos.
■ Em outras palavras, não há como se produzir mais de um produto sem deixarmos de produzir o
outro.
■ Em termos econômicos diz-se que há custo de oportunidade quando passamos a produzir, por
exemplo, do ponto B para o ponto C.
■ O custo de oportunidade, é exatamente aquilo de que fomos obrigados a abrir mão. Nesse caso,
o custo de oportunidade de passarmos a produzir mais camisas (ponto C) é exatamente o que
deixamos de produzir de televisores (sessenta aparelhos) quando operávamos no ponto B.
■ Assim, os pontos B e C são eficientes porque se está obtendo tudo o que é possível por meio dos
recursos escassos existentes nessa economia.
■ Esses pontos são considerados pontos de pleno emprego, em que todos os recursos estão sendo
utilizados, sendo que não é possível produzir mais de um produto sem reduzir a produção do
outro.
■ Já os pontos à esquerda da FPP, muito embora sejam pontos factíveis, são pontos
ineficientes, uma vez que há capacidade ociosa e desemprego na economia, as empresas
estão produzindo abaixo de sua capacidade produtiva e parte dos trabalhadores está
desempregada.
■ Nesse caso não há custo de oportunidade ao passarmos do ponto A para o ponto B, por
exemplo – a quantidade produzida será aumentada de 50 para 60 aparelhos de TV e de 25
para 70 camisas simplesmente com a utilização eficiente dos recursos produtivos existentes
na economia.
■ A fronteira de possibilidade de produção permite-nos ainda visualizar a evolução do
crescimento econômico, a expansão econômica, que pode ocorrer tanto pelo aumento das
disponibilidades de recursos produtivos da economia como pelas melhorias tecnológicas que
aumentam a produtividade das máquinas e dos trabalhadores (deslocamento para a direita
da FPP).
■ De outro lado, é possível entender o que ocorre com uma economia quando ela atravessa
um processo de recessão econômica ocasionado, por exemplo, por uma guerra, quando há o
esgotamento de um importante recurso natural.
■ Nesse caso, a retração econômica consiste no deslocamento para esquerda da FPP, e os
pontos factíveis de produção serão menores.
AUMENTO DA PRODUÇÃO

QUEDA DA PRODUÇÃO
■ OS PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS DA ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
■ Os países procuram organizar sua economia a fim de resolver, com o menor desperdício possível, os
problemas sobre o que, quanto, como e para quem produzir:
■ o que será produzido: é a primeira pergunta a ser feita, isso porque, como vimos, os recursos
econômicos existentes são escassos. Assim, a sociedade deverá, de início, escolher quais os produtos
e serviços que serão produzidos;
■ quanto será produzido de cada produto ou serviço: essa segunda questão também está relacionada
ao fato de os bens econômicos serem escassos. Portanto, escolhidos os produtos e serviços que serão
produzidos, a sociedade precisa decidir a quantidade que será produzida de cada um deles;
■ como será produzido: é preciso também definir qual processo produtivo será empregado na produção
desses produtos e serviços previamente escolhidos. Essa questão é feita porque existem diversos
processos produtivos alternativos, e cada um deles possui custo e resultado distinto. É certo que o
processo utilizado será sempre o mais eficiente, com menor desperdício, menor custo e maior retorno;
■ para quem se destinará o que foi produzido: como se dará a distribuição dos produtos e serviços
produzidos nessa sociedade. Essa última questão está relacionada a como se dará a distribuição de
renda na economia – é quando surge o importante conceito de equidade, que significa uma
distribuição mais justa dos recursos dentro de uma sociedade.
■ É importante frisar, distribuição equitativa não significa distribuição igualitária, pois os agentes são
diferentes dentro da sociedade.
SISTEMAS ECONÔMICOS:
FEUDALISMO, CENTRALIZADOR E
CAPITALISMO
■ SISTEMAS ECONÔMICOS

■ O conjunto de instituições criadas pela sociedade com o objetivo de enfrentar os


problemas econômicos básicos da organização econômica é denominado sistema
econômico.

■ Esses sistema é definido pelas forças produtivas e pelas relações sociais de produção
existentes em uma determinada sociedade.

■ Ele engloba o tipo de propriedade, a gestão da economia, os processos de circulação


das mercadorias, o consumo e os níveis de desenvolvimento tecnológico e de divisão do
trabalho.

■ O modo de produção é histórico, ou seja, se modifica com o passar do tempo, sendo


fundamental que atenda às necessidades básicas de subsistência da sociedade, caso
contrário, ela desapareceria.
■ As forças produtivas consistem na tecnologia produtiva de uma sociedade, ou
seja, elas nada mais são do que as características do conhecimento técnico ou
produtivo, nas especializações, técnicas organizacionais etc.

■ As relações sociais de produção, por sua vez, são as relações entre as classes
sociais dentro de uma sociedade, forma pela qual o excedente social é
apropriado.

■ O excedente social é definido como aquela parte da produção material da


sociedade que sobra, depois de terem sido deduzidos os custos materiais
necessários para sua produção. É do excedente que se origina a acumulação de
capital.

■ A capacidade das sociedades de ampliar o excedente social garante a existência


do desenvolvimento econômico, sendo que o crescimento ocorre quando parte
do excedente é reinvestido na produção.
■ O feudalismo foi o sistema socioeconômico que precedeu o capitalismo na Europa Ocidental.
Toda organização medieval baseava-se em um sistema de serviços e obrigações mútuos,
envolvendo toda a hierarquia feudal.

■ Não havia leis como conhecemos hoje, sendo as relações sociais governadas pelos costumes
vigentes no feudo. A posse ou o uso da terra pressupunha certos serviços ou pagamentos
costumeiros, em troca de proteção.

■ O senhor era tão obrigado a proteger o servo quanto esse era a lhe pagar, em troca, com uma
porção de sua colheita ou com sua força de trabalho. A instituição econômica básica era o feudo,
que tinha duas classes distintas: senhores e servos.
■ No sistema centralizador, que existiu, por exemplo, na ex-União Soviética, as decisões
econômicas são tomadas por órgãos políticos, havendo, portanto, coincidência de planos
decisórios políticos e econômicos.

■ Outra importante característica desse sistema produtivo, que o diferencia dos demais é fato de os
órgãos estatais responsáveis pelas decisões econômicas (o quê e quanto será produzido; como
será produzido; a quem será destinado o que foi produzido) serem estruturas centralizadoras,
exatamente por isso ele é denominado sistema centralizador.

■ Assim, os preços são, na verdade, administrados pelo órgão político centralizador, uma vez que
ele será o responsável pela determinação do quê e de quanto deverá ser produzido e consumido
nessa sociedade.
■ No capitalismo, a produção de mercadorias é orientada para o mercado, há propriedade privada
dos meios de produção. O capital consiste nos instrumentos ou em outros meios de produção.

■ O comportamento maximizador e individualista de cada agente é baseado no cumprimento de


leis e contratos. Existem duas classes distintas: capitalistas (detentores dos meios de produção)
e trabalhadores (mercadoria trabalho).

■ No sistema capitalista, o excedente econômico tem um “dono”, enquanto no sistema


centralizador esse excedente não é apropriado por um agente individual.

■ Outra característica muito importante do sistema capitalista é a existência do sistema financeiro,


fundamental para que os recursos sejam alocados de modo eficiente na economia e para que
sejam obtidos recursos aos projetos com maior produtividade.
■ O sistema financeiro é responsável pela intermediação na sociedade dos
poupadores e empreendedores (investidores).

■ Interessante notar que, em uma economia de mercado, a administração dos bens


econômicos é feita de forma descentralizada.

■ Afinal, são milhões de consumidores e empresas tomando decisões sobre o que


comprar, o que produzir, em que área trabalhar etc. de forma independente. Hoje a
maioria dos países desenvolve uma economia de mercado em que as decisões
econômicas são descentralizadas.
■ Os principais elementos de uma economia de mercado são:
■ Capital: estoque de fatores de produção (máquinas, equipamentos, instalações etc.) que são
utilizados na reprodução de bens e serviços;
■ Propriedade privada dos bens de capital: capitalista;
■ Trabalho assalariado: trabalhador comercializa sua força de trabalho no mercado em troca de um
salário com o qual adquire os produtos necessários a sua sobrevivência;
■ Existência de moeda: ativo financeiro com aceitação generalizada na sociedade, não rende juros
e pode ser usado na aquisição direta e imediata de qualquer outro produto (liquidez imediata).
■ Os preços têm um papel central, sinalizando tanto a avaliação que os consumidores fazem de
determinado produto ou serviço quanto os custos necessários para sua produção.
■ No entanto, pela existência de falhas de mercado – informação assimétrica, poder de mercado,
externalidades –, o Estado passa a agir de forma a reprimir os problemas causados pelas falhas
de mercado.
■ Em nossa economia, o Estado afeta decisões econômicas na medida em que é responsável pela
regulação de determinados mercados por agências de regulação, de defesa da concorrência etc.
■ Em outras palavras, muito embora o Estado praticamente não seja mais o responsável pela
produção de bens econômicos com a privatização das empresas estatais, ele ainda tem
influência no mercado, pois é responsável pela redução das falhas de mercado, buscando
conduzi-lo ao nível ótimo.
■ TEORIAS DO VALOR
■ Há duas correntes teóricas que explicam o valor de um bem econômico. A primeira é a
de valor utilidade, em que a mercadoria é avaliada por sua capacidade de atender a
uma necessidade humana (valor de uso); trata-se de uma condição necessária para que
seja mercadoria.

■ A segunda é a teoria do valor trabalho, em que a mercadoria tem seu valor determinado
pela quantidade de trabalho socialmente necessário nela contido, tanto a mão-de-obra
direta, utilizada em sua produção, quanto a mão-de-obra indireta, utilizada na produção
dos instrumentos empregados na produção dessa mercadoria, uma vez que tudo o que
se produz em forma de mercadoria é fruto direto ou indireto de trabalho humano.

■ A existência de valor de uso é condição necessária, mas não suficiente, para a


existência de valor de troca. O valor de troca existe quando mercadorias úteis à
sociedade podem ser trocadas por outras em uma economia de mercado.
■ TEORIAS DO VALOR
■ Mercadoria é um produto do trabalho humano produzido com o objetivo de ser
comercializado no mercado, ou seja, visa à obtenção de valor de troca e, assim,
consiste em um meio de adquirir moeda que, por sua vez, pode ser utilizada na
aquisição de outros produtos úteis.

■ Um exemplo dessa diferença seria quando decidimos cortar o cabelo em casa –


obviamente trata-se de um serviço útil, mas não uma mercadoria, diferente de
quando adquirimos em um salão o serviço de um corte de cabelo.

■ A teoria do valor utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua
demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa ao consumidor, não
esquecendo que o conceito de satisfação é um atributo subjetivo.

■ Importante mencionar novamente que o valor de cada bem é dado pela utilidade
proporcionada pela última unidade disponível desse bem (utilidade marginal).
■ Assim, quão mais escasso for um determinado produto, maior será sua utilidade marginal e,
portanto, seu valor.

■ A utilidade marginal é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma
unidade do bem. É decrescente porque a satisfação do consumidor diminui com o consumo de
uma unidade a mais.

■ Os preços relativos refletem as utilidades relativas para os consumidores das mercadorias que
estão disponíveis no mercado. O valor que atribuímos a uma mercadoria depende de sua
quantidade disponível no mercado; quanto maior a quantidade, menor será seu valor.

■ Por exemplo, supondo que uma criança estivesse com fome e decidisse saciá-la comendo um
pão. O primeiro pão traria elevada utilidade, o segundo, caso a criança ainda estivesse com um
pouco de fome, traria uma utilidade adicional positiva, mas menor que a do primeiro pão.

■ Do terceiro em diante, como a criança já se encontrará saciada, nenhuma utilidade será


acrescentada a ela.

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