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FINAL
ABRIL/2008
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - ii
RESUMO
Elaboração de Manual versando sobre o uso racional do gás natural em caldeiras que
compreende, sobretudo, sua queima em condições otimizadas de aproveitamento
energético e emissão de poluentes atmosféricos.
SUMÁRIO
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO........................................................................................ 1
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO
Elaboração de Manual versando sobre o uso racional do gás natural em caldeiras que
compreende, sobretudo, sua queima em condições otimizadas de aproveitamento
energético e emissão de poluentes atmosféricos. O Manual se encontra no Anexo A.
__________________________________ ________________________________
Engº Mec. João Francisco Peral Cespedes Engº Quim. Renato Vergnhanini Filho
Responsável pelo Laboratório CREASP nº 85.955 – RE nº 05699
CREASP nº 82.581 – RE nº 04962
CENTRO DE TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS E ENERGÉTICAS
________________________________
Geólº Dr. Eduardo Soares de Macedo
Diretor do Centro
CREASP nº 0601145629 – RE nº 06167
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Relatório Técnico n 99 339-205 - 2/197
2. EQUIPE TÉCNICA
Fausto Furnari
ANEXO A
INTRODUÇÃO 17
A1. DEFINIÇÃO 20
A2. ORIGEM 20
A3. COMPOSIÇÃO 20
A4. EXPLORAÇÃO 22
A5. PROCESSAMENTO 22
A6. TRANSPORTE 23
A7. DISTRIBUIÇÃO 23
A8. UTILIZAÇÃO 24
Figuras
Figura A1. Evolução da participação do gás natural na matriz energética brasileira 25
Figura A2. Consumo de gás natural no Brasil em 2006 26
Tabelas
Tabela A1. Proposta de alteração na especificação do gás natural 21
Tabela A2. Composição típica de combustíveis 22
B1. INTRODUÇÃO 30
B2. ESTEQUIOMETRIA 30
B2.1 Excesso de ar 31
B2.2 Gás natural, GLP e óleo combustível 32
B2.2.1 Queima estequiométrica 32
B2.2.2 Queima com excesso de ar 34
B3. PODER CALORÍFICO 37
B3.1 Gás natural, GLP e óleo combustível 38
B4. CALOR ESPECÍFICO 39
B5. DENSIDADE 39
B5.1 Gás natural, GLP e óleo combustível 40
B6. ÍNDICE (NÚMERO) DE WOBBE 40
B6.1 Gás natural e GLP 40
B7. TEMPERATURA DE CHAMA ADIABÁTICA 41
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Figuras
Figura B1. Os três (quatro) T’s da combustão 30
Figura B2. Parâmetros da combustão do gás natural 35
Figura B3. Parâmetros da combustão do gás natural, GLP e óleo combustível 36
Figura B4. Influência de parâmetros na temperatura de chama adiabática do gás natural 41
Figura B5. Temperatura de chama adiabática do gás natural, GLP e óleo combustível 42
Figura B6. Evolução da temperatura de metano em espaço confinado, em diferentes
43
condições de temperatura de parede do espaço
Figura B7. Limites de ignição para a mistura metano e ar 44
Figura B8. Frente de chama 45
Figura B9. Modelo da propagação de chama - evolução da temperatura e concentração 46
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Figura B10. Limites de flamabilidade do gás natural a 25 oC, misturado com N2 em diferentes
47
proporções, em função da pressão
Figura B11. Limites de flamabilidade do metano a 25 oC e 1 atm, misturado com inertes em
48
diferentes proporções
Figura B12. Evolução do regime de uma chama de difusão com o aumento da velocidade no
50
bocal
Figura B13. Evolução do comprimento de chama do gás natural com a velocidade do ar de
51
combustão
Figura B14. Efeito de S nos perfis de velocidades de chamas confinadas 53
Figura B15. Comprimentos de chamas com diferentes índices de swirl 53
Figura B16. Escoamento no interior da câmara 54
Figura B17. Escoamento em túnel cilíndrico com jato coaxial 55
Figura B18. Representação esquemática da mistura entre gases do entorno (quentes) e a
58
mistura do interior do jato (fria)
Figura B.19. Estabilização de chama pela inserção de objeto no escoamento 60
Figura B20. Recirculação devida a um disco inserido no bocal do queimador 60
Figura B21. Dispositivo para introdução de índice de swirl fixo 61
Figura B.22. Dispositivo para introdução de índice de swirl variável 62
Tabelas
Tabela B1. Propriedades do ar atmosférico 31
Tabela B2. Classificação da combustão quanto ao excesso de ar 32
Tabela B3. Vazões de ar e gases na combustão completa e estequiométrica do gás natural 32
Tabela B4. Composição dos gases na combustão completa e estequiométrica do gás natural 33
Tabela B5. Vazões de ar e gases na combustão completa e estequiométrica de combustíveis 33
Tabela B6. Composição dos gases na combustão completa e estequiométrica de combustíveis 33
Tabela B7. Poder calorífico do gás natural 38
Tabela B8. Poder calorífico de combustíveis 39
Tabela B9. Índice de Wobbe de combustíveis 40
Tabela B10. Limites de flamabilidade 47
Tabela B11. Comprimento de chama do gás natural, GLP e H2 52
Tabela B12. Valores de velocidade de chama e de altura de descolamento 57
Tabela B13. Valores do número de Damköhler crítico e da velocidade de blowout 59
Tabela B14. Índice de swirl versus “θ” para a geometria da figura B21 62
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C1. INTRODUÇÃO 64
C2. CALDEIRAS 64
C3. CALDEIRA FOGOTUBULAR 66
C3.1 Caldeira 67
C3.2 Ventilador de ar de combustão 69
C3.3 Sistemas de controle de demanda e do excesso de ar de combustão 70
C3.4 Queimador 72
C3.5 Preaquecedor de água (economizador) e de ar de combustão 78
C4. GERADOR DE ÁGUA QUENTE 81
C5. AQUECEDOR DE FLUIDO TÉRMICO 82
Figuras
Figura C1. Fotos de caldeiras fogotubulares 66
Figura C2. Caldeira fogotubular de “três passes” 68
Figura C3. Configurações de caldeiras fogotubulares 69
Figura C4. Exemplo de um sistema gerenciador de combustão 71
Figura C5. Exemplo de um sistema supervisório de caldeira 72
Figura C6. Queimadores de caldeira fogotubular 73
Figura C7. Queimadores de gás de caldeira 74
Figura C8. Queimadores de gás típicos de caldeira fogotubular 75
Figura C9. Queimadores mistos (gás-óleo) de caldeira 76
Figura C10. Queimador misto (gás-óleo) típico de caldeira 77
Figura C11. Vista interna de um queimador misto 77
Figura C12. Economizadores e serpentina com aletas espiraladas 79
Figura C13. Tela de programa de cálculo de parâmetros operacionais de caldeira, sem
80
economizador instalado
Figura C14. Tela de programa de cálculo de parâmetros operacionais de caldeira, com
81
economizador instalado
Figura C15. Geradores de água quente 82
Figura C16. Aquecedores de fluido térmico 83
Figura C17. Esquema de sistema de fluido térmico e aquecedor comercial 83
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D1. INTRODUÇÃO 85
D2. SISTEMAS DE COMBUSTÃO DE GÁS 86
D3. SISTEMAS COMERCIAIS DE COMBUSTÃO DE GÁS 91
D4. DETECTORES DE GÁS NATURAL 93
Figuras
Figura D1. Sistema típico de combustão de gás para equipamento de baixa temperatura -
86
NBR12313
Figura D2. Sistema típico de combustão de gás - NFPA 85 87
Figura D3. Sistema de ignição típico para sistema de combustão de gás - NFPA 85 87
Figura D4. Diagrama de blocos típico da sequência de partida de sistema de combustão de
88
gás
Figura D5. Cavaletes de gás (I) 92
Figura D6. Cavaletes de gás (II) 93
Figura D7. Detectores estacionários de gás natural 93
Figura D8. Detectores portáteis de gás natural 94
Tabelas
Tabela D1. Algumas empresas no Brasil que fornecem sistemas de combustão de gás 91
Tabela D2. Algumas empresas no Brasil que fornecem detectores de gás 94
E1. INTRODUÇÃO 97
E2. CÁLCULO DE RENDIMENTO DA CALDEIRA 98
E2.1 Potência fornecida 98
E2.2 Potência útil 99
E2.3 Potência não aproveitada 101
E2.3.1 Potência não aproveitada associada aos gases de combustão 101
E2.3.2 Potência não aproveitada associada às trocas de calor entre as superfícies externas dos
103
equipamentos e outros elementos, e o ar ambiente
E2.3.3 Total da potência não aproveitada 103
E2.4 Método direto 103
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Figuras
Figura E1. Fluxograma simplificado da caldeira 97
Figura E2. Potência perdida para o meio ambiente 106
Figura E3. Efeito do excesso de ar e da temperatura dos gases de combustão no rendimento 109
Figura E4. Efeito da temperatura da água de alimentação no rendimento 114
Figura E5. Efeito da concentração de CO dos gases de combustão no rendimento 115
Tabelas
Tabela E1. Entalpia do vapor de água 100
Tabela E2. Valores utilizados na estimativa da potência perdida para o meio ambiente 107
Tabela E3. Efeito do excesso de ar (1.000 kg/h vapor) 110
Tabela E4. Efeito da potência de operação (1.000 kg/h vapor) 111
Tabela E5. Efeito da potência de operação (15.000 kg/h vapor) 112
Tabela E6. Efeito do preaquecimento do ar (1.000 kg/h vapor) 113
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Figuras
Figura F1. Efeito do CO no homem 120
Figura F2. Formação da chuva ácida e do “smog” 120
Figura F3. Ação na atmosfera dos gases do efeito estufa 121
Figura F4. Ataque à camada de ozônio 122
Figura F5. Esquema ilustrativo do significado dos padrões de qualidade do ar 123
Figura F6. Gráfico ilustrativo do efeito do coeficiente de ar nas emissões de CO 129
Figura F7. Efeito de parâmetros nas emissões de NOx 131
Figura F8. Efeito do excesso de ar nas emissões de NOx 135
Figura F9. Efeito da temperatura de preaquecimento do ar nas emissões de NOx 136
Figura F10. Efeito da redução da carga da caldeira nas emissões de NOx 136
Figura F11. Ilustração do fundamento da combustão oscilante 138
Figura F12. Gráfico típico do efeito da taxa de recirculação dos gases de combustão na
139
redução das emissões de NOx
Figura F13. Queimador operando com recirculação de gases de combustão 140
Figura F14. Configuração “low NOx” 141
Figura F15. Ilustração do queimador de baixa emissão de NOx da Mitsubishi 142
Figura F16. Ilustração de queimador radiante da Alzeta 143
Figura F17. Efeito da FGR num queimador de baixa emissão de NOx 144
Figura F18. Caldeira fogotubular com sistema de recirculação externa dos gases instalado 145
Figura F19. Analisador descontínuo de gases por absorção 147
Figura F20. Analisador descontínuo de gases por absorção 148
Figura F21. Sistema de condicionamento de amostra 149
Figura F22. Analisador de célula de zircônio 150
Figura F23. Analisador eletrocatalítico instalado 151
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Tabelas
Tabela F1. Padrões nacionais de qualidade do ar 123
Tabela F2. Padrões de emissão para o gás natural 124
Tabela F3. Padrões de emissão para o óleo combustível 125
Tabela F4. Fatores de emissão para o gás natural 126
Tabela F5. Emissões de CO2 130
Tabela F6. Opções de compra de queimadores “low NOx” no Brasil 146
Tabela F7. Opções de compra de analisadores de O2, CO e NOx no Brasil 154
Tabela F8. Empresas especializadas em medições em chaminés 157
Figuras
Figura G1. Relação (PCI/VOL) em função da temperatura de chama adiabática de diversos
159
combustíveis
Figura G2. Instalação de preparação de ar propanado com misturador tipo venturi 161
Figura G3. Instalação de preparação de ar propanado com misturador tipo proporcionador 162
Figura G4. Tipos de instalação de preparação de ar propanado 162
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Tabelas
Tabela G1. Emissões de poluentes atmosféricos na queima de GLP e GN 160
Tabela G2. Efeito da substituição de combustíveis (1.000 kg/h vapor) 166
Tabela G3. Efeito da substituição de combustíveis (15.000 kg/h vapor) 167
Tabela G4. Emissões de poluentes atmosféricos na queima de óleo combustível e GN 168
Figuras
Figura H1. Efeito estimado do excesso de ar no consumo de GN 171
Figura H2. Efeito estimado da temperatura dos gases na chaminé no consumo de GN 172
Figura H3. Efeito estimado da potência de operação da caldeira no consumo de GN 173
Figura H4. Efeito estimado do teor de CO dos gases de combustão no consumo de GN 173
Tabelas
Tabela H1. Efeito estimado das condições operacionais da caldeira no seu consumo de gás
170
natural
Figuras
Figura 1. Locais para a medição da temperatura e do teorde O2 dos gases 178
Figura 2. Gráfico para a determinação da “eficiência reduzida” 178
Figura 3. Gráfico para a determinação do excesso de ar 178
Figura 4. Analisador Fyrite para O2 e CO2 181
Figura 5. Diversos modelos de analisadores eletroquímicos 182
1. Objetivo 185
2. Parâmetros considerados 185
3. Introdução 185
4. Parâmetros de similaridade utilizados na análise 185
4.1 Eficiência reduzida de combustão 185
4.2 Carga de superfície reduzida 186
4.3 Temperatura reduzida 186
4.4 Diferença de temperatura reduzida 186
5. Relação entre os adimensionais 187
6. Detalhamento das grandezas que comparecem nas expressões (1) a (4) 189
6.1 Qg↔1 - expressão (1) 189
6.1.1 Área global de troca de calor por radiação (GS1)R 189
6.2 Potência total fornecida à câmara de combustão, Hf 190
7. Análise qualitativa do efeito de parâmetros operacionais na eficiência das trocas de calor 190
Figuras
Figura 1. Desenho esquemático de uma caldeira fogotubular 187
Figura 2. Desempenho térmico de fornalha perfeitamente misturada 188
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INTRODUÇÃO
O uso racional do gás natural em caldeiras compreende, sobretudo, sua queima em condições
máximas de aproveitamento energético e mínimas de emissão de poluentes atmosféricos.
O gás natural, por ser um combustível bastante versátil em termos de aplicação, vem sendo
utilizado na substituição de uma variedade ampla de combustíveis, como: madeira, carvão, óleo
combustível, diesel, GLP, nafta e energia elétrica, tanto na indústria, como no comércio.
No caso específico da substituição de óleo combustível por gás natural em caldeiras, destacam-se
duas preocupações: rendimento térmico e emissão de óxidos de nitrogênio (NOx).
A combustão do gás natural, ao contrário do que acontece com o óleo, produz uma chama pouco
luminosa, de menor emissividade, o que reduz a transferência de calor na fornalha. Numa caldeira
fogotubular, por exemplo, a conversão de óleo para gás reduz a quase pela metade a potência
trocada por radiação no tubulão. Essa redução, mesmo sendo em parte atenuada pelo aumento das
trocas de calor na zona de convecção, tende a diminuir o rendimento térmico da caldeira. Em
virtude disso, é muito importante que a substituição de um combustível qualquer por gás natural
seja acompanhada de medidas de otimização energética. Isso, por sua vez, é coerente com a
conjuntura nacional e também mundial, que incentiva o uso racional da energia, seja por questões
financeiras, ambientais ou estratégicas. O uso eficiente da energia é um dos paradigmas do
crescimento sustentável da sociedade moderna.
A operação da caldeira com baixo excesso de ar, retorno de condensado e aproveitamento da
entalpia dos gases, através da instalação de preaquecedores de ar e água, está entre as práticas que
levam, em geral, a uma substancial redução do consumo de combustível.
No aspecto ambiental, o uso do gás natural está, na maioria das vezes, associado a uma combustão
mais limpa, com menor emissão de poluentes. Na queima do gás natural em caldeiras, os gases de
combustão estão praticamente isentos de óxidos de enxofre, material particulado inorgânico e, em
geral, dos chamados produtos da combustão incompleta (monóxido de carbono, hidrocarbonetos
voláteis e material particulado orgânico). Não obstante, os gases de combustão contém ainda, como
no caso da queima de todos os combustíveis, óxidos de nitrogênio (NOx), que têm significativo
impacto ambiental.
O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) promulgou recentemente legislação (Resolução
no 382 de 26/12/2006) estabelecendo padrões de emissão de poluentes atmosféricos para um grande
número de fontes estacionárias novas. Para queima de gás natural em caldeiras, os padrões para
NOx (NOx, como NO2, em mg/m3n, referido a 3 % O2) são os seguintes:
para equipamentos de potência inferior a 70 MW: 320 e
para equipamentos de potência igual ou superior a 70 MW: 200.
Para fontes já existentes, o Conama concede ao órgão ambiental local (no caso do Estado de São
Paulo, a Cetesb) a prerrogativa de, na época de renovação da licença de funcionamento,
considerando particularidades técnico-econômicas do processo ou equipamento, e também
particularidades ambientais (localização da instalação, qualidade do ar no entorno etc.), definir
padrões mais brandos (concedendo, por exemplo, um prazo para conformidade), ou mesmo mais
restritivos.
A emissão de NOx na queima de gás natural é função das características do sistema de queima e dos
parâmetros operacionais da caldeira. Trabalhos que vêm sendo realizados pelo IPT têm mostrado
que pequenos ajustes no equipamento e em suas condições de operação podem levar a significativas
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Relatório Técnico n 99 339-205 - 18/197
reduções nas emissões de NOx, muitas vezes suficientes para o atendimento ao padrão fixado pelo
Conama.
A atuação do IPT na área de Energia teve início em 1970 com a criação do Agrupamento de
Engenharia Térmica (AET) na então Divisão de Engenharia Mecânica. Posteriormente, em 1980,
iniciou-se a implantação da área de Combustão Industrial, cuja atuação esteve sempre voltada para
o uso eficiente do combustível, seja do ponto de vista energético, seja no aspecto de emissão de
poluentes.
Dentro desse contexto, o AET, atual LETMCE (Laboratório de Energia Térmica, Motores,
Combustíveis e Emissões), pertencente ao CETAE (Centro de Tecnologias Ambientais e
Energéticas), tendo acumulado larga experiência na resolução de problemas ligados à operação de
sistemas de combustão e possuindo um extenso acervo bibliográfico no assunto, além de uma
considerável infra-estrutura laboratorial (equipamentos para queima de combustíveis em escala
semi-industrial), elaborou o presente Manual, para que os técnicos da Comgás possam utilizá-lo
como material de apoio no atendimento que eles venham a oferecer a seus clientes, orientando-os
para que façam uso racional do gás natural quando este é utilizado como insumo energético em
caldeiras.
O Manual está particularmente voltado para os clientes típicos da Comgás nos segmentos
industrial/comercial, ou seja, possuidores de geradores de vapor de pequeno porte - produção média
de vapor de 1400 kg/h, do tipo fogotubular, de dois ou três passes, com um único queimador
instalado, e que não foram originalmente concebidos para a queima de gás natural, mas convertidos
de GLP ou óleo combustível para gás natural.
Observe-se que, no Manual, são citados nomes de fabricantes, revendedores, prestadores de
serviços, bem como reproduzidas fotos, esquemas e diagramas, extraídos de “sites” da internet e de
catálogos dessas empresas, com o objetivo de facilitar o entendimento dos assuntos tratados e
auxiliar o leitor na eventual implantação das medidas recomendadas. Não há a preocupação de
incluir todas as empresas do setor, não é objetivo fazer qualquer indicação de empresa, e não há
qualquer compromisso do IPT com a qualidade dos produtos e serviços mencionados.
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A1. DEFINIÇÃO 20
A2. ORIGEM 20
A3. COMPOSIÇÃO 20
A4. EXPLORAÇÃO 22
A5. PROCESSAMENTO 22
A6. TRANSPORTE 23
A7. DISTRIBUIÇÃO 23
A8. UTILIZAÇÃO 24
Figuras
Figura A1. Evolução da participação do gás natural na matriz energética brasileira 25
Figura A2. Consumo de gás natural no Brasil em 2006 26
Tabelas
Tabela A1. Proposta de alteração na especificação do gás natural 21
Tabela A2. Composição típica de combustíveis 22
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A1. DEFINIÇÃO
Pela Lei número 9.478/97 (“Lei do Petróleo”), o gás natural é “a porção do petróleo que existe na
fase gasosa ou em solução no óleo, nas condições originais do reservatório, e que permanece no
estado gasoso nas condições atmosféricas de pressão e temperatura".
A2. ORIGEM
O gás natural é encontrado no subsolo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por
rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação
anaeróbica da matéria orgânica que, em eras pré-históricas, acumulava-se nas águas litorâneas dos
mares da época. Essa matéria orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isso, sua
degradação se deu sem contato com o ar, a grandes temperaturas e sob fortes pressões.
A3. COMPOSIÇÃO
O gás natural é uma mistura complexa de hidrocarbonetos e impurezas. Seus constituintes são,
usualmente, metano (CH4), etano (C2H6), propano (C3H8), butanos (C4H10) e pentanos (C5H12),
além de quase desprezíveis quantidades de hexanos (C6H12), heptanos (C7H16), octanos (C8H18) e
hidrocarbonetos de alta massa molecular. O gás natural também apresenta quantidades de
compostos inorgânicos, como dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2) e sulfeto de hidrogênio
(H2S).
A composição do gás natural pode variar muito, dependendo de fatores relacionados ao
reservatório, processo de produção, condicionamento, processamento e transporte. De maneira
geral, o gás natural apresenta teor de metano superior a 70 %, densidade menor que 1 (mais “leve”
do que o ar) e poder calorífico superior entre 8.000 e 10.000 kcal/m3 (1 atm, 20 oC), dependendo
dos teores de pesados (etano e propano, principalmente) e inertes (nitrogênio e gás carbônico).
No Brasil, a Portaria ANP no 104, de 8 de julho de 2002, Regulamento Técnico ANP no 3/2002,
estabelece a especificação do gás natural, de origem nacional ou importado, a ser comercializado
em todo o território nacional. Na região sudeste do Brasil, o gás natural comercializado deve estar
de acordo com as sequintes especificações:
Poder Calorifico Superior: 9,72 a 11,67 kWh/m3 (1 atm, 20 oC)
Índice de Wobbe: 46.500 a 52.500 kJ/m3 (1 atm, 20 oC)
Metano, mínimo: 86,0 % vol.
Etano, máximo: 10,0 % vol.
Propano, máximo: 3,0 % vol.
C4+, máximo: 1,5 % vol.
Oxigênio, máximo: 0,5 % vol.
Inertes, máximo (N2 + CO2): 4,0 % vol.
Nitrogênio, máximo: 2,0 % vol.
Enxofre total, máximo: 70 mg/m3
H2S, máximo: 10 mg/m3
Ponto de orvalho, máximo: - 45 °C
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Decorridos mais de cinco anos da promulgação da Portaria no 104, a ANP estuda sua revisão1. A
tabela A1 apresenta os novos valores que vêm sendo cogitados.
Proposição
A tabela A2 mostra a composição típica do gás natural que será considerada no Manual, bem como
dos combustíveis que mais comumente vêm sendo substituídos pelo gás natural - o GLP e o óleo
combustível.
1
Caldeira, A. “Especificação do Gás Natural - Em Busca da Evolução”, Superintendência de
Biocombustíveis e Qualidade de Produtos (SBQ), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), outubro 2007.
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A4. EXPLORAÇÃO
A exploração é a etapa inicial dentro da cadeia do gás natural, consistindo em duas fases. A
primeira fase é a pesquisa onde, através de testes sísmicos, verifica-se a existência em bacias
sedimentares de rochas reservatórias (estruturas propícias ao acúmulo de petróleo e gás natural).
Caso o resultado das pesquisas seja positivo, inicia-se a segunda fase: é perfurado um poço pioneiro
e poços de delimitação para comprovação da existência de gás natural ou petróleo em nível
comercial. Em seguida é feito o mapeamento do reservatório.
Os reservatórios de gás natural são constituídos de rochas porosas capazes de reter petróleo e gás.
Em função do teor de petróleo bruto e de gás livre, classifica-se o gás, quanto ao seu estado de
origem, em gás associado e gás não-associado.
Gás associado: é aquele que, no reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a forma de capa de
gás. Nesse caso, a produção de gás é determinada, basicamente, pela produção de óleo. Boa parte
do gás é utilizada pelo próprio sistema de produção, podendo ser usada em processos conhecidos
como “reinjeção” e “gás lift”, com a finalidade de aumentar a recuperação de petróleo do
reservatório, ou mesmo consumida para geração de energia para a própria unidade de produção, que
normalmente fica em locais isolados, como é o caso, no Brasil, do campo de Urucu, no Estado do
Amazonas.
Gás não-associado: é aquele que, no reservatório, está livre ou em presença de quantidades
muito pequenas de óleo. Nesse caso, só se justifica, comercialmente, produzir o gás. Esse é o caso
do gás proveniente do campo de San Alberto, na Bolívia.
A5. PROCESSAMENTO
O processamento do gás natural é realizado através de uma instalação industrial denominada
Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN). Do gás natural, denominado úmido ou rico, é
separada a fração pesada ou rica (propano e mais pesados), denominada Líquido de Gás Natural
(LGN), gerando o chamado gás natural seco ou pobre (metano e etano).
O LGN é composto pelo gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de
cozinha, e pela gasolina natural. Eventualmente, pode-se produzir uma corrente de LGN composta
de frações mais pesadas que o etano, de onde será possível separar frações líquidas de etano, de
GLP e de gasolina natural. Nesse caso, recupera-se, também, uma fração de gás natural pobre
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Relatório Técnico n 99 339-205 - 23/197
A6. TRANSPORTE
O transporte do gás natural gasoso é feito por meio de dutos ou, em alguns casos, liquefeito, em
cilindros de alta pressão. Já no estado líquido, o gás é transportado por meio de navios, barcaças e
caminhões criogênicos, a -160 ºC, onde seu volume é reduzido em aproximadamente 600 vezes,
facilitando o armazenamento.
A7. DISTRIBUIÇÃO
O gasoduto é uma rede de tubulações que leva o gás natural das fontes produtoras até os centros
consumidores. O gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) transporta o gás proveniente da Bolívia para
atender os Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Transporta grandes volumes de gás, possui tubulações de diâmetro elevado, opera em alta pressão e
somente se aproxima das cidades para entregar o gás às companhias distribuidoras, constituindo um
sistema integrado de transporte de gás.
O gás é comercializado através de contratos de fornecimento com as Companhias Distribuidoras de
cada Estado, detentoras da concessão de distribuição. A TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto
Bolívia-Brasil S/A), proprietária do gasoduto é responsável pelo transporte do gás até os pontos de
entrega (Companhias Distribuidoras).
As redes de distribuição transportam vazões menores de gás natural, e a menores pressões, com
tubulações de diâmetros menores que a do gasoduto. É essa rede que recebe o gás nos gasodutos e o
leva até as indústrias e aos centros urbanos.
A Comgás é a principal distribuidora de gás natural canalizado do Estado de São Paulo com mais de
500 mil clientes e 5 bilhões de m³ distribuídos (base 2007). Sua área de concessão abriga cerca de
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 24/197
um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, abrangendo 177 municípios das regiões
metropolitanas de São Paulo e Campinas, além da Baixada Santista e Vale do Paraíba. Como
prestadora de serviços públicos, suas atividades são reguladas pela Agência Reguladora de
Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP), que concedeu à Comgás um prazo de 30
anos a partir de maio de 1999 para a exploração do serviço público com a possibilidade de
renovação uma única vez por mais 20 anos.
A8. UTILIZAÇÃO
O gás natural tem um amplo espectro de aplicações. Suas principais utilizações têm sido como
combustível industrial, comercial, domiciliar e residencial, e na recuperação secundária de petróleo
em campos petrolíferos, através de sua reinjeção. Também é utilizado como matéria-prima nas
indústrias petroquímica (plásticos, tintas, fibras sintéticas e borracha) e de fertilizantes (uréia,
amônia e seus derivados), e para redução do minério de ferro na indústria siderúrgica.
Outra forma de utilização do gás natural é como combustível na geração de eletricidade, seja em
usinas termelétricas, seja em unidades industriais, instalações comerciais e de serviços, em regime
de cogeração (produção combinada de vapor e eletricidade). O gás natural é a terceira maior fonte
de energia primária no mundo, somente superado pelo petróleo e pelo carvão.
O gás natural também pode ser utilizado no segmento de transportes, seja em motores que
funcionam através de ignição por centelhamento, tradicionalmente movidos por gasolina ou etanol
(no caso do Brasil), seja em motores que possuem ignição por compressão, movidos por óleo diesel.
A utilização do gás natural no Brasil foi iniciada em 1940, com as descobertas de óleo e gás na
Bahia, atendendo às indústrias localizadas no Recôncavo Bahiano.
Mas os grandes marcos do segmento foram a comercialização do gás produzido na Bacia de
Campos (RJ) para os mercados do Rio de Janeiro e São Paulo, e a implementação do gasoduto
“nordestão”, que liga as reservas do Rio Grande do Norte e do Ceará ao mercado do nordeste
brasileiro. Com isso, a participação do insumo na matriz energética nacional cresceu de 0,9 % em
1981 para 3,1 % em 1990.
Em 2000, essa posição chegou a 5,4 %, como reflexo da entrada em operação do Gasbol. Já em
2006, o percentual atingiu 9,6 %. A meta do Governo Federal, considerando a descoberta de novas
reservas nacionais, elevando o seu volume para 588,6 bilhões de m3 em 2006 e a perspectiva de
ampliação da importação de gás natural da Bolívia e do Peru, é levar a participação do gás natural
para 11 % da matriz energética nacional até 2010.
O gráfico da Figura A1, extraído da Tabela 1.2.b do Balanço Energético Nacional (BEN) 2007, ano
base 2006, mostra a evolução da participação do gás natural na matriz energética nacional.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 25/197
% de
participação Participação do gás natural na matriz energética nacional
12
projeção
10
8
Gasbol
6 Bacia de
Campos
4
0
1970 1980 1990 2000 2002 2004 2006 2010
A Figura A2, extraída do BEN 2007 (tabela 2.3), mostra a distribuição do consumo de gás natural
no Brasil em 2006. Observa-se, na figura, que parcela significativa do gás é consumida na indústria
para fins energéticos (38,5 %), ou seja, consumida em processos de combustão que ocorrem,
sobretudo, em fornos, geradores de vapor e aquecedores de água e fluido térmico.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 26/197
Transportes
10,3 %
Comercial/Público
1,6 %
Industrial
38,5 %
Setor energético
16,6 %
B1. INTRODUÇÃO 30
B2. ESTEQUIOMETRIA 30
B2.1 Excesso de ar 31
B2.2 Gás natural, GLP e óleo combustível 32
B2.2.1 Queima estequiométrica 32
B2.2.2 Queima com excesso de ar 34
B3. PODER CALORÍFICO 37
B3.1 Gás natural, GLP e óleo combustível 38
B4. CALOR ESPECÍFICO 39
B5. DENSIDADE 39
B5.1 Gás natural, GLP e óleo combustível 40
B6. ÍNDICE (NÚMERO) DE WOBBE 40
B6.1 Gás natural e GLP 40
B7. TEMPERATURA DE CHAMA ADIABÁTICA 41
B7.1 Gás natural 41
B7.2 Gás natural, GLP e óleo combustível 42
B8. IGNIÇÃO 42
B8.1 Mecanismos de ignição 43
B8.1.1 Auto-ignição 43
B8.1.2 Ignição forçada 44
B9. VELOCIDADE DE CHAMA 45
B10. LIMITES DE FLAMABILIDADE 46
B11. CHAMAS DE GÁS 48
B11.1 Classificação 48
B11.1.1 Chamas pré-misturadas 48
B11.1.2 Chamas de difusão 49
B11.2 Comprimento de chamas de difusão 49
B11.2.1 Comprimento de chamas de difusão com rotação 52
B11.3 Recirculação em câmaras de combustão 54
B11.4 Estabilidade de chamas 56
B11.4.1 Descolamento (“lift-off”) 56
B11.4.2 Apagamento (“blowout”) 57
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 28/197
Figuras
Figura B1. Os três (quatro) T’s da combustão 30
Figura B2. Parâmetros da combustão do gás natural 35
Figura B3. Parâmetros da combustão do gás natural, GLP e óleo combustível 36
Figura B4. Influência de parâmetros na temperatura de chama adiabática do gás natural 41
Figura B5. Temperatura de chama adiabática do gás natural, GLP e óleo combustível 42
Figura B6. Evolução da temperatura de metano em espaço confinado, em diferentes
43
condições de temperatura de parede do espaço
Figura B7. Limites de ignição para a mistura metano e ar 44
Figura B8. Frente de chama 45
Figura B9. Modelo da propagação de chama - evolução da temperatura e concentração 46
Figura B10. Limites de flamabilidade do gás natural a 25 oC, misturado com N2 em diferentes
47
proporções, em função da pressão
Figura B11. Limites de flamabilidade do metano a 25 oC e 1 atm, misturado com inertes em
48
diferentes proporções
Figura B12. Evolução do regime de uma chama de difusão com o aumento da velocidade no
50
bocal
Figura B13. Evolução do comprimento de chama do gás natural com a velocidade do ar de
51
combustão
Figura B14. Efeito de S nos perfis de velocidades de chamas confinadas 53
Figura B15. Comprimentos de chamas com diferentes índices de swirl 53
Figura B16. Escoamento no interior da câmara 54
Figura B17. Escoamento em túnel cilíndrico com jato coaxial 55
Figura B18. Representação esquemática da mistura entre gases do entorno (quentes) e a
58
mistura do interior do jato (fria)
Figura B.19. Estabilização de chama pela inserção de objeto no escoamento 60
Figura B20. Recirculação devida a um disco inserido no bocal do queimador 60
Figura B21. Dispositivo para introdução de índice de swirl fixo 61
Figura B.22. Dispositivo para introdução de índice de swirl variável 62
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 29/197
Tabelas
Tabela B1. Propriedades do ar atmosférico 31
Tabela B2. Classificação da combustão quanto ao excesso de ar 32
Tabela B3. Vazões de ar e gases na combustão completa e estequiométrica do gás natural 32
Tabela B4. Composição dos gases na combustão completa e estequiométrica do gás natural 33
Tabela B5. Vazões de ar e gases na combustão completa e estequiométrica de combustíveis 33
Tabela B6. Composição dos gases na combustão completa e estequiométrica de combustíveis 33
Tabela B7. Poder calorífico do gás natural 38
Tabela B8. Poder calorífico de combustíveis 39
Tabela B9. Índice de Wobbe de combustíveis 40
Tabela B10. Limites de flamabilidade 47
Tabela B11. Comprimento de chama do gás natural, GLP e H2 52
Tabela B12. Valores de velocidade de chama e de altura de descolamento 57
Tabela B13. Valores do número de Damköhler crítico e da velocidade de blowout 59
Tabela B14. Índice de swirl versus “θ” para a geometria da figura B21 62
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 30/197
B1. INTRODUÇÃO
A combustão é uma reação química exotérmica entre combustível e comburente, ocorrendo, em
geral, a altas temperaturas e com ritmos intensos. Essa definição é suficiente para o estudo da
estequiometria da combustão. Entretanto, para viabilizar e otimizar qualquer aplicação do processo
de combustão, é necessário o entendimento dos fenômenos físicos e químicos envolvidos nas
reações (mistura dos reagentes, aquecimento dos reagentes, ignição, trocas de calor e massa etc.), a
fim de identificar e prever a influência de cada parâmetro no processo em questão.
No meio industrial é comum o emprego do termo “triângulo da combustão” ou os “três T’s da
combustão” - Temperatura, Tempo de residência, Turbulência, o que mostra que está bem
disseminado o conhecimento de que a estequiometria não é o único fator a ser considerado para
uma combustão adequada. A figura B1 mostra o conhecido “triângulo”, acrescido, por nossa conta,
de um quarto “T” - esTequiometria.
Temperatura
estTequiometria
B2. ESTEQUIOMETRIA
A quantidade estequiométrica de comburente (oxidante) é o valor mínimo necessário para a queima
completa de uma quantidade de combustível.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. – IPT “Combustão de Gases”, Apostila do
2
B2.1 Excesso de ar
Na prática, para se conseguir a combustão completa do hidrocarboneto, ou seja, para que todo o
carbono e hidrogênio presentes sejam levados às suas formas mais oxidadas (CO2 e H2O) é
necessário, em geral, fornecer uma quantidade de ar acima da estequiométrica. Define-se então os
conceitos de coeficiente de ar, excesso de ar e razão de equivalência.
massa de ar utilizada
Coeficiente de ar (λ) = ----------------------------------
massa de ar estequiométrica
Utilizando-se esses conceitos, a combustão pode ter as qualificações mostradas na Tabela B2.
Incorporando na equação (1) o coeficiente de ar, chega-se a fórmula geral:
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 32/197
Tabela B4. Composição dos gases na combustão completa e estequiométrica do gás natural
Gases de combustão
Composição (% em volume) (i)
CO2 N2 H2O
b.s. b.u. b.s. b.u. b.s. b.u.
12,1 9,7 87,9 70,7 24,3 19,6
(i) b.s. - base seca; b.u. - base úmida.
Observe-se que os parâmetros apresentados nas tabelas B3 e B4 podem ser usados com segurança
para balanços de massa e energia em processos de combustão de gás natural. Eles não são
significativamente afetados no caso da composição do gás ser ligeiramente diferente da
considerada, tampouco no caso da hipótese de combustão completa não ser totalmente verdadeira.
As quantidades de CO, NOx, material particulado orgânico e compostos orgânicos voláteis
presentes nos gases gerados na queima industrial do gás natural são, em geral, muito pequenas e
normalmente consideradas apenas quando está sendo analisado o impacto ambiental do processo.
Como o gás natural tem sido usualmente utilizado na indústria como substituto do óleo combustível
e do GLP, as tabelas B5 e B6 trazem a comparação entre alguns parâmetros apresentados na tabela
B3 e os equivalentes referentes à queima de óleo e GLP. A composição típica adotada para o óleo e
o GLP, utilizada na elaboração das tabelas, bem como no restante do Manual, é a mostrada na
tabela A2.
11,4 24
11,0 20
10,6 16
10,2 12
9,8 8
9,4 4
excesso de ar = 0,31*(O 2)2 + 4,1*O2
9,0 0
0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2 3,6 4,0 4,4 4,8 5,2
O2 % vol. b.s.
20
19
18
16
0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2 3,6 4,0 4,4 4,8 5,2
O2 % vol. b.s.
15,4 GLP 24
14,6 21
GLP GN
13,8 18
13,0 15
12,2 GN 12
11,4 9
10,6 6
9,8 3
9,0 0
0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2 3,6 4,0 4,4 4,8 5,2
O2 % vol. b.s.
21 21
Óleo
20 20
Óleo
19 19
18 18
17 17 GLP
16 GLP 16
15 15 GN
14 14
GN
13 13
0,0 0,6 1,2 1,8 2,4 3,0 3,6 4,2 4,8 5,4 0,0 0,6 1,2 1,8 2,4 3,0 3,6 4,2 4,8 5,4
onde:
PCS, PCI (kJ/m3; 1 atm, 60 oF): poder calorífico superior e inferior do gás
xj: fração molar do componente j
n: número total de componentes
PCSj, PCIj (kJ/m3; 1 atm, 60 oF): poder calorífico superior e inferior do componente j - valores
apresentados na norma ASTM 3588
Dispondo da composição elementar do combustível, o poder calorífico pode, também, ser bem
estimado através de correlações empíricas. Channiwala e Parikh 4, após uma análise exaustiva de
3
ASTM D 3588 - 1998 (reaffirmed in 2003) “Standard Practice for Calculating Heat Values,
Compressibility Factor, and Relative Density of Gaseous Fuels”.
4
Channiwala, S.A. and Parikh, P.P. “A Unified Correlation for Estimating HHV of Solid, Liquid and
Gaseous Fuels”, Fuel 81, 2002.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 38/197
A comparação do poder calorífico do gás natural com o poder calorífico de combustíveis que vêm
sendo substituídos no Brasil pelo gás é mostrada na tabela B8.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 39/197
B5. DENSIDADE
O conhecimento da densidade de um combustível gasoso é importante, seja porque é utilizada em
muitos cálculos de combustão, seja pela questão da segurança. No caso de vazamento, gases com
densidade superior à do ar atmosférico tendem a se acumular em partes baixas e os menos densos
em partes altas, e esse acúmulo em ambientes confinados ou mal ventilados pode atingir a condição
de inflamabilidade.
A densidade é calculada com base na composição do gás e na densidade dos seus constituintes pelas
expressões:
n
d= ∑x d j j dr = d / dar (11)
j=1
onde:
d (kg/m3): densidade absoluta do gás
5
Van Wylen, G.J. and Sonntag, R.E. “Fundamentos da Termodinâmica Clássica”, Editora Edgard Blucher
Ltda, São Paulo, 1970.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 40/197
d = dCH4 * xCH4 + dC2H6 * xC2H6 + dC3H8 * xC3H8 + dC4H10 * xC4H10 + dN2 * xN2 + dCO2 * xCO2
d = 0,72 * 0,89 + 1,34 * 0,06 + 1,97 * 0,018 + 2,59 * 0,01 + 1,25 * 0,007 + 1,96 * 0,015
d = 0,82 kg/m3n
dr = d / 1,29 = 0,64
(13)
3
Para o GLP, de maneira análoga: d = 2,28 kg/m n dr = d / 1,29 = 1,77
onde:
WSUP, WINF (kJ ou kcal/m3): índice de Wobbe superior e inferior do gás
PCS, PCI (kJ ou kcal/m3): poder calorífico superior e inferior do gás
dr: densidade do gás relativa ao ar atmosférico seco
T chama
adiabática o
Gás natural - ar e GN a 25 C
(o C)
2100
2000
1900
1800
1700
1600
0 1 2 3 4 5 6
O2 gases (% vol. b.s.)
T chama
adiabática Gás natural - queima estequiométrica
(o C)
2250
Tar
2200
2150
2100
TGN
2050
2000
0 50 100 150 200 250 300
TGN ou Tar (o C)
T chama
adiabática
Combustíveis - GN e GLP a 25 oC; óleo a 140 oC
(o C)
2250
2150
2050
óleo
1950
GN
1850
1750
GLP
1650
0 1 2 3 4 5 6
O2 gases (% vol. b.s.)
Figura B5. Temperatura de chama adiabática do gás natural, GLP e óleo combustível
B8. IGNIÇÃO
Na condição ambiente usual, P ~ 1 kgf/cm2 e T ~ 300 K, as misturas de gás natural ou GLP e
comburente (ar ou oxigênio) não reagem espontaneamente. Ou melhor dizendo, a taxa de reação é
extremamente baixa e seria necessário um tempo extremamente longo para consumir uma pequena
fração do combustível.
Na combustão propriamente dita, dada a ignição, as taxas de reação atingem valores muito elevados
e se processam até exaurir o combustível ou o comburente.
A figura B6 ilustra os conceitos apresentados aplicados para o metano, que é o elemento
preponderante no gás natural. Essa figura representa a evolução da temperatura dos gases de
combustão quando uma mistura estequiométrica de metano e ar a 50oC é admitida num reator cujas
paredes estão em quatro condições distintas de temperatura: 300, 600, 650 e 680 oC.
De outra forma: a ignição desencadeia a liberação de energia numa taxa muito elevada, o que
provoca o aumento da temperatura dos produtos de combustão, o que por sua vez aumenta a taxa de
reação, acelerando ainda mais o aumento de temperatura e o consumo do combustível.
A ignição, intencional ou não, envolve trocas de calor e de massa entre os produtos da combustão e
os reagentes e trocas de calor com o invólucro (contorno sólido, paredes). Nas trocas de calor, os
mecanismos se dão por radiação e condução e, nas trocas de massa, por difusão e convecção.
A denominação chama é empregada, em geral, quando a zona em que ocorre a combustão emite
radiação na faixa luminosa, mesmo quando for de baixa intensidade, como no caso da combustão
do hidrogênio.
Na combustão industrial, com a admissão contínua do fluxo de reagentes, deseja-se a constituição
de uma chama estável, que assim permanece enquanto não ocorrer interrupção deliberada, por
exemplo, corte na alimentação do combustível. Em algumas situações, entretanto, instabilidades
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 43/197
800
Tsup =680 [oC] Tsup =650 [oC]
700
Tsup =600 [oC]
600 Temperatura de ignição 580 oC
500
T1 (oC)
400
Tsup =300 [oC]
300
200
Mistura estequiométrica de metano e oxigênio
0
0
Figura B6. Evolução da temperatura 40 metano em
de 80espaço confinado,
120 160
em diferentes 200
condições de
temperatura de parede do espaço
t (s)
B8.1.1 Auto-ignição
As transformações químicas dos reagentes, combustível-comburente, podem ser quantificadas pela
taxa de reação, que é função crescente da temperatura.
Para baixas temperaturas, a liberação de energia devido à reação entre os reagentes é igual ou
inferior à energia dissipada para o meio, portanto as reações químicas continuam a ocorrer
lentamente sem elevação da temperatura. Entretanto, a partir de um certo valor da temperatura,
denominada temperatura de auto-ignição, a energia liberada excede a energia dissipada,
consequentemente a temperatura se eleva desencadeando intensa variação da taxa de reação,
ocorrendo a combustão.
Como tendência, pode-se afirmar que quanto maior o número de átomos de carbono na molécula do
combustível, menor a temperatura de auto-ignição.
Os valores de temperatura de auto-ignição fixados pela Petrobras para GN e GLP são6:
6
Petrobrás Distribuidora S.A. “Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico - FISPQ”, para GN
datado de 26/09/2002; para GLP, 18/03/2002.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 44/197
energia
(miliJoule)
2 limites
de
ignição
1 mistura
metano e ar
26 o C e 1 atm
0,5
0,2
2
4 6 8 10 12 14 16 18
metano (% vol.)
7
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT “Sistemas de Combustão - Controle e Segurança para
Utilização de Gases Combustíveis em Processos de Baixa e Alta Temperatura”, NBR 12313, set. 2000.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 45/197
Por exemplo, uma centelha de 0,2 miliJoule é insuficiente para provocar a ignição de qualquer
mistura metano-ar à pressão atmosférica e temperatura de 26 oC. Já a centelha de 1 miliJoule é
capaz de provocar a ignição da mistura metano-ar, desde que esta contenha de 6,0 a 11,5 % em
volume de metano.
A ignição forçada é influenciada pela pressão e temperatura da mistura reagente e, também, pelas
condições de contorno, pela própria fonte e pela condição de escoamento.
A influência das condições de contorno pode ser devida à natureza química das paredes, que podem
ser construídas com materiais refratários (óxidos, carbetos de silício etc.) ou metais (ferro, cobre
etc.), resultando em efeitos inibidores ou catalíticos e em diferentes trocas de calor entre as paredes
e a mistura reagente, ambos interferindo na taxa de reação.
Na Figura B9, uma frente de chama plana se propaga no interior de tubo no qual escoa uma mistura
combustível-comburente8. O diagrama mostra a evolução da temperatura e da concentração de
reagentes e produtos da combustão.
Na figura B9, da esquerda para a direita, a temperatura da mistura aumenta progressivamente à
medida que ela se aproxima da frente de chama até atingir a temperatura de ignição. A partir desse
ponto, no interior da frente de chama (zona de reação), a temperatura continua aumentando até que
se esgote um dos reagentes e a combustão se extinga. A concentração de reagentes evolui em
sentido inverso ao da temperatura, decresce continuamente no sentido do movimento da mistura até
que seja zero. A produção de produtos intermediários cresce e atinge um máximo no interior da
frente de chama, decaindo em seguida, até atingir a condição final de equilíbrio.
A frente de chama, acompanhada de emissão de radiação visível, propaga-se com uma velocidade
denominada velocidade de chama, ou de propagação de chama. O valor dessa velocidade é função
do tipo de combustível e seu teor na mistura, do comburente (ar ou oxigênio), da pressão e da
natureza do escoamento dos gases: laminar ou turbulento. De maneira geral, para um dado
hidrocarboneto, a velocidade é máxima para misturas ligeiramente subestequiométricas.
8
Lewis, B. and Von Elbe, G. “Combustion, Flames and Explosions of Gases”, Academic Press, 1961.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 46/197
Quando o escoamento dos gases é laminar, a chama é denominada chama laminar. Quando o
escoamento dos gases é turbulento, que é a condição da maioria das chamas industriais, a chama é
denominada chama turbulenta. Apesar disso, os diversos modelos para determinar o comportamento
das chamas turbulentas têm tido seu desenvolvimento atrelado à velocidade de chama laminar, que
é um importante parâmetro físico-químico da mistura combustível, porque contém informações
básicas referentes à difusividade, exotermicidade e reatividade.
O GN e o GLP têm velocidades de mesma ordem de grandeza, em torno de 0,35 a 0,45 m/s na
queima com ar e cerca de dez vezes mais na queima com oxigênio puro (para queima
estequiométrica e pressão atmosférica).
A tabela B10 mostra que qualquer mistura de GN e ar, cujo teor de GN esteja entre 6,5 e 17,0 %,
está em condições de flamabilidade. Isto é, no caso de existência de uma escorva (ignição), a
combustão se propaga para toda a mistura.
Para os combustíveis mostrados na tabela 10, a substituição do comburente - ar por oxigênio, pouco
afeta o limite inferior, já o superior aumenta em cerca de 4 e 5 vezes para o GN e o GLP,
respectivamente.
A pressão e a temperatura exercem significativa influência nos limites de flamabilidade. Por
exemplo, para o metano, e demais hidrocarbonetos parafínicos, o limite inferior cai linearmente
com a temperatura, chegando próximo de zero para temperaturas da ordem de 1300 oC.
A Figura B10 mostra que, para o gás natural, o limite inferior é decrescente com o aumento da
pressão - efeito pequeno, mas que o limite superior aumenta significativamente com a pressão na
faixa de 1 a 200 atm.
Figura B10. Limites de flamabilidade do gás natural a 25 oC, misturado com N2 em diferentes
proporções, em função da pressão
A presença de gases inertes como CO2, H2O, N2 e argônio funciona como um obstáculo à ignição,
afetando principalmente o limite superior, podendo a partir de certa participação atuar como
extintor da chama - fato ilustrado nas figuras B10 e B11.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 48/197
B11.1 Classificação
As chamas podem ser classificadas, quanto à descarga de combustível e comburente, em chamas de
difusão e pré-misturadas e, quanto aos mecanismos de transferência de massa e quantidade de
movimento, em chamas laminares e turbulentas.
Figura B12. Evolução do regime de uma chama de difusão com o aumento da velocidade no bocal
Na figura apresentada, a curva tracejada “2” delimita as regiões laminar e turbulenta da chama. À
medida que a chama se torna turbulenta, sua superfície de reação se torna efetivamente muito maior
que a da chama laminar, devido ao enrugamento provocado pelos vórtices. Isto é que explica o fato
do comprimento da chama não aumentar com o aumento da vazão no bocal, a partir do ponto em
que ela se torna inteiramente turbulenta. Quanto a aumentos posteriores da velocidade no bocal, não
representados na figura acima, eles provocam inicialmente um descolamento e, finalmente, o
apagamento da chama, como será visto mais à frente.
Existe um grande número de metodologias propostas para o cálculo do comprimento da chama,
levando a resultados ligeiramente diferentes, porém um ponto no qual todos os autores concordam é
quanto à sua definição:
“O comprimento de uma chama é a abscissa, medida ao longo do eixo a partir do bocal de descarga
do jato de combustível, na qual a fração mássica, ou molar, do combustível na mistura não reagida é
igual ao valor estequiométrico”.
O cálculo do comprimento da chama requer, além da escolha de um dos conjuntos de equações
propostas, o conhecimento de uma série de parâmetros do processo, tais como: composição e
propriedades do gás combustível e do comburente, e condições de entrada no queimador (pressão,
temperatura, vazão); diâmetros dos dutos de entrada de gás e ar, e da fornalha.
Para exemplificar, segue-se o cálculo do comprimento de uma chama de gás natural, para
velocidades do ar no bocal de descarga variando entre 10 e 50 m/s (os valores usualmente
empregados em queimadores se situam na faixa 20 a 40 m/s).
1) Processo: chama obtida a partir de jatos coaxiais de gás natural e ar no interior de uma fornalha
cilíndrica (raio igual a 0,5 m), na qual a pressão absoluta é igual a pressão ambiente (0,92 bar) e a
potência total liberada é de 437 kW.
2) Dados relativos ao jato coaxial de ar:
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 51/197
Pressão de estagnação do gás a montante do bocal de descarga: 0,13 kgf/cm2 efetiva (106497 Pa
absoluta)
Temperatura de estagnação do gás a montante do bocal de descarga: 298 K (25 ºC)
Diâmetro do bocal: 0,01 m
Coeficiente de descarga do bocal (Cd): 0,8
Vazão de gás natural descarregada pelo bocal (m1): 0,0084 kg/s (30,26 kg/h)
Densidade do gás à saída do bocal: 0,7153 kg/m3
Temperatura do gás à saída do bocal: 289 K
Velocidade do gás no bocal de descarga: 187 m/s
3) Dados relativos ao jato coaxial de ar:
Pressão do ar no bocal de descarga: 93325 Pa absoluta
Temperatura do ar no bocal de descarga: 298 K (25 ºC)
Diâmetro do bocal: variável - para manter constante a relação ar/combustível
(λ = 1,07), o raio do bocal anular de ar foi coerentemente variado entre 0,066 e 0,029 m
Vazão de ar descarregada pelo bocal: 0,147 kg/s (530 kg/h) ~ λ=1,07 - esse valor será mantido
constante
Densidade do ar à saída do bocal: 1,091 kg/m3
Velocidade do ar no bocal de descarga: variável (50, 40, 20, 10 m/s)
4) Metodologia utilizada: conjunto de equações propostas por Stambuleanu9 e modificadas por
Sousa10.
5) Resultados: mostrados na figura B13.
comprimento
de chama (m) Jatos coaxiais gás natural e ar
1,6
1,2
0,8
0,4
0,0
0 10 20 30 40 50 60
velocidade do jato de ar (m/s)
9
Stambuleanu, A. “Flame Combustion Processes in Industry”, Abacus Press, 1976.
10
Sousa, F.D.A. “Combustão de Gases”, Apostila do curso de Combustão Industrial do IPT, 2007.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 52/197
A título de comparação, para os mesmos parâmetros adotados na figura B13, a tabela B11 mostra o
valor calculado do comprimento de chama do gás natural comparativamente aos obtidos para o GLP
e para o H2.
Tabela B11. Comprimento de chama do gás natural, GLP e H2
Para altos valores de S, a chama fica tão curta que se transforma numa chama mural (forma de uma
margarida junto à parede da câmara de combustão). Os queimadores murais utilizados em tetos
planos de fornos de alta temperatura (por exemplo, fornos de reaquecimento de placas para
laminação), utilizam essa técnica.
A figura B15 mostra chamas obtidas numa fornalha de testes horizontal, com mesmo combustível,
mesma potência e mesma estequiometria, porém com diferentes índices de swirl. A figura mostra
que, quando o índice de swirl é aumentado, além da redução do comprimento, a forma da chama
evolui da forma de um “pincel” para a forma de uma “cebola”.
Numa caldeira fogotubular, que tipicamente são equipadas com câmaras de combustão (tubulões)
de diâmetro reduzido e comprimento bastante grande (relação comprimento/diâmetro ~ 5), o
queimador, instalado numa das extremidades do tubulão, deve operar com índices de swirl baixos
para evitar que a chama incida na superfície cilíndrica interna do tubulão. Os valores normalmente
empregados estão entre 0,2 e 0,3.
RECIRCULAÇÃO
AR EXTERNO REGIÃO DE DE GASES
ARRASTADO ARRASTE
PELO JATO DO AR
VAZÃO = ma EXTERNO
α D
BOCAL DE
DESCARGA DO
JATO
DIÂMETRO = d0
VAZÃO = m0
ÁREA ABERTA
Thring11 propôs o adimensional “θ” para definir o padrão do escoamento no interior do cilindro,
sendo que quanto maior “θ”, menor a vazão recirculada. O adimensional é definido pela seguinte
expressão:
ma + m0 d 0
θ= * (17)
m0 D
A análise da expressão (17) permite concluir que a vazão recirculada aumenta quando:
- a vazão de ar arrastada (“ma”) diminui (por exemplo, por ventilador; limitada pela estequiometria);
- a vazão de descarga do jato (“m0”) aumenta;
- o diâmetro da câmara aumenta (“D”) aumenta e
- o diâmetro do bocal do jato diminui (“d0”).
A figura B17 traz o valor de “θ” para diferentes padrões de escoamento, segundo Curtet12.
11
Thring, M.W. and Newby, M.P. “Combustion Length of Enclosed Turbulent Jet Flames”, 4th International
Symposium on Combustion, 1953.
12
Curtet, R. and Barchilon, M. “Some Details of the Structure of an Axisymmetric Confined Jet with
Backflow”, Transactions of the ASME - Journal of Basic Engineering, 1964.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 55/197
Perfis de velocidade:
metade inferior
Θ = 0,152
Θ = 0,305
ma + m0 d 0 *
θS = * (18)
m0 D
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 56/197
onde:
d0* = d0 * (1 + S)-0,5 (19)
S: índice de swirl
Observa-se na expressão (19) que “d0*” é menor do que “d0” (diâmetro do bocal de descarga) e,
uma vez fixados os demais parâmetros, o valor de “θS” do jato com rotação será menor que o
correspondente jato axial, ou seja, o jato com rotação provoca maior recirculação externa que o jato
axial.
U 0
1, 5
h C2 *0 * 2 0 *
(20)
S L,max a
onde:
h (m): distância de descolamento da chama
SL,max (m/s): velocidade de chama da mistura ar-combustível na condição estequiométrica, para as
condições de pressão e temperatura que essa mistura atingiria antes da reação
ט0 (m2/s): viscosidade cinemática do gás combustível na condição de saída do bocal
U0 (m/s): velocidade do gás à saída do bocal
ρ0 (kg/m3): densidade do gás à saída do bocal
ρa (kg/m3): densidade do meio que circunda o jato (ar)
C2 (adim.) = 50 (constante)
13
Kalghatgi, G. “Lift-Off Heights and Visible Lengths of Vertical Turbulent Jet Diffusion Flames in Still
Air”, Combustion Science and Technology, 1984, vol. 41.
14
Kalghatgi, G. “Blow-Out Stability of Gaseous Jet Diffusion Flames. Part I: In Still Air”, Combustion
Science and Technology, 1981, vol. 26.
15
Kalghatgi, G. “Blow-Out Stability of Gaseous Jet Diffusion Flames. Part II: Effect of Cross Wind”,
Combustion Science and Technology, 1981, vol. 26.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 57/197
16
Turns, S.R. “An Introduction to Combustion - Concepts and Applications”, Mc-Graw Hill International
Editions, 2000.
17
Broadwell, J.E., Dahm, W.J.A. and Mungal, M.G. “Blowout of Turbulent Diffusion Flames”, 20th
Symposium (International) on Combustion, The Combustion Institute, pp. 303-310, 1984.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 58/197
Mistura
muito
rápida
Produtos de
combustão -
quentes
Figura B18. Representação esquemática da mistura entre gases do entorno (quentes) e a mistura do
interior do jato (fria)
1/ 2
ρ
d0 * ( 0 ) * (1 + υ) * S2L
ρa
U b .o . = (21)
ε crit * α
onde:
Ub.o. (m/s): velocidade de combustível a partir da qual a chama se apaga (“blowout”)
d0 (m): diâmetro do bocal
ρ0 (kg/m3): densidade do gás à saída do bocal
ρa (kg/m3): densidade do meio que circunda o jato (ar)
ט0 (m2/s): viscosidade cinemática do gás combustível na condição de saída do bocal
SL (m/s): velocidade de chama da mistura ar-combustível
εcrit (adim.): número de Damköhler crítico
α (adim.): no de moles de reagentes dividido pelo no de moles de produtos na condição
estequiométrica
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 59/197
Recirculação
de gases
quentes para
trás, a jusante
da barra
h
(“lift-off” alto) Barra inserida
perpendicularmente
ao jato
BOCAL BOCAL
Lança injetora de
combustível
Tubo-guia
da lança
de gás
θ
Para essa configuração, o índice de swirl pode ser calculado, de forma aproximada, pela expressão:
2 1 a3
S *
* tg
3 1 a2 (22)
onde:
a (adim.) = r1 / r2 (vide figura B21)
Para a < 0,5, ou seja, r1 < (0,5 * r2), o valor de “S” praticamente fica independente de “a”, sendo
expresso por:
2
S * tg (23)
3
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 62/197
Os valores de “S” em função de “θ”, da expressão (23), estão mostrados na tabela B14.
Tabela B14. Índice de swirl versus “θ” para a geometria da figura B21
θ (em graus) 15 30 45 60 70 80
S 0,2 0,4 0,7 1,2 2,0 4,0
Um dispositivo mais sofisticado para a introdução de rotação no escoamento de ar, muito usual em
queimadores de caldeiras de maior porte, é mostrado na figura B22.
Lança
de gás
Pás
diretrizes
Ar com de posição
rotação
regulável
saindo do
(swirl
bocal do
variável)
queimador
Detalhes de como calcular o índice de swirl para geometrias diversas podem ser vistos em Gupta18.
A introdução de rotação no escoamento efluente do bocal de um queimador, além dos efeitos na
estabilização da chama, leva a outros efeitos, a saber:
aumento da recirculação externa ao jato;
aumento do ângulo de abertura do jato;
surgimento de uma zona de recirculação central interna, na qual o sentido da velocidade axial é
para trás;
redução do comprimento da chama;
modificação da forma da chama - “pincel” para “cebola” e
modificação do perfil de fluxo de calor no invólucro da chama - reduz a uniformidade do perfil e
aproxima o fluxo máximo de calor do bocal do queimador.
18
Gupta, A.K., Lilley, D.G. and Syred, N. “Swirl Flows”, Abacus Press, Massachussets, 1984.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 63/197
C1. INTRODUÇÃO 64
C2. CALDEIRAS 64
C3. CALDEIRA FOGOTUBULAR 66
C3.1 Caldeira 67
C3.2 Ventilador de ar de combustão 69
C3.3 Sistemas de controle de demanda e do excesso de ar de combustão 70
C3.4 Queimador 72
C3.5 Preaquecedor de água (economizador) e de ar de combustão 78
C4. GERADOR DE ÁGUA QUENTE 81
C5. AQUECEDOR DE FLUIDO TÉRMICO 82
Figuras
Figura C1. Fotos de caldeiras fogotubulares 66
Figura C2. Caldeira fogotubular de “três passes” 68
Figura C3. Configurações de caldeiras fogotubulares 69
Figura C4. Exemplo de um sistema gerenciador de combustão 71
Figura C5. Exemplo de um sistema supervisório de caldeira 72
Figura C6. Queimadores de caldeira fogotubular 73
Figura C7. Queimadores de gás de caldeira 74
Figura C8. Queimadores de gás típicos de caldeira fogotubular 75
Figura C9. Queimadores mistos (gás-óleo) de caldeira 76
Figura C10. Queimador misto (gás-óleo) típico de caldeira 77
Figura C11. Vista interna de um queimador misto 77
Figura C12. Economizadores e serpentina com aletas espiraladas 79
Figura C13. Tela de programa de cálculo de parâmetros operacionais de caldeira, sem
80
economizador instalado
Figura C14. Tela de programa de cálculo de parâmetros operacionais de caldeira, com
81
economizador instalado
Figura C15. Geradores de água quente 82
Figura C16. Aquecedores de fluido térmico 83
Figura C17. Esquema de sistema de fluido térmico e aquecedor comercial 83
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 64/197
C1. INTRODUÇÃO
Este capítulo tratará quase exclusivamente de caldeiras fogotubulares, porque são as preponderantes
na área de concessão da Comgás (82 %, incluindo-se os geradores de água quente). Serão
considerados seus principais componentes, principalmente nos aspectos que estão sendo tratados no
Manual: economia de combustível, conversão de caldeiras para gás natural e emissão de poluentes.
No livro “Geradores de Vapor”19, podem-se encontrar informações detalhadas sobre caldeiras e
acessórios.
C2. CALDEIRAS
No caso mais comum, a caldeira é um trocador de calor onde há a transferência de calor dos gases
quentes - produzidos pela queima de um combustível - para a água. A água, ao receber calor,
aquece-se e vaporiza-se (daí o nome “caldeira de vapor”, “gerador de vapor” ou, simplesmente,
“caldeira”).
Numa caldeira, todo o calor fornecido à água pela queima do combustível serve, inicialmente, para
aumentar sua temperatura. Ao calor associado à elevação da temperatura da água, dá-se o nome de
“calor sensível”. Atingida a temperatura de vaporização – na pressão de operação da caldeira – todo
o calor adicional fornecido é utilizado para vaporizar a água. Essa parcela do calor recebe o nome
de “calor latente”.
Se o vapor obtido na vaporização apresenta ausência de líquido, seu título é igual a “1” e a esse
vapor se dá o nome de “vapor saturado seco”. Se a esse vapor ainda for transferido mais calor, isso
fará aumentar sua temperatura (calor sensível), provocando seu superaquecimento (“vapor
superaquecido”).
Alternativamente ao aquecimento e vaporização da água, existem equipamentos onde:
a água não vaporiza, apenas aumenta de temperatura - “gerador de água quente”;
a água é substituída por um fluido térmico - “aquecedor de fluido térmico”;
o calor recebido provém de gases ou líquidos aquecidos, efluentes de processos industriais ou de
geração de energia elétrica (turbinas) - “caldeira de recuperação”;
o calor recebido provém da dissipação da energia elétrica - “caldeira elétrica” e
o calor recebido provém da conversão da energia nuclear em energia térmica - “reator/gerador
nuclear”.
O termo caldeira é, em geral, utilizado não apenas para designar o trocador de calor propriamente
dito, mas o conjunto de acessórios e componentes que o compõe, ou seja: queimador, ventiladores
de insuflamento e exaustão, preaquecedores de ar e água, instrumentação, sistema de limpeza dos
gases etc.
As caldeiras podem ser classificadas de acordo com a publicação do Senai20:
classe de pressão;
19
Pera, H. “Geradores de Vapor: Um Compêndio sobre a Conversão de Energia com Vistas à Preservação da
Ecologia”, Editora Fama S/C Ltda., 2a edição, 1990.
20
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI “Segurança na Operação de Caldeiras”, SENAI-
SP, 1999.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 65/197
De acordo com a posição dos gases quentes e da água, identificam-se três tipos de caldeiras:
Caldeiras fogotubulares, flamotubulares, flamatubulares, pirotubulares, de tubos de fogo ou de
tubos de fumaça. Os gases de combustão são gerados em um tubo principal - fornalha (duas
fornalhas, em caldeiras de maior porte), onde fica o queimador, fluem por um conjunto de tubos e
saem pela chaminé. À medida que os gases escoam, vão transferindo calor à água/vapor contida no
corpo da caldeira, que envolve todos os tubos. Elas produzem, tipicamente, vapor saturado;
havendo necessidade de vapor superaquecido, utiliza-se um superaquecedor separado do corpo do
gerador de vapor, com um queimador independente.
Caldeiras aquotubulares, aquatubulares, de tubos de água ou de paredes de água. Os gases,
igualmente gerados na fornalha, fluem por largas passagens, até atingir a chaminé, trocando calor
com a água/vapor que escoa por tubos localizados junto às paredes internas da caldeira e por tubos
suspensos/imersos nos canais por onde passam os gases.
Caldeiras mistas. São caldeiras fogotubulares que possuem ante-fornalha com parede de água.
Normalmente são projetadas para a queima de combustível sólido.
23
Aalborg Industries S.A. (www.aalborg-industries.com.br); Steammaster Equipamentos Térmicos Ltda.
(www.caldeiras.com); Tenge Industrial S.A. (www.tenge.ind.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 67/197
C3.1 Caldeira
As trocas de calor na caldeira ocorrem em sua câmara principal ou fornalha (zona de radiação) e
nos tubos de passagem dos gases (zona de convecção) preponderantemente por radiação e
convecção, respectivamente. A temperatura dos gases na saída de cada uma dessas zonas dá uma
medida da eficiência da troca de calor - quanto menor é a temperatura, maior é a eficiência da troca.
Na fornalha, onde fica o queimador, desenvolve-se a chama e são gerados gases. Conforme a
concepção da caldeira, os gases seguem dois caminhos básicos:
atravessam a fornalha e seguem para a zona de convecção; diz -se que a caldeira possui “um
passe na radiação” ou
vão pelo centro da fornalha até o seu final e retornam, junto à parede da fornalha, até próximo ao
queimador, de onde seguem para a zona de convecção - “dois passes na radiação”.
Na zona de convecção, os gases podem passar uma única vez, duas vezes e, em alguns
equipamentos mais recentes, três vezes. Diz-se, então, que a caldeira possui “um, dois ou três
passe(s) na convecção”.
No entanto, na denominação mais usual, diz-se que a caldeira possui “um, dois, três ou quatro
passe(s)”, subentendendo-se “um passe na radiação” e “um, dois ou três passe(s) na convecção”.
Quando o “segundo passe” é na radiação, o que é menos comum, costuma-se mencionar
explicitamente essa característica.
Entre as caldeiras instaladas, o tipo mais encontrado é o mostrado na figura C2, ou seja, uma
caldeira de “três passes”. A colocação de um “quarto passe” é considerada uma inovação
tecnológica, que pode implicar em economia de combustível, como será visto num item adiante. O
fabricante de uma caldeira com essa característica, afirma que o “quarto passe” leva à redução de
cerca de 10 oC na temperatura dos gases na chaminé.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 68/197
No tipo mais comum - um passe na radiação, os gases deixam a fornalha pela traseira da caldeira e
entram no primeiro feixe de tubos, ou no único feixe de tubos no caso de haver um único passe na
convecção. Na região traseira da caldeira, transição entre as zonas de radiação e convecção,
denominada “câmara de reversão”, os gases estão a temperaturas relativamente altas, o que pode
trazer problemas com soldas e materiais na entrada da convecção. Para resolver esse problema
alguns fabricantes de caldeira alteraram a concepção tradicional, onde material refratário é colocado
na traseira (“câmara de reversão refratada”, “traseira seca”, “dry back”) por uma inovação que
consiste em substituir o refratário por uma parede dupla onde circula água (“câmara de reversão
refrigerada”, “CRB - câmara de retorno banhada”, “câmara de reversão imersa em água”, “traseira
úmida”, “wet back”).
Algumas inovações nos equipamentos mais recentes visando à melhora nas trocas de calor
consistem no emprego de fornalhas corrugadas e tubos de água espiralados ou helicoidais.
A figura C3 apresenta esquemas de algumas das configurações mencionadas24.
24
Lagemann, V. “Módulo I: Caldeiras, Equipamentos Recuperadores de Calor, Operação de Caldeiras”,
Apostila do Curso “Geração e Distribuição de Vapor”, IBP, 2003.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 69/197
Nas caldeiras fogotubulares instaladas ainda predomina o emprego de sistemas de cames, ou varões,
para o ajuste do ar de combustão. Nas novas, a operação do ventilador, com inversor de freqüência,
segue uma curva ar-combustível pré-ajustada pelo fabricante da caldeira ou do queimador. Menos
comum, mas que já vem sendo fornecido sob encomenda, é o sistema de controle que permite o
ajuste fino da curva ar-combustível com base na indicação de um analisador contínuo de oxigênio
instalado na chaminé.
Queimadores mais modernos já vêm dotados de gerenciamento de combustão digital, que permite
operação permanente em condições otimizadas e supervisão à distância por controle remoto, com
diagnóstico e correção de problemas. Permite também, quando disponível, o uso do teor de O2 na
lógica do controle. A figura C4 mostra um desses sistemas disponível no mercado 25. Caldeiras mais
recentes trazem, também, sistema supervisório semelhante, que envolve não apenas o conjunto de
queima, mas a operação de todo o equipamento. A figura C5 ilustra isso26.
Em geral, por questões de segurança, é vedado, ou não recomendado, ao operador da caldeira o
ajuste do sistema de cames ou a modificação da curva ar-combustível. O mais comum é o fabricante
da caldeira ou do queimador, ou eventualmente empresas de prestação de serviços especializadas,
comparecer à instalação, periodicamente ou sob solicitação, e reajustar, se necessário, a relação ar-
combustível da caldeira.
25
Weishaupt do Brasil Indústria e Comércio Ltda. (www.weishaupt.com.br).
26
Aalborg Industries S.A. (www.aalborg-industries.com.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 71/197
analisador
de O2
entrada de
gás
entrada de
ar
inversor de
freqüência
gerenciador sistema de
de supervisão e
combustão visualização
sistema de supervisão e
visualização
Figura C4. Exemplo de um sistema gerenciador de combustão
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 72/197
C3.4 Queimador
Dois tipos de queimadores de gás são apresentados:
Atmosféricos ou com suprimento de ar induzido - são queimadores que não requerem introdução
de ar por meios mecânicos (ventilador/exaustor), onde a introdução do ar de combustão diretamente
da atmosfera ocorre por arraste ou difusão.
De circulação forçada ou com suprimento de ar forçado - são queimadores que requerem o uso
de máquina de fluxo (ventilador).
27
Queimadores PFF Ltda. (www.oertlipff.com.br); Kei-Tek Equipamentos Industriais Ltda. (www.kei-
tek.com).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 73/197
monobloco duobloco
monobloco duobloco
28
Poulallion, P. “Manual do Gás Natural”, Coleção José Ermírio de Morais, Editado pelo Conselho para
Assuntos de Energia (COASE) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 1986.
29
Weishaupt do Brasil Indústria e Comércio Ltda. (www.weishaupt.com.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 74/197
30
Greco, C. “Combustão de Gases”, Apostila utilizada em aulas ministradas na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (USP).
31
Lagemann, V. “Módulo II: Combustíveis e Combustão”, Apostila do Curso “Geração e Distribuição de
Vapor”, IBP, 2003.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 76/197
Injeção de gás através de um anel Injeção de gás através de uma coroa perfurada
Injeção de gás através de braços radiais Injeção de gás através de múltiplas lanças
perfurados
A figura C11 mostra a vista interna de um queimador misto instalado, com entradas de ar primário e
secundário32.
quatro lanças
de gás
Queimadores especiais para gás, concebidos para proporcionar baixas taxas de produção de NOx
(“low NOx burners”), são tratados no capítulo “Emissão de Poluentes Atmosféricos”.
32
Relatório Técnico IPT no 83669-205 “Desenvolvimento de Metodologia para Análise de Conversão de
Equipamentos Industriais para Gás Natural”, 02/2006.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 78/197
Economizadores que acompanham caldeiras fogotubulares novas são, em geral, bastante compactos
e se localizam imediatamente após a saída dos gases, na parte frontal ou na traseira da caldeira,
dependendo do número de passes dos gases de combustão. A figura C12 apresenta fotos de
economizadores e de serpentina com aletas espiraladas soldadas, e esquema de um deles montado
em caldeira com três passes dos gases33.
33
Aalborg Industries S.A. (www.aalborg-industries.com.br); Tenge Industrial S.A. (www.tenge.ind.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 79/197
34
Aalborg Industries S.A. (www.aalborg-industries.com.br); Tenge Industrial S.A. (www.tenge.ind.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 80/197
Os aquecedores de água podem ter diferentes concepções, porém, em sua maioria, assemelham-se a
caldeiras fogotubulares. A figura C15 mostra fotos e desenhos esquemáticos de algumas opções
existentes no mercado nacional35.
gases
GN
35
TEC - Tecnologia em Calor Ltda. (www.teccalor.com.br); Tenge Industrial S.A. (www.tenge.ind.br).
36
Pera, H. “Geradores de Vapor: Um Compêndio sobre a Conversão de Energia com Vistas à Preservação da
Ecologia”, Editora Fama S/C Ltda., 2ª edição, 1990.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 83/197
Os aquecedores de fluido térmico operam em circuito fechado. Na figura C17 é mostrado, como
exemplo, um sistema de fluido térmico aplicado ao aquecimento de um reator17. Na figura é
mostrado, também, um aquecedor comercial37.
câmara retangular
câmara circular
Figura C16. Aquecedores de fluido térmico
37
Tenge Industrial S.A. (www.tenge.ind.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 84/197
D1. INTRODUÇÃO 85
D2. SISTEMAS DE COMBUSTÃO DE GÁS 86
D3. SISTEMAS COMERCIAIS DE COMBUSTÃO DE GÁS 91
D4. DETECTORES DE GÁS NATURAL 93
Figuras
Figura D1. Sistema típico de combustão de gás para equipamento de baixa temperatura -
86
NBR12313
Figura D2. Sistema típico de combustão de gás - NFPA 85 87
Figura D3. Sistema de ignição típico para sistema de combustão de gás - NFPA 85 87
Figura D4. Diagrama de blocos típico da sequência de partida de sistema de combustão de
88
gás
Figura D5. Cavaletes de gás (I) 92
Figura D6. Cavaletes de gás (II) 93
Figura D7. Detectores estacionários de gás natural 93
Figura D8. Detectores portáteis de gás natural 94
Tabelas
Tabela D1. Algumas empresas no Brasil que fornecem sistemas de combustão de gás 91
Tabela D2. Algumas empresas no Brasil que fornecem detectores de gás 94
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 85/197
D1. INTRODUÇÃO
As instalações para armazenagem, distribuição e consumo de quaisquer combustíveis deverão
sempre inspirar cuidados. Porém, em se tratando de gases combustíveis, os cuidados deverão ser
redobrados devido à facilidade de se expandirem e se misturarem com o comburente, normalmente
o ar atmosférico.
O projeto, as especificações, a execução e os testes das instalações para gases combustíveis devem
atender obrigatoriamente às exigências mínimas impostas pelas normas brasileiras da ABNT, às
quais poderão ser adicionadas exigências dos poderes públicos, de acordo com as características
locais. No caso da impossibilidade do cumprimento das normas, a opção gás deverá ser substituída
por outro energético.
As ocorrências mais importantes a serem evitadas nas instalações de gás são:
Misturas inflamáveis gás-ar ou gás-oxigênio.
Fontes de ignição e de calor.
Proximidade de comburentes e outros combustíveis.
Pressões inadequadas.
As misturas inflamáveis podem ocorrer em muitas situações, sempre que houver fuga de gás para o
ar atmosférico, geralmente em conseqüência de:
Vazamento.
Abertura de dispositivos de segurança contra pressão excessiva.
Ruptura de diafragma de reguladores de pressão.
Purga de equipamentos, tubulações, mangueiras.
Nas fugas de gás que ocorrem em ambientes abertos e bem ventilados, como preconizam as normas,
os riscos são mínimos. Os gases combustíveis se diluem rapidamente na atmosfera fazendo com que
a mistura fique pobre em combustível e, portanto, abaixo do limite inferior de flamabilidade.
Portanto, todas as fontes de ignição e de calor, bem como comburentes e outros combustíveis,
devem ser afastados dessa área.
O grande perigo na utilização de gases combustíveis é o confinamento de misturas gás-ar ou gás-
oxigênio cujas proporções estejam dentro da região de flamabilidade. Ocorrendo uma condição de
ignição, a mistura irá se inflamar, provocando incêndio ou explosão, dependendo do grau de
confinamento da mistura38.
Conforme visto no capítulo “Combustão de Gases”, os limites inferior e superior de flamabilidade
da mistura gás natural-ar são 6,5 e 17,0 % em volume, respectivamente, o que significa que somente
dentro desse campo de flamabilidade há a possibilidade da mistura se inflamar. Abaixo do limite
inferior a mistura é pobre em combustível e não se inflama, o que também ocorre acima do limite
superior, onde a mistura é rica.
No mesmo capítulo do Manual foi visto, também, que, mesmo estando dentro da região de
flamabilidade, para uma mistura se inflamar é necessária uma condição de ignição: centelha, faísca,
Costa, F. “Gás Natural e GLP: Combustíveis Seguros e Ecológicos”, Krona - Consultoria e Projetos Ltda.,
38
www.krona.srv.br.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 86/197
chama aberta, ou que a temperatura da mistura ultrapasse a de auto-ignição que, no caso da mistura
gás natural-ar, é da ordem de 580 oC à pressão atmosférica.
Figura D1. Sistema típico de combustão de gás para equipamento de baixa temperatura -
NBR12313
39
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT “Sistemas de Combustão - Controle e Segurança para
Utilização de Gases Combustíveis em Processos de Baixa e Alta Temperatura”, NBR 12313, set. 2000.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 87/197
A tarja azul no fluxograma apresentado dificulta a visualização de algumas de suas partes. Para
contornar isso e considerando que a norma BR 12313 foi elaborada com base na norma NFPA 8540,
apresentam-se as figuras D2 e D3 que mostram fluxogramas extraídos da norma NFPA 85. Na BR
12313 os dois fluxogramas da NFPA 85 estão representados em um único.
Figura D3. Sistema de ignição típico para sistema de combustão de gás - NFPA 85
40
National Fire Protection Association – NFPA “Boiler and Combustion Systems Hazards Code”, NFPA 85,
2004 edition.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 88/197
(continua)
Figura D4. Diagrama de blocos típico da sequência de partida de sistema de combustão de gás
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 89/197
(continua)
Figura D4. Diagrama de blocos típico da sequência de partida de sistema de combustão de gás
(continuação)
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 90/197
Figura D4. Diagrama de blocos típico da sequência de partida de sistema de combustão de gás
(continuação)
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 91/197
41
Weishaupt do Brasil Indústria e Comércio Ltda. (www.weishaupt.com.br); Queimadores PFF Ltda.
(www.oertlipff.com.br); TEC - Tecnologia em Calor Ltda. (www.teccalor.com.br); Conai Equipamentos
Industriais Ltda. (www.conai.com.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 92/197
* O queimador inicia com carga de ignição, através do ajuste da borboleta de gás (6) ou
através de um dispositivo de ignição adicional
Weishaupt
PFF
Figura D5. Cavaletes de gás (I)
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 93/197
42
Confor Instrumentos de Medição Ltda. (www.confor.com.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 94/197
O detector portátil de gás foi projetado para localizar vazamentos em tubulações, registros,
conexões etc. A figura D8 ilustra instrumentos desse tipo43.
43
Confor Instrumentos de Medição Ltda. (www.confor.com.br); White Instrumentos de Medição e Controle
Ltda. (www.whitegas.com.br).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 95/197
E1. INTRODUÇÃO 97
E2. CÁLCULO DE RENDIMENTO DA CALDEIRA 98
E2.1 Potência fornecida 98
E2.2 Potência útil 99
E2.3 Potência não aproveitada 101
E2.3.1 Potência não aproveitada associada aos gases de combustão 101
E2.3.2 Potência não aproveitada associada às trocas de calor entre as superfícies externas dos
103
equipamentos e outros elementos, e o ar ambiente
E2.3.3 Total da potência não aproveitada 103
E2.4 Método direto 103
E2.4.1 Vazão de gás natural sem medição 103
E2.4.2 Vazão de vapor saturado e de água de alimentação sem medição 104
E2.5 Método indireto 104
E2.5.1 Vazão de gases de combustão sem medição 105
E2.5.2 Vazão de gás natural sem medição 105
E2.5.3 Vazão de vapor saturado e de água de alimentação sem medição 108
E2.6 Método simplificado 108
E2.7 Influência de parâmetros 108
E2.7.1 Excesso de ar e temperatura dos gases de combustão 108
E2.7.2 Potência de operação e porte da caldeira 110
E2.7.3 Temperatura do ar de combustão 112
E2.7.4 Temperatura da água de alimentação 114
E2.7.5 Teor de CO dos gases de combustão 115
Figuras
Figura E1. Fluxograma simplificado da caldeira 97
Figura E2. Potência perdida para o meio ambiente 106
Figura E3. Efeito do excesso de ar e da temperatura dos gases de combustão no rendimento 109
Figura E4. Efeito da temperatura da água de alimentação no rendimento 114
Figura E5. Efeito da concentração de CO dos gases de combustão no rendimento 115
Tabelas
Tabela E1. Entalpia do vapor de água 100
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 96/197
Tabela E2. Valores utilizados na estimativa da potência perdida para o meio ambiente 107
Tabela E3. Efeito do excesso de ar (1.000 kg/h vapor) 110
Tabela E4. Efeito da potência de operação (1.000 kg/h vapor) 111
Tabela E5. Efeito da potência de operação (15.000 kg/h vapor) 112
Tabela E6. Efeito do preaquecimento do ar (1.000 kg/h vapor) 113
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 97/197
E1. INTRODUÇÃO
De maneira simplista, define-se rendimento térmico, ou eficiência térmica, da caldeira como sendo
a fração da potência liberada na câmara de combustão que é transferida ao fluido de trabalho (água).
Não há metodologia normalizada no Brasil para cálculo do rendimento de caldeiras. Costuma-se
utilizar normas de outros países, geralmente dos Estados Unidos44 ou da Alemanha45, que serão
designadas no Manual simplesmente por “norma ASME” e “norma DIN”, respectivamente. A
metodologia de cálculo apresentada a seguir, é baseada nessas normas e está aplicada a uma
caldeira fogotubular, operando com gás natural, dotada de preaquecedores (ar e água) e que produz
vapor saturado. Na figura E1, apresenta-se fluxograma simplificado dos principais fluxos de água,
vapor, ar, combustível e gases de combustão da caldeira. No fluxograma:
_ A linha pontilhada representa as fronteiras do objeto de estudo. O objeto de estudo considerado é
comumente denominado de volume de controle (VC) na literatura técnica. A fronteira de um
volume de controle é cruzada pelas assim denominadas correntes materiais, através das quais entra
ou sai matéria para o VC.
_ A bomba de água e o ventilador de ar de combustão estão fora do volume de controle, ou seja, não
serão consideradas no cálculo de rendimento as parcelas de energia elétrica referentes ao
acionamento desses equipamentos.
gases de
vapor água ar combustão
volume de
controle
bomba ventilador
Gás
natural Preaquecedor Preaquecedor
Caldeira
de água de ar
44
The American Society of Mechanical Engineers (ASME) “Fired Steam Generators”, ASME PTC 4, 1998.
45
Deutsches Institut für Normung e.V. (DIN) “Acceptance Testing of Steam Generators”, DIN 1994-02
(updated version of the DIN 1942).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 98/197
Ef = Eu + P (1)
onde:
Ef (kJ/h): potência fornecida à caldeira
Eu (kJ/h): potência útil absorvida pela água
P (kJ/h): potência não aproveitada
ηMD = Eu / Ef (2)
onde:
ηMD (adim.): rendimento térmico pelo método direto
onde:
ηMI (adim.): rendimento térmico pelo método indireto
No cálculo do rendimento da caldeira pelo método direto, ou pelo indireto, é necessário que seja
definido qual poder calorífico do combustível será utilizado, o superior (PCS) ou o inferior (PCI)
Para uma mesma situação, os valores de rendimento calculados com base no PCI e no PCS são
diferentes. No método proposto pela norma ASME é utilizado o PCS, enquanto o PCI é empregado
na metodologia apresentada pela norma DIN.
Nos cálculos de rendimento mostrados adiante será utilizado o PCI. Portanto, nas equações
apresentadas nos itens seguintes, deve-se entender que ηMD ou ηMI são calculados com base no PCI.
Será considerado: PCIGN = 47.168 kJ/kg (capítulo B do Manual).
Tendo-se calculado o rendimento base PCI, pode-se obter o rendimento base PCS, multiplicando-se
o valor encontrado pelo PCI e dividindo-se pelo PCS. O valor do PCS do gás natural, calculado
anteriormente (capítulo B do Manual), é de 52.215 kJ/kg. Portanto:
(ηMD ou ηMI, base PCS) = 0,9 * (ηMD ou ηMI, base PCI) (4)
Ef = mGN * PCIGN + mGN * CpGN * (TGN - TREF.) + mAR * CpAR * (TAR - TREF.) (5)
onde:
mGN (kg/h): vazão mássica de gás natural
PCIGN (kJ/kg): poder calorífico inferior do gás natural
TREF. (oC): temperatura de referência; será adotado o valor prescrito nas normas ASME e DIN:
TREF. = 25 oC
TGN (oC): temperatura de entrada do gás natural na caldeira; em geral, temperatura ambiente; adota-
se no Manual:
TGN = 25 oC
CpGN (kJ/kgoC): calor específico médio do gás natural entre a temperatura de entrada na caldeira e a
de referência, a pressão constante; do capítulo B do Manual:
CpGN = 2,0 kJ/kgoC
mAR (kg/h): vazão mássica de ar de combustão
TAR (oC): temperatura do ar de combustão na entrada do volume de controle; em geral, temperatura
ambiente; adota-se no Manual:
TAR = 25 oC
CpAR (kJ/kgoC): calor específico médio do ar entre a temperatura de entrada na caldeira e a de
referência, a pressão constante; o CpAR é igual a 1,00 kJ/kgoC para temperaturas próximas à
ambiente, varia linearmente com a temperatura e é igual a 1,05 kJ/kgoC para temperaturas da ordem
de 350 oC; adota-se no Manual:
CpAR = 1,0 kJ/kgoC
onde:
mV (kg/h): vazão mássica de vapor gerado; num cálculo menos rigoroso, pode-se substituir esse
termo por “mH2O (kg/h)”; na realidade, a vazão de vapor gerado é igual a vazão de água fornecida à
caldeira menos a vazão de água purgada.
hV (kJ/kg): entalpia específica do vapor gerado; tendo-se a temperatura ou a pressão do vapor
gerado, a entalpia pode ser encontrada em livros de termodinâmica, na tabela de propriedades de
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 100/197
vapor saturado; a tabela E1 mostra valores de entalpia para pressões de vapor de até 22 kgf/cm2,
máxima encontrada para caldeiras fogotubulares46.
hH2O (kJ/kg): entalpia específica da água de alimentação da caldeira; tendo-se a temperatura de
entrada da água no volume de controle, a entalpia pode ser encontrada em tabelas para vapor de
água, na coluna “entalpia do líquido saturado”; alternativamente, a entalpia da água pode ser
calculada pela expressão:
hH2O = CpH2O * TH2O (8)
onde:
CpH2O (kJ/kgoC): calor específico da água; valor prático adotado no Manual:
CpH2O = 4,19 kJ/kgoC
TH2O (oC): temperatura de entrada da água no volume de controle; essa temperatura pode ser
próxima à ambiente ou bem superior, quando houver retorno de condensado, ou seja, quando for
misturada à água de alimentação da caldeira, a totalidade ou parte do vapor gerado, na forma
condensada
Inserindo em (8) o valor apontado, tem-se:
hH2O = 4,19 * TH2O (9)
46
Silva, R.B. “Manual de Termodinâmica e Transmissão de Calor”, Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (EPUSP) - Dept. Eng. Mecânica, 4a edição, 1972.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 101/197
Observe-se que, caldeiras do porte das que estão sendo tratadas no Manual, ao contrário das de
grande porte, usualmente apresentam problemas com a “qualidade” do vapor, ou seja, o vapor nem
sempre é “saturado seco”. Porém, como a medição de título de vapor não é usual e tampouco pode
ser feita com facilidade, considera-se no Manual que o vapor é sempre “saturado seco”. Em
cálculos mais rigorosos, o título do vapor gerado deve ser considerado no cálculo da sua entalpia.
onde:
PCO (kJ/h): potência não aproveitada associada à presença de CO nos gases de combustão
Vgases (m3n/h): vazão volumétrica de gases de combustão
fCO (m3n CO/m3n gases de combustão): fração volumétrica de CO nos gases de combustão
PCICO (kJ/m3n): poder calorífico inferior do monóxido de carbono
PCICO = 12633 kJ/m3n
A vazão média de água purgada da caldeira é função da qualidade do tratamento da água da caldeira
e, em geral, é relativamente baixa (da ordem de 5 % da vazão de vapor gerado). Sua medição não é
usual e, geralmente, difícil de ser feita. Além disso, muitas vezes é colocado um trocador de calor
para recuperar parte da energia perdida devido a purga. Por tudo isso, num cálculo de rendimento
menos rigoroso, costuma-se não considerar a potência perdida associada a ela.
No Manual, a potência perdida por purgas será desprezada. Caso se queira considerá-la, utiliza-se a
expressão:
onde:
Ppurgas (kJ/h): potência perdida por purgas
mp (kg/h): vazão mássica média de água purgada da caldeira (purgas contínuas) ou vazão média
fictícia de água purgada (para purgas descontínuas)
Tl (oC): temperatura de saturação da água na pressão da caldeira
onde:
Pgases (kJ/h): potência perdida associada aos gases de combustão
mgases (kg/h): vazão mássica de gases de combustão
Tgases (oC): temperatura dos gases de combustão
Cpgases (kJ/kgoC): calor específico médio dos gases de combustão entre a temperatura de saída do
volume de controle e a de referência, a pressão constante
O calor específico médio dos gases de combustão é calculado com base na sua composição e no
calor específico dos seus constituintes, utilizando-se a expressão:
n
onde:
xj: fração molar do componente j
n: número total de componentes
Cpgases (kJ/kgoC): calor específico médio do componente j entre a temperatura de saída do volume
de controle e a de referência, a pressão constante
Na queima de gás natural, os constituintes dos gases de combustão são, basicamente: H2O, O2, CO2
e N2, cujos valores de calor específico, a pressão constante, podem ser calculados pelas equações47:
onde:
CpH2O, CpO2, CpCO2, CpN2 (kJ/kgoC): calor específico médio dos componentes O2, CO2, N2 e vapor
de água entre a temperatura de saída do volume de controle e a de referência, a pressão constante
θ (K): temperatura média entre a de saída dos gases de combustão do volume de controle e a de
referência dividida por “100”
No Manual será dotado o valor de Cpgases = 1,15 kJ/kgoC, que é o valor aproximado que se obtém
quando se aplica a expressão (15) para a composição dos gases de combustão e para diferentes
valores de excesso de ar e temperatura dos gases à saída do volume de controle.
Substituindo em (13) os valores apontados, tem-se:
onde:
Pambiente (kJ/h): potência perdida para o ambiente
P = 1,15 * mgases * (Tgases - 25) + 0,0113 * [mV * (hV - 4,19 * TH2O)]0,7 (18)
onde:
P (kJ/h): potência perdida associada aos gases de combustão e às trocas de calor com o meio
ambiente
situações, pode-se desenvolver expressão alternativa para o cálculo de rendimento que prescinda
dessa medição, porém para sua aplicação será necessário medir o teor de O2 (ou CO2) dos gases de
combustão e a vazão de ar de combustão - esta última, pouco comum.
Na equação (19), dividindo-se todos os termos por “mAR”, tem-se:
mV * (hV - 4,19 * TH2O)
-----
mAR mV * (hV - 4,19 * TH2O) * mAR
ηMD = -------------------------------- = ---------------------------- ------- (20)
47168 * mGN mAR * 47168 mGN
-------
mAR
onde:
mar/mGN (kg ar / kg GN): vazão mássica específica de ar de combustão
Do capítulo B do Manual:
mar/mGN = 0,05 * (O2)2 + 0,76 * O2 + 16,3 (21)
onde:
O2 (% vol. b.s.): teor de O2 dos gases de combustão
O cálculo do rendimento pela expressão (22) necessita, portanto, das seguintes informações do
processo:
vapor: temperatura ou pressão e vazão (ou vazão de água de alimentação);
ar de combustão: vazão e
gases de combustão: concentração de O2.
A seguir, apresentam-se dificuldades que podem surgir na aplicação prática desse método de
cálculo.
Do capítulo B do Manual:
mgases/mGN = 0,05 * (O2)2 + 0,76 * O2 + 17,3 (25)
[0,06 * (O2)2 + 0,87 * O2 + 19,9] * (Tgases - 25) - 0,0113 * [mV * (hV - 4,19 * TH2O)]0,7
---------
mGN
ηMI = 1 - --------------------------------------------------------------------------------------------------------
47168
(26)
O cálculo do rendimento pela expressão (26) necessita, portanto, das seguintes informações do
processo:
vapor: temperatura ou pressão e vazão (ou vazão de água de alimentação);
gás natural: vazão e
gases de combustão: temperatura e concentração de O2.
potência fornecida ao processo, e não na potência útil. A ASME apresenta método simplificado para
essa estimativa48, cuja aplicação requer as seguintes informações:
Potência útil nominal da caldeira, fornecida pelo fabricante (“dado de placa”).
Potência útil de operação da caldeira.
Número de paredes de água da caldeira (n) - no caso de caldeiras fogotubulares, onde a câmara
de combustão está totalmente envolvida pela água da caldeira, “n” é igual a “4”.
Diferença de temperatura entre a superficial média da caldeira e a ambiente (∆Tar-sup.) - na
ausência de medição, a norma propõe 27,8 oC, valor este que será empregado no Manual.
Velocidade do ar ambiente (var) - na ausência de medição, a norma propõe 2 km/h (típico em
galpões fechados), valor este que será empregado no Manual.
Tendo-se as informações necessárias, a norma apresenta um gráfico, onde se podem obter valores
estimativos da potência perdida associada às trocas de calor com o ambiente em função da potência
fornecida (Ef) à caldeira. A figura E2 apresenta versão em português do referido gráfico, elaborada
por Sant’anna49.
48
The American Society of Mechanical Engineers (ASME) “Performance Test Code Steam Generating
Units”, ASME PTC 4.1, 1965.
49
Sant’anna, R.J. “Procedimentos para o Cálculo da Eficiência de Caldeiras”, IPT, 10/1986.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 107/197
Para facilitar a consulta, apresenta-se a tabela E2, construída a partir do gráfico apresentado. Na
tabela, para diferentes valores de potência útil nominal (Eu,nom.) e de operação (Eu,oper.) da caldeira,
são mostrados valores (k) que devem se multiplicados pela potência fornecida para a estimativa das
perdas do processo para o meio ambiente.
Portanto, a potência perdida para o meio ambiente pode ser expressa pela equação:
Pambiente = k * Ef (27)
Ou, ainda:
onde:
k (adim.): valor extraído da tabela E2; é função das potências útil nominal e útil de operação da
caldeira
Tabela E2. Valores utilizados na estimativa da potência perdida para o meio ambiente
Eu,nom. (kJ/h*10-6) 3,5 6 10
mv aprox. (t/h) 1,4 2,4 4
Eu,oper. (% Eu,nom.) 60 80 100 60 80 100 60 80 100
k (*10-2) 6,3 5,0 3,9 4,0 3,4 2,8 2,7 2,3 1,8
Eu,nom. (kJ/h*10-6) 20 35 60
mv aprox. (t/h) 8 14 24
Eu,oper. (% Eu,nom.) 60 80 100 60 80 100 60 80 100
k (*10-2) 1,9 1,6 1,2 1,5 1,2 0,9 1,1 0,9 0,7
Na equação (26), substituindo o termo de perda de potência para o ambiente pelo termo apresentado
na equação (28), tem-se:
O cálculo do rendimento pela expressão (29) necessita, portanto, das seguintes informações do
processo:
potência útil nominal da caldeira;
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 108/197
Para um cálculo ainda mais simplificado, podem-se desprezar as perdas de calor para o ambiente.
Essa simplificação leva a erro no cálculo do rendimento, que será tanto maior quanto menor for o
porte do equipamento e quanto mais distante a caldeira estiver operando da sua condição nominal,
conforme pode ser visto na tabela E2.
o
ηMI % T gases C 1,4 t/h vapor; 100 % carga
92 ↓
130
91
150
90
170
89 190
88 210
87 230
250
86
85
84
83
82
0 1 2 3 4 5 6 7
O2 % vol. b.s.
O exercício que levou à construção do gráfico da figura E3 foi feito tendo por hipótese que o
excesso de ar e a temperatura dos gases de combustão na chaminé são parâmetros independentes, o
que não é verdade. Para verificar o quanto essa hipótese prejudica o exercício, foram desenvolvidas
metodologias para a estimativa das trocas de calor nas zonas de convecção e radiação da caldeira.
Esta última, por ser bem mais complexa, está explicitada no Apêndice 2.
Utilizando as metodologias desenvolvidas foram elaborados exercícios para uma caldeira
fogotubular com capacidade de produção de 1.000 kg/h de vapor saturado à pressão efetiva de
10 bar (1,0 MPa). Os resultados dos exercícios, para três valores de excesso de ar (9,5; 20 e 30 %),
são mostrados na tabela E3. A definição e o significado dos termos que aparecem na tabela estão
apresentados no Apêndice 2.
Na tabela E3, bem como nas demais tabelas apresentadas, resultantes da aplicação dessas
metodologias, deve-se atentar, principalmente, para as relações entre valores dos parâmetros e não
para seus valores absolutos, já que alguns deles, por exemplo, a área global de troca de calor por
radiação e convecção, GS1)RC, foi apenas grosseiramente estimada.
Observando a tabela E3, nota-se que, ao aumentar o coeficiente de ar (ar/ar estequiométrico) desde
1,095 (O2 = 2,0 %, b.s.) até 1,3 (O2 = 5,3 %, b.s.), a eficiência global se reduz de 1,7 pontos
percentuais. De fato, a redução é pequena, pois a zona de convecção, cuja área é bem maior que a
área de troca da zona de radiação (tubulão), atenua esse efeito. A potência trocada na zona de
radiação cai fortemente, o que implica num aumento considerável (cerca de 230 ºC) da temperatura
dos gases à saída do tubulão (entrada do feixe de radiação). Porém, a potência trocada na zona de
convecção aumenta de forma que a temperatura dos gases à saída dessa zona pouco se altera
(mantém-se em cerca de 250 ºC). Isso mostra que a hipótese de que o excesso de ar e a temperatura
dos gases na chaminé são parâmetros independentes não prejudica a utilização do gráfico da figura
E3 para a avaliação da influência desses parâmetros no rendimento da caldeira.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 110/197
0
25 35 45 55 65 75
o
T água C
Caso a água entre no volume de controle a uma temperatura acima de 25 oC, devido ao retorno de
condensado por exemplo, o ganho no consumo de combustível, ou no rendimento, pode ser
igualmente estimado pelo gráfico da figura E4.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 115/197
ηMI %
91,5
91,4
91,3
1 % = 10000 ppm
91,2
91,1
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
CO ppm vol. b.s. 3% O2
Figuras
Figura F1. Efeito do CO no homem 120
Figura F2. Formação da chuva ácida e do “smog” 120
Figura F3. Ação na atmosfera dos gases do efeito estufa 121
Figura F4. Ataque à camada de ozônio 122
Figura F5. Esquema ilustrativo do significado dos padrões de qualidade do ar 123
Figura F6. Gráfico ilustrativo do efeito do coeficiente de ar nas emissões de CO 129
Figura F7. Efeito de parâmetros nas emissões de NOx 131
Figura F8. Efeito do excesso de ar nas emissões de NOx 135
Figura F9. Efeito da temperatura de preaquecimento do ar nas emissões de NOx 136
Figura F10. Efeito da redução da carga da caldeira nas emissões de NOx 136
Figura F11. Ilustração do fundamento da combustão oscilante 138
Figura F12. Gráfico típico do efeito da taxa de recirculação dos gases de combustão na
139
redução das emissões de NOx
Figura F13. Queimador operando com recirculação de gases de combustão 140
Figura F14. Configuração “low NOx” 141
Figura F15. Ilustração do queimador de baixa emissão de NOx da Mitsubishi 142
Figura F16. Ilustração de queimador radiante da Alzeta 143
Figura F17. Efeito da FGR num queimador de baixa emissão de NOx 144
Figura F18. Caldeira fogotubular com sistema de recirculação externa dos gases instalado 145
Figura F19. Analisador descontínuo de gases por absorção 147
Figura F20. Analisador descontínuo de gases por absorção 148
Figura F21. Sistema de condicionamento de amostra 149
Figura F22. Analisador de célula de zircônio 150
Figura F23. Analisador eletrocatalítico instalado 151
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 118/197
Tabelas
Tabela F1. Padrões nacionais de qualidade do ar 123
Tabela F2. Padrões de emissão para o gás natural 124
Tabela F3. Padrões de emissão para o óleo combustível 125
Tabela F4. Fatores de emissão para o gás natural 126
Tabela F5. Emissões de CO2 130
Tabela F6. Opções de compra de queimadores “low NOx” no Brasil 146
Tabela F7. Opções de compra de analisadores de O2, CO e NOx no Brasil 154
Tabela F8. Empresas especializadas em medições em chaminés 157
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 119/197
3000
2500
Teor de CO na atmosfera (ppm)
dores de cabeça,
2000
náuseas
1500
morte
1000 efeito
perceptível
perigo de
morte
500
nenhum efeito
perceptível
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Tempo de permanência na atmosfera contaminada (h)
SO3 + H2O
H2SO4 (2H+ + SO4=)
SO2 + H2O HSO3 + H2O2
NO2 + OH-
HNO3 (H+ + NO3-)
NO + O NO2 + OH-
PRADRÃO PADRÃO
TEMPO DE PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
POLUENTES
AMOSTRAGEM
(g/m3) (g/m3)
Partículas totais em 24 horas (i) 240 150
suspensão MGA (ii) 80 60
24 horas (i) 365 100
Dióxido de enxofre
MAA (iii) 80 40
1 hora (i) 40.000 40.000
Monóxido de carbono
8 horas (i) 10.000 10.000
Ozônio 1 hora (i) 160 160
24 horas (i) 150 100
Fumaça
MAA (iii) 60 40
24 horas (i) 150 150
Partículas inaláveis
MAA (iii) 50 50
1 hora (i) 320 190
Dióxido de nitrogênio
MAA (iii) 100 100
(i) Não deve ser excedido mais do que uma vez ao ano.
(ii) Média geométrica anual.
(iii) Média aritmética anual.
Na Resolução CONAMA No 382 nada consta sobre queima de GLP. Os padrões para a queima de
óleo combustível são apresentados na tabela F3.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 125/197
Potência térmica nominal, base PCI MP NOx, como NO2 SOx, como SO2
MW mg/m3n; base seca; referida a 3,0 % de O2
Os padrões de emissão para a queima de gás natural e óleo combustível estabelecidos na CONAMA
No 382 estão referidos a 3,0 % de O2 nos gases de combustão. Portanto, para saber se as emissões
de determinada fonte estão ou não atendendo à legislação é necessário medir a concentração dos
constituintes poluentes e do O2 dos gases de combustão, e calcular a concentração dos poluentes na
base da legislação, ou seja, 3,0 % de O2. Essa “mudança de base”, para o uso do ar atmosférico
como comburente, pode ser feita utilizando-se a expressão:
50
United States Environmental Protection Agency - USEPA “Compilation of Air Pollutant Emission
Factors”, AP-42, 5th edition; Volume I: Stationary Point and Area Sources; Chapter 1 - External Combustion
Sources; 1.4 Natural Gas Combustion (last revision: january 15, 2008).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 127/197
emissões, podem se tornar compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias
que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender o excedente
de "redução de emissão" ou "permissão de emissão" no mercado nacional ou internacional.
Para não comprometer as economias dos países, o protocolo estabeleceu que parte dessa redução de
GEE pode ser feita via negociação com nações através dos chamados mecanismos de
flexibilização. Um dos mecanismos de flexibilização é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL).
O MDL visa alcançar o desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento (país
anfitrião), a partir da implantação de tecnologias mais limpas e a contribuem para que os países
desenvolvidos cumpram suas reduções de emissão. Os projetos de MDL podem ser baseados em
fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e conservação de energia ou reflorestamento.
das comumente reportadas na literatura internacional. Com base em medições realizadas, pode-se
atribuir a caldeiras do porte das que vêm sendo consideradas, emissões de MP da ordem de 300 a
500 mg/m3n, base seca e referida a 3,0 % de O2.
CO
Como se pode ver na tabela F5, a substituição do óleo ou do GLP pelo GN pode ser considerada um
projeto MDL, pois implica em redução na emissão de CO2. Observe-se, porém, que na substituição
do óleo pelo gás, deve-se considerar que há redução na eficiência energética, pois a chama de óleo é
muito mais “radiante”. Numa caldeira fogotubular, a redução das trocas de calor na fornalha é
apenas em parte compensada pelo aumento das trocas na zona de convecção, resultando numa
redução global de eficiência da ordem de 7 a 8 %. A emissão de CO2 mostrada na tabela F5 - 323
contra 216 gCO2/Mcal (base PCS), refere-se a potência “input”; quando se considera a potência
“output”, que é o correto quando se quer avaliar o ganho real com a substituição, a diferença entre
as emissões de CO2 fica atenuada em 7 a 8 %.
As principais reações que governam a formação do NOx térmico, durante a combustão de misturas
ar-combustível, são dadas pelo conjunto de reações propostas por Zeldovich (“mecanismo de
Zeldovich”):
N 2 O NO N (1)
N O2 NO O (2)
N OH H NO (3)
A velocidade global do processo é determinada pela reação direta (1), que se torna importante
somente em condições de alta temperatura.
A formação de NOx numa fornalha é bastante complexa e a estimativa teórica de sua concentração
nos gases de combustão é pouco precisa pois, sendo função exponencial da temperatura e variando
com a raiz quadrada da concentração de oxigênio, como mostra o mecanismo de Zeldovich,
depende do conhecimento preciso dos perfis de temperatura e oxigênio na câmara, além de outros
fatores como, por exemplo, os perfis de concentração das demais espécies químicas presentes.
Genericamente, pode-se considerar que o NOx é formado em regiões da fornalha oxidantes e onde
as temperaturas estão acima de 1500-1600 oC. Os gráficos da figura F7 ilustram a influência desses
parâmetros na formação do NOx.
o
~ 1500-1600 C
temperatura oxigênio
51
United States Environmental Protection Agency - USEPA “Alternative Control Techniques Document –
NOx Emissions from Industrial/Commercial/Institutional (ICI) Boilers”, EPA-453/R-94-022, march 1994.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 132/197
Observe-se que as emissões de NOx apresentadas como típicas estão abaixo do padrão de emissão
nacional - 320 mg/m3n, b.s. e 3,0 % de O2 (tabela F2), de onde se conclui que, as caldeiras típicas
da área de concessão da Comgás, desde que operadas em condições “normais”, prescindem da
aplicação de técnicas de abatimento de NOx.
Observe-se, também, que, mesmo considerando uma emissão de NOx elevada, no extremo superior
da faixa apresentada - 221 (b.s.; 3,0 % de O2), apenas caldeiras consumindo gás natural a vazões
superiores a cerca de 1560 kg/h (~ 1900 m3n/h), que não são as típicas na área da Comgás, estariam
sujeitas à obediência à legislação paulista, que restringe o controle às fontes com emissão de NOx
igual ou superior a 70 t/ano.
Os operadores de tais caldeiras podem, portanto, se sentir confortáveis quanto ao atendimento as
atuais legislações. Porém, já devem ir se preparando para reduzir suas emissões, pois a tendência é
que os padrões se tornem cada vez mais restritivos, seguindo a tendência internacional. Inclusive,
na aquisição de caldeiras novas para gás natural, o comprador deve verificar se o equipamento
possui os implementos necessários para operar com baixa emissão de NOx, Dentro desse contexto, o
item seguinte do Manual aborda técnicas de redução das emissões de NOx.
A título comparativo, segundo a USEPA52, as emissões de NOx em caldeiras desse porte na queima
de GLP são cerca de 50 % superiores as do gás natural, enquanto as do óleo combustível podem ser
grosseiramente estimadas pela expressão53:
[NOx] em mg/m3n (b.s. e 3 % de O2) = 212 + 1077 * N (4)
onde N: porcentagem em massa de nitrogênio no óleo
Da expressão (4), para a composição do óleo que vem sendo considerada (N = 0,8 %), tem-se:
[NOx] = 1074 mg/m3n (b.s. e 3 % de O2)
52
United States Environmental Protection Agency - USEPA “Compilation of Air Pollutant Emission
Factors”, AP-42, 5a edition; Volume I: Stationary Point and Area Sources; Chapter 1 - External Combustion
Sources; 1.5 Liquified Petroleum Gas Combustion (última revisão: 15/01/08).
53
Idem anterior, 1.3 Fuel Oil Combustion.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 133/197
A técnica SCR é relativamente cara comparada às demais, porém, por ser bastante efetiva, vem
sendo largamente empregada em países desenvolvidos, onde os padrões de emissão tendem a ser
mais restritivos. No Brasil, onde o controle das emissões de NOx por fontes estacionárias é recente e
os padrões são ainda brandos, a técnica não é empregada e possivelmente continue não sendo nos
próximos anos, exceto para turbinas a gás de novas, e grandes, centrais termelétricas onde os órgãos
ambientais e o Ministério Público vêm exigindo padrões semelhantes aos dos países desenvolvidos.
54
Benz Air Engineerig Co., Inc. “NOx Reduction Through Efficiency Gains”, IDEA 2007, march 2007.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 135/197
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7
O2 % vol. b.s.
Observe-se que o limite da aplicação dessa técnica, que também é benéfica para a economia de
combustível, é atingir o LMO - limite mínimo operacional (definido anteriormente), que irá
depender do equipamento de combustão e de suas demais condições operacionais, mas que,
potencialmente, é em torno de 1,0 % de O2.
A técnica é conhecida pela sigla LEA (“low excess air”).
55
ETEC, Inc. - Entropy Technology & Environmental Consultants “Cost-effective NOx Control for
Combustion Systems with Air Preheat”.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 136/197
redução de NOx %
90
75
60
45
30
15
0
0 10 20 30 40 50 60 70
redução da carga da caldeira %
Penfornis, E. et al. “A Cost-effective Alternative Low-NOx Technology for Industrial Boilers”, Industrial
56
gás
natural regiões redutoras
válvula
ar ar
regiões oxidantes
combustão oscilante
redução de NOx %
105
90
75
60
45
30
15
0
0 5 10 15 20 25 30 35
taxa de recirculação %
Figura F12. Gráfico típico do efeito da taxa de recirculação dos gases de combustão na redução das
emissões de NOx
O limite da taxa de recirculação é dado pelo seu efeito na qualidade da chama - o aumento no
volume de comburente (ar + gases de combustão) tende a instabilizá-la, e pela ocorrência de
vibração na caldeira devido ao aumento na velocidade dos gases e, principalmente, devido a
formação de ondas de pressão causadas pela instabilidade da chama. Em algumas das publicações
que tratam do assunto, consta que a instabilidade é evitada mantendo-se o teor de O2 na caixa de ar
superior a 17 %.
Na aplicação da técnica, quando for requerido um ventilador adicional para o envio dos gases para a
caixa de ar, ela também se denomina FFGR (“forced induced flue gas recirculation”). Sistemas
mais recentes têm usado o próprio ventilador de insuflamento de ar da caldeira para a recirculação.
Nesse caso, os gases são misturados ao ar na entrada do ventilador e a técnica também é
denominada IFGR (“induced flue gas recirculation”). A desvantagem da IFGR é “sobrecarregar” o
ventilador da caldeira, eventualmente impedindo sua operação a plena carga ou com excesso de ar
elevado - por exemplo, uma taxa de recirculação de 5 a 25 % é como se o ventilador estivesse
fornecendo quantidade de ar adicional para aumentar o teor de O2 na chaminé entre 1,0 e 4,0 %,
aproximadamente. Na utilização do próprio ventilador da caldeira para a recirculação dos gases,
deve-se considerar, também, que ele pode não ter sido construído para operação com fluidos a
temperatura acima da ambiente.
É esperado que o uso da FGR reduza a eficiência térmica da caldeira, pois a queda das trocas de
calor por radiação na fornalha, devido à queda das temperaturas, dificilmente será recuperada na
zona de convecção, mesmo considerando que as trocas por convecção irão aumentar devido ao
aumento na vazão dos gases e pelo fato deles entrarem, nessa zona, a uma temperatura mais
elevada. O aumento no consumo de combustível com o emprego da FGR é estimado entre 2 e 3 %.
No balanço energético há que se considerar, também, a energia gasta no ventilador de recirculação
ou o aumento no consumo de energia do ventilador de ar de combustão da caldeira.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 140/197
A título de ilustração, a figura F13 mostra um queimador operando com FGR desenvolvido com a
participação do MIT (“Massachusetts Institute of Technology”)57.
57
Beér, J. M. “Minimizing NOx Emissions from Stationary Combustion; Reaction Engineering
Methodology”, Chemical Engineering Science, vol. 49, no 24A, 1994.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 141/197
legislações ambientais vão se tornando mais restritivas. Queimadores de construção recente podem
atingir reduções nas emissões de NOx de até 70 %.
Nos LNB são empregados vários recursos, aplicados isoladamente ou em conjunto, para se atingir a
condição “low NOx”, entre eles:
múltiplas entradas de ar independentes, controladas e com diferentes índices de swirl (ar
primário, secundário, terciário);
entradas de ar preparadas para receber parte dos gases de combustão provenientes da chaminé
(FGR);
lanças de gás posicionadas de diferentes formas: algumas mais inseridas na fornalha, outras
menos; algumas paralelas ao eixo da fornalha, outras divergentes ou convergentes e
orifícios nos extremos das lanças de gás de diferentes diâmetros, alguns voltados para o centro e
outros para as laterais da câmara de combustão.
A figura F14 mostra esquema de uma das possíveis configurações “low NOx”.
natural gas →
natural gas
A Mitsubishi propõe um LNB, denominado (“PM Burner”) em que o ar e o gás natural são
injetados na fornalha previamente misturados na caixa de ar em duas diferentes proporções 58. Uma
das misturas, rica em combustível, é injetada no centro da fornalha; a outra mistura, rica em ar, é
injetada pelo espaço anular ao duto de injeção da primeira. Na fornalha serão criadas, basicamente,
58
Mitsubishi Heavy Industries, Ltd. “Mitsubishi Low NOx Firing System (PM Burner and MACT System)”,
catálogo H400-08951.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 142/197
duas regiões: uma no centro da câmara, próximo ao bocal do queimador e outra envolvendo a
primeira. A formação de NOx tende a ser baixa na primeira, principalmente pela falta de oxigênio e,
também, na segunda, pela baixa temperatura devido ao excesso de oxigênio. Essa configuração
comparada à chama convencional (plena, de difusão), para a mesma estequiometria global, leva à
menor formação de NOx. A figura F15 ilustra o fundamento da técnica.
emissão de NOx
C3
chama de difusão
C2
C4
C1 chama de pré-mistura
59
fabricante de queimador Alzeta possui um modelo com essa concepção, designado Pyrocore ,
mostrado na figura F16.
59
Jones, C. “NOx Emissions Control: Small Boilers Pose Great Challenges”, Power, December 1994.
60
John Zink Company “Ultra low NOx Burners for Industrial Process Heaters”, 2nd International Conference
on Combustion for a Clean Environment, Lisbon, Portugal, 19-22/07/93.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 144/197
emissão de NOx
chama de difusão
chama de pré-mistura
C5
61
Steammaster Equipamentos Térmicos Ltda. (www.caldeiras.com).
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 145/197
É esperado desse queimador um efeito “low NOx” porque a estratégia que possui de fornecimento
de ar e combustível leva ao estagiamento da chama, com uma região redutora imediatamente à
frente do queimador, seguida de outra região fortemente oxidante.
No modelo “Four” há recirculação de gases de combustão da saída da caldeira, antes do
economizador, para a entrada do ventilador de insuflamento de ar de combustão, o que reforça a
condição “low NOx” do equipamento (técnica FGR). O próprio ventilador de insuflamento de ar da
caldeira é usado para a recirculação (técnica IFGR); no duto de recirculação, há damper acionado
por sinal proveniente do inversor de freqüência. A Steammaster não informa a vazão de gás
recirculado e atribui uma perda de cerca de 1 % no rendimento da caldeira devido à recirculação.
Os valores garantidos em contrato para essa caldeira são os seguintes:
O2 < 3 %; NOx < 60 mg/m3n (3 % O2); CO < 100 ppm.
A figura F 18 mostra foto de uma caldeira fogotubular62, dotada de sistema de recirculação externa
de gases de combustão, semelhante ao modelo “Four” da Steammaster.
duto de
recirculação
Figura F18. Caldeira fogotubular com sistema de recirculação externa dos gases
Na tabela F6 são apresentadas algumas opções de compra no Brasil de queimadores “low NOx”
para a combustão de gás natural em caldeiras fogotubulares.
62
Wulfinghof, D.R. “Energy Efficiency Manual”, Energy Institute Press, 1999.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 146/197
Kei-Tek/Cuenod/North American
www.kei-tek.com
No analisador portátil para oxigênio, um volume conhecido de gás é introduzido por meio de uma
bomba de sucção, entrando num reservatório que contém uma solução que absorve apenas o O2.
Então, é promovido um contato íntimo entre a solução e a amostra de gás através do manuseio do
analisador pelo operador. Parte do volume gasoso é absorvida, ocasionando uma depressão dentro
do instrumento, o que provoca o deslocamento da solução para uma coluna graduada. A relação
entre o volume de gás absorvido e o volume inicial da amostra é equivalente ao teor de O2 nos gases
de combustão. A leitura na coluna graduada fornece diretamente o teor de O2 em porcentagem
volumétrica e em base seca. Acompanha o analisador: bomba de sucção manual, filtro, sonda e
frasco com solução absorvedora (solução à base de cromo). Nesse instrumento, não se faz
calibração.
O analisador portátil tem algumas desvantagens importantes: possuir partes de reposição freqüente,
pois são atacadas pela solução absorvedora; a solução absorvedora é importada, relativamente cara
e necessita de reposição freqüente; devido ao desgaste de algumas partes é comum ocorrer
infiltração de ar, o que mascara a leitura e contribui na saturação da solução absorvedora.
Alternativamente, para atenuar as desvantagens relatadas, os fabricantes fornecem, também,
instrumento similar, onde a solução absorvedora é o hidróxido de potássio (nacional, barato e pouco
agressivo) e o constituinte absorvido é o CO2. Nessa condição, o constituinte medido é o CO2,
podendo ser estimado o teor de O2 dos gases com base na leitura de CO2 e na análise elementar do
combustível.
condicionado de forma adequada, pois material particulado e vapores condensados podem obstruir a
membrana da célula danificando-a, tornando necessária sua substituição.
Normalmente esses instrumentos são do tipo portáteis, adequados para medições por curtos
períodos (às vezes denominados de “semi-contínuos”) e com células apropriadas para a medição
dos teores de O2, CO e NO dos gases. A principal desvantagem do instrumento é a vida útil da
célula, geralmente bem inferior à especificada pelo fabricante. A forma de prolongar a vida útil da
célula é verificar/substituir frequentemente o(s) filtro(s)/condensador(es) que costuma(m)
acompanhar o instrumento, às vezes alojados no seu corpo, outras na sonda, que também costuma
acompanhá-lo. Para preservar a célula de O2, deve-se tomar cuidado para não aspirar ar ambiente e
para a de CO, evitar a medição de altas concentrações de CO. Na operação adequada da caldeira, o
teor de CO dos gases deve ser muito baixo, próximo de zero. Por outro lado, numa operação ruim,
os teores de CO são variáveis e podem ser muito elevados. Portanto, durante a medição com esse
instrumento, se o operador notar que se trata do segundo caso, ele deve interromper a medição para
evitar a saturação precoce da célula, dado que a condição operacional inadequada já foi identificada.
É prática usual o envio periódico do instrumento ao fabricante para calibração. A figura F20 mostra
um analisador desse tipo.
Esse tipo de método de análise, em que o sensor não fica diretamente inserido no ponto de medida,
oferece a possibilidade do usuário, montar um único sistema de análise para monitorar as emissões
de diversos equipamentos bastando conectá-lo, de forma alternada, às sondas de amostragem de
gases posicionadas nas suas chaminés.
O condicionamento da amostra de gases leva ao aumento no tempo de resposta do instrumento,
porém essa desvantagem pode ser parcialmente anulada, caso seja usada uma bomba de
amostragem de grande vazão para trazer a amostra até próximo à entrada do instrumento ou da
unidade de tratamento. Do total coletado, faz-se retornar ao processo a quase totalidade e admite-se
no analisador apenas sua vazão de operação que, em geral, é muito baixa.
Fisicamente, esse tipo de analisador é constituído, basicamente, de duas partes: unidade sensora,
que deve ser inserida na região onde se deseja conhecer o teor de oxigênio, e unidade de controle,
instalada em local apropriado, livre de vibrações, pó, radiação térmica etc.
O sensor eletrocatalítico, quando em presença de uma atmosfera com oxigênio, gera uma tensão
elétrica que é função de três variáveis: temperatura do sensor, concentração de oxigênio na
superfície externa do sensor (atmosfera que se deseja analisar) e concentração de oxigênio na
superfície interna do sensor (oxigênio ambiente de referência). A tensão no sensor e a tensão no
termopar inserido no sensor são enviadas ao monitor, que processa esses sinais elétricos gerando
um sinal de saída proporcional à porcentagem de oxigênio no local amostrado. A figura F22 ilustra
a descrição do sensor.
óxido de
zircônio
eletrodos
de platina
atmosfera
interna
parede do
equipamento
+ ─ sensor
O2 ambiente
+ ─ termopar
O fato do sensor poder ser colocado diretamente em contato com o fluxo de gases de combustão
(sistema denominado “in-situ”) tem a vantagem de dispensar o condicionamento da amostra, porém,
por outro lado, traz a desvantagem de ter sua vida útil reduzida, devido às impurezas contidas nos
gases. No manual de operação dos modelos mais antigos consta um ano para a vida útil do sensor,
nos mais novos até três anos, porém, sabe-se que, na prática, a durabilidade da célula é bem menor.
Modelos mais recentes são dotados de um sistema de aspiração e o sensor fica do lado externo da
chaminé, o que já atenua o problema. Outros, ainda, menos comuns, situam o sensor após um
sistema de condicionamento da amostra, mas aí já se perde a vantagem do tempo de resposta, que é
extremamente rápido no modelo convencional, devido ao curto espaço que a amostra tem que
percorrer. É prática comum a calibração desse tipo de analisador ser feita pelo usuário, utilizando
gás padrão, no próprio local onde está instalado ou no laboratório.
Esse tipo de instrumento, ao contrário do eletroquímico portátil, pode ser usado continuamente. A
figura F23 ilustra um analisador eletrocatalítico instalado.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 151/197
63
American Society of Testing and Materials (ASTM) “D-2156 - Standard Test Method for Smoke Density
in Flue Gases from Burning Distillate Fuels”, 1999.
64
United States Environmental Protection Agency – USEPA, “Method 5 - Determination of Particulate
Matter Emissions from Stationary Sources” and “Method 17 - Determination of Particulate Emissions from
Stationary Sources (in Stack Filtration Method)”.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 156/197
Figuras
Figura G1. Relação (PCI/VOL) em função da temperatura de chama adiabática de diversos
159
combustíveis
Figura G2. Instalação de preparação de ar propanado com misturador tipo venturi 161
Figura G3. Instalação de preparação de ar propanado com misturador tipo proporcionador 162
Figura G4. Tipos de instalação de preparação de ar propanado 162
Figura G5. Medidor do índice de Wobbe (“wobbímetro”) 163
Figura G6. Circuito de gases na caldeira fogotubular 164
Figura G7. Tubos na câmara de reversão 164
Figura G8. Caldeira fogotubular e detalhe da entrada da convecção 165
Tabelas
Tabela G1. Emissões de poluentes atmosféricos na queima de GLP e GN 160
Tabela G2. Efeito da substituição de combustíveis (1.000 kg/h vapor) 166
Tabela G3. Efeito da substituição de combustíveis (15.000 kg/h vapor) 167
Tabela G4. Emissões de poluentes atmosféricos na queima de óleo combustível e GN 168
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 158/197
G1. INTRODUÇÃO
O gás natural, por ser um combustível bastante versátil em termos de aplicações, vem sendo
utilizado na substituição de uma variedade de outros combustíveis. Descrevem-se nos itens
seguintes alguns aspectos importantes na conversão de GLP e óleo combustível para gás natural em
caldeiras fogotubulares.
No capítulo D, “Instalação, Operação e Segurança de Sistemas de Combustão”, pode-se encontrar
uma relação de várias empresas fornecedoras de sistemas de combustão de gás, que podem ser
consultadas para a realização da conversão.
Portanto:
(PCI/VOL)GN = 3,3 MJ/m3n (PCI/VOL)GLP = 3,5 MJ/m3n
65
Yokaichiya, N.S. “Combustão de Gases”, Apostila do curso de Combustão Industrial do IPT, 2006.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 159/197
Portanto:
Pot = cte *PCI * (∆P / ρ)0,5 (3)
Da expressão (3), depreende-se que, se dois combustíveis gasosos com o mesmo índice de Wobbe
forem fornecidos ao mesmo queimador, com a mesma pressão de alimentação, a potência de
operação dos queimadores será a mesma nos dois casos.
Do capítulo B, tem-se para o GN e o GLP:
WINF GN (kJ/m3n) = 48.170 WINF GLP (kJ/m3n) = 78.846
Portanto, o GN e o GLP não são intercambiáveis, pois apesar de possuírem relações (PCI/VOL)
semelhantes, seus índices de Wobbe são bastante diferentes. A diferença do índice é, em geral,
“compensada” com alteração na pressão do sistema e/ou substituição do(s) bocal(is) do queimador
(eventualmente, do próprio queimador).
Na conversão de GLP para GN, o atendimento aos quesitos mencionados (sistema de exaustão e
potência fornecida) é uma condição necessária e, em geral, suficiente. Em conversões envolvendo
outros combustíveis gasosos, aspectos adicionais devem ser observados como, por exemplo:
estabilidade (descolamento, apagamento) e configuração da chama (ângulo, comprimento).
Maiores detalhes sobre conversão de combustíveis gasosos podem ser encontrados na publicação
“Gas Engineers Handbook”66.
PCI/VOL 5
(MJ/m3n)
Óleo (L4) Lenha seca C2H2
CH3OH
4,5 Óleo (L5)
C. Min (S2)
GDA Óleo
2B, 9B CO
PCI/VOLtotal (MJ/Nm3)
4 Óleo (L3)
C2H5OH H2
3,5
CH4 C4H10
C3H8 Diesel
3 GLP+AR
C. Min (S1)
GR COG GN
GP GN+N2 Óleo (L1 e
2,5
L2) C2H6
C. Veg (S3)
GAF
2
1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 2500 2600
TEMPERATURA (K)
Temperatura (oC)
66
American Gas Association “Gas Engineers Handbook”, Industrial Press Inc., 1974.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 160/197
GLP GN
grande precisão nas proporções da mistura GLP-ar e nem pressões mais elevadas. A figura G2
mostra uma instalação comercial desse tipo67.
misturador
venturi
Quando se trata do atendimento a vazões e pressões mais elevadas, torna-se necessário utilizar
misturadores mais sofisticados, onde o ar e o GLP são fornecidos sob pressão e suas proporções
controladas por combinação de equipamentos como medidores de vazão, válvulas de controle,
sensores de pressão e de temperatura, conforme a tecnologia de cada fornecedor. As pressões na
saída do misturador podem ser reguladas numa ampla faixa, desde 130 kPa (1,3 bar) até cerca de
900 kPa (9,0 bar). A figura G3 mostra uma instalação comercial desse tipo67.
A figura G4 traz esquemas dos dois tipos mencionados de instalação de preparação de SNG67.
67
Guimarães, L. “Alternativas Energéticas”, SHV Gás Brasil Ltda., 8o Encontro de Negócios de Energia, 19-
21/06/2007, São Paulo-SP.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 162/197
misturador
proporcionador
instalação com
misturador
instalação com venturi
Os sistemas mais sofisticados e precisos incluem ainda o “wobbímetro”, que faz a medição contínua
do índice de Wobbe da mistura, também chamado indevidamente de "calorímetro". A garantia da
estabilidade do índice de Wobbe possibilita um controle apurado do fluxo térmico e da regulagem
do queimador. A figura G5 apresenta foto de um “wobbímetro”68.
68
Guimarães, L. “Alternativas Energéticas”, SHV Gás Brasil Ltda., 8o Encontro de Negócios de Energia, 19-
21/06/2007, São Paulo-SP.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 163/197
69
Costa, F. “Back up para Gás Natural”, Krona - Consultoria e Projetos Ltda., www.krona.srv.br.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 164/197
Assim, na conversão, duas questões são colocadas: a primeira é se o fato dos gases saírem da
fornalha a uma temperatura mais elevada (NIFES70, figura G6, temperatura T1) poderá trazer
problemas aos materiais em contato com eles na câmara de reversão e na zona de convecção; a
segunda é se as alterações mencionadas nas trocas de calor na caldeira poderão levar a queda de
rendimento ou a redução na produção de vapor.
T2
T1
tubo com acabamento normal tubo faceado para operação com gás
Figura G7. Tubos na câmara de reversão
70
NIFES - National Industrial Fuel Efficiency Service Ltd. “Boiler Operators Handbook”, Graham and
Trotman Limited, 1981.
71
Inmar Caldeiras Industriais e Marítimas Ltda.“Caldeira Fogo-Tubular a Gás”, Informe Técnico No 2.
72
Tec Industrial Ltda. “Aspectos Técnicos na Conversão de Equipamentos de Óleo para Gás”, Informe
Técnico.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 165/197
As caldeiras de traseira seca (“dry back”) poderão necessitar da substituição do material refratário
existente nessa região por outro que resista a temperaturas mais elevadas; nas de traseira úmida
(“wet back”), não haverá problema. É usual a substituição por um material refratário com maior
teor de alumina (mínimo de 42 %). Na zona de convecção, não haverá problema, pois os tubos são
resfriados pela água sob vaporização.
emissividade do meio gasoso existente no interior do tubulão, quando se opera a gás natural. Essa
redução decorre, por sua vez, da ausência de fuligem na chama.
Comparando os resultados da tabela G3 com aqueles da tabela G2 (caldeira de 1.000 kg/h), é
possível verificar que as relações entre os valores das emissividades, GS1)R,C, D’ etc., com óleo e
com gás natural, são menores para essa caldeira de maior porte. Coerentemente, a redução de
eficiência global na conversão de óleo para gás é menor (0,5 pontos percentuais).
Óleo GN
Figuras
Figura H1. Efeito estimado do excesso de ar no consumo de GN 171
Figura H2. Efeito estimado da temperatura dos gases na chaminé no consumo de GN 172
Figura H3. Efeito estimado da potência de operação da caldeira no consumo de GN 173
Figura H4. Efeito estimado do teor de CO dos gases de combustão no consumo de GN 173
Tabelas
Tabela H1. Efeito estimado das condições operacionais da caldeira no seu consumo de gás
170
natural
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 170/197
onde:
ηMD (adim.): rendimento térmico da caldeira pelo método direto
mGN (kg/h): vazão mássica de gás natural
Na expressão (1), observa-se que quanto maior o rendimento da caldeira, menor será seu consumo
de combustível. Por exemplo, um aumento de 5 % na eficiência da caldeira implica uma redução de
4,8 % no consumo de combustível, aproximadamente.
Com base nas formulações, considerações e hipóteses apresentadas no capítulo E, apresentam-se na
tabela H1 e nas figuras H1, H2 e H3, estimativas da influência das condições operacionais da
caldeira no seu consumo de combustível.
Tabela H1. Efeito estimado das condições operacionais da caldeira no seu consumo de gás natural
aumento no
excesso de ar = 20 % (3,8 % O2)
consumo de GN %
5
1,4 t/h vapor
4
3
2
1
15 t/h vapor
0
40 50 60 70 80 90 100
taxa de operação da caldeira %
aumento no
consumo de GN %
1 % = 10000 ppm
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
CO ppm vol. b.s. 3%O2
A redução do consumo de gás natural pode, também, ser obtida através de outras práticas, cujas
implantações requerem um estudo técnico-econômico cuidadoso, principalmente para as caldeiras
fogotubulares de menor porte. Algumas dessas medidas são listadas a seguir.
Otimização do sistema de combustão de forma a permitir operação contínua com baixo excesso
de ar e sem a emissão dos chamados produtos da combustão incompleta (CO, fuligem). A medida
inclui os seguintes implementos: sistema de gerenciamento de combustão digital; queimador com
controle de vazão de combustível modulante; ventilador com inversor de freqüência; analisador de
O2 contínuo com indicação inserida na malha de controle; analisador contínuo de CO. A instalação
do inversor de freqüência é, também, uma importante medida de economia de energia elétrica.
Limpeza, em intervalos apropriados, das paredes internas da fornalha e dos tubos de gases
devido à deposição de fuligem, que leva à redução nas trocas de calor. A operação com gás garante
longos períodos sem necessidade de limpeza, exceto se a operação da caldeira for inadequada.
Limpeza, em intervalos apropriados, das paredes internas da caldeira em contato com água/vapor
para a remoção de incrustações que prejudicam as trocas de calor.
Tratamento adequado da água da caldeira de forma a reduzir a necessidade de purga e minimizar
incrustações, fatores que levam à redução no rendimento térmico.
Instalação de trocador para a recuperação de calor da água de purga.
Eliminação de vazamentos de vapor e defeitos em purgadores.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 174/197
O detalhamento da maioria das medidas listadas acima pode ser encontrado no Manual de
Eficiência Energética publicado por Wulfinghof 73.
73
Wulfinghof, D.R. “Energy Efficiency Manual”, Energy Institute Press, 1999.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 175/197
Figuras
Figura 1. Locais para a medição da temperatura e do teorde O2 dos gases 178
Figura 2. Gráfico para a determinação da “eficiência reduzida” 178
Figura 3. Gráfico para a determinação do excesso de ar 178
Figura 4. Analisador Fyrite para O2 e CO2 181
Figura 5. Diversos modelos de analisadores eletroquímicos 182
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 176/197
100
temperatura
dos gases
95
100 - perdas pelos gases (%)
100 oC
150 oC
90
200 oC
85
250 oC
80 300 oC
75
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
O2 (% ) bs
90
80
70
Excesso de ar (%)
60
50
40
30
20
GN
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
O2 (% ) bs
alterações de monta), mesmo após limpeza recente, caldeiras podem apresentar queda de
rendimento sensíveis após períodos breves,
a melhor técnica para definir a freqüência dos ensaios é iniciar realizando ensaios regulares a curtos
intervalos de tempo (por exemplo, uma vez por semana) e aumentando ou reduzindo o período
entre ensaios dependendo dos resultados alcançados.
Analisadores de gases
_Descontínuos por absorção (Bacharah "Fyrite") - é um analisador portátil, barato, que
opera pelo mesmo princípio do Orsat, porém é robusto e fácil de ser utilizado. São
empregados na medição do teor de O2 e CO2. Um modelo é representado na figura 4. Esses
analisadores requerem a troca dos reagentes químicos após certo número de amostragens.
_ Célula de zircônio - hoje o sensor mais comum empregado nos analisadores do O2. Tem a
vantagem de operação contínua estável durante milhares de horas.
Termômetros
Os termômetros a serem utilizados devem ser precisos. Um erro de 20 oC na temperatura
dos gases pode representar erro da ordem de 1 % na eficiência da caldeira.
Podem ser utilizados termômetros de mercúrio em vidro, bimetálicos ou termopares. Os
primeiros são de boa precisão e não muito caros, mas muito frágeis. Bimetálicos são
relativamente baratos, mas exigem calibração. Termopares são fáceis de operar, ainda que
um pouco mais caros.
perdas por purgas - essas perdas variam numa larga faixa dependendo do tratamento de água
e da prática adotados e
consumo de energia em equipamentos auxiliares - a potência consumida e a eficiência de
dispositivos presentes numa caldeira instalada, tais como bombas, ventiladores e motores
são assumidas como constantes.
Embora o método aqui exposto não forneça um valor para a eficiência total da caldeira, a eficiência
reduzida exprime, na condição ensaiada, se ela se afasta de uma condição otimizada previamente
estabelecida. Ou seja, é possível determinar com facilidade a deterioração do aproveitamento
energético e tomar as providências corretivas necessárias.
Referência bibliográfica:
- Wulfinghof, D.R. “Energy Efficiency Manual”, Energy Institute Press, 1999.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 184/197
1. Objetivo 185
2. Parâmetros considerados 185
3. Introdução 185
4. Parâmetros de similaridade utilizados na análise 185
4.1 Eficiência reduzida de combustão 185
4.2 Carga de superfície reduzida 186
4.3 Temperatura reduzida 186
4.4 Diferença de temperatura reduzida 186
5. Relação entre os adimensionais 187
6. Detalhamento das grandezas que comparecem nas expressões (1) a (4) 189
6.1 Qg↔1 - expressão (1) 189
6.1.1 Área global de troca de calor por radiação (GS1)R 189
6.2 Potência total fornecida à câmara de combustão, Hf 190
7. Análise qualitativa do efeito de parâmetros operacionais na eficiência das trocas de calor 190
Figuras
Figura 1. Desenho esquemático de uma caldeira fogotubular 187
Figura 2. Desempenho térmico de fornalha perfeitamente misturada 188
Figura 3. Comparação do desempenho térmico de fornalhas de escoamento pistonado, com
188
recirculação e perfeitamente misturada
Figura 4. Efeito do excesso de ar de combustão e da sua temperatura sobre a eficiência 190
Figura 5. Efeito da taxa de operação do equipamento e da conversão de combustíveis sobre a
191
eficiência
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 185/197
1. Objetivo
Estudar qualitativamente o efeito de parâmetros operacionais de caldeiras fogotubulares, ligados ao
processo de combustão, sobre a eficiência das trocas de calor entre os gases e as paredes da
fornalha.
2. Parâmetros considerados
dimensões da caldeira (câmara de combustão - tubulão);
natureza e composição elementar do combustível;
relação ar/combustível utilizada na operação (excesso de ar);
temperatura do ar de combustão e
temperatura do combustível.
3. Introdução
Por ocasião da mudança do combustível com o qual se opera uma caldeira é freqüentemente
colocada a seguinte questão: o que ocorrerá com a eficiência da caldeira operando com o novo
combustível ?
Essa questão se coloca mesmo durante a operação rotineira do equipamento, em decorrência de
medidas de conservação de energia aplicadas, tais como: redução do excesso de ar, introdução de
preaquecedor de ar ou mesmo de preaquecedor do combustível (especialmente no caso de gases
combustíveis).
Este apêndice apresenta uma abordagem resumida, de natureza qualitativa, para estudar o efeito de
parâmetros operacionais de caldeiras fogotubulares, ligados ao processo de combustão, sobre a
eficiência das trocas de calor entre os gases e as paredes da fornalha. No entanto, se o leitor desejar
se aprofundar neste assunto, as referências bibliográficas apresentadas permitem realizar análises
quantitativas. A abordagem apresentada serve como ponto de partida, permitindo a evolução para a
análise quantitativa sem grandes dificuldades. Observe-se que esta abordagem se aplica apenas às
trocas de calor entre os gases e as paredes da câmara de combustão (tubulão); no entanto, a partir
dos resultados obtidos é possível analisar o que ocorre, em decorrência, na zona de convecção da
caldeira, como foi feito nos exercícios quantitativos apresentados no Manual.
O primeiro quociente do segundo membro da expressão (1) é a eficiência das trocas de calor
(definição clássica), que será denominada ηrad. Logo, a expressão (1) pode ser reescrita como:
TAF T0
Q ' rad * (2)
TAF
4.2 Carga de superfície reduzida
Esse adimensional, denominado D’, é definido como:
Hf
D'
GS1 R * * TAF3 (TAF T0 )
(3)
onde:
Hf (kW): potência total fornecida à câmara de combustão da caldeira; é o mesmo da expressão (1)
(GS1)R (m2): parâmetro, com dimensão de área, englobando várias outras grandezas ligadas aos
gases de combustão e à superfície da câmara de combustão
σ = constante de Stefan-Boltzman = 5,767 * 10-11 kW/(m2.K4)
T1
(4)
T AF
onde:
T1 (K): temperatura da superfície da câmara de combustão (tubulão), admitida uniforme
A figura 1 ilustra o significado de alguns parâmetros que aparecem nas expressões anteriores.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 187/197
Zona de convecção
Mais à frente serão feitos comentários detalhados sobre os adimensionais Q’, D’, זe Δ’, e sobre os
parâmetros utilizados para o seu cálculo.
No caso geral, expressão (6), a representação gráfica está mostrada na figura 3. Na figura, a curva
que melhor representa o caso da câmara de combustão de uma caldeira fogotubular é aquela
identificada por “Furnace with recirculation, L/D = 8/3 - Ct = 0,18”. Observe-se que a figura foi
construída para valor do adimensional = ז0,33.
Quanto à dependência entre Q’ e D’, ela é qualitativamente a mesma da figura 2.
É importante observar que, na obtenção das expressões (6) e (7) e das figuras 2 e 3, foram
desprezadas as perdas pela superfície externa da caldeira. No entanto, como já mostrado no capítulo
E do Manual, quando se trata de pequenas caldeiras, essas perdas representam uma fração não
desprezível da potência total fornecida à caldeira e, nesses casos, a operação a cargas parciais, em
vez de aumentar, reduz a eficiência global.
Mais adiante será feita a análise do efeito de parâmetros sobre a eficiência das trocas de calor no
interior do tubulão, utilizando as curvas das figuras anteriores. A seguir, será feito um detalhamento
maior das grandezas que comparecem nas expressões de definição dos adimensionais Q’, D’, זe Δ’.
Qg 1 GS1 R * * Tg4 T14 (8)
onde:
Tg é uma temperatura representativa da fase gasosa (admitida uniforme), cujo valor, inserido na
expressão (8), resulta um valor da potência trocada tal que a entalpia dos gases à saída do tubulão
(Hs = Hf - Qg↔1) corresponda ao valor de Ts.
(GS1)R é um parâmetro denominado área global de troca de calor por radiação entre a fase gasosa e
a superfície interna do tubulão; esse parâmetro pode incluir, também, as trocas de calor por
convecção, fato esse considerado nos exercícios quantitativos realizados no Manual.
GS1 R ~ At * g (9)
Portanto, para o mesmo processo de combustão (combustível, estequiometria etc.), ao se aumentar o
porte da caldeira (aumento de D), o valor de (GS1)R aumenta mais do que linearmente com At, uma
vez que εg aumenta com o aumento de Lm. Outros efeitos serão vistos posteriormente.
Referências bibliográficas:
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- Hottel, H.C. “First Estimates of Industrial Furnace Performance - The One-Gas-Zone Model
Reexamined”, in Afgan, N. H. and Beer, J.M. “Heat Transfer in Flames”, Scripta Book Company,
Washington, 1974, pp. 5-28.
o
Relatório Técnico n 99 339-205 - 192/197
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Relatório Técnico n 99 339-205 - 193/197
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22. Costa, F. “Back up para Gás Natural”, Krona - Consultoria e Projetos Ltda., www.krona.srv.br.
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Relatório Técnico n 99 339-205 - 195/197
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