Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Com muita satisfação recebi o convite para escrever uma apresentação para
essa obra em formato digital que traz a produção compartilhada por docentes e
discentes na Disciplina Teorias da Educação, ministrada pelo colega Professor Doutor
Paulo Alberto dos Santos Vieira, no semestre 2022/2, no Programa de Pós-Graduação
em Educação – PPGEdu da Universidade do Estado de Mato Grosso.
Essa disciplina é de grande importância na formação inicial de pesquisadores
e pesquisadoras em educação, pelo fato de que traz conhecimentos que vão
enriquecer a reflexão sobre suas próprias temáticas e objetos de pesquisa. Dessa
forma, produziu-se um conteúdo a partir da reflexão provocada que traduziu em
artigos aquilo que foi discutido e passou a fazer parte dos saberes que apoiam todo o
caminho que se apresenta diante de cada um e cada uma
O conteúdo traz artigos desenvolvidos pelos/pelas discentes em coautoria
com um/uma docente orientador/a. Como ex-coordenadora do PPGEdu acompanhei
o planejamento dessa iniciativa desde o ano de 2021 e que se edita agora. Quem já
se empenhou na transformação de suas ideias em obra pública sabe que é tarefa
árdua e que leva tempo para se materializar.
O resultado que surgiu à luz das teorias e teóricos estudados se traduz nessa
coletânea que visa contribuir com os autores e autoras em sua formação que se
aprofunda nas temáticas discutidas.
É um trabalho coletivo em que muitas mãos e muitos corações se uniram para
a ampliação desse PPGEdu que comemora em seus 12-13 anos de existência a
elevação de sua nota CAPES para 4, incentivando a produção de muitos artigos,
capítulos e livros que venham contribuir ainda mais com o aprimoramento da formação
de mestres em educação.
COORDENADOR E ORGANIZADORES________________________________171
6
INTRODUÇÃO
Nattan Ricardo de Campos1
1
Mestrando em Educação (UNEMAT). Email: nattan.campos@unemat.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8267039107831834.
7
O eixo Teorias da Educação é composto por três textos. O primeiro tem por
título Da teoria crítica às teorias pós-críticas: compreendendo o percurso histórico e
conceitual destas correntes teóricas no Brasil, das autoras Benedita Almeida, Claudia
Araújo, Daiany Pereira e Jorge Lima, traz reflexões a respeito das teorias tradicionais
e pós-críticas no campo curricular, tencionando questionar a quem a elaboração do
currículo interessa, quem tem lugar em seu território e se o mesmo é capaz de atender
as diferentes demandas identitárias presente na sociedade. Entre acusações e
defesas da escola: Morin, Bourdieu e Masschelein e Simon, segundo texto de Nattan
Campos, Ualter Rojas, Vanilza Biano e Luciene Neves, apresentam três posições
distintas, mas que podem ser complementares sobre a escola e sua função. O terceiro
texto deste eixo tem por título, A produção do conhecimento científico: movimento
eugenista e a escola pública contemporânea, de autoria de Marizeth Campos, Milena
Queiroz e Sandra Marçal e nos permite relacionar algumas convergências entre o
pensamento eugenista e o pensamento pedagógico brasileiro desde o início do século
XX.
Esperamos que esta coletânea tenha vindo em boa hora e que possa ser aos
seus leitores fonte de pesquisa, análise e construção de conhecimento, contribuindo
significativa e positivamente àquelas e àqueles que tomarem esta como referência
para si.
10
PARTE I
TEORIAS DA EDUCAÇÃO
11
INTRODUÇÃO
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8848135440647626.
12
Nobre (2008) contribuiu com o excerto acima ao destacar que teóricos críticos
como Marcuse, Adorno e Horkheimer – por exemplo, criaram um legado em que se
buscava desenvolver uma crítica em forma de teoria, por meio das pesquisas que
tinham como objetivo:
situado nos anos 1950, com uma consolidação entre os anos de 1968 e 1972, quando
a expressão foi cristalizada pela sua obra A Condição Pós-Moderna de 1979.
Lyotard (2009) ressalta ainda em sua obra que as características gerais do pós-
modernismo, podem ser apresentadas por meio da incredulidade perante as
metanarrativas de legitimação da ciência e da ação humana, com as suas pretensões
atemporais, a-históricas, totalizantes e universalizantes da dialética do espírito
(Hegel), emancipação do sujeito racional ou do trabalhador. Para o autor são
colocados em crise conceitos como razão e, portanto, verdade e totalidade, bem como
os conceitos de sujeito, progresso, espaço e tempo linear.
Para os autores da corrente pós-modernista o único consenso é que não existe
a possibilidade de consenso e Lopes (1993) enfatiza que para eles não há autoridade
final, narrativa total e abrangente capaz de explicar o mundo social, não existe a
possibilidade de um lugar objetivo de onde se possa falar e nomear o mundo fora da
história, da linguagem, das construções discursivas, das identidades e experiências,
pois os pós-modernistas privilegiam a heterogeneidade e a diferença como forças
libertadoras do discurso cultural. Assim como valorizam a indeterminação, a
fragmentação, o efêmero, o descontínuo, o caótico, sem pretender definir em nenhum
momento o que há de eterno, universal e imutável nessa dispersão.
A supramencionada dispersão do pós-modernismo acaba por desencadear o
movimento literário do pós-fundacionalismo, que por sua vez, pode ser entendido
como uma reação à fragmentação, ao puro diferir, ou seja, ao caráter anti-
fundacionalista do pós-modernismo. De acordo com Laclau (2000) o pós-
fundacionalismo concordar com a impossibilidade de termos fundamentos fixos,
questionando o objetivismo, valorizando a heterogeneidade, o indeterminismo e o anti-
essencialismo tal como o pós-estruturalismo.
O pensamento desenvolvido por Laclau (2000) tem a intenção de revelar como
a ruptura radical com a epistemologia do fundamento tem consequências significativas
para atingirmos a nossa realidade social, tendo por base a reflexão de que os
fundamentos sociais estão sempre fadados ao fracasso. O referido autor elucida a
ideia de “impossibilidade da sociedade”, aludindo ao contrassenso de ponderarmos a
sociedade como um elemento inteligível e permanente, como algo dado pela força do
tempo, ou como possibilidade de alcançarmos um momento de uma sociedade
uníssona, enquanto uma unidade fundamental de sentido.
24
Nesse mesmo diapasão é possível dedicar aos currículos tal prerrogativa, sem
esquecer de sua instabilidade, provisoriedade e precariedade, o que exatamente lhe
traz ares pujantes acessíveis a serem constantemente refeitos de maneiras
imponderáveis.
O processo de colonização no país perdura nos currículos escolares resquícios
de passado colonial responsável pela exclusão, negação e silenciamento de povos,
culturas, saberes e da língua, prevalecendo a visão hegemônica do homem branco,
cristão, heteronormativo e de classe média, mantendo as ausências de saberes e
narrativas de grupos historicamente subalternizados. Em decorrência conjuntura
histórica dos movimentos sociais e políticos ocorridos na década de 60, após a
segunda guerra mundial, a exemplo dos movimentos feministas, movimentos civis em
prol das pessoas negras e homossexuais, movimentos estudantis, início da ditadura
militar e mudanças em vários aspectos da sociedade, abre-se caminhos para pensar
a estrutura vigente da educação de outro modo.
As teorias pós-críticas no Brasil, segundo Paraíso (2004), surgem numa
perspectiva de problematizar o já existente, e no campo educacional brasileiro, vem
para desarrumar o que se encontra posto, significando de outro modo, questionando
a quem serve o currículo, a que tipo de sujeito ele é elaborado e se o mesmo está
sendo pensado a todas subjetividades, identidades e diferenças. Além de focar na
constituição do sujeito e suas formas de subjetivação, enfatiza o que é posto como
verdade na educação, os conhecimentos que são construídos e escolhidos como
desejáveis, e os saberes que são inventados.
A educação sob o viés da teoria tradicional, por muitos anos foi pensada como
uma organização, Silva (2010, p. 23) expõe que Bobbitt defendia que o sistema
educacional precisava definir objetivos, onde o currículo era pensado sob uma visão
mecânica. Bobbitt influenciado pelas ideias de Frederick Taylor, dizia que a educação
era como uma organização e que deveria funcionar conforme os princípios da
administração. Desse modo, o currículo precisava ter objetivos específicos, voltado
para os conteúdos a ser aplicados e as metas de aprendizagens que os alunos
precisavam alcançar. As consequências desse viés da teoria tradicional, pode aqui ser
exemplificada pelo ensino “bancário” criticado por Paulo Freire, onde o sujeito não tem
autonomia, nem criticidade e é um mero receptor dos conteúdos já definidos para sua
aprendizagem, onde os saberes não são questionados e a formação das identidades
dos sujeitos não são priorizadas.
26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Neste artigo temos como objetivo contribuir com o debate acerca da razão de
ser da escola, a priori do ponto de vista de Edgar Morin. Em seguida, trataremos da
educação na visão de Pierre Bourdieu, Masschelein e Simons.
Esta temática aparece de forma enfática na educação brasileira, visto que a
reflexão que os quatro autores trazem contribuem para pensarmos no grande desafio
de educar a nova geração, bem como a reformulação das metas tradicionais da
educação. Assim, necessita-se de cada vez mais de um novo olhar pertinente sobre
a importância, o significado e os propósitos do ato de educar, que constitui uma pauta
indispensável e, sobretudo, inesgotável, e, por este motivo, necessita sempre ser
retomada em novos horizontes de compreensão.
O que é então esse conceito tão importante de Capital Cultural e o que ele nos
apresenta de compreensão possível sobre educação? A primeira coisa que
precisamos levar em consideração na obra, é o fato de que o Capital Cultural é a
forma pela qual Bourdieu vai explicar a existência de ativos culturais com objetivo de
descrever quais são as variáveis (extraescolares) que determinariam o percurso
acadêmico dos sujeitos. Nesse sentido, Bourdieu busca estabelecer possibilidades de
análise de variáveis que indicariam com alto grau de acerto que adulto seria formado
após seu processo de escolarização e formação acadêmica, ou ainda, a busca por
leis, afirmando ainda a possibilidade de que “um modelo que leve em conta essas
diferentes variáveis – e também as características demográficas do grupo familiar,
como o tamanho da família – permitiria fazer um cálculo muito preciso das esperanças
de vida escolar” (BOURDIEU, 1979 apud NOGUEIRA; CATANI, 2007, p. 43).
Levando em conta um processo sistemático e contínuo de transmissão de
determinados ativos culturais (que ocorre segundo Bourdieu por um tipo de Osmose),
algumas crianças, segundo a ideia do capital cultural, teriam um hand cap que seria
cada vez mais elevado quanto mais se reforçasse determinados privilégios enquanto,
na outra ponta, os obstáculos seriam tanto mais aprofundados conforme se
37
Ficou nítido, a partir das reflexões trazidas por este artigo que, tanto em Morin
quanto em Bourdieu, a escola é um espaço específico de transmissão de
conhecimentos e saberes. Nos dois autores percebemos a importância da escola
enquanto instituição social de produção de sujeitos. Parece nos também, que, a partir
de ambos os autores, a escola pode ser pensada como tendo uma função teleológica,
uma responsabilidade de transformação social, com a produção de sujeitos
emancipados e verdadeiramente livres. Assim, a escola seria a instituição social, por
natureza, que deveria formar sujeitos a partir de determinadas ações e configurações
que fossem livres de opressão, livres das limitações do conhecimento construído pela
41
Defendemos, portanto, que a escola não deve ser vista a partir de critérios
teleológicos de uma sociedade ideal, de uma possibilidade metafísica que se
materializaria, como se os alunos estivessem sendo preparados para a construção de
um mundo de seres humanos livres, de uma sociedade igualitária e equitativa
previamente estabelecida pelas gerações anteriores.
A escola é antes de qualquer outra coisa – e é isso que defendemos, um
“espaço e um tempo” em que as novas gerações podem desfrutar de uma
democratização do tempo de aprender, do espaço de aprendizagem e do conteúdo a
ser aprendido, onde as expectativas e os caminhos previamente estabelecidos pelas
velhas gerações não se tornem a métrica para a existência ou o gabarito único de
avaliação aos quais se recorreria para justificar ou não a sobrevivência da escola.
Queremos dizer com isso que, desde a Grécia Antiga a escola é um
espaçotempo de possibilidade de usurpação de privilégios pertencentes a elite e,
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
das reflexões, por isso, constitui-se como uma vivência humana, e a consciência é a
dimensão com a qual registra-se os atos.
De acordo com Triviños (1987), a Fenomenologia enfatiza a ideia de que a
realidade é construída socialmente e a educação sendo vista como agente da
socialização, elevando a importância do sujeito no processo da construção do
conhecimento.
realidade educacional, em pleno século XXI. Mas, é visto que a sociedade brasileira,
obteve alguns avanços científicos e educacionais ao longo dos tempos. Uns dos
avanços principais está através de projetos e leis onde preocupa com ase valorização
da Diversidade nas escolas, práticas relacionadas ao tema da igualdade racial e da
equidade na educação, em especial que aborde processos da Lei 10639/2003-
11645/2008.
Para este pensador, só foi possível a partir da reinterpretação do pensamento
dialético de Hegel. A separação sujeito-objeto, promovida pela lógica formal, não
satisfazia a estes pensadores que, na busca da superação desta separação, partiram
de observações acerca do movimento e da contraditoriedade do mundo, dos homens
e de suas relações.
O método dialético que desenvolveu Marx, o método materialista histórico-
dialético, é método de interpretação da realidade, visão de mundo e práxis. A
reinterpretação da dialética de Hegel (colocada por Marx de cabeça para baixo), diz
respeito, principalmente, à materialidade e à concreticidade. Para Marx, Hegel trata a
dialética idealmente, no plano do espírito, das ideias, enquanto o mundo dos homens
exige sua materialização. Neste sentido, Triviños (1987) contribui afirmando que:
Esse princípio estava contido nos artigos 446 e 447 da lei da Reforma do
Distrito Federal de acordo com os quais a organização das classes deveria
obedecer ao critério de “seleção dos alunos por suas aptidões mentais”, ou
seja, era a “escola sob medida” em que os alunos seriam classificados “[...]
segundo o critério de suas aptidões, condições e necessidades físicas, para
a formação dos tipos de classes comuns e especiais” (AZEVEDO, p. 185
apud GUALTIERI, 2008, p.1003).
Deste modo, pode-se dizer que a escola pensada nessa época, ficou conhecida
como “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, como principal redator Azevedo
em 1932.
que está sempre sendo aprimorado. A partir do pensamento de uma instituição social,
que atendesse aos anseios da sociedade contemporânea, buscaremos amparo em
Alves (2001) que nos apresenta em sua obra, fruto de estudos de pós-doutoramento
questões que marcaram a trajetória de como surgiu a escola pública contemporânea.
Para o autor, a realidade desencadeada pela Revolução Industrial gerou um
cenário em que a escola se tornou obrigatoriamente universalizada para atender a
demanda de crianças que, destituídas de seus postos de trabalho nas fábricas,
precisavam de local para se ocuparem de alguma forma, surgindo dessa maneira a
clientela que ocuparia o espaço escolar.
A integração racial do povo brasileiro era vista como uma forma de melhorar
não apenas sua "raça", mas também as desejadas condições culturais, sociais e
econômicas do novo país. Assim, a educação pública foi pautada na concepção
comeniana, que permitia uma estrutura escolar barata, ocasionando a produção e a
especialização do trabalho didático, fenômeno também observado em todo o processo
de produção capitalista.
Com esse processo podemos dizer que a educação antes reservada para a
burguesia, agora se universalizando a classe trabalhadora não conseguia aproximar-
se dos conhecimentos clássicos, o manual didático com os conhecimentos rasos e
fragmentados, passou a ser o protagonista do processo de ensino, com isso “[...] os
conhecimentos difundidos dentro da escola não alimentavam a sua formação,
enquanto cidadãos, pois não colocavam em questão compreensão da sociedade”
(ALVES, 2001, p. 176).
Essa quebra da eficácia da inclusão educacional leva a uma percepção
distorcida de que o acesso educacional carrega os traços do racismo estrutural,
levando as pessoas a procurar oportunidades educacionais alternativas. Neste
sentido a educação atendia os anseios da sociedade capitalista e desprezava a
formação e o desenvolvimento intelectual dessa clientela, não tendo por finalidade a
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto eugenista brasileiro foi eficaz na difusão de suas ideias por meio do
poder do sistema educacional como aparato ideológico patrocinado pelo Estado,
buscamos apesentar nesse artigo a base teórica e a fundamentação que foram
59
,
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PARTE II
EDUCAÇÃO BRASILEIRA, DIVERSIDADES E
GLOBALIZAÇÃO
62
INTRODUÇÃO
e consegue uma demarcação territorial para além do simbólico, qual seja: o excesso
tecnológico como um opositor à formação leitora. Os diversos meios com os quais o
adolescente (e não apenas essa faixa etária) vem assimilando a tecnologia, lidando
com ela, quase sendo tragado, acaba retirando esse sujeito da sala de aula, embora
fisicamente ele ainda a habite. Pensemos, então, incialmente, no processo de
formação leitora desses alunos, isto é, na presença que a literatura ocupa nesses
espaços, de modo a posteriormente observamos com mais acuidade as metodologias
ativas conectadas a essa questão.
Vejamos o que a pesquisadora Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo afirma
sobre a leitura e, também, acerca da figura social do professor:
é, portanto, na seara das metodologias ativas, não apenas o foco – como sempre foi,
mas o responsável pela totalidade de suas ações.
Em A sala de aula inovadora, os autores Camargo e Daros (2018), ao
elencarem formas inovadoras de intervenção em classe, asseveram que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Celso Roberto Borges; SANTOS, Marcos Pereira dos. Metodologias Ativas na
Escola Contemporânea: dois olhares pedagógicos convergentes. In: MARTINS,
Gercimar; AZEVEDO, Gilson Xavier (Orgs). Metodologias ativas: um caminho de
novas possibilidades. Goiânia: Editora IGM, 2022.
CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias
pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
CHATIER, Roger. A História ou a leitura do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
GERALDI, Wanderley João (Org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática,
1994.
MACEDO, Maria do Socorro Alencar Nunes (Org.). A função da literatura na escola:
resistência, mediação e formação. São Paulo, Parábola, 2021.
MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 4 ed.
São Paulo: Cortez, 2007.
STRECK, Danilo Romeu. Da pedagogia do oprimido às pedagogias da exclusão: um
breve balanço crítico. Educação & Sociedade, v. 30, n. 107, p. 539-560, mai./ago.
2009.
TARDIF, Maurice. A profissionalização do ensino passados trinta anos: dois passos
para a frente, três para trás. Educ. Soc., Campinas, v. 34, n. 123, p. 551-571, abr./jun.
2013.
73
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo refletir acerca do lugar de alguns
grupos sociais minoritários e/ou marginalizados dentro do escopo das Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica. O foco aqui é a junção de olhares
diversos acerca destes grupos identitários para a constituição de um patchwork que
dê conta de um panorama crítico sobre a atual conjuntura das Diretrizes Curriculares
Nacionais que possa refletir sobre os caminhos do porvir. Como referente de base
para estas reflexões, utiliza-se principalmente a noção de identidade Cultural e suas
peculiaridades em Hall (2003, 2006) além de algumas aproximações das ideias acerca
do pensamento decolonial (SOUZA, MENEZES, 2010).
Palavras-chave: Identidade Cultural. Diretrizes curriculares Nacionais.
INTRODUÇÃO
http://lattes.cnpq.br/9137503267883042.
20 Especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT). Email: wanderleia.pereira@unemat.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5090331954455935.
21 Doutora em Educação (USP). Email: rosely.romanelli@unemat.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8657873385904540.
74
A partir do que foi exposto, fica evidente que “[...] reconhecer exige a
valorização e respeito às pessoas negras, à sua descendência africana, sua cultura e
77
Esta produção tem como objetivo tecer reflexões para além de normas e leis
sobre a educação escolar para jovens e adultos em um espaço peculiar: a prisão. A
Educação para Jovens e Adultos em espaços de privação de liberdade, deve estar
pautada nos ideais da educação para todos, respeitando suas diversidades e sua
individualidade, que no ato de aprender a ler, escrever e interpretar esteja embutido a
(re)construção da cidadania e da humanização. Nessa perspectiva, buscamos
dialogar com aporte teórico que nos leva a identificar o que é garantido por Leis, bem
como essa educação é percebida por diferentes autores, tendo como ênfase, o
conceito de “diáspora” defendido por Hall (2000).
Partindo do pressuposto que a educação, é um direito humano subjetivo
previsto em vários instrumentos legais, estando na Constituição Federal de 1988 em
seu art. 205 que assevera: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua
qualificação para o trabalho”. E para que isso ocorra é dever do Estado conforme o
artigo 208, garantir o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, assegurando,
inclusive, “sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade
própria”.
Além disso, entende que a educação para jovens e adultos é um direito
essencial utilizada em prol do bem comum para jovens e adultos em situação de
privação de liberdade, pois conforme a Lei de Execução Penal Brasileira (Lei N° 7.210,
de 11/7/84) em seu Título I dispõe sobre os direitos assegurados às pessoas em
situação de privação de liberdade, assim sendo o Art.3 “Ao condenado e ao internado
serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. A própria
Lei de Execução Penal determina expressamente que os estabelecimentos devem
oferecer assistência educacional aos presos e as presas.
construídas ao longo de discursos, práticas e posições que podem ser cruzar ou ser
antagônicas”.
O historiador Michel Foucault em seu livro Vigiar e Punir: o Nascimento da
Prisão (1987), analisa o controle exercido pelas instituições sociais, através do
conceito de “poder disciplinar”, sobre as ações das pessoas. Foucault de forma
louvável explana sobre esse poder.
O poder disciplinar representa a regulação, a vigilância e o governo da espécie
humana, ou também o controle do indivíduo e do corpo. O objetivo desse poder é
manter o domínio sobre a vida do indivíduo, mantê-lo como corpo dócil, seu trabalho,
suas atividades, seus prazeres, sua saúde física e moral, suas práticas sexuais, enfim
tudo que se diz respeito ao indivíduo. precisa estar sob controle e disciplina. Conforme
o pensamento foucaultiano essa situação iniciou no século XIX e chegou ao seu
desenvolvimento máximo no século XX. Esse poder surgiu juntamente com as
instituições que “policiam” e também disciplinam as pessoas tais como as: as oficinas,
os quartéis, as escolas, as prisões, os hospitais, as clínicas, entre outras (FOUCAULT,
1987, p. 26).
Importante destacar que existem dois grupos de aprendizagens próprios das
prisões: as regras da instituição e as regras dos próprios presos, em alguns casos
algumas dessas regras se sobreponham às outras “tudo isso é educação da prisão,
não a educação na prisão” (MAEYER, 2013, p. 42), visto que a política para as prisões
sua constituição esta pautada nos interesses coletivos.
básica nesse período foi de 4,7%, a maior taxa dede 2000 (ABRUCIO; SIMIELLI,
2015, p. 18).
No que se refere à educação do campo, as realidades que se apresentam
podem ser percebidas a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (BRASIL, 2013), dos estudos e pesquisas já realizados e pela observação que
se faz na prática do dia a dia de professores das escolas rurais e dos sistemas de
educação, destacando-se os sistemas municipais, onde as práticas se dão e as
verdades se estampam.
Neste documento está contemplada a Educação no Campo, bem como, a
Educação Indígena, a Quilombola, a Educação Especial, a Educação para Jovens e
Adultos e, também para quem se encontra em Situação de Privação de Liberdade nos
estabelecimentos penais estendendo-se também para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2013, p. 4).
Numa revisão muito sucinta, as Constituições Brasileiras apresentam a
realidade de que, mesmo num Brasil considerado agrário, a educação do campo não
apresentou um protagonismo de desenvolvimento.
A Constituição de 1934 foi marcada por ideias do Movimento renovador e
culminou com o Movimento dos Pioneiros. Expressa os impactos da relação de forças
existente entre os vários setores: cafeicultores, intelectuais, classes médias e até as
massas populares. Foi um período de fecundas reformas educacionais, por exemplo,
a reforma de Francisco Campos que formulou proposições com base em estudos da
situação educacional brasileira, pautando-se pela discussão das relações entre as
instituições e a sociedade. Percebe-se a concepção do Estado quando se atribui às 3
esferas do poder público a responsabilidade com a garantia dos direitos à educação.
Prevê um Plano Nacional de Educação e a organização do ensino por sistemas, a
participação social com a instituição de Conselhos e a distribuição de fundos especiais
(BRASIL, 2013, p. 269-270).
A Constituição de 1937, no contexto da indústria nascente, sinaliza a
importância da educação profissional. Deixando nítido que esta, é para atender as
classes menos favorecidas, sendo essa atribuição, um dever do Estado. No entanto,
não faz proposições para o ensino agrícola e legitima as desigualdades sociais.
Num período posterior, já caminhando para a Constituição de 1946, foi
regulamentado o ensino profissional que contemplou o ensino agrícola (Decreto-Lei
9.613/1946). Decreto este, que reafirmava a educação sexista, pois as mulheres só
89
Já os movimentos sociais do campo propugnam por algo que ainda não teve
lugar, em seu estado pleno, porque perfeito no nível das suas aspirações.
Propõem mudanças na ordem vigente, tornando visível, por meio das
reivindicações do cotidiano, a crítica ao instituído e o horizonte da educação
escolar inclusiva (BRASIL, 2013, p. 267).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
http://lattes.cnpq.br/0144465374252135.
24 Pós-doutora em Ciência da Educação no Instituto de Educação da Universidade do Minho/Portugal.
qualquer outra maneira de pensar, que essas não seja arquitetada com bases
conceituais/categorias e o instituir descolonial dos próprios colonizadores. Nesse
sentido, citamos a língua, que também executa essa função descolonizador no
arcabouço que vão ao encontro com as imposições do discurso imperial.
descolonial é a luta, que não é uma escolha para determinados povos massacrados
pela exploração capitalista, mas uma expressão de sua revolta e resistência. Aqueles
que fizeram nossa carne de açoite, são os mesmos que o fazem hoje. Os traficantes
de pessoas escravizadas, ou simplesmente, burgueses, são os responsáveis pela
gestação e nascimento do racismo estrutural (ALMEIDA, 2018).
Para tanto, o caminho para um amanhã se trata de um intenso trabalho à luz
epistemológica, e como proposta a linha descolonial como escolha assertiva da luta
contra a hegemonia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG):
Letramento, 2018.
ARAÚJO, L. M. F. de. Colonização e racismo estrutural: notas sobre a relação entre
racismo e capital. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, v. 2, v. 14, p. 79-106,
2022.
MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de
identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, v. 34, n. 1, p. 287-324, 2008.
FANON, F. On national culture. In The Wretched of the Earth. Londres: Paladin, 1963.
GARCIA, Maria Fernanda. 2017. Massacrada, população indígena representa menos
de 0,5% do país. Observatório do Terceiro Setor. 24/04/2017. Disponível em:
https://observatorio3setor.org.br/noticias/populacao-indigena-representa-menos-de-
meio-por-cento-do-pais/. Acesso em: 02 fev. 2023.
GRAMSCI, Antonio. Apontamentos para uma introdução e um encaminhamento ao
estudo da filosofia e da História da cultura. Cadernos do cárcere, v. 1, p. 93-114, 1999.
107
GUIMARÃES, Juca. 2020. Negros são dois em cada três presos no país, mostra
Anuário de Segurança Pública. Alma Preta. 20/10/2020. Disponível em :
https://almapreta.com.br/sessao/cotidiano/negros-sao-dois-em-cada-tres-presos-no-
pais-mostra-anuario-de-seguranca-publica. Acesso em: 02 mar. 2023.
HALL, Stuart. Diásporas, ou a lógica da tradução cultural. Matrizes, v. 10, n. 3, p. 47-
58, 2016.
MARX, K.; ENGELS, F. “A crítica crítica” na condição de quietude do conhecer ou a
“crítica crítica” conforme o senhor Edgar. In: ____. A sagrada família ou a crítica
crítica: contra Bruno Bauer e consortes. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. pp. 29-
67.
NETTO, J. P. Relendo a teoria marxista da história. In: SAVIANI, D.; LOMBARDI, J.C.;
SANFELICE. J. L. (Orgs.). História e história da educação: o debate teórico-
metodológico atual. Campinas: Autores Associados, 1998. pp. 50-64.
KARL, Marx. O capital: crítica da economia política. Livro primeiro: o processo de
produção de capital. 9 ed. São Paulo: DIFEL, 1984.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura
Sousa; MENESES, M. P. (Orgs). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2020.
TOLSTÓI, Liev N. Obras pedagógicas. Moscou: Edições Progresso, 1988.
108
INTRODUÇÃO
http://lattes.cnpq.br/4455576585988698.
109
ESTUDOS CULTURAIS
Ainda de acordo com Baptista (2009), se existe algum "método" nos estudos
culturais, é o questionamento de fronteiras socialmente construídas (como classe,
gênero, raça, etc.) nas mais distintas realidades humanas. A "naturalização" dessas
categorias foi exatamente objeto de grande discussão nos estudos culturais.
Não admira, pois, e tendo em conta a constante crítica de que nasceu e se alimenta,
que a disciplina seja tão difícil de manter.
Com base nas leituras até aqui realizadas, podemos observar que os
comentários trazidos por Baptista (2009) se constituem como uma breve descrição
das áreas de interesse que inicialmente organizaram o campo dos estudos culturais
em termos metodológicos e de pesquisa. A primeira área é a pesquisa etnográfica,
que envolve procedimentos de observação participante em escolas, cidades e outras
instituições sociais, levando em consideração a vivência dos participantes. Essa
abordagem tem como objetivo entender como a cultura é vivenciada e interpretada
pelos indivíduos em seu cotidiano.
aos alunos ter voz e poder de decisão em relação ao que é ensinado e como é
ensinado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONIN, Iara Tatiana et al. Por Que Estudos Culturais? Educação & Realidade, v. 45,
n. 02, p. e100356, 2020.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. 2 ed. São
Paulo: Editora 34, 2019.
ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Os estudos culturais. Teorias da Comunicação:
conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, 2001.
GIROUX, Henri. Praticando estudos culturais nas faculdades de Educação. In: SILVA,
Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos
culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. pp. 85-103.
119
MORLEY, D. Introdução. In: MORLEY, D.; CHEN, K. H. Chen (Org.). Estudos culturais
na era das globalizações. Santa Catarina: Editora da Universidade Federal de Santa
Catarina, 1995. pp. 7-19.
NELSON, C.; TREICHLER, P. A. e GROSSBERG, L. Estudos Culturais: uma
introdução. In: SILVA, T. T. (Orgs.) Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos
Estudos Culturais em Educação. Petrópolis: Vozes, 1995
PERRELI, M. A. S. “Conhecimento Tradicional” e Currículo Multicultural: Notas com
Base em uma Experiência com Estudantes Indígenas Kaiowá/Guarani. Ciência &
Educação, v. 14, n. 3, p. 381-96, 2008.
PARTE III
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO
121
INTRODUÇÃO
Ponty, especialmente no que se refere à forma do ser humano ler e entender o mundo
em sua subjetividade. Para situar a teoria do jogo lançamos mão primordialmente de
Johan Huizinga (2019), Roger Caillois (1990) e Colas Duflo (1999), que não
tergiversam acerca da subjetividade e centralidade do ser concernente ao jogo, por
isso se aproximando da visão fenomenológica explicitada.
Concernente ao jogo, um dos maiores precursores nos estudos referentes a
teoria foi Johan Huizinga que publicou a obra: “Homo Ludens: o jogo como elemento
da cultura” em 1938. Com ênfase na antropologia, possibilitou integrar a noção de
jogo a noção de cultura, desenvolvendo o conceito de homo ludens à cronologia
evolucionista, na perspectiva em que o jogo é uma terceira função humana e tão
importante quanto o raciocínio e o fabrico de objetos. Consoante ao referido autor,
Roger Caillois (1990), revolucionou a teoria, em um processo de abarcar mais
centralidade ao fenômeno, o que possibilitou avançar na proposição de tipologias para
o jogo e de maneiras de jogar e o fez em sua obra mais famosa sobre a temática: “Os
jogos e os homens: a máscara e a vertigem”. Por sua vez, Colas Duflo (1999), nos
convida a um passeio histórico pelas raízes do jogo, com ênfase na filosofia e história,
descreve minuciosamente o jogo entre expoentes da filosofia, iniciando pelos
pensamentos em Pascal e concluindo seu marco temporal em Schiller, o que
possibilitou profícua análise sobre o lugar do jogo em diferentes épocas.
Como método, optamos pela teorização, voltada a verificar as principais
concepções sobre os conceitos da Fenomenologia de Merleau-Ponty; Teoria do Jogo;
Corpo; Movimento Corporal. Utilizaram-se como ancoradouros bibliográficos as
reflexões de Merleau-Ponty, Johan Huizinga, Roger Callois e Colas Duflo, além de
outros que foram convidados ao debate ao longo da escrita.
Em síntese, os caminhos propostos para a consecução deste ensaio almejaram
contextualizar o fenômeno jogo como elemento da cultura. E por meio da
fenomenologia Merleau-Pontyana, situar o entendimento para as ações de
transgressão do conceito de jogo e seu elemento lúdico em prol de peculiares
objetivos, que neste manuscrito se configuram como a ideologização mercadológica
do consumismo.
123
A FENOMENOLOGIA EM MERLEAU-PONTY
O FENÔMENO JOGO
Para este tópico objetivamos situar o fenômeno jogo a partir das contribuições
de Huizinga (2019), Caillois (1990) e Colas Duflo (1999) como baldrames. Além disso,
propiciar problematizações que desvelem determinados imbróglios epistemológicos
do conceito, bem como seus paradoxais usos em prol de determinados interesses,
mais especificamente os mercadológicos, que têm desfigurado o jogo em prol do
consumo, como veremos ao longo da exposição.
Destarte, salienta-se que ao longo da história da humanidade, diferentes
autores, oriundos dos mais distintos campos do conhecimento, aventuraram-se na
empreitada de estudar o jogo, desta feita se produziu considerável acúmulo de
conhecimento sobre o tema, conforme assinala Carneiro (2012, p. 34) “o fenômeno
jogo tem sido alvo de investigações em áreas diferentes do conhecimento (...)”.
Sendo, portanto, “(...) consenso entre pesquisadores e estudiosos as dificuldades que
cerceiam a compreensão deste fenômeno (...)” (CARNEIRO, 2012, p. 34).
Não serão expressas, obviamente neste tópico, as tentativas de abarcar essas
diferentes áreas do conhecimento que já se pronunciaram em relação à teoria, tanto
pelo objetivo do presente ensaio, como também pelos limites existentes em tal
compilação. Assim, o que aqui se apresenta, corresponde a uma singela introdução
acerca do tema, com vistas a possibilitar caminhos para pensar o mote que orientará
as reflexões expressas, não perdendo de vista a direção dos holofotes que tanto na
fenomenologia como no jogo é o ser, nas palavras de Freire (2002) ao interpretar
Sartre: “Ora, se aquele pensador comenta o jogo em oposição a seriedade do real,
ele acaba por afirmar que o ambiente do jogo tende mais para o sujeito que para o
mundo objetivo” (p. 61).
No ano de 1938 Johan Huizinga inaugurou o estudo sobre o jogo, a um nível
de aprofundamento ainda não realizado. Sua ponderação situava-se em não o
posicionar apenas como elemento cultural, mas como substrato da cultura, apesar de
delimitar que a expressão lúdica, poderia estar presente em todos os animais. Além
disso, promoveu a perspectiva de que o jogo é autotélico, tendo fim nele mesmo, não
servindo, portanto, como meio para outras atividades humanas. O referido autor,
125
e o mundo de outra maneira senão a partir de sua facticidade”, isto é, enquanto ser-
no-mundo, pois a essência do homem é existir (Merleau Ponty, 1999 apud LIMA, 2014,
p. 82-83).
Roger Caillois (1990) afirma que “o espírito do jogo está na origem de fecundas
convenções que permitem o desenvolvimento das culturas” (p. 80). Dessa maneira
explica que devido à fuga que o jogo proporciona ao sujeito evita-se a monotonia, o
determinismo, a ignorância e a impetuosidade natural. Consequentemente, aprende-
se a produzir uma ordem, a formar uma economia, a estabelecer uma equidade. Aqui
não estamos nos referindo ao jogo no sentido dos jogos de crianças, mas a essência
dos jogos (CAILLOIS, 1990).
A Fenomenologia da percepção, está centrada na experiência e na noção de
corpo próprio. Esses estudos procuram mostrar que é na percepção que ocorre a
relação principal do sujeito com o mundo. Ou seja, enfatiza a percepção experimental
do sujeito no mundo e sua situação de existência através do corpo. Isto contribui para
consolidar a noção do espírito entranhado no corpo e da consciência atada a
corporeidade, que por sua vez se encontra imbricada no mundo (LIMA, 2014).
Embasados nessas explanações introdutórias inferimos pontos de reflexão que
servirão de embasamento para o capítulo vindouro, conforme seguem, a) houve
historicamente determinado esforço para compreensão do fenômeno jogo o que não
o tornou imune frente aos diferentes entendimentos e conotações atribuídas a ele ao
longo do tempo; b) O jogo apesar de ser autotélico, foi e é potente para constituição
das sociedades antigas e contemporâneas sempre transitando no entremeio dos
limiares face a sua descaracterização e obliteração, quando de seus usos com
intencionalidades, outras, que não de sua vivência plena, seja no âmbito da
sacralização, excesso de pedagogização ou ainda na potencialização do
consumismo.
Nessa premissa se introduz o próximo tópico, que consubstanciará
determinada reflexão sobre o jogo em uma análise fenomenológica, pontuando a
problematização sobre como as sociedades contemporâneas tem se apropriado do
campo epistemológico do jogo para transformá-lo em mercadoria ou mesmo em
ferramenta impulsionadora do consumo, por meio de uma espécie de ditadura do
lúdico.
128
Plus®, permite que o consumidor adquira um tênis com um dispositivo que conta
passos, velocidade, distância e cruza informações para criar um avatar pessoal dos
consumidores no mundo game, e assim estão aptos a conquistar troféus, terem um
“tipo” físico virtual de acordo com sua performance.
Trata-se de um exemplo da ressignificação e mercantilização do jogo nos
tempos atuais. Nessa esteira de reflexões concordamos que “o lúdico mediante um
discurso neoliberal é transmutado em uma mercadoria, um chavão para se vender
uma ideia de sentimento de liberdade, diversão, criatividade e prazer” (GRILLO;
GRANDO, 2021, p. 151).
A indústria do lazer nos serve como exemplo que abarca, entre outras
questões, a comercialização da liberdade de expressão nos tempos pós-modernos. A
verdade é que o lúdico tem sido utilizado apenas como o rótulo para os “produtos”,
que são literalmente vendidos. Os autores Rogério Grillo e Regina Grando (2021),
chamam atenção para as facetas mais perversas do neoliberalismo neste cenário, que
na verdade não se preocupam com o lúdico — tampouco com o lazer ou o jogo —
mas com os interesses consumistas. Dessa forma, afirmam que “subsidiadas pelas
práticas de ludicização, empresas, corporações e instituições de distintas esferas,
fomentam um processo de dissociação do potencial emancipatório das pessoas.”
(GRILLO; GRANDO, 2021, p. 147).
Ou seja, o apelo lúdico (estado de jogo) é utilizado como mecanismo para
controle ontológico dos seres, para modificar pensamentos, códigos sociais, signos, a
fim de servir aos interesses político-econômicos do mercado. A esse mecanismo de
controle se dá o nome ludopolítica, em que o lúdico,
Aqui vale trazer outra passagem dos autores sobre o que de fato é ser lúdico:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Este texto tem por objetivo apresentar algumas considerações sobre o método
em Marx, bem como sua aplicação no campo educacional. Para isso, será feita uma
breve discussão acerca da formação do homem omnilateral, que na perspectiva
marxista se dá por meio da interação entre trabalho, educação e práxis político-
pedagógica.
Apresentaremos um tópico com uma breve discussão sobre o processo de
transformação histórica da categoria trabalho, destacando a perspectiva do trabalho
livre como princípio democrático na antiguidade clássica, e posteriormente analisando
a concepção capitalista de trabalho e suas implicações para a democracia na
modernidade.
http://lattes.cnpq.br/4989365701215549.
136
[...] parte da premissa de que a educação tem, como um dos seus corolários,
o processo de produção e reprodução de conhecimentos inerentes às
mediações necessárias à práxis que resulta na humanização dos homens; e,
por consequência, o conhecimento clássico acumulado historicamente pela
humanidade é tomado como meio essencial e predominante da ação
educativa (FERREIRA JR; BITTAR, 2008, p. 636).
A autora supracitada tece uma crítica aos historiadores que, segundo ela, não
deram a devida importância em discutir a real formação social grega, principalmente
no que tange a vida produtiva da democracia que naquele dado momento era única
da sociedade grega, onde trabalhador livre e escravo coexistiam lado a lado. O fato
de a escravidão ficar em evidência talvez seja uma tentativa de excluir da cultura o
status político sem precedentes adquirido pelo trabalhador livre.
Grécia antiga o trabalho por ser associado a escravidão era visto pelos cidadãos
(trabalhadores livres) como indigno, na modernidade o termo trabalho passa por um
processo de ressignificação que muda toda a estrutura social. Em um modelo de
produção em que predomina o trabalho assalariado, passa a ser visto como parte
glorificante da vida social, intrinsicamente ligado aos saberes convencionais, ou seja,
a cultura popular.
Além da ressignificação moderna do termo trabalho, outra questão importante
para contribuir com a discussão está pautada nas relações sociais de propriedade.
como estando “na outra margem” os quais para serem incluídos precisam
cruzar “uma ponte” para vir ao nosso território e, então, serem considerados
incluídos, não marginalizados. Alertava ainda, para os mecanismos de
avaliação neste contexto – uma espécie de pedágio para transitar pela ponte
da inclusão (FREITAS, 2010, p. 90).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Luiz Carlos de. Avaliação: para além da “forma escola”. Educação: Teoria
e Prática, v. 20, n. 35, p. 89-99, jul./dez.2010.
GAMBOA, Silvio Sánchez. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2 ed.
Chapecó: Argos, 2012.
LEITE, Denise. Reformas universitárias: avaliação institucional participativa.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
LIMA, Elizeth G. S. Avaliação participativa: uma das alternativas de reconstrução da
emancipação nos espaços educacionais. In: GENTIL, Heloisa Salles; MICHELS,
Maria Helena. Práticas pedagógicas: política, currículo e espaço escolar. Araraquara:
Junqueira&Marin Editores, 2011.
LIMA, Licínio C. Cidadania e educação: adaptação ao mercado competitivo ou
participação na democratização da democracia? Educação, Sociedade & Culturas, n.
23, p. 71-90, 2005.
NETTO, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão
Popular, 2011.
NETTO, José Paulo. Introdução ao Método de Marx com José Paulo Neto (primeira
parte) - PPGPS/SER/UnB. Canal Ivanete Boschetti. 19/04/2016. Youtube, 18/05/2016.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2WndNoqRiq88. Acesso em: 18
mai. de 2022.
SOUSA JUNIOR, Justino de. O programa marxiano de educação e o fundamento da
práxis. Trabalho, Educação e Saúde, v. 7, p. 51-66, 2009.
WOOD, Ellen Meiksins. Democracia contra o capitalismo. A renovação do
materialismo histórico. São Paulo: Boitempo, 2003.
149
INTRODUÇÃO
modelos americano e inglês de investigação que tinham como receita quase que única
a pesquisa qualitativa e o estudo de caso, valendo para toda e qualquer pesquisa que
evolvesse um ente social.
Com essa característica fortemente destacada, Gatti (2001) e André (2006),
observam um outro fenômeno presente na época, o imediatismo das pesquisas,
refletindo uma ânsia completa pela aplicabilidade instantânea dos resultados. Esta
característica pode camuflar a reflexão da realidade e empobrecimento teórico da
investigação. Contudo, tão grave quanto o imediatismo é a irrelevância social da
quase totalidade dessas investigações. Sobre esses e outros vícios que acompanham
a pesquisa educacional brasileira desde sua gênese, Georgen (1986) analisa que
desde 1952, o imediatismo segue paralelo, bem como a descontinuidade das
pesquisas, a falta de propósito social, a nociva divisão em blocos teórico ou empírico,
pesquisas sobre temas instantâneos ou ditadas pelo assunto do momento, as quais
normalmente segundo o autor apenas servem ao interesse de um determinado
método ou ideologia com o intuito de torná-las visíveis. Com relação aos
pesquisadores, segundo os mesmos autores, uma parcela significativa visava e
buscava desde o princípio a obtenção dos títulos e o aumento de seus próprios
salários, no percentual daqueles que utilizam a pós graduação para atingirem metas
pessoais e objetivos puramente individuais descompromissados com a ciência que
propõe e trabalha pela melhoria de vida do coletivo.
Estas pesquisas junto a tantas outras foram engavetadas e não cumpriram o
papel a elas destinado que é o de transformar a realidade educacional, cabendo
portanto a superação da ideia ilusória de que as transformações ocorrem por si só a
cada nova pesquisa concluída.
Em 1950, Florestan Fernandes já discorria em seus discursos o fato de que as
pesquisas educacionais deveriam ter como enfoque prioritário, a realidade
educacional concreta, identificando onde estão os espaços vazios, os quais carecem
de aprofundamento e estudo a partir dos quais poderiam ocorrer transformações
progressivas. No sentido de uma educação que seja benéfica a todos os cidadãos e
tal prática evitaria a repetição dos temas nos moldes vistos pelo próprio autor já em
sua época.
Alves e Mazzotti (2001) evidenciaram em seus escritos a quase ausência de
grupos de estudo e pesquisa contínuos e consistentes no Brasil, desde a década de
1940, os quais seriam aferidores de perfis de conhecimentos sólidos com
154
Nos últimos anos a produção dos trabalhos no campo da educação tem dado
origens a novas aproximações problematizadora, abrindo a diversidade de enfoques
que impõe a necessidade de intensificação do diálogo para o entendimento das
contradições entre as diferentes perspectivas dos pesquisadores, balizando os limites
dos conhecimentos elaborados e suas intersecções (GATTI, 2012).
Contudo, as pesquisas desenvolvem novos saberes, sendo essa atividade
científica uma tecnologia intelectual e o conhecimento é um desafio cada vez maior
nos pós modernidade, confirmando que ciência para o governo é sempre ciência
aplicável na geração de tecnologia que nas perspectivas neoliberais, está associada
ao poder, a geração de lucro e por último ao desenvolvimento social. Por isso, é
importante pensar o campo da pesquisa educacional como autônomo e não
ideológico, que pode contribuir para a efetivação das mudanças necessárias no
sistema educacional no Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Educar faz parte da evolução humana, por isso, o enfoque atual é para a
coletividade, a partir, de reflexões que contribuam de forma direta para compreender
a educação e os pressupostos nos quais ela se estruturou ao longo de toda sua
história.
A pesquisa em Educação, não pode estar a serviço de solucionar apenas
problemas emergentes do cotidiano, mesmo porque, o tempo de investigação
científica não coaduna com necessidades de decisões rápidas, pois é primordial
entender e analisar a evolução do pensamento racional e científico para, então,
entender o papel que a educação desde sua gênese (ANDRÉ, 2001).
Nesse viés, é necessário olhar atento aos pressupostos teóricos,
metodológicos e aos contextos formadores das necessidades humanas, onde se
observa, registra e analisa o que se considera importante para formação do
pesquisador, pois isso torna mais fácil a rotina e organização da pesquisa educacional
e das suas condições de produção do conhecimento científico.
Muitos são os desafios da pesquisa em educação, mas se houver autonomia,
desprendimento de fórmulas e ideologias dominantes, é possível elucidar as relações
entre conhecimento e interesses, assim os resultados das pesquisas poderão ter
158
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
http://lattes.cnpq.br/3069273468035462.
161
Segundo Hall (2016, p. 99) “é o discurso, não os sujeitos que o falam, que
produz o conhecimento. Sujeitos podem produzir textos particulares, mas eles estão
operando dentro dos limites da episteme, da formação discursiva, do regime da
verdade, de uma cultura e período particulares”. Para o autor, essa é uma das
proposições mais radicais presentes no pensamento foucaultiano em que se
considera o “sujeito” como uma produção do discurso.
A partir deste excerto, recorremos a crítica realizada por Hall (2016) em que o
pesquisador destaca que para muitos, negritude significa reivindicar a existência de
uma cultura e de uma identidade negra como uma alternativa a esta natureza e
estereótipo fixado. Negritude é a afirmação de que a raça negra é tão diversa e rica
166
quanto qualquer outra raça, e que não pode ser reduzida a uma única característica
simplificada. É importante ter em mente que a negritude não é uma noção de
“superioridade” racial, mas sim uma reivindicação da igualdade. É uma reivindicação
de que a raça negra é tão válida, tão única e tão rica quanto qualquer outra. É a
reivindicação de que os negros devem ser vistos como indivíduos, não como um grupo
homogêneo.
Além deste exemplo, o autor ainda traz outros filmes como Shaft e Superfly
dirigidos por Parks e que traziam em seu enredo atores negros que figuravam como
protagonistas em papéis heroicos. Além destes, o autor também cita o filme New Jack
167
City: a gangue brutal, que apresentava como enredo personagens “negros durões”
(badass) e com atitude (HALL, 2016).
Diante desse avanço no processo de inversão do estereótipo negro, Stuart Hall
aponta que:
financeiro e sexual, que são heroínas femininas, que têm famílias unidas, que estão
conectados com a natureza e que contribuem para a comunidade. A busca por
narrativas que desafiam as percepções limitadas e as estereotipias ajuda a construir
um novo tipo de identidade para os personagens negros, tornando-os mais
tridimensionais, humanos e autênticos.
Para Hall (2016) existe uma outra estratégia que pode contribuir para contestar
o regime racializado de representação, em que baseia-se na tentativa de substituir
imagens “negativas”. É uma estratégia que tem o mérito de se manifestar em várias
áreas da mídia, incluindo cinema, televisão, música, arte e literatura. Em seu melhor,
desafia os modelos de representação estereotipados que não apenas reificam as
categorias raciais, mas também congeminam essas categorias com outras categorias,
como classe, gênero e sexualidade. O resultado final é que, ao apresentar imagens
positivas, esta abordagem contribui para a construção de uma nova narrativa de
representação racial, na qual as pessoas negras são vistas como humanas, capazes
de ter um destino comum e merecedoras do mesmo direito ao respeito que todos os
outros grupos recebem.
Esta abordagem tem seus méritos, mas pode também ser problemática. Se não
lida com outras formas de representação racial, como representações estereotipadas,
pode reconstituí-las em formas mais “positivas”. Este é o risco de uma abordagem que
se baseia em “ver o lado bom das coisas”. A abordagem positiva pode também não
lutar contra as estruturas mais profundas que produzem a desigualdade racial, como
a discriminação institucional. É importante que a abordagem positiva seja
complementada com outras estratégias que lide com outras formas de representação
racial.
Por fim, Stuart Hall apresenta uma terceira contraestratégia, conforme
observamos abaixo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos no decorrer dos estudos, que Hall (2006; 2016) defende que o
conceito de representação tem duas dimensões: a simbólica e a material. A dimensão
simbólica refere-se aos significados que são atribuídos às representações, enquanto
a dimensão material refere-se à forma como esses significados são produzidos e
compartilhados. Assim, a forma como as coisas são representadas pode ser
considerada como material e simbólica. Para ele, a representação é um processo
dinâmico e desempenha um papel fundamental na produção e reprodução da cultura.
O que a constitui como um elemento importante para a produção de conhecimento,
pois é a forma como a cultura é transmitida. Desse modo, os significados são
transferidos de um contexto para outro através da representação, o que ajuda a
estabelecer e manter a ligação entre o passado e o presente.
Neste caminho, verificamos que Hall (2000) destaca a necessidade de
considerar a cultura como conjunto de valores e significados compartilhados, que se
170
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ORGANIZADORES
CAPA/ILUSTRAÇÃO
COORDENADOR