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Índice

1 Índice

2 Biografia de Arnulf Rainer

8 Reflexão sobre a Obra

10 Bibliografia

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Arnulf Rainer nasceu em 1929, em Baden nos arredores de
Viena, Áustria. Oito anos depois, entrou na escola e foi elogiado pelo seu
professor acerca da beleza genuína com que desenhava as suas árvores e
ramagens, levando-o assim à consciencialização do seu autêntico talento.

Após alguns anos, nomeadamente entre 1940 e 1944 Rainer


frequentou a Nationalpolitische Erziehungsanstait em Traiskirchen, na
região Baixa, em Áustria, onde fermentou, por um curto espaço de tempo, a
sua cultura geral e os seus conhecimentos artísticos. Isto porque acabou
por abandonar a escola por ter sido obrigado a desenhar à vista. Desde
então trabalha como artista.

Em 1945 acabou por viajar para Karnten, ainda em Áustria, onde


optou pela experiência das aguarelas de paisagens inabitadas. Dois anos
mais tarde viu pela primeira vez, numa exposição do British Council (Paul
Nash, Francis Bancon, Stanley Spencer e Henry Moore), Arte
Contemporânea.

Entretanto, no ano de 1947 a 1949 Arnulf Rainer frequentou a


Escola Profissional Estatal (Staatsgewerbeschule) em Villach, Karnten
onde tomou conhecimento das teorias surrealistas que, desde então,
tornaram-se na sua inspiração nas suas obras-de-arte. No final desse ano,
em 1949, após concluir os seus estudos na escola secundária, entrou num
ciclo de conflitos. Primeiro entrou na Escola Superior de Artes Aplicadas
(Hochschule fur Angewandte Kunst), em Viena, onde logo no primeiro dia
desistiu devido a uma desavença com um dos seus professores e mais
tarde, ainda nesse ano, conseguiu admissão na Academia de Artes
Plásticas, também em Viena, onde igualmente desistiu pelos mesmos
motivos.

Em 1950 travou conhecimento com Ernest Fuchs, Anton Lehmden,


Arik Brauer, Wolfgang Hollegha e Josef Mikl, e juntos fundaram o
Hundsgruppe (“Grupo de Cães). Um ano depois da criação deste grupo
realizaram uma exposição, em Viena, e insultaram o público aquando a
abertura da mesma. Depois desta exibição, Arnulf Rainer renunciou o
surrealismo fantástico devido ao interesse por microestruturas e pela
destruição da forma. Nesta nova fase os seus desenhos assemelhavam-se a
estruturas orgânicas desprovidas de centros perceptíveis. Esta

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“Descentralização Óptica” (Optische Dezentralisation) terminou, em 1951,
num desenho de traços pretos, numa superfície preta. Numa tentativa de
aproximação/inspiração nos trabalhos de André Breton, Rainer viaja até
Paris num encontro com o artista mas para Arnulf não passou de uma
desilusão. Com a personalidade vincada que tem, não desistiu de procurar
novos caminhos, com ou sem inspirações. Rainer estreou-se pintando de
olhos fechados; “Pintura de Cego” (Blindmarelei) que levou às
“Centralizações” (Zentralisationen) e “Configurações Centrais”
(Zentralgestaltungen), e fez também um Portfólio de fotografias
“Perspectivas de Extremínio” (Perspektiven der Vernichtung).

“A arte virada para o existencial de Arnulf


Rainer gira desde o seu início (…) em volta do
tema da morte.”1

Entre 1953 e 1959, Rainer encontrou-se com o sacerdote católico


Monsignore Otto Mauer que o influenciou como teólogo e pregador da
catedral de Viena, e que no ano de 1955 fundaram a galeria Sankt Stephan
(Santo Estêvão) onde permaneceu, até aos finais dos anos 60, como a
galeria vanguardista mais influente na Áustria. Entretanto Arnulf refugiou-
se numa casa em Gainfard, 25km a sul de Viena, começou aqui a
interessar-se por estudos de proporcionalidade.

Na época de 50/60 surgiram as primeiras “Poses Fotográficas”


(Photoposen), e desde aí até 1965 nasceu o conjunto de obras mais
conhecido de Rainer, as “Sobre-Pinturas” (Ubermalungen), que consiste
em cobrir com camadas de tinta monocromáticas as suas próprias pinturas;
produziu também cerca de 15 “Cruzes” (Kreuze) de diversas dimensões,
compostas por placas de fibra dura e sobre-pintadas (uma parte delas foi
posteriormente destruída).

Com isto acabou por procurar novamente formas outras na pintura


monocromática usando uma paleta diversa de cores garridas: sobre-
pinturas figurativas, troncos de árvores, órbitas de cometa, arcos, etc. Esta
cadeia de pinturas teve tanto sucesso que artistas como Vedova, Mathieu e
Vasarely puseram obras suas à disposição de Rainer para as sobre-pintar.
Participou com estas obras na exposição “Pintura Monocromática”
(Monochrome Malerei) no Museu Municipal de Leverkusen. Mais tarde
Rainer consegue trabalhar em diversos estúdios em Berlim, Munique e
Colónia, e começou a coleccionar pinturas de doentes mentais.
1
“Arnulf Rainer Obras Recentes”, Fundação de Serralves, 1993. Pg.37

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Em meados de 1960 Rainer viveu experiências com drogas
alucinogénias, nomeadamente LSD e Mescalina que o influenciaram nos
seus desenhos figurativos alucinantes onde também recorreu às fases
iniciais do surrealismo.

Finais de 60, Rainer pintou o seu próprio rosto e as suas próprias


mãos, nesta época surgiram também as primeiras fotografias de
carantonhas tiradas “á la minute” nas cabines automáticas. Mais tarde, em
1969, para acentuar as expressões das suas fotografias, sobre-pintou e
sobre-desenhou-as. A partir desta altura surgiram abundantes séries e
fotografias retocadas; “Face Farces”, poses de mãos, poses sobre joelhos,
poses de posições deitada e sentada; mais tarde começou a desenhar sobre
rochedos (1974/1976), grutas (1975/1977), arquitecturas (1975/1977),
poses de mulheres (1977).

Em 1971 participou na Bienal de São Paulo. Dois anos depois


desenvolveu a sua pintura gestual com interposição de mãos e dedos e em
1974 realizou a sua primeira exposição destes trabalhos no Espaço das
Artes (Kunstraum), em Munique.

Em 1975 iniciou as séries “Arte sobre Arte” (Kunst auf Kunst),


utilizando como inspiração os trabalhos de colegas artistas; retrabalhou
fotografias a partir Gustave Doré em 1975, Antonio Maria Zanetti entre
1975 e 1976, Leonardo da Vinci em 1976, Franz Xaver Messerschmidt
entre 1977 e 1978, esculturas gregas entre 1975 e 1977, Van Gogh entre
1977 e 1981, Rembrandt  van Rijn em 1980 e Francisco Goya em 1983.

O seu interesse pelo tema da morte nunca desvaneceu e nesta altura


Rainer deu asas à sua curiosidade e realizou uma série de desenhos sobre
máscaras mortuárias, múmias e rostos de cadáveres.

Em 1978 participou na Bienal de Veneza.

Dois anos mais tarde, Rainer obteve ateliers enormes na zona norte
da Áustria e no sul da Alemanha, na região de Baviera. Foi aqui que
desenvolveu os trabalhos de pintura com intervenção directa de mãos e
dedos. Uma parte destes fora exposta em 1982 na “Dokumenta 7” de
Kassel. Persistente com as suas intuições, regressou aos temas religiosos :
”Cruzes” (Kreuze), “Representações de Cristo” (Christusdarstellungen).

Por ironia do destino, Rainer, em 1981, tornou-se professor


catedrático na Academia das Artes Plásticas de Viena e membro da

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Academia das Artes de Berlim. Neste mesmo ano obteve o Prémio Max
Beckmann da cidade de Frankfurt.

anos 80 deu-se uma série de ciclos, o primeiro, em 1982 como


Ciclo de Hiroshima que consiste numa série de desenhos de fotografias da
cidade destruída pela bomba atómica (Little Boy) em 1945. Apresentou
esta série em dezassete museus europeus. Em 1985 seguiu-se o Ciclo
Piranesi começando por coleccionar, em abundância, livros dos séculos
XVIII e XIX com ilustrações botânicas e zoológicas que utilizou para os
seus trabalhos como as séries das “Serpentes”, das “Plantas” (em 1975
produzira uma série de fetos e de vermes). Em 88 inicia os trabalhos do
Ciclo Shakespeare, que em 1990 é exposto pela primeira vez na Ulysses
Gallery em Nova Iorque.

Durante estes anos, Arnulf Rainer nunca deixou de trabalhar nas


suas obras anteriores como as Cruzes e os quadros a óleo das máscaras
mortuárias de grande dimensão.

A partir daqui o artista participou em diversas exposições como:


em 1984 na “Overture” no Castello di Rivoli em Turim, aqui a televisão
regional da Baviera produziu um filme sobre Arnulf Rainer; em 1986 na
exposição itinerante dos “Self Portraits” nos Estados Unidos e Canadá. No
mês de Junho, deste ano, apresentou uma grande exposição na Abazzia di
San Gregorio em Veneza, e ainda neste mesmo ano o museu Solomon R.
Guggenheim, em Nova Iorque, adquiriu uma tela de grande dimensão da
série “Face Farce”. Em 1987 o Museum of Modern Art em Nova Iorque,
adquire uma das novas “Cruzes” de grande dimensão. Os trabalhos mais
importantes pertencentes a colecções do estado federado da Renânia do
Norte-Vestfália (RFA) são expostos nos museus de arte em Krepfeld e
Kassel. Em 1989 expôs no no Solomon R. Guggenheim Museum, em Nova
Iorque e no Museum of Contemporary Art de Chicago, com as mesmas
obras desta exibição expôs, em 90, no Historisches Museum da cidade de
Viena, no Castello di Rivoli em Turim e no Gemeentmuseum de Haia.
Neste ano ganhou também o prémio do International Center of
Photography, em Nova Iorque. Em 1991 expôs no Salão das Artes em
Malmo (Suécia) e na Colecção de Arte da cidade de Cottbus (ex-RDA),
nesta época deu início aos trabalhos das séries dos “Mártires”, das
“Catástrofes” e dos “Anjos”, e no ano seguinte realizou a sua mais
esperada exposição“Cruzes” produzidas nos anos 80, na Menil Foundation
em Houston, Texas.

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Arnulf Rainer vive na região norte da Áustria, na Baviera, e em
Viena onde rege, como mestre, uma classe de Pintura na Academia das
Artes Plásticas. É membro do “Senado Austríaco das Artes” (Kunstsenat)
e da Academia das Artes de Berlim.

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