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2012
2012, Editora Unijuí
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Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-Adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
PREFÁCIO............................................................................................... 7
Márcia Maria Gurgel Ribeiro
CAPÍTULO 1
Proposiçoes e Orientaçoes na Formação
de Professores: contribuições para o debate . ....................................... 13
Claudio Pinto Nunes
Márcia Maria Gurgel Ribeiro
Teresa Pessoa
CAPÍTULO 2
Didática: a arte de ensinar na Educação de Jovens e Adultos ............ 29
Marinaide Queiróz de Freitas
Nadja Naira Aguiar Ribeiro
Tania Maria de Melo Moura
CAPÍTULO 3
De Volta ao Básico: definições e processos de avaliação...................... 51
Maddalena Taras
CAPÍTULO 4
Imagens que Educam: o discurso pedagógico
de gênero nos livros didáticos das décadas de 20 a 50.......................... 71
Adla Betsaida Martins Teixeira
Fernanda de Araújo Rocha
CAPÍTULO 5
Aprendizagem Criativa: desafios para a prática pedagógica................. 93
Albertina Mitjáns Martínez
CAPÍTULO 6
Un Dispositivo de Análisis y Reelaboración
de la Práctica Profesional...................................................................... 125
Marta Anadón
Eduardo Lozano
CAPÍTULO 7
Entre las Demandas Sociales y el
Compromiso Personal: un docente profesional................................... 145
Marta Anadón
María Elena Ruiz
CAPÍTULO 8
Currículum, Competencias, Educación Inclusiva:
aproximación a tres conceptos clave en el sistema educativo............ 163
Ana Rodríguez Marcos
Mercedes Blanchard Gimenez
Rosa María Esteban Moreno
Claudia Messina Albarenque
PROPOSIÇÕES E ORIENTAÇÕES
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Contribuições Para o Debate1
As contribuições de Altet:
Modelos de formação de professores
Na continuidade dessa discussão, passaremos a referir os modelos
de ensino e de formação, destacando a relação entre teoria e prática no
contexto desses modelos. Para tanto, recorremos e focalizamos as etapas
e profissionalizações elencadas por Altet (1994).
Assim, ao se tratar da formação inicial de professores precisamos
ter em vista a compreensão que se tem da prática e da teoria que funda-
menta essa prática. Nesse sentido, compreender a prática requer enten-
der também a teoria. Ao mesmo tempo, compreender a teoria implica
igualmente compreender a manifestação dessa teoria nas práticas peda-
gógicas dos futuros professores, seja nas situações de estágios curricu-
lares supervisionados, seja nas situações vividas na escola tomando a
prática como prática social. Recorremos a Altet (1994) para entender a
ideia de prática e a relação entre teoria e prática no contexto da formação
de professores.
Altet (1994) correlaciona e distingue, inicialmente, a compreensão
que se tem de profissão com a compreensão de ofício. Nesse sentido, a
autora destaca que a diferença básica entre profissão e ofício reside exa-
tamente na natureza e no sentido da formação para o exercício de cada
uma dessas atividades. Segundo ela, a formação – ou o preparo – para o
exercício de um determinado ofício ocorre de modo técnico mediante a
transmissão implícita do saber-fazer por meio da imitação e pela expe-
riência. Por outro lado, a formação profissional, segundo Altet (1994),
ocorre por um processo explícito e racional, além de ser uma formação
que se dá tendo em vista a construção de uma identidade profissional.
Nesse contexto, Altet (1994) coloca em paralelo a evolução dos
modelos de ensino e os modelos de formação analisados por ela no
âmbito da formação inicial de professores, ao mesmo tempo em que
considera, a partir de uma articulação da teoria e da prática, quatro etapas
de profissionalização. Assim, ela destaca como um primeiro modelo de
18 C l á u d i o Pi n t o N u n e s – M á r c i a M a r i a G u r g e l R i b e i r o – Te r e s a Pe s s o a
não perca de vista a classificação anterior (Altet, 1994). Dessa forma, ela
elenca cinco modelos de formação, os quais passaremos a apresentar. A
ordem em que as orientações são aqui expostas é a mesma em que elas
são dispostas no texto de Altet (2000).
O primeiro modelo de formação desenvolvido por Altet (2000)
refere-se ao modelo artesanal. Na perspectiva do modelo artesanal, basta
que o formando observe e imite o saber-fazer prático de um professor
experiente para se tornar um bom professor.
O segundo modelo de formação, de acordo com Altet (2000), é
o acadêmico. Segundo este modelo, o professor é entendido como um
mestre, um mago cuja formação essencialmente inicial, assenta-se na
aquisição de saberes e na reprodução de modelos e comportamentos.
O terceiro modelo de formação, de acordo com Altet (2000), é
o tecnológico. De acordo com o modelo tecnológico, o componente teó-
rico da formação é entendido como meio para atingir as competências
necessárias para ser um bom professor. A ênfase é colocada na aquisição
de competências e domínio de capacidades, entendidas como compor-
tamentos observáveis.
O quarto modelo de formação, segundo Altet (2000), é o persona-
lista. Na perspectiva do modelo personalista, para um bom desempenho
profissional é preciso que o professor tenha uma formação centrada no
seu desenvolvimento pessoal. Isto é, uma formação que focalize o desen-
volvimento do futuro professor como pessoa. Nesse sentido o processo
de formação do professor, notadamente a formação inicial, deve buscar a
maturidade psicológica do sujeito a fim de facilitar a compreensão de si.
O quinto modelo de formação, de acordo com Altet (2000), é o
modelo do ator social e crítico. Para o modelo do ator crítico e social, a
formação do professor deve focalizar, de forma crítica e reflexiva, a rea-
lidade social em que atuarão os futuros professores, entendendo que o
professor tem um papel importante enquanto agente de transformação
da sociedade.
20 C l á u d i o Pi n t o N u n e s – M á r c i a M a r i a G u r g e l R i b e i r o – Te r e s a Pe s s o a
Conceitos de prática
e de prática pedagógica
Embora seja de domínio geral no contexto das escolas e dos
cursos de formação de professores que a noção de prática e de prática
pedagógica esteja relacionada à ideia representada pela ação ou pelo
fazer cotidiano na educação ou que essa prática seja o mesmo que o ato
de ensinar, parece ser ainda pertinente analisar o conceito de prática
presente nas produções teóricas de alguns autores que se destacam no
campo da educação.
Considerações finais
Para refletir sobre a prática pedagógica no contexto dos cursos
de formação de professores é necessário considerar a relevância de uma
ampla formação de natureza teórica e epistemológica pautada nos fun-
damentos que dão sustentação a essa prática. Ao realizarmos este estudo
não podemos deixar de considerar que, de algum modo, essas orienta-
ções, modelos e princípios são insuficiente para dar conta de explicar a
complexidade da relação estabelecida entre a teoria e a prática pedagó-
gica na formação de professores. Do mesmo modo, temos de referir à
formação presente no contexto da prática pedagógica desenvolvida no
âmbito dos estágios curriculares supervisionados, destacando, inclusive,
que a prática se constitui um momento da formação de grande relevância
na formação inicial e também na formação continuada de professores.
Referências
ALTET, Marguerite. La formation profissionnalle des enseignants. Paris:
Universitaires de France, 1994.
______. Análise das práticas dos professores e das situações pedagógicas. Porto:
Porto, 2000.
28 C l á u d i o Pi n t o N u n e s – M á r c i a M a r i a G u r g e l R i b e i r o – Te r e s a Pe s s o a
DIDÁTICA
A Arte de Ensinar na Educação
de Jovens e Adultos
Considerações Iniciais
A Didática, já no século 17, firma-se como um corpo de conhe-
cimentos a respeito do processo ensino-apredizagem, especificamente
como teoria de ensino. Ao longo de todo processo histórico, essa área
tem sido alvo de discussões acaloradas em torno da busca de uma iden-
tidade e de um “lugar” marcado no campo da Pedagogia e, por que não,
entre as ciências da educação. A Educação de Jovens e Adultos (EJA)
também tem sido objeto de discussão e de lutas políticas efervescen-
tes. Uma luta que se inicia na metade dos anos 80 pelos movimentos
da sociedade civil e que ainda não se considera vitoriosa. Muitas práti-
cas pedagógicas desenvolvidas na modalidade de EJA permanecem de
forma improvisada, aligeirada e repetidora de modelos infantilizados.
Apesar dos esforços acadêmicos de diversos estudiosos e pesquisadores,
há variáveis na modalidade de EJA que ainda são carentes de explica-
ções e análises. Nesse sentido, defende-se a necessidade de enlaces
mais efetivos entre as duas áreas, principalmente naquilo que a Didática,
enquanto referência para os educadores, pode operar na EJA para possi-
bilitar aprendizagens significativas e efetivas para os sujeitos.
30 M a r i n a i d e Q u e i r ó z d e Fr e i t a s – N a d j a N a i r a A g u i a r R i b e i r o – Ta n i a M a r i a d e M e l o M o u r a
A arte de ensinar:
pedra fundamental da Didática
Vários foram os estudiosos, na função de pedagogos, professores e
teólogos, a exemplo de Ratke (1571-1635); Lubin (1565-1621); Helwig
(1581-1617); Andreae (1580-1654); Bodin (1600-1650), que demonstra-
ram, à sua época, interesse em trazer mudanças para o modo de se ensi-
nar as línguas e as artes nas escolas. A maioria deles, inclusive, publicou
livros e ensaios de didática1 que influenciaram, sobretudo, o autor da
obra clássica em pedagogia – Didática Magna – Jan Amos Seges, mais
conhecido como Comenius.2
Pode-se dizer que Comenius3 é o expoente do espírito científico
no campo da Didática. Apesar de muitos tratados acerca da Didática já
terem sido publicados, no final do século 16, é ele que, autor de inú-
meras outras publicações,4 marca uma ruptura radical com o modelo
de escola que era praticado pela Igreja Católica. Até então, os ensina-
1
Dentre eles pode-se citar: Ratke, educador alemão, que Em Memoriale, de 1612, divul-
gou uma reforma escolar, com o objetivo de proporcionar para a Alemanha “uma língua
comum, um governo comum, uma religião comum”, seu método natural exerceu forte
influência em Comenius; Lubin, teólogo, matemático, filólogo alemão, a cujo ensaio
Clavis graecae linguae, sive vocabula latino-graeca e uma didática Comenius sempre fez
referência. Este ensaio serviu ao próprio Comenius, quando este escreveu Orbis pictus;
Bodin, pedagogo e gramático alemão, que em 1621 publicou Bericht von der Natur und
Vernunftmessigen Didática, servindo de inspiração para Comenius escrever Didática ceca.
2
Por pertencer à aldeia de Komna, Jan Amos passou a ser chamado de Komensky.
3
Ele nasceu em 1592, na cidade de Nivnitz, na Moravia, uma região da Europa Central,
que fazia parte do antigo Reino da Boêmia (atual República Tcheca).
4
Grammaticae faciliores praecepta (1616); Labyrint sveta a ráj srdce (1631 e depois em 1663);
Informatorium skoly materske (publicado em alemão em 1633 e em tcheco apenas em
1858); Janua Linguarum Reserata (um manual, publicado em 1638, que apresentava
fatos a respeito do mundo, tanto na língua Tcheca como na língua latina. A intenção de
Comenius é que os alunos, por meio deste manual, pudessem comparar as duas línguas
e identificar, assim, as palavras com as coisas); Haggaeus redivivus, Ratio disciplinae (1633);
Synopsis historica persecutionum ecclesiae Bohemicae (1647); Methodus Linguarum Novíssima
e de Vestibulum (1648); Schola Pansophica e Fortius redivivus sive de pellenda scholis ignavia
(1652); Schola Ludus (1656); ODO (Opera Didactica Omnia, financiada pelos burgomestres
de Amsterdã, publicada em 1957).
Capítulo 2 – Didática
31
5
Os empiristas britânicos negam a existência das ideias inatas e defendem que a mente
é uma tábula rasa, cuja impressão provém da experiência. A oposição tradicional entre
racionalismo e empirismo, no entanto, está longe de ser absoluta, pois filósofos empiris-
tas como John Locke e, com maior dose de ceticismo, David Hume, embora insistissem
em que todo conhecimento deve provir de uma “sensação”, não negaram o papel da
razão como organizadora dos dados dos sentidos. O próprio fato de haver toda esta con-
trovérsia em torno da problemática suscitada por Descartes revela a importância crucial
das teses racionalistas. O racionalismo cartesiano e o empirismo inglês desembocaram
no Iluminismo do século 18. A razão e a experiência de que resulta o conhecimento
científico do mundo e da sociedade bem como a possibilidade de transformá-los são ins-
tâncias em nome das quais se passou a criticar todos os valores do mundo medieval.
32 M a r i n a i d e Q u e i r ó z d e Fr e i t a s – N a d j a N a i r a A g u i a r R i b e i r o – Ta n i a M a r i a d e M e l o M o u r a
O método de Comenius
A preocupação de Comenius, conforme se apresenta na Didática
Magna, era mostrar o modo certo e excelente de proporcionar à juven-
tude, de ambos os sexos, uma formação abrangente, instruindo-os, sem
“enfados”, sobre as coisas da vida presente e futura. Apoiado no que
a natureza das coisas revela, ele lança em sua obra os princípios que
embasarão, de modo particular, o método de ensino das ciências, das
artes, das línguas, da moral e da piedade. Esses princípios
Nós ousamos prometer uma Didática Magna, ou seja, uma arte uni-
versal de ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo, para obter
resultados; de ensinar de modo fácil, portanto sem que docentes e
34 M a r i n a i d e Q u e i r ó z d e Fr e i t a s – N a d j a N a i r a A g u i a r R i b e i r o – Ta n i a M a r i a d e M e l o M o u r a
Didática em questão:
uma preocupação a mais
Após um longo tempo de licenciamento do estatuto de uma Didá-
tica comeniana no campo da Pedagogia, a inquietação e a efervescência
teórico-metodológica das pesquisas na área da educação, já no início
da década de 80, anunciavam os indícios da manifestação de quebra
de paradigmas. Tal mobilização, resultante das tensões históricas e dos
embates entre as concepções conservadoras e as concepções emancipató-
rias, contribuiu para pôr abaixo toda a “edificação” da educação escolar.
É também nos anos 80 que os pedagogos anunciam uma crise no campo
da “arte de ensinar”. Ou seja, impunha-se a necessidade de repensar “a
arte universal de ensinar tudo a todos” (Comenius, 2002, p. 11).
Capítulo 2 – Didática
37
6
Realizados em novembro de 1982, cuja organização coube ao CNPq e à PUC/RJ.
38 M a r i n a i d e Q u e i r ó z d e Fr e i t a s – N a d j a N a i r a A g u i a r R i b e i r o – Ta n i a M a r i a d e M e l o M o u r a
7
Althusser, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. Trad. Valter José Evangelista e Maria
Laura Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
8
Teoria e prática concebidas como dimensões de um mesmo processo, em que a teoria
orienta a ação entendida com transformação da realidade, e esta por sua vez reorienta
a teoria.
Capítulo 2 – Didática
41
9
A expressão “fora da lei” aqui é para fazer um trocadilho com o fato de os alunos de
EJA serem considerados e tratados como fora da idade própria/fora do ensino regular.
Expressões que, na verdade, são meramente preconceituosas, uma vez que EJA faz
parte do ensino regular, assim como qualquer cidadão, de acordo com a Constituição
Brasileira de 1988, a LDB 9394/96 e o parecer 11/2000, têm o direito de estudar em
qualquer idade.
10
O “Método” não se limita às normas metodológicas e linguísticas. Ao contrário, vai
além delas. Desafia o homem e a mulher que se alfabetizam a se apropriarem do código
escrito e a se politizarem, tendo uma visão de totalidade da linguagem e do mundo.
11
Educação popular compreendida, no entendimento de Brandão (2002), como aquela
que tem o sentido político no trabalho pedagógico, tendo como idealizador Paulo
Freire.
44 M a r i n a i d e Q u e i r ó z d e Fr e i t a s – N a d j a N a i r a A g u i a r R i b e i r o – Ta n i a M a r i a d e M e l o M o u r a
12
Aquela já existia um índice alarmante de analfabetos, acima de 18 anos.
Capítulo 2 – Didática
45
17
Vale também ressaltar que há outras iniciativas nos cursos de Pedagogia, a exemplo de
oferta de disciplinas eletivas e no campo da extensão, cujas ações procuravam minimizar
as carências de formação inicial em EJA. Essas eram também formas alternativas de
aproximar os alunos das demais Licenciaturas.
18
Essas críticas de Arroyo não são poupadas nas Diretirzes Curriculares Nacionais de
EJA, parecer nº 11 de 2000, aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE),
que recomenda as exigências formativas relativas à complexidade diferencial dessa
modalidade de ensino e em relação às Instituições Formadoras de Professores as Dire-
trizes enfocam a necessidade de um entendimento entre as Licenciaturas e o sistema
público Gioco no sentido de possibilitar a formação inicial e continuada.
Capítulo 2 – Didática
47
Considerações Finais
Como repensar neste século 21 as ações políticas e pedagógicas para
a Educação de Jovens e Adultos? Qual Didática pode, de fato, orientar a
modalidade de EJA que, ao longo do tempo, parece estar perdendo sua
identidade com os movimentos sociais? Esses questionamentos reforçam,
na verdade, que a área de EJA, predominadamente escolarizada, se fez
carente em diversos aspectos: proposições metodológicas, quadro de pro-
fessores, políticas públicas de formação e de financiamento. Como conse-
quência, há práticas pedagógicas que permanecem baseadas no improviso,
em que os docentes ainda reproduzem atividades desenvolvidas com crian-
ças, fundamentando-se na Didática instrumental. Uma prática pedagógica
em que os alunos costumam ser tratados como “pobrezinhos”, “cansados”,
“sofridos”, sem capacidade para dominar novos conhecimentos.
Referências
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. Trad. Valter José
Evangelista e Maria Laura Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Graal,
1985.
DE VOLTA AO BÁSICO
Definições e Processos de Avaliação1
Maddalena Taras
Considerações Iniciais
Ao explorar os princípios do processo de avaliação em qualquer
contexto ou função, sejam estes preestabelecidos ou não, o presente
texto sustenta e desenvolve o discurso e o argumento de que, em todos
os tipos de avaliação, entender o processo é mais importante do que
observar as funções da avaliação, particularmente no caso da avaliação
formativa (Taras, 2005). Este texto não apresenta uma linha histórica do
desenvolvimento das definições de avaliação formativa e avaliação soma-
tiva; tampouco constitui uma análise dos diferentes aspectos de avaliação
vistos à luz de uma teoria geral da Pedagogia (cf. Black; Wiliam, 2005;
Perrenoud, 1998), embora inevitavelmente considere a avaliação como
parte do triunvirato2 avaliação-ensino-aprendizagem. Na verdade, este
escrito defende a ideia de que não há desenvolvimento especializado
sem avaliação (Atkins; Beattie; Dockrell, 1993).
Teorias de aprendizagem
De acordo com a teoria socioconstrutivista de aprendizagem, o
indivíduo relaciona o significado com o meio e o contexto e o assimila
reestruturando e reorganizando os conceitos e conhecimentos que possui
(Hager; Hodkinson, 2009; James, 2006). Assim, o indivíduo é a um só
tempo produto do contexto e um desafio direto ao mesmo, visto que reúne
interpretações específicas e singulares. Do mesmo modo, a avaliação e a
aprendizagem retomam a constante interação que o indivíduo desenvolve
com a experiência coletiva e com as informações fundamentais que tive-
ram impacto nele e no contexto. Todos nós avaliamos constantemente a
nossa situação, a nossa situação no coletivo e a situação do coletivo.
Cada indivíduo, portanto, embora aprenda e avalie num contexto
socialmente construído, se diferencia dos outros em situações similares.
Essa singularidade requer uma abordagem contínua dos significados,
conceitos e ideias. Mesmo quando se trabalha com idênticas definições,
critérios e processos, a ocorrência de diferentes resultados de aprendiza-
gem, avaliação e compreensão não pode ser considerada algo inusitado.
Aceitar a infinita diversidade na educação é o primeiro passo importante
rumo a uma relativa harmonização dos conceitos e definições, ideias,
ideais e entendimentos. Isso, contudo, não elimina a necessidade de
associações coerentes e lógicas no âmbito dessas experiências pessoais
das “realidades” educacionais individuais e coletivas.
Linguagem
A linguagem não é neutra; os significados associados a diferentes
palavras e termos não são neutros. A avaliação e os termos a ela relacio-
nados são marcados por valores e emoções, do que decorre que fatores
éticos e morais também estão envolvidos nas interpretações feitas pelo
indivíduo e pela coletividade (Fairclough, 1994; Lakoff; Johnson, 1980;
Taras, 2007a). Do ponto de vista social e político, a “avaliação” é uma
bomba em potencial, e nesses contextos a palavra é usada parcamente. A
avaliação de artigos para revistas acadêmicas é conhecida como “revisão
Capítulo 3 – De Volta ao Básico
53
Assessment ou evaluation?4
Em virtude da globalização da pesquisa, a distinção entre assess-
ment e evaluation no campo da Educação está se tornando cada vez mais
complexa. Na literatura francófona (por exemplo, Perrenoud, 1998) e
nas línguas de base latina, em que inexiste uma distinção, geralmente
se prefere usar evaluation.
a própria autora, as línguas latinas não possuem mais de uma palavra para expressar
satisfatoriamente a ideia contida em avaliação. Poderíamos, é verdade, tentar repro-
duzir a distinção do original substituindo evaluation por apreciação, por exemplo, mas
entendemos que esse recurso seria limitado a ponto de induzir o leitor a interpretações
equivocadas. Em contraponto à amplitude da palavra avaliação, as palavras apreciação e
valoração parecem demasiadamente ligadas ao fator numérico; estimativa, por sua vez,
está circunscrita à noção de valor aproximado (N.T.).
54 M a d d a l e n a Ta r a s
5
A autora refere-se ao clássico e seminal trabalho de Paul Black e Dylan Wiliam (1998),
intitulado “Inside the Black Box: Raising Standards Through Classroom Assessment” (Phi
Delta Kappan, October 1998). A partir do exame de uma vasta literatura, os autores ofe-
recem fortes evidências que a avaliação formativa, quando instituída adequadamente,
é um poderoso recurso para melhorar a aprendizagem dos estudantes. Por outro lado, a
avaliação somativa, tais como os exames padronizados, podem ter efeitos prejudiciais.
A avaliação formativa ocorre quando os professores utilizam as informações obtidas por
meio da avaliação para auxiliar os alunos a aprenderem mais e melhor. Assim, o propó-
sito principal da avaliação é apoiar uma aprendizagem de melhor qualidade. Por essas
razões, os autores utilizam a expressão “avaliação para a aprendizagem”. Os autores mos-
traram também que avaliação formativa de alta qualidade era rara nas salas de aula. Na
“avaliação para a aprendizagem”, tanto o professor quanto o aluno usam as informações
obtidas por meio da avaliação para modificar as atividades de ensino e aprendizagem.
Informações complementares a respeito do artigo “Inside the Black Box” e do Grupo
de Pesquisa sobre Avaliação liderado por Paul Black podem ser podem ser obtidas em:
<http://www.kcl.ac.uk/content/1/c4/73/57/formative.pdf> (Nota do revisor).
Capítulo 3 – De Volta ao Básico
55
6
O fato de a autora ter preterido mais de uma vez qualquer adjetivo da sua língua em
favor da expressão latina ad hoc deixa claro o quanto esta lhe é cara. Por esse motivo,
não traduzimos a expressão e esclarecemos que ela designa algo utilizado para um
fim específico. Nos âmbitos filosófico e científico, entende-se como elemento ad hoc
qualquer recurso utilizado de maneira circunstancial, carecendo, portanto, de aplicação
geral (N.T.).
56 M a d d a l e n a Ta r a s
7
As máquinas de ensinar (teaching machines) eram aparelhos destinados a apresentar de maneira
automática um conteúdo didático cuidadosamente planejado. Enquanto o aluno não encon-
trasse a solução da questão ou exercício proposto, ele não poderia seguir em frente. Skinner
foi um dos grandes propagadores desses aparelhos, e de fato é notório o conceito comporta-
mentalista por trás dos mesmos: a aprendizagem se daria por meio do reforço das respostas
corretas, propiciado pela significativa repetição de exercícios semelhantes (N.T.).
Capítulo 3 – De Volta ao Básico
57
Avaliação somativa
A avaliação somativa é em geral igualada às provas ou testes finais.
No ensino superior a prática de dar um feedback (ou retorno)8 sobre um
trabalho do aluno mostra que a avaliação somativa e a avaliação forma-
Por outro lado, o foco nas funções tem ofuscado a análise dos pro-
cessos, tornando difícil controlar o aspecto vital de entender o processo
e garantir que este seja transparente e ético. Scriven (1967) já havia aler-
9
A autora refere-se ao seguinte texto: Broadfoot, P. Assessment for learners: Assessment
literacy and the development of learning power. In: Havnes, A.; McDowell, L. (Eds.).
Balancing Dilemmas in Assessment and Learning in Contemporary Education. New York;
London: Routledge, 2008. p. 213-224.
Capítulo 3 – De Volta ao Básico
59
Funções
As funções são consideradas um problema neste texto por dois
motivos: primeiro, dominam a literatura recente; segundo, são respon-
sáveis por fazer os especialistas em educação perderem a visão sobre
os processos de avaliação e sobre a neutralidade essencial da avaliação
em si.
O processo de avaliação
O processo de avaliação está implícito nesta definição, que é repe-
tida por conveniência:
AS → feedback
Considerações Finais
Os conceitos mencionados têm importantes implicações para a
aprendizagem, o ensino e a avaliação. Os três, aliás, são interdepen-
dentes e exigem cooperação entre todos os envolvidos. Em qualquer
contexto – seja na revisão de programas de ensino ou artigos por pares,
seja numa entrevista de emprego, seja numa sala de aula, na qual o
professor e os alunos avaliam o próprio trabalho e o trabalho do outro
ou as suas próprias ideias e ideais graças à interação propiciada pelo
ambiente –, o processo de avaliação é basicamente o mesmo. Compar-
tilhar parâmetros, práticas e contextos será fundamental para se chegar
a um entendimento justo, capaz de reduzir as injustiças que há muito
tem assolado os processos de avaliação (Broadfoot, 2008; Stobart, 2008).
Dada a grande importância de toda e qualquer avaliação, seja somati-
va, seja formativa, precisamos ter coragem e conhecimento para sermos
explícitos e transparentes. Este texto mostra que distinguir as funções
da avaliação somativa e da avaliação formativa não é necessariamente a
resposta se o processo é ofuscado e ignorado.
Referências
ATKINS, M. J.; BEATTIE, J.; DOCKRELL, W. B. Assessment issues in
higher education. Sheffield: Employment Department, 1993.
BIGGS, J. Assessment and classroom learning: a role for summative
assessment? In: Assessment in education: principles, policy and practice,
v. 5, n. 1, p. 103-110, 1998.
Capítulo 3 – De Volta ao Básico
67
BLACK, P.; WILIAM, D. Lessons from around the world: how policies,
politics and cultures constrain and afford assessment practices. The Cur-
riculum Journal, v. 16, n. 2, p. 249-261, 2005.
Não se pode apagar uma época ou queimar livros por mais dano-
sos que tenham sido para um povo ou indivíduo, pois se corre o risco de
se queimar uma cultura, apagar da memória lições importantes, ainda
que obtidas com sofrimento. Assim, ao invés de negar tais materiais, é
importante preparar os olhares (docente e discente) para lidar com ima-
gens antigas ou novas, repletas de valores, para assim empoderar esses
indivíduos com olhares críticos, hábeis em (re)significá-las, até mesmo
usando-as como contraexemplos.
Metodologia
... pinturas e fotografias de arte são submetidas a um outro tipo de
análise, as questões da função da imagem são aplanadas por seu esta-
tuto imagético (Oliveira, 2010) .
Análise de resultados
Materiais didáticos não apresentam neutralidade pedagógica ou
política. Pelo contrário, estes carregam valores, desejos e expressam
as lutas por poder entre grupos de uma época, de uma sociedade. Da
mesma maneira, a aceitação (adoção, re-impressão) ou rejeição (poucas
edições) desses materiais, revela que representaram ou não desejos, valo-
res de uma comunidade numa época. Assim, as cartilhas e pré-livros loca-
lizados nos permitem traçar um breve panorama sobre os hábitos, valores
e comportamentos das décadas de 20 a 50, assim como entender como a
escola corroborou para que tais valores se eternizassem. Nestes materiais
encontram-se conceitos sobre as relações familiares, sobre a relação entre
adultos e infância, sobre as esferas do público e do privado.
Estas décadas foram marcadas pelos preceitos escolanovistas,
momento em que a infância ganha legitimidade, quando o aluno é visto
como o centro do processo educativo, isto é, os procedimentos didá-
ticos têm como foco a criança. Nesta concepção, a escola se configura
como uma extensão do lar. Ao mesmo tempo, porém, a escola se tornou
um laboratório de pedagogia prática, pregando o uso do método cien-
tífico (Veiga, 2007, p. 217-218), compelida pelas inovações científicas
da época. Neste plano se incluíam discussões sobre higienismo, eugenia,
biologia, psicologia, sociologia e metodologias de ensino (Veiga, 2007, p. 238).
O trecho a seguir, retirado do Regulamento do Ensino Primário (Minas
Gerais, 1924), exemplifica tais influências:
Capítulo 4 – Imagens Que Educam
77
Figuras 1 e 2
Figuras 3 e 4
Figuras 5 Figuras 6
Figuras 7 Figuras 8
Figuras 9 Figuras 10
Figuras 11 Figuras 12
Figuras 17 Figuras 18
Figuras 19 Figuras 20
Figura 21 Figura 22
Considerações finais
Imagens educam o olhar, saciam a curiosidade, respondem a dúvi-
das, dão receitas de como ser, como estar num grupo, no mundo. A
escola viu o potencial das imagens como um recurso educativo, eficiente
no processo de ensino e aprendizagem. Imagens, porém, trazem textos,
e, portanto, ideias que produzem alegrias, amores, gostos, mas também
tristezas, fobias e desgostos. A atenção às imagens nos livros didáticos
parece um tema importante. Como vimos, as imagens ditam a “moda”,
o estilo de ser e estar, o “certo”.
Referências
BARRETO, Arnaldo de O. Cartilha analítica. 22. ed. Belo Horizonte:
Francisco Alves, 1923.
______. Cartilha analítica. 54. ed. Belo Horizonte: Francisco Alves, 1946.
______. Cartilha analítica. 62. ed. Belo Horizonte: Francisco Alves, 1953.
______. Cartilha analítica. 63. ed. Belo Horizonte: Francisco Alves, 1955.
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Brasil, 1961.
GRISI, Rafael. Lalau, Lili e o lobo. 49. ed. São Paulo: Editora do Brasil,
1957. p. 62.
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ramentos, 1953.
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cação e Realidade, Porto Alegre, vol. 16, n. 2, p. 5-22, jul./dez. 1990.
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ria: Algumas questões sobre produções de subjetividades. 2006. Disponível
em: <http://www.fazendogenero7.ufsc.br/artigos/C/Cristiani_Bereta_
da_Silva_07_A.pdf>.
SOUZA, Jane F. Gênero e sexualidade nas pedagogias culturais: impli-
cações para a educação infantil. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED,
22., 1999, Caxambu. Anais... Caxambu, MG, 1999. p. 235.
TEIXEIRA, Adla B. M. The domestication of primary school teaching: a
Brazilian study case. PhD (Thesis) – University of London, Intitute of
Education, UK, 1998.
TEIXEIRA, Adla; SILVA, Solange M. Alfabetização no Brasil e questões
de gênero: a ideologia presente nas orientações e usos de materiais didá-
ticos – décadas de 20 a 50 –MG. Disponível em: <http://www.anped.
org.br/reunioes/29ra/trabalhos/posteres/GT23-2326--Int.pdf>. Acesso
em: 2006.
TEIXEIRA, Adla; NASCIMENTO, S. S.; VILLANI, C. A. Exploring
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Academic Performance. In: Gender and Education, 20:4, jul. 2008.
TEIXEIRA, Adla B. M. Física azul, português rosa... Onde isso desá-
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16, n. 95, p. 31-45.
TEIXEIRA, Adla B. M. Meninas nas áreas científicas e tecnológicas –
da paridade à igualdade. Revista Instrumentos, Juiz de Fora, v. 12, 2:13-22,
2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da educação. São Paulo: Ática, 2007.
328p.
WALTY, Ivete L. C. et al. Palavra e imagem: leituras cruzadas. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001.
capítulo 5
APRENDIZAGEM CRIATIVA
Desafios para a prática pedagógica
1
Para aprofundar a concepção de criatividade que assumimos podem ser consultados
os trabalhos Criatividade, Personalidade e Educação (Mitjáns Martínez, 1997), O outro e
sua significação para a criatividade: implicações educacionais (Mitjáns Martínez, 2004) e
Subjetividad, Complejidad y Educación (Mitjáns Martínez, 2008a).
96 Albertina Mitjáns Martínez
1. A personalização da informação
A partir de pesquisas realizadas na década de 80, formulamos o
conceito de informação personalizada para nos referirmos àquela infor-
mação que passa fazer parte da configuração de recursos subjetivos do
indivíduo. Neste sentido afirmávamos:
González Rey (1997, 2003, 2004b, 2005) na qual a subjetividade é entendida como as
formas complexas em que o psicológico se organiza e funciona nos indivíduos, cultural
e historicamente constituídos e nos espaços sociais da suas práticas e modos de vida.
Nesta perspectiva a aprendizagem não pode ser considerada apenas na sua dimensão
cognitivo-intelectual, como tem sido dominante, mas como um processo da subjetivi-
dade que tem sua base na união do simbólico e do emocional.
98 Albertina Mitjáns Martínez
Aprendizagem criativa:
desafios para a prática pedagógica
O desenvolvimento dos processos subjetivos é um processo com-
plexo, irredutível a relações de causa-efeito, questão que supõe impor-
tantes desafios para os processos educativos intencionais em geral e para
prática pedagógica em particular, uma vez que, como afirma González
Rey (1999a):
3
Utilizamos o conceito de subjetividade social para nos referirmos a “um sistema integra-
do de configurações subjetivas (grupais e individuais) que se articulam nos diferentes
níveis da vida social (González Rey, 1997, p. 133). E frisamos que “[...] A subjetividade
social não é uma abstração, é o resultado de processos de significação e sentido que
caracterizam todos os cenários de constituição da vida social [...]” (González Rey, 2003,
p. 205).
Capítulo 5 – Aprendizagem Criativa
105
samente porque sua solução não se apresenta com clareza, eles deman-
dam reflexão, compromisso e criatividade caso sejam verdadeiramente
assumidos. São eles:
Tudo isto com uma ressalva: nunca vamos ter certeza de muitos
dos possíveis impactos das nossas ações, uma vez que o processo de
desenvolvimento da subjetividade não responde a processos lineares
nem imediatos. Os sentidos subjetivos que se produzem perante uma
ação ou situação atual podem se constituir em fontes de desenvolvi-
mento muito mais tarde, ao se articularem com outros e se configurarem
como unidades subjetivas do desenvolvimento.5 O fato de o aluno não
evidenciar hoje mudanças nas suas vivências, reflexões ou comporta-
mentos, não significa necessariamente que nossas ações não tiveram
“efeitos”. Esses podem aparecer muito tempo depois e inclusive podem
não ser facilmente relacionados com algumas das situações que lhes
deram origem.
5
Para González Rey as unidades subjetivas de desenvolvimento são configurações sub-
jetivas que teriam a “capacidade de integrar e estimular um conjunto de aquisições do
desenvolvimento em determinados momentos da vida da pessoa” (2004a, p. 18).
Capítulo 5 – Aprendizagem Criativa
113
6
O Sistema Didático Integral foi amplamente descrito e exemplificado no Capítulo 4
do livro Criatividade, Personalidade e Educação (Mitjáns Martínez, 1997) por isso, no
presente Capítulo nos referiremos a ele apenas nos seus aspectos essenciais.
116 Albertina Mitjáns Martínez
Insistimos, mais uma vez, que todos estes princípios gerais tomam
forma em estratégias e ações concretas em função da singularidade das
situações e dos alunos com os quais se trabalha.
Considerações Finais
O que podemos concluir do que foi discutido até aqui?
• Que ainda não sendo possível sua constituição a partir de tais tipos
de ações, a escola como espaço sociorrelacional no qual participam
os indivíduos durante muitos anos de escolarização, pode contribuir
indiretamente para a constituição deste tipo de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Ana Luiza Snoeck Neiva. O sentido subjetivo da aprendizagem
para alunos universitários criativos. 2006. Dissertação (Mestrado) – Uni-
versidade de Brasília, Brasília, 2006.
AMARAL, Ana Luiza Snoeck Neiva; MITJÁNS MARTÍNEZ, Alberti-
na. Aprendizagem criativa no Ensino Superior: a significação da dimen-
são subjetiva. In: Mitjáns Martínez, A.; TACCA, M. C. V. R.
(Orgs.). A complexidade da aprendizagem: destaque ao ensino superior.
Campinas: Alínea, 2009. p. 149-192.
ARDOINO, Jacques. Complejidad y formación: pensar la educación
desde una mirada epistemológica. Buenos Aires: Novedades Educa-
tivas, 2005.
BARRETO, Maribel. Profissionalização continuada de profesores de
pós-graduação stricto sensu como meio para a aprendizagem de uma práxis
pedagógica criativa. In: Mitjáns Martínez, A.; TACCA, M. C. V.
R. (Orgs.). A complexidade da aprendizagem: destaque ao ensino superior.
Campinas: Alínea, 2009. p. 193-211.
122 Albertina Mitjáns Martínez
UN DISPOSITIVO DE
ANÁLISIS Y REELABORACIÓN
DE LA PRÁCTICA PROFESIONAL
Marta Anadón
Eduardo Lozano
Presentación de la problemática
1
En la provincia de Río Negro la totalidad de los docentes de esos Niveles, en los cargos
básicos de maestros frente al aula, tienen título de Profesor de Nivel Inicial y Profesor
de Nivel Primario.
2
Además, los títulos Supletorios, que incluyen a profesores de nivel primario que enseñan
en el nivel medio, representan el 11% del total y, por último, los títulos que acreditan
como Idóneos, básicamente de bachilleres, peritos mercantiles o técnicos con título de
nivel medio, constituyen el 7% de los agentes que se desempeñan en la enseñanza de
las ciencias naturales y la matemática en el nivel medio (Carranza, 2011)
Capítulo 6 – Un Dispositivo de Análisis y Reelaboración de la Práctica Profesional
127
Consideraciones sobre
la formulación de un trayecto
e formación para el análisis y la
reelaboración de la práctica profesional
Los aportes provenientes del desarrollo de los trabajos de
investigación mencionados4, permitieron, en el ámbito del Institu-
to de Investigación para la Enseñanza de las Ciencias Naturales y la
3
“entendida como conjunto de reglas que define las formas en que las escuelas dividen
el tiempo y el espacio, clasifican a los estudiantes y los asignan a clases, conforman el
saber que debe ser enseñado y estructuran las formas de promoción y acreditación”
(Dussel, I. , 2003, p.13).
4
Proyecto Profesionalización docente en matemática y ciencias naturales en el nivel medio de Río
Negro: trayectorias y prácticas (40/A-034), subsidiado por la UNRN.
Capítulo 6 – Un Dispositivo de Análisis y Reelaboración de la Práctica Profesional
131
de sus producciones fueran las aulas habituales en las que estos docentes
desarrollan sus tareas de enseñanza y que estás prácticas no se ubicarían
al final de la carrera sino al promediar el segundo año en el marco de las
materias Didácticas I y II de cada disciplina. El trabajo de observación
quedó a cargo de compañeros de cursado, que operan a modo de parejas
pedagógicas, y el contenido general del análisis a cargo de los Talleres
de Análisis de la Práctica Profesional I y II (Ver cuadro 2).
Proceso por el cual las personas fortalecen sus capacidades, confianza, visión y prota-
6
7
Los observadores y cada docente recibió una guía de observación que los orientaba
en las dimensiones a observar (conocimiento del contenido, estructuración de la clase,
formulas pedagógicas, relación profesor/alumno, intervenciones disciplinarias, gestión
de la clase, comunicación, etc.).
140 Marta Anadón – Eduardo Lozano
REFERENCIAS
ALTET, M. Caractériser, expliquer et comprendre les pratiques enseig-
nantes pour aussi contribuer à leur évaluation. In: TUPIN, F. (Dir.). De
l’efficacité des pratiques enseignantes. Paris: Les Dossiers des Sciences de
l’Éducation, 2003. p. 31-43.
Marta Anadón
María Elena Ruiz
Negro, por su participación a esta investigación. Sin ellos este trabajo no se habría
realizado.
148 Marta Anadón – María Elena Ruiz
ser abogado se debe tener esas cosas, si vas a ser docente se debe tener esas cosas”.
(V, 71).2 En el mismo sentido Dilma agrega que la docencia es una profe-
sión como lo es también su diploma de Química ya que las dos “requieren
de una capacitación específica” (D, 72) y Perla completa afirmando que es
una profesión “porque te pagan por este trabajo, porque permite desarrollarse,
porque tiene capacitación y porque se pueden ver los frutos de la dedicación
de uno en el concepto y en el reconocimiento de sus compañeros y alumnos”
(P, 71). Con toda evidencia estas palabras reflejan una concepción de la
docencia como profesión ya que ella responde a los atributos que caracteri-
zan las profesiones liberales y en el caso de Perla es claro porque además
de la formación de base es una tarea remunerada, reconocida y que da
posibilidades de desarrollo profesional.
2
La letra hace referencia a la inicial del nombre del participante y las cifras a las páginas
de referencia de la citación.
150 Marta Anadón – María Elena Ruiz
afirmando: “la docencia es una profesión, no estoy de acuerdo con lo que dice
el gremio: trabajador de la educación”. Viviana sostiene que el docente
“ha caído en un lugar muy manoseado, vejado, que es una cara visible donde
la gente pone todos sus comentarios: no hacen nada, tienen muchas vacaciones,
abusan de las licencias, etc.” (V, 71). En el mismo sentido Antonio dice “la
desvalorización viene por parte de los docentes y también del gobierno (…) hoy
se vive de esto ya no es la ocupación “noble” hoy es una ocupación casi insana”
(A, 72).
más biología enseñando que en toda la carrera, lejos, lo que yo aprendí… por
la interacción con el otro, porque me ha pasado infinita cantidad de veces que
los alumnos me digan ´ah, profe, entonces esto es así´, claro, jamás se me hubiera
ocurrido, con razón es así, es nutritivo para mí” (V, 91) , luego completa
que ser docente de biología la hizo más bióloga de lo que imaginó. Dice
que lo hace con mucho compromiso, la emociona, le genera ansiedad,
disfruta mucho su trabajo y completa su idea diciendo que siente que
puede hacer más aportes desde la docencia que desde la investigación
básica, según ella misma lo expresa: “lo que yo pueda aportar desde la
investigación básica no se compara con lo que yo creo que puedo aportar desde
la docencia” (V, 91).
3
Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales.
160 Marta Anadón – María Elena Ruiz
4
La Ley Federal de Educación, Ley N° 24.195, sancionada y promulgada en abril de
1993, modificó la estructura del sistema educativo nacional. Transformó la escolaridad
primaria, de 7 años y la secundaria (nivel medio) de 5 años, en EGB (Escolaridad
General Obligatoria) de 9 años y Polimodal que abarca los 3 últimos años.
162 Marta Anadón – María Elena Ruiz
REFERENCIAS
ANADÓN, M. Un modelo de construcción de la identidad profesional
docente. In: JORNADAS DE INVESTIGACIÓN EN EDUCACIÓN.
ENCRUCIJADAS DE LA EDUCACIÓN: SABERES, DIVERSIDAD
Y DESIGUALDAD, 7., Centro de investigaciones María Saleme de
Bournichon; Facultad de Filosofía y Humanidades Universidad Nacio-
nal de Córdoba. 29, 30 de junio y 1 de julio 2011.
CURRÍCULUM, COMPETENCIAS,
EDUCACIÓN INCLUSIVA
Aproximación a Tres Conceptos
Clave en el Sistema Educativo
Boggino (2007, p. 55), “supone apelar a formas de conocer e intervenir que no mutilen
ni atomicen lo real… nos invita a percibir las múltiples relaciones entre las dimensio-
nes que producen los hechos”. Más adelante (p.57), continúa diciendo el autor, “El
concepto de problema de escolarización es más amplio que aquello que le ocurre a un
alumno que no alcanza una meta o no se comporta según los cánones “normales” y,
por lo tanto, consideramos relevante preguntarnos acerca de la trama de producción y
la lógica de construcción de los mismos. Y todo ello nos remite a indagar los múltiples
factores que intervienen en la producción de dicho problema… tienen que buscarse
tanto en la escuela (como organización y como institución) y en la práctica educativa, en
el marco jurídico-político y en la intencionalidad pedagógica que sustenta la práctica del
docente en el aula, como en la familia y en el contexto, en las peculiaridades del objeto
de conocimiento y en las condiciones de posibilidad de aprender de los alumnos.
E
xiste una multiplicidad de factores que llegan a configurar dicha trama, sólo a partir de
la cual puede comprenderse el aprendizaje, las conductas, y sus problemas y obstácu-
los”.
166 Ana R. Marcos – Mercedes B. Giménez – Rosa M. E. Moreno – Claudia M. Albarenque
Los valores son principios éticos frente a los cuales las personas
tienen un fuerte compromiso emocional y utilizan para juzgar las con-
ductas.
– Qué evaluar
– Cuándo evaluar
– Cómo evaluar
1 Niveles de currículum
1º. El currículum oficial nacional (para todo el Estado español), que para la
enseñanza primaria viene fijado en el Real Decreto de 7 de diciem-
bre de 2006, por el que se establecen las enseñanzas mínimas de la
educación primaria. La finalidad de este Decreto es “asegurar una
formación común a todos los alumnos y alumnas dentro del sistema
educativo español y garantizar la validez de los títulos correspon-
dientes…”.
– Número de horas anuales que ha de dedicarse en cada ciclo a cada una de las
áreas.
Capítulo 8 – Currículum, Competencias, Educación Inclusiva
175
3º. El currículum recogido dentro del proyecto educativo de cada centro. Dentro
del proyecto educativo de centro hay un apartado que se refiere al cur-
rículo. En él se asume el currículum oficial de la Comunidad Autóno-
ma correspondiente, pero se adapta a las características del alumnado
del colegio.
Giroux (1998, p. 72), tras revisar diversos trabajos acerca del cur-
rículum oculto, observa que los autores coinciden en caracterizar el
currículum oculto como “aquellas normas, creencias y valores no decla-
rados, implantados y transmitidos a los alumnos por medio de reglas
subyacentes que estructuran las rutinas y las relaciones sociales en la
Capítulo 8 – Currículum, Competencias, Educación Inclusiva
179
Optar por la escuela inclusiva supone optar por una sociedad que
se compromete con la formación de personas con espíritu ciudadano
que llegue a abordar con responsabilidad y creatividad las nuevas situa-
184 Ana R. Marcos – Mercedes B. Giménez – Rosa M. E. Moreno – Claudia M. Albarenque
INTEGRACIÓN INCLUSIÓN
• Integración hace referencia al • Hace referencia a todo el alumna-
proceso social y educativo que do y en todos los contextos.
hace falta promover con el alu-
• Exige un cambio de mirada, donde
mnado que presenta necesida-
la diferencia es contemplada con
des educativas especiales.
normalidad, no como un hecho
• Puede llegar a cronificar la dife- extraordinario y se aborda desde
rencia en términos de diver- la totalidad de variables que defi-
sidad cultural y por lo tanto nen la existencia de un alumno, no
provocar efectos contrarios a lo desde la académica solamente.
esperado.
• La inclusión engloba procesos
• Se propone mejorar esen- organizativos, y contextuales fun-
cialmente los procesos de damentales.
enseñanza-aprendizaje.
• Es una manera de entender la
• Es una manera de entender la igualdad.
diferencia.
• Introduce la dimensión socioco-
• El término hace referencia a munitaria al enfoque de la inte-
alguien: un grupo, una perso- gración de una forma estructural,
na… que estaba excluido. al planteamiento 1 , lo que está
pidiendo y favorece la transfor-
mación de las escuelas en comu-
nidades de aprendizaje2
190 Ana R. Marcos – Mercedes B. Giménez – Rosa M. E. Moreno – Claudia M. Albarenque
La inclusión, de objetivo
a principio educativo
Desde el planteamiento que acabamos de exponer, la inclusión
no es vista como un objetivo sino como un principio educativo que debe
impregnar toda la actividad educativa en la escuela y en el aula. No se
trata de que tengamos que hacer algo extraordinario. Se trata de apro-
vechar los potenciales ya existentes para transformar el centro educativo
en un espacio para todos. Para ello, hemos de partir del principio (antes
objetivo) de que todos los alumnos de una clase pertenecen al grupo,
de que todos los alumnos que acuden a un centro pertenecen a él y de
que todos pueden aprender en la vida normal de la escuela y del barrio
o pueblo.
La atención a la diversidad
en el sistema educativo español
La inclusión, como hemos visto, Implica un importante cambio
de perspectiva. No se trata de integrar a los “diferentes” en una escue-
la “normal”, sino de crear una escuela para todos porque todos somos
diferentes. No es sumar “unos a otros” a la escuela de “los normales”,
sino de convertir el centro escolar en una comunidad de aprendizaje para
todos. Supone considerar a la diversidad como una riqueza intrínseca a
todos los seres humanos, y la inclusión como un proceso.
192 Ana R. Marcos – Mercedes B. Giménez – Rosa M. E. Moreno – Claudia M. Albarenque
Contra los que opinan que no hay otra forma de hacer escuela,
Freire nos recuerda: “La afirmación de que las cosas son así porque no
pueden ser de otra forma es odiosamente fatalista, pues decreta que la
felicidad pertenece solamente a los que tienen poder” (Freire, 2007b,
p. 75).
Referencias
AINSCOW, M. Desarrollo de Escuelas Inclusivas. Ideas, propuestas y
experiencias para mejorar las instituciones escolares. Madrid: Narcea,
2001.
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