Você está na página 1de 3

ETAPAS DA HISTÓRIA DA PEDAGOGIA JESUÍTICA1

Luiz Fernando Klein S.J.

I. PERÍODO DA FUNDAÇÃO E EXPANSÃO DOS COLÉGIOS

1a. etapa: Do início do trabalho dos jesuítas em colégios (1542) até a


publicação da Ratio Studiorum (1599);

2a. etapa: Da aplicação da Ratio (1599) até a supressão da Ordem (1773);2

3a. etapa: Durante o período da supressão, quando a Ordem ainda


manteve alguns colégios (1773 a 1814).

II. PERÍODO DE BUSCA DA RECUPERAÇÃO DA TRADIÇÃO


PEDAGÓGICA

4a. etapa: Das tentativas de resgate da Ratio Studiorum a partir da


restauração da Ordem (1814) até a recomendação da 25a.
Congregação Geral (1906) de elaboração de planos de estudos
regionais em substituição a uma Ratio universal;

5a. etapa: Da elaboração dos Ordo Regionales Studiorum (1906) até a


31a. Congregação Geral (1965).

III. PERÍODO DE INTENSIFICAÇÃO DA RENOVAÇÃO PEDAGÓGICA

6a. etapa: A convocação para a renovação dos colégios: da 31a.


Congregação Geral até a definição da missão3 do “serviço da fé
e a promoção da justiça” na 32a. Congregação Geral (1975);

7a. etapa: A definição da atual pedagogia jesuítica: da 32a. Congregação


Geral até a publicação das Características da Educação Jesuíta
em 1986;

8a. etapa: A adequação constante ao mundo cambiante: a partir da


publicação das Características, passando pela Pedagogia
Inaciana, em 1993, o novo paradigma pedagógico jesuítico.

1
Tirado de Klein, Luiz Fernando: Atualidade da Pedagogia Jesuítica, São Paulo, Ed. Loyola, 1997.
2
A Ordem dos jesuítas foi supressa pelo Papa Clemente XIV, a 8 de junho de 1773 e restaurada
quarenta e um anos depois pelo Papa Pio VII a 7 de agosto de 1814 (Bangert, 1985).
3
Ao longo deste trabalho o termo missão será tomado como o encargo que uma pessoa, ou um
grupo, recebem da Igreja para divulgar o Evangelho (Ferreira, 1986).
2

Breve história do sistema pedagógico jesuíta

Inícios:
• 1540: Aprovação da Ordem dos Jesuítas pelo Papa Júlio 3º.
• No início os jesuítas não trabalhariam em colégios, para estarem mais
desimpedidos para o apostolado.
• "Colégios" jesuítas eram residências para os religiosos, próximas às
universidades nas quais estudavam.

Estréia em Colégios:
• 1542: S.Francisco Xavier encontra em Goa colégio, não de jesuítas, para
meninos pobres e rudes.
• 1545: S.Francisco de Borja, então Duque de Gandia, funda o 1º colégio "misto",
também Universidade, em 1548.
• Logo Inácio percebeu que os professores jesuítas podiam aceitar lecionar em
suas residências também para externos.
• Educação escolar: colaboração mais valiosa de Inácio para a reforma da Igreja
• A Companhia investe na educação secundária, assistemática então
• Carta de Inácio a Felipe II, 1556: Todo bem da Cristandade e do mundo inteiro
depende da boa formação da juventude.
• 1548: Funda-se o 1º Colégio Jesuíta em Messina, a pedido do Vice-Rei e da
coletividade da Sicilia. P.Jeronimo Nadal(Reitor) e S.Pedro Canísio (Professor).
Método de ensino adotado: o da Universidade de Paris.

Método de Paris:
• Paris tinha a mais brilhante universidade européia, tendo acabado de entrar na
corrente humanista do Renascimento. Lá Inácio(1529-35) e os 1ºs companheiros
estudaram.
• Inácio havia conhecido antes universidades na Espanha e Itália.
• Carta de Inácio ao seu irmão Beltrão: Nesta universidade (de Paris) poderá
aprender em poucos anos o que em qualquer outra não conseguiria senão
depois de longo tempo.
• Características do método de Paris:
 ordem e sequência dos estudos:a partir dos mais fáceis;
 respeito pela capacidade de cada aluno;
 empenho na assistência às lições;
 abundância de exercícios e repetições.

Expansão dos Colégios:


• Messina: instituição pedagógica logo mais perfeita, 1º esboço do que seria a
pedagogia jesuíta, protótipo dos colégios jesuítas.
• 1549: Funda-se Colégio de Palermo com o método de Messina.
• 1550: Paulo 3º aprova a 2ª ‘Fórmula do Instituto’ da Companhia, na qual se
introduzem as lecciones.
• 1551: P.Nadal elabora 1º plano de estudos, fruto das experiências e dos
primeiros resultados de Messina.
• S.Inácio funda em Roma Colégio Romano com o mesmo método. É um colégio
modelar, formador de professores, depois PUG.
• 1552: P.Nadal percorre Europa para promulgar as Constituições da Ordem.
Observa e uniformiza os colégios.
3

• Na Parte IV das Constituições S.Inácio orienta a ação pedagógica e promete um


complemento pormenorizado.
• 1556: S.Inácio morre deixando 33 colégios constituídos e 6 aprovados, incluindo
o de São Paulo (1554 com Nóbrega).
• Os Colégios multiplicam-se, ganham importância, afirmam-se.
• A expansão rápida cria problemas de organização e governo.

Elaboração do Ratio Studiorum:


• O Plano de Estudos de Messina, desenvolvido no Colégio Romano recebera
alterações face à diversidade de costumes.
• Criam-se Comissários Gerais e Inspetores de Ensino da Companhia para manter
a uniformidade da estrutura e a eficiência pedagógica.
• 1565-1573: As Congregações Gerais dos Jesuítas recomendam a obediência à
Summa Sapientia, codificação do material pedagógico então existente.
• 1577: P.Mercuriano (4º Superior Geral) esboça legislação geral e uniforme para
toda a Ordem.
• 1584: P.Acquaviva nomeia uma comissão para elaborar um plano de estudo com
base em estatutos, regulamentos dos colégios, ordenações, usos e costumes
locais, acumulados em mais de 40 anos de trabalho educativo.
• 1586: O 1º documento é submetido à apreciação de toda a Ordem, em caráter
provisório, sem força de lei.
• 1591: Envia-se à Ordem nova redação refeita com muitas observações. É a
Ratio atque institutio studiorum, plano de estudos, texto normativo usado ‘ad
experimentum’ por 3 anos.
• 1599-P.Acquaviva promulga o texto definitivo do Ratio, após 15 anos de
elaboração com ampla participação da Ordem, decorridos 50 anos da fundação
do 1º colégio jesuíta. Nessa ocasião a Ordem tinha 245 colégios.
• Esse ‘código’ de leis vigorou quase 200 anos até supressão da Ordem (1773),
quando tinha 865 estabelecimentos de ensino.

Após a Restauração da Ordem:


• Restaurada a Ordem(1814), o Colégio Romano foi-lhe devolvido em 1824.
• Reabriram-se os colégios em ambiente muito transformado.
• O Superior Geral, P.Roothaan, cria uma comissão para revisão do Ratio.
• 1832: Enviado novo Ratio à Ordem, sem força de lei, ‘ad experimentum’.
• 1986: P.Kolvenbach publica as Características, no 4º centenário da 1º Ratio.

Você também pode gostar