BRASÍLIA
Brasília - DF
2022
Débora Marins Barbosa Guedes
Brasília
2022
Artigo de autoria de Débora Marins Barbosa Guedes, intitulado “Os desafios e processos da
mediação pedagógica diante do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Educação Infantil”,
apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia,
defendido e aprovado em ___/___/____, pela banca examinadora constituída por:
______________________________________
Prof. (a) : Carolina Gonçalves Gonzalez
Orientador (a)
Curso de Pedagogia- UCB
_______________________________________
_________________________________________
Brasília
2022
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Resumo
Este artigo tem como tema “Transtorno de Espectro Autista e mediação pedagógica” e tem
como foco os desafios e processos da mediação pedagógica em sala de aula regular diante das
especificidades do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A realização desta pesquisa se
justifica pelo fato de que cabe ao mediador escolar conhecer bem as especificidades, os desafios
e as possibilidades da prática educativa de mediação. O questionamento que move essa
pesquisa: Como se dá a prática educativa do mediador diante das especificidades do aluno com
TEA inserido na sala de aula regular da Educação Infantil? Esta pesquisa tem como objetivo
geral investigar como se dá a prática educativa do mediador diante das especificidades do aluno
com TEA inserido na sala de aula regular da Educação Infantil. A metodologia utilizada é a
pesquisa bibliográfica qualitativa, utilizando-se como fonte autores que versam sobre os
processos, desafios, especificidades e possibilidades da mediação pedagógica com alunos com
TEA no ensino regular como: Balbino et al. (2021), Barbosa e Fumes (2016), Costa e Oliveira
(2018), Magalhães et al. (2017), Silva, Lima e Arantes (2017), Soares e Nunes (2020) e Youssef
(2018). Por meio da pesquisa chegou-se ao resultado de que a prática pedagógica de mediação
é capaz de superar as adversidades colocadas pelo TEA ao processo de ensino e aprendizagem
escolar. Concluindo-se, portanto, que a prática educativa do mediador diante das
especificidades do aluno com TEA inserido na sala de aula regular da Educação Infantil se dá
a partir da atuação pedagógica intencional, bem planejada e bem executada.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem como tema “Transtorno de Espectro Autista e mediação pedagógica” e
tem como foco os desafios e processos da mediação pedagógica em sala de aula regular diante
das especificidades do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A relevância do tema está no
fato de que a mediação pedagógica é, segundo Silva, Lima e Arantes (2017), o elo entre o aluno
com TEA e o aprendizado, os seus pares escolares e a escola como um todo. Assim, a realização
desta pesquisa se justifica pelo fato de que, como evidencia Balbino et al. (2021), cabe aos
mediadores que se dispõem a atuar como mediação escolar conhecerem bem as especificidades,
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Assim, se torna justificável a realização de uma pesquisa que vise explorar e discutir os
desafios enfrentados pelos educadores no processo de inclusão do aluno TEA. Sobre a
importância da necessidade de se produzir pesquisas sobre o TEA no contexto da Educação
Infantil Sanchez Júnior et al. (2019. p.11) expressa em sua pesquisa de levantamento das
publicações mais recentes sobre o tema que:
Pelo histórico de convivência próxima com o TEA busquei por escolas que me
proporcionassem desenvolver os estágios supervisionados em espaços em que houvesse alunos
com o transtorno. Nesses espaços, surgiu a percepção que cada um dos alunos com TEA possuía
características próprias que se diferiam entre eles e foi essa percepção que motivou a elaboração
desta pesquisa. Portanto, atentei para o fato de que o TEA é um transtorno amplo, com variações
de comportamento, habilidades, capacidades e limitações muito divergentes de um indivíduo
para o outro.
Sabe-se, a partir do que coloca o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-V) elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria, que o TEA é
caracterizado por uma série de especificidades que se associam de maneira única em cada
indivíduo (AAP, 2014). Essa associação, segundo Balbino et al. (2021), resulta em
características que são únicas em cada indivíduo com TEA, representando um desafio a mais
para o mediador escolar que precisa estudar cada caso em específico, com olhar individualizado
e focado no atendimento das necessidades educacionais do indivíduo em mediação. Assim,
diante dessa especificidade inerente ao indivíduo com TEA, a associação única das
características do transtorno em cada indivíduo, questiona-se nesta pesquisa: Como se dá a
prática educativa do mediador diante das especificidades do aluno com TEA inserido na sala
de aula regular da Educação Infantil?
Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar como se dá a prática educativa do
mediador diante das especificidades do aluno com TEA inserido na sala de aula regular da
Educação Infantil. Já os objetivos específicos são: Conhecer as especificidades do aluno TEA;
Conhecer os desafios da atuação do mediador pedagógico diante do TEA; Discutir as
possibilidades da mediação pedagógica na superação dos desafios representados pelo TEA.
A metodologia utilizada na construção desta pesquisa é a pesquisa bibliográfica
qualitativa, utilizando-se como fontes de busca da pesquisa materiais bibliográficos compostos
por artigos online disponibilizados nos repositórios acadêmicos SciElo, CAPES e Google
Acadêmico.
Após esta introdução se apresenta o referencial teórico da pesquisa desenvolvido a partir
de autores que versam sobre os processos, desafios, especificidades e possibilidades da
mediação pedagógica com alunos com TEA no ensino regular como: Balbino et al. (2021),
Barbosa e Fumes (2016), Costa e Oliveira (2018), Magalhães et al. (2017), Silva, Lima e
Arantes (2017), Soares e Nunes (2020) e Youssef (2018).
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
O TEA é um transtorno que representa uma série de desafios para a escola e o mediador.
Neste sentido, Costa, Zanata e Capellini (2018, p.1) explicitam que:
Assim, o mediador pedagógico precisa saber lidar com os alunos acometidos pelo TEA
e ter a capacidade de desenvolver uma prática pedagógica que suplante os desafios colocados
pelo processo de inclusão destes.
Dissertando sobre a relevância do mediador no processo de inclusão do aluno com TEA,
Octavio et al. (2019, p.2) afirma que “é importante ressaltar o desafio da inclusão que deve ser
cumprido no cotidiano escolar, pois não é somente saber que a inclusão existe, e sim fazer
acontecer, e o professor como mediador, compreender todos os aspectos que envolva esse aluno
a uma socialização constante”. O mediador pedagógico é o agente entendido, nessa pesquisa,
como principal mediador do processo de inclusão escolar, do desenvolvimento, do aprendizado
e da construção do conhecimento do aluno com TEA. Pois, é ele o profissional escolar que
estará em contato direto com o aluno nas diversas práticas escolares.
O TEA é mais uma das inúmeras características que compõem a complexa rede de
diversidades que permeiam o meio escolar. Além do fato de que por si só o TEA já é uma
característica que defere o aluno dos demais, cada aluno com TEA é único segundo a forma
como o transtorno se manifesta nele. Sobre isso, Teixeira e Ganda (2019, p.11) afirmam que,
numa discussão sobre os desafios do TEA no âmbito escolar, “deve-se destacar que cada criança
autista é diferente e que, portanto, faz-se necessário conhecer as suas particularidades, a sua
personalidade, o que facilitará a comunicação e o trabalho com os mesmos”.
Segundo Youssef (2018), pelo fato de que em cada indivíduo os sintomas do TEA se
associam de maneira única e em diferentes graus de gravidade, o mediador deve se dedicar em
estudar o caso de cada aluno em especial, buscando compreender as suas especificidades,
necessidades, potencialidades e possibilidades. Essas questões relacionadas às caraterísticas
únicas conferidas pelo TEA ao aluno e a necessidade de que o mediador se debruce sobre cada
caso específico, demonstra o quão desafiador é atuar diante desse transtorno.
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Segundo Teixeira e Ganda (2019, p.10) o TEA destaca-se “dentre os distúrbios que mais
cresceram nas últimas décadas”, em decorrência desse crescimento a presença de alunos
acometidos pelo transtorno é cada vez mais comum no âmbito escolar. Sendo o TEA “definido
como um transtorno global do desenvolvimento cujos sintomas característicos são: atraso na
linguagem, dificuldade de interação social, comportamentos estereotípicos, alta sensibilidade,
seletividade, entre outros” (TEIXEIRA; GANDA, 2019, p.10), ele irá representar uma série de
desafios para o mediador.
O processo de inclusão da criança com TEA na Educação Infantil possui grande
importância para o seu desenvolvimento e aprendizado. Neste sentido, Bastos (2020) acredita
que ao ser inserido na Educação Infantil a criança com TEA passa a vivenciar situações de
interação e socialização inerentes ao espaço escolar que irão contribuir de forma efetiva para a
ampliação de suas habilidades, capacidades, habilidades e desenvolvimento de modo geral
Para Marchiori e França (2018, p.6) o TEA:
entre este aluno e os seus pares no meio escolar. Neste sentido, essa “especificidade da criança
com TEA exige um planejamento individualizado uma vez que estas demonstram um grau
maior de dependência e requerem bastante atenção e dedicação para poderem desenvolver
autonomia, sociabilidade e habilidades para realizar as atividades” que compõem os processos
escolares (DIAS; SANTOS; ABREU, 2021, p.10).
Na superação das adversidades colocadas pelo TEA na Educação Infantil, o educador
pode explorar algumas possibilidades de práticas pedagógicas que promovam, efetivamente, a
inclusão desse aluno. Para Marchiori e França (2018, p.6) muitas são “as possibilidades do
trabalho com autismo na Educação Infantil” que possibilitam ao educador “construir práticas
pedagógicas inclusivas, numa perspectiva de trabalho colaborativo; e ampliar as possibilidades
de desenvolvimento da criança com autismo” (p.6).
Em se tratando de uma prática pedagógica que busque efetivamente incluir o aluno com
TEA e promover o seu pleno desenvolvimento, cabe ressaltar a necessidade que haja nos
agentes escalares a compreensão de que “a responsabilidade sobre a criança com deficiência
não é só da equipe da educação especial, mas pertence a todos os profissionais envolvidos na
educação desses sujeitos” (MARCHIORI; FRANÇA, p.26). Assim, deve buscar a articulação
dos diversos seguimentos e atores escolares para que se efetive a inclusão do aluno com TEA.
Para os alunos com TEA os ganhos de uma intervenção pedagógica articuladas entre os
diversos atores escolares envolvidos em seu processo de inclusão:
comportamentos das crianças com autismo e contribuir para o planejamento de ações efetivas
e eficazes que ultrapassam um “possível” limite de aprendizagem” (PAULA; PEIXOTO, 2019,
p.5). Assim, as limitações impostas pelo TEA ao indivíduo não devem ser vistas como
empecilho para a intervenção pedagógica. Essas devem ser observadas pelo educador apenas
como garantia de que este não irá propor atividades de complexidade além do que o aluno com
TEA pode realizar, evitando assim sentimentos de fracasso e constrangimentos desnecessários
para o aluno.
Corroborando com esse entendimento, Marchiori e França (2018, p.26) acreditam que:
Há sempre o convite a desafiar os sujeitos a seguir mais longe, superar os limites, que
às vezes, são impostos antes de se conhecer suas potencialidades. O rótulo não deve
dizer o que fazer com e para o sujeito autista, principalmente quando se trata de
crianças tão pequenas. Suas possibilidades de desenvolvimento são infinitas, não cabe
ao adulto definir o caminho, mas aceitar o convite da criança e trilhar os caminhos
que são construídos no dia a dia, no cotidiano das práticas pedagógicas planejadas e
vivenciadas pelos e com os sujeitos.
Diante do exposto nessa seção percebe-se que a práticas pedagógica com alunos com
TEA é permeada por uma série de desafios, contudo, com uma atuação assertiva e intencional
o educador é capaz de sobrepor esses desafios promovendo a plena inclusão e desenvolvimento
do aluno. Assim, é na intenção de ampliar a compreensão acerca da prática educativa do
mediador diante das especificidades do aluno com TEA inserido na sala de aula regular da
Educação Infantil que, desenvolveremos a seção “Resultados e Discussão” apresentada mais à
frente. Na referida seção buscaremos uma reflexão mais aprofundada sobre a importância da
inclusão para o desenvolvimento do indivíduo com TEA na Educação Infantil, as principais
especificidades do aluno TEA, os desafios da atuação do mediador pedagógico diante do TEA
e as possibilidades da mediação pedagógica na superação dos desafios representados pelo TEA.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Entretanto, é preciso ter muito cuidado ao fazer uso dos documentos disponibilizados
nas redes sociais, pois, dependendo da origem, podem representar riscos para a origem
e validade das informações coletadas (BARROS; RIBEIRO, 2017, p.96).
Desta maneira, por ser desenvolvida por meio do levantamento bibliográfico em artigos
que tem como tema “Transtorno de Espectro Autista”, esta é uma pesquisa bibliográfica.
A partir da abordagem dada problema da pesquisa, esta é uma pesquisa qualitativa.
Segundo Barros e Ribeiro (2017, p.95) a pesquisa qualitativa é um “método de pesquisa
descritiva que explora as peculiaridades e as descrições subjetivas de uma dada realidade”.
Assim, por buscar ampliar a compreensão acerca dos desafios enfrentados pelos educadores no
processo de inclusão do aluno Transtorno do Espectro Autista na Educação Infantil, esta
pesquisa pode ser classificada como uma pesquisa bibliográfica qualitativa.
O universo pesquisado é composto por artigos científicos de autores que versam sobre
o TEA. Esses artigos foram pesquisados na base de dados do Google Acadêmico a partir dos
descritores: “mediação pedagógica”, “autismo”, “TEA”, “Transtorno do Espectro Autista”,
“Educação Infantil”, “prática pedagógica”, “adversidades” e “desafios”. Como resultado da
pesquisa chegou-se a uma série de materiais bibliográficos disponibilizados por seus autores de
maneira online. Esses materiais bibliográficos foram utilizados como instrumentos de coletas
de dados adotados neste trabalho, para s seleção dos quais aplicou-se os seguintes critérios de
seleção: os artigos deveriam apresentar data de publicação inferior a dez anos e estarem
relacionados diretamente com o tema proposto na pesquisa.
A partir desses procedimentos desenvolvidos chegou-se aos seguintes artigos: Balbino
et al. (2021) O Aluno com Transtorno do Espectro Autista e o mediador escolar: um olhar
inclusivo; Barbosa e Fumes (2016) Atividade docente em cena: o foco no Atendimento
Educacional Especializado (AEE) para educandos com Transtorno do Espectro Autista (TEA);
Costa e Oliveira (2018) A importância do uso de estratégias de mediação pedagógica para a
inclusão do aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA); Magalhães et al. (2017) Práticas
inclusivas de alunos com TEA: principais dificuldades na voz do professor e mediador; Silva,
Lima e Arantes (2017) O mediador e os desafios da inclusão escolar dos aprendentes com
transtorno de espectro autista; Soares e Nunes (2020) A mediação pedagógica de professoras
de crianças com autismo: uma avaliação a partir do uso da Escala de Aprendizagem Mediada
(EAM); e, Youssef (2018) A mediação pedagógica e o uso dos recursos da comunicação
alternativa e aumentativa para desenvolvimento da comunicação e socialização de alunos com
Transtorno do Espectro Autista.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Trata-se de um tema de extrema importância uma vez que a inclusão desses alunos
ainda é uma temática muitas vezes conflituosa na escola e, dentre os motivos estão a
falta de recursos, formação de professores muitas vezes insuficiente, a dificuldade em
desenvolver atividades pedagógicas significativas, rede de apoio para/na escola.
Nesse contexto, o recurso do mediador mostra-se muito interessante de ser abordado,
pois pesquisas apontam que há ainda dúvidas sobre sua função e atribuições.
uma prática educativa que possui grande importância no meio escolar. Neste sentido, Santos
(2020, p.185) explicita que “à função do mediador escolar, pode contribuir para a construção
de uma educação efetivamente inclusiva e para a formalização de trabalhos colaborativos no
ambiente escolar, que considerem o coletivo, bem como as subjetividades envolvidas no
processo”.
O mediador escolar é o agente capaz de promover a participação de todos agentes
escolares na efetivação da inclusão do aluno com deficiência. Onde todos devem trabalhar de
forma conjunta a partir de entendimento de que o aluno com deficiência é parte integrante da
escola e merece integra-la como tal (SOARES; NUNES, 2020). Nesse sentido, segundo Alvim
e Novaes (2019, p.3) “o mediador se torna peça essencial desta ambiência, pois colabora na
adaptação do aluno bem como auxilia o professor a lidar com essa nova demanda”, a inclusão
de alunos com deficiência”. Pois, ele assumirá a posição de facilitador do processo de inclusão,
tendo como foco os indivíduo com deficiência” (p.3).
Portanto, na busca pela efetivação da inclusão plena do aluno com deficiência toda a
escola deve voltar-se “para a diversidade e a compreensão das singularidades dos envolvidos,
valorizando as potencialidades de cada um onde “todos” são corresponsáveis do processo de
construção do conhecimento” (VIEIRA et al., 2018, p.4). E o mediador escolar tem a
potencialidade de ser o agente promotor dessa concepção plenamente inclusiva no meio escolar.
O processo de mediação é permeado por uma série de desafios que precisam ser
enfrentados pelo mediador atuando no processo de ensino e aprendizagem do aluno com
deficiência no ensino regular. Esses desafios podem ser decorrentes da própria deficiência do
aluno, da não aceitação por parte de outros atores escolares, do preconceito contra seu aluno,
da falta de colaboração entre os educadores, a falta de apoio da direção escolar, etc. (CASSOL;
BONDEZAN, 2016).
Contudo, mesmo diante de todos esses desafios o mediador precisa se concentra em
mediar, efetivamente, o seu aluno nas práticas escolares. Sobre isso, Alvim e Novaes (2019,
p.30) ressaltam que:
[...] o mediador deve atuar como intermediário nas questões sociais e de linguagem,
ensinar a criança a participar das atividades sociais, como se relacionar com outras
crianças, minimizar a tendência da criança ao isolamento social, minimizar os
comportamentos, no caso dos autistas, inapropriados e repetitivos, desviar a atenção
das crianças das manias, rituais e atividades repetitivas, estimular a imitação dos
movimentos, sons e atividades, ajudar a criança a organizar seu discurso, minimizar e
intervir em situações que causam desconforto sensorial, estimular a empatia, ensinar
a linguagem corporal, encorajar a solicitar ajuda, entre outras tarefas
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Corroborando com Magalhães et al. (2017), Bonadio et al. (2018) explicita que para
promover uma intervenção significativa e que atenda as especificidades do TEA, o mediador
deve analisar cada caso com um olhar diferenciado. E, desenvolver estratégias e abordagens
que favoreçam as habilidades do indivíduo, como: “saber pedir, por favor; esperar sua vez;
brincar dividindo os brinquedos; pedir desculpa; ser amigável; mostrar interesse em algumas
atividades; dar atenção a outras pessoas; saber perder entendendo que não se pode ganhar
sempre, dentre outros” (BONADIO et al., 2018, p.120).
O mediador escolar trabalhando em parceria com uma equipe multidisciplinar é eficaz
na formação desse aluno, sobrepondo as barreiras e os desafios que permeiam a sua prática
educativa. O mediador pode levar o aluno a detectar variações por meio da diferenciação de
integração sensorial: sons, toque, cheiros, estímulos visuais e paladar, perceber que está
enfrentando obstáculos. Sendo de extrema importância para todo esse contexto o
reconhecimento do valor do profissional mediador para esses alunos (GOMES, 2014, p. 22).
A Lei 12.764/2012 previu a questão do “Acompanhante Especializado”:
Art.30 São direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista: Parágrafo Único.
Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com Transtorno do Espectro Autista
incluída nas classes comuns de Ensino Regular, nos Termos do Inciso IV do art. 2o,
terá direito a acompanhante especializado (BRASIL, 2012).
Tem sido uma tônica muito importante no caso dos indivíduos com TEA, a ampla
discussão sobre a necessidade do atendimento realizado por um mediador e as suas
contribuições para o desenvolvimento global destes indivíduos quando incluídos no sistema de
ensino regular. Para Silva, Lima e Arantes (2017) a intervenção de um mediador na educação
do indivíduo com TEA representa um ponto de confiança para este aluno, de referência e apoio,
para ele e para a família. Já que, segundo as autoras, o indivíduo com TEA tem dificuldade em
estabelecer laços de confiança, a aproximação entre aluno e mediador uma vez estabelecida, se
torna a ponte de ligação entre ele e o mundo a sua volta.
No entanto, essa base de importância em relação a presença do mediador em sala de
aula regular é relevante no momento em que se torna uma realidade a observação do
desenvolvimento alcançado pelos alunos congratulados com a intervenção desses profissionais.
Para Glat (2017) a presença do mediador na sala de aula regular é indispensável para a
promoção de uma aprendizagem significativa para o aluno em inclusão, que atenda as suas
necessidades e valoriza as suas habilidades e possibilidades.
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Portanto, o artigo 28 visa a garantia que o aluno com deficiência seja incluído em sala
de aula regular, tenha acesso aos recursos e abordagens necessários para a promoção de seu
pleno desenvolvimento acadêmico e tenham atendidas todas as suas necessidades educacionais
especiais. E, o atendimento realizado por um profissional mediador, aparece como
obrigatoriedade nesta lei, sendo essencial para a inclusão, pois sem esse acompanhamento a
inclusão torna-se um embuste, uma forma de segregar o aluno com deficiência mesmo estando
inserido no ambiente escolar.
Diante do exposto, percebe-se a importância do mediador na inclusão do aluno com
deficiência no sistema de ensino regular, onde ele é o principal responsável por mediar a
aprendizagem desse aluno e por lidar com as suas especificidades educativas. E, é neste sentido
que o próximo tópico de discussão deste estudo busca atender ao objetivo específico de
conhecer as especificidades do aluno TEA.
(...) causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos
claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode
parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Por exemplo, uma pessoa
que consegue falar frases completas e envolver-se na comunicação, embora apresente
falhas na conversação com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas
e comumente malsucedidas (AAP, 2014, p.52).
indivíduo. Podem surgir em decorrência de condições específicas do meio que cerca a criança,
seja familiar, social ou escolar, ou pode surgir de questões individuais como, fatores
neurológicos, emocionais, orgânicos dentre outros.
Diante do exposto percebe-se que o TEA é uma dificuldade que pode comprometer o
processo de aprendizagem do aluno, assim sendo, o TEA representa uma série de adversidades
para a prática educativa de mediação. E, é neste sentido que o próximo tópico de discussão
deste estudo busca atender ao objetivo específico de conhecer os desafios da atuação do
mediador pedagógico diante do TEA.
“normal”, a socialização acontece ainda que de maneira tímida e vagarosamente gradual. Neste
sentido, é um desafio a ser enfrentado pelo educador de um aluno com TEA a necessidade de
encontrar formas de levar esse aluno a ampliar a sua capacidade de socializar-se
(MAGALHÃES et al., 2017).
O preconceito com o aluno com TEA surge no espaço escolar nos olhares, falas e
atitudes discriminatórias. São comentários maldosos sobre a condição do aluno, a resistência
de professores em adaptarem suas práticas para atender às especificidades desse aluno, o
pensamento de que ele “atrapalha” a turma e o andamento da aula, a resistência dos pais de
outros alunos em relação ao contato de seus filhos com o aluno com TEA, etc., que representam
as formas de preconceito que o aluno com TEA enfrenta no ambiente escolar (BARBOSA,
2018).
Esses e outros atos de preconceito, são um desafio para o educador que lida com o aluno
com TEA. geralmente este será um professor de apoio que deve, atuar em parceria com o
professor regente. Uma parceria que nem sempre se efetiva. Neste sentido, Barbosa (2018)
apresenta em sua pesquisa relatos de professores de apoio onde contam comentários ouvidos
no espaço escolar como: “Sente seu aluno no fundo da sala”, “Você está tirando a atenção da
sala, gesticule menos com seu aluno”, “Ele não vai participar dessa atividade”, “Essa atividade
não é para ele”, “Faça seu aluno ficar calado”, “Recebi reclamações de um pai que seu aluno
agrediu o filho dele, você precisa vigiá-lo”, “Não pensei em nada para ele, dê um jogo para
passar o tempo” e “Você não consegue mantê-lo sentado? Dê um jeito” (BARBOSA, 2018,
p.32-33).
Essas falas evidenciam a incompreensão que existe em torno da condição dos alunos
com TEA, o desrespeito ao seu direito à Educação, o fato de que muitos professores ignoram a
importância da inclusão escolar para esses alunos e, mais ainda, evidencia a presença no
preconceito num espaço deveria ser acolhedor, democrático, motivador e aberto às diferenças,
a escola.
Vale ressaltar ainda que, a prática pedagógica com alunos com TEA é permeada ainda
por uma série de adversidades ligadas, sobretudo, às características específicas que acometem
os indivíduos com esse transtorno. Sabe-se que o aluno com TEA é acometido por um
transtorno que tem as suas especificidades que irão incidir diretamente sobre o seu processo
educativo e de inclusão. Neste sentido, como apontam Barbosa e Fumes (2016), os alunos com
TEA podem, por exemplo, apresentar aversão ao contato físico e visual, dificuldades de
socialização, reação extremada a estímulos visuais e sonoros, etc.
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Sobre a falta de conhecimento dos educadores às especificidades dos alunos com TEA,
Costa e Oliveira (2018) esclarecem que este é um fator que irá dificultar o aprendizado, a
formação e o desenvolvimento do aluno acometido pelo transtorno. Na sobreposição dessa
situação, Papim e Sanches (2013) acredita que o educador deve ser formado para atuar como
agente ativo:
[...] dentro de sistemas de apoio que sirvam de diretriz para realização do processo
ensino-aprendizagem do aluno com autismo, na desmistificação das representações
preconcebidas e não científicas que interferem na atuação do educador, melhorando a
eficácia dos profissionais e, com isso, a possibilidade do aluno autista adquirir novas
habilidades que o ajude no seu desenvolvimento (PAPIM; SANCHES, 2013, p.72).
Também os atos de preconceito que ainda hoje podem ser identificados nas práticas
escolares e interações entre o sujeito com TEA e os demais atores escolares, além da dificuldade
de socialização, interação e integração às práticas escolares que são inerentes aos alunos com
TEA são fatores que irão acabar resultando em restrições para permanência desses alunos nas
escolas regulares. Esses e outros fatores que somam construindo, portanto, uma rede de
dificultadores da permanência do aluno com TEA no espaço da escola regular.
Contudo, para Youssef (2018), uma mediação pedagógica bem pensada e desenvolvida
é capaz de sobrepor as adversidades representadas pelo TEA ao processo de aprendizagem e
desenvolvimento do aluno. E, é neste sentido que o próximo tópico de discussão deste estudo
busca atender ao objetivo específico de discutir as possibilidades da mediação pedagógica na
superação dos desafios representados pelo TEA.
Na superação dos principais desafios da inclusão de alunos com TEA nas escolas
regulares e dos processos que levam às restrições para permanência de alunos com TEA nas
escolas regulares, a prática pedagógica, se bem desenvolvida, tem a potencialidade de suplantar
essas questões. Para isso, Barberine (2016, p.6) ressalta que “é importante que o professor
planeje sempre suas aulas para estar organizado, pois o planejamento envolve objetivos da aula,
conteúdo a ser trabalhado, a metodologia, bem como os materiais utilizados pelo docente para
trabalhar com seus alunos a temática da aula”.
Para Barberine (2016, p.15) “o planejamento possibilita ao professor encontrar soluções
para obter progressos no desenvolvimento afetivo, cognitivo e emocional do aluno,
consequentemente, o planejamento deve ser contínuo, levando em consideração as
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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https://bityli.com/ZNuDZB Acesso em: abril de 2022.
______. Lei nº 12.764, de 28 de dezembro de 2010 – Berenice Piana – Proteção aos autistas.
Disponível em: https://bityli.com/dCCGwO Acesso em: junho de 2022.
______. Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
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https://bityli.com/MgJaQ Acesso em: junho de 2022.
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Universidade Federal de Santa Catarina. 2021. Disponível em: https://bityli.com/xSsWjI
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MAGALHÃES, Célia de Jesus Silva; CRUZ, Jaíze Griffith Magalhães; MORAES, Cloves
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Acesso em: maio de 2022.
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do Espectro Autista na Educação Infantil. Research, Society and Development, vol.8,
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PAULA, Jessyca Brennand; PEIXOTO, Mônica Ferreira. Inclusão do aluno com autismo na
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